UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA - UNIFESP-EPM VALDIR RIBEIRO CAMPOS POLÍTICAS DO ÁLCOOL PARA A REDUÇÃO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO São Paulo 2012 VALDIR RIBEIRO CAMPOS POLÍTICAS DO ÁLCOOL PARA A REDUÇÃO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Ciências. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Ramos Laranjeira. Coorientadores: Prof. Dr. Sérgio Marsiglia Duailibi e Profa. Dra. Ilana Pinsky. São Paulo UNIFESP – EPM 2012 Campos, Valdir Ribeiro Políticas do álcool para a redução de acidentes de trânsito. / Valdir Ribeiro Campos. -- São Paulo, 2012. xviii, 212f. Tese (Doutorado) Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Psiquiatria. Título em inglês: Alcohol policies for reducing traffic accidents. 1. Consumo de Bebidas Alcoólicas/prevenção e controle. 2. Acidentes de Trânsito/prevenção e controle. 3. Condução de Veículo/legislação e jurisprudência. 4. Formulação de Politica. 5. Humanos. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE PSIQUIATRIA E PSICOLOGIA MÉDICA Chefe do Departamento: Profa Dra. Julieta Freitas Ramalho da Silva Coordenador do Curso de Pós-Graduação: Prof. Dr. Jair de Jesus Mari Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Ramos Laranjeira Co-orientadores: Prof. Dr. Sérgio Marsiglia Duailibi Profª. Dra. Ilana Pinsky VALDIR RIBEIRO CAMPOS POLÍTICAS DO ÁLCOOL PARA A REDUÇÃO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO BANCA EXAMINADORA Presidente da banca: Prof. Dr. Ronaldo Ramos Laranjeira Examinadores: Profª. Drª. Lilian Ratto Profª. Dr. Marcos Zaleski Prof. Dr. Sandro Mitsuhiro Profª. Drª. Vilma Aparecida da Silva Prof. Dr. Frederico Garcia(suplente) Prof. Dr. Marcelo Ribeiro (suplente) Submetido a aprovação em 05 de novembro de 2012 DEDICATÓRIA Aos meu pais, por tudo. Agradeço a Deus por ter me colocado no mundo por via deles, pessoas humildes e maravilhosas e que me passaram o sentimento de amor ao próximo. E a todos os meus irmãos. DEDICATÓRIA A Adriana, pelo nosso encontro e pela paciência e aceitação da minha obstinação. E à nossa amiga Debby, que me acompanhou implacavelmente durante as inúmeras horas elaborando hipóteses, planejando e sonhando com algo melhor para a comunidade e a vida. AGRADECIMENTOS Como diria Shakespeare, “palavras não pagam dívidas”, mas espero que sejam eficazes para expressar toda a minha gratidão e afeto por aqueles que contribuíram para que este trabalho fosse realizado: Ao meu orientador, Professor Ronaldo Ramos Laranjeira, pelo convite e confiança depositada em minha pessoa para conduzir um trabalho de tamanha importância, pelo apoio, autonomia e por ter acreditado em mim o tempo inteiro. Ao meu coorientador, Professor Sérgio Marsiglia Duailibi, pela ajuda em todos os momentos na realização das pesquisas, pela generosidade, disponibilidade e auxílio constante na elaboração dessa tese. À minha coorientadora, Professora Ilana Pinsky, pelo carinho, cuidado e preocupação que sempre teve comigo, pela ajuda na elaboração dos textos, muitas conversas e com quem muito aprendi. À Professora Rebeca de Souza Silva, pela disponibilidade e objetividade nas análises estatísticas deste estudo. Ao Center for the Study of Law and Enforcement and Policy e Prevention Research Center do Pacific Institute for Research and Evaluation (PIRE), pela assessoria científica, em particular ao seu diretor, Joel Grube, PhD. À Professora Ester Palácios, pela condução dos trabalhos em Vitória- ES. À Comissão Municipal Antidrogas de São Paulo, em particular ao presidente, José Florentino dos Santos, pela condução dos trabalhos em São Paulo. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo financiamento do projeto (Processo nº. 01/13136-0). A todos que contribuíram como voluntários, sujeitos deste estudo, sem os quais o mesmo não seria possível de se concretizar; especialmente aos universitários, por disponibilizarem momentos preciosos nessa fase de muito estudo e tempo escasso. À Subsecretaria de Políticas para Drogas (SUPOD) do Governo do Estado de Minas Gerais e a todos os seus diretores e assessores, pela assessoria da logística para a realização das pesquisas, em especial ao subsecretário, Cloves Benevides, pelo seu dinamismo, capacidade e compromisso com a saúde pública. A Associação Brasileira Comunitária para Prevenção do Abuso de DrogasABRAÇO e meus colegas de pesquisa Rogério Salgado e Mariela Campos Rocha. Por último e não menos importante, gostaria de registrar meu agradecimento cordial à Unidade de Pesquisa em Álcool e outras Drogas/ Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (UNIAD/INPAD) - Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. RESUMO Introdução: acidentes de trânsito de maior gravidade possuem uma relação importante com o consumo de álcool pelos motoristas. No Brasil, os acidentes de trânsito tornaram-se um grave problema de saúde pública. Objetivos: realizar o levantamento de dados referente ao comportamento dos motoristas em relação a beber e dirigir em quatro cidades da região Sudeste e no estado de Minas Gerais, utilizando-se de bafômetros passivos e ativos e verificar o impacto da nova lei de trânsito (Lei 11.705/2008- conhecida popularmente como“ lei seca”) em relação ao beber e dirigir nas cidades de Belo Horizonte e São Paulo- SP. Método: foram entrevistados condutores de veículos automotores em vias públicas de tráfego intenso de quatro cidades da região Sudeste do Brasil: Diadema-SP, Belo Horizonte-MG, Vitória-ES e São Paulo-SP e dez regiões geográficas do Estado de Minas Gerais. Os condutores responderam a um questionário e participaram do teste do bafômetro. O levantamento dos dados foi realizado no período de 2005 a 2009. Para isso, foi adotada a metodologia internacional de postos de fiscalização de sobriedade (Sobriety Checkpoints), em todos os períodos da pesquisa. Foi utilizada a análise de regressão logística para avaliar o perfil dos condutores que apresentaram o desfecho “bafômetro positivo”. Este estudo foi composto de cinco artigos: “A prevalência do beber e dirigir em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil” (publicado no Cadernos de Saúde Pública – Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ); “Drinking and Driving in Southeastern Brazil: Results From Roadside Surveys” (publicado no Addictive Behaviors ); O impacto da “lei seca” sobre o beber e dirigir em Belo horizonte / MG, Brasil (publicado no periódico Ciência & Saúde Coletiva); “The effect of the new traffic law on drinking and driving in São Paulo, Brazil” (publicado na revista Accident Analysis and Prevention) e Beber e Dirigir: características de condutores com bafômetro positivo (publicado no periódico Revista de Psiquiatria Clínica). Resultados: os resultados revelaram alta prevalência para a associação álcool e direção a partir do teste do bafômetro nas quatro cidades antes da “Lei Seca” e após a lei no Estado de Minas Gerais. Após a nova lei (“Lei Seca”) na cidade de Belo Horizonte e São Paulo, houve queda de 50% e 45%, respectivamente, nos índices de condutores que dirigiam sob o efeito do álcool. Conclusão: beber e dirigir é relativamente comum no Brasil e ocorre principalmente em condutores que bebem ocasionalmente. O monitoramento do beber e dirigir feito pelos postos de fiscalização da sobriedade com a adoção do teste do bafômetro têm boa efetividade na construção de uma política específica para o beber e dirigir e na redução dos acidentes e mortes no trânsito. Palavras-chave: Consumo de álcool. Etilômetro (bafômetro). Redução de acidentes de trânsito. ABSTRACT Introduction: traffic accidents of greater severity have an important relationship with the consumption of alcohol by drivers. In Brazil, the traffic accidents have become a serious public health problem. Objectives: perform data collection relating to the behavior of drivers towards drinking and driving in four cities in the Southeast and in the State of Minas Gerais, using passive and active breathalyzers and verify the impact of the new traffic law (law 11,705/2008popularly known as "Dry Law") with respect to drinking and driving in the cities of Belo Horizonte and São Paulo (SP). Method: drivers of motor vehicles who drive on public heavy traffic roads were interviewed in four cities in the southeastern region of Brazil: Diadema-SP, Belo Horizonte-MG, Vitória-ES and São Paulo-SP and ten geographic regions in the State of Minas Gerais. The drivers responded to a questionnaire and participated in the breathalyzer test. Data collection was carried out during the period from 2005 to 2009. For this purpose, it was adopted the international methodology of checkpoints of sobriety (Sobriety Checkpoints), in all periods of the research. It was used the logistic regression analysis to evaluate the profile of drivers who presented the outcome "positive breathalyzer". This study is comprised of five articles: "The prevalence of drinking and driving in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil" (published in Cadernos de Saúde PúblicaOswaldo Cruz Foundation-FIOCRUZ); "Drinking and Driving in Southeastern Brazil: Results From Roadside Surveys"(published in Addictive Behaviors ); The impact of "dry law" on the drinking and driving in Belo Horizonte/MG, Brazil (published in the periodical Ciência & Saúde Coletiva); "The effect of the new traffic law on drinking and driving in Sao Paulo, Brazil" (published in the journal Accident Analysis and Prevention) and drinking and driving: characteristics of drivers with positive breathalyzer (published in the Journal Revista de Psiquiatria Clinica). Results: the results revealed high prevalence for alcohol association and driving from the breathalyzer test in the four cities before "Dry Law" and after the law in the State of Minas Gerais. After the new law ("Dry Law") in the city of Belo Horizonte and São Paulo, there was a 50% and 45% drop, respectively, in the indexes of drivers who drove under the influence of alcohol. Conclusion: drinking and driving is relatively common in Brazil and it occurs mainly with drivers who drink occasionally. The monitoring of drinking and driving done by checkpoints of sobriety with the adoption of the breathalyzer test has good effectiveness in the construction of a specific policy for drinking and driving and in reducing accidents and deaths in transit. Keywords: Alcohol consumption. Ethylometer (breathalyzer). Reduction of traffic accidents LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABDETRAN Associação Brasileira dos Departamentos de Trânsito ABEAD Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas ANTP Associação Nacional de Transportes Públicos BAC Blood Alcohol Concentration BHTRANS Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte BRAC Concentração de álcool no ar alveolar CAS Concentração de álcool no sangue CDC Centers for Disease Control and Prevention CEP Comitê de Ética em Pesquisa CET Companhia de Engenharia e Tráfego DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito DML Departamento Médico-Legal DUI Driving Under Influence DWI Driving while influence EPM Escola Paulista de Medicina ES Espírito Santo EUA Estados Unidos da América EUROCARE Eurocare Report to the European Union FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FHEMIG Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz FUMEC Fundação Mineira de Educação e Cultura g/L Gramas por litro IML Instituto Médico-Legal INPAD Instituto Nacional de Ciência de Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MADD Mothers Against Drunk Driving MG Minas Gerais NHTSA National Highway Transportation Safety Administration OMS Organização Mundial de Saúde PAS Passive Alcohol Sensor-Sniffer PIB Produto interno bruto PIRE Pacific Institute for Research and Evaluation RITA Research and Innovative Technology Administration SAMU Serviço Móvel de Urgência SP São Paulo SPSS Statistical Package for the Social Sciences SUPOD Subsecretaria de Políticas sobre Drogas UFES Universidade Federal do Espírito Santo UNIAD Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas UNIFESP Universidade Federal de São Paulo VIGITEL Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas não Transmissíveis por Inquérito Telefônico WHO World Health Organization LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura FIGURA 1 - Fluxograma da implementação da pesquisa beber e dirigir na região Sudeste.......................................................................................... 46 Quadros QUADRO 1 - Efeitos da alcoolemia e o desempenho do condutor de veículo automotor..................................................................................... 30 QUADRO 2 - Alcoolemia (CAS) autorizada para condutores, por país ou região........................................................................................................ 30 QUADRO 3 - Medidas de conversão da alcoolemia no bafômetro................ 31 SUMÁRIO1 APRESENTAÇÃO............................................................................................ 19 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 22 1.1 Álcool e acidentes de trânsito.................................................................... 22 1.2 Álcool e acidentes de trânsito no Brasil..................................................... 27 1.3 Beber e dirigir, no mundo........................................................................... 28 1.4 Beber e dirigir, no Brasil............................................................................. 32 1.5 Políticas públicas e o beber e dirigir.......................................................... 35 1.5.1 Reduzindo limites da CAS...................................................................... 36 1.5.2 Garantindo o cumprimento da lei: checagem aleatória ou seletiva?...... 37 1.5.3 Gravidade da punição............................................................................. 38 1.5.4 Rapidez da punição................................................................................ 38 1.6 Justificativas do projeto.............................................................................. 39 1.7 Objetivos.................................................................................................... 41 2 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................ 42 2.1 Aspectos gerais e comuns da implementação da pesquisa beber e dirigir .......................................................................................................................... 42 2.2 Fases de implementação da pesquisa....................................................... 44 2.2.1 Compatibilização do banco de dados único............................................ 47 2.3 Aspectos gerais e comuns a todas as pesquisas....................................... 47 2.3.1 Instrumentos e procedimentos................................................................ 47 2.3.2 Cuidados éticos....................................................................................... 50 2.4 Aspectos particulares da metodologia dos artigos..................................... 50 2.4.1 Artigo 1 - Prevalência do beber e dirigir em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.................................................................................................... 51 2.4.2 Artigo 2 - Drinking and driving in Southeastern Brazil: Results from roadside surveys............................................................................................... 53 Este trabalho foi revisado de acordo com as novas regras ortográficas aprovadas pelo Acordo Ortográfico assinado entre os países que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em vigor no Brasil desde 2009. E foi formatado de acordo com a ABNT NBR 14724 de 17.04.2011. 1 2.4.3 Artigo 3 – O impacto da “Lei Seca” sobre o beber e dirigir em Belo Horizonte........................................................................................................... 56 2.4.4 Artigo 4 - O efeito da nova lei de trânsito sobre o beber e dirigir na cidade de São Paulo, Brasil.............................................................................. 59 2.4.5 Artigo 5 – Beber e dirigir: características dos condutores com bafômetro positivo............................................................................................ 62 2.5 Aspectos éticos........................................................................................... 65 2.6 Financiamento............................................................................................ 66 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 68 3.1 Artigos......................................................................................................... 70 3.2 Limitações do estudo.................................................................................. 160 3.3 Intervenções para política do beber e dirigir propostas.............................. 161 4 CONCLUSÕES.............................................................................................. 162 4.1 Considerações finais.................................................................................. 162 REFERÊNCIAS................................................................................................ 165 ANEXOS E APÊNDICES.................................................................................. 172 Anexo A: Aprovação da pesquisa beber e dirigir pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo ........................................... 173 Anexo B: Aprovação da pesquisa beber e dirigir pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Fundação Hospitalar de Minas Gerais- FHEMIG........................ 