ANAIS OS ESCRITÓRIOS DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA: ANALISANDO PROCESSOS, RECURSOS, ESTRUTURAS E PROCEDIMENTOS DAVID NUNES RESENDE ( [email protected] ) ESTGA, UNIDADE DE INVESTIGAÇÃO GOVCOPP, UNIVERSIDADE DE AVEIRO HENRIQUE MANUEL MORAIS DIZ ( [email protected] ) UNIDADE DE INVESTIGAÇÃO GOVCOPP Resumo: Este artigo apresenta uma ferramenta de análise quantitativa que Escritórios de Transferência de Tecnologia (Technology Transfer Offices - TTOs) poderão utilizar para aperfeiçoar suas estruturas e processos junto às suas instituições de I&D. Entre 2008 e 2010 foram realizados vários estudos em cenários transculturais que conduziram ao desenvolvimento de um quadro teórico chamado Plano Mestre para Transferência de Tecnologia (TT) - um esquema referencial que compila as melhores práticas observadas, num processo de codificação baseado na Teoria Fundamentada em Dados (Grounded Theory), contendo 271 regras de boas práticas referentes a 43 facilitadores de TT. palavras-chave: Transferência de Tecnologia, Relações Inovação Aberta, Valorização da Tecnologia, Facilitadores. Universidade-Empresas, Introdução Instituições de Investigação e Desenvolvimento (I&D) relacionadas ou não às universidades e outras que se preocupam com a Transferência de Tecnologia (TT) são os motores do aumento da competitividade industrial actual. Por isso é crucial saber quão bem essas instituições estão a implementar processos tão complexos como os de transferência do conhecimento e das tecnologias desenvolvidas para a envolvente empresarial. Como os TTOs são centrais nesses processos de transferência, é importantíssimo saber o nível de eficiência e eficácia destes no cumprimento da sua missão. No entanto, as várias estratégias e processos de transferência de tecnologia são difíceis de configurar, acompanhar e gerir. Por isso é difícil avaliar o desempenho de um TTO, e muitas vezes os indicadores que se usam - por exemplo, a contagem de patentes - pode ter pouco a ver com os objectivos de uma instituição. Para resolver este problema complexo, propomos um instrumento sistemático para analisar e diagnosticar gargalos nos processos de TT. Este artigo está organizado da seguinte forma: 1. Introdução, 2. Caracterização do problema; 3. A metodologia de colecta de dados e os limites da investigação; 4. Definir facilitadores, regras e o plano mestre; 5. Como a ferramenta BTP usa o plano mestre como referencial esquemático; 6. Os procedimentos para avaliar um TTO/instituição; 7. As conclusões e as notas finais e finalmente as referências. Caracterização do problema A qualidade de vida nos dias de hoje (e no futuro próximo) tem dependido dos avanços da ciência e da tecnologia (Novozhilov 1991), assim como o progresso económico e cultural será acelerado se os avanços científicos e as tecnologias associadas forem adoptadas por empresas e instituições através da transferência de tecnologia. A transferência de tecnologia é 1/16 ANAIS complexa: as inovações tecnológicas têm sido rápidas e ocorrem continuamente, deixando as empresas confusas sobre a melhor forma de inovar e trabalhar com as universidades/instituições de I&D (com organizações e velocidades diferentes), e estas não têm uma compreensão completa do que as empresas precisam e quando. há concordância a cerca da inovação manter e promover a competitividade das empresas, entretanto existem obstáculos reais para a adopção dessa inovação (Etzkowitz 2000). Os escritórios de transferência de tecnologia (TTOs) são parte integrante desses processos apesar da pouca atenção dos legisladores e dirigentes institucionais. Estes escritórios têm mostrado nos últimos anos o seu protagonismo em vários cenários no mundo e merecem muito mais atenção nas estratégias de gestão de tecnologia. Não existe uma forma padrão para verificar sistematicamente se a performance de um TTO na sua instituição é adequada, se pode melhorar ou onde se pode intervir para aumentar a sua eficiência e eficácia. Esta verificação é fulcral nos processos de melhoria. O conhecimento deste tipo de informação pode levar a uma aceleração dos processos de desenvolvimento daquelas Instituições, assim como, em relação aos governantes, instruir os programas de apoio e incentivos regionais e até nacionais na perspectiva de incentivar as iniciativas mais eficazes para as Instituições. No momento actual de redução de gastos públicos é importante determinar a melhor taxa de retorno para cada investimento realizado. Neste sentido, as questões de arranque do estudo foram: • O leque de variáveis que condicionam as relações de Transferência de Tecnologia é muito grande. Será possível analisar sistematicamente e reconhecer os processos, procedimentos e estruturas de uma instituição de I&D, quando esta transfere tecnologia para a envolvente? • Será possível caracterizar processos, procedimentos e estruturas como interface entre uma instituição de I&D e seus parceiros externos, de forma a identificar a implementação prática ideal? • Será possível apontar facilitadores de TT para um dado cenário, segundo uma colecção de regras para estes facilitadores de TT, que direccionem no sentido das boas práticas actuais? • Como analisar o posicionamento daquela Instituição e o seu TTO nos seus processos de Transferência de Tecnologia dado um cenário? Desta análise é possível apontar formas de maximizar a eficiência e a eficácia das relações entre a o tecido Empresarial envolvente? Podemos apontar processos e mecanismos críticos que estejam pouco implementados? Uma ferramenta que aponte facilitadores críticos em uma instituição