UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Educação Física Mariana Tagliarini HIDROGINÁSTICA NA TERCEIRA IDADE LINS - SP 2008 MARIANA TAGLIARINI HIDROGINÁSTICA NA TERCEIRA IDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Educação Física Sob a orientação da Prof. Esp. Kátia Maíra Câmara Moreira Paccola e orientação técnica da Prof. Esp. Jovira Maria Sarraceni. LINS - SP 2008 Tagliarini, Mariana Hidroginástica na terceira Idade / Mariana Tagliarini. – – Lins, 2008. 62p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Educação Física, 2008 Orientadores: Kátia Maíra Paccola; Jovira Maria Sarraceni. 1. Hidroginástica. 2. Terceira Idade. 3. Benefícios. I Título. CDU 796.4 MARIANA TAGLIARINI HIDROGINÁSTICA NA TERCEIRA IDADE Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Para obtenção do título de Bacharel/Licenciado em Educação Física. Aprovada em:_____/_____/_____ Banca Examinadora: Prof Orientadora: Kátia Maíra Câmara Moreira Paccola Titulação: Especialista em Exercício Físico e Reabilitação Assinatura: __________________________________ 1º Prof:________________________________________________________ Titulaçõa:______________________________________________________ ______________________________________________________________ Assinatura: ___________________________________ 2º Prof:________________________________________________________ Titulação:______________________________________________________ ______________________________________________________________ Assinatura: ____________________________________ DEDICATÓRIA PELO INCENTIVO, APOIO, COMPREENSÃO E CARINHO DEDICO MEU ESTUDO A MINHA MÃE LUCIA, A MINHA AVÓ CÉLIA E A MINHA TIA SUZI. AMO VOCÊS!!! MARIANA AGRADECIMENTOS AGRADEÇO EM PRIMEIRO LUGAR A DEUS, POR ME TORNAR CAPAZ DE REALIZAR MEUS OBJETIVOS. AGRADEÇO MUITO A MINHA ORIENTADORA KÁTIA POR SEMPRE ESTAR PRESENTE QUANDO PRECISEI. AGRADEÇO A PROFESSORA JOVIRA, AO PESSOAL DO XEROX E DA BIBLIOTECA QUE TIVERAM TODA PACIÊNCIA E ATENÇÃO DURANTE O ANO. OBRIGADO POR TUDO!!! MARIANA RESUMO O processo de envelhecimento ainda é pouco conhecido, mas o desgaste do organismo é inevitável deixando-nos cada vez mais vulneráveis a doenças. Conforme o organismo envelhece ocorre mudanças na estatura, no peso, na composição corporal, perda da massa mineral óssea, perda de massa isenta de gordura e redução da capacidade de regeneração do músculo esquelético. Ocorre também uma diminuição na produção dos hormônios estrógenos e andrógenos devido ao processo de envelhecimento além de modificações no sistema nervoso como redução do peso e volume cerebral, alterações fisiológicas no sistema cardiovascular e um maior risco de doenças crônicodegenerativas. A prática de atividades físicas é de extrema importância em todas as idades e será mais importante na velhice, onde há uma perda de aptidão física e consequentemente de saúde. A hidroginástica, tem sido cada vez mais procurada nas academias e nos clubes pelos idosos por ser uma atividade física segura e que diminui o risco de lesões e não causa os mesmos efeitos colaterais do que os exercícios no solo. O objetivo desta pesquisa foi verificar o efeito da prática regular de hidroginástica em mulheres idosas no período de 3 meses. A amostra foi composta por cinco mulheres a partir de 60 anos escolhidas aleatoriamente, praticantes de hidroginástica que responderam um questionário sobre os motivos pela procura da hidroginástica, a melhora do condicionamento físico, os benefícios adquiridos e o tempo que praticam esta atividade. De acordo com os relatos, houve um aumento no condicionamento aeróbio, flexibilidade, agilidade, força e resistência muscular, equilíbrio, alterações na composição corporal, redução do estresse, mas também uma melhora do convívio social e na auto-estima. Estes resultados mostram que a hidroginástica e seus benefícios morfológicos, orgânicos e psico-sociais proporcionados aos idosos melhoram a qualidade de vida e aumentam a longevidade. Palavras – chave: Terceira idade Hidroginástica Benefícios. ABSTRACT Aging is still a little known process, but the over-wearing and tearing of the organism is inevitable, leaving us more and more vulnerable to illnesses. As the body gets old, changes in the height, weight and in the body composition occur, there is a loss of the osseous mass, a loss of free fat mass and a reduction of the capacity of regeneration of the skeletal muscle. There is also a decrease in the production of the estrogen and the androgen hormones due to the aging process as well as changes in the nervous system, such as reduction of the weight and brain volume, physiological changes in the cardiovascular system and a greater risk of chronic degenerative illnesses. The regular practice of physical exercises is of extreme importance at all ages and will be even more significant in the old age, when there is a loss of physical fitness and consequently, a loss of health. The hydrogymnastic, which is a safe physical activity ,reduces the risk of injuries and doesn’t cause the same side effects that the exercises on the ground do, has been increasingly in demand in gyms and clubs by the elderly. The aim of the current study was to evaluate the effect of regular practice of hydrogymnastic on older women in the period of 3 months. The sample consisted of five women from the age of 60, randomly chosen, practicing hydrogymnastic, who had answered a questionnaire about the reasons for choosing such physical activity, the improvement of physical conditioning, the benefits gained and about the period that this activity has been practiced. According to reports, there was not only a significant increase in the aerobic conditioning, flexibility, agility, strength and muscular endurance, balance, changes in the body composition, reduction of stress, but also an improvement in the social interaction and in the self-esteem. These results show that hydrogymnastic and its morphological, organic and psycho-social benefits to the elderly, improve the quality of life and increase the longevity. Keywords: Old age Hydrogymnastic Benefits. LISTA DE SIGLAS ACM – associação cristã de moços ACSM – american college sport of medicine AVC – acidente vascular cerebral BPM – batimentos por minuto FC – frequência cardíaca GABA – ácido gama – aminobutírico Hg – mercúrio NO – óxido – nítrico PA – pressão arterial PGI2 – prostaciclina QI – quoeficiente de inteligência VO2 máx – volume máximo de oxigênio SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................. 12 CAPÍTULO I - PROCESSO DO ENVELHECIMENTO................................. 14 1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA TERCEIRA IDADE............................ 14 1.1 Aspectos fisiológicos do envelhecimento............................................... 15 1.1.2 Sistema Nervoso................................................................................. 17 1.1.3 Sistema circulatório............................................................................. 20 1.1.4 Características físicas......................................................................... 22 1.1.5 Aspectos psicológicos do envelhecimento......................................... 24 1.1.6 Aspectos sociais do envelhecimento.................................................. 24 CAPÍTULO II - O ENVELHECIMENTO E O EXERCÍCIO FÍSICO.............. 26 2 BENEFÍCIOS PARA A TERCEIRA IDADE.............................................. 26 2.1 Características do Exercício Físico........................................................ 28 2.1.1 Treinamento de força.......................................................................... 30 2.1.2 Treinamento aeróbio........................................................................... 32 2.1.3 Flexibilidade.........................................................................................34 2.1.4 Atividades lúdicas................................................................................35 CAPÍTULO III - HIDROGINÁSTICA NA TERCEIRA IDADE....................... 37 3 DEFINIÇÃO E HISTÓRICO....................................................................... 37 3.1 Características da Hidroginástica........................................................... 38 3.1.2 Benefícios............................................................................................ 42 CAPÍTULO IV - ESTUDO DE CASO............................................................ 44 4 INTRODUÇÃO........................................................................................... 44 4.1 Estudo de caso....................................................................................... 44 4.2 Considerações sobre o caso.................................................................. 45 4.3 Discussão............................................................................................... 46 4.4 Parecer final sobre o caso...................................................................... 46 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................ 48 CONCLUSÃO............................................................................................... 49 REFERÊNCIAS........................................................................................... 