2014 GEA FAPUR [A SOCIOECONOMIA E O SETOR FLORESTAL DO ESTADO DO AMAPÁ] (Diagnóstico) GOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁ SDR, IEF, SEMA, IMAP A SOCIOECONOMIA E O SETOR FLORESTAL DO ESTADO DO AMAPÁ (DIAGNÓSTICO) Macapá - AP Novembro/2013 i A SOCIOECONOMIA E O SETOR FLORESTAL DO ESTADO DO AMAPÁ (DIAGNÓSTICO) PROGRAMA ESTADUAL DE FLORESTAS DO AMAPÁ pef/AP GOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁ SDR, IEF, SEMA, IMAP A SOCIOECONOMIA E O SETOR FLORESTAL DO ESTADO DO AMAPÁ (DIAGNÓSTICO) Macapá - AP Novembro/2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página ii GOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁ Governador: Carlos Camilo Góes Capiberibe Vice-governador: Doralice Nascimento de Souza SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO RURAL - SDR Secretário: Cesar Queóps INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS - IEF Diretora-Presidente: Ana Margarida Castro Euler SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE - SEMA Secretário: Grayton Tavares Toledo INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE E DE ORDENAMENTO TERRITORIAL- IMAP Diretora-Presidente: Sonia Solange Martins Maciel A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página iii INSTITUIÇÃO EXECUTORA Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – FAPUR Trabalho executado através do TCT 003/12, firmado entre o IEF e a FAPUR EQUIPE TÉCNICA Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ Instituto de Florestas, Departamento de Silvicultura JOSÉ DE ARIMATÉA SILVA Engenheiro Florestal, Dr., Professor Coordenador do Projeto Estagiários da UFRRJ: Curso de Engenharia Florestal MAYCOW LUCAS DUTRA GOMES BERBERT SADI CASTRO DOS SANTOS JULIO PAUPITZ Engenheiro Florestal, M. Sc. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página iv 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1 CAPÍTULO 1: Caracterização Econômica e Social do Estado do Amapá ....................... 3 1.1 Geografia e Inserção Nacional ............................................................................................ 3 1.2 População e Demografia do Amapá .................................................................................... 4 1.3 Economia e Desenvolvimento Humano .............................................................................. 4 1.4 Infraestrutura e Serviços ..................................................................................................... 7 1.5 Desenvolvimento humano do Amapá ............................................................................... 12 CAPÍTULO 2: Patrimônio Natural do Amapá ............................................................ 14 2.1 Recursos minerais ............................................................................................................. 14 2.2 Florestas e Biodiversidade do Estado do Amapá .............................................................. 16 2.2.1 Cobertura Vegetal ...................................................................................................... 16 2.2.1.1 As formações florísticas...................................................................................... 17 2.2.1.2 A biodiversidade do Amapá ............................................................................ 18 2.3 Unidades de Conservação ................................................................................................. 18 2.3.1 As Unidades de Conservação do Amapá .................................................................... 18 2.3.1.1 Unidades de Conservação de Desenvolvimento Sustentável ......................... 22 2.3.1.1 Parque Nacional Serras do Tumucumaque ......................................................... 27 2.3.2 Estratégias de conservação - Amapá................................................................... 27 CAPÍTULO 3: Ocupação da Terra e Uso do Território................................................ 30 3.1 Agropecuária ..................................................................................................................... 30 3.1.1 A produção dos rebanhos do Amapá ......................................................................... 32 3.2 Extração mineral ............................................................................................................... 33 3.2.1 Impactos da extração mineral .................................................................................... 36 3.2.2 Mineração em áreas protegidas ................................................................................ 38 3.3 Produção florestal do Amapá ............................................................................................ 38 3.3.1 Políticas e institucionalidade da produção madeireira ............................................. 38 3.3.2 Caracterização da produção florestal madeireira ...................................................... 39 3.3.3 Produção de madeira e volumes extraídos ................................................................ 40 3.3.4 O licenciamento florestal ........................................................................................... 41 3.3.5 O sistema de outorga florestal ................................................................................... 42 3.3.6 Plantações florestais .................................................................................................. 43 3.3.7 Produção Florestal Não Madeireira ........................................................................... 44 3.3.8 Serviços ambientais.................................................................................................... 48 CAPÍTULO 4: Situação Fundiária do Estado e Ordenamento Territorial .................... 50 4.1 Sobre a jurisdição fundiária............................................................................................... 50 4.2 Distribuição Fundiária e Reforma agrária ......................................................................... 52 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página v 4.3 Terras Indígenas ................................................................................................................ 57 4.4 Macrozoneamento e ZEE .................................................................................................. 59 CAPÍTULO 5: Considerações Finais .......................................................................... 62 5.1 Eixo Programático 1: Político Institucional........................................................................ 62 5.2 Eixo Programático 2: Funcional ......................................................................................... 63 5.3 Eixo Programático 3: Técnico-científico ............................................................................ 66 5.4 Eixo Programático 4: Instrumental.................................................................................... 67 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página vi 1. INTRODUÇÃO A inserção do presente diagnóstico junto ao Programa Estadual de Florestas do Amapá tem por propósito prover uma referência que facilite o entendimento de seu conteúdo, ademais de ressaltar os fundamentos de sua importância para a implementação de políticas públicas no âmbito da produção florestal sustentável. O diagnóstico é parte do esforço conjugado para o levantamento e análise de informações relevantes para a construção do primeiro programa de desenvolvimento florestal do Estado do Amapá. Com este direcionamento o documento se propõe caracterizar as condições de implementação dos eixos programáticos e temas que servem para a construção do pef/AP, transformando-lo em ferramenta acessória essencial de planejamento da produção florestal no estado. Desta maneira se atua em consonância com o objetivo do pef/AP de tornar o estado detentor de uma economia florestal consolidada, que promova o crescimento econômico favorecendo a inclusão social com equilíbrio ambiental. O diagnóstico através da sua organização e conclusões oferece apreciações abrangentes das interrelações da produção florestal, resultantes da compilação e análise de informações e de conhecimentos mais sistematizados disponíveis, que de alguma forma estão relacionados com a atividade florestal, a conservação dos recursos naturais, e por fim com o desenvolvimento do Amapá e o bem estar de sua população. Além desta introdução, cinco outros capítulos abrangentes da situação do estado fazem parte do corpo do documento. O primeiro capítulo tem relação com sua inserção no contexto nacional, sua economia, desenvolvimento social e aspectos da infraestrutura de produção. Procura-se o reconhecimento do estado e de suas condições econômicas e de infraestrutura, de sua posição estratégica e competitiva diante dos mais importantes mercados mundiais. Estes elementos são essenciais para a delineação de propostas e ações de desenvolvimento. O diagnóstico se estende através de uma breve avaliação dos principais recursos naturais do estado e de sua situação atual e se consolida com a análise da utilização destes recursos através da agropecuária, produção florestal, mineral e de serviços ambientais. Os temas estão direcionados no sentido de ilustrar a oportunidade que o potencial imenso dos recursos naturais, das florestas e biodiversidade em particular significa para o Estado do Amapá, ao mesmo tempo que ressalta a importância do processo de ordenamento da produção florestal e a criação de bases sólidas para o desenvolvimento sustentável. As análises servem de amparo para a formulação e implementação de políticas de governo, particularmente aquelas que já foram iniciadas e que visam fortalecer a produção com baseada em recursos naturais renováveis já existentes no estado e na Amazônia. Em consideração a esta oportunidade, o documento convoca nossa atenção às questões da consolidação das cadeias produtivas mais vinculadas à cultura e tradições regionais, propondo assim, o fortalecimento da produção do açaí, da castanha-do-brasil, de fibras (cipó titica), frutas, borracha e produção madeireira. Estas atividades são dependentes da continuação dos serviços ambientais prestados pela floresta e em geral pelo meio natural, cuja regulamentação e controle são de responsabilidade da administração do estado. A questão fundiária e a situação dos assentamentos rurais e unidades de conservação são discutidas e brevemente analisadas no capítulo 4, que trás à discussão o papel de extrema importância para o estado da disponibilidade de terras e dos riscos que esta mesma disponibilidade implica ante a inação do poder público e também da falta de instrumentos que facilitem o ordenamento territorial e a regularização fundiária. A parte final do diagnóstico, a maneira de um balanço final onde se confere a proposta do pef/AP com as realidades do diagnóstico, se reserva para uma análise mais pontual dos aspectos de maior relevância, procurando-se destacar para cada dimensão analisada, a pertinência dos eixos programáticos e temas com relação às oportunidades e ameaças presentes no ambiente da implementação do pef/AP. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 2 CAPÍTULO 1: Caracterização Econômica e Social do Estado do Amapá 1.1 Geografia e Inserção Nacional O Estado do Amapá se estende por uma superfície de 143.453,7 km², constituindo no menor dos estados da região Norte, representando 3,71% de sua extensão total. O estado têm uma extensa faixa litorânea à leste, se confrontando ao sul e oeste com o Pará. Além disso, têm fronteiras ao norte e noroeste com a Guiana Francesa e o Suriname. O antigo Território Federal do Amapá se elevou à categoria de Estado da Federação em 1988, e se organiza administrativamente em 16 municípios. O estado possui uma baixa densidade demográfica se comparada aos demais estados do Brasil especialmente com os estados das regiões Sudeste e Nordeste. Historicamente a presença do estado brasileiro no Amapá, como nos demais territórios da União obedeceu à uma estratégia nacional de ocupação de áreas de fronteiras pouco povoadas e promoção da exploração de recursos minerais. Comparativamente com os outros estados da Amazônia, o Amapá é a unidade federal que mais sofreu com as conseqüências do isolamento territorial, imposto por condições naturais e pela falta de comunicações com os demais estados da federação. Se por um lado esta situação favoreceu o isolamento do estado, por outro contribuiu para a manutenção dos seus recursos naturais e um nível menor de impacto social e ambiental1 relativamente aos observados em outros estados. O Amapá é reconhecido por suas riquezas minerais e pela biodiversidade expressada na cobertura florestal pelos recursos florestais e na existência de importantes recursos pesqueiros. 1 FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA DIRETORIA DE GEOCIÊNCIAS. Disponível em: ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursos_naturais/manuais_tecnicos/usoterra_ap.pdf. Acessado em 10.08.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 3 1.2 População e Demografia do Amapá A distribuição espacial da população do Amapá se caracteriza por uma relativa baixa densidade, equivalente a 4,68 habitantes por km2, se consideramos que sua população é de 669.526 habitantes IBGE (2010), fortemente concentrados na região metropolitana de Macapá. As taxas de crescimento experimentadas pelo estado podem ser consideradas extraordinárias, chegando superar 120% 2 nas últimas duas décadas de acordo com o IBGE. Uma das razões do incremento demográfico do Amapá está na instalação de grande empreendimentos na Região Norte a partir dos anos 60, como por exemplo, o Projeto do Jarí, da empresa ICOMI e a instalação da Zona de Livre Comércio nos municípios de Macapá e Santana, além do acesso a uma gama ampliada de incentivos econômicos e fiscais para a Região Norte. Ademais do crescimento natural da população, a imigração de outros estados contribui decisivamente para a explosão demográfica urbana verificada no período. A Tabela 1.1 resume as tendências de crescimento demográfico do Estado do Amapá e da Região Metropolitana de Macapá. Tabela 1.1 Evolução da população urbana e rural do Estado e Capital do Amapá 1980-2012 3 1980 1991 2000 2010 2012 urbana rural urbana rural urbana rural urbana rural urbana rural 106.424 73.654 233.515 55.175 423.581 52.262 601.036 68.490 698.602 79.221 Amapá 93.132 44.319 154.073 25.704 270.628 12.680 380.937 16.976 415.554 Macapá Fonte: IBGE 1.3 Economia e Desenvolvimento Humano As projeções para o PIB do Estado do Amapá para 2013 indicam um total de R$10,46 bilhões de reais correspondentes a 023% do PIB nacional e um PIB per capita 2 Mapeamento e classificação das áreas de ressaca na região metropolitana de MacapáAP utilizando imagens do satélite CBERS-2B - Santos Filho H. dos, Almeida de M. das Graças e Ribeiro Meirelles M. – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET/MG – Disponível em: Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE. Acessado em: http://www.dsr.inpe.br/sbsr2013/files/p0108.pdf - 06.08.2013 3 IBGE e projeções para 2012. Disponível em: http://www.distanciaentrecidades km.com.br/populacao/amapa/macapa.html. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 4 de R$16.400,00. Os dados oficiais do IBGE se referem ao ano de 2010 quando o PIB do Estado alcançara R$ 8,26 bilhões mantendo os mesmo 0,23% de participação no PIB nacional projetado a partir de 2011, conforme se pode observar na Tabela 1.2. Tabela 1.2 Evolução do PIB e PIB per capita do Estado do Amapá entre 2004 e 2013 Ano Total (R$ mi) % PIB Brasileiro PIB Per Capita 3.846.000 0,20 7.826,00 2004 4.361000 0,20 7.334,00 2005 5.260000 0,22 8.542,00 2006 6.022.000 0,23 10.253,00 2007 6.765.000 0,22 11.032,00 2008 7.404.000 0,23 11.816,00 2009 8.266.000 0,23 12.361,00 2010 8.505.000 0,23 13320,00 2011 9.157.000 0,23 14.360,00 2012 10.463.000 0,23 16.400,00 20134 Fontes: IBGE. O setor terciário tem uma elevada participação na composição do PIB estadual, chegando superar 87% do total. Os recursos gerados pela administração pública tanto federal, estadual e municipal têm a maior participação na composição do PIB do setor terciário estando em torno a 40% de toda a movimentação atribuída ao setor, e é seguido pelas atividades de serviços, que permanece por volta de 25% e pelas atividades comerciais estimadas em 20%. Nos últimos anos vem se acentuando a participação das exportações de minerais especialmente para os países asiáticos 5 ademais de muitos outros. A pauta atual de exportação inclui produtos como minérios, como minerais conglomerados de ferro que em média representam mais de 90% do valor total exportado. Outros bens exportados incluem ouro em barra, manganês e cromita, celulose, cavaco, suco de frutas, açaí, carnes bovinas, gado vivo, feijão, madeira tropical serrada, palmito, barcos e embarcações de recreio, frutas frescas ou secas. Estes bens, produzidos ou beneficiados 4 2011,2012 e 2013: projeções com dados do IBGE. Disponível em Contas Regionais 2009, Amapá, IBGE, 2011 e http://pt.wikipedia.org/wiki/Predefini%C3%A7%C3%A3o:Evolu%C3%A7%C3%A3o_do_PIB_do_Ama p%C3%A1 http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pibmunicipios/2005_2009/tabelas_pdf/tab01.pdf 5 Principais países compradores de minérios do Amapá: China, Reino Unido, Itália, Estados Unidos, Índia, França, Japão, México, Indonésia, Alemanha, Chile, Canadá, Malásia, Argentina, Austrália, Panamá, Espanha, Finlândia, Holanda, Suíça, Coréia do Sul e Portugal. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 5 no Amapá tornaram possível alterações consideráveis no saldo da balança comercial do estado durante os últimos anos. Desde 2009 a balança comercial do Amapá registra crescimentos importantes nos saldos da balança comercial do estado. Os saldos comerciais, calculados em 182.839 mil U$ FOB em 2009 passam a 352.978 mil U$ FOB em 2010 e 602.792 mil FOB* em 2011. Em 2012 a balança apresenta certa retração com referência aos totais alcançados em anos anteriores, segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior6, dispostos na Tabela 1.3. Tabela 1.3 Principais produtos exportados pelo Amapá . Produtos Exportados 2012 (US$ FOB) Part % Minério de ferro.............................................. 405.212.181 Madeira de nao conifera ................................ 16.432.448 Frutas............................................................... 12.694.435 Sucos (sumo) ................................................... 4.894.022 Madeira de coniferas, ..................................... 3.321.731 Cromita .......................................................... 3.158.587 Outras madeiras tropicais ............................. 425.343 Armações e cabos (madeira) .......................... 364.268 couros/peles,bovinos ....................................... 237.860 palmitos conservados ..................................... 152.521 Outros produtos 561.938 Total exportado 447.241.260 Fonte: SECEX (adaptação) 2011 (US$ FOB) Part % 554.509.336 27.703.844 6.597.458 91,99 4,60 1,09 ----1,75 0,13 ------- 90,60 3,67 2,84 1,09 0,74 0,71 0,10 0,08 0,05 0,03 100,00 10.520.015 754.832 15.526 572.424.870 602.792.470 100,00 Var % 26,92 40,69 92,41 ----69,98 43,65 ------26,92 25,81 Os principais produtos que o Amapá exportou em 2012 foram: minério de ferro, com mais US$ 600 milhões negociados, seguido pela madeira tropical serrada (US$ 27.703,84), a cromita (minério de cromo), com quase US$ 10,6 milhões comercializados, e frutas e plantas, representando aproximadamente US$ 6,6 milhões em produtos vendidos aos mercados internacionais. O produto mais exportado pelo Amapá é o minério. As principais empresas exportadoras de minerais do Amapá são: Anglo Ferrous Amapá Mineração, Unamgen Mineração, Mineração Vila Nova, Zamapa Mineração.A lista dos principais produtos exportados é apresentada pela SEPLAN do Estado do Amapá7. 6 Fonte: SEPLAN/AP. Disponível em: http://www.seplan.ap.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=184%3Aamapabalanca-comercial&catid=58%3Aconjunturas&Itemid=24. Acessado em 12.08.2013 7 Quadro: Exportação brasileira (AMAPA)disponível em: http://www.seplan.ap.gov.br/publicacao/conjunturas/principais_produtos_exportados.pdf (SECEX) A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 6 A evolução positiva do saldo da balança comercial do Amapá ocorre, principalmente, em função dos incentivos oferecidos às empresas investidoras, dentro das prerrogativas da Lei nº 0144 e 11.196/05, regulamentada para fomentar o desenvolvimento tecnológico do País. As isenções de imposto de renda de até 100% são opções para os empreendedores inovadores em tecnologia interessados em investir no estado, dentro do estabelecido pela legislação (Lei 0144 e 11.196/05). 1.4 Infraestrutura e Serviços Malha Viária A infraestrutura de transporte em apoio à produção no estado do Amapá compõe-se de uma duas rodovias federais, a BR156 e a BR 210 além da estrada de ferro Porto de Santana - Serra do Navio. A rodovia BR156 corta longitudinalmente o estado de norte a sul partindo de Laranjal do Jarí no sul do estado alcançando a fronteira do Brasil com a Guiana Francesa no município de Oiapoque. Dos 586 km da BR 156, 270 estão pavimentados. Ao longo do eixo da BR156 se inserem trechos de estradas estaduais não pavimentadas de acesso aos municípios de Cutias, Itaubal, Cuxanin e Goiabal. A estada de ferro tem extensão de 194 km e uma capacidade de transporte de caras de 1,5 milhões de toneladas anuais. A estada de ferro foi construída para transporte de manganês, sendo a única ferrovia de bitola standard no Brasil. A ICOMI, empresa proprietária da ferrovia em associação com a Bethlehem Steel vendeu sua participação em 1980 para a CAEMI paralisando a produção de manganês em 1997. A Figura 1.1. descreve a malha viária do Estado do Amapá em que se destacam as ligações rodo - ferroviárias e a localização dos distritos mineiros. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 7 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 8 Porto de Santana O Porto de Santana é saída essencial para o comércio internacional do Estado e através dele se dá o escoamento crescente de materia prima e manufaturados. O escoamento de cargas através do porto passou de 1,5 milhões de tonelas em 2005 para 8,5 milhões de toneladas em 2012, como se pode observar no Grafico 1.18. Gráfico 1.1. Movimentação de cargas na Companhia de Docas do Porto de Santana O Porto de Santana está condicionado para receber navios de grande calado (12m) e está situado estrategicamente ante os principais centros comerciais da Europa, Estados Unidos e bacia do Caribe. A área total sob administração da CDSA - Companhia Docas de Santana é 15 ha. O Porto tem condições de atracamento para navios de até 40 mil toneladas. As possibilidades de uma maior integração com o canal do Panamá, em razão das adequações que ali se efetivam atualmente abrem perspectivas importantes para o desenvolvimento das capacidades produtivas do Amapá. Um dos impactos principais das novas condições de navegabilidade oferecidas pelo canal será a conformação de 8 CDSA: Informação disponível em: http://www.docasdesantana.com.br/tarifa.php. Acessado em 05.10.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 9 oportunidades para desenvolvimento de um grau mais elevado de competitividade para a produção do Amapá para acessar os mercados asiáticos e da costa oeste dos Estados Unidos. Outras conexões no estuário do rio Amazonas serão igualmente pontecializadas na medida em que se concretizam os planos de asfaltamento da BR 163 (Cuiabá-Santarém) e do sistema hidroviário. A Figura 1.2 mostra o mapa da conexão potencial entre a BR 163 para a viabilização do escoamento da produção do Amapá. Figura1.2. Mapa da BR 163 Santarém - Cuiabá Terminal de granéis O Terminal de Granéis sólidos está situado no unicípio de Santana, conta com um berço de 208 m permitindo a movimentação de navios de até 45 mil toneladas. É administrado pela empresa privada Mineração Tocantins. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 10 Aeroporto Internacional de Macapá9 O aeroporto conta com uma pista de 2088 m de comprimento e 45 m de largura, com capacidade de carga de até 50 toneladas. O aeroporto conta com armazem alfandegado. Energia A responsabilidade do abastecimento de energia elétrica está a cargo da Eletronorte, que é uma concessionária da Eletrobrás. A energia do sistema EletrobrásEletronorte é distribuída no Estado pela Companhia de Eletricidade do Amapá - CEA. O sistema de transmissão da Eletrobrás-Eletronorte no Amapá, estruturado a partir da entrada em operação de Coaracy Nunes, conta com 505 km de linhas de transmissão em 69 kV e 138 kV, nove subestações e capacidade de transformação de 672 MVA. A empresa é responsável pelo funcionamento da Central Hidrelétrica Coaracy Nunes que contribui com as necessidades de energia do estado em 68MW e tem uma área de inundação de 23 km2. Parte da energia consumida no estado é de origem térmica gerada pela Usina Termelétrica de Santana que utiliza óleo diesel e tem capacidade de produção de 137MW. A Companhia de Eletricidade do Amapá disponibiliza energia para 12 dos 16 municípios do estado e tem sua tarifa controlada pela ANEEL. Os outros são atendidos por pólos de geração descentralizada da Companhia de Eletricidade do Amapá. Um companhia independente, a Amapari Energia alimenta o sistema com energia termoelétrica. Atualmente 3 projetos se encontram em fase adiantada de construção na bacia do rio Araguari, a central de Aproveitamento Hidrelétrico de Ferreira Gomes (AHE) com operação prevista para 2014 e capacidade potencial de 252 MW, A PCH Capivara na bacia do rio Araguari, com capacidade de gerar e a AHE CachoeiraCaldeirão. 9 Amapá. Governo. Secretaria da Estado da Industria, Comércio e Mineração. Guia do Investidor/Governo do Estado do Amapá. Organização de Raimundo Nonato da Costa Oliveira e Maria Socorro Xavier de Figueiredo Menezes. 3. ed. - Macapá , 2007. 322 p.; 21 cm A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 11 A baixa oferta de energia elétrica durante os períodos de estiagem é critica para o desenvolvimento do estado e coloca em cheque sua capacidade de atração de investimentos. A implementação dos projetos mencionados e a construção do linhão de Tucurui contribuirão para reforçar a infraestrutura de desenvolvimento econômico do estado 10 . Abaixo a Figura 1.3 mostra a distribuição de eletricidade do sistema Eletrobrás - Eletronorte no Estado pela Companhia de Eletricidade do Amapá - CEA11. AMAPÁ Fonte: Sistema Eletrobrás-Eletronorte 1.5 Desenvolvimento humano do Amapá O Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento para o Brasil revela mudanças substanciais com relação aos resultados dos índices de desenvolvimento humano municipal (IDHM) para os municípios do país. O levantamento realizado permitiu acessar as condições de vida e bem estar para cada um dos municípios brasileiros, levando em consideração renda, longevidade ( expectativa de vida) e educação (alfabetização e matrículas escolares) . A 10 Disponível em http://www.iepa.ap.gov.br/arquivopdf/diagnostico_mineral_amapa.pdf acessado em 10.10.2013 11 Disponível em: http://www.eln.gov.br/opencms/opencms/pilares/transmissao/estados/amapa/ Acessado em 10.10.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 12 metodologia considera o índice 1, como desenvolvimento total, muito alto quando o índice é acima de 0,800;alto: entre 0,700 e 0,799, médio entre 0,600 e 0,699, baixo de 0,500 a 0,599 e muito baixo entre 0 e 0,499. Nos resultados obtidos para o Estado do Amapá, o IDHM foi estimado para os municípios conforme se pode observar na Tabela 1.3. Tabela 1.3. Relação dos municípios do Amapá com IDH correspondente - 2010 Municípios IDH alto IDH médio Macapá 0,733 Serra do Navio 0,709 Santana 0,692 Laranjal do Jarí 0,665 Oiapoque 0,658 Ferreira Gomes 0,656 Calçoene 0,643 Amapá 0,642 Amapá 0,640 Porto Grande 0,628 Cutias 0,626 Pedra Branca do Amapari 0,619 Pracuúba 0,614 Tartarugalzinho Mazagão Itaubal Fonte: Relatório PNUD, 2010 IDH baixo 0,592 0,592 0,576 De acordo com o relatório o Amapá se encontra na 160 posição entre os estados brasileiros. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 13 CAPÍTULO 2: Patrimônio Natural do Amapá 2.1 Recursos minerais O Amapá é reconhecido por suas riquezas minerais presentes e pela biodiversidade expressada na cobertura florestal, recursos madeireiros e importantes recursos pesqueiros. Fazem parte dos recursos minerais importantes jazidas de ferro, cromo, manganês, tantalita, caulim e argilas e outros. Estima-se que mais de 20% da superfície do estado esteja sobre formações geológicas pouco ou nada exploradas. O manganês foi por décadas o principal produto da extração mineral do estado, responsável por mais de 80% da produção nacional na década de 60 12. A sua exploração faz parte do histórico desenvolvimentista da Região Norte e adquiriu importância para a economia do estado com o inicio da produção industrial em 1953 em Serra do Navio pela ICOMI associada à empresa norte-americana Bethlehem Steel. O consórcio investiu na construção de uma estrada de ferro e um porto no município de Santana 13 , que contribuíram para o escoamento da produção até 1997, ano do encerramento das atividades das atividades da empresa. A finalização das atividades da ICOMI se deve em parte ao reconhecimento da existência de um importante passivo ambiental representado pelo arsênio depositado durante os processos de pelotização do mineral para exportação. A extração mineral sustentável se coloca como uma das atividades estratégicas para o desenvolvimento do estado em razão de constituir-se numa fonte importante de receita e de compensações financeiras (royalties), tendo em consideração a geração de passivos ambientais. A aplicação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos 12 Plano de prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Estado do Amapá- PPCDAP, Macapá, 2010. 1313 GUIMARÃES Q. S. H. C. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical da Universidade Federal do Amapá - UNIFAP – Acessado em: http://saojose.unifap.br/wpcontent/plugins/downloads-manager/upload/Helena.pdf - 06.08.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 14 Minerais (CFEM) implica na geração de recursos para a União (12%) para o Estado do Amapá (23%) e para o Município (65%). Apesar da oportunidade não houve disciplinamento da utilização do CFEM e problemas de regularização da cessão, uso e controle de lavras de mineração continuam sendo problemas sérios especialmente relacionados com o garimpo em unidades de conservação e terras públicas em geral. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 15 2.2 Florestas e Biodiversidade do Estado do Amapá 2.2.1 Cobertura Vegetal O Estado do Amapá sintetiza em seu território grande parte da diversidade dos ecossistemas amazônicos que, em conjunto, representam três grandes unidades de paisagem. O estado se apresenta perante as demais unidades da federação como o detentor da maior cobertura vegetal relativamente ao território ocupado. Estima-se que sua cobertura vegetal corresponda a mais de 98% dos seus 143 mil km2.. No que se refere à conservação dos recursos naturais, o Estado ainda apresenta uma situação privilegiada, em função da baixa nível de antropismo, conseqüente da baixa densidade demográfica do Amapá. A distribuição das fisionomias da vegetação se acomoda à existência de duas zonas geomorfológicas claramente definidas. As áreas características das depressões da Amazônia Setentrional cobrem mais de 70% do estado e abrigam a maior parte das florestas densas, características das partes centrais e ocidental do ocidental do Estado14. A Planície Costeira constitui a outra zona geomorfológica de importância no Amapá e compreende cerca de 25% da extensão do estado. A Planície Costeira se modula ao logo de toda a faixa litorânea, estando nela presentes redutos de cerrado, áreas de campo, restingas, florestas de transição e manguezais. Na planície costeira existem inúmeros lagos, várzeas, terrenos alagados e pantanosos, como uma área de muita diversificação natural com vegetação arbustiva e herbácea juntamente com áreas de manguezais15 constituindo-se ainda em um imenso reduto de biodiversidade aquática. No sentido do centro do estado, principalmente sobre as formações Barreiras, com solos bastante lixiviados, sobre os quais surgem formações de savanas, que fazem parte dos cerrados do Amapá com períodos de estiagem bem marcados. Nas terras mais elevadas, onde o relevo já se encontra bastante dissecado até se alcançar as montanhas de Tumucumaque a oeste, predominam fisionomias de uma vegetação densa de porte elevado que colonizou terrenos com solos mais evoluídos e onde a intensidade e freqüência mensal das chuvas foram seus principais condicionantes. 