A IMPORTÂNCIA DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS PARA FORMAÇÃO DO
PREÇO DE VENDA NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO MUNICÍPIO DE
SAPEZAL – MT
RAFAELA ROSTIROLLA BIANCHI
Contadora – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)
KARINE MEDEIROS ANUNCIATO
Economista, Mestre em Agronomia, Docente na Universidade do Estado de Mato
Grosso (UNEMAT).
RESUMO: Esta pesquisa buscou verificar se as micro e pequenas empresas do
município de Sapezal/MT se utilizam da Contabilidade Gerencial como auxílio na
formação do preço de venda. Tal estudo guiou-se através da utilização de pesquisa
bibliográfica e da pesquisa de campo, através da aplicação de entrevistas, a 174 (cento e
setenta e quatro) micros e pequenas empresas, amostra que tem como referência nível
de confiança de 95% e margem de erro de 5%. Através da pesquisa realizada, verificouse que em Sapezal a maioria das micro e pequenas empresas de tradição familiar, não
utilizam a Contabilidade Gerencial como auxílio na formação de preços, sendo isso
justificado pela falta de assessoria contábil adequada. Os administradores dessas
empresas, na sua grande maioria, têm dificuldade em utilizar as informações contábeis
demonstradas, devido a falta de clareza, inexistência de simplicidade na linguagem
utilizada e na sua apresentação. Essa dificuldade em compreender os relatórios
contábeis, deve-se em parte, ao baixo grau de escolaridade da maioria dos micros e
pequenos empresários deste município, onde 80% dos entrevistados tem como
escolaridade máxima o segundo grau completo ou abaixo dele, e mais metade dos
entrevistados, atuam pela primeira vez como proprietário/administrador.
PALAVRAS-CHAVE: Tomada de decisões, Contabilidade Gerencial, Informações
Contábeis.
ABSTRACT: This research looks for to verify if the micron and small companies of the
city of Sapezal/MT if use of the Managemental Accounting as aid in the formation of the
price of venda. Such study it was guided through the use of bibliographical research
and the research of field, through the application of interviews, the 174 (one hundred
and seventy and four) microns and small companies, sample that have as reliable
reference 95% level and margin of error of 5%. Through the carried through research,
this justified by the lack of adjusted countable assessorship was verified that in Sapezal
the majority of the micron and small companies of familiar tradition, do not use the
Managemental Accounting as aid in the formation of prices, being. The administrators
of these companies, in its great majority, have difficulty in using the demonstrated
countable information, had the lack of clarity, inexistence of simplicity in the used
language and its presentation. This difficulty in understanding the countable reports,
must in part, to the low degree of escolaridade of the majority of the microns and small
entrepreneurs of this city, where 80% of the interviewed ones have as maximum
escolaridade as the complete degree or below of it, and more half of the interviewed
ones, act for the first time as proprietor/administrator.
Key-Words: Taking of decisions, Managemental Accounting, Countable Information.
INTRODUÇÃO
A palavra comércio originou-se do termo cumercium. A origem do comércio, no
entanto é remota, e está relacionada com o surgimento da própria atividade humana.
Assim, hoje se vive período de comércio amplo, globalizado, independentemente do
tamanho, todo empresário e/ou administrador, atualmente, precisa de modernização e
intensa qualificação para se manter no cenário comercial ao qual está inserido. E neste
contexto a Contabilidade é de fundamental importância para o planejamento e projeção
das ações imediatas e futuras, e, principalmente, para o avanço e sucesso da empresa.
Diante disso, pode-se afirmar que a Contabilidade é ferramenta auxiliar e de
suporte ao empresário na gestão de sua empresa, pois dentre as inúmeras decisões a
serem tomadas pelo mesmo, objetivando ser eficiente e eficaz no mercado em que atua,
encontra-se a formação do preço de venda. Em virtude disso, viu-se a necessidade de
averiguar se os micro e pequenos empresários do município de Sapezal, estado de Mato
Grosso, se utilizam dessa ferramenta no seu dia-a-dia, como auxílio na tomada de
decisões.