175 Anexo C: Mapeamento das cidades e postos de checagem da sobriedade........................................................................................................ 177 Anexo D: Tipos de bafômetros utilizados......................................................... 183 Apêndice A: Questionário utilizado nas pesquisas.......................................... 184 Apêndice B: Termo de consentimento livre e esclarecido................................ 187 Apêndice C: Folhetos distribuídos aos condutores e modelo da camisa de identificação do entrevistador........................................................................... 189 Apêndice D: Manual do pesquisador da pesquisa beber e dirigir no Estado de Minas Gerais................................................................................................ 192 Apêndice E: Relatório de campo da pesquisa beber e dirigir no Estado de Minas Gerais..................................................................................................... 207 Apêndice F: Capa dos artigos publicados ...................................................... 208 19 APRESENTAÇÃO Desde a minha formação como psiquiatra nasceu o interesse por entender e saber a respeito dos fenômenos relacionados ao consumo de álcool e suas consequências físicas, psicológicas e sociais. Inicialmente, fui em busca dos princípios da pesquisa básica com modelo animal numa tentativa de entender os mecanismos biológicos e os sinais e sintomas do álcool em seres vivos. Entretanto, a minha inquietude se voltava para a minha rotina clínica de atendimento e melhor compreensão fenomenológica em relação ao homem e o uso de álcool. Na procura por melhor formação acadêmica para compreender e melhor atender aos pacientes alcoolistas, em 2003 tomei conhecimento e tive a oportunidade de fazer a especialização em dependência química pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). A partir de então, meu interesse se voltou especificamente para a compreensão e prática clínica no atendimento a dependentes químicos. Em 2005, durante o XVII Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (ABEAD) realizado em Ouro Preto - MG, tomei conhecimento de um trabalho pioneiro sobre políticas públicas desenvolvido em Diadema- SP pela UNIAD e não tive dúvidas de que essa seria a pesquisa que sempre sonhara em fazer. Tinha comigo que esse trabalho seria relevante para a minha cidade e que sem sombra de dúvida os dados seriam alarmantes, visto que Belo Horizonte- MG é conhecida internacionalmente como a cidade dos “botecos”. Salvo alguns poucos dados dos serviços de urgência e anedóticos dos órgãos de trânsito, não se tinha ideia real do assunto álcool e direção no nosso meio. E o bafômetro era, usando linguajar bem regional, um “trem” pouco conhecido e estranho por aqui. A metodologia dos postos de checagem de sobriedade com uso do bafômetro usada em Diadema seria, então, o ponto de partida para começarmos a caminhada de levantamento de dados reais a respeito da relação álcool e direção na minha cidade. Com o desafio lançado a mim mesmo e a confiança depositada pelos mentores desta pesquisa, os Professores Dr. Ronaldo Laranjeira 20 e Dr. Sérgio Duailibi, fui em busca dos meios para viabilizar o tão sonhado trabalho. Um grande desafio estava lançado para mim, já que necessitaria de articular interesses e vencer barreiras burocráticas. Em se tratando de uma pesquisa de interesse público, não haveria como não buscar a parceria com órgãos governamentais. Tinha consciência das barreiras que enfrentaria na malha governamental. Ao procurar o governo do estado, representado pela Subsecretaria de Políticas sobre Drogas (SUPOD), na figura do subsecretário Clóves Benevides, pessoa desprendida, obtive apoio irrestrito e imediato, uma vez que ele não mediu esforços em articular, nas instituições governamentais, todo o processo de viabilização deste trabalho. Após inúmeros encontros e acertos com a subsecretaria, Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A (BHTRANS) e Polícia Militar de Minas Gerais a respeito da implementação da metodologia, questões éticas e jurídicas que permeiam até hoje a relação álcool e direção, os trabalhos em Belo Horizonte foram iniciados em 2005. Quase que simultaneamente, as cidades de Vitória e São Paulo realizaram o mesmo trabalho, adotando a mesma metodologia. Não demorou muito e os primeiros dados apresentados geraram amplo debate em todo o país a respeito da associação álcool e direção. Fruto desse debate foi a modificação da lei de trânsito em julho de 2008, em que o limite de alcoolemia para dirigir passou a ser zero, na forma da lei 11.705, conhecida popularmente como “Lei Seca”, gerando inicialmente entre a população um clima social de bem comum em relação ao consumo de álcool e suas consequências. Como resultado desse clima, observaram-se alterações nos índices de acidentes e mortes no trânsito em todo o país. Desde então, com o apoio da UNIAD (cuja excelência científica conquistada foi reconhecida em 2008 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico - CNPq – e criado o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas – INPAD), temos aperfeiçoado nosso trabalho. E em articulação com instituições governamentais relacionadas a políticas de álcool e drogas, monitoramos o beber e dirigir em todas as nove regionais da cidade de Belo Horizonte e 10 regiões do estado de Minas Gerais, representadas pelas cidades-polos. Partimos então, para uma pesquisa multicêntrica e da interação entre a Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP através da UNIAD/INPAD, 21 Universidade Federal do Espírito Santo - UFES e Subsecretaria de Políticas sobre Drogas – SUPOD/MG, nasceu o projeto que culminou com o presente estudo. Este trabalho apresenta a situação, até a presente data, do beber e dirigir, com a adoção dos postos de checagem de sobriedade com o uso do bafômetro, baseado nas pesquisas desenvolvidas em Belo Horizonte, Diadema, Vitória e São Paulo. Em função das mudanças ocorridas nesse período, buscou-se avaliar também o impacto da nova lei de trânsito na cidade de Belo Horizonte e São Paulo e o beber e dirigir no estado de Minas Gerais após a nova lei. Por fim, toda pesquisa tem como objetivo final a proposição de alguma medida que seja benéfica para o ser humano. Nesse aspecto, a partir deste trabalho em busca dos fatores relacionados ao álcool e direção, são propostas medidas que visam a uma política do álcool para o bem comum. Acredito que é um pequeno passo para o direcionamento de políticas para o álcool e direção no país, mas um grande esforço da minha parte em contribuir, como cidadão, para o bem de todos nós. 22 1 INTRODUÇÃO 1.1 Álcool e acidentes de trânsito Os acidentes de trânsito ocupam papel proeminente nas estatísticas de mortes fatais em todo o mundo. Cerca de 1,2 milhão de pessoas morrem todos os anos em acidentes de trânsito, sobretudo em países de baixa e média renda; e 20 a 50 milhões ficam feridos e incapacitados. Isso representa 2,1% de todas as mortes no mundo e é comparável ao número de mortes causadas por malária e tuberculose (WHO, 2007a). Dessas mortes, 45% ocorrem em pessoas na faixa etária de zero a 25 anos, principalmente em países de média e baixa renda. Os acidentes de trânsito são a segunda causa de morte em jovens na faixa etária de cinco a 25 anos, sendo 75% deles entre o sexo masculino. As mortes nas estradas representam 1 a 1,5% do produto interno bruto (PIB) anual de países de baixa e média renda e 2% do PIB de países de alta renda. Os acidentes de trânsito continuam crescendo e se nenhuma medida drástica for tomada para conter essa tendência, estima-se que em 2030 será a oitava causa de mortes e incapacidade no mundo (WHO, 2007a). Condições de estradas, veículos e humana são os principais fatores associados aos acidentes no trânsito. A condição humana, por si só, tais como erros na percepção, atenção e memória, associada a outros fatores é responsável por mais de 90% dos acidentes de veículos automotores (DURIC; MILADINOV MIKOV, 2008). Além disso, outros fatores, como, por exemplo, o consumo de álcool, podem contribuir para que o condutor tenha suas habilidades comprometidas e aumente ainda mais as chances de acidentes de trânsito. Estima-se que entre um quarto e metade dos acidentes de trânsito esteja associado ao consumo de álcool (PERRINE et al.,1988). Apesar do consumo de álcool na maioria dos países ter importante significado nos planos cultural, religioso e simbólico e ser considerado muitas vezes inócuo, o álcool não é uma substância qualquer, pois produz efeitos tóxicos 23 e gera outros tipos de risco, como intoxicação e dependência. Com a globalização, ocorreu o crescimento da indústria do álcool e da motorização e as consequências têm sido o aumento nos problemas relacionados ao consumo de álcool, principalmente em países em desenvolvimento. O aumento da disponibilidade a partir da proliferação de pontos de venda, falta de controle do mercado, baixo preço das bebidas e do pouco empenho governamental em relação aos problemas advindos do consumo do álcool fez com que o consumo per capita de álcool, segundo informações que datam da última metade da década de 80, aumentasse na região das Américas (WHO, 2002). Ao contrário da tendência dos países economicamente desenvolvidos, o aumento do consumo de álcool tem ocorrido em países em desenvolvimento (ROOM et al., 2002). Várias pesquisas têm demonstrado que quanto mais elevado o consumo médio do álcool numa população, mais alta a incidência de problemas relacionados (BABOR et al., 2003; EDWARDS et al., 1994; REHM et al., 2003). Em países como o Brasil, o consumo registrado quase triplicou desde a década de 60 - de 2 litros para 6 litros per capita na população acima de 15 anos de idade (CAETANO; LARANJEIRA, 2006). Além disso, tem sido constatado o início do consumo de álcool cada vez mais precoce na população de jovens brasileiros, especialmente na faixa etária dos 10 aos 12 anos de idade (CARLINI et al., 2010). Dessa forma, quanto mais precoce o início do uso de álcool, maior será o consumo geral, maiores os problemas associados, maior a frequência de beber e dirigir e acidentes no trânsito. O risco de beber e em seguida dirigir ocorre porque o álcool é rapidamente absorvido pelo aparelho gastrintestinal e se dissemina por todo o organismo humano. Em poucos minutos atinge o sistema nervoso central e reduz a atenção, acuidade visual, coordenação motora e compromente o senso crítico do condutor, sua capacidade de julgamento de velocidade, tempo de reação e distância (DURIC; MILADINOV MIKOV, 2008; ROSPA, 2005). Decréscimos no desempenho do condutor aparecem até mesmo na ingestão de um único drinque, apesar de frequentemente a pessoa ficar certa de que seu desempenho, na verdade, melhorou (EDWARDS, 1998). Estudos epidemiológicos mostram que os prejuizos na direção, para freiar, mudar de faixa e no julgamento ocorrem a partir de 0,2 g/L (MOSKOWITZ; FIORENTINO, 2000) e à medida que os níveis de 24 alcoolemia aumentam, há tendência do condutor a não usar o cinto de segurança e a dirigir em alta velocidade (SLEET et al., 2009). Além disso, no período noturno, sob o efeito do álcool, o condutor tem reduzido sua visão noturna em 25% e o tempo de reação em até 30% (SHULTS et al., 2001). Diversos estudos têm mostrado que o risco de condutores jovens do sexo masculino se envolverem em acidentes automobilisticos é mais alto quando ingerem qualquer quantidade de álcool e dirigem, principalmente no período noturno, em fins de semana e períodos dedicados ao lazer (ZADOR, 1991; HORWOOD; FERGUSSON, 2000). De modo geral, as pesquisas têm revelado que a maioria dos acidentes fatais relacionados ao uso de bebida alcoólica e direção ocorre na faixa etária dos 21 aos 24 anos e 80% deles são verificados no período das 20 às 4 horas da manhã de qualquer noite da semana (FELL; NASH, 1989). O risco de envolvimento em acidente fatal para um motorista adulto com concentração de álcool no sangue (CAS) entre 0,5 e 0,9 g/L (portanto, dentro do limite permitido em muitos países) é nove vezes mais alto em relação a um motorista que não fez uso de álcool (ROSS, 1992). No caso dos motociclistas, alcoolemia de 0,5 g/L aumenta até 40 vezes o risco de acidentes comparando com alcoolemia igual a zero (HAWORTH; SMITH; BRUMEN, 2002). Do ponto de vista epidemiológico, motorista com idade de 35 anos ou mais e com concentração de álcool de 0,8 g/L tem 11 vezes mais chance de se envolver em acidentes de trânsito fatal do que motorista da mesma idade que não tenha bebido (ZADOR; KRAWCHUK; VOAS, 2000). Pesquisa nos Estados Unidos da América (EUA) desenvolvida por Fell, Tippetts e Voas (2009) sobre os principais achados em relação ao beber e dirigir salientou que o envolvimento em acidentes fatais com a presença de álcool [qualquer condutor com concentração de álcool no sangue (CAS) = 0,01 g/dL ou mais] foi três vezes maior no período noturno (18:00- 06:00) do que durante o dia (06:00-18:00 horas) (62% versus 19%). Durante a semana, a prevalência de envolvimento em acidentes de trânsito com álcool foi de 35% na comparação com os finais de semana, que foi de 54%. Quase um em cada quatro motoristas (23%) de veículo de transporte de pessoal (por exemplo, automóveis de passageiros e caminhões leves) e mais de um em cada quatro motociclistas (27%) envolvidos em acidentes fatais estavam intoxicados (ou seja, tinham CAS igual ou superior a 0,08 g/dL- limite ilegal nos Estados Unidos). Motoristas com idade entre 21 e 24 anos (35%) apresentam 25 CAS≥ 0,08 g/L seguido do grupo de 25 a 34 anos (29%) (FELL; TIPPETTS; VOAS, 2009). A importância do “beber e dirigir” pode ser demonstrada pelos elevados custos sociais do consumo de bebidas alcoólicas e suas consequências para os acidentados, podendo ser considerado um problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, levando-se em conta o pesado fardo econômico-social resultante da soma dos prejuízos materiais, da assistência à saúde e referentes à perda de produtividade (SHULTS et al., 2001). Apesar das diferenças entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento em relação a fatores como infraestrutura de transporte, normas de segurança, taxas de crescimento da motorização e demografia econômica, as estimativas têm revelado dados alarmantes em relação à associação álcool e direção. Em países desenvolvidos, cerca de 20% dos motoristas que se envolveram em acidentes fatais tinham excesso de álcool no sangue, e geralmente acima dos limites legais. Em contraste, em países em desenvolvimento, entre 33 e 69% dos acidentes fatais e 8 e 29% dos acidentes não fatais com motoristas, constatou-se o consumo de álcool antes do acidente. Na Colômbia, 34% dos acidentes fatais com motoristas e 23% das fatalidades com motociclistas estão associados à velocidade e/ou ao uso de álcool. Na África do Sul, entre 26 e 31% dos acidentes com motoristas os níveis de alcoolemia estavam acima de 0,08/100 mL (WHO, 2007a). No Chile, em 1991, o álcool esteve relacionado a 50% dos acidentes de trânsito (EDWARDS et al., 1994). Estudo realizado em serviço de urgência do México encontrou que 13,4% das vítimas de acidentes de carro tinham álcool no sangue e 4,6% das vítimas admitidas haviam consumido álcool seis horas antes do acidente (MONTEIRO, 2007). No que diz respeito aos custos com os acidentes de trânsito relacionados ao álcool, estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) estima valores anuais mundiais em torno de US$ 518 bilhões. Apenas nos EUA, os custos totais de acidentes com veículos motorizados no ano de 2000 foram calculados em US$ 230,6 bilhões, sendo que os acidentes Driving while impaired (DWI) representaram 22% desse valor. Na África do Sul, as estimativas de custos hospitalares atribuídas às colisões nas estradas foram de US$ 46,4 milhões, sendo US$ 14 milhões devidos ao DWI. Na Tailândia, o total de custos com 26 acidentes nas estradas tem sido estimado em US$ 3 bilhões, sendo que 30% desses acidentes são atribuídos ao uso de álcool. Na América Latina, os custos anuais devido a acidentes de trânsito foram de US$ 18,9 bilhões (WHO, 2007a). No Brasil, os custos anuais com acidentes de trânsito nas grandes metrópoles é de R$ 5,3 bilhões correspondendo a 0,4 do PIB do país (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTE PÚBLICO/ INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA - ANTP/IPEA, 2003). Estudo desenvolvido por Stewart e Sweedler (2008) enfatiza que nos últimos 20 anos houve expressivo declínio no beber e dirigir em muitos países industrializados. Esse declínio foi de cerca de 50% na Grã- Bretanha, 28% no Canadá e Holanda, 32% na Austrália, 37% na Alemanha e 26% nos EUA. Em geral, as razões para esse declínio decorreram de mudanças na atitude pública com informações e campanhas sobre o beber e dirigir e suas consequências, principalmente entre a população com idade entre 15 e 24 anos, leis fortes e efetivas, redução dos níveis dos limites de concentração sanguínea para dirigir e dos limites de velocidade, aumento da fiscalização e dos postos de checagem da sobriedade com o uso do bafômetro (EUROCARE REPORT TO THE EUROPEAN UNION, 2003). Entretanto, muitas dessas medidas têm sido temporárias, comprometendo a eficácia em reduzir os acidentes de trânsito associados ao uso de álcool (STODUTO; ADLAF, 1996). Todavia, qualquer medida de política pública não se torna duradora sem o apoio da população e a constante cobrança aos seus representantes de medidas em prol da vida. Exemplo disso foi o movimento popular de vítimas de acidentes de trânsito nos EUA a partir do Mothers Against Drunk Driving (MADD), que mantém ativo o movimento de cobrança política em relação a mudanças preventivas aos acidentes de trânsito. Algumas dessas medidas foram de cunho coibitivo e restritivo e preventivas, tais como: o uso do bafômetro de forma aleatória e não somente para motoristas com suspeita de embriaguez; prisão e apreensão da carteira de motorista; aumento da idade legal para o consumo de bebidas alcoólicas; diminuição do nível legal de alcoolemia; multas pesadas aos infratores; melhoria dos sistemas de segurança dos carros, das estradas e do sistema médico de atendimento aos acidentes. Por fim, novas perspectivas nascem com o avanço tecnológico e medidas como o travamento do veículo para motoristas alcoolizados podem contribuir para evitar a reincidência do 27 comportamento de beber e dirigir e reduzir os acidentes de trânsito (STEWART; SWEEDLER, 2008; CDC, 2011). 