50 APÊNDICES .................................................................................................58 Introdução O envelhecimento da população é um fenômeno mundial. Segundo o CENSO realizado pelo IBGE em 2000, o Brasil possui cerca de 8,6% da população com 60 anos de idade ou mais estando em processo de envelhecimento e quebrando-se o paradigma de que o Brasil é um país de jovens (IBGE). O organismo do idoso é muito diferente do adulto jovem, psicologicamente é outra pessoa distante daquela que foi quando mais jovem. Organicamente o corpo envelhece, torna-se funcionalmente lento, ocorre redução na velocidade de reação, perda da memória a curto prazo, diminuição da quantidade de massa muscular, força e resistência. As alterações que o envelhecimento provoca no ser humano podem ser restringidas com a prática regular da atividade física garantindo o bem estar cotidiano da pessoa na terceira idade. De todos os grupos etários, os idosos são os mais beneficiados pela atividade física. A hidroginástica vem crescendo em número de adeptos principalmente desta faixa etária, já que o ambiente e seu caráter lúdico são o grande atrativo sendo cada vez mais indicada por médicos, amigos, parentes, etc. Segundo Bonachela (1994), a hidroginástica surgiu na Alemanha para atender um grupo de idosos que precisavam praticar atividade física segura sem causar riscos de lesões nas articulações e que lhes proporcionasse bem estar físico e mental. No Brasil a hidroginástica surgiu há cerca de 20 anos, teve um crescimento extraordinário e atualmente é bem diferente daquela praticada por seus pioneiros ficando mais dinâmica, ganhando espaço na mídia e abrindo um público heterogêneo sendo hoje um das atividades mais procuradas nas academias e clubes. Quando executada com eficiência e segurança de forma regular, ela melhora componentes do condicionamento físico como: condicionamento aeróbio, força muscular, flexibilidade e composição corporal. Segundo Sova (1994), melhora os componentes secundários como a velocidade, potência, reflexo, coordenação e equilíbrio e para Bonachela (1994), os principais benefícios da hidroginástica são: melhoria do sistema cardiorrespiratório, aumento da amplitude articular, aumento da resistência muscular, ativação da circulação sanguínea, melhoria da postura, alívio das dores, diminuição do impacto nas articulações, bem estar físico e mental. O trabalho está dividido assim: Capítulo I – descreve o processo de envelhecimento do organismo incluindo características físicas, sistema nervoso e circulatório, aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais do envelhecimento. Capitu II – descreve o envelhecimento e o exercício físico como treinamento aeróbio, treinamento de força e flexibilidade além das características do exercício e atividades lúdicas na terceira idade. Capítulo III – descreve um breve histórico sobre a hidroginástica, onde surgiu e quando chegou ao Brasil, as características desta atividade e seus benefícios. Esta pesquisa foi realizada em uma academia da cidade de Pirajuí onde foram escolhidas 5 mulheres aleatoriamente para serem observadas e entrevistadas com o objetivo de identificar se existem mudanças e transformações com a prática regular de hidroginástica. Portanto a pesquisa foi norteada com a seguinte pergunta: A hidroginástica realmente traz benefícios e qualidade de vida na terceira idade? CAPÍTULO I O PROCESSO DO ENVELHECIMENTO 1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA TERCEIRA IDADE O corpo humano, como o de animais, sofre de diversas maneiras a chegada do envelhecimento. Os tecidos perdem flexibilidade e capacidade de recuperação, e, os órgãos e sistemas diminuem a velocidade e a qualidade de suas funções. Há também uma diminuição da coordenação motora grossa e fina. Segundo Meireles (1999), o processo de envelhecimento começa desde a concepção, então a velhice, é um processo dinâmico e progressivo em que há modificações tanto morfológicas como funcionais, bioquímicas, e psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação ao meio ambiente, ocasionando uma maior incidência de processos patológicos. A terceira idade é uma etapa da vida que pode ser tão sã quanto às outras, segundo Moragás, (1997). O desenvolvimento humano começa com o nascimento e não para até a morte, variando os tipos de manifestações e reações individuais e sociais. As aptidões cognitivas como memória, capacidade de aprendizagem, raciocínio rápido e capacidade para solucionar problemas vão diminuindo com o tempo. O processo de envelhecimento é pouco conhecido, porém o desgaste do organismo com a chegada da terceira idade é inevitável, deixando o corpo mais suscetível a doenças. Com tudo, atualmente o número de pessoas com idade acima de 70 anos é muito maior, levando vidas ativas e independentes (LEITE, 1996). Etchepare et al., (2003), afirmam que os avanços das ciências e das condições médico-sanitárias têm aumentado cada vez mais a expectativa de vida das pessoas e a tendência no país é que cada vez mais cresça o número de idosos. 1.1 Aspectos fisiológicos do envelhecimento O processo do envelhecimento caracteriza-se por um declínio gradativo das funções de todos os sistemas do corpo, cardiovascular, respiratório, geniturinário, endócrino e imunológico, entre outros (BONACHELA, 1994). O envelhecimento, processo inexorável aos seres humanos, conduz a uma perda progressiva das capacidades físicas, aumentando o risco do sedentarismo. Essas alterações põem em risco a qualidade de vida do idoso, por limitar a sua capacidade de realizar com vigor as atividades do cotidiano (ALVES, et al., 2004). Segundo Campos e Popov (1998), na fase de envelhecimento do organismo, os órgãos da respiração conservam durante longo período de tempo, possibilidades suficientes de adaptação para satisfazer os elevados requisitos do mesmo durante a atividade muscular. Todavia, o tecido pulmonar perde a elasticidade e diminui sua ventilação, mudanças freqüentemente acompanhadas pelo aparecimento de enfisemas, o que reduz a capacidade vital dos pulmões. Com o passar dos anos, o metabolismo básico diminui. Também diminui a quantidade geral de proteínas no organismo, aumento no colesterol ativando sua acumulação nas paredes dos vasos e cartilagens intercostais e intervertebrais. Conforme avança o envelhecimento, os ossos se tornam mais frágeis, surgem alterações nas articulações e diminui a amplitude dos movimentos (CAMPOS e POPOV, 1998). Há também variações na coluna vertebral, originando encurvamento e conduzem ao desenvolvimento de costas redondas. Em relação às mulheres, a diminuição do hormônio estrogênio após a menopausa ocorre uma redução na densidade dos ossos. O osso libera mais cálcio do que recebe, evidenciando a osteoporose, sendo que mulheres sedentárias correm um risco maior de terem problemas relacionados com a osteoporose (CAMPOS e POPOV, 1998). “Quando o regime motor é ativo, são paralisados os processos de envelhecimento do tecido ósseo” (CAMPOS e POPOV, 1998, p.45). O aparelho osteoarticular de pessoas fisicamente ativas envelhece cerca de dez a quinze anos mais tarde em relação às pessoas totalmente sedentárias. O envelhecimento do sistema neuro-muscular começa antes dos demais. A partir dos trinta anos, a força muscular se torna menor, na velhice pode diminuir em cerca de 35 a 40% , segundo Campo e Popov, 1998. As variações do sistema nervoso central e dos órgãos vegetativos são acompanhadas de mudanças que ocorrem no aparelho locomotor. Com a idade, há uma redução na capacidade de executar movimentos que necessitam de força, coordenação e velocidade. Em indivíduos com mais de 60 anos de idade, são encontrados mecanismos específicos de adaptação às cargas físicas, comparando com os jovens, nessas se apresentam de forma mais lenta o período de adaptação à atividade tornando mais prolongado o de recuperação, depois da carga física. Mais alguns geriatras e gerentólogos, não concluíram um consenso sobre a definição do envelhecimento. Alguns autores assumem suas próprias definições que variam do simples fato de ser o acúmulo de diversas alterações que aumentam o risco de morte (HARMAN, 1998) ou como uma série de processos que ocorrem nos organismos vivos e que com o passar do tempo leva à perda da adaptabilidade, alteração funcional e eventualmente à morte (SPIRDUSO, 1995). Muitas teorias têm sido descritas por alguns pesquisadores, mas nenhuma delas consegue explicar as inúmeras alterações que ocorrem durante o processo de envelhecimento. As teorias citadas com mais freqüência por Matsudo (2000) são: a) Teoria da glicosilação: o açúcar se junta às proteínas e outras moléculas que formam produtos de glicosilação que causam disfunção nas células. b) Teoria do reparo do DNA: considera a alteração na taxa e habilidade de reparar o DNA. c) Teoria da antitoxina: a habilidade para eliminar toxinas diminui com a idade. d) Teoria da genética: conhecida como “o limite de Hayflick”, que estabelece que a célula se divide e reproduz somente um limitado número de vezes que é determinado geneticamente. e) Teorias de Dano: baseadas no conceito que reações químicas que ocorrem naturalmente no corpo produzem um número de defeitos irreversíveis nas moléculas. Os tipos de agentes que levariam a lesão das células e perda da função são basicamente: físicos (calor, raios UV), químicos (toxinas, radicais livres), infecciosos (vírus mutagénicos) e mecânicos (trauma). f) Teoria do desequilíbrio gradual: estabelece que o cérebro, as glândulas endócrinas ou sistema imune começam gradualmente a falhar na sua função. g) Teoria da mutação somática: postula que o envelhecimento resulta do acúmulo de mutações nas células somáticas e, portanto na falha das mesmas para proliferar ou funcionar adequadamente (MORLEY, 1998). h) Teoria do dano cromossômico: pode ser medida pela freqüência de translocações, fragmentos acêntricos, encurtamento do telômero, perda de cromossomas e formação de micronúcleos que aumentam progressivamente com a idade (FENECH 1998). Outros fatores do envelhecimento além dos citados são o “turnover” de proteínas, a ação de enzimas destoxificantes, o controle epigenético, a apoptoses, os mecanismos homeostáticos e o depósito de gordura. A ação destes e outros mecanismos no organismo aparecem junto com doenças que surgem nas últimas décadas da vida. De acordo com HOLLIDAY(1998), o organismo envelhece porque evolui de organismos que também envelhecem e porque sua estrutura corporal é imcompatível com a sobrevivência contínua. 