DICAS DO ENEM
LÍNGUA PORTUGUESA
TEMA 4:
Figuras de Linguagem
AUTOR:
Nayara Moreira Santos
Mais próxima, para
você ir mais longe.
TEMA 4:
Figuras de Linguagem
Autor: Nayara Moreira Santos
SANTOS, Nayara Moreira. Língua Portuguesa: Figuras de Linguagem. Valinhos, 2014.
TEXTO E CONTEXTO
Pag. 03
GLOSSÁRIO
Pag. --
VOCÊ ESTÁ PRONTO?
Pag. --
REFERÊNCIAS
Pag. 15
GABARITO
Pag. 16
© 2014 Kroton Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou
qualquer outro idioma.
TEXTO E CONTEXTO
Se você já teve contato com quaisquer textos literários, saberá que a literatura é um campo vasto para brincadeiras com
a linguagem. Os escritores acabam sendo verdadeiros malabaristas da língua, pois, com um sistema que todos usam,
eles procuram justamente o uso poético, sensível à diversidade de significados que podemos criar na escrita e na fala.
Observemos as duas frases abaixo:
Os noivos, já meio bêbados
de cerveja, cantam grandes
clássicos da música popular
brasileira em frente ao espelho
e bailam para os convidados.
“No espelho do córrego bailam
borboletas bêbadas de sol.”
(Carlos Drummond de Andrade)
No 1º exemplo, as palavras em negrito estão empregadas em seu sentido usual, comum. Ainda que seja apenas uma
frase retirada de seu contexto, podemos entender o uso da palavra bêbados como pessoas que estão sob efeito de
bebida alcoólica, espelho como um objeto metalizado que reflete imagens e, por fim, bailam como o ato de dançar,
movimentar o corpo obedecendo a um ritmo musical.
Já no trecho de Carlos Drummond de Andrade, o trabalho poético faz-nos ressignificar essas mesmas palavras. Por
tratar-se de um “espelho do córrego”, sabemos que a palavra espelho não está aí empregada no sentido de um objeto
metalizado que reflete imagens, mas sim no sentido de uma superfície de água tão limpa e brilhante que reflete as
borboletas acima dela. Também as palavras bailam e bêbadas não são usadas no mesmo sentido usual que definimos
no parágrafo anterior. No trecho de Drummond, bailam e bêbadas referem-se ao voo brando e, ao mesmo tempo,
desorientado das borboletas.
3
TEXTO E CONTEXTO
Quando usamos as palavras no seu sentido literal, comum, usual ou, como alguns dizem, “de dicionário”, dizemos que
elas foram empregadas em seu sentido denotativo.
Já se usamos as palavras no seu sentido figurado, dependente de um contexto específico, como o poeta Drummond o
fez, dizemos que elas foram empregadas em seu sentido conotativo ou figurado.
Porém, é um engano pensar que o sentido conotativo das palavras pode ser explorado apenas na literatura. Ou você
nunca falou ou nunca ouviu ninguém dizer em contexto mais informal que está “bêbado de sono”? O sentido figurado
da língua está por todos os cantos, em diferentes práticas de linguagem e faz parte da vida de todos nós. Ele pode ser
encontrado desde em um anúncio publicitário até na fala de sua avó, contando um causo de quando ela era mais moça.
Portanto, se você pensa que apenas escritores literários fazem uso disso, está na hora de prestar mais atenção ao que
ouve ou lê.
O sentido conotativo pode ser construído de diferentes maneiras, as possibilidades são variadas. Esse conjunto de
recursos expressivos é denominado figuras de linguagem.
Para que estudá-las? Independente da carreira que você escolheu, ter compreensão das principais características
referentes às figuras de linguagem pode ser útil para apropriar-se melhor de textos diversos (literários, publicitários,
jornalísticos etc.), tornando-nos aptos a reconhecer os significados das palavras e os sentidos que podem adquirir
em diferentes contextos e também a produzir textos em que haja necessidade de expressar-se de forma diferente da
comum. Ainda que no seu trabalho você não tenha de produzir textos (o que é muito raro, se não impossível, tendo em
vista que aqui estamos falando tanto de texto escrito quanto de oral), é fundamental que você reconheça figuras de
linguagem usadas nos vários textos com os quais você tem contato.