14 15 PPCAP, 2010, Governo do Amapá IBGE. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 16 2.2.1.1 As formações florísticas As formações florísticas do Amapá encerram 6 tipos de fisionomias vegetais: a. Florestas pluviais ombrófilas; b. Formações de cerrado (ou campos naturais); c.Manguezais; d. Restingas; Campos inundados (ou campos de várzea); e d. Florestas de palmeiras. A Tabela 2.1 resume a localização das principais formações florísticas do Amapá e participação percentual na cobertura vegetal. Tabela 2.1. Principais formações florísticas do Estado e distribuição Formação florística Cobertura do estado Principais áreas Florestas úmidas ombrófilas 80% Norte, Oeste, Partes do Leste Centro e Centro Sul Cerrados 6% Centro sul, Nordeste Restingas e manguezais 11% Foz do Amazonas, Faixa costeira Lagoas e alagados 8% Faixa costeira Áreas de transição 3% Ao longo das manchas de cerrado/floresta ombrófila. Fonte: Adaptado de PPCAP As florestas do Amapá são predominantemente do tipo pluviais ou ombrófilas e perenifólias e se estendem por mais de 80% da área do estado. As florestas pluviais úmidas são adaptadas às condições geomorfológicas e se distribuem em formações de terra firme, sem influência de inundações, às áreas aluviais com alguma influência de inundação às florestas de igapós, permanentemente inundadas. As matas de várzea têm influência do sistema de marés associado ao Rio Amazonas16. 16 Fonte: http://www.iepa.ap.gov.br/estuario/arq_pdf/vol_1/cap_5_vegetacao_atual.pdf. Disponível em: http://www.iepa.ap.gov.br/estuario/arq_pdf/vol_1/cap_5_vegetacao_atual.pdf. Acessado em05.08.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 17 2.2.1.2 A biodiversidade do Amapá O Estado do Amapá tem uma biodiversidade rica e pouco alterada. O conjunto de plantas e animais, incluindo a vida aquática dos rios, lagos e litoral é extremamente diverso e contribui significativamente para a economia e a construção cultural de milhares de habitantes da região. A avifauna do estado é comparada com as regiões de megadiversidade, como o Equador e Costa Rica. No Amapá se estiva um total de espécies de pássaros superior a 600 espécies e mais de 770 mil espécies animais e vegetais cujo conhecimento está em construção. Os esforços do estado vêm favorecendo um arcabouço de condições favoráveis para o encaminhamento e consolidação de políticas públicas com o objetivo de salvaguardar o imenso patrimônio natural. Com base na legislação nacional sobre biodiversidade e nas convenções internacionais de que o Brasil é membro, foi aprovada em 1997 a Lei Estadual n.0388 de 10.12.1997, que dispõe sobre os instrumentos de controle e acesso à biodiversidade do Estado do Amapá. A Lei estabelece: a. Mecanismos de controle e fiscalização do patrimônio natural do Amapá; b. Proteção, Conservação e a devida Utilização Sustentável, visando distribuição equitativa de benefícios com intuito de promover justiça social; c. A defesa dos recursos naturais do Amapá e os conhecimentos das sociedades tradicionais contra a biopirataria.17 2.3 Unidades de Conservação 2.3.1 As Unidades de Conservação do Amapá O Amapá é o estado com a maior extensão em áreas protegidas do país. As áreas protegidas do estado englobam 72% de seu território 18 Um total de 19 unidades de conservação faz parte um patrimônio de inestimável valor, que pode contribuir para a o fortalecimento de propostas de desenvolvimento de uso sustentável e valorização dos recursos naturais do estado. As áreas protegidas do Amapá são essenciais para a regulação do uso do bem comum e dentre suas muitas funções se destacam seu papel na manutenção do fluxo de serviços 17 Lei Estadual 0388. Disponível em: www.iepa.ap.gov.br/iepa_centro/.../Lei_de_Acesso_do_Amapa.ppt . Acessado em 10.08.2013. 18 Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Estado do Amapá – PPCDAP. Governo do Estado do Amapá PP 47 -53. Macapá, 2010. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 18 ambientais, a produção da madeira, de produtos da extração florestal essenciais para a segurança, permanência e desenvolvimento do modo de vida segurança e modo de vida das populações locais, ribeirinhos e povos indígenas. Das 19 unidades de conservação 12 são federais, 5 estaduais e 2 municipais totalizando uma área total de 8,488.696,66 hectares. A Tabela 2.2 resume as áreas totais das unidades conservação de uso sustentável e proteção integral. Tabela 2.2. Unidades de Conservação do Amapá - Categoria de jurisdição Jurisdição Tipo de UC Federal (ha) Estadual (ha) Municipal (ha) Proteção Integral 111,32 4.799.694,00 370,26 Total 4.800.545,84 Uso Sustentável 3.197.260,00 421.996,00 68.524,56 3.688.150,82 Total Geral 3.197.371,32 5.221.690,00 68.894,82 8.488.696,66 Fonte: ICMBio Com exceção da Resex do Rio Cajari e do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, nenhuma das unidades de conservação tem sua situação fundiária saneada ou funciona com um plano de manejo aprovado. A Tabela 2.3 indica as unidades de conservação do Amapá por categoria e jurisdição em 2013. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 19 Tabela 2.3 Unidades de Conservação do Amapá - 2013 Jurisdição Cat n. Nome PN de Cabo Orange Federal 1 PI Rebio Lago Piratuba Federal 2 PI EC Maracá-Ipioca Federal 3 PI Flona Amapá Federal 4 US EC do Jarí Federal 5 US Resex Rio Cajari Federal 6 PI Área 398.773,70 397.000,00 72.000,00 67675,72 412.000,00 501.771,00 Municípios Calçoene,Oiapoque Tartarugalzinho, Amapá Amapá Laranjal do Jarí, Almerim(PA) Amapá, F. Gomes, Pacuúba Laranjal do Jarí, Mazagão e Vitória do Jarí Calçoene, Laranjal do Jarí, Oiapoque,Pedra Branca do Amapari, Serra do Navio e Almerim (PA) Macapá Santana 7 PN M. do Tumucumaque Federal PI 3.828.923,00 8 9 10 11 12 13 14 15 RPPN Retiro Paraíso RPPN Revecom RPPN Seringal Triunfo RPPN Retiro Boa Esperança RPPN Aldeia Ekinox APA Fazendinha REbio do Paràzinho RDS Rio Iratapuru Federal Federal Federal Federal Federal Estadual Estadual Estadual US US US US US US PI US 46,75 17,18 9.996,16 43,01 10,87 136,59 111,32 806. 184,00 16 17 Apa Rio Cariau FLOES do Amapá Estadual Estadual US US 21.676,00 2.369.400,00 S. do Navio, Pedra Branca do Ferreira Gomes Porto Grande Macapá Macapá Macapá Laranjal do Jarí, Mazagão e Pedra Branca do Amapari Macapá Amapari, Mazagão, P. Grande, F. Gomes, Tartarugalzinho, Pracuúba,Amapá, Calçoene e Oiapoque 18 19 PN Mun de Cancão RESEX Beija-flor –Brilho de Fogo Municipal Municipal PI US 370,26 68.524,56 Serra do Navio Pedra Branca do Amapari Fonte: ICMbio, 2013 A Figura 2.2 mostra a localização das unidades de conservação do Estado do Amapá. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 20 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 21 2.3.1.1 Unidades de Conservação de Desenvolvimento Sustentável RDS Rio Iratapuru Área: 806.184 ha Localização Municípios: Laranjal do Jarí, Pedra Branca do Amapari e Mazagão População Não tem população na área da UC. Vegetação Terra firme Gestão SEMA - Plano de Manejo em fase final de preparação Observações: A unidade de conservação RDS Rio Iratapuru está situada a 270 km da capital Macapá, na porção centro sul do estado tendo ao norte a TI Waiãpi e o Estado do Pará ao sul. Nas áreas de entorno da UC vivem em 5 comunidades cerca de 150 famílias que se dedicam à atividade extrativista com base na castanha-do-brasil e madeira de andiroba e breu branco. Existe uma cooperativa ativa (32 famílias) integrada à cadeia da castanha-do-brasil como sua principal atividade econômica, chegando a ter instalado uma unidade de extração de óleo de castanha e a produção de farinha de castanha integrada à merenda escolar da região 19. A RDS é de grande importância para o Corredor da Biodiversidade do Amapá, contendo mais de 300 espécies de pássaros, 105 de anfíbios e répteis, cerca de 80 mamíferos e 20 crustáceos. Na RDS foram observadas espécies endêmicas como o sapo venenoso Atelopius spumarius Ameaças e vulnerabilidades: pressões externas sobre áreas florestais para abertura de roçados, práticas inadequadas de manejo para a criação de búfalos nas áreas de entorno, com danos aos sistemas naturais da movimentação de cardumes e de outras espécies existentes nos campos inundados. Reserva Extrativista do Rio Cajari – RESEX - CA Área: 532.397 ha Localização Municípios: Laranjal do Jarí, Vitória do Jarí e Mazagão População 50 comunidades na área da UC. Vegetação Heterogênea: Terra firme, Floresta de várzea, Campo inundável e Cerrado Gestão ICMBio - Plano de Manejo em fase final de preparação Observações: A RESEX Cajari – CA está situada a 200 km de Macapá, no sul do estado e não tem limites com outras unidades de conservação. A parte norte da RESEX concentra as áreas de cerrados e florestas de terra firme, enquanto a parte central é conformada por campos inundáveis. À leste da UC predominam florestas de várzea e campos inundáveis. A RESEX está composta por um conjunto heterogêneo de fisionomias, situação que facilita a ocorrência de um variado leque de atividades extrativistas conduzidas pela maior parte dos 3050 moradores (552 famílias) que vivem no interior da RESEX nas 50 comunidades que se distribuem principalmente ao longo do Rio Cajari. Além das atividades de agricultura de subsistência, os moradores da RESEX se dedicam principalmente à coleta do açaí em fruto e palmito, coleta da castanha-do- brasil e à extração de madeira para usos locais. A pesca é muito praticada, especialmente do camarão. Estuda-se atualmente a viabilidade de manejo do queixada (porco do mato). O grande desafio que tem a gestão da RESEX é a implementação de alternativas de produção compatíveis com as capacidades de gestão dos moradores e das associações de moradores. Ameaças e vulnerabilidades: O desmatamento é uma ameaça permanente para a manutenção do caráter da RDS (principalmente em sua parte oeste), pelo fato de ter seu acesso facilitado pela BR 156. A RESEX possui uma das maiores riquezas de espécies de anfíbios do Estado do Amapá 20. Fonte: SEMA, Áreas Protegidas do estado do Amapá, Macapá, 201 19 Fonte: disponível em: http://naturaekos.com.br/rede-ekos/iratapuru/ Acessado em 12.082013 Disponível em: periodicos.unifap.br/index.php/biota/article/download/157/321. Acessado em 15.08.2013. 20 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 22 Reserva Extrativista Municipal Beija-flor Brilho de Fogo Área: 68.524,20 ha Localização Município: Pedra Branca do Amapari População 50 comunidades na área da UC. Vegetação Ombrófila densa submontana Gestão Prefeitura Municipal de Serra do Navio Observações: A RESEX está situada em Pedra Branca do Amapari, com acesso pela BR 156 e BR 210, distante em cerca de 272 km de Macapá. A UC está limitada ao Sul pela RDS Iratapuru e a oeste pelos assentamentos Pedra Branca e Munguba. seu acesso facilitado pela BR 156. Ameaças e vulnerabilidades: A UC esteve ameaçada por focos de garimpo, tem um problema de sobreposição com a Floresta Estadual do Amapá. Outra ameaça se deve à proximidade de BR 210. Área de Proteção Ambiental do Rio Curiaú – APA do Rio Curiaú Área: Localização Bacia do Rio Curiaú, Município de Macapá População Vegetação Gestão População de 180 Heterogênea: SEMA famílias residentes Terra firme, em 8 comunidades Floresta de 21.676 ha com laços históricos várzea, Campo de 3 comunidades inundável e quilombolas UC. Cerrado Observações: A APA do Rio Curiaú faz limites com o Rio Amazonas a leste, ao norte com Campina Grande do Curiaú, a oeste com a rodovia 156 e ao sul com Macapá. A APA constitui um espaço de importância cultural em razão da presença de quilombos. O acesso à APA pode ser realizado por via fluvial e pelas estadas BR 210, BR 156 e AP 70. As formações de cerrado predominam na paisagem alem da presença de florestas de várzea, campos inundáveis. A APA possui cobertura vegetal classificada, segundo Amapá (2007,p. 39), como, 43% formada por cerrado, 21% de floresta de várzeas, 23% campos de várzeas, 6% de mata de galeria, 6% ilhas de mata, 1% rios e lagos 21. A Bacia do Rio Curiaú, tem 40% de sua área dentro da UC; a terra e os recursos hídricos da APA servem de habitat a diversas espécies animais e vegetais, são fontes de inspiração dos movimentos culturais de Macapá, e ainda servem para o lazer da população da capital e atrativo turístico a quem chega em Macapá. Ameaças e vulnerabilidades: A área da APA vem sendo impactada pela expansão do município de Macapá. A caça, a pesca predatória, a produção de búfalos e a especulação imobiliária são ameaças permanentes para o manejo sustentável de concepção da APA. A fragmentação dos habitats em razão de queimadas e pressão por caça afeta a biodiversidade biológica da APA. A parte da APA mais próxima a Macapá está sujeita à degradação devido à criação de búfalos que causam compactação do solo e a formação de canais de drenagem. Parte das savanas é utilizada para agricultura e criação de gado22. 21 APA do Rio Curiaú: Disponível em: http://www.anppas.org.br/encontro6/anais/ARQUIVOS/GT3-901689-20120711072713.pdf. Acessado em 10.08.2013 22 Disponível em: cemave.net/ornithologia/index.php/ornithologia/article/view/49 Ornithologia 4 (1):36-48, dezembro 2010 , K M. O Aguiar. & R H Naiff A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 23 Floresta Nacional do Amapá - FLONA Área: 412.000 ha Localização População Porção central do 50 comunidades estado, na área da UC. municípios de Serra do Navio, Pracuúba,Ferreira Gomes e Amapá Vegetação Floresta densa ombrófila submontana de terras baixas (predominante) Gestão ICMBio - Plano de Manejo em fase final de preparação Observações: A Floresta Nacional do Amapá, criada em 1989. É primeira Unidade de Conservação de Uso Sustentável do estado. A FLONA abrange uma área de 412 mil hectares de floresta tropical. Ocupa um importante espaço dentro quase 11 milhões de hectares do Corredor da Biodiversidade do Amapá, que faz parte do Escudo das Guianas, o maior conjunto de áreas protegidas de florestas tropicais do mundo. A Floresta densa de terra firme é a vegetação predominante, com uma parcela significativa de florestas de várzea. Nos levantamentos realizados, verificou-se que em seus rios existe uma grande diversidade de peixes e crustáceos. Foram registradas no local, um alto número de espécies de anfíbios, lagartos, jacarés, quelônios e serpentes, indicando que esta UC possui uma das mais altas diversidades registradas na Amazônia Brasileira23. A Floresta Nacional do Amapá tem um elevado índice de biodiversidade, sendo uma da unidades mais protegidas do estado. O acesso à área é difícil e na sua delimitação contribuem dois dos grandes rios do Amapá, o Araguari e o Falsino na porção sudeste na Flona. A vegetação predominante é de floresta densa ombrófila, embora existam concreções de cerrado, campos inundáveis e florestas de várzea que abrigam mamíferos ameaçados de extinção, como a onça pintada, gato de mato, ariranha, tatu canastra e o tamanduá bandeira. A Flona tem elevado potencial de espécies florestais madeireiras, como o louro vermelho, a maçaranduba, piquiá, angelim rajado, aquariquara, cupiúba, tatajuba, cumaru, sorva, quaruba, mandioqueira, copaíba entre outras. As espécies não madeireiras mais importantes são o cipó titica, açaí, bacaba e a pupunha. A conservação e administração da Flona do Amapá conta com o apoio de diversas parcerias entre instituições de governo e ONGs com o propósito de criar condições de tornar a FLONA num modelo de gestão para unidades de conservação. Diversas ações são levadas a cabo na FLONA, destacando-se além da realização de cursos de capacitação, estudos específicos da biodiversidade da área, inventários para planos de negócios do açaí e cipó titica, levantamentos dos estoques de pesca, estudos das potencialidades da FLONA para o ecoturismo entre outros. Ameaças e vulnerabilidades: O desmatamento é uma ameaça permanente provocada pela presença de uma grande população assentada no município Serra do Navio e por garimpos ilegais alojados no interior da UC. 23 fonte: disponível em: Acessado em: 12.12.2013 http://www.conservation.org.br/onde/amazonia/index.php?id=100012. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 24 Floresta Estadual do Amapá FLOTA Área: 2.3milhões de ha Localização Serra do Navio, Pedra Branca,Mazagão,Porto Grande, Tartarugalzinho, Ferreira Gomes, Pracuúba, Amapá, Calçoene e Oiapoque População Vegetação Floresta densa ombrófila submontana de terras baixas (predomina nte) Gestão IEF/SEMA Plano de Manejo em fase final de preparação Observações: A Floresta Estadual do Amapá se estende ao longo do eixo norte sul do Amapá sobre uma base organizada em quatro módulos sobre dez municípios do Amapá, abrangendo 16,5% de sua extensão total. O acesso à FLOTA é feito pelas estradas BR 156 e BR 210. A Flota está limitada ao norte pela TI Uaçá, ao sul com a RDS Rio Iratapuru, a oeste com o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e a nordeste com o Parque Nacional do Cabo Orange. A FLOTA abrange 10 municípios do Amapá, ocupando extensões que variam de 15 a 40% das áreas dos municípios. A FLOTA foi objeto de um zoneamento que a subdivide em 4 módulos integrados por diferentes ecossistemas. Com o zoneamento se possibilita a utilização de diversas maneiras de seus recursos naturais, ademais de promover a conservação, as atividades na FLOTA incluem o extrativismo, visitas, recuperação de áreas degradadas e o manejo florestal sustentável para fins de produção madeireira. Os recursos financeiros que permitem a implementação do plano de manejo da FLOTA-AP provém do Fundo de Conservação Ambiental do Estado do Amapá e do Instituto Estadual de Florestas. A Tabela 2.4 indica o porcentual de ocupação dos municípios. Tabela 2.4 Municípios de abrangência da FLOTA Área total do Município Município (ha) 915.694 Amapá 1.425.917 Calçoene 504.546 Ferreira Gomes 1.312.419 Mazagão 2.261.392 Oiapoque 949.488 Pedra B. do Amapari 439.902 Porto Grande 495.308 Pracuúba 775.430 Serra do Navio 670.643 Tartarugalzinho Área da FLOTA (ha) 141.558,13 560.130,37 83.898,81 218.158,74 557.708,54 157.056,86 177.886,90 118.809,40 190.462,35 172.058,57 % 15 39 17 17 25 17 40 24 25 26 Fonte: Ameaças e vulnerabilidades: O desmatamento é uma ameaça permanente provocada pela presença da população assentada em 18 assentamentos situados nas áreas de entorno da Floresta Estadual do Amapá. Fonte: SEMA (AP) A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 25 Figura 2.3 Mapa da Floresta Estadual do Amapá - Flota A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 26 2.3.1.1 Parque Nacional Serras do Tumucumaque O Parque Nacional Montanhas de Tumucumaque, criado em 2002, fica localizado na parte oeste da região das Guianas; sua área compreende o noroeste do Amapá e pequena parte do Pará. O PNMT constitui, o maior conjunto de floresta tropical do mundo, com 3.870.000 hectares, compreendendo uma grande e contínua área de floresta. Integra um complexo de 11.000.000 hectares de área conservada, composta de terras indígenas (Parque Indígena Tumucumaque, Terra Indígena Waiãpi e Terra Indígena Rio Paru D’Oeste) e quatro unidades de conservação (Floresta Nacional do Amapá, Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, Estação Ecológica do Jarí e Reserva Extrativista do Rio Cajari). O documento do Plano de Manejo do PMT destaca a importância do parque nacional em razão de sua posição geográfica, magnitude e excelente estado de conservação. O estudo, por outro lado ressalta também o estímulo que a ação de criação do PNMT representa na esfera do desenvolvimento de políticas conservacionistas em outros países. Ademais situa o processo de criação do PNMT como um dos elementos componentes dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento INID e a iniciativa para Integração da Infraestrutura Sul Americana - IIRSA. A ENID passou a ser desde 1996 a fazer parte do PPA denominado Arco Norte, conformado por Roraima e Amapá. 2.3.2 Estratégias de conservação - Amapá O Estado ainda apresenta uma situação privilegiada, em função do baixo nível de antropismo resultante da baixa densidade demográfica do Amapá, constituindo-se no estado detentor da maior cobertura vegetal relativamente ao território ocupado. Estimase que sua cobertura vegetal corresponda a 98,7% dos seus 143 mil km2. Dentro dos esforços do estado do Amapá para o estabelecimento de uma estratégia de conservação estabelecido em 2003, se destaca a iniciativa de longo prazo do Corredor de Biodiversidade do Amapá. O CBA foi concebido promover a manutenção das áreas florestais da Amazônia e sua consolidação. A proposta se dá através de uma rede de áreas protegidas e espaços de uso menos intensivo. Como seu objetivo maior, o A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 27 Corredor da Biodiversidade se propõe a reduzir o risco de fragmentação das Unidades de Conservação integrando formas de manejo diversificadas 24 dentro de formas compartilhadas de gestão do espaço comum. Outro projeto de grande importância para o futuro do estado é o projeto Mosaico concebido em vista a integridade territorial das terras indígenas 25 e das unidades de conservação nas regiões Oeste do Amapá e Norte do Pará. Os Mosaicos se apóiam em instrumentos do artigo 26 do SNUC, que orienta a gestão integrada e participativa de Unidades de Conservação e outras Áreas Protegidas. O MMA reconhece o Mosaico do Amapá e Pará, como o primeiro Mosaico do Brasil a incorporar terras indígenas em sua composição com a Portaria n. 4 de 03/01/2013. A área total do Mosaico alcança 12.400.000 hectares dentro de uma das regiões mais conservadas do Brasil abrangendo três Terras Indígenas (TIs) e seis Unidades de Conservação (UCs) em âmbito municipal, estadual e federal 26 . O Corredor é composto por áreas protegidas, que representam quase 55% do Estado. Em sua totalidade abrange 12 unidades de conservação, sendo dois Parques Nacionais, uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável, três Estações Ecológicas,três Reservas Biológicas, uma Reserva Extrativista, uma Área de Proteção Ambiental, uma Floresta Nacional, além de quatro Terras Indígenas - Juminá, Galibi, Uaça, Waiãpi - que congregam cerca de 4.500 índios27. A Tabela 2.5 indica as áreas protegidas componentes do mosaico e a responsabilidade de gestão. Tabela 2.5 Áreas protegidas do mosaico Área protegida Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque Floresta Nacional do Amapá Floresta Estadual do Amapá Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru Parque Natural Municipal do Cancão Reserva Extrativista Beija-Flor Brilho de Fogo Terra Indígena Waiãpi, Terra Indígena Parque do Tumucumaque, Terra Indígena Rio Paru D´Este Fonte: Instituto IEPE Instituição responsável ICMBio; ICMBio; SEMA/ Amapá; SEMA/ Amapá; SEMA Municipal de Serra do Navio; SEMA Municipal de Pedra Branca do Amapari Fundação Nacional do Índio (FUNAI). 24 24 Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Estado do Amapá – PPCDAP. Governo do Estado do Amapá p. 51. Macapá, 2010. 25 TI- Terras Indígenas: As terras indígenas do Amapá somam 1,18 milhões de hectares e abrigam populações na TI denominadas: Uaça, Juminã, Galibi, Waiãpi e Tumucumaque. 26 Instituto IEPÉ. Disponível em: http://www.institutoiepe.org.br/, acessado em 06.08.2013 27 Fonte: Fonte: Conservation International Brasil . Disponível em http://ecoviagem.uol.com.br/noticias/turismo/ecoturismo/amapa-sediara-o-maior-corredor-debiodiversidade-do-pais-3204.asp. Acessado em 10.10.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 28 O projeto tem apoio do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (IEPÉ) e envolve duas unidades de conservação, três terras indígenas e três assentamentos, conta com apoio de diversas instituições nacionais e organizações de cooperação internacionais. As terras indígenas do Amapá. Outro projeto de grande importância para o futuro do estado é o projeto Mosaico. O projeto foi concebido tendo em vista a integridade territorial das terras indígenas 28 e unidades de conservação nas regiões Oeste do Amapá e Norte do Pará. Os Mosaicos se apoiam em instrumentos previstos pelo artigo 26 do SNUC, que orienta a gestão integrada e participativa de Unidades de Conservação e outras Áreas Protegidas. O MMA reconheceu o Mosaico do Amapá e Pará, como o primeiro Mosaico do Brasil a incorporar terras indígenas em sua composição com a Portaria n. 4 de 03/01/2013. A área total do Mosaico alcança 12.400.000 hectares dentro de uma das regiões mais conservadas do Brasil, o Projeto abrange três Terras Indígenas (TIs) e seis Unidades de Conservação (UCs) em âmbito municipal, estadual e federal29. A tabela 2.6 indica as áreas protegidas componentes do mosaico e a responsabilidade de gestão. Tabela 2.6 Áreas protegidas do mosaico Área protegida Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque Floresta Nacional do Amapá Floresta Estadual do Amapá Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru Parque Natural Municipal do Cancão Reserva Extrativista Beija-Flor Brilho de Fogo Terra Indígena Waiãpi, Terra Indígena Parque do Tumucumaque, Terra Indígena Rio Paru D´ Este Fonte: Instituto IEPE Instituição responsável ICMBio; ICMBio; SEMA/ Amapá; SEMA/ Amapá; SEMA Municipal de Serra do Navio; SEMA Municipal de Pedra Branca do Amapari Fundação Nacional do Índio (FUNAI). O projeto tem apoio do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) e envolve duas unidades de conservação, três terras indígenas e três assentamentos, conta com apoio de diversas instituições nacionais e organizações de cooperação internacionais. As terras indígenas do Amapá. 28 TI- Terras Indígenas: As terras indígenas do Amapá somam 1,18 milhões de hectares e abrigam populações na TI denominadas: Uaça, Juminã,Galibi, Waiãpi e Tumucumaque. 29 Instituto Iepé. Disponível em: http://www.institutoiepe.org.br/, acessado em 06.08.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 29 CAPÍTULO 3: Ocupação da Terra e Uso do Território 3.1 Agropecuária O desenvolvimento da economia agrícola do Estado do Amapá esteve tradicionalmente limitado pela baixa fertilidade dos solos lateríticos predominantes. A produção é praticamente de subsistência centrada em alguns produtos de consumo local produzidos em base às práticas tradicionais de agricultura itinerante que normalmente se resumem às roçadas e queimas com períodos de descanso dos solos de cerca de três anos. Os estabelecimentos agropecuários familiares são responsáveis da maior parte da produção de alimentos consumida no estado. As culturas temporárias incluem produtos básicos como o arroz, milho, feijão e a mandioca, além de café arábica, abacaxi e melancia. A mandioca é utilizada amplamente para a produção da farinha de mandioca consumida no estado. Esta produção é característica da agricultura familiar do Amapá e as áreas dedicadas às culturas mais importantes dos estabelecimentos familiares têm aumentado expressivamente ao longo dos anos, ainda que os rendimentos se mantenham relativamente estáveis, como demonstram os levantamentos do IBGE. O setor é um grande empregador, quando se estima que quase 80% do pessoal representando mais de 10.000 pessoas ocupadas no meio rural. A produção agrícola familiar, por outro lado corresponde a 37% do valor bruto da produção agropecuária do estado. As famílias agricultoras respondem por 93% do feijão, 89% da mandioca e 78% do café produzidos no estado30. Os estabelecimentos rurais familiares somam 2863, ocupando uma extensão de 130.770 ha, que representam pouco mais de 80% do total dos estabelecimentos existentes calculados em 3527 pelo Censo Agropecuário do IBGE de 2006. 30 Gov. do Brasil – Disponível em: http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/09/21/amapa-terar-37-milhoes-para-investimentos-em-agricultura-familiar. Acessado em 06.08.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 30 As culturas tradicionais administradas pela agricultura familiar se mantêm em certa estabilidade nos últimos anos especialmente para o arroz, feijão e o milho, ainda que a partir de 2010 venham experimentando certa redução com relação à extensão das áreas ocupadas. No caso do cultivo da mandioca, o mesmo fenômeno é observado logo de um pico com relação ao número de hectares dedicados para a cultura em 2011. Com base em dados preliminares do IBGE a mesma tendência de 2011 para 2012 é observada para a safra de 2013, denotando uma queda da área sob cultivo, como se pode interpretar com a leitura do gráfico 3.1. Gráfico 3.1 Evolução das áreas de cultivo (arroz, feijão, mandioca,milho) 14000 12000 Área (ha) 10000 8000 6000 4000 2000 0 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Ano Arroz Feijão Mandioca Milho Fonte: IBGE. PAM-2008 -2012 e dados preliminares de 2013 A produção de frutas no estado vem se incrementando ao longo dos últimos 5 anos, com destaque às culturas do abacaxi, da banana e da laranja. Este desenvolvimento se acentua a partir de 2008, com a produção de abacaxi experimentando incrementos significativos em área e produtividade nos últimos 5 anos passando de uma superfície plantada de 577 ha em 2008 para 1295 ha em 2013, o que representa um incremento de 62% em área ocupada pela cultura. O salto mais importante nesse processo de expansão é de quase 8% e se verifica entre 2012 e 2013. Os rendimentos médios por hectare cultivado crescem gradativamente nos últimos 5 anos saltando de 2.81 t/ha em 2008 para 5,59 t/ha em 2013. Com relação à banana e a laranja se observa uma ampliação das áreas sob cultivo no período analisado de 2008 - 2013 indicando uma expansão de 62% em área ocupada comparativamente a 2008. Em 2013 a área ocupada pela bananicultura é de 2100 ha. O incremento da área ocupada pela produção da laranja passa em 5 anos A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 31 de 1153 ha para 1560 ha. Os ganhos em produtividade são expressivos particularmente no caso da banana que passa de 3,38 t/ha em 2008 para 8,15 t/ha em 2013. Apesar de positivos os ganhos em produtividade não apresentam o mesmo comportamento para a laranja, cujo rendimento por hectare se altera de 8,35 t/ha em 2008 para 9,07 t/ha em 2013. A Tabela 3.1 resume os dados de área plantada, produção anual e rendimentos entre 2008 e 2013. Tabela 3.1 Produção de frutas - Amapá - Culturas principais 2008 - 2013 Abacaxi Ano Banana Laranja 2008 Área (ha) 587 Produção (t) 1651 Rendimento (t/ha) 2.81 Área (ha) 1293 Produção (t) 4364 Rendimento (t/ha) 3.38 Área (ha) 1153 Produção (t) 9623 Rendimento (t/ha) 8.35 2009 730 2159 2.96 1500 5849 3.90 1300 12163 9.36 2010 750 2787 3.72 1500 6415 4.28 1300 13558 10.43 2011 950 4220 4.44 1745 12162 6.97 1494 10775 7.21 2012 1200 5384 4.49 1900 15790 8.31 1560 13600 8.72 2013 1295 7250 5.60 2100 8.15 1560 17115 14150 Fonte: IBGE, PAM e dados preliminares de 2013 A produção pecuária conduzida pelos agricultores familiares contribui com cerca de 30% da produção do estado 31 . Com relação a outros tipos de produção animal a participação da produção familiar supera 50%, chegando a quase 60% no caso da produção suína. A produção da agricultura familiar no estado do Amapá conserva uma das principais características, que se propõe para a agricultura familiar, ou seja a de garantir um modelo de produção orientado sobre princípios de segurança alimentar. 3.1.1 A produção dos rebanhos do Amapá A criação de gado bovino e bubalino constitui atividade importante para o estado do Amapá. A atividade pecuária normalmente é conduzida em pastos plantados ou pastos naturais. As pastagens plantadas ocupam antigas áreas florestais e servem principalmente para o desenvolvimento do gado de corte (zebuíno). 31 ASPECTOS DA IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR NO ESTADO DO AMAPÁ Costa da Silva I.& Lomba M. R. Anais Eletrônico VIIII EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica CesumarCESUMAR – Centro Universitário de Maringá Editora CESUMAR Maringá – Paraná – Brasil. Disponível em: http://www.cesumar.br/prppge/pesquisa/epcc2011/anais/irenildo_costa_silva2.pdf Acessado:06.08.