1.2 Sistema nervoso Segundo Alves et al.,(2005), o envelhecimento promove uma série de alterações anatômicas e químicas no encéfalo e medula. Algumas alterações anatômicas têm sido observadas macroscópica e microscopicamente. Estas modificações ainda que aceitas, não permitem precisar se são decorrentes exclusivamente do processo de involução senil. Segundo Alves et al.,(2005), estudos da Universidade Federal de Santa Catarina de Medicina, demonstraram que há uma grande variação de peso no cérebro de pessoas com idade entre 70 e 89 anos, considerados normais do ponto de vista comportamental e psicológico. A relação permanece constante em 0.92 até a idade de 55 anos e logo decresce progressivamente até 0.82 por volta de 90 anos. Também, o volume da substância cinzenta com o volume de substância branca apresenta, em jovens, a proporção de 1,28 e idosos aos 60 anos apresentavam proporção de 1,33. No entanto, por volta dos 100 anos esta proporção atingiria cerca de 1,55. Desta forma, acredita-se que ocorre uma diminuição no volume do cérebro de cerca de 2% a cada dez anos depois dos cinqüenta anos e que o peso do cérebro decai cerca de 15% do volume máximo alcançado por volta dos oitenta anos. Portanto, nos primeiros 50 anos perdemos mais substância cinzenta que branca e na segunda metade da vida esta relação se inverte. Alves et al., 2005, também afirmam que as análises histológicas demonstram que, durante o processo de envelhecimento, pode estar ocorrendo diversas alterações, as mais importantes são a diminuição de células, alterações dendríticas, placas senis, degeneração neurofibrilar, degeneração grânulo-vacuolar e acúmulo de lipofucsina. Para Borge, Hernádez e Egea (1999), as mudanças morfológicas causadas pelo sistema nervoso, as alterações em dendritos e sinapses tornam-se relevantes em virtude de sua importância no processo de formação e manutenção da memória e na chegada de informação aos neurônios. Alterações dendríticas podem refletir em uma diminuição da densidade sináptica, processo acompanhado da degeneração dos axônios mielínicos (BENHARDI M., 2005). Benhardi (2005), também afirma que por conseqüência destas modificações mielínicas ocorre uma redução na conectividade cortical, ou seja, ao invés da perda de neurônios, estaria relacionada a déficits cognitivos. Os neurônios do encéfalo não são uniformemente sensíveis à morte neuronal durante o envelhecimento. Uma perda neuronal acentuada já foi observada por diversos pesquisadores, no entanto, outros demonstraram que, na verdade, não há uma perda neuronal, e sim uma diminuição de tamanho dos neurônios. Em contraste, na substância negra e no locus ceruleus foi demonstrado que estes núcleos sofrem uma importante perda neuronal, principalmente nos primeiros 50 anos de vida. A plasticidade neural é outra propriedade que o cérebro tem para amenizar os sinais do envelhecimento (FERRARI, 2001). A plasticidade age de forma a contrabalançar a degeneração neural (SCHALLERT e WOODLEE, 2003), Hayflick (1997), afirma que a plasticidade permite ao neurônio criar novas conexões, desenvolver-se e criar novas sinapses, restaurando ou compensando circuitos reduzidos ou rompidos (CANÇADO e HORTA, 2002). Em relação às alterações motoras, nota-se que alterações nas unidades motoras apresentam maior relevância ao se analisar o movimento humano. Lexell (1997), aponta que o avanço da idade afeta as unidades motoras, principalmente o moto-neurônio inferior, e que este processo decorrente da degeneração do sistema nervoso, é uma das principais causas da diminuição de massa e força muscular. O envelhecimento conduz a alterações na estrutura química cerebral (ALVES et al., 2005). Por volta dos 80 anos existe uma perda acentuada na quantidade de proteínas cerebrais e um aumento do DNA total, provavelmente decorrentes das reações gliais (ALVES et al. 2005). Mas uma das principais causas da deterioração cognitiva com o passar dos anos é o declínio significativo dos neurotransmissores (CARDOSO, 2007). Como a síntese de proteínas é afetada com o passar do tempo e a ação dos neurotransmissores se dá através de enzimas e receptores de membranas (proteínas), as alterações nos neurotransmissores podem decorrer através de mudanças funcionais ou serem resultados da atrofia e morte neuronal (MORA e PORRAS, 1998). Ocorre uma diminuição nos níveis de acetilcolina, dopamina e serotonina, ácido gama-aminobutírico (GABA) e das endorfinas e nos receptores colinérgicos. Essa redução de neurotransmissores afeta várias regiões do encéfalo, principalmente no tronco encefálico e em regiões onde terminam os axônios. 1.3 Sistema circulatório Para Alves et al. 2005, o sistema circulatório é formado pelo coração e vasos sanguíneos, cuja função é dirigir o sangue até os tecidos para a distribuição de gases, nutrientes e recolher os resíduos celulares para excreção. O coração bombeia sangue para o corpo todo e é formado por quatro câmaras, ligadas aos principais vasos sanguíneos, que são os átrios e os ventrículos (direito e esquerdo). Sua parede é formada por três camadas: a) endocárdio: camada mais interna do coração, onde situam-se o nó sinoatrial (marca passo), nó átrio-ventricular e feixe átrio-ventricular, controlados pelo nervo vago. b) miocárdio: formado por tecido conjuntivo e músculo cardíaco. É vascularizado. c) epicárdio: é a camada mais externa. Com o passar dos anos, o endocárdio torna-se mais espesso e o colágeno no miocárdio torna-se endurecido (esclerose). No epicárdio, o tecido conjuntivo se expande devido à deposição de tecido adiposo. No nó sinoatrial, feixe átrio-ventricular e em suas ramificações ocorre um aumento de tecido conjuntivo e adiposo e perda das fibras funcionais. “O esqueleto cardíaco, envolve e sustenta as quatro valvas cardíacas (mitral, tricúspide, aórtica e pulmonar)” (ALVES et al., 2005, p.31). Este separa o nível atrial do nível ventricular. Serve de local para inserção do músculo cardíaco e mantém abertos os orifícios átrioventriculares e principais pontos do fluxo arterial. “No esqueleto cardíaco envelhecido, são encontrados focos de calcificação, deposições geralmente encontradas no ventrículo esquerdo, que sofrem maior pressão” (ALVES et al., 2005, p.31). Alves et al.,2005, também observam os processos esclerosantes na superfície das válvulas átrio-ventriculares que macroscopicamente, impressionam pelo espessamento e microscopicamente, consistem de colágenos e fibras elásticas. Notam-se engrossamentos nodulares nas suas bordas de oclusão. Também ocorre uma deposição lipídica nas válvulas das valvas mitral e aórtica. Os vasos sanguíneos pertencem a uma rede de canais que compõem o sistema circulatório e compreendem as artérias, capilares e veias. No envelhecimento, observa-se um alongamento e tortuosidade das artérias devido à perda de fibras elásticas, além de as artérias ficarem mais espessas e mais rígidas. Há também um aumento no conteúdo de lipídeos, o colesterol, e ocorre um aumento no calibre das artérias com o propósito de compensar a rigidez. Além disso, por volta dos 50 anos, o processo aterosclerótico começa a se tornar nítido. O processo de aterosclerose inicia quando os monócitos migram da corrente sanguínea para a parede da artéria, diferenciando-se em células que fagocitam e acumulam gordura (macrófago) (ALVES et al., 2005). As artérias afetadas por aterosclerose perdem elasticidade e à medida que os ateromas crescem, tornam-se mais estreitas. Com o passar do tempo, os ateromas podem se tornar frágeis e romper. O contato do ateroma com o sangue permite a liberação do fator tecidual, resultando na coagulação e formação de trombo (coágulo) que se for muito grande impede a passagem do sangue, causando morte do tecido irrigado pela artéria acometida, devido à isquemia (ALVES et al., 2005). Nas veias ocorrem dilatações, principalmente nos membros inferiores, além de suas válvulas poderem perder sua funcionalidade total ou parcial. Nos capilares nota-se redução em quantidade e alterações na parede. (ALVES et al., 2005). Observa-se também uma queda na produção de óxido-nítrico (NO) e prostaciclina (PGI2), vasodilatadores, e maior resposta à endotelina, vasoconstritor, que se traduz em vasoconstrição (ALVES et al.,2005). Existem alterações fisiológicas que acometem a capacidade do sistema circulatório de responder a grandes exigências. Como o sistema nervoso simpático está hipoativo, no organismo envelhecido ocorre uma diminuição na força contrátil do músculo cardíaco. Consequentemente há uma diminuição no débito cardíaco, que também é devido a um declínio na produção de adenosina nos tecidos (ALVES et al.,2005). Observa-se também uma alteração da influência dos nervos autonômicos sobre o coração que reduz a resposta a reflexos com ponto de partida dos baroceptores (controladores da pressão) e como consequência, há uma maior tendência a crises de hipotensão ortostática. Essas alterações podem causar muitas vezes tonturas e quedas no indivíduo (ALVES et al., 2005). 