Figuras de linguagem
Figuras de estilo / figuras de retórica (Portugal) ou figuras de linguagem (Brasil) são estratégias
que o escritor pode aplicar ao texto para conseguir um determinado efeito na interpretação do
leitor que são características globais do texto. Podem relacionar-se com aspectos semânticos,
fonológicos ou sintáticos das palavras afetadas. É muito usado no dia-a-dia das pessoas, nas
canções e também é um recurso literário.
As figuras de linguagem são recursos usados na fala ou na escrita para tornar mais expressiva a
mensagem transmitida. É muito importante saber identificar as diversas figuras de linguagem,
porque desta forma é possível compreender melhor diferentes textos.
Compreender e saber usar figuras de linguagem nos capacita a usar de forma mais eficaz a
linguagem como fenômeno social e nos ajuda a vislumbrar o simbolismo de algumas conversas e
obras escritas.
As mais comuns são: metáfora, comparação, metonímia, antítese, paradoxo, personificação ou
prosopopeia, hipérbole, eufemismo, ironia, elipse, pleonasmo, onomatopeia, anáfora, sinestesia,
gradação e aliteração.
Metáfora - A metáfora é um tipo de comparação, mas sem os termos comparativos (tal
como, como, são como, tanto quanto, etc). Na metáfora, a comparação entre dois elementos está
implícita, trazendo uma relação de semelhança entre eles. Exemplo: Tempo é dinheiro.
Percebemos neste exemplo a relação implícita, onde o tempo é tão valoroso quanto o dinheiro,
por isso ele é colocado como semelhante à moeda.
Comparação - A comparação consiste na aproximação entre dois objetos por meio de uma
característica semelhante entre eles, dando a um as características do outro. Difere da metáfora
porque possui, obrigatoriamente, termos comparativos. Em suma, é uma comparação explícita.
Exemplo: Tempo é como dinheiro.
Neste exemplo vemos o principal definidor de uma comparação: a palavra como traz
explicitamente a ideia de que o tempo é valoroso como o dinheiro.
Metonímia - É a substituição de uma palavra por outra sendo que, entre ambas, há uma
proximidade de sentidos, uma relação de implicação. Exemplos: Não leu Machado de Assis. Não
leu a obra de Machado de Assis.
Vemos no exemplo que a obra de Machado de Assis foi substituída só pelo nome do autor. A
metonímia consiste nessa substituição de palavras, dando o mesmo sentido a uma frase. A
seguir, outro exemplo que reforça essa substituição: A cozinha italiana é maravilhosa!
A comida italiana é ótima.
Antítese - A antítese consiste no uso de palavras, expressões ou ideias que se opõem. Exemplo:
Soneto da Separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
Vinícius de Moraes
Neste soneto vemos claramente a antítese por trás da temática da separação amorosa: o que
antes era riso trouxe lágrimas com a separação; as bocas unidas pelo beijo no amor se separam
como a espuma que se espalha e se dissolve. A oposição de sentimentos e atos forma
claramente a antítese.
Paradoxo - Paradoxo é a presença de elementos que se anulam numa frase, trazendo à tona
uma situação que foge da lógica. Exemplo:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer
Luís de Camões
A situação do paradoxo aqui é clara: os elementos marcados se anulam, trazendo uma série de
questionamentos. Como pode uma ferida, algo que causa dor física, não ser sentida? Como o
contentamento, que causa felicidade, pode ser descontente? Como a dor pode não doer? Vemos
claramente a fuga da lógica.
Personificação (ou prosopopeia) - A personificação, também chamada prosopopeia, consiste
na atribuição de características humanas, como sentimentos, linguagem humana e ações do
homem, a coisas não-humanas. Exemplo: O vento beija seus cabelos; Os arbustos acenavam
saudades.
Nesses exemplos temos elementos da natureza praticando ações humanas.
Hipérbole - Esta figura de linguagem consiste no emprego de palavras que expressam uma ideia
de exagero de forma intencional. Exemplo: Ela chorou rios de lágrimas.
Chorar rios remete a um choro contínuo, exagerado e o termo rios vem para enfatizar a ideia de
que foi um choro intenso.
Eufemismo - O eufemismo ocorre quando utilizamos palavras ou expressões que atenuam e
substituem outras que produzem um efeito desagradável e chocante. Exemplos: José partiu
dessa para uma melhor.
A expressão dessa para uma melhor ameniza o fato de José ter morrido
Ironia - É a expressão de ideias com significado oposto ao que se realmente pensa ou acredita.