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 32 9.07 O rebanho bubalino vem substituindo o rebanho bovino e seu efetivo representa praticamente o dobro do primeiro fazendo do Amapá o único estado brasileiro com predominância do rebanho bubalino sobre o bovino. O rebanho bubalino do estado representa mais de 20% do total nacional ficando atrás somente para o estado do Pará. A adaptação e algumas características do búfalo facilitaram sua inserção no estado, principalmente nas regiões mais úmidas e alagadas ao longo da faixa litorânea. A pecuária tanto para os bovinos, como para bubalinos é de tipo extensiva e os níveis de produtividade são baixos. Ao longo dos 5 últimos anos o rebanhos animais de grande porte apresentam tendência de crescimento gradual, que se acentua nos últimos anos. Entre 2012 e 2011 tanto o rebanho bovino como o bubalino apresentaram crescimentos expressivos de 12% para o primeiro e de 7,9% para o segundo. Com relação aos rebanhos de mediano porte, apenas o rebanho suíno vem apresentando o mesmo comportamento e registra um aumento de 6,1% entre 2011 e 2012. A produção de caprinos e ovinos não apresentou comportamento similar e seu crescimento é negativo para o período considerado. Por outro lado, produção de aves apresentou um crescimento positivo para o mesmo período, calculado em 2,2%. A Tabela 3.2. indica a evolução dos rebanhos do Amapá entre 2008 e 2012. Tabela 3.2. – Evolução do Rebanho do Amapá entre 2008 e 2013 Rebanho Anos 2008 2009 2010 2011 95.803 104.977 114.773 127.499 Bovino 201.998 201.935 214.271 235.549 Bubalino 28.547 28.484 30.055 34.962 Suíno 2.218 2.501 2.657 2.894 Caprino 1.910 2.255 2.328 2.602 Ovino 56.167 54.854 60.567 67.588 Aves32 Fonte: Produção Pecuária Municipal (IBGE) 2012 142.825 254.046 37.089 2.891 2.416 69.082 Var. 20112012(%) 12 7.9 6,1 -0.1 -7,1 2.2 3.2 Extração mineral O Amapá é reconhecido por suas riquezas minerais presentes no subsolo e pela biodiversidade expressada na cobertura vegetal, seus recursos florestais e importantes 32 Aves: Dados representam somatória de galinhas, frangos e galos A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 33 recursos pesqueiros. Estima-se que mais de 20% de sua superfície esteja sobre formações geológicas que favorecem a existência de jazidas minerais, que apesar de tradicionalmente terem contribuído para a economia do estado, foram pouco ou escassamente exploradas. A maior parte do recurso é constituída por jazidas de minerais de ferro, cromo, manganês, tantalita, caulim e argilas entre outras. Por décadas, o manganês foi o principal produto da extração mineral do estado, alcançando mais de 80% da produção nacional na década de 60 33. A sua exploração faz parte do histórico desenvolvimentista da Região Norte e adquiriu importância para a economia com o inicio da produção industrial em 1953 em Serra do Navio pela ICOMI associada à empresa norte-americana Bethlehem Steel. O consórcio investiu na construção de uma estrada de ferro e um porto no município de Santana 34 , que contribuíram para o escoamento da produção até 1997, ano do encerramento das atividades da empresa. O encerramento das atividades da ICOMI se deve em parte ao reconhecimento da existência de um importante passivo ambiental representado pelo arsênio depositado durante os processos de pelotização do mineral para exportação. A extração mineral sustentável é considerada como uma das atividades estratégicas para o desenvolvimento do estado, constituindo-se numa fonte potencial de receita e de compensações financeiras (royalties), já que o processo de mineração leva em conta o potencial de geração de passivos ambientais. A aplicação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) implica na geração de recursos para a União (12%) para o Estado do Amapá (23%) e para o Município (65%). Apesar da oportunidade, não existe ainda um grau apropriado de disciplinamento da utilização do CFEM e a regularização da cessão, uso e controle de lavras de mineração continuam sendo problemas sérios especialmente relacionados com o garimpo em unidades de conservação e terras públicas em geral. Uma situação serve para caracterizar bem esta situação, como é o caso da exploração de 33 Plano de prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Estado do Amapá- PPCDAP, Macapá, 2010. 3434 GUIMARÃES Q. S. H. C. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical da Universidade Federal do Amapá - UNIFAP – Acessado em: http://saojose.unifap.br/wpcontent/plugins/downloads-manager/upload/Helena.pdf - 06.08.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 34 agregados para a construção civil, categoria que incluí material de ampla utilização como saibro e cascalho. Em 2006, a produção registrada de 12 milhões de reais, resultou na arrecadação de valores da CFEM de 31 mil reais, ou 0,3% do valor total da produção, percentual muito inferior da alíquota definida para esta classe de material35. Em 2011, a porcentagem majoritária dos produtos exportados estava constituída de minerais de ferro e de cromo (cromita) que perfaziam 93,47 % da produção exportada, deixando distantes, itens como a madeira e o açaí, como se observa na leitura do Gráfico 3.2. Exportações principais do Amapá - 2011 Minérios não aglomerados Madeira 5% 2% Cromita (minerios de cromo) Açai 1% 92% Fonte: SEICOM As reservas residuais do mineral no Amapá são calculadas em 5,71 milhões de toneladas, de uma total nacional de 187,67 milhões de toneladas localizadas no município de Serra do Navio. O manganês é amplamente utilizado na siderurgia (gusa), produção de ligas metálicas, vidros, na indústria química, pilhas e farmacêutica. Outro minerai de importância relevante para a economia do estado é a tantalita. Trata-se de um mineral raro encontrado no Amapá, de elevado valor comercial por unidade de peso com uma reserva estimada em 88 mil toneladas, equivalentes à 50% das reservas nacionais. O mineral é considerado altamente estratégico em razão de sua utilização em equipamentos de alta tecnologia para celulares, computadores e comunicações. O Estado conta ainda com reservas minerais de magnitude desconhecidas, como é o caso do minério de ferro. O ferro extraído atualmente do Amapá é exportado diretamente para a China e o Estado do Amapá participa com 2,08% da produção nacional anualmente exportada de 326,52 milhões de toneladas36. Por outro lado estima-se a presença de tório, urânio, caulim e de importantes depósitos de argilas que demandam estudos aprofundados sobre suas condições e potenciais. As jazidas exploradas estão distribuídas principalmente nas denominadas regiões socioeconômicas II e III propostas pelo Governo do Estado, que incluem 35 Diagnóstico do Setor Mineral do Estado do Amapá 2010 - Disponível http://www.iepa.ap.gov.br/arquivopdf/diagnostico_mineral_amapa.pdf - Acessado em 05.09.2013 em: 36 SINFERBASE – Sindicato Nacional da Indústria da Extração de Ferro e Metais Básicos, Relatório Anual de 2012 – Brasília, 2013. Disponível em: http://www.sinferbase.com.br/relatorios.php. Acessado em 10.08.2013. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 35 respectivamente os municípios de Laranjal do Jarí e Vitória do Jarí (II) e Serra do Navio, Porto Grande, Pedra Branca do Amapari, Ferreira Gomes (III). A Tabela 3.2 indica informações aproximadas das principais reservas minerais do Amapá e situação de extração atuais. Tabela 3.2. Produção mineral do Estado do Amapá, localização e reservas estimadas. Região/Município Reservas Modo de Exploração Mineral (mil t) Empresas Manganês Ferro Tantalita Cromo Ouro Serra do Navio Serra do Navio, Amapari, Pedra Branca 5.71037 Amapari, Araguari, Vila Nova, e Serra do Tumucumaque) Mazagão Calçoene39 - Garimpo 15,6 t 38 1.405.31840 Céu aberto/subterrânea Garimpo Semimecanizada Garimpo Industrial Industrial 0,3 bi Amapari e Araguari Cassiterita L Fontes:MME, Governo do Amapá (SEICOM), DNPM. Sistema Amapá Anglo American/Ironman - Mineração V. Nova - 3.2.1 Impactos da extração mineral Diversas são as causas dos impactos negativos da produção mineradora, tanto de tipo industrial como também do garimpo, que afetam o meio ambiente, a saúde e o bem estar da população do que se opera no Amapá. As consequências das atividades de mineração são de certa maneira mais controláveis no entorno dos projetos industriais de mineração. Uma das razões vem da introdução de melhorias tecnológicas na 37 Manganês (AP) Balanço Mineral Brasileiro 2001- *Maria do Rosário M. Costa **Rômulo Castro Figueiredo http://www.dnpm.gov.br/assets/galeriadocumento/balancomineral2001/manganes.pdf 38 As reservas brasileiras lavráveis são da ordem de 15,6 milhões de toneladas, com 4,9 milhões de toneladas de Cr2O3 contido. (Cromo) fonte: J. MG de Lima, MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA – MME/ BANCO INTERNACIONAL PARA A RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO – BIRD - Agosto de 2009 http://www.mme.gov.br/sgm/galerias/arquivos/plano_duo_decenal/a_mineracao_brasileira/P12_RT21_Pe rfil_da_Mineraxo_de_Cromo.pdf milhões de toneladas de Cr2O3 contido. (Cromo) fonte: J. MG de Lima, MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA – MME/ BANCO INTERNACIONAL PARA A RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO – BIRD - Agosto de 2009 http://www.mme.gov.br/sgm/galerias/arquivos/plano_duo_decenal/a_mineracao_brasileira/P12_RT21_Pe rfil_da_Mineraxo_de_Cromo.pdf 39 Ouro, explorado nos garimpos de Lourenço, Cassiporé, Tartarugalzinho, Amapari , Vila Nova, Araguari - Amapari, Vila Nova, Cajari e Oiapoque. 40 Informação acessada do Macrodiagnóstico do Estado do Amapá, 2006, 2ªed.p.79. As informações se referem a reservas medidas de ouro. Autores: Branco (1984), DNPM (1996), Lima et al. Pinto et al. (1986) ;Santos (1981) (dados em grama). A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 36 – organização da produção no sentido de absorção de práticas mais sustentáveis produção mais compatíveis com as demandas da sociedade e de conformidade com padrões internacionais de mercado. As áreas de garimpo, especialmente as dedicadas à exploração de ouro estão situadas principalmente nas províncias auríferas de Oiapoque, Cassiporé, Tartarugalzinho, Serra do Navio, Vila Nova e Cupixi. Estas atividades estão marcadas pela informalidade e precariedade dos métodos de produção. Existem indícios de explorações clandestinas e irregulares do mineral radioativo torionita em área do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, situação investigada pela Polícia Federal 41 . Além do ouro, as explorações minerais mais comuns são de columbita, tantalita, torionita e cassiterita. Os métodos de extração precários são responsáveis pelo desmatamento pontual de áreas,o assoreamento de rios e cursos d'água, poluição e contaminação pelo uso inapropriado do mercúrio com efeitos permanentes sobre a fauna aquática, recursos hídricos e o ser humano. As áreas de garimpo vem sendo reduzidas em número desde algum tempo e em 2009 por ocasião da preparação do diagnóstico da mineração no Amapá foram cadastrados 32 garimpos, dos quais apenas 8 ainda funcionavam na regiões de Lourenço, Vila Nova e Araguari. A Tabela 3.3 enumera as unidades de garimpo e áreas impactadas pela produção extrativista no Estado. Tabela 3.3. Área total afetada pela extração mineral no Amapá (garimpos-2009) Unidade de Garimpo Área Área (ha) Lourenço 473,73 Gaivota 128,00 Tartarugalzinho 43,00 Outros 242,27 Total (ha) 887,70 Fonte: Diagnóstico do Setor de Produção Mineral do Amapá - 2010 (MME, SEICOM,IEPA) 41 Fonte: Plano de Manejo, Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, p. 80. MMA, ICMBio,2009 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 37 3.2.2 Mineração em áreas protegidas A legislação é explicita com referência à proibição de produção mineral em unidades de conservação de uso integral sendo também restringida pela lei em áreas de reservas extrativistas. No entanto é permitida em algumas categorias de unidades de conservação como na FLOTA, pertencente à categoria de área de desenvolvimento sustentável. Nesse caso é a única unidade de produção com instrumentos normativos para permitir a exploração mineral nas áreas florestais. De acordo com o Diagnóstico da produção mineral do Amapá de (MME, SEICOM,IEPA,2010) a FLOTA é a única unidade de conservação de uso sustentável do estado com previsão para cessão de direitos de uso sustentável de recursos naturais não renováveis. O mesmo documento registra em 540 requerimentos para exploração de mineração em áreas protegidas do Estado do Amapá, sendo 83% destes em unidades de conservação e 17% em Terras Indígenas. A solicitação exploração em terras indígenas alcança um total de 92 requerimentos efetuados entre 1979 e 1997 de acordo com o Diagnóstico da Produção Mineral do Amapá. Os pedidos de exploração se referem principalmente à minerais como; ouro, columbita, wolframita, zinco, cassiterita, chumbo, enxofre e tantalita. O maior número de requerimentos está orientado à áreas da TI Waiãpi e o restante à TI Uaça. A aprovação de extração minera em áreas pertencentes a terras indígenas e requer da aprovação do Congresso Nacional uma vez que as populações seja ouvidas e tenham participação nos fluxo de benefícios das atividades planejadas. gov.br/arquivopdf/diagnostico_mineral_amapa.pdf___(;__6___9J_______ 3.3 Produção florestal do Amapá 3.3.1 Políticas e institucionalidade da produção madeireira A ação de governo para o desenvolvimento de políticas públicas relacionadas com o setor florestal se cristaliza através de algumas reformas promovidas para o setor de produção primária da economia. Nesse contexto, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural do Amapá emerge como a instituição responsável da elaboração da política florestal do Estado. Dentro do A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 38 mesmo processo, o Instituto Estadual de Florestas - IEF executa a política florestal, constituindo-se em órgão gestor das florestas do Estado. A SEMA- Secretaria de Meio Ambiente do Governo do Amapá é a instituição encarregada da formulação de políticas e normas ambientais, ademais do IMAP - Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial responsável pelas ações de fiscalização, monitoramento e controle das atividades florestais e executor da política fundiária do Estado (PPCDAP,2010). Ademais, são visíveis as ações de apoio institucional às iniciativas de apoio e projeção das perspectivas de uma economia baseada na utilização sustentável dos recursos florestais do Estado como uma forma de se estimular a economia formal com produtos de florestas manejadas. De acordo com esta preocupação, a instalação e desenvolvimento do Arranjo Produtivo Moveleiro do Amapá, é um exemplo claro desta orientação, já que inclui nas prioridades das políticas de desenvolvimento do estado, soluções que conciliam desenvolvimento econômico e justiça social na criação de um ambiente favorável e inclusivo de negócios. 3.3.2 Caracterização da produção florestal madeireira No Amapá, a produção florestal madeireira tem historicamente estado ancorada nas regiões de florestas de várzea e nas áreas de terra firme. Nas florestas de várzea, a exploração florestal se destaca pelo pequeno número de espécies, trabalhadas principalmente em atenção a mercados locais e em menor proporção para o mercado europeu. Somente a partir dos anos setenta e mais especificamente nos anos 80 a produção se amplia em razão demandas da construção civil das cidades de Macapá e Belém. As espécies mais utilizadas são: a ucuúba (Virola surinamensis), árvore de grande porte, frutífera oleaginosa, a exploração intensiva da espécie afetou fortemente os estoques existentes (Macrodiagnóstico do Estado do Amapá, 2006). Outras espécies madeiráveis bastante apreciadas pelo comércio regional incluem a jacareúba (Calophylum brasiliense), pracuúba( Trichilia sp) e a macacaúba (Platymiscium sp), o e andiroba (Carapa guianensis) entre outras. As matas de várzea contribuem com destaque para a produção extrativista do açaí (Euterpe oleraceae), a seringueira (Hevea brasiliense), copaíba (Copaifera ducke), da palmeira ubuçu (Manicaria saccifera), arumã (Ischnosphom aruma) procurado por suas fibras entre outras. A exploração da virola no Amapá se reduz gradativamente, transferindo-se para regiões do Alto A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 39 Amazonas principalmente nos municípios de Tefé e Benjamin Constant (IMAZON, 1999)42. A produção de madeira das florestas de terra firme ocorre no tipo de vegetação mais representativo do Estado do Amapá em área equivalente a 2/3 de toda sua superfície (MACRODIAGNÓSTICO DO ESTADO DO AMAPÁ, 2006). As espécies mais importantes dessa formação são: angelim, acapu, sucupira, castanhado-brasil, sapucaias, breus, louros, maçarandubas, maparajuba e abiuranas. A produção está concentrada em um número igualmente reduzido de espécies como o angelim vermelho (Dinizia excelsa), maçaranduba (Manilkara ubere), jatobá (Hymenaea courbaril) e ipê (Tabebuia spp). 