BALANÇO GLOBAL DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO – EQUAÇÃO DE CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO Em muitos problemas da engenharia, é necessário determinar as forças que agem em estruturas sólidas, fixas ou em movimento, devidas a fluidos que se movem em contato com elas. A equação que permitirá essa análise chama-se equação da quantidade de movimento. Essa equação nada mais é que a segunda Lei de Newton da dinâmica modificada funcionalmente para o estudo da Mecânica dos Fluidos. Segundo essa lei, a aceleração de uma certa massa implica a existência de uma força resultante sobre ela que tem, em cada instante, a direção e o sentido da aceleração. Acelerar uma massa significa modificar sua velocidade em módulo e/ou direção, e para que a velocidade de um fluido seja modificada em módulo ou direção, será necessário aplicar uma força provocada por algum agente externo, em geral uma superfície sólida em contato com o escoamento. d mv F ma m dt Para um volume de controle no espaço definido, temos: Vamos fazer um balanço de quantidade de movimento para este volume de controle: Portanto: Sai - Entra Acúmulo Forças QM sai QM entra QM acúmulo QM gerado A força resultante, F , inclui todas as forças de campo e de superfície atuado sobre o sistema. Sabe-se que o que sai menos o que entra é o fluxo líquido de Quantidade de Movimento (QM) sobre a fronteira do volume de controle que é dada por: u u cos dA fluxo líquido de QM A d udV acúmulo de QM dt V Assim temos: d u u cos dA u dV F A dt V Para a variação da QM na direção x, podemos escrever: u x u cos dA A d u dV Fx x dt V Onde: Fx = é a força necessária para manter o volume de controle fixo no espaço. Fx Fxg Fxp Fxd R x onde, Fxg = força causada pela gravidade agindo sobre o volume de controle na direção x. Fxg 0 quando se estiver na horizontal Fxp = força de pressão Fxd = força de cisalhamento (resistência devido ao atrito com a superfície sólida) R x = representa a componente da resultante das forças que agem sobre o volume de controle. Vamos aplicar a equação acima para uma seção da canalização. Desejamos desenvolver uma formulação matemática da segunda lei de Newton adequada para um volume de controle. É importante para a análise de forças envolvidas em sistemas constituídos por fluidos. Consideraremos a massa fluida em escoamento permanente no interior de um tubo, conforme figura abaixo. No instante inicial t0, o volume de fluido (compreendido entre as seções B e C) será: V=V1+V3 (1) e no instante t0+dt, o volume será compreendido entre as seções B´ e C´, isto é: V=V3+V2 Por outro lado, sejam: M 3 = quantidade de movimento em V3 no instante t 0+dt; M 2 = quantidade de movimento em V2 no instante t 0+dt; M 01 = quantidade de movimento em V1 no instante t 0; M 03 = quantidade de movimento em V3 no instante t 0; (2) Então a variação da quantidade de movimento pode ser representada por: d M M 3 M 2 M 01 M 03 (3) que também pode ser escrita sob outra forma, agrupando, através de parênteses, as diferenças entre quantidades de movimento: d M M 2 M 01 M 3 M 03 (4) A última parcela (entre parênteses) refere-se a variação da quantidade de movimento no interior do volume V3 . Acontece, porém, que em V3 , todos os pontos conservam suas respectivas posições. Além disso, o escoamento é permanente; logo, as grandezas não dependem do tempo, o que implica em: M 3 M 03 0 (5) donde, d M M 2 M 01 (6) Seja m a massa correspondente ao volume V2, na saída