de I&D e sugira intervenções específicas para melhorar o desempenho do seu TTO deve ser abrangente, no sentido de levar em consideração as melhores práticas actuais, sendo também por isso, construída sobre estudos prévios em torno dos TTOs em suas instituições. A nível global, existem diversos estudos que abordam as questões de relacionamentos em TT, hoje sob o paradigma da inovação aberta (Chesbrough et al 2006; Carvalho, 2009), impulsionado pela hélice tripla (Etzkowitz et al 2000; Fundación Cotec, 2003). No entanto, nem todos podem ser aplicados indiscriminadamente aos vários cenários e regiões devido às suas especificidades sociais, económicas e culturais. Um aprofundamento nestes estudos permite apontar, a par da adaptação de soluções já desenvolvidas, respostas de maior eficácia na busca da excelência nos ambientes em que as várias Instituições actuam. Nas sessões seguintes, mostramos o que identificamos em nossa última missão como medidas necessárias para melhorar as operações de transferência de tecnologia e a forma de monitorar tais medidas. 2/16 ANAIS A metodologia de colecta de dados e os limites da investigação O domínio científico desta investigação é a gestão da inovação e transferência da tecnologia e conhecimento. O tema central é o relacionamento entre empresas e os agentes de inovação que fazem da TT uma de suas actividades. O objectivo foi tentar caracterizar uma ferramenta de análise adequada ao estudo daqueles agentes, enquanto disseminadores de conhecimento e as formas de maximizar a sua actuação quando tenta atender as necessidades das empresas e valorizar a propriedade intelectual da instituição de I&D. Propomos um protótipo de uma ferramenta de análise (a ferramenta BTP – Best Transfer Practice)1 que, além de identificar o que chamamos de “facilitadores” críticos (no sentido de serem os mais importantes) para aquele cenário no que toca ao relacionamento com Empresas, também pode descrever um conceito de solução baseado na reengenharia de processos e procedimentos e introdução e utilização de novos conceitos para estruturas, processos e procedimentos para um TTO e a sua Instituição de I&D. Os objectivos específicos são: • Baseado na Teoria Fundamentada em Dados (Grounded Theory)2, encontrar/montar um quadro de gestão (o Plano Mestre para TT), pela codificação das melhores práticas actuais que promovem a interacção nas várias fases dos processos de TT ou nos processos transversais (pela observação das estruturas, processos e procedimentos de TTOs e suas instituições)(Resende, 2010); • Sugerir uma ferramenta que, utilizando os conhecimentos anteriores, possibilite a identificação de “bottlenecks” no processo e aponte um conceito de solução para a sua eliminação, apontando medidas para a melhoria de processos existentes, de forma a atender às necessidades das empresas, sem causar prejuízo à investigação e outras actividades da Instituição de I&D. Para isso identificamos um conjunto de regras de boas práticas que, agrupadas no que chamamos de facilitadores de TT, reflectiram o estado da arte na Gestão da Transferência de Tecnologia e ajudaram a caracterizar as Instituições de I&D e seus TTOs no que toca ao relacionamento com a envolvente Empresarial. A Teoria Fundamentada em Dados foi o alicerce para os procedimentos de codificação dos facilitadores e, como propriedades destes, as regras das melhores práticas actuais. A metodologia para colecta de dados consistiu em análises documentais, inquéritos e entrevistas nos Estados Unidos da América (EUA)3 e Portugal4 entre Dezembro de 2008 e Setembro de 2010, além de observação participativa na unidade de investigação IEETA5 e no instituto IC2 em Austin6 (tabela 1). Tabela 1 – Metodologias usadas na colecta de dados e desenvolvimento da ferramenta de análise quantitativa. Workpackage Methodology Set up a TT common management framework (the Master Plan) Document analysis DOD laboratories 29 universities in the US One university in Singapore One university in Australia Eight universities in Europe 22 TTOs in Portugal 29 TTOs in the US Interviews 24 respondents from 4 TTOs in Portugal Survey Participative observation IEETA research unit and IC2 institute The best practices to TT Validate the Master Plan, the facilitators and its rules (validate the set of best practices) DOD laboratories 29 universities in the US Eight universities in Europe 22 TTOs in Portugal 29 TTOs in the US 24 respondents from 4 TTOs in Portugal 18 respondents from University of Texas System 34 respondents from 29 TTOs in the US 24 respondents from 4 TTOs in Portugal Design the BTP tool IEETA research unit 24 respondents from 4 TTOs in Portugal 34 respondents from 29 TTOs in the US 24 respondents from 4 TTOs in Portugal IEETA research unit IC2 institute A investigação é limitada às práticas comuns nas instituições de I&D dos EUA e Europa (apesar de outras referências estarem presentes), com especial atenção ao Departamento de 3/16 ANAIS Defesa Norte Americano (DOD Laboratories), 29 universidades nos EUA, uma em Singapura, uma na Austrália e oito na Europa, 22 TTOs em Portugal e 29 nos EUA7. Consideramos uma análise transcultural. Os facilitadores e suas regras foram seleccionados num processo de codificação baseado na Teoria Fundamentada em Dados (Grounded Theory), onde os facilitadores representam as categorias e as regras são as suas propriedades. Uma proposta de ferramenta de análise quantitativa (definir facilitadores, regras e o plano mestre) Os facilitadores e suas regras O nosso estudo partiu do pressuposto que existem práticas e estruturas que