Através da pesquisa realizada junto aos empresários de Sapezal, foi possível
verificar a importância e o nível de utilização da formação de preço de venda, nas micro
e pequenas empresas, constatar o grau de aceitação e confiabilidade que esses
empresários demonstram em relação às ferramentas proporcionadas pela Contabilidade
e, ainda, evidenciar onde estão as deficiências para maior credibilidade e utilização
dessas informações. Acredita-se que as micros e as pequenas empresas são as mais
carentes de suporte e subsídio, em relação a formação do preço de venda, devido, na
maioria das vezes, a pouca ou nenhuma capacidade técnica de seus gestores, aliada a
falta de suporte e auxílio mais especializado nesta área.
Desta esta pesquisa se torna de fundamental importância para demonstração do
quanto é necessário e urgente à conscientização por parte dos pequenos e micros
empresários de Sapezal - MT, de que para haver prosperidade, organização e
modernização em seu negócio, é indispensável à utilização de técnicas e recursos
disponíveis na Contabilidade, as quais sendo eficientes e atualizadas são essenciais para
melhor planejamento das ações futuras da mesma, bem como a viabilização de maior
segurança nas tomadas de decisões. Também foi importante constatar que o Contador,
mesmo em mundo globalizado onde tem-se mercado cada vez mais competitivo, deve
buscar linguagem mais simples e prática para contribuir ainda mais com os empresários
ofertando assim suporte contábil adequado, servindo como parceiro-orientador em favor
do crescimento e consolidação das empresas.
METODOLOGIA
Segundo Rocha (1996, p.261) metodologia “é a organização das partes ou dos
elementos que forma um todo.”.
No município de Sapezal existem 315 micro e pequenas empresas atualmente,
segundo a população de empresas registradas nos Escritórios de Contabilidade Athos,
Datacon, Favini, Fiel, Storck e Visão. Com base na população, foi calculada a amostra
da pesquisa de campo, que ao todo foi de 174 micro e pequenas empresas, entrevistadas
aleatoriamente no período de Janeiro de 2006 a Fevereiro de 2006, tendo como
referência margem de erro de 5%, coeficiente de confiança de 95% e proporção de 30%.
Foi utilizado sorteio para a obtenção dos elementos para compor a amostra desejada,
utilizando o processo de amostragem sistemática.
Buscou-se também realizar ampla pesquisa bibliográfica sobre a importância da
Contabilidade nas micro e pequenas empresas comerciais, procurando fazer com que as
pesquisas mencionadas contemplem aos objetivos propostos.
REVISÃO DA LITERATURA
A família sempre se constituiu no primeiro núcleo da estrutura humana, na
formação da sociedade, até culminar com a instituição da Pátria.
Porém, muitas vezes a família é simplesmente grupo de pessoas que se aproxima
pelos laços sangüíneos e se afasta pelo nó do dinheiro. Poder-se-ia dizer do ponto de
vista dos interesses de cada indivíduo em sociedade, ser ela, a família, a primeira
pequena empresa, da qual todos, incontestavelmente, fazem parte.
O comportamento empresarial de hoje, começa a ser avaliado pelo simples
desempenho de sua atuação no lar. Se não for capaz de controlar o orçamento, se não
poupar o mínimo do que se ganha, ou se não fazer acontecer à existência das sobras, não
se tem a menor aptidão para começar um negócio envolvendo terceiros.
A formação das micro e pequenas empresas não é privilégio apenas dos que
possuem talento. O bom senso, a criatividade, o esforço, a dedicação, o amor ao
trabalho, têm mostrado ao homem sua capacidade variante em muitas virtudes,
incluindo-se a honestidade.
Outro fator importante, principalmente para os jovens idealistas e
empreendedores no mundo dos negócios é o aprendizado, a filosofia da conduta como
empresário. É um terrível engano pensar-se na possibilidade de aprender sem fazer
sempre. Aprender fazendo é o caminho mais indicado para a experiência e o zelo
profissional. A Universidade é a porta que abre a legitimidade para o aprendizado, mas
a realidade do saber e do conhecimento nasce da aplicação prática das teorias captadas.
As micro e pequenas empresas nascem para uma jornada em escala, ou seja,
transformarem-se em média e grande. Daí a necessidade da proteção dos poderes
constituídos por um período necessário ao seu desenvolvimento. Essa proteção gradual
deve ser vista como um investimento do Estado na criação e ampliação do seu universo
de contribuintes, visto que, anualmente, são abertas 470 mil novas micros e pequenas
empresas (SEBRAE, 2004, p.11).