1.2 Álcool e acidentes de trânsito no Brasil Apesar de possuir poucos dados epidemiológicos sobre a ocorrência de acidentes de trânsito relacionados ao uso de bebidas alcoólicas, o Brasil é um dos países com mais altas proporções de problemas relacionados a esse consumo, com elevados custos para a comunidade. No Brasil, maior país e economia da América do Sul e sexta economia mundial (ECONOMIA DO BRASIL, 2012), mas com grandes desigualdades sociais, os acidentes de trânsito ocupam o segundo lugar no quadro de classificação dos acidentes de causas externas entre adultos jovens de 20 a 39 anos (BRASIL, 2010). De fato, os acidentes de trânsito se tornaram um grave problema de saúde pública no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde o número de acidentes de trânsito cresceu 24% no período de 2002 a 2010 e 40.610 pessoas morreram devido a acidentes de trânsito no ano de 2010 (BRASIL, 2011). Recente estudo realizado pelo Instituto Médico Legal de São Paulo sobre o consumo de álcool e acidentes de trânsito em 2005 mostrou que metade dos acidentes de trânsito está associada a festas e bares e ocorrem no período da meia-noite às seis horas da manhã dos fins de semana (PONCE et al., 2011). Essa taxa de acidentes é alta mesmo se se considerar que a frota de veículos no Brasil cresceu e que em 2010 o número de veículos automotores no país era de 65 milhões. Enquanto em países desenvolvido o número de acidentes de trânsito vem caíndo, observa-se o contrário no Brasil. Por exemplo, nos EUA, o país mais motorizado do mundo e com frota de 250 milhões de veículos automotores, em 2010 o número de acidentes foi de 32 mil mortes, com queda nos últimos anos (NATIONAL HIGHWAY TRAFFIC SAFETY ADMINISTRATION - NHTSA, 2012; RESEARCH AND INNOVATIVE TECHNOLOGY ADMINISTRATION - RITA, 2012). Assim, levando-se em conta as condições das vias de trânsito brasileiras, o mercado desregulado de bebidas, o crescente aumento da disponibilidade de 28 bebidas e a falta de uma política para o álcool, a situação é preocupante em relação a beber e dirigir. 1.3 Beber e dirigir, no mundo Diversos estudos experimentais no mundo inteiro têm apresentado os efeitos das bebidas alcoólicas sobre o desempenho dos motoristas e as reações esperadas (QUADRO 1). Na maioria dos países estabeleceu-se taxa legal máxima de álcool no sangue, que seria o limite para o dirigir com segurança (QUADRO 2). Entretanto, pesquisas sobre a condução de veículos automotores por motoristas sob efeito do álcool têm ressaltado que qualquer quantidade de álcool apresenta risco para dirigir e que esse risco aumenta exponencialmente à medida que o nível de alcoolemia aumenta (EDWARDS, 1998; HORWOOD; FERGUSSON, 2000; TAYLOR et al., 2010; ZADOR, 1991). Em países da Europa onde o limite de alcoolemia para dirigir é de 0,5 g/L e de 0,2 g/L para motoristas novatos, motoristas de serviços públicos e de veículos pesados, há a recomendação para o limite de 0,2 g/L de álcool para todos os motoristas (EUROCARE REPORT TO THE EUROPEAN UNION, 2003). A quantidade de álcool contida no sangue pode ser medida diretamente - em pequena amostra do sangue e de urina - ou indiretamente, pelo teste do etilômetro (bafômetro), que identifica o teor de álcool no ar expirado dos pulmões. A quantidade de álcool presente na corrente sanguínea é indicada em termos de alcoolemia (CAS) e expressa em: • Gramas de álcool por 100 mililitros de sangue (g/100 mL); • miligramas de álcool por 100 mililitros de sangue (g/100 mL); • gramas de álcool por decilitro (g/dL); • miligramas de álcool por decilitro (mg/dL); • ou outra medida apropriada. Os etilômetros usados no presente estudo foram os modelos: ABI alcohawk-Q3 Innovations, LLC, PAS-IV Passive Alcohol Sensor-Sniffer (PAS) Systems International, Inc. PAS. O modelo ABI alcohawk-Q3 é um bafômetro ativo que necessita que o motorista encha bem os pulmões e assopre um bocal diretamente na entrada de gás até que um som seja emitido (cerca de cinco 29 segundos), quando então o valor da alcoolemia é exibido num display. A medida desse instrumento é em percentual (%) de álcool no sangue (blood alcohol concentration – BAC). Já o modelo PAS-IV é um bafômetro passivo no qual não há a necessidade de o motorista assoprar o instrumento. Possui o formato de uma lanterna e, ao ser colocado próximo do condutor, capta o ar expirado através de uma bomba de sucção acionada por um botão e o dispositivo acusa a alcoolemia. A medida desse instrumento também é em percentual (%) de álcool no sangue e categorizada em cores, conforme o teor de alcoolemia (0,00 = verde, 0,01 a 0,02 = amarelo, 0,03 a 0,05 = amarelo, 0,06 = vermelho, 0,08 = vermelho, 0,10 = vermelho, 0,12 = vermelho). Para o teste do bafômetro é necessário que alguns cuidados sejam tomados, tais como: aguardar 20 minutos após fumar, ter comido ou bebido. Entre um teste e outro é necessário aguardar 30 segundos. Resultados falso-positivos podem ocorrer em motoristas que estejam em jejum por muito tempo, devido à produção de corpos cetônicos ou se comeu algum alimento que contenha álcool como ingrediente, como, por exemplo: um bombom com licor. Esses etilômetros têm algumas vantagens, tais como: serem instrumentos para serem usados em campo, autocalibrável, portátil, permitem o autoteste, são de fácil manuseio e de baixo custo. Por serem não invasivos, têm sido utilizados em diversos países como método de triagem ou como teste comprobatório do uso de álcool (CARVALHO; LEYTON, 2000). Por outro lado, é necessária uma tabela de conversão para que o condutor saiba a equivalência entre a unidade registrada no etilometro utilizado nas blitze da polícia brasileira (concentração de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões = mg/LBrac) e a estabelecida pela lei (g/L) (QUADRO 3). As alterações fisiológicas e comportamentais podem prejudicar a capacidade de conduzir veículos automotores e aumentar os riscos de acidentes, tanto para os condutores de veículos automotores, como para o pedestre. Os condutores alcoolizados correm mais riscos que os não alcoolizados e esse risco cresce conforme aumenta a CAS (QUADRO 1). O nível de alcoolemia, ou de álcool no ar expirado, é estabelecido dentro de determinada jurisdição, de modo a definir quando um motorista está em perigo e ilegalmente incapacitado, mesmo não tendo ocorrido acidente (EDWARDS, 1998). O QUADRO 2 apresenta os limites de alcoolemia em alguns países. 30 QUADRO 1 - Efeitos da alcoolemia e o desempenho do condutor de veículo automotor CAS (g/100 mL) *Efeitos sobre o corpo 0,01–0,05 -Aumento do ritmo cardíaco e respiratório. -Diminuição das funções de vários centros nervosos. -Comportamento incoerente ao executar tarefas. -Diminuição da capacidade de discernimento e perda da inibição. -Leve sensação de euforia, relaxamento e prazer. 0,06–0,10 -Entorpecimento fisiológico de quase todos os sistemas. -Diminuição da atenção e da vigilância, reflexos mais lentos, dificuldade de coordenação e redução da força muscular. -Redução da capacidade de tomar decisões racionais ou de discernimento. -Sensação crescente de ansiedade e depressão. -Diminuição da paciência. 0,10–0,15 -Reflexos consideravelmente mais lentos. -Problemas de equilíbrio e de movimento. -Alteração de algumas funções visuais. -Fala arrastada. - Vômito, sobretudo se essa alcoolemia for atingida rapidamente. 0,16–0,29 -Transtornos graves dos sentidos, inclusive consciência reduzida dos estímulos externos. -Alterações graves da coordenação motora, com tendência a cambalear e a cair frequentemente. 0,30–0,39 -Letargia profunda. -Perda de consciência. -Estado de sedação comparável ao de anestesia cirúrgica. -Morte (em muitos casos). A partir de 0,40 -Inconsciência -Parada respiratória -Morte, em geral provocada por insuficiência respiratória. Fonte: WHO (2007b). *As reações podem ter variações conforme: tolerância individual para o álcool. Fatores que influem na absorção do álcool ingerido, tais como: alimentos ingeridos com a bebida, doces, medicamentos, etc. QUADRO 2 - Alcoolemia (CAS) autorizada para condutores, por país ou região. País ou região África do Sul Alemanha Austrália CAS (g/100 mL) 0.05 0.05 0.05 País ou região Japão Lesoto Luxemburgo CAS (g/100 mL) 0.03 0.05 0.05 31 Áustria Bélgica Benin Botsuana Brasil Canadá Costa do Marfim Dinamarca 0.05 0.05 0.08 0.08 0.00 0.08 0.08 0.05 Nova Zelândia Noruega Portugal Reino Unido República Tcheca República Unida da Tanzânia Suazilândia Suécia 0.08 0.05 0.05 0.08 0.05 0.08 0.08 0.02 Espanha Estados Unidos Estônia Federação Russa Finlândia França Grécia Holanda Hungria Irlanda Itália 0.05 *0.10 ou 0.08 0.02 0.02 0.05 0.05 0.05 0.05 0.05 0.08 0,05 Suíça Uganda Zâmbia Zimbábue 0.08 0.15 0.08 0.08 Adaptado de WHO (2007b). * Depende da legislação do estado QUADRO 3 - Medidas de conversão da alcoolemia no bafômetro % BAC concentração de álcool no sangue mg/L BRAC concentração de álcool no ar alveolar dg/L sangue 0,01 a 0,03 0,05 a 0,15 1a3 0,04 a 0,05 0,20 a 0,25 4a5 0,06 a 0,08 0,30 a 0,40 6a8 0,09 a 0,15 0,45 a 0,75 9 a 15 0,16 0,80 16 a 30 0,40 2,0 40 a 50 0,50 em diante 2,5 50 em diante Adaptado de Meditec - Medição e automação Ltda. Nos Estados Unidos, 12,4% dos condutores das noites dos fins de semana bebem e dirigem (LACEY et al., 2009). Estudo americano sobre a epidemiologia do beber e dirigir realça que o perfil dos motoristas que bebem e depois dirigem é de homem com idade entre 22 e 45 anos de idade e envolvimento prévio em acidentes de trânsito (HINGSON; WINTER, 2003). No Canadá, pesquisa sobre o 32 beber e dirigir mostrou que 8,1% dos condutores bebem e dirigem, sendo mais comum entre os motoristas com idade entre 19 e 34 anos (BEIRNESS; BEASLEY, 2011). Na Noruega, 4,5% dos motoristas apresentaram teste positivo para álcool ou drogas (GJERDE et al., 2008). Na Bélgica, a porcentagem de condutores com concentração de álcool no sangue igual ou superior ao limite legal de 0,5 g/L durante as noites do fim de semana (7,68%) foi significativamente superior a todos os outros intervalos de tempo. Essas percentagens para os intervalos de tempo restante não diferiu significativamente: durante a semana, 1,76%; e as noites da semana: 2,99%; e dias do fim de semana: 2,98% (VANLAAR, 2005). Para examinar a prevalência e as correlações de beber e dirigir em Hong Kong, pesquisa telefônica aleatória foi conduzida em 9.860 adultos chineses (18 a 70 anos de idade) de abril a junho de 2006. Para os homens que bebem, a prevalência do beber e dirigir foi de 5,0% entre aqueles sem problema com a bebida; 14,8% entre “bebedores binge”; 37,1% para os abusadores de álcool; e 22,4% entre os dependentes do álcool. Para o sexo feminino que bebem, os valores correspondentes foram inferiores a 1,2; 6,9; 12,1 e 12,5 %, respectivamente (KIM et al., 2010). Em um dos poucos estudos em países em desenvolvimento, realizado na Tailândia, encontrou-se que 5,5% dos condutores apresentaram teste de alcoolemia positivo (INGSATHIT et al., 2009). Homens com idade entre 25 e 44 anos são mais prováveis de apresentarem teste positivo para o uso de álcool nas noites dos fins de semana. Entretanto, entre as mulheres, o teste positivo para o uso de álcool tem sido tão comum quanto entre os homens (BEIRNESS; BEASLEY, 2011). 1.4 Beber e dirigir no Brasil No Brasil, pesquisas sobre beber e dirigir ainda são escassas, tendo iniciado na década de 90 após o Código de Trânsito de 1989, que estipulou a concentração de álcool para os motoristas em 0,8 g/L. Levantamento em quatro capitais brasileiras (Salvador, Recife, Brasilia, Curitiba), realizado pela Associação Brasileira dos Departamentos de Trânsito (ABDETRAN), em 1997, com 865 vítimas, evidenciou que 27,2% dos motoristas apresentavam alcoolemia superior 33 a 0,6 g/L, estabelecido pelo código de trânsito vigente (GALDURÓZ; CAETANO, 2004). Investigação realizada em Recife-PE, no Brasil, em 1997, sobre a associação entre álcool e trânsito em bares, cruzamentos de avenidas, rodovias e vítimas de acidentes, demonstrou que entre 53 e 88% dos condutores, em vias urbanas, apresentavam algum nível de álcool no sangue. E 13 a 27% deles estavam com nível de álcool acima do limite máximo estabelecido por lei (NERY FILHO et al., 1997). No mesmo ano, o limite de concentração de álcool para motoristas foi reduzido para 0,6 g/L a partir da lei 9.503 de 1997 (BRASIL, 1997). A partir de então, o beber e dirigir passou a ser foco de notícias em artigos de jornais e revistas, que frequentemente têm mostrado aumento no número de acidentes no trânsito relacionado ao consumo de álcool, à falta de fiscalização e punição para os infratores. Poucas pesquisas têm sido publicadas para orientação de políticas específicas para o beber e dirigir. Pinsky et al. (2001), em levantamento entre candidatos à carteira de motoristas na cidade de São Paulo, mostraram que a falta de fiscalização e educação tem comprometido a credibilidade nas sanções impostas pelas leis. Entretanto, entre 1998 e 2006, os acidentes de trânsito permaneceram associados ao uso de álcool. Com o objetivo de avaliar políticas públicas sobre o consumo de álcool, Duailibi, Pinsky e Laranjeira (2007), utilizando metodologia internacional, avaliaram o beber e dirigir em Diadema-SP com a utilização de postos de checagem de sobriedade e o teste do bafômetro nas noites de sexta-feira, sábado e domingo à tarde. Esse estudo obteve que 23,65% dos motoristas apresentavam algum traço de álcool no ar expirado e 19,42% estavam com níveis de álcool iguais ou acima dos limites legais (0,6 g/L). Ainda de acordo com essa pesquisa, a prevalência de bafômetro positivo foi observada no sexo masculino, na faixa etária de 21 a 30 anos e na população solteira. Os achados são seis vezes maiores aos encontrados em pesquisas semelhantes em outros países. Pesquisas similares realizadas em Belo Horizonte, Vitória, Santos-SP e na cidade de São Paulo constataram índices semelhantes e acima do estabelecido em lei (0,6 g/L), de 19,6%, 18,9, 17,9 e 20%, respectivamente (DUAILIBI; PINSKY; LARANJEIRA, 2010). Em função do crescente aumento dos acidentes de trânsito, o governo federal, em 19 de junho de 2008, sancionou a Lei 11.705, 34 que alterou o Código de Trânsito Brasileiro, estipulando o limite de concentração sanguínea de “zero de álcool” para quem vai dirigir. Essa lei ficou conhecida nos meios de divulgação como “Lei Seca.” Essa nova lei impõe medidas mais severas para os motoristas que dirigem sob o efeito de álcool e estabelece: a suspensão do direito de dirigir a partir de 0,1 mg de álcool por litro de ar expelido no exame do bafômetro (ou 2 dg de álcool por litro de sangue), o que pode ser obtido consumindo-se um copo de cerveja. Para quem for pego dirigindo depois de beber, além da multa de R$ 955 vai perder a carteira de motorista por 12 meses e incorrer em infração gravíssima, com sete pontos em carteira. Acima de 0,3 mg/L de álcool no ar expelido (ou 6 dg/L de sangue), o que pode ser obtido consumindo-se dois copos de cerveja, a punição inclui também a detenção do motorista, que, se processado criminalmente, pode ter pena de seis meses a três anos de prisão (Lei 11.705 sancionada em 19 de junho de 2008). No primeiro levantamento domiciliar nacional com amostra representativa da população, a prevalência de beber e dirigir entre o sexo masculino foi de 34,7%-42,5% e 9,2% para o sexo feminino. Beber e dirigir foi associado, nesse mesmo estudo, a sexo masculino, envolvimento prévio em acidentes após o uso de bebida e direção, padrão de consumo abusivo de álcool no último ano e opinião desfavorável sobre políticas públicas (PECHANSKY et al., 2009). Em recente estudo desenvolvido pela SENAD sobre o uso de bebidas alcoólicas e outras drogas nas rodovias brasileiras, apurou-se que no momento da pesquisa 12,8% dos motoristas relataram ter ingerido bebidas alcoólicas naquele dia e a maioria havia feito uso de bebidas na sua casa ou de alguém, em bares ou restaurantes. Ainda de acordo com essa pesquisa, 60% dos motoristas relataram já terem sido passageiros de motoristas que haviam bebido antes de dirigir e a alcoolemia acima de zero no teste do bafômetro foi de 5%, homogeneamente similar para carros, motos e caminhões e mais baixa para ônibus (1,2%) (PECHANSKY; DUARTE; DE BONI, 2010). Apesar de leis cada vez mais rigorosas, a sociedade e a justiça brasileiras têm se mostrado excessivamente tolerantes com motoristas alcoolizados. De acordo com a justiça, o motorista não é obrigado a produzir provas contra si e por isso pode recusar-se ao teste do bafômetro, mesmo estando visivelmente embriagado. Se comparados com outros países da Europa e EUA, onde a lei não faz muita diferenciação entre um motorista alcoolizado que mata uma pessoa e 35 um crime premeditado, nossa legislação é permissiva e a aplicação da lei muito morosa o que as torna ineficazes quanto ao seu propósito. Apesar disso, levantamento do Sistema de monitoramento de fatores de risco e proteção contra doenças crônicas (VIGITEL) do Ministério da Saúde, mostrou que nos dois primeiros meses da Lei Seca a frequência dos condutores que informaram dirigir após beber caiu de 2,2 para 0,9% e voltou a aumentar para 2,8% em 2009 (MOURA et al., 2009). Mesmo com a força da lei, seus resultados são temporários e mais estudos são necessários para identificar características dos condutores, fatores sociais econômicos e culturais das diversas regiões do país envolvidos nessa relação álcool e direção e direcionar políticas públicas para a redução dos acidentes e mortes no trânsito em níveis regionais e nacional. 