facilitam a gestão (pelos TTOs) das interacções das instituições que promovem a transferência de tecnologia com a envolvente. A validação foi feita num processo de codificação segundo a metodologia da Teoria Fundamentada em Dados (Strauss and Corbin 1990; Glaser and Strauss 1967). Do estudo das melhores práticas actuais (Resende, 2010), foram agrupados (codificados) facilitadores com regras associadas (as propriedades dos facilitadores), observados nos processos e estruturas standards, de forma a criar um Plano Mestre para os TTOs (figura 1). O’Gorman et al. (2008), Owen-Smith and Powell (2001) e muitos outros estudos recentes confirmam vários processos e estruturas standards como facilitadores de TT. Grime and Fier (2010), como exemplo, confirmam a ideia de que processos internos informais são facilitadores de TT para uma instituição. A tripla hélice universidade-empresa-governo (Etzkowitz e tal. 2000) pode ser vista na figura 1 na barra de interface inferior do modelo, que mostra um portal de ligação com os parceiros, sugerindo entradas em qualquer ponto dos processos mostrando abertura à Inovação Aberta (Chesbrough e tal. 2006). Os grupos de facilitadores A partir da figura 1, criada com o intuito de juntar todos os pontos de interesse da nossa discussão em torno do que definimos como grupos de facilitadores e as suas regras de boas práticas actuais, mostramos o plano mestre, os principais actores dentro da instituição de I&D e, dentro da instituição, as seis etapas com os níveis de responsabilidades de cada grupo de actores nas etapas (quem são os maiores responsáveis por etapa).As 6 etapas do plano mestre para transferir tecnologia formam a base para o nosso estudo sobre os facilitadores de TT. As práticas nestas 6 etapas em conjunto com as práticas na de gestão dos TTOs na instituição como organismo permitem aumentar ou diminuir a eficiência e eficácia dos processos de TT. Por isso definimos “facilitadores” para cada uma das etapas e para o TTO/instituição. Chamamos estes facilitadores de “Grupos de Facilitadores” (GF’s). As regras associadas a cada facilitador são definidas em função da sua capacidade em melhorar as características do facilitador a que corresponde. A compilação do conjunto de regras e sua validação foram feitas em oitos estudos prévios. Este conjunto nasceu a partir da primeira análise documental das práticas correntes nas instituições de I&D com atitudes de transferir tecnologia como parte de sua missão (Resende et al. 2010; Resende 2010). 4/16 ANAIS Os grupos de facilitadores (GF) são: GF da Instituição, GF da Estratégia, GF da Vigilância, GF da Promoção, GF da Identificação de veículos, GF da Transferência e GF da Gestão da documentação e resultados. figura 1 – O Plano Mestre com suas etapas, do ponto de vista do TTO da instituição, com as interfaces e parceiros. Da nossa discussão sintetizamos informações importantes para chegarmos ao nosso objectivo – verificar a possibilidade de uma ferramenta de análise poder ajudar a identificar e melhorar os processos geridos por um TTO e suas estruturas numa instituição de I&D empreendedora. Na observação de um TTO inserido em sua instituição, nem todos os facilitadores listados no Plano Mestre são implementados obrigatoriamente. Ou seja, existem facilitadores que não são necessários, outros que nem se quer se aplicam a uma dada situação, enquanto outros são mesmo críticos para uma instituição (e podem não o ser para outras). Um exemplo esclarecedor é o mecanismo de TT “cursos de extensão/especialização” que pode não ser usado numa dada instituição de I&D, não sendo assim característico para esta, como facilitador relevante. Ao mesmo tempo, em um outro cenário, para uma outra instituição, este mecanismo de TT pode ser muito relevante, sendo o facilitador e suas regras importantes nos seus processos e estruturas. A estrutura da ferramenta (o plano mestre como esquema de referência da BTP) Podemos ver uma instituição de I&D e o seu TTO do ponto de vista da sua capacidade em transferir tecnologia (dos grupos de investigação internos) através da observação dos facilitadores e regras que implementa. Quantos mais facilitadores bem implementados tiver, mais preparada estará para transferir tecnologia. Um facilitador está bem implementado se suas regras estão bem implementadas. Conseguimos compilar para a nossa ferramenta 271 regras referentes a 43 facilitadores em sete grupos de facilitadores como a seguir: • Sete grupos de facilitadores o GF da instituição com 6 facilitadores e 36 regras; 5/16 ANAIS o GF da Estratégia com 6 facilitadores e 32 regras; o GF da Vigilância com 5 facilitadores e 34 regras; o GF da Promoção com 5 facilitadores e 28 regras; o GF da Identificação de veículos com 5 facilitadores e 35 regras; o GF da Transferência com 12 facilitadores e 80 regras e o GF da Gestão documental e de resultados com 4 facilitadores e 26 regras. Os parágrafos anteriores definem, finalmente, o que a nossa ferramenta propôs medir. Ou seja, a análise da instituição será feita sobre as medidas dos níveis de implementação dos facilitadores relevantes para aquela instituição, a partir das suas regras. É importante mencionar neste ponto que a proposta de ferramenta é sustentada em medidas subjectivas, feitas normalmente no contexto de várias entrevistas (não estruturadas) e análise documental. O mais importante é perceber o real entendimento dos principais actores internos engajados no subsistema da TT dentro da instituição. Para garantir a eficácia dos resultados de análise os pré-requisitos seguintes foram observados no processo de