O surgimento da micro e pequena empresa têm origem nesse encorajamento
legal que facilita seu crescimento interno. Renunciando aos tributos de primeiro
momento, tanto no que se refere a encargos, quanto à burocracia, o Estado permitirá ao
pequeno empreendedor provar a sua capacidade empresarial. Ao situá-lo no contexto de
contribuinte, deve ter certeza de que houve nascimento normal, conseqüente de
gestação disciplinada, capaz de minimizar evasão tributária, sonegação, concorrência
perniciosa, ou seja, o Estado começaria a patrocinar empresas com saúde e preparadas
para o crescimento.
A micro e pequena empresa tem forte valor sócio-econômico, e é responsável
por grande parte da composição do PIB do País. Beting, apud Torres e Silva (2004,
p.43-44) evidencia essa importância: 1) Um novo emprego exige investimentos de R$
10 mil na pequena empresa e de até R$ 1 milhão na grande; 2) Micros e pequenos
garantem três em cada quatro empregos no país; 3) A inovação tecnológica pode custar
até 25 vezes mais que na pequena.
“Percebemos, através destes números, que o setor tornar-se uma grande
alternativa para o combate ao desemprego que assola o país, criando, assim,
novas oportunidades para a população, através de uma política de maiores
investimentos no setor.” (TORRES e SILVA, 2004, p.44)
O Brasil precisa despertar para os problemas e a desordem, causadas às
empresas nacionais pelo atual sistema, reduzindo a excessiva carga tributária ainda
existente, apesar dos incentivos concedidos. Não é um país populoso em capacitação
profissional, a tecnologia é caríssima e carente.
O que são as Micro e Pequenas Empresas
As Micros e Pequenas Empresas são empresas geralmente dirigidas por um
número reduzido de pessoas e, na maioria das vezes, com pouca capacidade técnica,
apresentando segundo Ferreira, apud Pereira (2000, p.101) diversas dificuldades e
problemas de gestão, sendo as principais relacionadas abaixo:
I – São pequenas demais para poderem manter a administração de que
necessitam;
II – São, financeiramente, incapazes de poderem contar com o apoio de
pessoal técnico e operacional de grande habilidade;
III – Tendo em vista a insuficiência de recursos passíveis de serem
mobilizados, essas empresas se veêm obrigadas a por em ocupações
inferiores um pessoal menos habilitado;
IV – Esses empreendimentos não possuem meios para aperfeiçoar,
convenientemente, futuros chefes;
V – A filosofia de trabalho dessas empresas se baseia em clãs familiares. A
contradição entre a necessidade de se ter o melhor para competir
convenientemente no mercado e o julgamento de recrutar unicamente
pessoas da família para os principais postos de chefias determina um natural
desestímulo de funcionários que não integram o clã. Assim, os servidores
competentes e ambiciosos, enquanto não saírem da empresa, farão tãosomente o necessário para não deixar a empresa; e
VI – De acordo com Gulick, o ser humano torna-se mais destro quando se
especializa. As pessoas que compõe a alta administração dessas empresas,
por exercerem quase todas as tarefas existentes e por não disporem de tempo
suficiente para aprimorar o conhecimento tecnológico e econômico,
estreitam as suas áreas de visão que, em conseqüência, acarretam o virtual
desconhecimento das forças sociais que impulsionam ou fecham um
empreendimento. Ademais, esses dirigentes não percebem que em sua
empresa:
a) – Existem problemas de organização administrativa;
b) – Existe a necessidade de planejar e pensar; e
c) – Não se pode administrar por simples intuição.
Porém, apesar de todos estes tipos de problemas envolvendo as micros e
pequenas empresas, observa-se que nos dias atuais possuir um negócio próprio tem sido
o grande sonho de uma parcela significativa da população brasileira, sendo que os
motivos mais freqüentes de interesse pela atividade empresarial são primeiramente, na
atual economia nacional, a falta de oportunidade de trabalho, seguidos pelo desejo de
liberdade, vontade e necessidade de ganhar mais dinheiro, aliado à necessidade de
realização profissional.
Segundo relatório de pesquisa do SEBRAE (2004), do total de empresas ativas
na região centro-oeste, segundo o número de pessoas ocupadas: 80% são microempresas; 19% são pequenas empresas; 1% são médias; e, menos de 1% são
consideradas grandes .
Apesar do grande interesse pela atividade empresarial, é muito grande o
número de insucessos destes empreendimentos, pois a grande maioria fecha suas portas
antes do primeiro ano de vida, sendo que uma parte desta minoria fecham antes de
completarem o quinto ano de vida e uma irrisória fatia deste percentual continua
operacionalizando após o quinto ano de funcionamento.