1.4 Características físicas Com o processo de envelhecimento, ocorrem mudanças principalmente na estatura, no peso e na composição corporal. A diminuição da estatura com o passar dos anos existe por causa da compressão vertebral, o estreitamento dos discos intervertebrais e a cifose, e este processo parece ser mais rápido nas mulheres do que nos homens, em função da diminuição do estrogênio após a menopausa evidenciando a osteoporose (MATSUDO, 2000). Outra mudança no organismo durante o envelhecimento é o aumento de peso corporal, que normalmente começa em torno dos 45 anos, estabilizando-se aos 70, e declinando até os 80. Essas alterações na estatura e no peso corporal resultam na alteração do índice de massa corpórea (IMC) (MATSUDO, 2000). Ocorre também uma perda na massa mineral óssea, conseqüência do envelhecimento, mas essa perda não está relacionada só com o processo de envelhecimento, mas também com a genética, ao estado hormonal, nutricional e ao nível de atividade física do indivíduo. Entre 25 e 65 anos há uma diminuição de massa magra ou isenta de gordura, devido à perda de massa óssea, no músculo esquelético e água corporal total, como conseqüência do envelhecimento. Uma das formas de analisar a perda de massa isenta de gordura seria a excreção de potássio, pois existem concentrações desse elemento químico no tecido muscular. (MATSUDO, 2000). Existem também alterações na água corporal total e intracelular com o envelhecimento. A perda da musculatura esquelética e força são conhecidas como “sarcopenia” (BAUMGARTNER et al., 1998). Alguns mecanismos que levam a sarcopenia além da perda de músculo esquelético e força são alterações no sistema nervoso central, alterações intrínsecas na cortatilidade muscular e a biologia da célula muscular assim com fatores humorais e estilo de vida (ROUBENOFF 2001). A diminuição do hormônio do crescimento, aumento de gordura corporal, inatividade física, perda de unidades motoras alfa, alteração da atividade da unidade motora, diminuição de estrógenos e andrógenos e diminuição de ingestão de proteína são alguns desses mecanismos que levam a sarcopenia durante o processo de envelhecimento. (MATSUDO, 2000). Matsudo também afirma que a capacidade de regeneração do músculo esquelético também é afetada durante o processo de envelhecimento devido a alguns fatores que se alteram no decorrer da idade. Durante o envelhecimento também ocorre uma perda de força muscular e aumento da fadiga muscular por causa do avanço da idade. 1.5 Aspectos psicológicos do envelhecimento As mudanças decorrentes do envelhecimento fazem da terceira idade um período de grande necessidade de ajustamento emocional. Segundo Curiati e Alencar, (2000), a forma como cada indivíduo se adapta a modificações físicas, intelectuais e sociais, determinará um envelhecimento saudável ou repleto de dificuldades. A diminuição de algumas capacidades funcionais como audição, visão, força e flexibilidade, no físico; no mental, alteração da memória, criatividade, atenção e iniciativa; ale das alterações na sexualidade e sociabilidade, fazem com que a sensação de perda esteja relacionada ao idoso. Dentre as alterações intelectuais mais comuns do envelhecimento estão a diminuição da cognição e memória (GEORGE, 1999). Fatores estressantes como aposentadoria, que representa o fim da idade produtiva, a morte de amigos, familiares, cônjuge, falta de perspectiva de futuro e a solidão podem acompanhar as perdas da idade e desencadear manifestações psíquicas de depressão. Mazo et al. (2005), também afirmam que ampliar redes sociais e ser casado são fatores psicoemocional, melhorando a capacidade do idoso para enfrentar as alterações decorrentes do envelhecimento. A atividade física contribui para a formação de redes sociais além dos benefícios fisiológicos e corporais. Os índices de depressão são menores em idosos praticantes de atividade física (MONTEIRO, 2001). Pesquisas confirmam melhora no aspecto emocional, como aumento da auto-estima, humor, sensação de bem-estar, diminuição da ansiedade e da tensão.(STOPPE; LOUZÃ, 1999; FUKUKAWA et al., 2004). 1.6 ASPECTOS SOCIAIS DO ENVELHECIMENTO O Brasil passa por um processo de envelhecimento populacional rápido. Mas o maior problema da velhice é que os idosos são discriminados e tidos como improdutivos relegados ao esquecimento pela sociedade, ocorrendo a diminuição da sociabilidade e isolamento social. Pires et al. (2002), consideram que a velhice sempre é vista como um período de decadência física ou mental. É um conceito equivocado, pois a maioria dos cidadãos que chegam a 65 anos, são completamente independentes e produtivos. Acredita-se que exista decadência sim, mas da sociedade que perde não dando valor ou criando espaços adequados para idosos, sendo que a população cresce a cada dia e com ela as dificuldades e necessidades de encontrar soluções eficientes, com o objetivo de tornar digna a vida dos idosos. CAPÍTULO II O ENVELHECIMENTO E O EXERCÍCIO FÍSICO 2 BENEFÍCIOS PARA A TERCEIRA IDADE Atualmente, o processo de envelhecimento é caracterizado como perda progressiva das funções em todos os aspectos do ser humano. A prática de exercícios físicos pode tornar essas perdas mais lentas obtendo grandes resultados, além de combater o sedentarismo e contribuir significativamente para a manutenção da aptidão física do idoso (ALVES et al., 2004). Segundo Cleto (2002), existem várias maneiras de envelhecer, sendo que pode haver um envelhecimento equilibrado onde o indivíduo envelhece com qualidade de vida, ou acontecer de forma desastrosa onde o prazer de viver é perdido no decorrer de sua história. Para Aquiné et al. (2002), a aceitação da velhice é essencial para melhorar a qualidade de vida. Para Parisotto (1999), o indivíduo na idade adulta não encontra tempo para praticar exercícios físicos e nem para se divertir, com isso muitos fatores negativos vão se acumulando e como conseqüência serão manifestados na velhice. Em uma visão contemporânea, pode-se considerar que a Educação Física vem estudando o ser humano em um contexto de cultura de múltiplas possibilidades na prática de exercícios físicos sistematizados e direcionados para a educação, desporto, estética e saúde, entre outras (BACH; BERESFORD, 2003). Vuori (1995), afirma que a prática de exercícios físicos contribui de modo significativo para a manutenção da aptidão física do idoso, tanto na saúde quanto nas capacidades funcionais. O exercício físico é importante no controle do peso corporal, podendo contribuir na prevenção e controle de algumas condições clínicas associadas a estes fatores, como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, AVC, artrite, apnéia do sono, prejuízo da mobilidade (MATSUDO, 2000). A atividade física é, sem dúvida, um dos meios de conquistar a terceira idade com melhor qualidade de vida. Segundo Oliveira e Furtado (1999), o exercício físico traz contribuições para o envelhecimento saudável. Os benefícios gerados pela prática de atividade física abrange do campo físico ao social promovendo aumento da capacidade aeróbia, aumento da ventilação voluntária, melhora da flexibilidade, equilíbrio,melhora da resistência muscular localizada, aumento no conteúdo de minerais ósseos, diminuição da resistência vascular, melhor tolerância à glicose e redução da concentração de lipídeos (OLIVEIRA e FURTADO,1999). A atividade física mesmo que involuntariamente ou rotineira é sempre importante na vida, pois proporciona uma melhor qualidade de vida, afirma Siqueira (2002). Acredita-se que a participação do idoso em programas de atividade física regular pode influenciar no processo de envelhecimento, com impacto na qualidade e expectativa de vida, melhoria nas funções orgânicas garantia de maior independência pessoal e um efeito benéfico no controle, tratamento e prevenção de doenças respiratórias, artrose, hipertensão, arterosclerose, varizes, doenças cardíacas, diabetes, distúrbios mentais, artrite e dor crônica (MATSUDO,1992; SHEPHARD,1991). Pires et al.(2002), afirma que com o declínio gradual das aptidões físicas, a chegada do envelhecimento e de possíveis doenças, os idosos tendem a ir mudando seus hábitos de vida e rotinas diárias por atividades e formas de ocupação pouco ativas, causando efeitos associados à inatividade e a má adaptabilidade que são muitos sérios. Esses efeitos podem acarretar numa redução no desempenho, na habilidade motora, capacidade de concentração, de reação e coordenação, gerando processos de autodesvalorização, apatia, insegurança, perda da motivação, isolamento social e a solidão. Por isso, a montagem de um programa de exercícios físicos para idosos deve oferecer benefícios com relação as capacidades motoras que apóiam a realização das atividades cotidianas, melhorando a capacidade de trabalho e lazer e reduzindo a taxa de declínio funcional. 