64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 VARIAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL DA COMUNIDADE DE CIANOBACTÉRIAS NO RESERVATÓRIO DE VOLTA GRANDE 1* Ana Maria M. B. Lopes , Alessandra Giani 1 1 Departamento de Botânica, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). * [email protected] Introdução O reservatório de Volta Grande (S 20 ° 01 '76.8'', W 48 ° 19' 11.5'') está localizado entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, é utilizado para geração de energia elétrica e caracterizado pelo baixo grau de trofia e alta capacidade de diluição [1]. Tais características fazem com que as comunidades fitoplanctônicas presentes, sejam aquelas com menores exigências nutricionais, como as picocianobactérias, um grupo de cianobactérias constituído por gêneros de tamanho reduzido medindo entre 0,2 a 2µm de diâmetro [2], e de ocorrência ampla em ambientes com baixas concentrações de nutrientes, como oceanos abertos e lagos oligotróficos [3]. Portanto, o objetivo da presente pesquisa foi avaliar a dinâmica espacial e temporal da comunidade de picocianobactérias no reservatório de Volta Grande. Metodologia Foram monitorados cinco pontos ao longo do reservatório (Fig. 1), entre o período de janeiro a dezembro de 2011, com amostras obtidas por integração da zona eufòtica. As análises do fitoplâncton foram realizadas por contagem em microscópio invertido, após sedimentação em câmaras, para posterior cálculo do biovolume das células. A caracterização molecular destas amostras foi realizada por meio da amplificação de um fragmento do gene 16S rRNA, específico das cianobactérias, e posterior avaliação da diversidade por meio da Eletroforese em Gel de Gradiente Desnaturante (DGGE). As concentrações de nutrientes (amônio, nitrito, nitrato, fósforo total e solúvel) foram mensuradas por métodos colorimétricos. Oxigênio dissolvido, temperatura e condutividade foram medidas em campo, por meio de sonda mutliparâmetros. Resultados e Discussão Foi detectado maior biovolume de células dos gêneros Merismopedia, Aphanocapsa e Chroococcus durante todo o monitoramento nos cinco pontos de amostragem, desta forma não houve variação espacial muito evidente da presença desses gêneros. Uma variação sazonal foi, porém observada entre estação seca e chuvosa, sendo maior biomassa de picocianobactérias detectada nesta última. Outros gêneros como Snowella, Cyanodictyon, Aphanothece e Coelosphaerium também foram observados em grande parte do período de estudo. Os pontos de amostragem VG1 e VG2 tiveram composição similar da comunidade de picocianobactérias, os pontos VG4 e VG5 mostraram distribuição semelhante entre si, e o ponto VG3 apresentou-se diferente dos demais. Os resultados de ambas as técnicas, morfológica e molecular, forma complementares e apontaram para a predominância de picocianobactérias dentro da comunidade de cianobactérias, constituindo uma média de 85% do biovolume total. Figura 1. Pontos de amostragem no reservatório de Volta Grande e seus tributários afluentes; 1 (VG1), 2 (V2), 3 ( VG3), 4 (VG4) e 5 (VG5). Figura adaptada de [1]. Conclusões O grau de oligo-mesotrofia do reservatório de Volta Grande, mantido principalmente pela elevada capacidade de diluição do mesmo, foi o principal fator responsável pelo domínio do grupo das picocianobactérias, que embora presente em ambientes com diferentes taxas de nutrientes, torna-se predominante em ambientes com baixas concentrações de fósforo e nitrogênio. Agradecimentos À CEMIG pela concessão de bolsa a primeira autora, Cleber Chaves e Danilo Neves de assistência estatística, ao DESA/UFMG pela disponibilização do Sistema de Eletroforese Vertical (BIO-Rad/USA), à CEMIG, FAPEMIG. CAPES E CNPq por apoio financeiro. Referências Bibliográficas [1] Greco, M. K. B. 2002. Balanço de massa de fósforo, evolução da eutrofização e o crescimento de macrófitas flutuantes no reservatório de Volta Grande (MG/SP). Tese de Doutorado em Ecologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, [2] Sieburth, J.; Smetacek, V. & Lenz, J. 1978. Pelagic ecosystem structure: heterotrophic compartments of the plankton and their relationship to plankton size fractions. Limnology Oceanography 23(6): 1256-1263. [3] Kirchman, L.D. 2012. Microbial primary production and phototrophy. New York, Oxford. Pergamon Press.