1.5 Políticas públicas e o beber e dirigir Embora o consumo de álcool faça parte da nossa cultura há vários séculos, seu consumo indevido tornou-se um grave problema de saúde pública. Além dos problemas de saúde que o álcool traz para as pessoas, seu consumo em circunstâncias inadequadas pode representar uma ameaça para a família, amigos, comunidade, sociedade em geral, a partir de: perda de produtividade, comportamento antissocial, agressividade, violência, traumas físicos, sociais, financeiros e psicológicos nos respectivos cônjuges e filhos, nas vítimas do beber e dirigir, de crimes ou agressões ou na forma de custos sociais, como perdas produtivas, gastos com serviços de saúde, seguros, etc. (ROOM et al., 2002; SINGLE et al., 1998). Para conter esses prejuízos, os governantes necessitam tomar decisões com base em consensos na forma de lei, regras e regulações. O conjunto dessas medidas define políticas públicas. Quando políticas públicas dizem respeito à relação entre álcool, saúde e bem-estar social, são consideradas políticas do álcool (LARANJEIRA; ROMANO, 2004). A ligação entre o consumo de álcool e consequências adversas é facilmente observável em adolescentes e adultos jovens no tocante a violência, problemas familiares, profissionais e acidentes de trânsito (BABOR et al., 2003; EDWARDS et al., 1994). Em muitos países em desenvolvimento, o consumo de álcool tem sido mais frequente nos fins de semana na forma de binge drinking 36 (WHO, 2002). Isso contraria a tendência popular a associar todos os problemas relacionados ao consumo de álcool apenas à dependência de álcool. Mesmo após algumas horas depois de ter bebido socialmente numa noite, uma pessoa pode ter prejuízos no desempenho psicomotor e memória (McKINNEY; COYLE; VERSTER, 2012). As medidas preventivas destinadas a reduzir tais problemas têm de ser dirigida a toda a população de bebedores, e não apenas aos bebedores pesados (EDWARDS, 1998; HOLDER, 1998). Na verdade, há amplo espectro de problemas relacionados ao consumo de álcool que vão além do conceito médico restrito de dependência de álcool. Portanto, as políticas públicas para o álcool devem considerar toda a complexidade que envolve o consumo de álcool e basear-se em evidências científicas, ter relação custo-efetividade vantajosa, ter consistência de ação com metas claras, obter o apoio da comunidade e ser direcionadas aos seus problemas mais relevantes de forma a desenvolver estratégias que beneficiem o maior número de pessoas, contemplando toda a população que bebe, e não só os bebedores pesados (BABOR et al, 2003; DUAILIBI, 2007). Para que uma lei de redução da concentração de álcool no sangue se torne uma política, é necessário: acompanhar a explicitação das relações entre problemas de saúde, intervenções e resultados, avaliar sistematicamente e sintetizar as evidências, estar pronto para aproveitar rapidamente a abertura da janela política, envolver os principais parceiros e todas as partes interessadas na produção e difusão das evidências e recomendações, envolver os múltiplos atores na captação de incentivo e adesão de recomendações da política e abordar a sustentabilidade (BROWNSON et al., 2010; MERCER et al., 2010). 1.5.1 Reduzindo limites da CAS A evidência da efetividade do impacto da dissuasão com base nessa estratégia é forte, embora os efeitos possam se desfazer com o tempo. Isso tem levado diversos países a reduzir ainda mais os limites tolerados da CAS, com impacto considerável em reduzir acidentes e salvar vidas (BABOR et al., 2003; MERCER et al., 2010). Lei de tolerância zero tem sido efetiva em reduzir as mortes relacionadas ao consumo de álcool em alguns países (CHANG; WU; YING, 2012; NAGATA et al., 2008). 37 1.5.2 Garantindo o cumprimento da lei: checagem aleatória ou seletiva? Uma estratégia para aumentar a “certeza de punição” entre os motoristas consiste em aumentar a frequência e a visibilidade da fiscalização. Ou seja, simplesmente intensificar as ações da polícia que visam ao cumprimento da lei (fiscalização em checkpoints). Campanhas de curta duração realmente reduzem acidentes, mas seus efeitos são temporários. E geralmente tais campanhas fazem uso da checagem seletiva, ou seja, somente os motoristas que a polícia julga estarem alcoolizados são submetidos ao teste. Mesmo policiais bem treinados frequentemente não são capazes de identificar motoristas sob efeito de álcool. Pesquisa realizada nos EUA mostrou que mais da metade de motoristas com níveis de alcoolemia acima de 0,5 g/L e 90% com níveis de 0,8 g/L não foram identificados por policiais militares em postos de checagem de sobriedade (FELL; COMPTON, 2007; WELLS et al., 1997; ZADOR, 1991). Uma alternativa às checagens seletivas são as checagens aleatórias: qualquer motorista, em qualquer momento, pode ser submetido ao teste, que pode variar em frequência e local, sem aviso prévio. Além disso, sempre são muito visíveis e causam impacto na mídia. Revisão de 23 estudos sobre checagem aleatória e seletiva revelou declínio de 22% (variação de 13 a 36%) nos acidentes fatais. Outro estudo mostrou que a checagem aleatória é duas vezes mais efetiva do que as checagens seletivas. Em Queensland, Austrália, programas baseados na checagem aleatória resultaram em 35% de redução nos acidentes fatais, enquanto os programas baseados em checagens seletivas alcançaram 15%. Estimativas sugerem que cada 1.000 testes diários correspondem a 6% de redução em todos os acidentes graves e 19% de redução nos acidentes noturnos de único veículo. Outros trabalhos realçam, ainda, que os efeitos da checagem aleatória se mantêm por 10 anos e que tais checagens oferecem aos bebedores pesados uma desculpa legítima para beber menos quando em companhia dos amigos. Existe forte evidência científica, portanto, de que checagens aleatórias bastante visíveis, e não seletivas, têm efeito sustentado e significativo em reduzir acidentes, traumas e mortes associados ao beber e dirigir (BABOR et al., 2003). 38 1.5.3 Gravidade da punição Punições graves não resultam em menos acidentes do que punições menos graves. Seus efeitos podem até ser contraproducentes quando o sistema judiciário está sobrecarregado ou quando a promotoria não obtém a condenação. A única punição que parece ter consistente impacto é a perda ou suspensão da carteira de habilitação (BABOR et al., 2003). É uma medida eficaz tanto para acidentes álcool-relacionados quanto para os não relacionados ao álcool. Infratores que não perdem a licença apresentam elevado índice de reincidência. Pesquisa revelou que três quartos dos motoristas que perderam a licença permanecem dirigindo, porém menos frequentemente e com mais cautela (BABOR et al., 2003). 1.5.4 Rapidez da punição Um bom exemplo é a suspensão administrativa da carteira de habilitação, sem a necessidade de processo judicial. Nos EUA, essa é uma possibilidade em 40 dos 50 estados e o seu impacto na redução de acidentes álcool-relacionados é consistente, reduzindo em até 26% o índice de acidentes fatais. Estudo com motoristas novatos revelou que o custo-benefício de tal programa é de 11 dólares para cada dólar investido (MILLER; LESTINA; SPICER, 1998). Concluindo, há evidências de que as medidas a seguir formam uma estratégia combinada com o maior potencial de sucesso na prevenção de problemas relacionados ao beber e dirigir: • Estabelecer reduzido nível da CAS tolerada para os motoristas. • Realizar fiscalizações dos limites da CAS de forma frequente e visível. • Suspender efetivamente a habilitação dos infratores. • Estabelecer a certeza da punição especialmente a partir de checagens aleatórias. 39 1.6 Justificativas do projeto O consumo de álcool associado à direção é uma das principais causas de acidentes e mortes nas estradas em todo o mundo (WHO, 2007a). Os acidentes de trânsito causados por fatores humanos são responsáveis por mais de 90% dos acidentes com veículos automotores (DURIC; MILADINOV MIKOV, 2008). Com a globalização, verificou-se o crescimento da indústria do álcool e da motorização e as consequências têm sido o aumento nos problemas relacionados ao consumo de álcool e direção, principalmente em países em desenvolvimento (ROOM et al., 2002). O crescimento econômico das nações em desenvolvimento expandiu o mercado da indústria do álcool com acentuado aumento da disponibilidade e consumo e dos problemas relacionados ao álcool (CAETANO; LARANJEIRA, 2006). Várias pesquisas têm demonstrado que quanto mais elevado o consumo médio do álcool numa população, mais alta a incidência de problemas relacionados (BABOR et al., 2003; EDWARDS et al., 1994; REHM et al., 2003). O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de bebidas alcoólicas. A frota de veículos automotores no país é de 70,5 millhões e a região Sudeste é onde se concentra a metade dessa frota, com 35,8 milhões (DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO - DENATRAN, 2011). O país está entre os 10 com mais altos indíces de mortalidade no trânsito. Os acidentes de trânsito ocupam o segundo lugar no quadro de classificação dos acidentes de causas externas (BRASIL, 2010). Metade dos acidentes fatais de trânsito está associada ao consumo de álcool nas noites dos fins de semana e ocorre entre meia-noite e seis horas da manhã (PONCE et al., 2011). Os custos anuais com acidentes de trânsito nas grandes metrópoles é de R$ 5,3 bilhões, correspondendo a 0,4 do PIB do país (IPEA/ANTP, 2003). O número de acidentes de trânsito vem crescendo e pelo menos 40.000 pessoas morreram no ano de 2010 (BRASIL, 2011). A prevalência de beber e dirigir é alta entre jovens do sexo masculino, na faixa etária dos 20 aos 30 anos (CAMPOS et al., 2008; DUAILIBI; PINSKY; LARANJEIRA, 2007). Os fatos apresentados revelam a importância do “beber e dirigir” como crucial problema de saúde pública, em função da soma de prejuízos econômicosociais, materiais, da assistência à saúde e perda de produtividade e de várias 40 vidas. Além disso, o conhecimento a respeito do beber e dirigir com base em evidência científica pode contribuir no auxílio de desenhos de pesquisa e nortear políticas públicas para o álcool e redução dos acidentes e mortes no trânsito. Isso nos levou a avaliar de forma inédita o “beber e dirigir” em algumas cidades do país, especificamente da região Sudeste, aplicando metodologia internacional dos postos de checagem da sobriedade e o uso do bafômetro (sobriety checkpoints), adotada em outros países como EUA, Canadá, Austrália, Inglaterra e outros (BEIRNESS; BEASLEY, 2009; JACKSON, 2008, LACEY et al., 2009; VOAS et al., 1998). A ideia inicial foi realizar o mesmo estudo desenvolvido de forma inédita sobre o beber e dirigir na cidade de Diadema-SP e obter dados de prevalência e caracteristicas dos condutores que dirigem nas noites dos fins de semana, a partir de uma amostra de conveniência nas cidades de Belo Horizonte, Vitória e São Paulo. Assim, este estudo faz parte de um projeto multicêntrico idealizado pela UNIAD/UNIFESP - protocolo no Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP nº 1.409/05 e Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais – FHEMIG, nº 598/07 (ANEXO A e B). Foi utilizado como banco de dados e instrumento de análise estatística o aplicativo Statiscal Package for the Social Sciences (SPSS) e montada uma base de dados única com junção das variáveis em comuns para se proceder ao estudo do beber e dirigir em quatro cidades da região Sudeste (Diadema, Belo Horizonte, Vitória e São Paulo). Após o levantamento dos dados nas quatro cidades, foi sancionada a lei 11.705/2008, popularmente conhecida como “Lei Seca”. Para avaliar os efeitos dessa lei, foi realizado levantamento de dados em 2009 na cidade de São Paulo, adotando-se a mesma metodologia nos mesmos locais do primeiro levantamento. Dessa forma, avaliaram-se duas hipóteses neste estudo, formuladas a seguir: a) Determinadas características dos condutores prediz bafômetro positivo. b) A implementação de uma nova lei de trânsito mais rigorosa é suficiente para reduzir os acidentes de trânsito. Este estudo baseia-se em cinco pesquisas: a) A prevalência do beber e dirigir em Belo Horizonte, Minas Gerais. b) Drinking and driving in Southeastern Brazil: Results from roadside surveys. 41 c) O impacto da “lei seca” sobre o beber e dirigir em Belo horizonte / MG d) The effect of the new traffic law on drinking and driving in São Paulo, Brazil. e) Beber e Dirigir: características de condutores com bafômetro positivo. 1.7 Objetivos • Realizar o levantamento de dados de prevalência do “beber e dirigir”, características sociodemográficas, atitudes, comportamento e consumo de álcool dos motoristas nas cidades de Diadema-SP, Belo Horizonte-MG, Vitória-ES e São Paulo-SP. • Testar a aplicabilidade e aceitabilidade dos bafômetros (passivos e ativos) como instrumento na coleta de dados de pesquisa. • Auxiliar na configuração de desenhos de pesquisas para orientação de políticas públicas que permitam intervenções no campo do “beber e dirigir”. • Educar e conscientizar a população sobre a relação entre o “beber e dirigir”. • Demonstrar características de condutores que dirigem nas noites dos fins de semana. • Demonstrar características de condutores com teste do bafômetro positivo. • Analisar os efeitos da nova lei de trânsito (Lei 11.705/2008 - conhecida popularmente como “Lei Seca”) em relação ao beber e dirigir na cidade de Belo Horizonte e São Paulo- SP. • Levantamento de dados de prevalência do “beber e dirigir” no Estado de Minas Gerais. 42 2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Aspectos gerais e comuns da implementação da pesquisa beber e dirigir Para o desenvolvimento deste estudo pioneiro no Brasil, foi criada uma parceria com governo de estado e/ou municipal, polícia militar, órgãos de fiscalização do trânsito, contando com a assessoria técnica da UNIAD/INPAD UNIFESP. Os resultados obtidos visam fundamentar a implementação e avaliação de políticas públicas para o álcool bem como a metodologia utilizada poderá auxiliar estudos para o monitoramento do comportamento de beber e dirigir e redução de acidentes de trânsito. Inicialmente, a pesquisa foi desenvolvida em Diadema-SP e, em seguida, em Belo Horizonte-MG, Vitória-ES e São Paulo-SP. Os trabalhos de pesquisa começaram pela cidade de Belo Horizonte. Tal interesse se deve ao fato de que a capital mineira é conhecida internacionalmente como a cidade dos “botecos”. Salvo alguns poucos dados do principal serviço de urgência local e anedóticos dos órgãos de trânsito, não se tinha ideia real do assunto álcool e direção no nosso meio e o bafômetro era, usando linguajar bem regional, um “trem” desconhecido e estranho. A metodologia utilizada foi a dos postos de checagem de sobriedade com o uso do bafômetro. Para a implementação desse estudo os primeiros passos foram: buscar parceria junto ao governo do estado de Minas Gerais, representado pela SUPOD, e a construção de um plano de trabalho com base num projeto de pesquisa inédito em nosso meio. Com o apoio irrestrito e imediato de um órgão do governo, foram realizadas articulações com outras instituições governamentais necessárias para a viabilização deste trabalho. Após inúmeros encontros com a Subsecretaria de Políticas Antidrogas de Minas Gerais, BHTRANS e polícia militar de Minas Gerais, a respeito da implementação da metodologia, questões éticas e 43 jurídicas que permeiam até hoje a relação álcool e direção, os trabalhos em Belo Horizonte foram iniciados em 2005. Ficou definido que a amostra seria de conveniência e seriam pesquisados 560 condutores em vias de tráfego intenso. A cidade de Belo Horizonte é dividida em nove regionais (Norte, centro-sul, leste, oeste, noroeste, nordeste, Pampulha, Venda Nova e Barreiro). Após análise do mapa da cidade desenvolvido pela BHTRANS, foi escolhida a região da Savassi, localizada na regional centro-sul, por se tratar de uma área tradicional da cidade onde há a maior concentração de bares, casas noturnas e restaurantes da capital. Algumas avenidas foram selecionadas e, por fim, a avenida Nossa Senhora do Carmo foi escolhida, por se tratar de via estratégica de fluxo intenso de veículos. Além disso, foi analisado o ponto para instalação do posto de checagem de sobriedade com o uso do bafômetro, observando-se possíveis vias de desvio dos condutores, o que poderia interferir nos resultados da pesquisa. Nessa primeira fase da pesquisa, foram abordados 560 condutores de veículos automotores (automóvel de passeio, utilitários, motocicletas) em dois fins de semana (sexta e sábado) da primeira quinzena de dezembro de 2005. Após a análise dos primeiros dados, constatou-se o elevado número de recusas ao teste do bafômetro. Alguns fatores que poderiam ser responsáveis pelas recusas: presença da polícia nas imediações da pesquisa, consumo de álcool e receio do teste ser