Formação do Preço de Venda
Um dos mais importantes aspectos financeiros de qualquer empresa consiste
na fixação dos preços dos produtos e serviços comercializados.
Sardinha, apud Pereira (2000) define preço como sendo “a quantidade de
dinheiro que o consumidor desembolsa para adquirir um produto e que a empresa
recebe em troca da cessão do mesmo. É a expressão do valor de troca que se oferece por
alguma coisa que satisfaça uma dada necessidade ou desejo”.
Observa-se que hoje em dia, os clientes estão muito mais exigentes e
detalhistas em relação a qualidade aliada a preços competitivos. Em face disso, observase que um dos principais problemas enfrentados pelas pessoas, quando decidem abrir
seu próprio negócio, é como formar corretamente o preço de seus produtos, quais
fatores analisar e qual a prática de preço a ser adotada para atingir os objetivos
desejados.
Existem diversas variáveis que influenciam diretamente na formação do preço
de venda, as quais devem ser consideradas e/ou incorporadas aos preços dos produtos a
serem ofertados ao mercado. Significando que, caso este processo não seja
corretamente efetuado, a empresa corre um sério risco de sofrer prejuízos financeiros
significativos, provenientes da alocação incorreta dessas variáveis.
Métodos de Formação do Preço de Venda
Segundo Bruni & Famá (2003, p.312), “existem vários métodos que são
utilizados como auxílio na formação do preço de venda, que podem se basear nos custos
(o mais comum), no consumidor ou na concorrência”.
O método baseado nos custos, consiste em identificar o custo do
produto/serviço e adicionar ao mesmo uma margem padrão de lucro. Do pondo de vista
dos autores acima citados, “é o método mais utilizado por ser mais simples e seguro”.
Figura 1. Fixação de preços baseado nos custos, segundo Kotler, em 2002.
Fonte: Kotler, apud Assef (2002, p.58)
Outro método é o baseado no consumidor, ou seja, no valor percebido do
produto pelo mercado. De acordo com citado mencionado, “nessa metodologia, as
empresas empregam a percepção que os consumidores têm do valor do produto, e não
os custos”.
Figura 2. Fixação de preços baseado no consumidor, segundo Kotler, em 2002.
Fonte: Kotler, apud Assef (2002, p.59)
Conforme Assef (2002, p.62), “o valor econômico de um produto pode ser
definido como o preço pelo qual o consumidor estaria disposto a adquiri-lo, conjugando
as melhores alternativas, como preço de referência, acrescidos dos valores contidos nas
alternativas, ditas valor de diferenciação”.
Diante disso, o preço máximo a ser pago por um bem, seria o valor de
referência mentalizado pelo consumidor, acrescido de valores adicionais, negativos ou
positivos, de diferenciação.
E, por fim, o método baseado na concorrência, ou seja, ela é quem determina
os preços a praticar. Segundo Bruni & Famá (2003, p.313), “os preços podem ser de
oferta – quando a empresa cobra mais ou menos que seus concorrentes, ou de proposta –
quando a empresa determina seu preço segundo seu julgamento sobre como os
concorrentes irão fixar seus preços”.
Porém, Assef (2002, p. 57) afirma que:
Algumas perguntas importantes podem ficar sem resposta, como:
• Seus custos fixos são iguais ao do concorrente?
• Sua produção ou revenda tem os mesmos custos variáveis do concorrente?
• Seus investimentos foram iguais?
• A rentabilidade objetivada é a mesma?
• O valor percebido pelo cliente, em relação aos seus produtos e serviços
associados, não são diferentes dos concorrentes?
A concorrência deve ser levada em conta no momento da formação do preço
de venda, porém não deve ser levada em conta indiscriminadamente, ou seja, sem
observar ou balancear seus pontos fortes ou fracos.
Em face disso podemos dizer que o cálculo do preço de venda deve chegar a
um valor que permita à empresa: maximização dos lucros, qualidade nos
produtos/serviços e satisfação do consumidor.
Segundo Bernardi (2004), para decidir o quanto atribuir de preço aos bens e
serviços no mercado, o empresário deve orientar-se economicamente e do ponto de vista
interno, por três caminhos: maximização dos lucros, retorno do investimento e preços
baseados nos custos.