construção da BTP: • Como gera informação para a tomada de decisão, os resultados destinam-se à gestão de topo; • A unidade de missão (task force) que aplica a metodologia consiste maioritariamente de actores (protagonistas) internos, e devem pertencer aos processos de TT da instituição (apontados pela gestão de topo) e • Os entrevistados são escolhidos por essa equipa e deve reflectir a maioria das estruturas e processos de TT em todos os níveis (níveis operacional, táctico e estratégico). Facilitadores relevantes e Facilitadores críticos É importante definir facilitadores relevantes, para uma instituição num dado cenário, como aqueles ligados aos processos e estruturas mais relevantes segundo a análise dos objectivos estratégicos para TT daquela instituição. São os facilitadores mais importantes, para transferir tecnologia, na perspectiva do TTO e dos actores internos da instituição. O que não quer dizer que são os mais bem implementados. Da discussão anterior tiramos uma conclusão importante para o nosso trabalho: os facilitadores relevantes são os mais importantes para uma dada instituição, e quanto mais bem implementados estiverem, mais adequados estarão os processos ou estruturas correspondentes. Ao mesmo tempo vemos que ao identificarmos os facilitadores relevantes, estamos a caracterizar a instituição com o seu TTO e os seus pontos-chave para TT segundo o nosso plano mestre. A questão que se coloca é como identificar quais são os facilitadores relevantes? Outra questão é como identificar os facilitadores relevantes pouco implementados – os que chamaremos de facilitadores críticos? Cada uma destas fracas implementações está ligada a um ou mais “bottlenecks” nos processos, procedimentos ou estruturas da instituição/TTO. Princípios básicos A ferramenta proposta segue um plano sistemático de forma a ser realmente eficiente em qualquer cenário. Desta forma o processo de análise auxilia na identificação dos facilitadores relevantes – no sentido daqueles que são os mais importantes na prossecução dos procedimentos de TT para a instituição/TTO em causa, segundo os seus objectivos estratégicos. A instituição, ao propor um estudo com a ferramenta em questão, mostra com clareza que está disposta a mudanças no sentido de melhorar a performance em TT. Assim, 6/16 ANAIS em primeiro lugar devemos identificar quais são os objectivos estratégicos do TTO na sua instituição, pois é através do processamento desta informação que vamos descobrir os facilitadores (mais) relevantes. Com os objectivos estratégicos definidos, o próximo passo é a análise dos processos e estruturas actuais associados à TT, com o intuito de mapeá-los nos facilitadores do nosso plano mestre, de forma a sabermos quais são os relevantes na instituição (que podem não estar presentes ou estarem mal implementados). Passamos então à medida da relevância de cada facilitador do nosso plano mestre, dos observados na fase anterior e ligados aos objectivos estratégicos. Definimos então os facilitadores relevantes como o conjunto dos facilitadores encontrados na instituição cujas relevâncias para os objectivos estratégicos são altas. A partir deste ponto do processo de análise, o foco é dirigido apenas aos facilitadores mais relevantes. Avaliamos agora a estrutura, processos, procedimentos e ferramentas de TT, para determinar o nível de implementação dos facilitadores relevantes. Os facilitadores não relevantes não necessitam avaliação por não terem, ou terem pouca importância para os objectivos estratégicos da instituição. Identificamos os facilitadores críticos, os facilitadores relevantes mal implementados ou ausentes, medindo o nível de implementação das regras críticas como veremos posteriormente na figua 4. O próximo passo é o estudo das regras críticas. Observando as suas ligações aos processos, estruturas, procedimentos e ferramentas de TT, procuramos apontar bottlenecks responsáveis pelas suas fracas implementações. A identificação de um bottleneck significa que um facilitador muito importante para o alcance dos objectivos da instituição/TTO tem as suas regras pouco implementadas. Depois da identificação passamos a análise destes bottlenecks e das regras correspondentes, com tabelas e gráficos dinâmicos que permitam visualizar associações e interdependências entre os facilitadores críticos e também as influências que os aspectos da envolvente possam ter sobre os primeiros. Em outras palavras, tentaremos desvendar quais facilitadores críticos são influenciados por outros. Esta informação nos permite identificar se há algum facilitador crítico que, ao ser modificado (melhorado por uma solução a desenhar), influencie muitos dos outros facilitadores críticos existentes. Se houver, obviamente será este um dos primeiros a tornar-se alvo de análise para introdução de medidas de melhorias no bottleneck correspondente. A fase seguinte é o planeamento das soluções de melhoria dos pontos fracos mais importantes, identificados através dos bottlenecks, na forma de um plano de melhoria progressivo (em etapas), onde voltamos a olhar para os processos, estruturas e ferramentas de TT que a instituição usa de forma a identificar nestas os problemas e suas causas. Procedimentos de análise A ferramenta proposta possibilita identificar e propor soluções para os bottlenecks relacionados com a gestão, os processos e as estruturas de TT de um TTO e sua instituição de I&D. Esta tenta responder às seguintes questões essenciais: • Quais estruturas devem ser optimizadas com vista a atingir os objectivos estratégicos da instituição como promotora da TT? • Quais processos devem ser optimizados com vista a atingir os mesmos objectivos? • Por onde começar? Para responder a estas questões devemos então identificar e hierarquizar os facilitadores críticos que forem encontrados com o estudo posterior à fase das entrevistas e análise documental. Na fase seguinte, de remapeamento daqueles facilitadores críticos nos processos, estruturas e procedimentos do TTO, identificam-se os bottlenecks correspondentes, destacando os mais prioritários e aqueles cujas soluções sejam mais fáceis e sustentáveis. 