positivo. Mesmo assim, optou-se por repetir a pesquisa com a mesma metodologia e no mesmo local e período da primeira no ano seguinte (2006). Foram abordados nesse ano 430 condutores e a amostra total para os dois períodos foi de 990 condutores. Os resultados das pesquisas nos anos de 2005 e 2006 compõem o primeiro artigo, intitulado: “A prevalência do beber e dirigir em Belo Horizonte, Minas Gerais”, publicado no periódico Cadernos de Saúde Pública – Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, em 2008. Quase que simultaneamente, as cidades de Vitória e São Paulo realizaram o mesmo trabalho, adotando a mesma metodologia, com questionário e instrumentos para avaliar os níveis de álcool no ar exalado. Não demorou muito e os primeiros dados apresentados naquelas cidades geraram amplo debate em todo o país a respeito da associação álcool e direção. Fruto desse debate foi a modificação da lei de trânsito em julho de 2008, em que o limite de alcoolemia para dirigir passou a ser zero, tornando a Lei 44 11.705 conhecida popularmente como “Lei Seca”, gerando inicialmente entre a população um clima social em relação ao consumo de álcool e suas consequências no trânsito. Como resultado desse clima, órgãos responsáveis pela fiscalização do trânsito constataram reduções nos índices de acidentes e mortes no trânsito em todo o país. Desde então, com o apoio da UNIAD (Unidade de Pesquisa em álcool e outras drogas) da UNIFESP e do INPAD (Instituto Nacional de Políticas de Álcool e Outras drogas do CNPQ), este trabalho tem sido aperfeiçoado e, em articulação permanente com instituições governamentais relacionadas a políticas de álcool e drogas. Esta pesquisa foi ampliada para apresentar o comportamento do beber e dirigir com a adoção dos postos de checagem de sobriedade com o uso do bafômetro em Diadema, Belo Horizonte, Vitória e São Paulo. O estudo dessas quatro cidades compõe o segundo artigo, intitulado: “Drinking and driving in Southeastern Brazil: Results from roadside surveys”, publicado no periódico Addictive Behaviors, em 2012. Em função das mudanças ocorridas nesse período, buscou-se avaliar, também, o impacto da nova lei de trânsito nas cidades de Belo Horizonte e São Paulo e esses estudos compõem o terceiro e quarto artigos, intitulado: O impacto da “lei seca” sobre o beber e dirigir em Belo horizonte / MG, publicado no periódico Ciência & Saúde Coletiva, em 2012 e “The effect of the new traffic law on drinking and driving in São Paulo, Brazil”, publicado no periódico Accident Analysis and Prevention, em 2012. Realizamos o levantamento do beber e dirigir em todas as 10 regiões geográficas do estado de Minas Gerais, representadas pelas cidades-polos e esse estudo compõe o quinto artigo intitulado: Beber e Dirigir: características de condutores com bafômetro positivo, publicado no periódico Revista de Psiquiatria Clínica, em 2012. 2.2 Fases de implementação da pesquisa Em outros países, o beber e dirigir é coordenado por órgãos responsáveis pelo trânsito. Entretanto, esta pesquisa é inédita no país e por isso a coordenação ficou a cargo de pesquisadores da área de saúde interessados na área do beber 45 e dirigir em parceria com órgãos de fiscalização do trânsito e polícia militar. Com esse direcionamento a pesquisa beber e dirigir na região Sudeste teve as seguintes fases: a) Pesquisa beber e dirigir em Belo Horizonte. b) Estudo do beber e dirigir na região Sudeste do país, particularmente nas cidades onde a pesquisa foi realizada com a mesma metodologia: Belo Horizonte, Diadema, Vitória e São Paulo. c) Avaliação do impacto da nova lei de trânsito (11.705) sobre o beber e dirigir nas cidades de Belo Horizonte e São Paulo. d) Pesquisa beber e dirigir no Estado de Minas Gerais. A seguir são descritos os estágios da implementação do trabalho de pesquisa: Contato com o comando maior do policiamento de trânsito da Polícia Militar e o órgão de fiscalização do trânsito local para obter apoio e autorização de atividades de pesquisa em Belo Horizonte. Durante essas reuniões e conforme o mapeamento do trânsito na cidade, foram definidos os locais para o check-point e coleta de dados. Articulação com universidades locais para a apresentação do projeto de pesquisa e o recrutamento de estagiários graduandos das áreas de saúde e humanas para serem treinados como entrevistadores. Treinamento dos entrevistadores selecionados, juntamente com policiais militares que participariam da montagem das blitze. Requisição junto aos orgãos parceiros de logística para a realização dos trabalhos de campo: materiais necessários para os trabalhos de abordagem dos condutores, barraca para montagem do ponto de apoio da equipe, veículos para transporte da equipe para os locais da pesquisa, disponibilização de motoristas profissionais, alimentos e água para a adoção das medidas de segurança previstas no projeto de pesquisa aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa (CEP) e alimentação para todos os participantes do trabalho de campo. Ampliou-se esta pesquisa para desenvolver um trabalho inédito de estudar o beber e dirigir em mais três cidades (Diadema, Vitória e São Paulo) da região 46 Sudeste, totalizando quatro cidades. Os resultados compõem o segundo artigo, intitulado: “Drinking and driving in Southeastern Brazil: Results from roadside surveys”. Na sequência propôs-se o estudo da avaliação do impacto da nova lei do trânsito na cidade de Belo Horizonte e São Paulo, cujos resultados compõem o terceiro e quarto artigos, intitulados: O impacto da “lei seca” sobre o beber e dirigir em Belo horizonte / MG e “The effect of the new traffic law on drinking and driving in São Paulo, Brazil”. E por fim, o estudo do beber e dirigir no Estado de Minas Gerais, cujos resultados compõem o quinto artigo, intitulado: Beber e Dirigir: características de condutores com bafômetro positivo. FIGURA 1 - Fluxograma da implementação da pesquisa beber e dirigir na região Sudeste Unidade de pesquisa em álcool e outras drogas – UNIADUniversidade Federal de São Paulo Parceria com governo do estado, prefeitura, órgãos de fiscalização do trânsito, polícia militar Definição dos check points conforme mapeamento dos órgãos de trânsito Articulação com universidades locais para o recrutamento de entrevistadores Treinamento dos entrevistadores selecionados, juntamente com policiais militares e planejamento da montagem das blitze Requisição da logística para a realização dos trabalhos de campo Coleta de dados conforme cronograma antes e após a lei * Montagem do banco de dados das 04 cidades em separado e empilhado (compatibilização) Análise dos dados para produção de resultados em cada cidade em separado e em banco único * Montagem do banco de dados de Belo Horizonte e São Paulo antes e após a lei 11.605 (“Lei Seca”) - compatibilização 47 Coleta de dados nas dez regiões geográficas do Estado de Minas Gerais Apresentação de resultados em cinco artigos 2.2.1 Compatibilização do banco de dados único * A compatibilização do banco de dados para as quatro cidades e para as cidades de Belo Horizonte e São Paulo antes e após a nova lei consistiu basicamente das seguintes etapas: • Identificação da abrangência geográfica comum a todas as edições. • Identificação das variáveis coletadas, sob as mesmas condições e procedimentos de coleta, comuns a todas as edições. • Criação de campos-chave para relacionamento das bases de dados, de forma a assegurar que os resultados se mantivessem fiéis às respectivas edições. • Junção das variáveis comuns em uma única base de dados. • Testes comparativos dos resultados da base única (todas as edições) com os resultados das bases separadas (edição em cada cidade e em cada ano). • Isolamento, para análise, da variável bafômetro com conversão de valores em conformidade com a lei (bafômetro positivo > 0,2 g/L). 2.3 Aspectos gerais e comuns a todas as pesquisas 2.3.1 Instrumentos e procedimentos Basicamente, estabeleceram-se postos de fiscalização da sobriedade com a aplicação de questionário estruturado e teste do bafômetro em vias públicas consideradas estratégicas e de tráfego mais intenso, nas cidades de Diadema, 48 Belo Horizonte, Vitória e São Paulo. Este estudo baseou-se na metodologia de levantamentos de dados no trânsito, conhecidos como postos de fiscalização de sobriedade (“sobriety checkpoints”), utilizada em pesquisas realizadas nos EUA, Austrália, países europeus e replicada em outros países (BEIRNESS; BEASLEY, 2009; JACKSON, 2008; LACEY et al., 2009; VOAS et al., 1998). Os postos de checagem foram previamente estabelecidos de acordo com mapeamento dos órgãos responsáveis pela fiscalização de trânsito nas referidas cidades. A partir desse mapeamento, a equipe, juntamente com os policiais e/ou fiscais de trânsito, selecionou as avenidas estratégicas e de maior fluxo de veículos (ANEXO C). Foram excluídas as avenidas em cruzamentos e curvas, que possibilitavam o desvio dos veículos, que pudessem obstruir o trânsito e não oferecessem segurança para a realização dos trabalhos. Foram abordados condutores de veículos automotores de passeio, utilitários e motociclistas. Veículos comerciais (táxi, ônibus, caminhões e motociclistas em trabalho de delivery) não foram incluídos neste estudo. A escolha dos veículos foi randômica. A cada cinco veículos, um era escolhido pelo coordenador do grupo para que fosse parado por policiais devidamente equipados e identificados. A cada dia da pesquisa, 10 entrevistadores previamente treinados estiveram em campo para a coleta dos dados. Dois desses entrevistadores foram treinados também para aplicação do teste do bafômetro. Assim, ficaram exclusivamente para a aplicação do teste do bafômetro nos condutores que aceitaram participar da pesquisa, respondendo ao questionário, e que aceitaram também fazer o teste do bafômetro. Quando todos os entrevistadores (oito) estavam ocupados, o fluxo de veículos era liberado. Tão logo um entrevistador estivesse desocupado, um veículo era parado para que o condutor fosse entrevistado. Policiais militares participaram da pesquisa e verificavam as condições de segurança do tráfego, dos condutores, dos passageiros e de toda a equipe de pesquisadores, supervisores, coordenadores e pessoal de apoio envolvidos no trabalho de abordagem. Evitavam, assim, riscos de assalto, atropelamento e acidentes. Foram excluídos deste estudo os veículos que visivelmente eram identificados pelos policiais com a suspeita de estarem embriagados e oferecendo riscos de atropelamento ou de que os policiais tinham informações prévias por comunicação por rádio de algum sinistro. Após parar o veículo escolhido pelo 49 coordenador e realizada vistoria prévia das condições de segurança, o policial se afastava do veículo, que era abordado pelo pesquisador, e este explicava a cada motorista o motivo da parada, informando tratar-se de uma pesquisa educativa. Aqueles que concordavam em participar assinavam um termo de consentimento livre e esclarecido. Aqueles que se recusaram a participar da pesquisa e que não estavam visivelmente embriagados eram liberados. Todos recebiam um folheto educativo sobre a relação álcool e direção. Todos os condutores que aceitaram participar da pesquisa responderam a um questionário anônimo (APÊNDICE A) aplicado por entrevistadores treinados, sobre: • Dados socioeconômicos e demográficos (sexo, idade, estado civil, escolaridade, emprego e renda familiar); • envolvimento anterior em acidentes de trânsito; • opinião sobre infrações de trânsito; • padrão de consumo de bebidas alcoólicas (diária, semanal, mensal ou esporadicamente, quantidade, bebidas usadas); • uso de bebidas no dia da entrevista; • conhecimento sobre parte da lei que rege esses assuntos no trânsito; • comportamento quanto ao uso de bebidas e direção; • opinião sobre o uso do bafômetro. A seguir, o entrevistador avaliava os seguintes aspectos: o estado geral do condutor (classificando-o como: normal, sob efeito de álcool ou outras drogas, mas sem embriaguez ou visivelmente embriagado), o tipo de veículo, o número de passageiros e o uso de equipamentos de segurança. A aplicação desse questionário teve, em média, duração de cinco minutos. Por fim, o condutor era convidado a se submeter ao teste do bafômetro ativo ou passivo (modelos: ALCOHAWK ABI, P.A.S. IV- Sniffer e BFD 30 - ANEXO D) sem o envolvimento da polícia. Os resultados do teste do bafômetro eram anotados nos questionários, preservando-se o anonimato do condutor. Algumas medidas de segurança foram adotadas em relação aos motoristas que aceitaram fazer o teste do bafômetro e apresentavam níveis de álcool iguais ou superiores ao limite estabelecido por lei. Essas medidas foram aplicadas 50 também para aqueles condutores que não aceitaram participar e estavam visivelmente embriagados. Foram disponibilizados motoristas profissionais de órgãos governamentais dos municípios e do estado, os quais estiveram à disposição dos entrevistados que apresentassem teor alcoólico incompatível com a direção - de acordo com a legislação - para conduzi-los às suas residências. Aquele que recusasse a assistência de um motorista era orientado a trocar de direção com o acompanhante – caso este reunisse as condições legais para conduzir o veículo – ou lhe era sugerido aguardar juntamente com a equipe, quando era hidratado e alimentado até estar em condições legais para conduzir o veículo. Outra opção era a sugestão dada ao motorista de solicitar alguém em perfeitas condições físicas e legais para que pudesse vir buscar o veículo. 2.3.2 Cuidados éticos Aos motoristas foram garantidos o anonimato e a confidencialidade dos resultados obtidos, bem como assegurado o caráter voluntário da participação na pesquisa. Para os que aceitaram participar do estudo, foi solicitada a assinatura no termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE B). Aqueles que estavam visivelmente embriagados foram impedidos de prosseguir e medidas de segurança foram adotadas pela autoridade de trânsito. Esses condutores foram excluídos do estudo. Folhetos informativos sobre álcool e direção foram distribuídos aos condutores participantes e não participantes da pesquisa (APÊNDICE C). A pesquisa foi conduzida dentro dos padrões da Declaração de Helsinky e aprovada pela Comissão de Ética da UNIFESP/EPM, nº 1.409/05 (ANEXO A) e Comissão de Ética da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais- FHEMIG, nº 598/07 (ANEXO B) Em todas as pesquisas foi utilizado como banco de dados e instrumento de análise estatística o aplicativo SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos - versão 15.0. 2.4 Aspectos particulares da metodologia dos artigos 51 2.4.1 Artigo 1 - Prevalência do beber e dirigir em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Desenho: estudo transversal e descritivo. Este estudo baseou-se na metodologia internacional de postos de checagem da sobriedade com o uso do bafômetro (“sobriety checkpoints”), utilizada em pesquisas realizadas nos EUA, Austrália, países europeus e replicada em outros países (BEIRNESS; BEASLEY, 2009; JACKSON, 2008; LACEY et al., 2009; VOAS et al., 1998). No Brasil, foi utilizada inicialmente em trabalho sobre “Políticas Municipais Relacionadas ao Álcool: Análise da Lei de Fechamento de Bares e outras Estratégias Comunitárias em Diadema-SP”, desenvolvido por Duailibi (2007). Verificou-se, a partir deste estudo, a aplicabilidade e aceitabilidade do bafômetro na coleta de dados. E esta pesquisa ainda teve como objetivo auxiliar na configuração de desenhos para pesquisas e orientar intervenções na área do ato de beber e dirigir. Sujeitos: foram abordados 990 condutores de carros de passeio, utilitários e motos em via pública estratégica de tráfego mais intenso, com maiores concentrações de bares, restaurantes e casas noturnas. Veículos em serviço (ônibus, táxi, delivery) não foram incluídos. Participaram 913 (92,2%) motoristas que responderam a um questionário estruturado, sendo que, destes, 579 (63,4%) aceitaram ser submetidos ao teste do bafômetro. Procedimentos: o levantamento de dados foi feito nos meses de dezembro de 2005 e dezembro de 2006, nas noites de sexta-feira e sábado, no horário de 22 às três horas da madrugada, em “postos de fiscalização de sobriedade” (sobriety checkpoint) estabelecidos em vias públicas consideradas estratégicas e de tráfego mais intenso, com maiores concentrações de bares, restaurantes e casas noturnas. Os pontos de checagem foram previamente estabelecidos de acordo com mapeamento da BHTRANS, pela polícia de trânsito e uma equipe de 30 pesquisadores, dois supervisores, dois coordenadores e pessoal de apoio da Subsecretaria Estadual Antidrogas de Minas Gerais. Desse modo, uma vez escolhidos, aleatoriamente, os veículos pelo coordenador do grupo, os motoristas eram parados por policiais do comando de trânsito, devidamente equipados e identificados, que desviavam os veículos para o ponto de checagem e verificavam as condições de segurança do tráfego, dos condutores, dos passageiros e de toda a equipe. Em seguida, o pesquisador 52 explicava a cada motorista o motivo da parada, informando tratar-se de uma pesquisa educativa; e os que concordavam em participar assinavam um termo de consentimento livre e esclarecido e recebiam um folheto educativo sobre a relação álcool e direção. Instrumentos: o condutor que aceitasse participar da pesquisa respondia a um questionário anônimo sobre: os dados socioeconômicos e demográficos; comportamento quanto ao padrão do uso de bebidas alcoólicas; comportamento quanto ao padrão do uso de bebidas alcoólicas e direção; conhecimento sobre parte da lei que rege esses assuntos no trânsito; e opinião sobre o uso do bafômetro. Em seguida, o entrevistador avaliava o estado geral do condutor (classificando-o como: normal, sob efeito de álcool ou outras drogas, mas sem embriaguez, ou visivelmente embriagado), do tipo de veículo, do número de passageiros e do uso de equipamentos de segurança. Por fim, o condutor era convidado a se submeter ao teste do bafômetro ativo, sendo-lhe assegurado que os dados auferidos no bafômetro não seriam compartilhados com a polícia. Após a aceitação em submeter-se ao teste, o coordenador da equipe explicava o funcionamento do aparelho e como seria mensurado em nível de alcoolemia no ar expirado. Esses procedimentos tiveram, em média, a duração de cinco minutos e algumas medidas de segurança foram adotadas em relação aos motoristas com níveis de álcool superiores ao permitido por lei. Cuidados éticos: foram disponibilizados 10 motoristas profissionais da Subsecretaria Antidrogas de MG, que estiveram o tempo todo à disposição para conduzir às suas residências os entrevistados que apresentassem teor alcoólico incompatível com a direção. E aquele que recusasse a assistência de um motorista ou era orientado a trocar de direção com o acompanhante, caso este reunisse as condições legais para conduzir o veículo, ou lhe era sugerido aguardar juntamente com a equipe até estar em melhores condições de conduzir o veículo. Ou, ainda, era aconselhado a solicitar alguém em perfeitas condições para que pudesse vir buscar o veículo. Além do mais, os materiais e os métodos referentes ao uso dos bafômetros – seu manejo, manuseio adequado, condicionamento, baterias e fontes de eletricidade, limpeza e esterilização de bicos utilizados – foram, também, objeto de adequada instrução durante a etapa de treinamento das equipes, incluindo a aplicação do questionário. A pesquisa foi 53 conduzida dentro dos padrões da Declaração de Helsinky e aprovada pela Comissão de Ética da UNIFESP/EPM, nº 1.409/05. Análise estatística: para a análise dos dados, foi criado um banco de dados no aplicativo SPSS para Windows, versão 15.1. A análise primária foi descritiva, a partir de medidas-resumo (média, mediana, mínimo, máximo, desviopadrão), a fim de determinar-se o perfil da amostra estudada. Para verificar associações entre variáveis categóricas foram realizados testes de qui-quadrado. Os testes estatísticos tiveram como nível de significância p<0,05. 