Pode-se dizer que para obter a maximização dos lucros é necessário que os
preços sejam definidos de forma que consigam aumentar o lucro da empresa, não
deixando de observar a estrutura e os recursos da mesma.
De acordo com o autor acima mencionado (p.159), para decidir em optar por
esse caminho, o empresário deve levar em conta os seguintes fatores:
1. Estimativa das vendas totais possíveis e elasticidade do preço – para
determinado preço-base, estima-se realisticamente o potencial de volume de
vendas e, simulando
variações nos preços, observa-se o impacto no volume (julgamento pessoal).
2. Estimativa dos custos e despesas – para determinado volume de vendas, a
empresa incorre em determinados custos; para outros volumes, custos
unitários diferentes ocorrem em função dos custos fixos e despesas fixas, os
quais não sofrem alteração com relação ao volume de vendas. É mais
palpável, uma que envolve menos variáveis qualitativas e externas.
3. Localização do preço que maximiza – a maximização dos lucros é
encontrada quando os incrementais de vendas aproximam-se dos
incrementais de custos e despesas.
O método é de difícil aplicação, no caso das micro e pequenas empresas,
devido à falta ou dificuldade: na coleta de dados e no monitoramento do mercado.
Na formação do preço de venda, com base no método de retorno do
investimento, o administrador irá fixar o preço de venda com base no retorno esperado
em relação ao capital investido. Essa taxa de retorno, em cima do capital investido,
deverá ser estabelecida pelo próprio gerente/proprietário da empresa, tomando por base
um retorno equivalente a um investimento livre de riscos, como por exemplo:
aplicações com prazo fixo, cadernetas de poupança, entre outros (variável conforme o
ramo e as expectativas do investidor).
Bernardi (p.162) relata que:
Para o cálculo desse retorno ou índice a ser aplicado sobre o custo (custo da
mercadoria + impostos + fretes), necessita-se das seguintes informações:
• Custos e despesas totais planejados para o período, excetuando-se o custo
do produto, o custo da mercadoria e o custo dos serviços;
• Dimensionamento do capital médio empregado para o período analisado;
• Estimativa do custo dos produtos, mercadorias e serviços totais para o
período.
Segundo Bernardi (2004) a formação do preço de venda baseado nos custos, é
um dos métodos mais utilizados, devido sua simplicidade e praticidade, o que vem
confirmar a linha de pensamento de Bruni & Famá, citado anteriormente, devendo,
porém, observar os aspectos: preço e sobrevivência (lucro e retorno), competitividade
(Preço de Mercado – Custo Adequado = Lucro), rotinização das decisões
(sistematização) e estrutura do preço (índice – Mark-up).
Bernardi, (2004, p.164), define Mark-up como:
Um índice ou percentual que irá adicionar-se aos custos e despesas, o que
não significa que deva ser aplicado linearmente a todos os bens e serviços. O
Mark-up a utilizar será estruturado conforme a incidência de impostos, as
despesas variáveis de venda, a inclusão das despesas operacionais e o lucro
desejado na venda, observadas as circunstâncias e interesses mercadológicos
e financeiros, as experiências passadas, tudo combinado de forma
equilibrada para que a empresa consiga atingir seus objetivos.
Portanto, pode-se dizer que o Mark-up, consiste em índice que ao ser aplicado
sobre o custo do bem ou serviço, gera valor que cobre os custos, as despesas e os
impostos, e gera lucro na venda. Segundo Bruni & Fama (2003, p.333),
A principal razão da aplicação do Mark-up decorre do fato de possibilitar
uma grande simplificação do processo de formação dos preços – já que
custos fixos e demais gastos são incorporados diretamente no percentual do
mark-up, não precisando ser apurados individualmente por produto ou
serviço comercializado, sendo bastante empregado nas empresas comerciais.
Sardinha, apud Pereira (2000, p.46) confirma a idéia anterior e complementa
afirmando que:
A maneira mais popular para determinar preço de um produto baseia-se no
princípio do Mark-up – o preço é determinado adicionando-se uma margem
de lucro ao custo do produto. Esta margem de lucro deverá cobrir todas as
outras despesas ainda não incluídas nos custos do produto, além de permitir
retorno razoável aos investidores.