3.3.3 Produção de madeira e volumes extraídos Os dados existentes da extração de madeira sólida do estado do Amapá ainda não permitem caracterizar mais adequadamente o quadro geral da produção florestal do Estado, seja em madeira serrada ou sob a forma de carvão vegetal. Os volumes de extração registrados se contradizem sob qualquer análise que se leve a efeito. As informações do IBGE revelam para 2011 uma quantidade de madeira em tora extraída de 1,56 milhões de metros cúbicos, que podem ser interpretados como madeira de espécies nativas utilizadas pela indústria de transformação local, ou destinada a outros estados. Deste total os dados do IBGE indicam 110. 356 m3 como madeira destinadas à produção de papel e celulose, muito provavelmente estes dados correspondem a madeira proveniente de reflorestamentos do estado, que normalmente são exportados sob a forma de cavacos pelo porto de Santana. A Tabela 3.4 indica a quantidade de madeira em tora extraída no Amapá entre 2007 e 2011. Tabela 3.4 Madeira em tora extraída (m 3) - Estado do Amapá 2007 - 2011 Anos Madeira em tora (m3) 3 Madeira em tora (m ) Madeira em tora (m3) para papel e celulose 2007 2008 1.829.262 139.141 1.430.960 110.782 2009 1.331.404 95.874 2010 2011 1.423.339 105.791 1.569.277 110.356 42 O Setor Florestal no Amapá: Situação Atual e Perspectivas para o Desenvolvimento Sustentável. Veríssimo A., Cavalcante A., Vidal E. Lima E.,Pantoja F.,Brito M.Governo do Estado do Amapá & Imazon, 1999. 44p. Disponível em: http://www.imazon.org.br/publicacoes/livros/o-setor-madeireiro-no-amapasituacao-atual-e - Acessado em 9.07.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 40 Madeira em tora para outras 1.690.121 finalidades (m3) Fonte:IBGE (PVES, 2011,2010,2009,2008,2007) 1.320.178 1.235.530 1.317.548 1.458.921 O saldo indica um volume de 1.458.921 m3 de madeira em tora extraída das florestas do Amapá, dado este 10 vezes maior que o volume de madeira processado pelas serrarias do Estado em 2010 segundo o Imazon. De acordo com o Imazon (2010), a maior parte das serrarias do Amapá é de micro unidades de produção. Em 2010, o Amapá contava com 66 serrarias considerando 60 como micro serrarias, 2 como pequenas e 4 na categoria de serraria média. Os rendimentos do processo de beneficiamento da madeira são baixos e a extração seletiva gera impactos de importância na estrutura da distribuição natural das espécies mais procuradas. A Tabela 3.5 ajuda a caracterizar a produção de florestal madeireira do Amapá. Tabela 3.5. Produção das Serrarias do Amapá -Volumes e Rendimento Volume de madeira em Volume de madeira Total de serrarias tora (m3) beneficiado (m3) 66 140.000 56.000 Rendimento de processamento % 40 Fonte: SFB & Imazon (2010). Os dados que mais se aproximam das cifras oferecidas pelo Imazon são os fornecidos pelo IBAMA relativos ao DOF ano de 2011, que registraram para 2011 um volume total de toras extraído de 131. 768 m3 equivalente 89.907 m3 beneficiados por 29 empresas. 3.3.4 O licenciamento florestal Dentro dos esforços para fortalecimento da gestão florestal tem destaque os papéis do IMAP e da SEMA, que desde 2006 trabalham com dados armazenados dos registros do SISPROF- Sistema de Produtos Florestais do IBAMA. O IMAP liberou autorizações de 2500 ha entre 2008 e 2009 para corte em regime de Plano de Manejo Florestal Sustentável. No período de 2002 a 2009 as autorizações de uso alternativo do solo no Amapá somavam 326.000 m3 de madeira em toras e a supressão de 211 milhões de estipes de palmeiras (PPCDAP,2010). A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 41 O registro de planos de manejo de 2008 a 2013 realizado pelo IMAP indica autorizações de corte em regime de manejo florestal sustentável em 9 municípios do Amapá equivalentes à uma área superior a 17.900 ha com um volume de corte autorizado de 425.514 m3. O planos de manejo foram aprovados entre 2008 e 2013. A Tabela 3.6 dispõe maiores detalhes sobre a distribuição dos PMFS no estado do Amapá. Tabela 3.6 Planos de Manejo Florestal Sustentável - Amapá 2008 -2013 Município Número planos Área (ha) aprovados autorizada Calçoene 2 266,40 Ferreira Gomes 2 237,30 Macapá 2 114.63 Mazagão 2 94,29 Pedra B. do Amapari 57 2 929,14 Porto Grande 134 109,75 Santana 5 110,90 Serra do Navio 2 72,25 Tartarugalzinho 35 2 553,12 Total 241 17 848,93 Volume de corte autorizado (m3) 6 498,63 5 544,04 3 325,96 2 045,27 75 881,79 254 397,35 18 710,93 2 197,10 56 913,52 425 514,62 Fonte: Sisprof/IMAP 2013 3.3.5 O sistema de outorga florestal O Sistema de Outorga Florestal é um dos instrumentos de aplicação da Lei de Gestão de Terras Florestais de 2006, que autoriza a destinação de florestas públicas brasileiras em licitação para a constituição de concessões florestais. As concessões florestais são ademais regidas pela Lei Geral de Licitações (8666/93), que estabelece regras gerais para as licitações, visando garantir a publicidade, isonomia, impessoalidade, objetividade, entre outros princípios43. O Sistema de Outorga de Florestas Públicas define anualmente as áreas destinadas a concessões florestais com base no Cadastro Nacional de Florestas Públicas (CNFP). Com base nos procedimentos estabelecidos foram designadas as áreas sujeitas à licitação em âmbito nacional. De conformidade com o PAOF, o estado do Amapá selecionou as áreas de produção florestal abaixo discriminadas: a. A Floresta Estadual do Amapá (Flota) 43 Disponível em: http://www.florestal.gov.br/concessoes-florestais/processo-de-concessao/processode-concessao. Acessado em 12.09.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 42 b. Área de Proteção Ambiental (APA) da Fazendinha c. Reserva Biológica de Parazinho; d. Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru; e. Parque Natural Municipal do Cancão; f. Reserva Extrativista Municipal Brilho de Fogo. 3.3.6 Plantações florestais As áreas dedicadas à plantações florestais do Estado do Amapá foram estabelecidas a partir de 1976 em áreas de cerrado pela Companhia Auxiliar de Empresas de Mineração - CAEMI a AMCEL - Amapá Florestal e Celulose S.A. O objetivo das áreas implantadas foi a produção de madeira em forma de cavaco para abastecimento da indústria de papel e celulose 44 . A empresa passou pelo controle acionário de vários grupos econômicos estando atualmente sob controle dos grupos japoneses como a Marubeni Corporation, Nippon Paper Industries. Depois de ter pertencido ao Grupo Champion Papel e Celulose Ltda em 2001 a empresa foi incorporada à Nippon Yusen Kabushiki Kaisha. As áreas abrangidas pelo empreendimento da AMCEL se estendem sobre 130 mil hectares potencialmente utilizáveis para a implantação de plantações florestais localizados nos municípios de Santana, Macapá, Porto Grande, Ferreira Gomes, Itaubal do Piririm, Tartarugalzinho, Cutias e Amapá. Atualmente as áreas plantadas sob controle da AMCEL somam cerca de pouco mais de 50.000 ha, constituídos praticamente de eucalipto. As informação coletadas junto à ABRAF 45 permitem visualizar a evolução do empreendimento ao longo dos últimos anos (Tabela 3.7). 44 Disponível em: http://www.remade.com.br/br/revistadamadeira_materia.php?num=1225&subject=Cavacos&title=Aprove itamento%20de%20cavacos%20atrai%20interesse%20internacional. Acessado em: 14.09.2013 45 Disponível em: http://www.abraflor.org.br/(Relatórios anuais: 2009,2010,2011,2012 e2013). Acessado em 14.09.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 43 Tabela 3.7 Plantações Florestais, Pinus e Eucalipto- 2008 - 2012 - AMCEL - AP Anos 2008 2009 2010 2011 2012 Amapá Pinus (ha) Euc (ha) Pinus (ha) Euc (ha) Pinus (ha) Euc (ha) Pinus (ha) Euc (ha) Pinus (ha) Euc (ha) 1.620 63.309 810 62.880 15 49.384 445 50.099 445 49506 Fonte: ABRAF 3.3.7 Produção Florestal Não Madeireira De maneira geral, a produção extrativista florestal do Estado do Amapá se enquadra num conjunto pouco formalizado de atividades que exigem um mínimo de transformação primária e são realizadas por moradores rurais e grupos humanos organizados que tradicionalmente incluem associações mulheres, ribeirinhos e uma grande maioria de agricultores pobres. As atividades extrativistas têm muita importância para a economia do Amapá e uma vinculação direta com vida diária e o bem estar de e renda de milhares de moradores de comunidades tradicionais, e ribeirinhos que se concentram em atividades de coleta e comercialização. A floresta tem papel essencial na produção de frutas, alimentos, fibras e corantes destinados para autoabastecimento, comercialização e uma produção artesanal de bens de consumo que torna distinta a região norte no conjunto nacional. A pauta da produção florestal não madeireira é rica e diversificada de produtos como gomas e resinas, frutos, óleos, ervas e raízes medicinais, corantes, fibras, mel e muitos outros, conhecidos de longa data como “drogas do sertão” e pela participação no comércio da região amazônica. São igualmente importantes alguns produtos florestais, como cascas e raízes de algumas espécies para a produção de tanino, utilizados no processo de curtimento de couros e como insumos da indústria farmacêutica e fibras vegetais. No Amapá tem destaque, a produção de açaí, da castanha-do-brasil e de fibras naturais a partir do cipó titica. Em menor proporção cabe mencionar a produção de látex e de oleaginosas. A tradição extrativista do Amapá é um dos vetores da criação de unidades de conservação, como a RESEX do Rio Cajari e a a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Iratapuru, ambas dedicadas à coleta e comercialização da castanha-dobrasil. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 44 Os programas de governo em apoio ao extrativismo vegetal enfatizam a manutenção da floresta, os modos de vida determinados pela cultura regional e o bem estar social das populações. São priorizadas normas abrangentes para a sociobiodiversidade, a implementação e consolidação das principais cadeias produtivas dos produtos florestais madeireiros e os produtos não madeireiros; como o açaí, palmitos a borracha, castanhado-brasil, fibras, entre outros. Da mesma maneira que a pauta de não madeireiros a ação de governo reconhece os problemas advindos da fragilidade da governança socioambiental e da necessidade da implementação de medidas que permitam o ordenamento da produção florestal, como se dá no caso da implementação de concessões de florestas públicas, especialmente associadas à Floresta Estadual do Amapá e ações de fomento para assentamentos e áreas ribeirinhas com a oferta de assistência técnica, o custeio de atividades de demarcação de áreas e inventário florestal46. As áreas da ação de governo com relação à produção extrativa da madeira abrangem assentamentos nos municípios de Serra do Navio, Mazagão, Porto Grande e Tartarugalzinho. Dentre os produtos de maior destaque entre os não madeireiros, uma breve análise da importância do açaí, da castanha-do-brasil e do cipó titica é levada a cabo. Açaí Os produtos florestais não madeireiros são parte significativa da economia do Estado do Amapá, estando definitivamente ligado aos hábitos e tradições da sua população. Dentre estes produtos, o açaí, sem dúvida tem realce como mais importante comparativamente com a castanha-do-brasil, o palmito, o látex e o cipó titica. Os açaizeiros são as espécies arbóreas de maior frequência natural das áreas estuarinas do rio Amazonas e são manejados em função da extração dos frutos para polpa e palmito. A polpa do açaí tem um papel fundamental na alimentação da população do Amapá e sua forma de produção gera riqueza com distribuição equilibrada, além de contribuir vigorosamente para a pauta de exportação do estado. 46 Proextrativismo - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural - IEF - Governo do Amapá, 2013. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 45 Em 2009 apenas uma empresa do Amapá foi responsável pela exportação de açaí avaliado em 10,23 milhões de dólares, equivalendo a 5,59% do PIB do estado. O desempenho revela a relevância crescente do açaí para a economia do estado e sua importância ainda que comparada a setores consolidados no estado, como o da mineração. A capilaridade da produção do açaí e sua presença absoluta no estado lhe dá características particulares em quanto sua contribuição econômica, social e ambiental. A cadeia produtiva está caracterizado por uma logística ágil, determinada basicamente em razão da pouca duração do fruto e pelas dificuldades impostas pelas chuvas, condições de trabalho e precariedade de acondicionamento e transporte. A produção atende uma demanda interna permanente, que contribui positivamente na manutenção de preços módicos de mercados, especialmente nos períodos de safra. Por outro lado, os açaizeiros fazem parte da paisagem natural e sua manutenção produtiva se obtém a custa de investimentos mínimos, não sendo portanto técnicas especializadas nem a aplicação de insumos. O fomento e manutenção da economia do açaí fazem parte dos esforços da política de governo do estado do Amapá com relação aos produtos da sociobiodiversidade. Desta maneira procura-se ressaltar a importância da sua produção para os propósitos de desenvolvimento sustentável, levando em conta aspectos de segurança alimentar, da geração de condições favoráveis à inclusão social e econômica e de equilíbrio ambiental. Tabela 3.8 Principais produtos florestais não madeireiros (t)- Produção 2007 -2011 Anos Produto 2007 2008 2009 2010 Açaí 1.034 1.294 1.337 1.427 Castanha-do-brasil 837 83.837 390 447 Látex coagulado 22 19 18 21 Látex líquido 61 52 51 55 Palmito 50 44 39 25 Borracha 84 71 69 75 Fonte: IBGE (PEVS) A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) 2011 1.766 401 16 49 25 65 Página 46 Castanha-do-brasil O segundo item de importância no conjunto dos produtos florestais não madeireiros do Amapá é a castanha-do-brasil (Bertollethia excelsa). A cadeia produtiva da castanha-do-brasil integra de longa data o cotidiano das populações do sul do Amapá antes mesmo do início da colonização europeia. Como um dos produtos mais importantes da economia extrativista da Amazônia e do estado do Amapá, o desenho as políticas para seu fomento, conservação e maior participação na pauta produtiva do estado adquire predominância dentro dos esforços da ação do Governo do Estado. A cadeia produtiva da castanha envolve diretamente mais de 7200 pessoas numa área superior a 2,5 milhões de hectares compreendendo três grandes reservas extrativistas: o Projeto de Assentamento Agroextrativista do Rio Maracá (PAE Maracá) com 569.280 ha, criada em 1988, a Reserva Extrativista do Rio Cajari (RESEX Cajari) com 501.771 ha estabelecida em 1990 e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do rio Iratapuru (RDS Iratapuru) com uma área de 806.184 ha. A inserção das reservas extrativistas no Amapá deu "sobrevida ao agroextrativismo" garantindo acesso a terras e aos recursos florestais as famílias que historicamente desenvolviam suas atividades extrativista ou agroextrativista na região” FILOCREÃO (2007, p. 269). Da mesma maneira, a participação e fortalecimento das organizações sindicais e cooperativas estabelecidas a partir dos anos 80 têm expressão nesse desenvolvimento. As articulações produtivas dos arranjos da cadeia da castanha-do-brasil incluem organizações de classe como sindicatos de trabalhadores, associações cooperativas de extrativistas, de mulheres e de moradores locais, que de diversas maneiras intervém no processo produtivo. A produção envolve mulheres organizadas que trabalham na quebra manual da castanha, a produção de óleo mediante parcerias, a preparação de amêndoas acondicionadas à vácuo e a produção de farinha destinadas a mercados externos. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 47 Tabela 3. 