2.1 Características do exercício físico A atividade física é o conjunto de atividades metódicas e relacionais, que se integram ao processo de educação, visando o pleno desenvolvimento do aparelho locomotor, bem como o desempenho normal das grandes funções vitais e relacionamento social (SIQUEIRA, (2002). É qualquer movimento do corpo, produzido pelo músculo esquelético que resulta em um incremento do gasto energético. É uma atividade planejada e estruturada a fim de melhorar ou manter o condicionamento físico (MARTUS, 2001). Antes de começar qualquer atividade física, é importante que o idoso faça uma avaliação médica cuidadosa, constando preferencialmente de um teste de esforço para a prescrição do exercício; quanto a essa recomendação é importante considerar alguns critérios que deverão influenciar na escolha do protocolo, servindo também para mostrar algumas restrições importantes impostas pela velhice quanto à realização de exercícios: a diminuição do VO2 máx, por exemplo, pode requerer que se opte por um teste de baixa e moderada intensidade e longa duração; usar maior período de aquecimento e pequenos incrementos nas cargas ou intervalos maiores; devido a maior fadiga, deve ser diminuída a duração total do teste. A redução do equilíbrio e força indica o uso da bicicleta ergométrica; a redução na coordenação muscular exige a realização de mais de um teste, até que se chegue a um resultado confiável; o uso de dentaduras, a diminuição da acuidade visual e auditiva também devem ser considerados (MATSUDO, 1993). Os objetivos de um programa de exercícios devem se relacionar com as mudanças mais importantes que decorrem durante o processo de envelhecimento, devendo estar direcionado: a) ao melhoramento da flexibilidade, força, coordenação e velocidade; b) elevação dos níveis de resistência, com vistas a redução das restrições no rendimento pessoal para a realização das atividade cotidianas; c) manutenção da gordura corporal em proporções aceitáveis. Esses aspectos influenciarão na melhoria da qualidade de vida (MATSUDO, 1992; APELL e MOTA, 1991; MARQUES, 1996). Segundo Weineck (1991) e Acsm (1994), devem estar inclusos em um programa de exercícios para idosos o treino de força e resistência muscular devido a diminuição notável dessas variáveis após os 60 anos de idade. Alguns cuidados e restrições são essenciais para a participação do idoso em programas de atividades físicas. Restrições a) Altas intensidades de exercícios (MARQUES, 1996; MATSUDO e MATSUDO, 1993; FARO et al., 1996) ; b) Solicitação do sistema anaeróbico deve ser evitada (MARQUES, 1996, LEITE, 1990; FARO et al., 1996); c) Exercícios isométricos (MARQUES, 1996, LEITE, 1990; FARO et al., 1996); d) Movimentos rápidos e bruscos (MATSUDO e MATSUDO, 1992). Cuidados a) Não ultrapassar a amplitude máxima dos movimentos (MARQUES, 1996); b) Não prolongar exercício na presença de dor (MARQUES, 1996); c) Uso de medicamentos (YAZBECK e BATISTELLA, 1994); d) Não levar a exaustão (MATSUDO e MATSUDO, 1992). “A atividade física bem estruturada e elaborada para os idosos, pode recuperar o ritmo e a expressividade do corpo, agilizar os reflexos e adequar os gestos a diferentes situações” (SKINNER, 1991; LEITE,1990; MATSUDO e MATSUDO, 1992). 2.3 Treinamento de força A força é uma das valências físicas mais importantes. Os músculos podem enfraquecer até que uma pessoa idosa não possa realizar as atividades da vida diária como tarefas domésticas de levantar-se de uma cadeira, varrer o chão ou jogar o lixo fora. Portanto é extremamente importante manter a força durante o processo de envelhecimento, porque ela é vital para a saúde, para a capacidade funcional e para a vida independente (FLECK e KRAEMER, 1999). Sob condições normais, o desempenho da força atinge seu pico entre 20 e 30 anos, após esse período ela mantem-se estável e diminui raoidamente entre os 20 anos seguintes. Aos 60 anos ocorre uma queda brusca, sendo nas mulheres mais dramáticas (FLECK e KRAEMER,1999). A partir dos 70 anos esta queda é ainda maior. Essa queda depende do sexo e da musculatura específica. O treinamento de força durante um longo período parece compensar esta perda e parece aumentar a capacidade de força absoluta efetiva mas os declínios ocorrem até nos levantadores de peso, sendo este um processo fisiológico natural. Dados transversais e longitudinais mostram que a força muscular diminui em cerca de 15% por década durante a sexta e sétima décadas e depois, diminui aproximadamente 30% (FLECK e KRAEMER,1999). Além da perda da força, a capacidade do músculo de exercer força rapidamente (potência) também diminui com o avanço da idade. Além desta habilidade ser vital, pode servir como um mecanismo protetor nas quedas, uma das maiores causas de lesões. Num estudo de Fleck e Kraemer(1999), a potência de extensores de perna foi significativamente relacionada com a velocidade de se levantar da cadeira, velocidade e potência de subir escadas e velocidade de caminhadas. As correlações entre e potência e capacidade funcional foram maiores nas mulheres do que nos homens. A capacidade de gerar força rápida pode diminuir mais do que a força máxima, principalmente em idosos. Vários fatores influenciam na perda de força muscular com a idade. Alterações músculo-esqueléticas, acúmulos de doenças crônicas, medicamentos necessários para o tratamento de doenças,alterações do sistema nervoso, redução das secreções hormonais, desnutrição e atrofia por desuso são os principais fatores. Alteração músculo-esqulética (sarcopenia), sugere que a diminuição da massa muscular é o principal fator para a redução da força com o envelhecimento (FLECK e KRAEMER,1999). Conforme se envelhece, observa-se uma tendência geral na redução da massa muscular. Este efeito na massa muscular independe da localização da musculatura ( membros inferiores e membros superiores) e de sua função (extensão e flexão) (FRONTEIRA; DAWSON; SLOVIK, 2001). A diminuição na massa muscular é causada pela redução no tamanho e/ou pela perda das fibras musculares individuais, preferencialmente das fibras do tipo II (contração rápida) durante o envelhecimento. A perda das fibras musculares do tipo II também acarretam numa perda das proteínas rápidas de COM (cadeias pesadas de miosina). Logo a perda tanto da quantidade como da qualidade das proteínas nas unidades contráteis dos músculos causam a perda da força e potência muscular com o envelhecimento (FLECK e KRAEMER,1999). O treinamento de força pode estimular o aumento da densidade óssea e reverter a sarcopenia no idoso. Existem diversas alterações com o envelhecimento. Entre elas, as duas mais importantes são à capacidade aeróbia e a função muscular. A resposta fisiológica mais básica ao treino de força, principalmente no idoso, é um aumento na força muscular, beneficiando as atividades cotidianas, além de manter e melhorar a capacidade aeróbia (FRONTEIRA; DAWSON; SLOVIK, 2001). No indivíduo da terceira idade, o treinamento de força causa hipertrofia muscular, porém muito modesta (de 10% a 20%) comparando cm a grandes alterações que se notam em relação a força (PICKLES,1998). Fronteira, Dawson e Slovik (2001), citam em alguns estudos um aumento dramático na força muscular e mudanças funcionais positivas para a mobilidade, principalmente, velocidade de marcha habitual e capacidade para subir escadas e atividades físicas espontâneas. Sabendo que os mesmos princípios gerais de um exercício empregados para adultos mais jovens são empregados nos idosos, características próprias dos idosos requerem algumas considerações especiais. Fatores como a diminuição da acuidade sensorial e da tolerância aos fatores de estresse do meio ambiente,as diferenças entre as atividades preferidas e os maiores riscos para a saúde devem ser levados em consideração para que o programa seja bem sucedido (PICKLES , 1998). Questões como parâmetros bioquímicos, que podem contribuir para que o idoso tenha uma melhora fisiológica e um menor gasto energético também devem ser considerados (HAUSDORFF et al., 2001), visando um ganho na qualidade de vida. 2.3 Treinamento aeróbio Para produzir os efeitos significativamente benéficos ao organismo, o treino aeróbio precisa de uma prescrição adequada e com suas características de treino, afirma Gueths (2003). Segundo Hollmann e Hettinger (1983), um exercício aeróbio deve apresentar um esforço de longa duração e com intensidade moderada. Lopes (1987) e Fetter; Sperb; Pereira (1994), afirmam que a intensidade, a freqüência, a duração das sessões e o tipo de programa influenciam no efeito do treino aeróbio. Entende-se por treinamento aeróbio a capacidade de executar um trabalho muscular de longa duração sem apresentar sinais de fadiga tendo algumas características que determinam seu aproveitamento como freqüência, duração e intensidade do treino. Cooper (1978), sugere que o treinamento aeróbio tenha uma freqüência de no mínimo 3 vezes por semana, se possível 4. A American College of Sport Medicine (1980), recomenda uma freqüência de 3 a 5 vezes por semana. Segundo Pollock; Wilmore (1993), o treinamento aeróbico feito 2 vezes por semana com uma carga de 30% superior do que um treinamento de 3 vezes por semana, não difere em relação ao ganho de VO2máx de uma pessoa, entretanto com o treinamento feito 2 vezes por semana não se obtêm perdas na composição corporal. Mcardle; Katch e Katch (1998), afirmam que o treino pode ser de 2 a 3 vezes por semana. Em indivíduos com insuficiência cardíaca, Rondon et al. (2000), sugere que o treino seja feito apenas 3 vezes por semana em dias intercalados para uma melhor recuperação do organismo. Quanto a duração das sessões, a American College of Sport Medicine, recomenda de 15 a 60 minutos contínuos; Mcardle; Katch e Katch (1998), afirma que o treino não necessita passar de 30 minutos. Pollock; Wilmore (1993), descreve que o treino pode ser de 20 a 30 minutos. Porém, Consenza (2001), sugere um bom volume de atividade aeróbia, na faixa de 40 a 45 minutos contínuos. Pacientes com insuficiência cardíaca devem começar com 15 minutos e aumentar progressivamente a 30 e 40 minutos, afirma Rondon et al. (2000). E a respeito da intensidade, a American College of Sport Medicine recomenda uma frequência cardíaca de 60% a 90% da freqüência cardíaca máxima ou 50% a 80% do VO2 máx. Já Consenza (2001), afirma que a intensidade deve ser na faixa de 70% a 75% do VO2máx. Jenkins (2000), descreve que a partir de 55% do VO2máx é suficiente para melhorar o sistema cardiovascular e muscular. Com essas informações, é importante começar e terminar a atividade sempre de maneira gradativa, sem ultrapassar limites fisiológicos e interromper a atividade no caso de surgirem problemas cardiorrespiratórios ou qualquer problema de saúde (GUETHS, 2003). 