4
TEXTO E CONTEXTO
• Figuras de linguagem
CLIQUE AQUI
<https://www.youtube.com/watch?v=uNhUFnNbf5I>
QUESTÃO 01
Leia o trecho do conto Minha gente, de Guimarães Rosa.
[...] eram os patinhos novos, que decerto tinham matado o tempo, dentro dos ovos, estudando a teoria da natação. E, no pátio,
um turbilhão de asas e bicos revoluteava e se embaralhava, rodeando a preta, que jogava os últimos punhados de milho [...]
ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio. 1972.
O emprego da palavra em destaque produz uma:
a) Metonímia
b)Ironia
c) Hipérbole
d)Metáfora
e) Onomatopeia
5
TEXTO E CONTEXTO
QUESTÃO 02
Leia com atenção os seguintes versos:
Eu vejo as pernas de louça
Da moça que passa e eu não posso pegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
(Chico Buarque)
Nesse trecho há uma metáfora. Ela ocorre em:
a)pernas de louça
b)moça que passa
c)não posso pegar
d)tô me guardando
e)o carnaval chegar
Podemos dividir as figuras de linguagem em dois grandes grupos:
1º GRUPO
2º GRUPO
Figuras que têm sua força expressiva no conteúdo
semântico ou no aspecto sonoro das palavras. As
principais são:
Figuras que são construídas com variações da
estrutura sintática das frases. As principais são:
Metáfora
Elipse
Metonímia
Pleonasmo
Ironia
Hipérbole
Personificação (prosopopeia)
Polissíndeto
Anáfora
Anacoluto
Onomatopeia
6
TEXTO E CONTEXTO
1º GRUPO
2º GRUPO
Figuras que têm sua força expressiva no conteúdo
semântico ou no aspecto sonoro das palavras. As
principais são:
Figuras que são construídas com variações da
estrutura sintática das frases. As principais são:
Comparação
Catacrese
Antítese
Eufemismo
Gradação
Aliteração
Comparação
Imagine que Pedro tenha chegado em seu primeiro dia de trabalho em uma empresa
nova e, após algumas horas, tenha dito a um colega:
Pedro poderia ter dito apenas “Eu estou perdido”, mas essa maneira de se expressar
seria muito simples, muito comum. Por isso, para intensificar sua desorientação,
ele buscou algo que, por ser uma expressão que supõe um peixe em um ambiente
estranho ao seu, fosse semelhante à sua dificuldade de adaptação, criando, assim,
uma comparação.
A comparação consiste em estabelecer uma relação de semelhança entre dois seres
ou fatos, fornecendo a um deles uma ou mais características presentes no outro. A
comparação possui muita semelhança com a metáfora. No entanto, na comparação é comum a utilização de palavras
que estabeleçam uma conexão, como por exemplo: como, tal, assim, qual, parecia, entre outras.
7
TEXTO E CONTEXTO
Catacrese
Observe a seguinte frase:
A perna da mesa está desnivelada, pegue um livro para eu colocar embaixo dela.
No sentido denotativo, perna significa determinado órgão do corpo. Porém, no exemplo acima, essa mesma palavra
passou a ter um sentido figurado, já que mesa não possui realmente pernas. Costumamos chamar de perna a parte da
mesa que a apoia ao chão. Portanto, trata-se de uma catacrese.
A catacrese consiste em denominar algo (um objeto, uma ação etc.) usando impropriamente certa palavra, por não
haver outra mais adequada.
Antítese
Leia os versos a seguir:
A pobreza do eu
a opulência do mundo
[...]
A incerteza de tudo
na certeza de nada.
(Carlos Drummond de Andrade)
Nas duas estrofes acima, a expressividade está centrada no uso de palavras que possuem significados opostos: pobreza
X opulência e incerteza X certeza. Porém, essas palavras não apenas se opõem, como também se reforçam, ganham
um sentido mais marcado devido à presença de sua contrariedade. Ao uso de palavras opostas denominamos antítese.
A antítese consiste no uso de palavras ou expressões de significados contrários, com a intenção de destacar a força
expressiva de cada uma delas.
8
TEXTO E CONTEXTO
Eufemismo
Imagine que a seguinte frase fosse título de um artigo de opinião de um grande jornal da cidade:
Políticos faltaram com a verdade nas últimas eleições.
Veja que, na frase, procura-se suavizar, tornar menos chocante e dramática a conduta dos políticos. Dizer que “políticos
faltaram com a verdade” é mais moderado do que afirmar que “políticos mentiram”. A essa figura de linguagem
denominamos eufemismo.
