Microeconomia A III Prof. Edson Domingues Tópicos Aula 3 Preferências Sociais e Bem-Estar Agregação das preferências Funções de Bem-Estar Social Referências VARIAN, H. Microeconomia: princípios básicos. Rio de Janeiro: Campus,1994. (segunda edição americana, 1a. reimpressão) capítulo 29 PINDYCK, R. S., RUBINFELD, D.L. Microeconomia. São Paulo: Prentice Hall, 2002. (quinta edição) capítulo 16 Eqüidade e Eficiência Uma alocação eficiente também é necessariamente eqüitativa? Não há consenso entre economistas e outros cientistas sociais com relação à melhor forma de definir e quantificar a eqüidade. Eqüidade e Eficiência Fronteira de Possibilidades de Utilidade Indica: Os níveis de satisfação que duas pessoas podem alcançar através de trocas que levem a um resultado eficiente situado sobre a curva de contrato. Todas as alocações que são eficientes. Fronteira de Possibilidades da Utilidade *Todos os pontos no interior da fronteira (p.ex. H) são ineficientes. *As combinações além da fronteira (p.ex. L) não são possíveis. Utilitdade de Karen OJ Vamos comparar H com E e F. L E F H G *A passagem de uma combinação para outra (de E para F) reduz a utilidade de uma pessoa. *Todos os pontos sobre a fronteira são eficientes. OK Utilidade de James Eqüidade e Eficiência Utilitdade de Karen E & F são eficientes. Em comparação com o ponto H, os pontos E & F permitem aumentar o bemestar de uma pessoa mantendo constante o bem-estar da outra. OJ E F H G OK Utilidade de James Eqüidade e Eficiência H é eqüitativo? Utilitdade de Karen Suponha que as únicas opções sejam H&G OJ E G é mais eqüitativo? Depende do ponto de vista. Em G, a utilidade total de James > utilidade total de Karen F H G OK Utilidade de James Eqüidade e Eficiência H é eqüitativo? Utilitdade de Karen Suponha que as únicas opções sejam H & G OJ G é mais eqüitativo? Depende do ponto de vista. H pode ser mais eqüitativo pelo fato da distribuição ser menos desigual; logo, uma alocação ineficiente pode ser mais eqüitativa. E F H G OK Utilidade de James Agregação de Preferências Alocação x: quanto cada indivíduo possui de cada bem Preferência Social Sejam x e y duas alocações de bens Qualquer indivíduo pode dizer se prefere ou não x a y A partir das preferências individuais, ordenar socialmente as alocações diversas alternativas Agregação de Preferências Mecanismo de votação x é socialmente preferível se a maioria das pessoas prefere x a y Problema: ordenação social pode ser não-transitiva Agregação de Preferências Preferências que geram votação intransitiva Pessoa B Pessoa C x y z y z x z x y Maioria prefere Pessoa A xay yaz zax Transitividade: concluiria que x seria preferida a z, o que não ocorre pelo mecanismo de votação por maioria! Resultado social depende da ordem de votação Agregação de Preferências Mecanismo de decisão social deve atender a 3 requisitos: 1) Dadas preferências individuais completas, reflexivas e transitivas, o mecanismo de decisão social deve satisfazer às mesmas propriedades 2) Se todos preferem x a y, então a preferência social deve ordenar x à frente de y 3) Preferências entre x e y não dependem de outras alternativas Agregação de Preferências Os 3 requisitos são plausíveis Pode ser difícil encontrar um mecanismo que satisfaça a todos eles? Kenneth Arrow mostrou que é impossível! Teorema da Impossibilidade de Arrow Se um mecanismo de decisão social atende às propriedades 1, 2 e 3 então deve ser um ditador: todas as ordenações sociais são ordenações de um indivíduo Agregação de Preferências Teorema da Impossibilidade de Arrow Características desejáveis e plausíveis são incompatíveis com democracia: não há forma perfeita de agregar as preferências individuais para construir uma preferência social Uma das propriedades desejáveis não será atendida por qualquer mecanismo de decisão social Funções de Bem-estar Social Obter preferências sociais a partir das preferências individuais Soma para n indivíduos: n u ( x) u ( y ) i 1 Soma ponderada? Soma dos quadrados, produto? n i i 1 i Funções de Bem-estar Social Restrição plausível: crescente na utilidade de cada indivíduo Se todos preferem x a y, então a preferência sociais irão preferir x a y Função de bem-estar social W (u1 (x),u2 (x),...,un (x)) Funções de Bem-estar Social Função de bem-estar social utilitarista clássica ou de Bentham soma ponderada n W (u1 , u2 ,...,un ) ui i 1 n W (u1 , u2 ,...,un ) ai ui Função de bem-estar social minimax ou de Rawls W (u1, u2 ,...,un ) min(u1, u2 ,...,un ) i 1 Maximização de Bem-Estar maxW (u1 (x), u 2 (x),...,u n (x)) n t al que 1 1 x X i i 1 n k k x