2.4 Flexibilidade Flexibilidade é um termo geral que inclui a amplitude de movimento de uma articulação simples e múltipla e a habilidade para desempenhar as tarefas específicas (ROBERTS; WILSON,1999). A amplitude de movimento de uma certa articulação depende primeiramente da estrutura e função do osso, músculo e tecido conectivo e outros fatores como o desconforto e a habilidade para gerar força e potência (SHRIER; GOSSAL, 2000). O envelhecimento prejudica a estrutura destes tecidos assim como a função, sendo uma variável muito importante associada não só com a qualidade de vida na terceira idade, mas também com a longevidade (CORBIN e NOBLE, 1980). Várias pesquisas enfatizam a importância da flexibilidade e de seu treinamento demonstrando serem efetivos na melhoria das capacidades funcionais (POLLOCK; WILMORE, 1998). A flexibilidade possui relação direta com o movimento humano, sendo passível de adaptações fisiológicas e mecânicas com o treinamento (ALTER, 1996). O treinamento de flexibilidade parece ser capaz de melhorar os movimentos em sua amplitude músculo-articular, diminuindo as resistências dos tecidos musculares e conjuntivos e deformando os mesmos de forma elástica ou plástica (ACHOUR, 1999). Índices baixos de flexibilidade podem estar associados a problemas posturais, algias, níveis de lesões, diminuição da vascularização local, surgimento de adesões e aumento de tensões neuro-musculares (TAYLOR, 1990). Alguns estudos (ARAUJO, 1998; BASSEY, 1989) demonstram a necessidade do treinamento da flexibilidade em diferentes faixas etárias em função da diminuição da amplitude de movimento em diversas articulações, afetando negativamente a saúde na qualidade de vida. Os efeitos agudos, respostas neurogênicas voluntárias e reflexas assim como as miogênicas relacionadas as resistências ativa e passiva dos tecidos musculares e conjuntivos, e os efeitos crônicos ganhos através do treinamento a médio e longo prazo devem ser considerados (AVELÃ; HEIKKI; KOMI, 1986). 2.5 Atividades Lúdicas A chegada da terceira idade proporciona maiores limites ao indivíduo mas não significa que o idoso tenha que se isolar de tudo, trabalho, sexo, vida social e lazer. A adaptação frente a uma fase nova da vida é a maior dificuldade encontrada pelos idosos. Para Dias e Schwartz (2005), a idéia de que a partir de certa idade certas atividades não devem ser aproveitadas é uma concepção que tende a ser superada em relação as alterações sociais, uma vez que a expectativa de vida das pessoas tem aumentado muito e com isso aumentado a necessidade de se repensar nas questões que envolvem a qualidade de usufruto do tempo livre. Ao longo dos anos, o lazer tem sido considerado o tempo livre do ser humano. Momento em que os indivíduos podem desfrutar de prazeres, descanso e tranqüilidade. Portanto, o lazer deve ser um momento onde o indivíduo escolhe algo a fazer, algo que goste, que lhe da prazer e que o modifica como pessoa. Os prazeres podem ser encontrados nas atividades lúdicas como jogos e brincadeiras através do lazer. De acordo com Dumazedier (1976), o lazer é o conjunto de ocupações de bom grado que o indivíduo usa para descansar, para divertir-se, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação voluntária ou sua livre capacidade criadora, quando longe das obrigações profissionais, familiares ou sociais, sendo uma atividade de livre escolha. Requixa (1980), tem uma definição próxima a de Dumazedier (1976), entende o lazer como uma ocupação não obrigatória, de livre escolha do ser humano que a vivencia, e cujos os valores proporcionam condições de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal e social. É clara a importância e a presença do lazer na vida dos homens, tanto quanto a sua família e o seu trabalho. O lazer, além de contribuir para um melhor estado de espírito dos cidadãos, pode amenizar os efeitos decorrentes do processo de envelhecimento. Os idosos, em geral, parecem não aceitar o fato de o lazer ser um aspecto de grande importância em suas vidas e que, quando não vivenciado, é devido à falta de condições e oportunidades. Mas, é através de atividades espontâneas e naturais das pessoas que podemos perceber a sua relação com o lazer e a influência que este exibe na vida dos homens, em suas diversas etapas, em especial, na velhice. Nessa etapa da vida existe, devido à maior disponibilidade de tempo, grandes possibilidades para estas pessoas optarem por atividades que lhes tragam auto-realização e melhoria da qualidade de vida. Pikunas (1979), salienta a necessidade de que na terceira idade devese mnter interesses ocupacionais e aumentar as atividades recreativas, ocupando totalmente o tempo e tornando a chegada da velhice satisfatória e produtiva. A prática do lazer é uma experiência pessoal que aumenta o processo de integração entre as pessoas, sejam estas jovens ou idosas, e não diferencia a idade do indivíduo que a vivência. Porém, muitos valores deturpados e, até mesmos preconceituosos tendem a guiar as concepções de lazer dentro da própria comunidade idosa. CAPÍTULO III HIDROGINÁSTICA NA TERCEIRA IDADE 3 DEFINIÇÃO E HISTÓRICO A hidroginástica é um exercício que une exercícios aeróbios, localizados e exercícios de relaxamento, praticados na água. Campos (1991) define hidroginástica como um programa de exercícios físicos adaptados ao meio líquido e organizado dentro de critérios, elaborados a partir de uma metodologia voltada as peculiaridades do meio, que tem como objetivo principal o desenvolvimento da aptidão física em qualquer indivíduo que apresente um mínimo de adaptação aquática. No ponto de vista de Di Mais (2000), entende-se hidroginástica como um programa de exercícios físicos que ao considerar as caraterísticas peculiares do meio aquático, procura mediante a utilização de alguns padrões de controle, execução e dosagem do exercício, amenizar, facilitar e recuperar algumas disfunções de ordem corporal na tentativa de melhorar o bem-estar psicomotor do indivíduo. Mas, não é exclusividade dos tempos modernos a utilização do meio líquido para fins de sobrevivência, recreação, terapia, entre outros. O homem da pré-história já usava o meio aquático com freqüência (DI MAIS, 2000). Silva (1987), afirma que pesquisas de arqueologia relatam que há cinco mil anos, na Índia, já existiam piscinas de água quente e figuras assírias mostravam estilos rudimentares de natação. Segundo Skinner e Thomson (1985), em 460-375 A.C., Hipócrates utilizava água para o tratamento de doenças e os romanos utilizavam banhos com fins recreativos e curativos. Di Mais (2000), sugere que nesta época teria surgido a hidroginástica, mas falar que a hidroginástica é uma atividade muito antiga seria um pouco precipitado. Na década de sessenta, a ACM (Associação Cristã de Moços) criou um programa de exercícios dentro da água para a população idosa. Bonachela (1994), cita que a hidroginástica surgiu na Alemanha com um trabalho parecido com o da ACM, tendo aparecido no Brasil há cerca de vinte anos. 3.1 Características da hidroginástica A hidroginástica ou ginástica aquática pode ser considerada uma das melhores atividades físicas para a terceira idade, sendo em alguns casos, mais indicada do que exercícios no solo (CAMPOS; POPOV, 1998). Ao contrário da natação, onde a flutuação e a propulsão dos segmentos suporta todo o peso do corpo, na hidroginástica esse suporte não é total, favorecendo as solicitações de carga sobre os ossos (CAMPOS; POPOV,1998). O termo hidroginástica é usado para designar uma grande variedade de propostas ou programas de exercícios aquáticos, executados em posição vertical desenvolvido para aprimoramento da aptidão física em sedentários ou elaborados como forma de treinamento complementar a preparação física de atletas de várias modalidades esportivas (MENDONÇA, 2002). A hidroginástica se diferencia das outras atividades, realçando alguns benefícios devido as propriedades físicas que o meio oferece. Bonachela (1994), classifica as propriedades físicas da água em densidade, flutuação, pressão hidrostática e viscosidade como: a) densidade - é a relação entre massa e volume (D= m/v); b) flutuação - (princípio de Arquimedes), "quando um corpo está completo ou parcialmente imerso em um líquido, ele sofre um empuxo para cima igual ao peso do líquido deslocado". Este empuxo atua em sentido oposto à força da gravidade; c) pressão hidrostática - (Lei de Pascal), "afirma que a pressão do líquido é exercida igualmente sobre todas as áreas da superfície de um corpo imerso em repouso, a