O eufemismo consiste em uma figura por meio da qual se suaviza, torna menos chocante palavras ou expressões que
são normalmente desagradáveis, constrangedoras ou dolorosas.
Gradação
Leia o texto abaixo, prestando atenção nas palavras e expressões destacadas.
Seu Irineu pisou no prego e esvaziou. Apanhou um resfriado, do resfriado passou à pneumonia, da pneumonia passou ao
estado de coma e do estado de coma não passou mais.
Stanislaw Ponte Preta. A vontade do falecido. In: ___________. O melhor de Stanislaw Ponte Preta, Rio de Janeiro: José Olympio. 1997.
Observe que, gradativamente, o estado de saúde de Seu Irineu ia se agravando e se intensificando. O escritor utilizou
um recurso expressivo denominado gradação.
A gradação consiste em uma série de palavras ou expressões em que o sentido vai se intensificando continuamente.
Aliteração
Leia o verso a seguir:
A gente almoça e se coça e se roça e só se vicia!
(Chico Buarque)
Uma leitura em voz alta denuncia um aspecto curioso desse verso: a sonoridade. A repetição de um mesmo som
9
TEXTO E CONTEXTO
consonantal, representado pelas letras ç, s e c, realça a musicalidade, constituindo uma figura denominada aliteração.
A aliteração consiste em repetir um mesmo som consonantal em uma série de palavras para criar um efeito expressivo
de sonoridade.
QUESTÃO 03
Identifique a figura de linguagem presente no trecho a seguir:
Com seu colar de coral,
Carolina,
Corre por entre as colunas
da colina.
(Cecília Meireles)
a) Gradação
b)Ironia
c) Aliteração
d)Eufemismo
e) Hipérbole
QUESTÃO 04
Assinale a opção que NÃO apresenta sentido figurado:
a) Dona Joelma puxou o tapete da amiga.
b)A perna do jogador ficou inchada depois da colisão.
c) Vou contar essas moedas pela centésima vez!
d)Eu comi como um boi faminto no almoço.
10
TEXTO E CONTEXTO
QUESTÃO 05
No texto abaixo ocorrem diversos recursos expressivos. Selecione a alternativa na qual dois desses recursos estejam
corretamente identificados.
Ele lá, ela acolá. É possível que dois pombinhos vivam em cidades distintas e continuem sendo namorados?
a) Hipérbole – Aliteração
b)Antítese – Metáfora
c) Metonímia – Onomatopeia
d)Metáfora – Hipérbole
e) Metonímia – Gradação
QUESTÃO 06
Imagine que você esteja dentro do elevador de seu prédio e vê um informativo no espelho:
Atenção! Proibido levar cachorros para a área de lazer, principalmente para fazerem suas
necessidades fisiológicas na grama.
Nesse texto ocorre a seguinte figura de linguagem:
a) Metáfora
b)Hipérbole
c) Antítese
d)Ironia
e) Eufemismo
11
TEXTO E CONTEXTO
QUESTÃO 07
Em qual dos exemplos abaixo ocorre onomatopeia?
a)“Minha vida é uma colcha de retalhos, todos da mesma cor.” (Mário Quintana)
b)“Muitos espectadores riram, como se estivessem assistindo a uma farsa.” (Rubem Braga)
c)“E quanto ia acontecendo, os cheiros se armavam em cima do cão [...]” (Paulo Mendes Campos)
d)“Ouço o tique-taque do relógio: apresso-me então.” (Clarice Lispector)
e)“Nos seus beijos de fogo há tanta vida...” (Castro Alves)
Já no 2º grupo, temos como principais figuras de linguagem:
Elipse
Leia a frase abaixo, deixada em um bilhete na porta de um apartamento:
Se chegar depois das duas, casa trancada.
Observe que algumas palavras foram omitidas, mas podem ser facilmente recuperadas pelo leitor. Com todas as palavras,
a frase poderia ficar assim:
Se [você] chegar depois das duas [horas], [a] casa [estará] trancada.
Com essas omissões, a frase no bilhete produziu uma figura denominada elipse.
A elipse consiste na omissão de um termo que o contexto permite ao leitor ou ouvinte identificar com certa facilidade.
Pleonasmo
Leia os seguintes versos:
12
TEXTO E CONTEXTO
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite
(Manuel Bandeira)
No primeiro verso, o poeta utiliza a palavra chuva para repetir a ideia já expressa anteriormente pelo verbo chover. Essa
figura de linguagem é denominada pleonasmo.