7/16 ANAIS As soluções sugeridas devem incidir nos bottlenecks identificados de forma a aprimorar os processos e estruturas prioritários do TTO e sua instituição. As etapas Na figura 2 temos uma proposta para a sequência de etapas que julgamos adequadas à prossecução das actividades necessárias. A análise documental, apesar de não estar presente na figura 2, tem bastante importância como fonte de informação sobre a instituição. A conjugação desta informação com o conhecimento e informação implícitos das pessoas, que tentamos obter com as entrevistas, é a base para todos os procedimentos de análise desta ferramenta. figura 2 – Procedimentos da BTP. Definir actores chave A BTP, como já referimos, baseia-se nas entrevistas e pesquisa documental da instituição. Para termos uma visão panorâmica de todos os ângulos, devemos procurar o conhecimento e informação que precisamos com os actores da instituição, tanto os técnicos como os administrativos, em todos os níveis, desde operacional até estratégico. A informação a recolher a nível estratégico será, como é fácil perceber, de vital importância para definir os objectivos estratégicos para TT. A informação a recolher a nível operacional será importante para identificar os processos e estruturas e seus possíveis problemas. A identificação dos actores chave se faz considerando os funcionários mais relevantes, activos e que se constituam em “nós” da rede interna da instituição (continuamos a falar de TT). Actores representativos de áreas funcionais atravessadas pelos projectos de TT (horizontais), investigadores seniores participantes dos processos de TT do seu grupo local, conhecedores profundos das regras e procedimentos internos e outros actores apontados pelos próprios colegas/parceiros. Entrevistas 8/16 ANAIS As entrevistas de análise são cruciais para a compilação da informação necessária à identificação dos objectivos estratégicos e dos bottlenecks existentes na instituição. Os actores chave, nas entrevistas, fazem surgir os pontos de maior interesse na discussão das actividades de TT e ajudam a identificar claramente os problemas principais sentidos pelos próprios no dia-a-dia. A nível de gestão estratégica, os actores chave dão uma ideia clara dos objectivos estratégicos no que toca à TT e dos problemas que envolvem a adequação destes objectivos com relação à missão e estratégia global da instituição. As entrevistas vão criar o conhecimento necessário sobre a instituição e os processos e estruturas de TT necessários à identificação e mapeamento posterior dos facilitadores da TT. Enunciar objectivos estratégicos Os objectivos estratégicos para a TT podem não estar formalmente definidos. Apesar disso, devemos descobri-los e enuncia-los, pois estes são os pilares para a identificação dos facilitadores relevantes e, posteriormente, a selecção das medidas a serem adoptadas para eliminar ou atenuar os bottlenecks prioritários. Mapeamento dos facilitadores O mapeamento é definido como a forma de relacionar os facilitadores do plano mestre com os processos e estruturas identificados durante a fase das entrevistas e análise documental. Na realidade esta etapa é apenas uma pequena revisão dos facilitadores importantes para o TTO na instituição, independente se estes estão presentes/implementados ou não. Nesta fase é possível verificar facilitadores implementados na instituição que não estão alinhados com os objectivos estratégicos para TT. Não sendo importantes, são descartados das análises posteriores. Nesta fase, as informações do nível de implementação e relevância dos facilitadores não estão em causa e não são estudados. A saída desta etapa pode ser uma tabela com três campos onde teremos de um lado os 43 facilitadores do plano mestre, ao centro a informação se este está presente na instituição (sim ou não) e do outro lado o local ou processo onde foi identificado o facilitador. Por exemplo, o facilitador “Planos estratégicos locais” pode estar presente porque identificamos documentos dos vários grupos locais onde se definem estes planos. No exemplo anterior, apesar de estar presente, não significa que é relevante para os objectivos estratégicos da instituição no que toca a TT, nem que está bem implementado (suas regras segundo o plano mestre ainda não foram analisadas e não se sabe se estão bem implementadas). Identificar facilitadores relevantes A identificação dos facilitadores relevantes é feita após o término da análise documental e das entrevistas, quando já temos uma visão detalhada o suficiente para saber, dos processos e estruturas de TT identificados, dos facilitadores mapeados e dos objectivos estratégicos, que facilitadores identificados na instituição são importantes para alcançar as metas que os objectivos estratégicos preconizam. A BTP utiliza uma forma gráfica para mostrar as relevâncias dos facilitadores relativamente aos objectivos estratégicos definidos para o TTO na instituição, onde se usa a escala de Likert com apenas três níveis (1-para pouco relevante, 3-para relevante e 5-para muito relevante) para termos distâncias relativas maiores nos gráficos. A figura 3 mostra como se identificam graficamente os facilitadores relevantes, cujo grau de relevância para ser considerado nas próximas fases deve ser discutido com os actores chave da gestão estratégica. 