8. Produção de castanha-do-brasil (t)no Amapá, Região Norte e Brasil - 2007 -2011 Ano Estados 2007 2008 2009 2010 2011 Amapá 847 519 390 Acre 10.378 11.521 10.313 Amazonas 8.871 9.111 16.012 Roraima 90 102 104 Rondônia 2.105 1.927 2.107 Pará 7.639 6.203 7.015 Região Norte 29.930 29.384 35.941 Brasil 30.406 30.815 37.467 Fonte: IBGE - Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 447 12.362 16.039 106 1.797 8.128 38.879 40.357 401 14.035 14.661 105 3.523 7.192 39.917 42.152 Cipó titica O cipó titica é uma das espécies vegetais de muita importância econômica para as populações da Amazônia, devido sua integração como matéria prima para a produção de móveis de elevada qualidade e aceitação em mercados de alto poder aquisitivo. A presença o cipó constitui um indicador de conservação ambiental. As áreas de atenção do Programa Procipó incluem florestas dos municípios de Calçoene, Serra do Navio, Pedra Branca do Amapari, Porto Grande e Ferreira Gomes. O objetivos da ação de governo incluem a promoção da inserção econômica e social doa agroextrativistas através da produção manejada e agregação de valor à produção local. 3.3.8 Serviços ambientais A integração do Estado do Amapá às políticas relacionadas com o pagamento de serviços ambientais constitui uma grande oportunidade para a conservação das florestas em pé. O pagamento por serviços ambientais faz parte das políticas atuais de conservação do meio ambiente e de desenvolvimento sustentável, sendo um modo transferência financeira dos favorecidos para aqueles que, através de suas atividades e práticas, conservam a natureza e contribuem para conservação ambiental. O pagamento por serviços ambientais é um instrumento econômico que pode auxiliar a conter o desmatamento, reduzir as emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE) e servir como A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 48 estratégia na implementação do desenvolvimento sustentável mediante criação de um conjunto ampliado de instrumentos legais restritivos aos usos da terra.(SILVA, 2011)47. A criação pelo Governo do Estado através do Instituto Estadual de Floresta (IEF-AP) do Projeto Carbono Amapá abre perspectivas para a participação do estado no pagamento de serviços ambientais. O objetivo maior do projeto é o desenvolvimento de metodologias para o inventário de carbono, constituindo-se num passo para a inserção do Amapá ao mercado de carbono e mesmo como um provedor de serviços ambientais através da Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, incluindo desta forma o manejo florestal sustentável e aumentando os estoques de carbono em florestas (REDD+). O potencial das florestas do Amapá nesse sentido é único. Somente a Floresta Estadual do Amapá - Flota tem uma área superior a 2,3 milhões de hectares com uma capacidade de fornecer produtos e serviços ambientais para o mercado nacional e internacional. . 47 Disponível em: SILVA, Wander da Conceição. Viabilidade econômica do Pagamento por Serviços Ambientais no Estado do Amapá utilizando análise de risco. 2011. 106 f.Dissertação - Universidade Federal do Amapá, Amapá A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 49 CAPÍTULO 4: Situação Fundiária do Estado e Ordenamento Territorial 4.1 Sobre a jurisdição fundiária A questão fundiária do Amapá, como nos demais estados da Amazônia está marcada por dificuldades de regularização para a emissão de títulos definitivos de posse da terra e pela existência de grandes estoques de terras federais. Nesse panorama tem destaque a fragilidade das políticas nacionais de ordenamento territorial, que consequentemente influenciaram a distribuição desigual de terras e a geração de muitos conflitos sociais no estado e na região amazônica. A precariedade do disciplinamento fundiário do estado impacta sobre o funcionamento da jurisdição da terra e dificulta o encaminhamento das ações de planejamento que carece o setor e que deveriam constituir uma base de consolidação das perspectivas de desenvolvimento sustentável. Na atualidade a maior parte do estado é composta por unidades de conservação e terras indígenas, que se instalaram ao longo da década dos 80 e 90. Este conjunto de áreas, majoritariamente sob controle de instâncias legais federais tem um peso importante e condiciona a conformação social, política econômica atual do Amapá. Este processo se acentua com a emancipação do território em estado em 1988 promovendo transformações que restringem o poder estadual e reduzem as competências da gestão dos governos locais48. No âmbito das política agrária, a orientação prevalente para ocupação das terras federais foi a colonização agrícola implementada pelo INCRA durante as décadas de 80 e 90. 48 Pereira Lima R.A e Rebelo Porto J.L . Ordenamento Territorial Amapaense: Dinâmicas de um Estado Brasileiro na Fronteira Amazônica. In X Coloquio Internacional de Geocrítica - Diez años de cambios en el mundo, en la geografia y en las ciencias sociales, 1999 - 2008, Barcelona, 26 -30 de mayo de 2008 Universidade de Barcelona. Disponível em : http://www.ub.edu/geocrit/-xcol/100.htm - Acessado em 01.10.2013 A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 50 Nesse período foram ocupados mais de meio milhão de hectares49 de florestas tropicais para fins de produção agropecuária. Mais recentemente, a proposta de colonização através da entrega de lotes sofre ajustes de acordo com as novas orientações que passam ressaltar a importância de modelos de produção mais ajustados às realidades da Amazônia. À parte das extensões destinadas apara a colonização cabe destacar a ocorrência nesse mesmo período das incorporações de grandes extensões de terras públicas para o estabelecimento de plantações de eucalipto e pinus por grandes grupos comerciais como a AMCEL e a JARI. O crescimento das áreas protegidas sob domínio da administração federal colocou em cheque a capacidade do estado e dos municípios amapaenses de desenvolver políticas locais de desenvolvimento. Desta perspectiva é factível explicar os movimentos demográficos do estado e os aumentos da população urbana de Macapá e Santana, como também a predominância do controle federal sobre a gestão fundiária do Amapá. A jurisdição legal sobre a terra está normalmente compartilhada por instituições federais como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, IBAMA e a FUNAI. O Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Amapá(IMAP) tem sob sua jurisdição atual 11% das terras do Estado (IMAP, 2010) ou cerca de 50% do espaço de sua jurisdição em 2007. Todavia de acordo com o IMAP, apenas 11% das terras do Estado estavam regularizadas (tituladas) em 2010. A Tabela 4.1 indica a situação jurisdicional das terras no Estado do Amapá. Tabela 4.1. Situação jurisdicional fundiária do Estado do Amapá Instituição Jurisdição Extensão Jurisdicional (km2) 73.764 40,45 % INCRA Assentamentos da reforma agrária FUNAI Sete áreas indígenas homologadas (TI) 11.498 6,30 IBAMA Ambiente 56.453 30,96 IMAP Administração fundiária 40.605 22,27 Fonte: Macrodiagnóstico do Estado do Amapá, 2006 49 idem A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 51 4.2 Distribuição Fundiária e Reforma agrária Distribuição Fundiária O INCRA, de conformidade com seu mandato institucional vem promovendo ao longo dos últimos anos a consolidação de assentamentos de reforma agrária mais compatível com o desenvolvimento territorial e definida de acordo com potenciais regionais e biomas de inserção. As ações estruturantes do INCRA se ancoram em diretrizes do Plano Amazônia Sustentável - PAS e no que diz respeito à questão ambiental dos assentamentos da reforma agrária se estruturam sobre quatro áreas do plano estratégico: a) licenciamento estratégico, b) Recuperação ambiental , c) Monitoramento ambiental; e, d) promoção da gestão ambiental. O licenciamento ambiental de propriedades rurais para o bioma Amazônico tem base no Código Florestal Brasileiro, que estabelece a preservação com vegetação natural em 20% da área total da propriedade rural (reserva legal), excluída dessa as áreas de preservação permanente. No entanto, no bioma Amazônico a reserva legal corresponde a 80% dá área total do imóvel rural. Com relação à ocupação da terra para fins de produção agropecuária o estado contava com um total de 3527 estabelecimentos agropecuários (IBGE,2006). Deste total 2863 (81%) estabelecimentos foram classificados dentro dos critérios da Lei 11.326 (Agricultura familiar), com uma ocupação de 10.371 trabalhadores, ou cerca de 79% da mão de obra rural do estado. Diversas mudanças são observadas na estrutura fundiária do estado entre os anos de 1996 e 2006 por ocasião dos censos agropecuários conduzidos pelo IBGE. A alteração do panorama fundiário do estado é notável com relação aos estabelecimentos de área superior a 1000 ha. A categoria, que em 1996 estava A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 52 representada por 75 unidades e uma área correspondente a 60% da superfície total sofre um incremento substancial em número para 139 unidades com uma área equivalente a 72% da área total dos estabelecimentos agropecuários do Estado do Amapá em 2006. Com relação às alterações do número de estabelecimentos agropecuários tem destaque os estabelecimentos da faixa entre 10 e 100 hectares, que sofrem uma alteração substancial em quanto a número e o percentual de área ocupada. O total de estabelecimentos nessa faixa em 2006 representa um aumento de 43% comparativamente a 1996. De acordo com o censo agropecuário de 2006, a participação em termos de área por esta classe de estabelecimentos tem um aumento menos impactante entre 1996 e 2006. Este período demonstra uma expansão da área ocupada com respectivamente 6% do total de área para 8% em 2006. Os incrementos analisados indicam a evolução de um processo de concentração de terras ainda que este processo seja aparentemente mitigado pela expansão do número de estabelecimentos situados entre 10 e 100 hectares entre 1996 e 2006. As tabelas 4.2 e 4.3 registram as observações comentadas. Tabela 4.2 Número de estabelecimentos agropecuários por classe de tamanho - Amapá Estabelecimentos (ha) 1996 % 2006 % 953 28 554 16 10 a 100 1095 33 1520 43 100 a 1000 1152 34 879 25 >1000 75 2 135 4 sem área 74 2 439 12 3349 100 3527 100 <10 Fonte: IBGE Tabela 4.3 - Extensão dos estabelecimentos agropecuários por classe de tamanho - Amapá 1996 -2006 Grupos de áreas (ha) 1996 % 2006 % < 10 3.027 0.43 1.185 0.1 10 a 100 43.572 6 66.269 100 a 1000 235.815 34 179.491 21 > 1000 417.633 60 626.844 72 700.047 100 873.789 100 8 Fonte: IBGE A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 53 Áreas por classe de estabelecimento (ha) -1996 < 10 10 a 100 100 a 1000 > 1000 0% 6% 34% 60% A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 54 Áreas por classe de estabelecimento (ha) -2006 < 10 10 a 100 100 a 1000 > 1000 0% 8% 20% 72% Assentamentos da Reforma Agrária Entre 1987 e 2012 foram criados 41 assentamentos de reforma agrária no estado do Amapá contribuindo para o estabelecimentos de mais de 17600 famílias em cerca de 2,1milhões de hectares. Do total de assentamentos 30 estão sobre supervisão do INCRA e sete sob responsabilidade da administração estadual através do IMAP e um a cargo da prefeitura municipal de Laranjal do Jarí. O INCRA, como as entidades estaduais responsáveis do planejamento dos assentamentos tomam em consideração a recuperação e saneamento das pendências ambientais, recuperação da infraestrutura e o desenvolvimento sustentável. Nesse contexto os assentamentos administrados pelo INCRA pertencem às várias modalidades criadas que melhor se ajustam às condições da Amazônia. Em geral a situação dos assentamentos é precária, devido principalmente à pobre infraestrutura existente representada por estradas, pontes, habitação, eletricidade, escolas, entre outros. Da mesma maneira são precários os serviços de apoio à produção e assistência técnica. Estes ainda não respondem às necessidades de aumento e melhoria da qualidade da produção agropecuária e florestal. A falta de capital inicial para a A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 55 consolidação do estabelecimento agropecuário induz o assentado a desmatar. A prática é comum nos projetos de reforma agrária e as razões se devem principalmente à falta de capital inicial para o agricultor recém estabelecido necessário para consolidação do empreendimento e sua própria sobrevivência. Por outro lado é importante assinalar as incertezas originadas pelos problemas de legalização da terra, além da escassez de orientação técnica adequada e permanente para o ordenamento e administração do estabelecimento rural. O desmatamento provocado pelas famílias nas área assentadas foi objeto de vários estudos, que permitiram a partir do sensoriamento remoto estimar uma taxa de desmatamento nos assentamentos quatro vezes maior à taxa média de desmatamento na Amazônia. De acordo com o estudo realizado pelo PRODES para o período entre 2001 a 2006 foi possível identificar uma área desmatada de 150.114 ha em todo em Estado do Amapá. Mediante análise dos polígonos desmatados chegou-se à conclusão que do total desmatado 25,5% (38.358 ha) ocorreu em áreas de assentamentos rurais sob responsabilidade do INCRA (Batista,2009). Nessa linha de raciocínio, Fearnside (2001) identifica a agropecuária e a agricultura de pequenos colonos proprietários e posseiros como atividades de muito impacto à floresta. Estas atividades têm uma forte influência sobre a dinâmica do desmatamento, das queimadas e da exploração madeireira ilegal na região (CASA CIVIL, 2003), as quais se favorecem em função da fragilidade das políticas de ordenamento territorial e fundiário na Amazônia brasileira. A precariedade das políticas públicas, aliada à falta de planejamento do Estado acarreta graves consequências ambientais, e põe em risco as possibilidades de um desenvolvimento econômico e ambiental equilibrado. O conjunto de dificuldades encontradas pelos assentados em razão das carências mencionadas, é em parte também responsável do abandono das áreas assentadas. De acordo com o PPCDAP, cerca de 80% das famílias que abandonam os assentamentos procuram Macapá, capital do Estado do Amapá, para fixar residência. O atendimento de parte das estruturas de governo às demandas dos produtores contribuirá para o melhor aproveitamento da terra e o desenvolvimento socioeconômico dos assentados e permanência do agricultor e sua família. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 56 De maneira geral, os assentamentos da reforma agrária no Amapá foram instalados ao longo da BR 156. 4.3 Terras Indígenas A FUNAI tem jurisdição sobre as Terras Indígenas homologadas do estado, enquanto que o IBAMA conduz a aplicação da lei referente a licenciamentos controle e seguimento da utilização de áreas de uso público e privado, incluindo unidades de conservação, assentamentos da reforma agrária e estabelecimentos agropecuários. As terras indígenas estão distribuidas entre cinco áreas: no norte, as Terras Indígenas de Uaçá (470.164 hectares) Galibi (6.689 hectares) e Juminá (41.601 hectares), e no centro-este, na área indígena Waiãpi (607.017 hectares) e no Parque Indígena do Tumucumaque, entre Amapá e Pará (Figura 4.) A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 57 Figura 4. Localização da Terras Indígenas - Estado do Amapá A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 58 4.4 Macrozoneamento e ZEE As propostas de disciplinamento da questão fundiária do Estado do Amapá requerem atenção à interpretação e organização dos espaços naturais e das relações com as dinâmicas socioeconômicas, produtivas e político-administrativas presentes no território. De longa data, a administração pública do Estado do Amapá trabalha com um processo de macrozoneamento e com o ZEE. Em 2006, o Governo do Estados publicou um documento intitulado Macrodiagnóstico do Estado do Amapá - Primeira Aproximação do ZEE 50 . As informações contidas no documento são resumidas na estruturação deste capítulo. O estudo do macrozoneamento do Estado do Amapá se organiza em 5 capítulos. O Capítulo 1. Base Histórico Conceitual se estrutura com o propósito de viabilizar uma proposta básica de planejamento regional fundamentada no processo de construção do ZEE. Para tanto, foram considerados a adequação da informação existente, compatibilização da escala cartográfica, definições metodológicas e de linguagem com objetivo de facilitar o acesso público. O capítulo 2: Desempenho Social e Ocupação Territorial dos Municípios, As atividades municipais são analisadas a partir de uma base de dados municipais que permite avaliar a dinâmica socioeconômica e ocupação territorial. Trabalha-se com 10 indicadores relativos aos parâmetros de a. Ocupação territorial, b. Sociopopulacional e c. Produtivo. A avaliação dos indicadores permite a geração de índices que se consolidam no desenho de uma carta de desempenho socioeconômico e ocupação territorial. Os resultados obtidos a partir deste capítulo contribuem para o entendimento através de um índice gerado para a determinação deste parâmetro, denominado Índice Parcial de Ocupação Territorial (IPOT), que resume as taxas de participação político-administrativa , jurisdicional e de alteração da cobertura vegetal. O demonstrativo do parâmetro sociopopulacional resume o grau de eficiência dos municípios através de uma série de indicadores, incluindo acesso a serviços básicos, 50 Macrodiagnóstico do Estado do Amapá - Primeira aproximação do ZEE. -Equipe Técnica do ZEE AP.