uma determinada profundidade". A pressão hidrostática auxilia na correção postural, na reeducação respiratória, no conhecimento corporal, no equilíbrio e retorno venoso (CARAMANO, THEMUDO, CANDELORO, 2003). d) viscosidade - é o tipo de atrito (fricção) que ocorre entre as moléculas de um líquido que oferece resistência ao movimento da água em qualquer direção, provocando uma turbulência maior ou menor de acordo com a velocidade que executamos o movimento, quanto mais rápido o movimento, maior será o arrasto. Rocha, 1994; Bonachela,1994; Marques e Pereira, 1999, afirmam que as propriedades físicas da água irão ajudar ainda mais os idosos nas movimentações das articulações, na flexibilidade, na diminuição da tensão articular, baixo impacto de força, na resistência, nos sistemas cardiovascular e respiratório, no relaxamento, nas tensões mentais entre outros. Matsudo e Matsudo, (1992); Pires et al., 2002; Barbosa,2001; Bonachela, 1994, relatam que os objetivos de uma atividade física como hidroginástica para terceira idade devem estar relacionados com a modificações mais importantes que ocorrem durante o envelhecimento, tais como: a) promover atividades recreativas para a produção de endorfina e andrógeno, responsáveis pela sensação de bem – estar e recuperação da auto – estima; b) atividades de sociabilização ( em grupo com caráter lúdico); c) atividades moderadas e progressivas preparando gradativamente o organismo para suportar estímulos cada vez mais fortes; d) atividades de força, com carga, principalmente para os músculos responsáveis por sustentação/ postura, evitando cargas muito fortes e contrações isométricas; e) atividades de resistência com vista a redução das restrições no rendimento pessoal; f) exercícios de alongamento para o ganho de flexibilidade e de mobilidade; g) atividades de relaxamento diminuindo tensões musculares e mentais. A hidroginástica se destaca como uma atividade física que engloba características que estimulam o desenvolvimento dos principais componentes relacionados a aptidão física (VASILJEV, 1997). Por ser uma atividade realizada em meio líquido, pode ser praticada por indivíduos de várias faixas etárias inclusive aqueles de idade mais avançada, pois proporciona baixo impacto nas articulações em um ambiente descontraído e em meio atrativo (ROCHA, 1999). Evidências científicas tem demonstrado que a prática regular da hidroginástica desenvolve a capacidade cardiorrespiratória, aumentando o consumo máximo de oxigênio e a vascularização do miocárdio, melhorando também a pressão arterial de repouso (ROCHA, 1999; MENDONÇA, 2002). É importante ressaltar alguns aspectos fisiológicos em hidroginástica como termorregulação, freqüência cardíaca, pressão arterial, fluxo sanguíneo, polinúria, condicionamento cardiorrespiratório entre outros. A temperatura do corpo se mantém em torno de 37º C, sendo que o mecanismo termorregulador controla o equilíbrio entre a produção e a perda de calor (WEINECK,1991). A temperatura é coordenada pelo hipotálamo, que é estimulado por receptores térmicos na pele ou pela temperatura do sangue que o perfunde (MCARDLE; KATCH e KATCH , 1998). A frequência cardíaca é medida pelo número de batimentos por minuto (BPM), realizados pelo coração e como possui relação direta com o consumo de oxigênio, é eficiente para determinar a intensidade na hidroginástica, porém existem estudos contraditórios que revelam um aumento na FC (KRUEL, 1994) e uma queda da mesma (DENADAI; ROSAS e DENADAI, 1997), sendo que o número de autores citados que relaram uma bradicardia é maior, tendo o próprio Kruel (1994), achando valores menores da FC em imersão na posição vertical. O exercício físico regular tem um efeito positivo a longo prazo sobre a pressão arterial (pressão exercida nas paredes elásticas das artérias, pelo sangue ejetado pelo coração), podendo reduzí-la. Indivíduos normais possuem uma PA máxima (sistólica) de 12 a 14 e a mínima (diastólica) de 6 a 8 cm de mercúrio (Hg) (DI MAISI, 2000). Apesar de não ter muitos estudos sobre o efeito prolongado da hidroginástica sobre a PA, provavelmente esta atividade traz os mesmos benefícios que o exercício regular em terra (DI MASI, 2000). O fluxo sanguíneo também se altera durante a imersão do corpo na água. Barreta (1996) afirma que existe uma média de aumento de 700 ml de sangue no coração e pulmão. Outro aspecto fisiológico que deve ser enfatizado é a polinúria (vontade constante de urinar). É comum essa vontade de urinar durante e após as aulas de hidroginástica (DI MAIS, 2000). Graveline et al. (1961) afirma que estes valores elevados de urina estão baseados no reflexo do volume receptor do átrio esquerdo de Gawer-Henry. É importante conscientizar alunos diabéticos, que já tem uma polinúria, os com incontinência urinária e os que estiverem fazendo o uso de medicamentos diuréticos para esse aumento da vontade de urinar (DI MAIS, 2000). A hidroginástica tem se mostrado um excelente meio para a melhora da capacidade cardiorrespiratória, indicada pelo VO2máx (consumo máximo de oxigênio durante o exercício máximo) (DI MAIS,2000). Ramos (1997) afirma que o consumo de oxigênio tem uma queda de 10% por década a partir dos 30 anos. Weineck (1991), diz que o exercício físico reduz essa queda na resistência cardiorrespiratória. Estudos sobre o efeito da hidroginástica em indivíduos idosos demonstraram um aumento de 15% no VO2máx em 12 semanas (RUOTI; TROUP e BEGER, 1994). Bravo et al., (1997), encontraram um aumento significativo na capacidade cardiorrespiratória em mulheres entre 50-70 anos após 12 meses de hidroginástica. 3.2 Benefícios A verdade é que a água está no corpo humano, na vida e no planeta ( TAHARA; TAHARA; SANTIAGO, 2006). As atividades aquáticas vêm crescendo de maneira satisfatória conforme as exigências da sociedade e do próprio ser humano (TAHARA; TAHARA; SANTIAGO, 2006). Vários idosos procuram a hidroginástica por suas vantagens para a saúde e também pelo prazer de uma atividade no meio líquido. São inúmeros os benefícios da hidroginástica em diversos níveis: Aspecto físico: aumento da amplitude articular, aumento de força muscular, densidade óssea, melhora no consumo de oxigênio, tolerância a glicose e sensibilidade a insulina, menor risco de problemas articulares, diminuição da freqüência cardíaca basal, pressão arterial e tensões do dia a dia, manutenção do tônus muscular, controle de peso corporal, melhora da circulação periférica, cardiovascular e melhora das cardiorrespiratório. funções Há orgânicas também um e sistemas aumento da coordenação, da agilidade, da sinestesia, da percepção, da velocidade de ação e reação, melhora do equilíbrio e direcionalidade (NOVAIS, 2006). Aspecto psico-social: aumento da auto-estima, auto-confiança, independência nas atividades diárias, reintegração, sociabilização, bem estar físico e mental, diminuição da ansiedade e depressão, valorização, se tornam mais participativos e ativos de programas de lazer e com mais vontade de viver (BARBOSA, 2001; ROCHA,1994; BONACHELA, 1994; SILVA E BARROS, 1998; PIRES et al., 2002; HOWLEY, 2000). Capacidade cognitiva: trabalhos científicos americanos mostraram um QI (quociente de inteligência) maior em idosos praticantes de um programa regular de atividade física. A explicação está na maior irrigação sanguínea de todo o corpo, que obviamente também atinge o cérebro. Outra explicação seria pela liberação de adrenalina, pelas glândulas supra-renais, a qual é responsável pelo estado de alerta no cérebro (OLIVEIRA, 1996). Os benefícios citados irão interferir numa melhora da qualidade de vida para o idoso, causando uma prevenção patológica e independência social na vida cotidiana (NOVAIS, 2006). Pires et al., (2002), afirma que a elaboração de um programa de atividade física para a terceira idade deve levar, basicamente, em consideração o preparo para que o idoso possa cumprir suas necessidades básicas diárias, ou seja, tentar impedir que este perca a sua auto-suficiência, através da manutenção de sua saúde física e mental. Assim, a hidroginástica trará benefícios morfológicos, orgânicos e psicossociais, nos idosos, proporcionando-lhes uma qualidade de vida, tendo por conseqüência, a longevidade. CAPÍTULO IV ESTUDO DE CASO 4 INTRODUÇÃO Para demonstrar que a hidroginástica proporciona inúmeros benefícios para a terceira idade como bem estar físico, mental e social, além de prevenir várias doenças, foi realizada uma pesquisa de campo na academia RH fitness Acqua na cidade de Pirajuí, após aprovação do comitê de ética, onde foram utilizados os seguintes métodos: Foi observado, analisado e acompanhado o desenvolvimento das sessões de hidroginástica em mulheres acima de 60 anos de idade na academia Rh Fitness Acqua na cidade de Pirajuí onde cinco mulheres escolhidas aleatoriamente responderam um questionário com o intuito de analisar os motivos pelos quais elas iniciaram a prática de hidroginástica e quais os resultados obtidos após três meses. As técnicas utilizadas neste estudo foram: Roteiro de estudo de caso (apêndice A); Roteiro de entrevista (apêndice B); Roteiro de entrevista para educador físico (apêndice C); Termo de Consentimento para as alunas (apêndice D). 