Dúvidas dos leitores
Postado por Sergio Nogueira em 30 de dezembro de 2009 às 15:39
12. A dúvida é: O diretor chegou derrepente ou de repente?
A resposta é: O diretor chegou de repente. A forma “derrepente” simplesmente não
existe. “De repente” é uma expressão adverbial, significa “repentinamente, subitamente”,
e deve ser escrita com preposição “de” separada da palavra “repente”. Estranho mesmo é
o sentido que alguns dão: “De repente a solução poderá ser essa”. É como se dissesse
“talvez ou quem sabe a solução poderá ser essa”. “De repente”, em vez de indicar tempo,
passa a indicar “dúvida”. É no mínimo curioso, para não dizer errado. A verdade, porém, é
que “de repente” significa “repentinamente, subitamente”. Fora disso, é uma expressão
totalmente dispensável: “a solução poderá ser essa” e está acabado!!!
13. A dúvida é: O governo não atendeu às reinvindicações ou reivindicações dos
funcionários públicos?
A resposta é: O governo não atendeu às reivindicações dos funcionários públicos.
Pelo visto, além de melhoria salarial, precisamos reivindicar uma atenção muito maior
com o ensino da nossa língua. Às vezes, pecamos por excesso, e acrescentamos um “n”
a mais: “os mendingos estão reinvindicando mortandela”. Não esqueça: o que o mendigo
quer é mortadela. E o verbo correto é reivindicar. Pior mesmo são aqueles que para
“reinvindicar” fazem “paralizações”. Pelo amor de Deus, para fazer justas reivindicações, é
preciso fazer corretas paralisações.
14. A dúvida é: Compareceram à reunião deseseis ou dezesseis pessoas?
A resposta é: Compareceram à reunião dezesseis pessoas. Escrever números por
extenso é sempre uma preocupação. No caso de dezesseis, juntamos dez, que se
escreve com “z”, a conjunção aditiva “e”, mais o número seis, que se escreve com “s”: dez
e seis. Devemos dobrar o “s” para manter a pronúncia, pois a letra “s” isolada entre vogais
tem som de “z”, por isso o certo é dezesseis. O mesmo ocorre em dezessete (dez e sete)
e dezenove (dez e nove). Quanto ao dezoito, omitiu-se a conjunção “e”: dez+oito.
Chefe ordena para sua secretária: “Faça um cheque de R$600,00”. Ela pergunta: “Como
se escreve 600?”. Ele dá nova ordem: “Faça dois cheques de 300”. A secretária,
preocupada, faz nova pergunta: “E 300 se escreve com “s” ou com “z”? O chefe, nervoso,
grita: “Se não sabe escrever 300, faça quatro cheques de 150”. E a secretária, sempre
zelosa pelo bom português, faz uma definitiva pergunta: “Chefe, o trema já foi abolido?”
Vencido, só lhe resta uma saída: “D. Julieta, pelo amor de Deus, mande pagar em
dinheiro vivo…” Para não haver dúvidas, é bom lembrar: seiscentos é com “sc”; trezentos
se escreve com “z”; e o trema foi abolido, portanto o certo é cinquenta.
WORKNET – 12/03/2010
15. A dúvida é: Ele estava com dores toráxicas ou torácicas?
A resposta é: Ele estava com dores torácicas. Tórax se escreve com “x”, mas o
adjetivo é “torácico” com “c”. Fenômeno semelhante ocorre com as palavras terminadas
em “z”: feliz, voraz, feroz, veloz. Embora sejam escritas com a letra “z”, é interessante
observar que o som é de “s”. E para manter esse som de “s”, as palavras derivadas são
escritas com “c”: felicidade, voracidade, ferocidade, velocidade.
16. A dúvida é: Ele fez um esforço sobre humano ou sobre-humano?
A resposta é: Ele fez um esforço sobre-humano. Fazer um esforço “sobre humano” só
se fosse fazer esforço “em cima de um ser humano”. Como não era o caso, o hífen é
necessário. Aqui, o elemento sobre não é preposição, e sim prefixo, pois o autor se refere
a um esforço superior ao dos humanos. Com os prefixos ante, anti, arqui, sobre…,
segundo o Novo Acordo Ortográfico, devemos usar hífen sempre que a palavra seguinte
começar por “h” ou “vogal igual”: ante-histórico, anti-higiênico, anti-imperialista, antiinflamatório, arqui-inimigo, sobre-erguer…Assim sendo, o correto é sobre-humano.
17. A dúvida é: Havia no jardim lindos girassóis ou gira-sóis?
A resposta é: Havia no jardim lindos girassóis. Girassol e madressilva, por serem
palavras compostas, deveriam ser escritas com hífen, mas são exceções citadas no Novo
Acordo Ortográfico. Quando reunimos, sem hífen, dois elementos cujo primeiro termine
por vogal, se a segunda iniciar por “s”, devemos dobrar o “s”: foto+síntese=fotossíntese;
morfo+sintaxe=morfossintaxe; tele+sexo=telessexo; mini+saia=minissaia… Um cartão de
felicitações deve desejar um “feliz ano-novo”, com hífen. Um ano novo, sem hífen, é o
mesmo que um novo ano: “Espero que nossos desejos se realizem neste ano novo (ou
novo ano)”. Quando nos referimos ao próximo ano, ao ano estreante, à meia-noite de 31
de dezembro, à virada do ano, à festa de entrada, estamos falando de um ano-novo. E o
plural é anos-novos.
18. A dúvida é: É preciso que você aja ou haja com mais atenção?
A resposta é: É preciso que você aja com mais atenção. Não podemos confundir
“haja” do verbo haver com “aja” do verbo agir. A forma verbal “aja”, sem “h”, é do presente
do subjuntivo do verbo agir: que eu aja, que tu ajas, que ele aja, que nós ajamos, que vós
ajais, que eles ajam. E “haja”, com “h”, é presente do subjuntivo do verbo haver: “É
preciso que haja (=exista) mais atenção”. Um animal herbívoro (com “h”) come ervas (sem
“h”). Erva e as palavras derivadas em que aparece a letra “v” devem ser escritas sem “h”:
ervaçal (local onde há muita erva), ervagem (conjunto de ervas), ervatário (colhedor de
ervas). Devemos escrever com “h” as palavras derivadas em que aparece a letra “b”:
herbívoro (que come ervas), herbáceo (relativo a erva), herbiforme (que tem a forma de
erva), herbífero (que produz erva)…
WORKNET – 12/03/2010
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