O pleonasmo consiste em intensificar o significado de um elemento do texto por meio de uma redundância, isto é, da
repetição de uma ideia já expressa por esse elemento.
Polissíndeto
Observe o texto abaixo:
Comeu e trabalhou e bebeu e dormiu e acordou para começar um novo dia.
Você deve ter observado a repetição da conjunção e que consegue dar certo ritmo de continuidade, de fluidez, sugerindo
o próprio cotidiano do sujeito. A essa repetição da conjunção chamamos de polissíndeto.
O polissíndeto consiste no emprego repetitivo da conjunção (as mais utilizadas para esses fins são e e nem) entre as
orações de um período ou entre os termos de uma mesma oração.
Anáfora
Leia os versos abaixo:
Ilha cheia de graça
Ilha cheia de pássaros
Ilha cheia de luz
(Cassiano Ricardo)
Com o intuito de dar maior destaque a palavra ilha, o poeta repete-a no início de cada verso. A esse recurso expressivo
denominamos anáfora.
A anáfora consiste na repetição de uma palavra ou expressão no início de uma série de orações ou versos.
13
TEXTO E CONTEXTO
Anacoluto
Imagine uma discussão entre dois amigos:
— Você não planeja nada, assim fica difícil viajarmos juntos.
— Essa sua mania, suas preocupações com planos me irritam!
Repare que, no último diálogo, o termo “Essa sua mania” ficou solto na frase, não exercendo nenhuma função sintática
(não é sujeito, nem objeto, nem mesmo adjunto adverbial etc.). A essa figura de linguagem denomina-se anacoluto.
O anacoluto ocorre quando a frase sofre uma desarticulação repentina em sua estrutura e, em consequência disso,
passa a apresentar um termo sem função sintática.
QUESTÃO 08
Leia o trecho abaixo:
Vão chegando as burguesinhas pobres,
E as criadas das burguesinhas ricas,
E mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.
(Manuel Bandeira)
Que figura de linguagem aparece nesses versos?
a) Anáfora
b)Polissíndeto
c) Pleonasmo
d)Hipérbole
e) Metonímia
14
TEXTO E CONTEXTO
QUESTÃO 09
Em qual das alternativas abaixo NÃO ocorre uma elipse?
a) Escorregou na pista sem querer.
b)Ela dormiu até às onze.
c) A tarde fosse mais tranquila, não teríamos tanta preocupação no trabalho.
d)A morena levou acessórios lindos para a festa de São João.
REFERÊNCIAS
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
ILARI, Rodolfo. Linguagem figurada: processos analógicos. In: _____________. Introdução à semântica – brincando
com a gramática. São Paulo: Contexto, 2006. 6. ed. pp. 108-113.
15
REFERÊNCIAS
Saiba Mais
• Observe as figuras de linguagem existentes nas campanhas
publicitárias analisadas no livro abaixo:
<http://books.google.com.br/books?id=-b-1rPUKV5kC&printsec=frontcover&hl=ptBR&authuser=0&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false>.
Acesso em: 27 jun. 2013.
GABARITO
Questão 1
Resposta: c) Hipérbole
Comentário: Com a palavra “turbilhão”, o escritor exagera a agitação das aves, intensificando o ato.
Questão 2
Resposta: a) pernas de louça
Comentário: Fica subentendida uma comparação entre a beleza suave da louça e das pernas da moça.
Questão 3
Resposta: c) Aliteração
16
GABARITO
Questão 4
Resposta: b) A perna do jogador ficou inchada depois da colisão.
Questão 5
Resposta: b) Antítese – Metáfora
Comentário: Antítese: lá, acolá. Metáfora: pombinhos.
Questão 6
Resposta: e) Eufemismo
Questão 7
Resposta: d) “Ouço o tique-taque do relógio: apresso-me então.” (Clarice Lispector)
Comentário: “Tique-taque” é uma onomatopeia que indica o som do relógio.
Questão 8
Resposta: b) Polissíndeto
Comentário: Há uma série de repetições da conjunção e.
Questão 9
Resposta: d) A morena levou acessórios lindos para a festa de São João.
17
Mais próxima, para
você ir mais longe.
unopar.br
Download

TEMA 4: Figuras de Linguagem AUTOR: Nayara Moreira Santos