4.1 Estudo de caso Na academia Rh Fitness Acqua que fica na cidade de Pirajuí, as sessões de hidroginástica duram 50 minutos e as alunas utilizam acqua tubo, halteres, pranchas, caneleiras, bastões, bola e cama elástica durante as sessões. A piscina da academia de Pirajuí tem 12,5 metros de comprimento por 8,00 metros de largura e 1,30 metros de profundidade, uma sala de máquina com filtro e um aquecedor, dois vestiários sendo um masculino e um feminino com dois chuveiros em cada um. Durante as sessões os professores utilizam diversos materiais como halteres, acqua tubo, bolas, bastões. Os profissionais que ministram as sessões de hidroginástica se resumem em dois e também dão aulas de natação. As alunas afirmaram estar satisfeitas com os resultados através da prática regular de uma atividade física como a hidroginástica pois além de estarem cuidando de doenças já causadas pela idade, estão se prevenindo de outras que podem surgir. 4.2 Considerações sobre o caso O rendimento das alunas observadas se relacionam às sessões de hidroginástica realizadas com um aumento da aptidão física, mobilidade articular, equilíbrio, coordenação motora, flexibilidade, força e resistência muscular. Os resultados dos exercícios aplicados foram avaliados através do questionário respondido pelas alunas e observação das sessões no período de três meses. As alunas acompanhadas praticam hidroginástica há no mínimo seis meses, freqüentando as sessões duas vezes por semana com duração de 50 minutos. Dentre as alunas entrevistadas, apenas duas levavam uma vida totalmente sedentária, as outras praticavam outras atividades físicas regularmente como musculação e pilates. As alunas relataram que houve um grande aumento da auto-estima e sociabilidade. A professora de educação física da academia Rh Fitness Acqua de Pirajuí sente- se realizada por seu programa de hidroginástica, pois é notável a mudança de suas alunas no diversos aspectos em pouco tempo e a gratidão delas por serem proporcionadas a esses benefícios. 4.3 Discussão O presente estudo mostra que um programa regular de atividade física como a hidroginástica pode trazer muitos benefícios para a saúde das pessoas, principalmente dos idosos. Para Novais (2006), a prática desta atividade traz um aumento da amplitude articular, aumento de força, aumento da densidade óssea, melhora do consumo de oxigênio, diminui o risco de doenças articulares, diminui a pressão arterial, além de controlar o peso corporal e melhorar os sistemas cardiovascular e cardiorrespiratório. Oliveira (1996), afirma que a atividade física aumenta a irrigação sanguínea do corpo todo inclusive no cérebro, o que explica um aumento também da capacidade cognitiva. Tais benefícios interferem na qualidade de vida do idoso, prevenindo de patologias e trazendo independência na vida social (NOVAIS, 2006). 4.4 Parecer final sobre o caso Conclui-se que um programa de hidroginástica proporciona diversos benefícios para a terceira idade, mas os indivíduos praticantes desta atividade física precisam praticar regularmente para obter tais benefícios. Por ser uma atividade física segura, diminuindo o risco de lesões e poupando as articulações, a hidroginástica é cada vez mais procurada e geralmente quem pratica esta atividade, dificilmente pára. Os indivíduos que seguem um programa de atividades físicas regularmente obtém uma grande melhora na qualidade de vida. Proposta de intervenção Levando em consideração as informações obtidas, propomos: a) avaliações mais freqüentes para se informar sobre a melhora no desempenho físico das alunas e os benefícios proporcionado à elas. b) Acesso à hidroginástica para aqueles que necessitam desta atividade e não possuem condições. c) Incentivo aos professores de educação física do local para se atualizarem e transmitirem para os alunos, a fim de melhorar cada vez mais as sessões de hidroginástica. CONCLUSÃO Neste estudo foi observado que conforme o ser humano envelhece, ocorre no organismo diversas alterações funcionais como alteração das capacidades físicas, anátomo-fisiológicas, psico-social e cognitiva que podem ser retardadas através de exercícios físicos como a hidroginástica, considerando que a atividade física na terceira idade não é só importante para aumentar as capacidades físicas e prevenir doenças, mas também para livrar-se das depressões e melhorar o convívio com a sociedade. O idoso que pratica qualquer atividade física se envolve com pessoas da mesma idade e características, sentindo-se mais aceito por essa sociedade que muitas vezes excluem essa população com idade mais avançada. Outro fato que deve ser enfatizado é que a hidroginástica, por ser uma atividade praticada na água, não tem os mesmos efeitos colaterais do que os exercícios praticados no solo, fazendo com que esta atividade se torne cada vez mais procurada pelos idosos. Porém um programa de hidroginástica para a terceira idade deve ser moderado, progressivo e com exercícios adequados as necessidades individuais do grupo. No entanto, cabe ao educador físico avaliar o idoso antes de iniciar um programa de atividades físicas e respeitar as recomendações médicas. REFERÊNCIAS AVELA J, HEIKKI K, KOMI, PV. Altered reflex sensitivity after repeated and prolonged passive muscle stretching. J Appl Physiol, 1986. ACHOUR, J.A. 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APÊNDICES APÊNDICE A – ROTEIRO PARA ESTUDO DE CASO 1 INTRODUÇÃO Sabendo que a hidroginástica é um excelente exercício físico, ela também pode auxiliar na melhora da qualidade de vida do idoso. 2 RELATO DO TRABALHO REFERENTE AO ASSUNTO ESTUDADO A) Na Rh fitness acqua que fica na cidade de Pirajuí, são ministradas sessões de hidroginástica de 50 minutos onde os alunos utilizam acqua tubo, halteres, pranchas, caneleiras, bastões, bolas e cama elástica para participarem das sessões. B) Os proprietários, profissionais de educação física e clientes estão satisfeitos com o trabalho realizado nas sessões de hidroginástica, pois além de estarem cuidando de doenças já causadas pela idade, estão se prevenindo de outras que podem surgir. 3 DISCUSSÃO Foi analisado no período 3 meses a reação de algumas alunas durante as sessões de hidroginástica, seu comportamento e sua auto – estima antes e depois das sessões. O objetivo da pesquisa foi demonstrar que a hidroginástica proporciona melhora na qualidade de vida do idoso. 4 PARECER FINAL SOBRE O CASO Esta pesquisa demonstrou que a hidroginástica, através de seus benefícios pode proporcionar melhora na qualidade de vida do idoso. APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA Nome: Documento de Identidade: Sexo: Data de Nascimento: Endereço: Cidade: CEP: Telefone CPF: 1. Há quanto tempo você pratica hidroginástica? 2. Porque motivo você procurou esta atividade? 3. Caso tenha sido por motivo patológico, qual e se obteve resultados? 4. Você teve melhora no condicionamento físico com a hidroginástica? 5. Quais benefícios adquiriu praticando esta atividade? 6. Além da hidroginástica, você pratica outro tipo de atividade física? APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O EDUCADOR FÍSICO Nome: Local de Trabalho: Exerce profissão: ( Há quanto tempo: ) sim ( ) não 1. Quais os benefícios da hidroginástica para a terceira idade? 2. A hidroginástica pode ser eficiente na terceira idade? 3. Além dos benefícios físicos, a hidroginástica pode influenciar em outros aspectos do idoso? APÊNDICE D – TERMO DE CONSENTIMENTO TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL 1. Nome do Paciente: Documento de Identidade nº Sexo: Data de Nascimento: Endereço: Cidade Telefone U.F. CEP: 1. Responsável Legal: Documento de Identidade n Sexo Data de Nascimento: Endereço Cidade U.F. Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.): II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA 1. Título do protocolo de pesquisa: Hidroginástica na terceira idade 2. Pesquisador responsável: Kátia Maíra Câmara Moreira Paccola Cargo/função: Inscr.Cons.Regional: professor 044861-G-SP Unidade ou Departamento do Solicitante: Educação Física 3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo). x SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO MAIOR 3. Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar): Descrever as características e benefícios da hidroginástica RISCO 4. . Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais: (explicitar) Será feito um questionário aos participantes das aulas de hidroginástica, para estabelecer possíveis características e benefícios da hidroginástica. 6. Desconfortos e riscos esperados: (explicitar) Ausentes. 7. Benefícios que poderão ser obtidos: (explicitar) A descrição dos benefícios que a hidroginástica poderá trazer aos seus praticantes. 8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: (explicitar) ausentes. 9. Duração da pesquisa: Abril a setembro. 10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em / / III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL 1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo. 2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento. 3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade. 4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas durante o estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando da pesquisa. 5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos decorrentes da pesquisa. Observações complementares. IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) pelo pesquisador, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II. ________________________________ Assinatura ____________________________________ Testemunha Nome .....: Endereço.: Telefone .: R.G. .......: ____________________________________ Testemunha Nome .....: Endereço.: Telefone .: R.G. .......: Local, / / .