do tubo (ver figura), deslocando-se com a velocidade média U 2 na saída A2 . Então, a respectiva quantidade de movimento é: M2 m U2 (7) M 2 V2 U 2 (8) Pela figura, o volume V2 é : V2 A 2 dL 2 (9) donde, M 2 A 2 dL 2 U 2 (10) Pelo conceito de velocidade média, temos o módulo do vetor U 2 : U2 dL 2 dt dL 2 U 2 dt (11) donde, M 2 A 2 U 2 dt U 2 (12) Analogamente, para a referida massa m correspondente ao volume V1 , na entrada do tubo, deslocando-se com velocidade média U1 , temos: M 01 A1 U1 dt U1 (13) Substituindo-se (12) e (13) em (6), resulta: dM A 2 U 2 U 2 A1 U1 U1 dt (14) Para um sistema movendo-se em relação a um sistema inercial de referência, a Segunda Lei de Newton afirma que a soma de todas as forças externas atuando sobre o sistema é igual a taxa de variação com o tempo da sua quantidade de movimento. dM F dt (15) SISTEMA onde : M representa a quantidade de movimento. Donde resulta na seguinte expressão para a quantidade total de movimento na massa fluida: F A U U A U 2 2 2 1 1 U1 (16) Já vimos anteriormente que a equação da continuidade para o escoamento permanente pode ser escrita como: Q A1U1 A 2 U 2 (17) donde resulta, F QU U1 (18) F w U 2 U1 (19) 2 onde Q representa a vazão volumétrica e w representa a vazão mássica. Esta é a equação da conservação da quantidade de movimento para os fluidos ideais, em escoamento permanente. Para variações de quantidade de movimento na direção x, podemos escrever: F x w U 2 x U 1x (20) onde, Fx representa a força necessária para manter o volume de controle fixo no espaço, sendo definido como: Fx Fxg Fxp Fxd R x (21) A partir da equação (19) vamos determinar as expressões da reação ao empuxo nas curvas de tubulações, situado no plano XOY, conforme figura abaixo: Conforme figura, podemos escrever a Equação (19) da seguinte forma: F x w U 2 cos a 2 U1 cos a 1 (22) F x w U 2 cos a 2 U1 (23) cos 0 = 1 Os esforços atuantes na curva, representados de modo esquemático na figura acima, são os seguintes, em módulo: a) esforço da pressão unitária P1 na área A1 : F1 P1A1 (24) b) esforço da pressão unitária P2 na área A2 : F2 P2 A 2 c) peso W do fluido entre as seções A1 e A2. d) Componente horizontal R x da reação ao deslocamento do fluido na curva da tubulação. e) Componente horizontal Ry da reação ao deslocamento do fluido na curva da tubulação. O somatório destes esforços é igual a resultante das forças de massa, donde: (25) F F F 1 2 W Rx Ry (26) Projetando esta sobre OX e observando o sinal negativo para os esforços que tem sentido oposto ao do referido eixo, obtemos: F x 2 R F1 cos 0 F2 cos a 2 W cos x 2 cos 0 R y cos (27) Resulta, F x F1 F2 cos a 2 R x (28) Que substituindo em (23) fornece: F1 F2 cos a 2 R x w U 2 cos a 2 U1 (29) R x P1A1 P2 A 2 cos a 2 w U 2 cos a 2 U1 (30) ou, que é a expressão que representa a componente HORIZONTAL da reação ao empuxo em curvas de tubulação. Agora projetemos sobre o eixo OY, observando o sinal negativo para os esforços que tem sentido oposto ao do mencionado, obtemos: 2 F sen a W cos0 R F y F1 cos 2 2 x 2 R cos y cos 0 (31) F y F2 sen a 2 W R y (31) F y w U 2 sen a 2 (32) w U 2 sen a 2 F2 sen a 2 W R y (33) R y W w U 2 F2 sen a 2 (34) R y W w U 2 P2 A 2 sen a 2 (35) que é a expressão que representa a componente VERTICAL da reação ao empuxo em curvas de tubulação. Aplicando o Teorema de Pitágoras às componentes R x e Ry , temos finalmente: R R 2x R 2y que representa o módulo da reação ao empuxo resultante nas curvas de tubulações . (36)