2.4.2 Artigo 2 - Drinking and driving in Southeastern Brazil: Results from roadside surveys Desenho: estudo transversal e descritivo do beber e dirigir em quatro cidades da região Sudeste do Brasil: Belo Horizonte, Diadema, Vitória e São Paulo. Nessas cidades foi aplicada a mesma metodologia dos postos de fiscalização da sobriedade com o uso do bafômetro. Os dados foram agregados em banco de dados único para o estudo. Sujeitos: foram abordados 4.767 condutores de carros de passeio, utilitários e motos em via pública estratégica de tráfego mais intenso, com maior concentração de bares, restaurantes e casas noturnas. Veículos em serviço (ônibus, táxi, delivery) não foram incluídos neste estudo. Participaram 4.182 (87,7%) motoristas que responderam a um questionário estruturado, sendo que, destes, 3.488 (83,4%) aceitaram ser submetidos ao teste do bafômetro ativo em Belo Horizonte e Vitória e bafômetro passivo em Diadema e São Paulo. Procedimentos: os veículos eram escolhidos aleatoriamente pelo coordenador do grupo. Os motoristas eram parados e desviados para o ponto de checagem por policiais do comando de trânsito devidamente equipados e identificados, que desviavam os veículos para o ponto de checagem e verificavam as condições de segurança do tráfego, dos condutores, dos passageiros e de toda a equipe envolvida na pesquisa. Os veículos abordados pelos policiais por transitarem oferecendo algum risco, como sinais visíveis de embriaguês do condutor ou conduta suspeita, foram excluídos da pesquisa e medidas legais foram tomadas pela autoridade de trânsito. Em seguida, o policial afastava-se do 54 veículo e o pesquisador explicava a cada motorista o motivo da parada, informando tratar-se de uma pesquisa educativa. Aqueles que concordavam em participar assinavam um termo de consentimento livre e esclarecido. Em seguida, o condutor era convidado a responder a um questionário estruturado (disponível no final deste estudo) e a se submeter ao teste do bafômetro ativo e/ ou passivo, sendo-lhe assegurado que os dados auferidos não seriam compartilhados com a polícia. Após a aceitação em submeter-se ao teste, o operador do bafômetro explicava ao condutor o funcionamento do aparelho e os valores nele obtidos eram devidamente registrados no questionário aplicado. Por fim, recebiam um folheto educativo sobre a relação álcool e direção. Instrumentos: todos os condutores que aceitaram participar da pesquisa responderam a um questionário anônimo, aplicado por entrevistadores devidamente treinados pelo coordenador local do estudo. Foram coletados dados: a) socioeconômicos e demográficos (sexo, idade, estado civil, escolaridade, emprego e renda familiar); b) envolvimento anterior em acidentes de trânsito; c) opinião sobre infrações de trânsito; d) padrão de consumo de bebidas alcoólicas (diária, semanal, mensal ou esporadicamente, quantidade, bebidas usadas); e) uso de bebidas no dia da entrevista; f) conhecimento sobre parte da lei que rege esses assuntos no trânsito; g) comportamento quanto ao uso de bebidas e direção; h) opinião sobre o uso do bafômetro. A aplicação desse questionário teve, em média, duração de cinco minutos. Em seguida, o condutor era convidado a se submeter ao teste do bafômetro ativo e passivo (modelos: alcoHAWK ABI, P.A.S. IV- Sniffer), sem envolvimento da polícia. Por fim, o entrevistador avaliava os seguintes aspectos: o estado geral do condutor (classificando-o como: normal, sob efeito de álcool ou outras drogas, mas sem embriaguez ou visivelmente embriagado), o tipo de veículo, o número de passageiros e o uso de equipamentos de segurança. Os resultados do teste do bafômetro foram anotados nos questionários, guardando-se o anonimato do condutor. Cuidados éticos: algumas medidas de segurança foram adotadas em relação aos motoristas que aceitaram fazer o teste do bafômetro e apresentavam níveis de álcool iguais ou superiores ao limite estabelecido por lei. A princípio, os motoristas eram convidados a trocar de direção com o acompanhante – caso este reunisse as condições legais para conduzir o veículo – ou era-lhe sugerido aguardar juntamente com a equipe até estar em melhores condições de conduzir 55 o veículo. Durante o período de espera era alimentado e hidratado até estar em condições legais para prosseguir. Caso houvesse recusa a essas medidas, era sugerido que solicitasse alguém em perfeitas condições físicas e legais para que pudesse vir buscar o veículo. Em último caso, o coordenador da equipe era acionado para apresentar a garantia de segurança ao sujeito da pesquisa, inclusive, de não punição; e disponibilizava um motorista profissional de órgãos governamentais dos municípios e do estado para conduzi-lo à sua residência. A pesquisa foi conduzida dentro dos padrões da Declaração de Helsinky e aprovada pela Comissão de Ética da UNIFESP/EPM, no. 1.409/05. Análise estatística: para a análise dos dados, foi criado um banco de dados único das quatro cidades no aplicativo SPSS para Windows, versão 15.1. Cada banco de dados foi analisado em separado. Em seguida, foi criado um dicionário para as variáveis em comum em cada cidade para que fosse processado o merge. Para a variável bafômetro, foi realizada a correlação entre as medidas do bafômetro ativo e passivo e a conversão das medidas em percentual de concentração de álcool no sangue (CAS) para concentração de álcool no ar alveolar (mg/LBrac). Na pesquisa realizada em Diadema-SP foi aplicado o bafômetro ativo e passivo no mesmo motorista e não houve viés de aferição, sendo os resultados similares em ambos os instrumentos, ativo e passivo (DUAILIBI; PINSKY; LARANJEIRA, 2007). Os testes estatísticos tiveram como nível de significância p<0,05. A análise primária foi descritiva por medidasresumo (média, mediana, mínimo, máximo, desvio-padrão), a fim de determinar a característica socioeconômica, comportamentos e atitudes no trânsito. O modelo de regressão logística foi aplicado para verificar o relacionamento entre bafômetro positivo dicotomizado em (CAS = 0 ≤ 0,2 g/L e 1 > 0,2 g/L) e variáveis socioeconômicas, atitudes, comportamento e consumo de álcool. Para os propósitos desta análise, a variável opinião sobre as infrações no trânsito foi dicotomizada (1 = dirigir alcoolizado é a infração mais grave no trânsito), padrão do consumo de álcool (1= pelo menos semanal). Por causa do elevado número de preditores, a análise foi conduzida em três etapas. Na primeira etapa foi checada a significância de todas as variáveis preditoras. Somente as variáveis com significância p<0,05 foram retidas no modelo. Segunda etapa: baseada na significância do teste da bivariada e possíveis fatores de confusão, cidade, sexo, idade e estado civil foram usados como controle. Terceira etapa: preditores não 56 significativos foram excluídos da análise. Com isso, somente as variáveis atitude adotada quando faz uso de álcool e vai dirigir e opinião sobre a infração mais grave no trânsito foram retidas no modelo final. 2.4.3 Artigo 3 – O impacto da “lei seca” sobre o beber e dirigir em Belo Horizonte / MG Desenho: estudo transversal, de série temporal do beber e dirigir na cidade de Belo Horizonte antes e após nova lei (Lei 11.705/2008). Os dados de pesquisa de 2005 a 2009 foram agregados em banco de dados único para o estudo. Sujeitos: foram abordados 1.573 condutores de carros de passeio, utilitários e motos em vias públicas estratégicas de tráfego mais intenso na regional Centro- Sul de Belo Horizonte. Veículos em serviço (ônibus, táxi, delivery) não foram incluídos neste estudo. Os postos de checagem de sobriedade e teste do bafômetro foram previamente definidos de acordo com mapeamento da BHTRANS, pela polícia de trânsito. Participaram 1.455 (92,5%) motoristas que responderam a um questionário estruturado, sendo que, destes, 962 (66,1%) aceitaram ser submetidos ao teste do bafômetro ativo. Procedimentos: O presente estudo estabeleceu, por meio da prospecção de dados das pesquisas realizadas no intervalo compreendido entre os anos de 2005 a 2009 (série temporal de cortes transversais), de forma a determinar sua variação e o impacto causado pela Lei 11.705. Em todas as edições, a pesquisa foi realizada em "postos de checagem" (Sobriety Check-points), estabelecidos em vias públicas de tráfego intenso, pela polícia de trânsito, com policiais devidamente equipados e identificados que paravam os veículos. A abordagem ao motorista era realizada por entrevistador treinado, com suporte de um coordenador e equipe de apoio, incluindo motoristas, que, o tempo todo, estiveram à disposição, para conduzir, às suas residências, aqueles que apresentassem teor alcoólico incompatível com a direção. A escolha do veículo era aleatória, por contagem, segundo o volume de tráfego, ou seja: se tráfego fosse intenso, parava-se 01 de cada 10 carros, se o volume de tráfego era menor, 01 de cada 02 ou 03 carros. Evitou-se, com isso 57 que o policial (que possui olhar treinado) escolhesse os carros suspeitos e contaminasse a amostra. Nos períodos em que todos os entrevistadores estavam ocupados, o tráfego era liberado. Uma vez escolhido o veículo, pelo coordenador da equipe, este era desviado por policiais para os “check-points”. O motorista era, então, abordado pelo entrevistador, que explicava o motivo da parada, informava tratar-se de uma pesquisa, que sua participação era voluntária e lia o termo de consentimento livre e esclarecido (a assinatura do termo de consentimento foi dispensada pelo Conselho de Ética em Pesquisa – Parecer Consubstanciado no 57/08 de 02/07/2008 – ANEXO B). Cumpridas as formalidades iniciais, o condutor era convidado a responder ao questionário, sem identificação do respondente e, este concordando, as perguntas eram enunciadas pelo entrevistador, que ia marcando as respostas. Ao término das perguntas, o entrevistador realizava uma avaliação do estado geral do entrevistado, apontando a presença de algum sinal de embriaguês (voz pastosa, odor etílico, e outros). Em seguida, o entrevistador convidava o entrevistado a submeter-se ao teste do bafômetro e, este concordando, anotava-se o resultado obtido. Por último, o motorista recebia orientação sobre os riscos de dirigir sob efeito de álcool e orientações sobre a nova legislação. Instrumentos: todos os condutores que aceitaram participar da pesquisa responderam a um questionário anônimo aplicado por entrevistadores devidamente treinados pelo coordenador local do estudo. Foram coletados dados: a) socioeconômicos e demográficos (sexo, idade, estado civil, escolaridade, emprego e renda familiar); b) envolvimento anterior em acidentes de trânsito; c) opinião sobre infrações de trânsito; d) padrão de consumo de bebidas alcoólicas (diária, semanal, mensal ou esporadicamente, quantidade, bebidas usadas); e) uso de bebidas no dia da entrevista; f) conhecimento sobre parte da lei que rege esses assuntos no trânsito; g) comportamento quanto ao uso de bebidas e direção; h) opinião sobre o uso do bafômetro. A aplicação desse questionário teve, em média, a duração de cinco minutos. Em seguida, o condutor era convidado a se submeter ao teste do bafômetro ativo (modelos: ALCOHAWK® e outro, ALC SMART modelo BFD-30), sem envolvimento da polícia. Por fim, o entrevistador avaliava os seguintes aspectos: o estado geral do condutor (classificando-o como: normal, sob efeito de álcool ou outras drogas, mas sem 58 embriaguez ou visivelmente embriagado), o tipo de veículo, o número de passageiros e o uso de equipamentos de segurança. Os resultados do teste do bafômetro foram anotados nos questionários, guardando-se o anonimato do condutor. Cuidados éticos: algumas medidas de segurança foram adotadas em relação aos motoristas que aceitaram fazer o teste do bafômetro e apresentavam níveis de álcool superiores ao limite estabelecido por lei (≤ 0,2 g/L). A princípio, os motoristas eram convidados a trocar de direção com o acompanhante – caso este reunisse as condições legais para conduzir o veículo – ou era-lhe sugerido aguardar juntamente com a equipe até estar em melhores condições de conduzir o veículo. Durante o período de espera era alimentado e hidratado até estar em condições legais para prosseguir. Caso houvesse recusa a essas medidas, era sugerido que solicitasse alguém em perfeitas condições físicas e legais para que pudesse vir buscar o veículo. Em último caso, o coordenador da equipe era acionado para apresentar a garantia de segurança ao sujeito da pesquisa, inclusive, de não punição; e disponibilizava um motorista profissional de órgãos governamentais dos municípios e do estado para conduzi-lo à sua residência. A pesquisa foi conduzida dentro dos padrões da Declaração de Helsinky e aprovada pela Comissão de Ética da UNIFESP/EPM, no. 1.409/05 e Comissão de Ética da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais – FHEMIG, nº 598/07. Análise estatística: A base de dados foi compatibilizada as diversas edições (2005 a 2009), em uma única base, de forma a permitir a comparação das variáveis, segundo o ano de levantamento. O procedimento possibilitou a comparação direta dos resultados dos valores de bafômetro, com a construção de séries históricas. A metodologia para compatibilização das bases de dados consistiu, basicamente, das seguintes etapas: I. Identificação da abrangência geográfica comum a todas as edições; II. Identificação das variáveis coletadas, sob as mesmas condições e procedimentos de coleta, comuns a todas as edições; III. Criação de campos-chave para relacionamento das bases de dados, de forma a assegurar que os resultados se mantivessem fiéis às respectivas edições; 59 IV. Junção das variáveis comuns em uma única base de dados; V. Testes comparativos dos resultados da base única (todas as edições) com os resultados das bases separadas (edição específica de cada pesquisa). VI. Comparadas as frequências, isolou-se a variável “concentração de álcool no sangue - CAS DIFERENTE DE ZERO” ou “bafômetro positivo”. A resultante foi submetida ao teste de diferença de proporção, com intervalo de confiança de 95%. 