9/16 ANAIS A referência ao grau de relevância para que um facilitador seja considerado “facilitador relevante” é importante por ser uma decisão estratégica. Para facilitar e simplificar o processo, sugerimos considerar inicialmente apenas os facilitadores com grau de relevância máximo (5 na nossa escala, que corresponde a 100% na figura 3), visto que a nossa proposta de ferramenta visa a focalização com soluções simples e rápidas, inseridas num plano de acções sequenciais que visa a correcção dos bottlenecks hierarquicamente mais importantes em primeiro. Identificar bottlenecks – Os facilitadores críticos Esta é a fase em que vamos analisar as regras correspondentes aos facilitadores identificados como relevantes. Neste ponto, os especialistas da unidade de missão, que aplicam a metodologia BTP, abrem a reunião de análise para estudar a instituição à luz do plano-mestre. É a fase de verificar, para cada facilitador presente e relevante para a instituição, as regras que são importantes, segundo os objectivos estratégicos, e os seus níveis de implementação. Em outras palavras, esta fase estuda e regista o grau de importância das suas regras e o grau de implementação destas. Por exemplo, para o facilitador “reacção rápida ao aparecimento de novas competências internas” vamos definir o grau de importância (ou relevância) de cada regra para o seu facilitador ser eficaz e montamos, como na figura 4, uma folha de cálculo que calcule o nível de implementação do facilitador em função dos níveis de implementação de suas regras como uma média ponderada pelas relevâncias das suas próprias regras. figura 3 – Relevância dos 43 facilitadores do plano mestre. Um exemplo. Assim, conforme se vê na figura 4, o grau de implementação do facilitador “reacção rápida ao aparecimento de novas competências internas” é de 1,5 na escala de Likert de 1 a 5 onde 1 significa pouco implementado e 5 significa muito implementado. O cálculo realizado foi: 10/16 ANAIS ∑ relev. × implement . = 3 × 1 + 3 × 1 + 3 × 3 + 3 × 1 = 1,5 . 3+3+3+3 ∑ relev. 1,5 × 100 = 30% , o que é pouco e caracteriza 5 este facilitador como crítico (um bottleneck foi encontrado). Este valor em percentagem é equivalente a Relevância do facilitador Nível de implementação do facilitador GF da Vigilância Regras do facilitador reacção rápida ao aparecimento de novas competências internas 5 1,5 3 1,0 • Disseminar as novas competências na instituição; 1,0 • Mapeamento das novas competências internas no mercado (aplicações);3 do 3,0 gabinete de apoio à T 3 • Investigadores locais estratégicos treinados para colaboração como informadores 1,0 acompanha a nov • Existe procedimento padrão para redação de relatório preliminar técnico 3e comercial que Nível de implementação das regras Relevância das regras figura 4 – Exemplo da folha de cálculo dos facilitadores com os níveis de relevância e de implementação das suas regras. Temos aqui uma questão pertinente. Qual deverá ser o limite de implementação mínimo a partir do qual um facilitador deva ser considerado crítico? No caso acima, se considerarmos o limite de 35% o facilitador é crítico, mas se considerarmos o limite de 25% o facilitador já não será considerado crítico (foi considerado implementado a 30%), fazendo com que este facilitador não seja mais considerado, daqui para a frente, no estudo dos facilitadores críticos. Sugerimos que, sendo este limite subjectivo, se utilize um valor inversamente proporcional ao nível de focagem que se queira dar ao estudo. Uma focagem maior implica mais facilitadores críticos descartados. Da folha de cálculo sugerida anteriormente podemos agora retirar os facilitadores relevantes com os seus graus de implementação conforme a figura 5 que já mostra a informação de uma forma particularmente vantajosa para que possamos tirar o conhecimento necessário às fases seguintes. área limite Bottlencks Implementação Relevância informação e conhecimento pré-empresas start-ups/spin-offs Consultoria licenciamento de propriedade intelectual/patentes investigação cooperativa pró-actividade presença na Net As publicações da instituição são veículos de promoção da TT informação acessível através de SI’s vigilância externa reacção rápida ao aparecimento de novas competências internas formação e informação em TT ferramentas TIC adequadas e integradas cumplicidade 0% 20% 40% 60% 80% 100% figura 5 - Gráfico dos facilitadores relevantes, seus níveis de implementação e os facilitadores críticos. 11/16 ANAIS Apontamos no gráfico os bottlenecks encontrados para o limite de implementação mínimo de 35%. Os sete facilitadores críticos apontados no exemplo da figura 5 passam a ser agora o centro das atenções. São estes facilitadores críticos, onde os bottlenecks foram encontrados, que são analisados entre si (interdependências) e em relação à envolvente na etapa seguinte. As regras mais críticas destes facilitadores críticos serão analisadas com maior atenção nas fases seguintes. São elas as responsáveis, em princípio, pelos bottlenecks. Dependências e interdependências dos facilitadores críticos A matriz da figura 6 tem por objectivo medir o grau de auto-correlação entre os próprios facilitadores críticos, e também a influência dos factores externos sobre os mesmos facilitadores. Esta etapa inicia-se com o preenchimento das linhas e colunas da matriz com