É impar destacar, que para formação de preços tecnicamente mais adequada, é
importante a de analisar dados internos de comportamento de custos e dados externos
relativos à influência do mercado. Pois, diante da conjuntura econômica atual, a melhor
opção frente a proposta de formação do preço de venda, é fazer mix entre: formação de
preços com base no custo e na concorrência, pois nele o empresário terá condições de
agregar os custos fixos/variáveis incidentes sobre a mercadoria, sem deixar de
acompanhar os preços praticados pelo seu concorrente, de acordo com os seus objetivo
de resultado.
Resultados e Discussão
Obteve-se como primeiro indicador da pesquisa a maioria de homens no
comando das empresas (56,30%, ou seja, constatou-se forte indicador da incidência de
administração familiar, onde a figura masculina (paterna) é o responsável pela família e
pelo seu sustento. A maioria dos entrevistados (43,10%) estão entre a faixa etária de 31
a 40 anos. A grande maioria dos entrevistados são proprietários das empresas (74%), ou
seja, não possuem gerente, usam trabalho próprio ou de seus familiares, não possuem
administração especializada, sendo na sua grande maioria homens entre 31 a 40 anos de
idade. Esta informação é importante, por que caracteriza que a pesquisa abordou os
maiores interessados na maximização dos lucros da empresa, além do fato que lidam
com as informações disponibilizadas pelos contadores.
Observou-se ainda que a grande maioria dos entrevistados (80%) possuem,
como grau de escolaridade, somente o 2º Grau completo ou abaixo dele, sendo que para
mais da metade dos mesmos (51%), é a primeira vez que atuam no cargo de
proprietário/gerente, de acordo com SEBRAE (2004), “pessoas que, na sua grande
maioria, deixam seus empregos rumo a um novo horizonte: “abrir o próprio negócio”,
ou vêem-se desempregados e optam por abrir uma empresa para ter o sustento familiar”,
ou ainda, funcionários promovidos para um cargo melhor: “gerência”, porém todos,
como pode-se averiguar, sem formação profissional básica ou conhecimento técnico
sobre o tema tratado, gestores sem preparação para enfrentar os problemas inerentes às
atividades administrativas e até operacionais de seus negócios.
Grande parte (57%) das micro e pequenas empresas do município tem idade
inferior a cinco anos, e desse percentual, 64% tem vida de até três anos ou menos,
significando que estão na linha de risco de mortalidade, pois conforme relatório
SEBRAE (2004, p.11), já citado anteriormente, “59,9% das empresas no Brasil fecham
antes de completarem seu quarto ano de vida, sendo que na região centro-oeste a taxa de
mortalidade para essas empresas está na faixa de 53,9%”. O relatório ainda grifa (p.16),
que “uma das maiores razões da mortalidade prematura dessas empresas está, em
primeiro lugar, nas falhas gerenciais na condução da empresa, e em segundo lugar nas
causas econômicas conjunturais e de tributação”. Pois, conforme pesquisa do SEBRAE
(2004) 26% dos proprietários e/ou administradores das micro e pequenas empresas
extintas, não tinham conhecimento nenhum do ramo de negócio em que atuavam; e
19% tinham alguém na família que possuía uma empresa similar.
Na tabela 1, observou-se que as informações repassadas pelo Contador ao
empresário são utilizadas, na sua maioria (37%), somente para atender as exigências do
Fisco, e 21% dos empresários não vêem utilidade alguma na informação, não sabem ou
não responderam o questionário; 81% dos proprietários acreditam ser confiáveis as
informações recebidas pelo seu Contador, porém a maioria não as utiliza como
ferramenta gestora de informações e auxílio na tomada de decisões, principalmente na
área de formação do preço de venda, que é uma área muito importante e delicada dentro
da empresa.
Tabela 1. Percentual das micro e pequenas empresas, por forma de utilização das
informações repassadas pelo contador, no município de Sapezal em 2006.
Os administradores das micro e pequenas empresas, na sua grande maioria, têm
dificuldade em utilizar as informações contábeis demonstradas a ele, sendo que a
pesquisa realizada nos mostra, conforme a Figura 3, que a maioria diz faltar clareza,
simplicidade na linguagem e na forma de apresentação das demonstrações. É
interessante saber, que o SEBRAE (2004), relata em sua pesquisa a nível de Brasil, que
um dos fatores mais importantes para o sucesso de uma empresa, na opinião dos micros
e pequenos empresários ativos, é a assessoria e o auxílio demandados pelo Contador
(42%), através das demonstrações, das informações por ele repassadas, de forma clara e
simplificada, de modo que o seu usuário possa realmente utilizá-la para o
gerenciamento e acompanhamento da empresa no dia-a-dia.