2.4.4 Artigo 4 - O efeito da nova lei de trânsito sobre o beber e dirigir na cidade de São Paulo, Brasil. Desenho: estudo transversal, de série temporal do beber e dirigir na cidade de São Paulo antes e após nova lei (Lei 11.705/2008). Os dados foram agregados em banco de dados único para o estudo. Sujeitos: foram abordados 4.234 condutores de carros de passeio, utilitários e motos em via pública estratégicas de tráfego mais intenso em quatro regiões da cidade de São Paulo (norte, sul, leste e oeste). Veículos em serviço (ônibus, táxi, delivery) não foram incluídos neste estudo. Os postos de checagem de sobriedade e teste do bafômetro foram previamente definidos pela Companhia de Engenharia e Tráfego (CET). Participaram 3.854 (91%) motoristas que responderam a um questionário estruturado, sendo que, destes, 3.229 (84%) aceitaram ser submetidos ao teste do bafômetro passivo. Procedimentos: os veículos eram escolhidos aleatoriamente pelo coordenador do grupo, os motoristas eram parados e desviados para o ponto de checagem por policiais do comando de trânsito devidamente equipados e identificados, que desviavam os veículos para o ponto de checagem e verificavam as condições de segurança do tráfego, dos condutores, dos passageiros e de toda a equipe envolvida na pesquisa. Os veículos abordados pelos policiais por transitarem oferecendo algum risco, como sinais visíveis de embriaguês do condutor ou conduta suspeita, foram excluídos da pesquisa e medidas legais foram tomadas pela autoridade de trânsito. Em seguida, o policial se afastava do veículo e o pesquisador explicava a cada motorista o motivo da parada, informando tratar-se de uma pesquisa educativa. Aqueles que concordavam em 60 participar assinavam um termo de consentimento livre e esclarecido. Em seguida, o condutor era convidado a responder um questionário estruturado (disponível no anexo deste estudo) e a se submeter ao teste do bafômetro passivo, sendo-lhe assegurado que os dados auferidos não seriam compartilhados com a polícia. Após a aceitação em submeter-se ao teste, o operador do bafômetro explicava ao condutor o funcionamento do aparelho e os valores nele obtidos eram devidamente registrados no questionário aplicado. Por fim, recebiam um folheto educativo sobre a relação álcool e direção. Instrumentos: todos os condutores que aceitaram participar da pesquisa responderam a um questionário anônimo aplicado por entrevistadores devidamente treinados pelo coordenador local do estudo. Foram coletados dados: a) socioeconômicos e demográficos (sexo, idade, estado civil, escolaridade, emprego e renda familiar); b) envolvimento anterior em acidentes de trânsito; c) opinião sobre infrações de trânsito; d) padrão de consumo de bebidas alcoólicas (diária, semanal, mensal ou esporadicamente, quantidade, bebidas usadas); e) uso de bebidas no dia da entrevista; f) conhecimento sobre parte da lei que rege esses assuntos no trânsito; g) comportamento quanto ao uso de bebidas e direção; h) opinião sobre o uso do bafômetro. A aplicação desse questionário teve, em média, a duração de cinco minutos. Em seguida, o condutor era convidado a se submeter ao teste do bafômetro ativo e passivo (modelos: P.A.S. IV- Sniffer), sem envolvimento da polícia. Por fim, o entrevistador avaliava os seguintes aspectos: o estado geral do condutor (classificando-o como: normal, sob efeito de álcool ou outras drogas, mas sem embriaguez ou visivelmente embriagado), o tipo de veículo, o número de passageiros e o uso de equipamentos de segurança. Os resultados do teste do bafômetro foram anotados nos questionários, guardando-se o anonimato do condutor. Cuidados éticos: algumas medidas de segurança foram adotadas em relação aos motoristas que aceitaram fazer o teste do bafômetro e apresentavam níveis de álcool superiores ao limite estabelecido por lei (≤ 0,2 g/L). A princípio, os motoristas eram convidados a trocar de direção com o acompanhante – caso este reunisse as condições legais para conduzir o veículo – ou era-lhe sugerido aguardar juntamente com a equipe até estar em melhores condições de conduzir o veículo. Durante o período de espera era alimentado e hidratado até estar em condições legais para prosseguir. Caso houvesse recusa a essas medidas, era 61 sugerido que solicitasse alguém em perfeitas condições físicas e legais para que pudesse vir buscar o veículo. Em último caso, o coordenador da equipe era acionado para apresentar a garantia de segurança ao sujeito da pesquisa, inclusive, de não punição; e disponibilizava um motorista profissional de órgãos governamentais dos municípios e do estado para conduzi-lo à sua residência. A pesquisa foi conduzida dentro dos padrões da Declaração de Helsinky e aprovada pela Comissão de Ética da UNIFESP/EPM, no. 1.409/05. Análise estatística: para a análise dos dados, foi utilizado o aplicativo SPSS para Windows, versão 15.1. Os testes estatísticos tiveram como nível de significância p<0,05. A análise primária foi descritiva, a fim de determinar um perfil dos motoristas em relação à característica socioeconômica, comportamentos, atitudes no trânsito e consumo de álcool. O modelo de regressão logística foi aplicado para avaliar o relacionamento entre teste do bafômetro positivo dicotomizado (CAS = 0 ≤ 0,2 g/L e 1 > 0,2 g/L) e características sociodemográficas, comportamentos, atitudes no trânsito e o consumo de álcool. Para o propósito desta análise as variáveis foram dicotomizadas da seguinte forma: estado civil (solteiro e outros), renda (menos de um salário mínimo e acima de um salário mínimo), opinião sobre o teste do bafômetro como medida de prevenção para reduzir o número de acidentes no trânsito (favorável e desfavorável), tem o hábito de dirigir após fazer o uso de bebidas alcoólicas (sim e não), infração de trânsito que considera mais grave (outros e dirigir alcoolizado), padrão do consumo de álcool (sem padrão e consumo de pelo menos uma vez por semana) e ano de pesquisa (2007 e 2009). Por causa do elevado número de preditores a análise foi conduzida em três passos: a) Primeiro – foi checada a significância estatística de todas as variáveis. Somente as que tiveram significância (p <0,05) foram mantidas no modelo. b) Segundo – baseado na significância estatística do teste da bivariada e possíveis fatores de confusão, as variáveis idade e sexo foram usadas como controle. c) Terceiro – preditores que não apresentaram significância foram excluídos do modelo. Com esses dados, estado civil, renda, opinião sobre o teste do bafômetro como medida de prevenção a acidentes de trânsito, ter o hábito de dirigir após ingerir bebida alcoólica, infração de trânsito que considera 62 mais grave, padrão de consumo de álcool e ano da pesquisa foram mantidos no modelo final. 2.4.5 Artigo 5- Beber e Dirigir: características de condutores com bafômetro positivo. Desenho: estudo transversal e descritivo. Este estudo baseou-se na metodologia internacional de postos de checagem da sobriedade com o uso do bafômetro (“sobriety checkpoints”), utilizada em pesquisas realizadas nos EUA, Austrália, países europeus e replicada em outros países (BEIRNESS; BEASLEY, 2009; JACKSON, 2008; LACEY et al., 2009; VOAS et al., 1998). Basicamente, estabeleceram-se postos de fiscalização em vias públicas consideradas estratégicas, de tráfego mais intenso, quando então foi realizado o levantamento de dados com a aplicação do teste do bafômetro. A escolha do local para a abordagem dos condutores foi realizada previamente por órgãos responsáveis pelo trânsito em cada cidade. Além disso, foi analisado “in loco” o ponto para instalação do posto de checagem de sobriedade em cada cidade observando possíveis vias de desvio dos condutores, o que poderia interferir nos resultados da pesquisa. Sujeitos: O levantamento de dados foi realizado no período de março a julho de 2009. O cálculo do tamanho da amostra (N= 1.578) foi efetuado dentro de um universo da população do Estado de Minas Gerais, de 19.237.450 habitantes, distribuída entre as dez regiões geográficas representadas pelas cidades polos (Anuário Mineiro de Municípios Cidade por Cidade, 2006). Foi estabelecido um intervalo de confiança de 95%, levando em conta possíveis erros não mensuráveis, pequenas falhas no processo de aplicação dos questionários ou contando com respostas mal dadas. Usamos uma margem de erro de 2,5%. Desta forma, foram abordados 1.951 condutores nas dez cidades polos que representam as dez regiões geográficas do Estado de Minas Gerais distribuídos entre carros, motocicletas e utilitários. Veículos comerciais (táxi, ônibus e veículos delivery) não foram incluídos neste estudo. A coleta dos dados ocorreu no horário de 23h às 03h das sextas-feiras e sábado, em nove distritos regionais da cidade de Belo Horizonte representando a regional central do Estado e cidades polos das nove regionais de todo o Estado de Minas Gerais. 63 Procedimentos: Em cada cidade um coordenador ficou responsável pelo treinamento da equipe de pesquisadores e aplicação da metodologia adotada nesta pesquisa. Os veículos eram escolhidos aleatoriamente pelo coordenador da equipe de acordo com o fluxo de veículos. A cada três ou cinco veículos, um era indicado pelo coordenador da equipe e os motoristas eram parados e desviados para o ponto de checagem por policiais do comando de trânsito devidamente equipados e identificados que, previamente, verificavam as condições de segurança do tráfego, dos condutores, dos passageiros e de toda a equipe envolvida na pesquisa. Foram excluídos da pesquisa oito condutores que o policial de trânsito julgou que estariam oferecendo algum risco através de direção perigosa, sinais visíveis de embriaguez, conduta suspeita e medidas legais foram tomadas pela autoridade de trânsito. Em seguida, o policial se afastava do veículo e o pesquisador explicava a cada motorista o motivo da parada, informando tratarse de uma pesquisa educativa. Aqueles que concordavam em participar assinavam um termo de consentimento livre e esclarecido. Em seguida, o motorista era convidado a responder um questionário estruturado. Por fim, o motorista era convidado a se submeter ao teste do bafômetro ativo e lhe era assegurado que os dados auferidos não seriam compartilhados com a polícia. Após a aceitação em submeter-se ao teste, um operador do bafômetro, previamente treinado para esta função, explicava ao condutor o funcionamento do aparelho, e os valores nele obtidos eram devidamente registrados no questionário aplicado. Todos os motoristas, incluídos ou excluídos deste estudo, receberam orientações e um folheto educativo sobre a relação álcool e direção. Algumas medidas de segurança foram adotadas em relação aos motoristas que aceitaram fazer o teste do bafômetro e apresentavam níveis de álcool igual ou superior ao limite estabelecido por lei. A princípio, os motoristas eram convidados a trocar de direção com o acompanhante – caso esse reunisse as condições legais para conduzir o veículo –, ou lhe era sugerido aguardar juntamente com a equipe, quando então, eram alimentados e hidratados até estarem em condições legais para prosseguir (Concentração de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões - mg/LBrac ≤ 0,1 o qual equivale a CAS ≤ 0,2 g/l). Caso houvesse recusa a estas medidas, era sugerido que alguém em perfeitas condições físicas e legais viesse buscar o veículo. Em último caso, o coordenador 64 da equipe disponibilizava um motorista profissional de órgão público do município para conduzi-los às suas residências. Instrumentos: Todos os condutores que aceitaram participar da pesquisa responderam a um questionário anônimo, aplicado por entrevistadores devidamente treinados pelos coordenadores do estudo. Foram coletados dados: 1) sócio-econômicos e demográficos (sexo, idade, estado civil, escolaridade, emprego e renda familiar); 2) envolvimento anterior em acidentes de trânsito; 3) opinião sobre infrações de trânsito; 4) padrão de consumo de bebidas alcoólicas (diária, semanal, mensal ou esporadicamente, quantidade, bebidas usadas); 5) uso de bebidas no dia da entrevista; 6) conhecimento sobre parte da lei que rege esses assuntos no trânsito; 7) comportamento quanto ao uso de bebidas e direção; 8) opinião sobre o uso do bafômetro. A aplicação desse questionário teve, em média, a duração de cinco minutos. Em seguida, de acordo com treinamento prévio a respeito dos sinais e sintomas do abuso de álcool e outras drogas, o entrevistador realizava uma avaliação do estado geral do condutor classificando-o como: normal = sem sinais de estar sob efeito de álcool ou outras drogas; aparentemente normal= percebe-se que estaria sob a influência de álcool ou outra droga com diminuição da atenção, instabilidade emocional, mas possível de se conduzir a entrevista; claramente intoxicado= dificuldades na fala, concentração, vertigem, desequilíbrio, irritabilidade, alterações da coordenação motora e sem condições para ser entrevistado. Registrava-se, também, o tipo de veículo, o número de passageiros e o uso de equipamentos de segurança conforme o veículo em uso. Por fim, o condutor era convidado a se submeter ao teste do bafômetro ativo (etilômetro, modelo: BFD-30), sem envolvimento da polícia. Os resultados do teste do bafômetro foram anotados nos questionários, guardando o anonimato do condutor. Cuidados éticos: foram disponibilizados motoristas profissionais de órgão público do município que estiveram o tempo todo à disposição para conduzir às suas residências os entrevistados que apresentassem teor alcoólico incompatível com a direção. E aquele que recusasse a assistência de um motorista ou era orientado a trocar de direção com o acompanhante, caso este reunisse as condições legais para conduzir o veículo, ou lhe era sugerido aguardar juntamente com a equipe até estar em melhores condições de conduzir o veículo. Ou, ainda, era aconselhado a solicitar alguém em perfeitas condições para que 65 pudesse vir buscar o veículo. Além do mais, os materiais e os métodos referentes ao uso dos bafômetros – seu manejo, manuseio adequado, condicionamento, baterias e fontes de eletricidade, limpeza e esterilização de bicos utilizados – foram, também, objeto de adequada instrução durante a etapa de treinamento das equipes, incluindo a aplicação do questionário (APÊNDICE D e E). A pesquisa foi conduzida dentro dos padrões da Declaração de Helsinky e aprovada pela Comissão de Ética da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais - CEP FHEMIG - 598/07. Análise estatística: O aplicativo SPSS – Statiscal Package for the Social Sciences (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos) – versão 15.0 foi utilizado como banco de dados e instrumento de análise estatística. Inicialmente procedeu-se à análise descritiva dos dados das dez regiões geográficas em estudo. Em seguida foi realizada análise de regressão logística para investigar o relacionamento entre o teste do bafômetro positivo (> 0,1 mg/LBrac) e características sóciodemográficas, comportamento e atitudes dos motoristas e o consumo de álcool. Para o propósito desta análise as características sócio-demográficas, comportamento e atitudes e consumo de álcool pelos motoristas foram dicotomizadas em: idade (de 18 a 30 anos e acima de 31 anos), frequência do beber (não bebe e consumo pelo menos 1 a 2 dias na semana), opinião sobre infrações no trânsito (demais infrações e considera como infração mais grave dirigir alcoolizado) e uso do cinto de segurança (usava o cinto de segurança e não usava o cinto de segurança). O nível de significância foi p < 0,05. Optou-se por manter sexo como controle do modelo. 2.5 Aspectos éticos Algumas medidas de segurança foram adotadas em relação aos motoristas que aceitaram fazer o teste do bafômetro e apresentavam níveis de álcool iguais ou superiores ao limite estabelecido por lei. A princípio, o motorista era convidado a trocar de direção com o acompanhante – caso este reunisse as condições legais para conduzir o veículo – ou era-lhe sugerido aguardar juntamente com a equipe até estar em melhores condições de conduzir o veículo. Durante o período de espera era alimentado e hidratado até estar em condições legais para prosseguir. Caso houvesse recusa a essas medidas, era sugerido que solicitasse 66 alguém em perfeitas condições físicas e legais para que pudesse vir buscar o veículo. Em último caso, o coordenador da equipe era acionado para apresentar a garantia de segurança ao sujeito da pesquisa, inclusive, de não punição; e disponibilizava um motorista profissional de órgãos governamentais dos municípios e do estado para conduzi-lo à sua residência. A pesquisa foi conduzida dentro dos padrões da Declaração de Helsinky e aprovada pela Comissão de Ética da UNIFESP/EPM, no. 1.409/05 e Comissão de Ética da FHEMIG, nº 598/07. • Prevalência do beber e dirigir em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil; aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa da UNIFESP- número 1.409/05 (ANEXO A); • Drinking and driving in Southeastern Brazil: Results from roadside surveys; aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP- no. 1.409/05 (ANEXO A); • O impacto da “lei seca” sobre o beber e dirigir em Belo horizonte / MG, Brasil; aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa da FHEMIG- número 598/07 (ANEXO B); • The effect of the new traffic law on drinking and driving in São Paulo, Brazil. Aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP- no. 1.409/05 (ANEXO A). • Beber e Dirigir: características de condutores com bafômetro positivo; aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa da FHEMIG- número 598/07 (ANEXO B); 2.6 Financiamento Essas pesquisas tiveram o financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) por intermédio de seu programa de Políticas Públicas - processo 01/13136-0, Subsecretaria de Políticas Públicas sobre Drogas- SUPOD- Governo do Estado de Minas Gerais - SUPOD-MG, suporte técnico do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas da Universidade Federal de São Paulo – INPAD- UNIFESP do CNPQ, e apoio logístico da Universidade Federal do Espírito 67 Santo – Departamento de Pós-Graduação e ABRAÇO - Associação Brasileira Comunitária para Prevenção do Abuso de Drogas. 