os facilitadores críticos identificados na etapa anterior. O passo seguinte é o preenchimento do corpo da matriz com valores que reflectem as influências dos facilitadores das colunas nos outros facilitadores, agora nas linhas horizontais (títulos à esquerda). Depois os valores que reflectem as influências de factores externos naqueles facilitadores horizontais. Conforme podemos verificar na figura 6, para o exemplo anterior, os somatórios das influências são mostrados a direita e em baixo da matriz. O nosso intuito é utilizar esta informação para descobrir quais são os facilitadores (e factores externos) que mais influenciam outros e quais são os que mais são influenciados (mais dependentes – sensíveis). Com esse objectivo e após o preenchimento da matriz, fazemos duas operações de ordenamento da matriz. A primeira será ordenar a matriz na sequência dos totais das influências dados pela última linha da matriz. Ou seja ordenar a matriz pelos valores da última linha (grau de influência). Depois, ordenar a matriz na sequência do grau de dependência total dos facilitadores. Ou seja, ordenar a matriz pelos valores da última coluna. Com isso, apesar de ser a mesma matriz, temos uma visão mais adequada com a concentração dos facilitadores críticos que mais influenciam e os mais sensíveis no canto inferior direito. Agora, se quisermos ser muito precisos na escolha dos facilitadores a analisar numa próxima fase com vista a melhorias, usamos os facilitadores mais a direita e mais abaixo. Quanto mais abrangentes (ou generalistas se preferirmos a expressão) quisermos ser, maior deve ser a área do rectângulo que abrange os valores totais mais altos na matriz conforme a figura 6. Para um melhor esclarecimento vamos discutir o exemplo da figura 6, onde os facilitadores críticos que mais influenciam são a “presença na net” e a “reacção rápida a novas competências internas”. Neste exemplo verificamos que há alguns factores externos (ao subsistema de TT) que também devem ser considerados como problemas para reflexão. São eles a “cultura interna” e o “empreendedorismo e inovação da envolvente”. Pelo lado dos facilitadores mais “sensíveis” podemos notar no exemplo que os facilitadores “licenciamento”, “pré-empresas”, “informação e conhecimento” e “start-ups/spin-offs” são, em ordem decrescente, os mais influenciados. Com relação à focagem na análise, se diminuirmos o rectângulo da direita e em baixo, direccionamos a nossa atenção a um número menor de facilitadores e factores externos influenciadores. Nesse caso o facilitador que mais influência tem sobre os outros, a “presença na net”, e o factor “cultura interna” serão o foco da análise posterior em conjunto com os 2 facilitadores mais sensíveis. O próximo passo é, a partir da análise dos facilitadores mais críticos identificados na matriz anterior e do conhecimento dos constrangimentos externos mais importantes, mapear 12/16 ANAIS de volta os facilitadores, que julgamos mais importantes serem reavaliados, nos processos, estruturas e procedimentos de TT do TTO e da instituição. figura 6 - Matriz de correlações – influências e dependências entre facilitadores e factores externos (exemplo de preenchimento com valores). Facilitadores classificados. Relatório de análise e recomendações O relatório de análise e recomendações é o documento que apresenta os resultados da análise feita à instituição de I&D sobre seus processos, procedimentos e estruturas envolvidos na TT e geridos pelo TTO. Põe em evidência os facilitadores críticos e factores externos mais importantes mostrando os resultados da análise de forma gráfica – figura 5 e figura 6. Além disso, propõe recomendações, baseadas na reengenharia dos processos, nos procedimentos e melhorias nas infra-estruturas, que mais influenciam os facilitadores críticos mais importantes (focagem), sem esquecer que os factores externos de influência devem ser neutralizados – ou pelo menos atenuados. As recomendações de acções de resolução devem ser as economicamente mais relevantes segundo a razão custo/benefício. O material de análise, fonte de informação de que dispomos, é o resultado das entrevistas, visitas de estudo aos locais de maior interesse (observação), actas das reuniões (da reunião de remapeamento principalmente) e da documentação disponível na instituição. O documento deve explicitar os processos, procedimentos e estruturas de TT da instituição relacionados com as regras críticas mais importantes segundo os resultados da reunião de remapeamento. Conclusões e notas finais Nos dias que correm, já é sabido e bem documentado que a expansão económica regional e o bem-estar dos cidadãos dependem em parte das universidades como instituições geradoras de conhecimento. Regiões de grande crescimento são caracterizadas por forte actividade inovadora, com muitos destes processos liderados pelas universidades com a comercialização do seu conhecimento. Os escritórios de transferência de tecnologia (TTOs) têm um papel importantíssimo, se não crítico, nestas regiões. Por isso devem ser construídos com base num plano bem estruturado que inclui processos sistemáticos bem definidos com a utilização de todo o potencial disponível das estruturas da sua instituição. Desta forma é possível uma 13/16 ANAIS instituição, como uma universidade por exemplo, com o seu TTO, ajudar a enriquecer a sua envolvente regional e a sociedade. O Plano Mestre não tem a pretensão de ser um modelo. Nasceu da sua necessidade e importância para a ferramenta de análise BTP. A codificação dos dados (que induziu a colecção dos facilitadores) e suas propriedades (que reflectiam as regras dos facilitadores), com o uso da metodologia fundamentada em dados (Strauss and Corbin 1990; Glaser and Strauss 1967) estruturaram todo o plano mestre. O processo trouxe conhecimento relativo à forma de organizar aqueles facilitadores. Com este conhecimento foi possível criar a BTP, uma ferramenta de análise, que utiliza procedimentos sistemáticos para analisar uma instituição/TTO como disseminadora de conhecimento, baseada no mapeamento dos processos, estruturas e procedimentos do TTO em sua instituição na colecção das práticas actuais reflectidas nos facilitadores do plano mestre. Este método de análise consegue apontar “bottlenecks” nos processos (Resende 2010). O nosso estudo partiu do pressuposto que existiam práticas e estruturas que facilitavam a interacção das instituições e TTOs que promovem a transferência de tecnologia com a envolvente. Assim, construímos um Plano Mestre e, com base neste, reunimos um conjunto de facilitadores, cada um com as suas regras. Conseguimos compilar para a nossa ferramenta 271 regras referentes a 43 facilitadores em sete grupos de facilitadores (Resende at al. 2010). Quantos mais facilitadores bem implementados tiver, mais preparada estará a instituição e seu TTO para transferir tecnologia. Um facilitador está bem implementado se suas regras estão bem implementadas. A validação deste estudo foi feita na prática com a aplicação da ferramenta de análise numa versão anterior a actual, com a confirmação da colecção dos facilitadores e suas regras juntamente com a confirmação das melhores práticas actuais. Concluindo, a ferramenta proposta pretende ser uma forma padrão para verificar sistematicamente se a performance de uma Instituição, no que toca à Transferência de Tecnologia é adequada, se pode melhorar ou onde se pode intervir para aumentar a sua eficiência e eficácia. A utilização da BTP para análise preliminar com vista a melhorias nos procedimentos e estruturas utilizados para transferir tecnologia permite, em primeiro lugar, soluções focadas nos “bottlenecks” e nos processos e estruturas críticas mais importantes, possibilitando investimentos menores e/ou em etapas. Em segundo lugar a identificação dos problemas mais rapidamente através dos facilitadores mais críticos menos implementados. Em terceiro lugar um único estudo deixa as várias medidas de optimização necessárias de uma forma hierarquizada para serem implementadas em etapas. O uso apropriado num contexto de uma instituição cujo TTO apresenta performances fracas, expõe os “bottlenecks” mais importantes podendo apontar o redesign de processos, estruturas e procedimentos ou a especificação de novos. O redesign e a especificação de novos procedimentos de TT são baseados nas práticas de trabalho em equipa e sistemas de automação e gestão de processos (gestão documental e workflow. O maior interesse na BTP se faz sentir quando um TTO e sua instituição precisam entender seus “bottlenecks” internos e desejam mudança, introduzindo melhorias no sentido da eficiência e eficácia dos porcessos de TT. Referências Air Force Research Laboratory. 2001. Air Force Technology Transfer Handbook: Patent Licenses. http://www.afrl.af.mil (access in 2001). Air Force Research Laboratory. 2002. Air Force Technology Transfer Handbook. http://www.afrl.af.mil (access in 2002). APG Aberdeen Proving Ground. 2004. 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No nosso âmbito, o objective é transferir esta filosofia de sucesso no aprimoramento dos processos de TT geridos por TTOs. 2 A expressão "grounded theory" refere-se à teoria desenvolvida indutivamente a partir dos dados empíricos colectados (Strauss and Corbin 1990; Glaser and Strauss 1967). 3 City University of New York, Dartmouth College, Drexel University, Mississippi State University, Northern Illinois University, Purdue University, Rensselaer Polytechnic Institute, Rice University, Rutgers the State University of New Jersey, Texas A&M University, Texas Tech University System, University of Alabama in Huntsville, University of California at Riverside, University of Georgia, University of Maryland, University of Minnesota, University of Texas at Arlington, University of Texas at Austin, University of Texas at Brownsville, University of Texas at Dallas, University of Texas at El Paso, University of Texas at Pan American, University of Texas at Permian Basin, University of Texas at San Antonio, University of Texas at Tyler, University of Texas Health Science Center at San Antonio, University of Utah , Utah State University e Wayne State University. 4 Universidade de Aveiro, Universidade do Minho – TecMinho, Universidade do Porto, Universidade de Coimbra e Instituto Pedro Nunes. 5 IEETA (Institute of Electronics and Telematics Engineering of Aveiro) é um instituto de investigação da Universidade de Aveiro, Portugal. 6 IC2 Institute é um instituto de investigação interdisciplinar da Universidade do Texas em Austin (IC² = Innovation, Creativity & Capital). 7 nota 3; nota 4; Aberden Proving Group 2004; Artificial Intelligence Applications Institute 2009; Air Force Research Laboratory 2001; Air Force Research Laboratory 2002; FEUP 2004; Federal Laboratory Consortium for Technology Transfer 2004; Gibson and Rogers 1994; Godinho 2008; gupUNAVE & GAPI 2003; IAPMEI 2009; INPI 2009a; INPI 2009b; IPN 2009; ISIS 2009; UCL 2010; Monash 2010; NBIA 2010; NUS 2009; ONR 2004; RedOTRI and CRUE 2009; Oxford Innovation 1995; Oxford University 2009; Resende et al. 2010; Resende 2010; SINTEF 2009; Steinbeis 2009; TecMinho 2009; Kennispark 2010. 16/16