Figura 3. Percentual de sugestões dos entrevistados, para melhorar a utilização das
informações contábeis, no município de Sapezal/MT, em 2006.
De acordo com Alvin (1988), na escala de agregação do conhecimento a bens e
serviços, o primeiro estágio é o de identificar, coletar, organizar e tratar dados,
transformando-os em informação. Ainda de acordo com ALVIN (1988 p. 08):
O grande desafio é disponibilizar a informação para o usuário de forma
adequada, para que venha subsidiar um processo de tomada de decisão que
se transforme em benefício para a sociedade. Transformar informação em
conhecimento que se converta em bem econômico e social é o desafio.
Potencializar oportunidades, a partir da utilização de capacidades
disponíveis e acessíveis, torna-se o grande negócio de quem atua em
prestação de serviços de informação.
Fazendo analogia com a prestação de serviço do contador, percebe-se então a
importância de atender, ou buscar diminuir, as dificuldades de interpretação na
linguagem e nas demonstrações contábeis, apontadas na Figura 3.
A formação do preço de venda é algo, na maioria das vezes, simples. Porém é
necessário ao empresário ter noções básicas de gerenciamento e administração, ou
orientação contábil qualificada, pois o preço dos seus produtos e as vendas são de
importância vital para a empresa. Sendo necessário assim, que o administrador conheça
os custos e as despesas detalhadamente, formule política de formação do preço de venda
adequada e, principalmente, conheça exatamente seus limites de atuação no mercado
Segundo Bernardi (2004, p. 32):
Sem uma política de preços definida, estudada e avaliada, a empresa estará
atuando aleatoriamente e sem direção, ou vendendo muito com prejuízo, ou
perdendo negócios, ou até vendendo menos do que poderia, sem clara
consciência de sua performance, do impacto do mercado e da condição
competitiva.
Na pesquisa realizada no município de Sapezal, pode-se observar conforme a
Figura 4, que a maioria dos micros e pequenos empresários (60%) utilizam-se de dados
formulados pela própria empresa para formação do preço de venda; 19% não faz
nenhuma formulação para constatar o preço de venda;
Figura 11. Percentual de micro e pequenas empresas, por método de formação do
preço de venda, no município de Sapezal/MT, em 2006.
Cabe destacar a consideração que para cada pequeno negócio existe sempre
empreendedor que o criou. Por isso, qualquer discussão sobre as pequenas e micro
empresas deve, necessariamente, ser acompanhada por discussão em torno dos
proprietários-gerentes, e abordar estudos sobre empreendedorismo, e deve também
analisar como estas empresas se apresentam frente ao mercado, através da sua formação
de preço. O preço de venda vem se transformando num importante fator de competição
e de sua correta formação depende o sucesso das empresas, principalmente em
estruturas de mercado altamente competitivas.
Considerações finais
A formação do preço de venda é considerada como um fator determinante no
sucesso futuro das empresas, pois nos dias atuais o improviso e o empirismo não tem
mais lugar, necessitando aos dirigentes profissionalismo e conscientização na
administração de suas empresas, em virtude de que os consumidores de hoje procuram
produtos com alta qualidade, preços competitivos, aliados ao conforto de um bom
atendimento.
A Contabilidade Gerencial e de Custos torna-se, nesse momento, ferramenta
indispensável no auxílio e suporte ao micro e pequeno empresário na gestão de sua
empresa, pois são inúmeras as decisões a serem tomadas, imediatas e futuras,
objetivando ser eficiente e eficaz no mercado em que atua, buscando o avanço e sucesso
da empresa.
Dizer-se-á que numa micro e pequena empresa, o proprietário precisa saber
“jogar em todas as posições”, caso deseje chegar ao seu objetivo final, um quadro bem
diferente nas grandes empresas, onde seus titulares não necessitam entender
detalhadamente de tudo, já que podem contratar profissionais e delegar poderes para
que executem as tarefas necessárias ao bom desempenho da empresa.
Observou-se nesse trabalho, que para empresa formar corretamente o seu preço
de venda, é necessário conhecimento amplo para a consecução deste objetivo. A pessoa
responsável por esta área deverá estar atento a todas as variáveis que influenciam direta
ou indiretamente na operacionalização da empresa.