Exemplo: Dona Evarista era mestre na arte de judiar das crianças.
A frase ironiza o fato de D. Evarista tratar mal as crianças e ainda isso ser considerado uma arte,
querendo claramente dizer o contrário..
Elipse - Temos elipse quando, em um texto, alguns elementos são omitidos sem ocasionar a
perda de sentido, uma vez que as palavras omitidas ficam subentendidas através do contexto.
Exemplos: Ela está passando mal! Depressa, um médico!
Ela está passando mal! Depressa, chamem um médico!
Na primeira frase temos a elipse ao vermos que a palavra chamem está escondida. Não é
necessário colocá-la e não há perda de sentido, porque mesmo sem ela entendemos que é
necessário chamar um médico depressa porque ela está passando mal.
Pleonasmo - Repetição de uma ideia por meio de outras palavras. É utilizado como forma de
ênfase e, além de ser figura de linguagem, é classificada como vício. A diferença entre a figura de
linguagem e o vício de linguagem é simples: para ser figura de linguagem, o pleonasmo vem de
forma intencional, para dar mais expressividade no texto, enquanto no vício vem como uma
repetição não intencional e desnecessária. Exemplo: Chovia uma triste chuva - Manuel Bandeira
A repetição proposital de Manuel Bandeira ao dizer que "chovia uma chuva" intensifica a ideia de
que estava chovendo.
Onomatopeia - Temos onomatopeia quando há o uso de palavras que reproduzem os sons de
seres vivos e objetos. É mais comum em história em quadrinhos. Exemplo: Tchibum. Tic-tac.
Anáfora - Consiste na repetição de palavras ou expressões com o objetivo de enfatizar uma
ideia. Exemplo:
Elegia Desesperada
Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto de alegria e serenidade
Vinícius de Moraes
Sinestesia - A sinestesia traz textos que expressam as sensações humanas, com o cruzamento
de palavras referentes aos cinco sentidos. Exemplo:
Recordação
Agora, o cheiro áspero das flores
leva-me os olhos por dentro de suas pétalas
Cecília Meireles
Aqui, vemos uma característica do olfato (cheiro) misturada com outra do tato (áspero).
Gradação - Nesta figura as ideias aparecem de forma crescente ou decrescente dentro de um
texto. Exemplo:
Meia noite em ponto em Xangai
A mulher foi-se encolhendo, agarrada aos braços da poltrona. Cravou o olhar esgazeado no
retângulo negro do céu. Encolheu-se mais ainda, cruzando os braços. Limpou as mãos
pegajosas no brocado da bata. Susteve a respiração
Lygia Fagundes Telles
Aqui a gradação crescente vem trazendo uma ideia da sensação do medo que vai aumentando.
Aliteração - Consiste na repetição de consoantes em uma sequência de palavras, trazendo um
texto com um efeito sonoro. Confira um exemplo no trecho da música Chove Chuva de Jorge Ben
Jor: Chove, chuva, chove sem parar
Neste caso, o ch repetido vem para dar a sonoridade da chuva, além de dar ritmo à música de
Jorge Ben Jor.
Atividades
1) Pesquise figuras de linguagem em músicas e poemas e faça uma lista de pelo menos
cinco figuras, revelando seus sentidos ocultos. Em uma roda de leitura, junto com seus
colegas de turma e professor, apresente sua pesquisa e leia o texto original na íntegra
para uma melhor contextualização.
2) Crie frases elaboradas a partir das figuras de linguagem (pelo menos cinco figuras
distintas), e as escreva em cartazes, que serão espalhados pela escola, com a intenção de
criar expectativas quanto ao significado. Depois, faça uma investigação para saber se o
restante da escola entendeu as mensagens. Registre as respostas e leia posteriormente
em sala de aula.
Sugestão para o educador:
Promova um desafio para a turma. Divida a sala em dois grupos, leve diversas frases com várias
figuras de linguagem representadas e apresente uma a uma. Apresente de forma rápida (uns
cinco segundos) e desafie a definirem a figura de linguagem presente na frase. Repita o mesmo
processo com todas as frases. No final, o grupo que acertar mais figuras de linguagem é
campeão. Cada grupo deverá dar apenas uma definição para cada frase.
Aula sobre figuras de linguagem:
https://www.youtube.com/watch?v=061Hqac78Bw
Apresentação de figuras de linguagem em músicas:
https://www.youtube.com/watch?v=xJPNC8c3LlI
https://www.youtube.com/watch?v=p8_R8GhALfE
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