X . i i 1 ui função de ut ilidade do indivíduo i x cest a consumida por t odosos indivíduos xij bem j consumidopelo indivíduo i X 1 X k t ot aldos bens1 a k Maximização de Bem-Estar u1 Linhas de isobem-estar Uma alocação que maximiza uma Função de bem-estar tem que ser eficiente de Pareto máximo de bem-estar Conjunto de possibilidades de utilidade u2 Maximização de Bem-Estar u1 Linhas de isobem-estar Ponto eficiente de Pareto é um máximo para uma Função de bem-estar de soma de utilidades ponderadas máximo de bem-estar Conjunto de possibilidades de utilidade convexo u2 Funções de Bem-Estar Social Individualistas Função de Bem-estar individualista ou de Bergson-Samuelson W (u1 (x1 ),u 2 (x 2 ),...,u n (x n )) Indivíduo se preocupa apenas com a própria cesta de consumo Não há externalidades de consumo Relações de equilíbrio de mercado se aplicam u i funçãode utilidade do indivíduo i x i cesta consumida pelo indivíduo i Maximização de Bem-Estar max W (u A ( x1A , x A2 ), u B ( x 1B , x B2 )) x 1A , x A2 , x 1B , x B2 t al que T ( X 1 , X 2 ) 0 X 1 , X 2 : t ot alproduzido e consumido de cada bem Maximização de Bem-Estar L W(u A(x1A ,x A2 ),uB (x1B ,xB2 )) λ (T(X1 ,X 2 ) 0 ) L W u A ( x 1A ,x A2 ) T(X 1 ,X 2 ) 0 1 1 1 x A u A x A X L W u A ( x 1A ,x A2 ) T(X 1 ,X 2 ) 0 2 2 2 x A u A x A X L W u B ( x 1B ,xB2 ) T(X 1 ,X 2 ) 0 1 1 1 x B u B x B X L W u B ( x 1B ,xB2 ) T(X 1 ,X 2 ) 0 2 2 2 x B u B x B X Condições de Primeira ordem Maximização de Bem-Estar Rearranjando e dividindo (1) por (2) e (3) por (4): u x 1 T X 1 A u A x A 2 A T X 2 u B x 1B T X 1 2 u B x B T X 2 Mesmas condições do equilíbrio eficiente de Pareto (Varian cap 28) Funções de Bem-Estar Social Individualistas Relações de equilíbrio de mercado se aplicam Equilíbrios de mercado são eficientes de Pareto Alocações eficientes de Pareto são equilíbrios competitivos Máximo de Bem-estar são equilíbrios competitivos Equilíbrios competitivos são máximos de Bem-estar para alguma função de Bem-estar Alocações justas, inveja e equidade Alocação eqüitativa: nenhum agente prefere a cesta de bens de outro agente em relação à sua Inveja: algum agente i prefere a cesta de bens do agente j Alocação justa: alocação eficiente de Pareto e eqüitativa Troca a partir da divisão igualitária herda simetria com o ponto inicial? Alocação eficiente continua justa em qualquer sentido? Alocações justas, inveja e equidade B bem1 Curva de Indiferença w2 w2 2 Dotação simétrica original A w1 2 bem2 2 Alocações justas, inveja e equidade B bem1 Curva de Indiferença Alocação justa w2 w2 2 Dotação simétrica original A w1 2 bem2 2 Alocações justas, inveja e equidade B bem1 Curva de Indiferença Alocação justa w2 w2 2 Dotação simétrica original Troca de alocações entre A e B após a negociação A w1 2 bem2 2 Alocações justas, inveja e equidade B bem1 Curva de Indiferença Cada pessoa prefere a Alocação justa à alocação de negociação Alocação justa w2 w2 2 Dotação simétrica original Troca de alocações entre A e B após a negociação A w1 2 bem2 2 Alocações justas, inveja e equidade Seja uma alocação original igualitária w1 w2 2 2 w w , w A wB 2 2 1 A 1 B Trocas via mecanismo de mercado levam a uma alocação eficiente de Pareto Alocação resultante ainda é eqüitativa? Supondo que não, então A inveja B: 1 A 2 A 1 B 2 B (x , x ) A (x , x ) Alocações justas, inveja e equidade A inveja B: ( x1A , x A2 ) A ( x1B , xB2 ) Logo, cesta de B custa mais do que A pode pagar: p1 w1A p2 wA2 p1 x1B p2 xB2 Contradição, já que partiram de uma distribuição igualitária (mesma dotação): se A não pode comprar a cesta de B, B também não poderia! Alocações justas, inveja e equidade Logo é impossível A invejar B Portanto: Equilíbrio competitivo a partir de uma divisão igualitária tem que ser uma alocação justa Mecanismo de mercado preservará certo grau de equidade Exercício (ANPEC 10/2001) Considere uma economia de trocas com dois agentes, A e B, e dois bens, x e y. O agente A possui 2 unidades do bem x e 6 do bem y, enquanto o agente B possui 8 unidades do bem x e 4 do bem y. A função de utilidade do agente A é U(x, y) = 6x1/2 + y e a do agente B é V(x, y) = x + 2y1/2. Considere ainda a função de bem-estar social dada por W(V, U) = V + U. a) No máximo de bem-estar social, o agente 1 recebe 1 unidade do bem x e 9 unidades do bem y. b) Os dois agentes preferem a alocação que corresponde ao máximo de bem-estar social à alocação inicial. c) O máximo de bem-estar social é uma alocação eficiente de Pareto. d) O máximo de bem-estar social é uma alocação igualitária. e) O máximo de bem-estar social é uma alocação justa.