Através da pesquisa realizada, verificou-se que em Sapezal a maioria das micro
e pequenas empresas de tradição familiar, não utilizam a Contabilidade Gerencial como
auxílio na formação de preços, sendo isso justificado pela falta de uma assessoria
contábil adequada. Os administradores dessas empresas, na sua grande maioria, têm
dificuldade em utilizar as informações contábeis demonstradas a ele, devido a falta de
clareza, inexistência de simplicidade na linguagem utilizada e na sua apresentação.
Essa dificuldade em compreender os relatórios contábeis, deve-se em parte, ao
baixo grau de escolaridade da maioria dos micros e pequenos empresários deste
município, onde 80% dos entrevistados tem como escolaridade máxima o segundo grau
completo ou abaixo dele. Não podendo deixar de expor, que mais da metade dos
entrevistados, atuam pela primeira vez como proprietário/administrador.
Constatou-se ainda, que as informações repassadas pelo Contador ao empresário
são utilizadas, na sua maioria, somente para atender as exigências do Fisco, ou seja,
para preencher livros fiscais e guias de impostos, onde alguns não vêem utilidade
alguma nessa informação. Segundo dois terços dos entrevistados, as informações
contábeis são recebidas mensalmente. A maioria dos empresários, afirmou que as
informações contábeis recebidas são confiáveis, porém grande parte não as utiliza como
ferramenta gestora de informações e auxílio na tomada de decisões, principalmente na
área de formação do preço de venda, a qual é importante e delicada dentro da empresa.
Verificou-se também, que a maioria dos micros e pequenos empresários
utilizam-se de dados formulados pela própria empresa para formação do preço de
venda, ou ainda, uma parte deles não fazem nenhuma formulação para constatar o acima
descrito.
Conclui-se então, que é necessário e urgente à conscientização por parte dos
pequenos e micro empresários de Sapezal - MT, de que para haver prosperidade,
organização e modernização em seu comércio, é indispensável à utilização de técnicas e
recursos disponíveis na Contabilidade, as quais sendo eficientes e atualizadas são
essenciais para um melhor planejamento das ações futuras da mesma, bem como a
viabilização de maior segurança nas tomadas de decisões.
Um dos fatores macroeconômicos que deve-se observar primeiramente é o
mercado econômico no qual a empresa encontra-se, suas oscilações, quais os principais
elementos que provocam estas oscilações, bem como conhecer profundamente quais os
tipos de mercados existentes e em qual deles a empresa está alocada, conhecendo a
fundo suas vantagens e desvantagens, bem como conhecer seus concorrentes e quais as
suas principais estratégias de preços.
Posteriormente deve-se estar atento aos principais fatores considerados
importantes e que não podem de maneira alguma deixar de ser incluídos no preço dos
produtos, levando-se em consideração cada tipo de atividade empresarial e o porte de
cada empresa, pois é de fundamental importância que o responsável por esta área
conheça detalhadamente o custo operacional da empresa. Após estas análises é
necessário que a empresa determine qual o método de formação do preço de venda mais
adequado à sua realidade e condições operacionais, visando estabelecer uma estratégia
que seja a mais adequada ao alcance de seus objetivos. Diante da constatação das
dificuldades encontradas pelos micros e pequenos empresários de Sapezal, formulou-se
uma planilha para cálculo do preço de venda, objetivando facilitar e sistematizar o
processo de formação de preços (Anexo I). Essa planilha pode ser utilizada pelos micros
e pequenos empresários do ramo industrial, comercial e de prestação de serviços, visto
que são poucos os itens a serem mudados nessa rotina. No caso da indústria terá IPI, na
prestação de serviços o ISS, caso essas empresas não sejam optantes pelo imposto
simplificado (Simples).
Diante do exposto, há a necessidade de acompanhamento, assessoria e
orientação contábil qualificada, devendo o Contador ter comprometimento maior com
seus usuários/clientes. Ao micro e pequeno empresário também cabe a conscientização
e responsabilidade de sempre estar buscando informações que subsidiem o processo
administrativo e gestor de sua empresa. Pois, diante do mercado cada vez mais
competitivo, só consegue desempenhar com eficiência e eficácia o papel de empresário
bem sucedido, aquele que se sobressai, em termos de oferta de produtos, qualidade e
preço, atentando sempre para a utilização de suporte contábil adequado, servindo como
um parceiro-orientador em favor do crescimento e consolidação da empresa.
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