--Macapá: IEPA- ZEE, 2ª Edição 2006. 140 p. : il.; 22 cm A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 59 educação e renda. A participação produtiva dos municípios é analisada através de evolução dos setores Agricultura, Urbano - industrial e Infraestrutura viária. O Capítulo 3. Potencial dos Recursos Naturais. O capítulo se fundamenta pela necessidade de reconhecimento de condições específicas que devem ser tomadas em consideração pelos planejadores. Na síntese descritiva desenvolvida ao longo do capítulo discrimina: a. Áreas homogêneas, b. Domínios geotônicos, 3. Domínios florísticos, 4. Domínios pedológicos, e 5. Condições potenciais particulares, em que se analisam as condições potenciais da fauna, da hidrologia, da paisagem e de aptidão de uso. O Capítulo 4. Avaliação das limitações naturais. O capítulo contém uma síntese descritiva das condições hidrológicas e climáticas, das condições edafológicas, dos níveis de vulnerabilidade natural à erosão, categorias de relevo e da deficiência natural do solo. As condições limites são determinadas com base em parâmetros estruturais e funcionais. O Capítulo 5. Síntese socioambiental. O capítulo resume as considerações e observações do estudo do macrozoneamento em um conjunto de mapas denominados: Região das áreas institucionais. Mapa que descreve as áreas de uso do estado de acordo com suas limitações legais, incluindo as categorias de unidades de conservação de uso direto, unidades de conservação de uso indireto, Terras Indígenas, Assentamentos Agrícolas (RA) e Assentamentos agroextrativistas. Região de Inexpressiva intervenção na cobertura florestal. Esta região contém atributos ainda pouco conhecidos e sua extensão corresponde a praticamente 75% do território amapaense. A área cobre 8 municípios e aloja recursos naturais de muita importância para a economia do estado, como as reservas de ouro e cromita no Rio Vila Nova/Mazagão, o caulim no Vale do Jarí e reservas magnesíferas de Serra do Navio. A vegetação predominante é densa e de alto porte com forte presença da castanha-do-brasil distribuída na porção sul e sudoeste e grandes volumes de espécies madeiráveis. A região apresenta porções de uma geomorfologia fortemente acidentadas, em que se incluem as serras do Tumucumaque, Lombarda, Navio, Noucouru, Iratapuru e Culari. Em compensação às restrições de utilização do território são observadas condições de uso para atividades como o ecoturismo. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 60 Região de maior concentração dos processos de uso e ocupação do território e de maior diversidade dos ambientes naturais. Os mapas de caracterização desta região incluem: o A área úmida de maior vulnerabilidade natural. Caracterizada por fragilidade ambiental, com uma fauna aquática rica e diversificada e de muita importância para a dinâmica socioeconômica do estado, concentrando as grandes áreas urbanas do estado e a mais extensa área antropizada do estado. É a mais representativa em termos de diversidade ambiental. A área está conformada por cerrados, várzeas, manguezais, lagos, florestas inundáveis e de terra firme. o Segmento norte/fronteira geopolítica. Proximidades da fronteira com a Guiana Francesa, área de expansão agropecuária, com presença de polo de mineração, com problemas de degradação provocados pela mineração e garimpagem. o Segmento de cerrado e entornos sem grandes alterações da cobertura vegetal. São incluídas nesse segmento áreas de transição floresta/cerrado e floresta/áreas úmidas com marcada presença de atividades econômicas de pequeno e mediano porte. o Segmento de cerrado e entornos com grandes alterações da cobertura vegetal. Áreas de concentração de monoculturas de espécies exóticas para fins industriais Pinus spp. Eucalyptus, Acacia sp e dendê (Elaisis spp). o Segmento perimetral Norte/Vila Nova. A área com abrangência dos problemas ambientais resultantes da exploração mineral de Serra do Navio. Alterações da cobertura florestal em razão da estrada de ferro e do sistema rodoviário do estado. o Segmento Matapi/Mazagão Ramal do Camaipi. A parte do rio Matapi/Mazagão Velho apresenta um processo de ocupação antigo que se expande às vilas do Carvão, Ajudante e Mazagão. O ramal de Camaipi tem um histórico mais recente de ocupação incluindo um assentamento de reforma agrária e um número crescente de agricultores com maiores extensões de terras. o Segmento Vila Nova/Resex. A maior referência do segmento é a Vila Água Branca do Cajari que apresenta a maior população da Resex Rio Cajari. A BR 156 marca a vida da Resex e contribui para agilizar a economia local baseada na exploração madeireira, agricultura e extrativismo da castanha-do-brasil. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 61 CAPÍTULO 5: Considerações Finais 5.1 Eixo Programático 1: Político Institucional O eixo programático político-institucional enquadra temas políticos e problemas de natureza política e institucional. O tema florestal no Amapá está afeto diretamente a quatro estruturas de Estado. Os núcleos temáticos responsáveis internamente pelo tema (formulação de política, licenciamento, fomento, implementação e manejo das unidades de conservação, efeitos climáticos) constituem órgãos fechados de um sistema que deveria atuar de forma aberta e interconectada. O diagnóstico deste estudo reconhece que esses núcleos atuam de forma idiossincrática, diluindo a visão sistêmica e impedem uma atuação orgânica aberta, capaz de constituir a força e a identidade temática em âmbito institucional. O Estado perde, portanto, o foco no processo de implementação e execução da política de florestas, e, em consequência, não se alcança a visibilidade que o denso capital natural florestal protegido do estado por só si representa. A administração do estado assumiu o desafio de uma política florestal, portanto a questão do arcabpuço político institucional torna-se central à construção do Programa Estadual de Florestas (pef/AP) como documento norteador da política florestal amapaense. As oportunidades para que o pef/AP se transforme em ação de estado são em parte condicionadas pela vontade política de contar com uma ferramenta de planejamento em resposta aos objetivos da política, suas metas e horizontes de tempo curtíssimo, curto, médio e longo prazos. O pef/AP reflete vontade política de assegurar as ações voltadas ao manejo, à conservação, e ao desenvolvimento das florestas e demais formas de vegetação amapaenses e a administração do estado assumiu o desafio de uma política florestal. A elaboração do pef/AP demonstra igualmente o propósito de garantir utilização dos recursos florestais de forma sustentável, potencializando as funções econômicas, ecológicas e socioculturais da floresta e os seus múltiplos papéis de provedoras de bens e serviços à sociedade. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 62 Tema: Político Institucional Oportunidades 1. Vontade política determinando ambiente favorável para a formulação e efetiva posta em funcionamento do pef/AP. Ameaças Pressões políticas para descaracterizar o sistema de unidades de conservação do Amapá. 2. Consolidação paulatina do marco institucional do estado com fortalecimento de instituições essenciais para o desenvolvimento e aceitação do pef/AP 5.2 Eixo Programático 2: Funcional Os resultados mensuráveis do pef/AP pertencem ao âmbito denominado funcional do programa florestal. Eles abarcam o planejamento do uso e conservação, gestão e controle de recursos naturais renováveis, no caso as florestas e demais formas de vegetação. As funções de proteção, de produção e socioculturais inerentes às florestas são cobertas por estas linhas temáticas. O conhecimento, recursos materiais e financeiros alocados nesses temas propiciarão às áreas florestais nativas e plantadasbem como às que vierem a ser constituídas os meios de cumprimento daquelas funções. Tema: Manejo Florestal Oportunidades 1. Aceitação generalizada da sociedade da necessidade do Plano de Manejo Florestal Sustentável 2. Possibilidade de disseminação dos PMFS na Flota e Flona com replicação de resultados a curto e mediano prazos Ameaças Ilegalidade predominante no comércio da madeira Competição do comércio de madeiras de origem desconhecida Burocracia para o licenciamento de áreas e aprovação de planos de manejo de maneira expedita e procedimentos amplamente conhecidos. O desenvolvimento de planos de manejo florestal em pequena escala é um dos desafios mais importantes na pauta do pef/AP. Sua importância transcende a cadeia produtiva, A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 63 em razão da informalidade predominante e de sua vinculação com a produção industrial. O plano de manejo florestal necessitará de regras e procedimentos simplificados ademais de diferenciados acordos com a categoria do produtor, de modo a incentivar a massa de pequenos produtores a trabalhar de maneira legalizada e de maneira a criar uma cultura de produção sustentável com base no recurso florestal. Entretanto, diversas dificuldades ainda fazem que o plano de manejo florestal sustentado não seja ainda uma ferramenta de trabalho plenamente absorvida por produtores de madeira. Por outro lado persistem dificuldades no processo de licenciamento dos PMFS de parte das instituições que não estão preparadas, nem contam com pessoal e meios necessários para aprovação e liberação de planos de manejo. Excessos de zelo pela regulamentação e na aplicação de controles, bem com a ausência de regras adequadas, claras e conhecidas marcam este processo de tramitação. A rigidez legal expressa no excesso de burocracia também contribui para levar muitos produtores para a ilegalidade, que tradicionalmente prevaleceu no âmbito da produção madeireira e a inexistência de canais de comercialização que favoreçam a pequenas e medianas empresas. Tema: Silvicultura Oportunidades 1. Existência de áreas reflorestadas no estado. 2. Conhecimento técnico disponível para expansão de áreas reflorestadas com eucalipto e outras espécies. 3. Possibilidade de estabelecer plantações florestais para fins industriais com espécies nativas (ex. Schizolobium spp) sobre a base de experiências em outros estados (PA e MT) Ameaças Precariedade da situação legal de muitas áreas disponíveis para o reflorestamento. Instabilidade dos mercados internacionais tradicionais de madeira. Concentração fundiária em função da escala dos investimentos Pouca operacionalidade e muitas dificuldades de acesso ao sistema de financiamento (PRONAF Florestal, PropFlora). A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 64 Tema: Fomento florestal Oportunidades 1. Investimentos potenciais em áreas de assentamentos da reforma agrária instalados no estado. Ameaças Programas de fomento colocados em risco devido contingências orçamentárias 2. Possibilidades de financiamento através do sistema de crédito atual. 3. Possibilidade de apoio técnico com base na Lei de ATER. 4. Linhas de apoio à produção extrativista Os produtos florestais não madeireiros estão associados a uma produção extrativista realizada principalmente pelas populações tradicionais e ribeirinhas situados no interior do estado. Os principais produtos não madeireiros são: castanha, açaí, borracha, fibras, óleos entre outros. A produção florestal madeireira e a extrativista florestal do Estado do Amapá se enquadra num conjunto pouco formalizado de atividades que exigem um mínimo de transformação primária e são realizadas por moradores rurais e grupos humanos organizados que tradicionalmente incluem associações mulheres, ribeirinhos e uma grande maioria de agricultores pobres. No conjunto da produção extrativista florestal o fomento será estratégico na produção de açaí, da castanha-do-brasil e de fibras naturais a partir do cipó titica. Tema: Reposição florestal Oportunidades 1. Disponibilidade de recursos garantida pela legislação. 2. Possibilidade de utilização dos recursos da reposição em projetos de fomento. Ameaças Dificuldades de operacionalização do sistema. Setor produtivo sem convencimento da necessidade da reposição. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 65 Tema: Unidades de Conservação/ Serviços ambientais Oportunidades 1. Existência de um patrimônio pouco alterado, produzindo um fluxo extremamente importante de serviços ambientais. 2. Manejo sustentado da Flota e Flona podem servir de modelo para o planejamento de unidades de conservação de uso sustentável, laboratório e referência para a Amazônia brasileira. 3. Estudos desenvolvidos. Ameaças Áreas de entorno vulneráveis Pressões políticas para não consolidação do Plano de Manejo da Flota. Repasse de terras da União para o Estado sem definição concreta; Georreferenciamento da FLOTA; Regulamentação fundiária; Infraestrutura precária; Pagamento por serviços ambientais ainda não apresenta exemplos consolidados e de possível aplicação no estado. Tema: Industrialização e comercialização Oportunidades 1. Vontade política influencia criação de ambiente favorável a negócios. Ameaças Instabilidade a curto e mediano prazos dos principais mercados de produtos florestais do Amapá. 2. Situação geográfica do estado favorece projetos de exportação para Europa, EE.UU e Ásia. 3. Existência de diversos incentivos têm promovido a balança comercial do estado durante os últimos anos. 5.3 Eixo Programático 3: Técnico-científico O terceiro eixo programático do pef/AP engloba ações do âmbito técnicocientífico. Parte-se da premissa que a solução dos problemas florestais do Amapá considera a pesquisa e desenvolvimento tecnológico, a transferência de conhecimentos e assistência técnica. O Amapá tem um centro de pesquisa da Embrapa instalado no estado, um Curso de Engenharia Florestal na Universidade Federal, um Instituto de A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 66 Pesquisas Científicas e Tecnológicas e um Instituto Estadual de Florestas cuja atividade principal é realizar assistência técnica e extensão florestal. Tema: Ensino, Pesquisa e ATEF Oportunidades 1. Possibilidade de priorização de pesquisas focadas nas soluções demandadas pelo pef/AP Ameaças Perda de foco nas prioridades de pesquisa do pef/AP Insuficiência de recursos financeiros para implementação dos projetos de pesquisa demandados. 2. O pef/AP como potencializador sinérgico das instituições de pesquisas atuantes no Estado 5.4 Eixo Programático 4: Instrumental O quarto eixo programático é denominado instrumental trata da base normativa, dos mecanismos econômicos, concessões florestais e o cadastro ambiental rural (CAR), sob o eixo programático. Tema: CADASTRO AMBIENTAL RURAL Oportunidades 1. Potencializar a solução de questões fundiárias e ambientais 2. Fortalecimento da base de dados cadastrais e ambientais do Estado Ameaças Precariedade da questão fundiária no estado. Demora na criação do Programa em âmbito estadual Dificuldade no cumprimento dos prazos estabelecidos pela legislação federal (Lei 12.651/12). Tema: CONCESSÕES FLORESTAIS Oportunidades 1. A existência de um processo exitoso: funcionamento da primeira concessão pública florestal (Jamari) no estado de Rondônia. Ameaças Obstáculos para a consolidação das unidades de conservação do estado. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 67 Tema: INSTRUMENTOS LEGAIS, ECONÔMICOS E ADMINISTRATIVOS Oportunidades 1. O pef/AP pressionando a atualização da base legal e normativa Ameaças Dificuldade de encaminhamento político da revisão normativa junto ao legislativo Não concluir a revisão e atualização da base normativa (revisão da LC 005/94, L702/02) Não realizar os ajustes organizacionais necessários à implementação da política florestal estadual. A socieconomia e o setor florestal do Estado do Amapá (diagnóstico) Página 68