68 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados encontrados pelos estudos, bem como a discussão dos mesmos estão dispostos em cinco artigos, apresentados a seguir. O primeiro artigo: “Prevalência do beber e dirigir em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil” foi publicado no periódico “Cadernos de Saúde Pública” FIOCRUZ. Trata-se de um estudo transversal e descritivo. Objetivou-se levantar dados relacionados ao comportamento e frequência do beber e dirigir em via de tráfego intenso em região com concentração de bares, restaurantes e casas noturnas na cidade de Belo Horizonte-MG. e testar a aceitabilidade e aplicabilidade do bafômetro ativo. O segundo artigo: “Drinking and driving in Southeastern Brazil: Results from roadside surveys” foi publicado no periódico “Addicitive Behaviors”. Objetivou-se fazer o levantamento de dados relacionados ao comportamento e frequência do beber e dirigir de quatro cidades onde a pesquisa foi realizada aplicando-se a metodologia dos postos de checagem da sobriedade com o uso do bafômetro ativo e passivo. A metodologia de compatibilização da base de dados foi constituída, basicamente, das seguintes etapas: • Identificação das variáveis coletadas, sob as mesmas condições e procedimentos de coleta, comuns às quatro cidades. • Criação de campos-chave para relacionamento das bases de dados, de forma a assegurar que os resultados se mantivessem fiéis aos dados de cada cidade. • Junção das variáveis comuns em uma única base de dados. • Conversão dos valores dos bafômetros (ativo e passivo) em g/L. • Testes comparativos dos resultados da base única com os resultados das bases separadas (edição específica de cada pesquisa). O terceiro artigo: O impacto da “lei seca” sobre o beber e dirigir em Belo Horizonte / MG, Brasil foi publicado no periódico Ciência & Saúde Coletiva. Objetivou-se levantar dados do beber e dirigir dos estudos realizados antes e 69 após a nova lei de trânsito (Lei 11.705 - que ficou popularmente conhecida como “Lei Seca”). A compatibilização das bases de dados consistiu, basicamente, das seguintes etapas: • Identificação das variáveis coletadas, sob as mesmas condições e procedimentos de coleta, comuns aos dois momentos (2005 a 2007 e 2008 e 2009). • Criação de campos-chave para relacionamento das bases de dados, de forma a assegurar que os resultados se mantivessem fiéis nos dois momentos da pesquisa. • Junção das variáveis comuns em uma única base de dados. • Conversão dos valores do bafômetro passivo em g/L. • Testes comparativos dos resultados da base única com os resultados das bases separadas (edição específica de cada pesquisa). O quarto artigo: “The effect of the new traffic law on drinking and driving in São Paulo, Brazil” foi publicado no periódico “Accident Analyses and Prevention”. Objetivou-se levantar os dados do beber e dirigir na cidade de São Paulo antes e após a nova lei de trânsito (Lei 11.705 - que ficou popularmente conhecida como “Lei Seca”). A compatibilização das bases de dados consistiu, basicamente, das seguintes etapas: • Identificação das variáveis coletadas, sob as mesmas condições e procedimentos de coleta, comuns aos dois momentos (2006 e 2009). • Criação de campos-chave para relacionamento das bases de dados, de forma a assegurar que os resultados se mantivessem fiéis nos dois momentos da pesquisa. • Junção das variáveis comuns em uma única base de dados. • Conversão dos valores do bafômetro passivo em g/L. • Testes comparativos dos resultados da base única com os resultados das bases separadas (edição específica de cada pesquisa). O quinto artigo: Beber e Dirigir: características de condutores com bafômetro positivo foi publicado na Revista de Psiquiatria Clínica. Objetivou-se levantar dados relacionados ao comportamento e frequência do beber e dirigir em 70 via de tráfego intenso nas cidades polos que representam as dez regiões geográficas do Estado de Minas Gerais, testar a aceitabilidade e aplicabilidade do teste do bafômetro e as características dos condutores que apresentaram bafômetro positivo. 3.1 Artigos (APÊNDICE F) • Artigo 1: Prevalência do beber e dirigir em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil - Drinking-and-driving prevalence in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil Valdir Ribeiro Campos, Rogério Salgado, Mariela Campos Rocha, Sérgio Duailibi, Ronaldo Laranjeira. Publicado no Cadernos de Saúde Pública, v. 24, n. 4, Rio de Janeiro, abril de 2008. • Artigo 2: Drinking and driving in Southeastern Brazil: Results from roadside surveys Valdir Ribeiro Campos, Rebeca de Souza e Silva, Sérgio Duailibi, Ronaldo Laranjeira, Ester Nakamura Palácios, Joel W. Grube, Ilana Pinsky. Publicado no periódico Addictive Behaviors, 2012. • Artigo 3: O impacto da “lei seca” sobre o beber e dirigir em Belo horizonte / MG, Brasil. Rogério de Souza Salgado, Valdir Ribeiro Campos, Sérgio Duailibi, Ronaldo Ramos Laranjeira. Publicado no periódico Ciência & Saúde Coletiva, 2012. • Artigo 4: “The effect of the new traffic law on drinking and driving in São Paulo, Brazil”. Valdir Ribeiro Campos, Rebeca de Souza e Silva, Sérgio Duailibi, Ronaldo Laranjeira, José Florentino dos Santos, Ilana Pinsky. Publicado no periódico Accident Analysis and Prevention, 2012. 71 • Artigo 5: Beber e Dirigir: características de condutores com bafômetro positivo Valdir Ribeiro Campos, Rogério Salgado, Mariela Campos Rocha, Sérgio Duailibi, Ronaldo Laranjeira. Publicado na Revista de Psiquiatria Clínica, 2012. 72 Cad. Saúde Pública v.24 n.4 Rio de Janeiro abr. 2008, doi: 10.1590/S0102311X2008000400013 ARTIGO ARTICLE Prevalência do beber e dirigir em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Drinking-and-driving prevalence in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil Valdir Ribeiro CamposI; Rogério SalgadoI; Mariela Campos RochaI; Sérgio DuailibiII, III; Ronaldo LaranjeiraII, III I Secretaria de Desenvolvimento Social e de Esportes, Belo Horizonte, Brasil II Unidade III de Pesquisa em Álcool e Drogas, São Paulo, Brasil Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil. Correspondência V.R. Campos Subsecretaria Antidrogas de Minas Gerais Secretaria de Desenvolvimento Social e de Esportes Rua Gonçalves Dias 354, apto. 1.001, Belo Horizonte, MG, 30140-090, Brasil [email protected] Recebido em 15/mai/2007 Versão final reapresentada em 31/ago/2007 Aprovado em 24/set/2007 73 RESUMO Os problemas decorrentes do consumo de álcool em motoristas são investigados internacionalmente e estudos epidemiológicos indicam alta prevalência de morbidade e mortalidade relacionadas ao beber e dirigir, entretanto, existem escassos dados nacionais a respeito. Neste presente estudo, 913 condutores de veículos foram parados em vias públicas de tráfego com maiores concentrações de bares, restaurantes e casas noturnas, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil e solicitados que respondessem a um questionário e fizessem o teste do bafômetro ativo. Esta pesquisa foi realizada nos meses de dezembro de 2005 e dezembro de 2006. Para tanto, adotou-se a metodologia do tipo pontos de fiscalização de sobriedade utilizada internacionalmente. Na amostra, 38,0% dos motoristas apresentavam algum traço de álcool no ar expirado e 19,6% estavam com níveis de álcool iguais ou acima dos limites legais (0,6 g/L). Esses dados foram cinco vezes maiores do que aqueles encontrados em pesquisas semelhantes, em outros países. Os achados deste estudo sugerem a relevância do problema na cidade de Belo Horizonte (e provavelmente no Brasil), a necessidade de pesquisas permanentes, do desenvolvimento de políticas públicas específicas para o assunto e do eficaz cumprimento da lei existente. Palavras-chave: Consumo de bebidas alcoólicas. Condução de veículo. Legislação. ABSTRACT Problems resulting from alcohol consumption by drivers have been studied worldwide, and epidemiological research points to high injury and death rates related to drinking-and-driving. However, equivalent data are limited in Brazil. In this study, 913 drivers were stopped on public roads with heavy traffic and high concentrations of bars, restaurants, and nightclubs in Belo Horizonte, Minas Gerais State, and asked to answer a questionnaire and submit to an active breathalyzer test. The study was done in December 2005 and December 2006. The study adopted the internationally accepted sobriety checkpoint method. In the sample, 38.0% of drivers showed some trace of alcohol in their exhaled air, and 74 19.6% were at or above the legal limit (0.6g/L). These figures were five times those found in similar surveys in other countries. The findings suggest a critical drinking-and-driving problem in Belo Horizonte (and probably elsewhere in Brazil) and the need for on-going research, the development of specific public policies to deal with the problem, and effective enforcement of the existing law. Keywords: Alcohol drinking. Automobile driving. Legislation. Introdução A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam 2 bilhões de consumidores de bebidas alcoólicas em todo o mundo e, desses, 76,3 milhões com diagnóstico de transtornos relacionados ao uso de álcool. Os índices de morbidade e mortalidade relacionados a essa realidade são consideráveis1. Os acidentes automobilísticos ocupam papel proeminente nas estatísticas, pois, em todo o mundo, entre um quarto e metade dos acidentes de trânsito com vítimas fatais está associado ao uso do álcool por algum dos responsáveis pela ocorrência2. A bebida proporciona aos motoristas o falso senso de confiança, prejudicando habilidades como: atenção, coordenação, acuidade visual e o julgamento de velocidade, tempo e distância3. Decréscimos no desempenho aparecem, até mesmo na ingestão de um único drinque, apesar de frequentemente a pessoa ficar certa de que seu desempenho, na verdade, melhorou4. Mesmo pequenas quantidades de álcool, abaixo dos limites legais, aumentam as chances de acidentes5. Por exemplo, em adolescentes, o risco de acidentes aumenta após apenas uma dose de bebida, dobra após duas e aumenta em 10 vezes após cinco doses5. Essa condição é extremamente preocupante em motoristas jovens – que têm 55 vezes mais chances de se envolverem em acidentes de trânsito do que um indivíduo de 65 anos – devido a alguns fatores como: pouca experiência como condutor, impulsividade, hábito de dirigir em alta velocidade e uso menos frequente do cinto de segurança2. A maioria dos acidentes fatais relacionados ao uso de bebida alcoólica e direção é verificada na faixa etária dos 21 aos 24 anos e 80% deles acontecem no 75 período das 20 às 4 horas da manhã das noites dos fins de semana6,7. O álcool diminui a eficiência cerebral e reduz a visão noturna em 25% e o tempo de reação em até 30%. Esses efeitos são mais intensos quanto menor a tolerância ao álcool8. Diversos estudos têm mostrado a associação entre os acidentes de trânsito envolvendo jovens e o ato de beber e dirigir e têm também sugerido medidas de regulação desse comportamento para a redução dos riscos de acidentes de trânsito9,10,11. Desde a década de 80 iniciou-se em vários países, notadamente nos Estados Unidos, uma série de mudanças na legislação, resultando em ações preventivas e coibitivas relacionadas ao ato de dirigir alcoolizado. Estudo realizado por Lund e Wolfe12 sobre a mudança na incidência do beber e dirigir nos Estados Unidos, entre 1973 e 1986, revelou queda de um terço ou mais nas taxas de acidentes fatais após a adoção do bafômetro. A importância do "beber e dirigir" pode ser demonstrada pelos elevados custos sociais do consumo de bebidas alcoólicas e suas consequências para os acidentados, podendo ser considerado um problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, considerando-se o pesado fardo econômico-social resultante da soma dos prejuízos materiais, da assistência à saúde e referentes à perda de produtividade8. No Brasil, os poucos estudos existentes consideram o beber e dirigir como um problema relevante. Apesar de quase não possuir dados epidemiológicos da ocorrência de acidentes de trânsito relacionados ao uso de bebidas alcoólicas, o Brasil é um dos países com maiores proporções de problemas relacionados a esse consumo, com significativos custos sociais. Pesquisa encomendada pelo governo federal sobre os custos dos acidentes de trânsito mostra, em seus resultados preliminares, que 53% dos acidentados no trânsito atendidos no Ambulatório de Emergência do Hospital das Clínicas, em São Paulo, num determinado período estavam com índices de alcoolemia superiores aos permitidos pelo Código de Trânsito Brasileiro, sendo a maioria pessoas do sexo masculino com idade entre 15 e 29 anos13. Pesquisa realizada em Belo Horizonte com pacientes – vítimas de acidentes de trânsito – atendidos em três hospitais da capital ressaltou que 15% de todos os envolvidos haviam consumido bebidas alcoólicas nas oito horas anteriores ao acidente, sendo que os motoristas tiveram o mais alto percentual (27,7%) de respostas positivas para o consumo de bebidas alcoólicas. Foi 76 constatado, ainda, que o período de mais ocorrência de acidentes automobilísticos é de zero às seis horas da manhã, principalmente nos sábados e domingos, apesar do volume de tráfego ser bem menor nesses dias14. Assim, este artigo visa identificar, na amostra estudada, padrões de comportamento em relação ao beber e dirigir em Belo Horizonte. Os resultados são os primeiros dados coletados por meio da metodologia do uso do bafômetro de forma aleatória em amostra de uma capital do país. Metodologia O levantamento de dados foi realizado nos meses de dezembro de 2005 e dezembro de 2006, nas noites de sexta-feira e sábado, no horário de 22 às três horas da madrugada, em "postos de fiscalização de sobriedade" (sobriety checkpoint) estabelecidos em vias públicas consideradas estratégicas e de tráfego mais intenso, com maiores concentrações de bares, restaurantes e casas noturnas. Os pontos de checagem foram previamente estabelecidos, de acordo com mapeamento da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTRANS) e envolveu a participação da polícia de trânsito, uma equipe de 30 pesquisadores, dois supervisores, dois coordenadores e pessoal de apoio da Subsecretaria Estadual Antidrogas de Minas Gerais. Desse modo, uma vez escolhidos, aleatoriamente, os veículos pelo coordenador do grupo, os motoristas eram parados por policiais do comando de trânsito, devidamente equipados e identificados, que desviavam os veículos para o ponto de checagem e verificavam as condições de segurança do tráfego, dos condutores, dos passageiros e de toda a equipe de pesquisadores, supervisores, coordenadores e pessoal de apoio envolvidos no trabalho de abordagem, evitando, assim, riscos de assalto, atropelamento e acidentes. Em seguida, o pesquisador explicava a cada motorista o motivo da parada, informando tratar-se de uma pesquisa educativa. Os que concordavam em participar assinavam um termo de consentimento livre e esclarecido e recebiam um folheto educativo sobre a relação álcool e direção. Após esse procedimento, o condutor que aceitasse participar da pesquisa respondia a um questionário anônimo sobre: os dados socioeconômicos e 77 demográficos, comportamento quanto ao padrão do uso de bebidas alcoólicas, comportamento quanto ao padrão do uso de bebidas alcoólicas e direção, conhecimento sobre parte da lei que rege esses assuntos no trânsito e opinião sobre o uso do bafômetro. Em seguida, o condutor era convidado a se submeter ao teste do bafômetro ativo, sendo-lhe assegurado que os dados auferidos no bafômetro não seriam compartilhados com a polícia. Após a aceitação em submeter-se ao teste, o coordenador da equipe explicava ao condutor o funcionamento do aparelho; e os valores nele obtidos eram devidamente registrados no questionário aplicado. Por fim, o entrevistador realizava avaliação do estado geral do condutor (classificando-o como: normal, sob efeito de álcool ou outras drogas, mas sem embriaguez, ou visivelmente embriagado), do tipo de veículo, do número de passageiros e do uso de equipamentos de segurança. Esses procedimentos tiveram, em média, a duração de cinco minutos e algumas medidas de segurança foram adotadas em relação aos motoristas com níveis de álcool iguais ou superiores ao limite estabelecido por lei. Foram disponibilizados 10 motoristas profissionais da Subsecretaria Antidrogas de Minas Gerais que estiveram o tempo todo à disposição para conduzir às suas residências os entrevistados que apresentassem teor alcoólico incompatível com a direção. E aquele que se recusasse à assistência de um motorista ou era orientado a trocar de direção com o acompanhante, caso este reunisse as condições legais para conduzir o veículo, ou era-lhe sugerido aguardar juntamente com a equipe até estar em melhores condições de conduzir o veículo ou, ainda, era aconselhado a solicitar alguém em perfeitas condições para que pudesse vir buscar o veículo. Além do mais, o material e os métodos referentes ao uso dos bafômetros – manuseio adequado, condicionamento, baterias e fontes de eletricidade, limpeza e esterilização de bicos utilizados – foram, também, objeto de adequada instrução durante a etapa de treinamento das equipes, incluindo a aplicação do questionário. Foram verificadas, a partir deste estudo, a aplicabilidade e a aceitabilidade do bafômetro na coleta de dados. Esta pesquisa ainda pretende auxiliar na configuração de desenhos para investigações e orientar intervenções na área do ato de beber e dirigir. 78 Resultados Análise estatística Foi utilizado como banco de dados e instrumento de análise estatística o aplicativo SPSS (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos). A pesquisa foi conduzida dentro dos padrões da Declaração de Helsinki e aprovada pela Comissão de Ética da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. Participação na pesquisa Foram entrevistados 990 condutores distribuídos entre carros, motocicletas e utilitários, sendo que 913 condutores (92,2%) aceitaram participar de pelo menos uma das etapas da pesquisa (questionário e bafômetro ativo). Dados socioeconômicos e demográficos A distribuição por sexo e faixa etária estabeleceu relação de quatro homens para cada mulher e predominância da faixa de 18 a 30 anos (55,5%), respectivamente. Quanto ao estado civil, houve mais frequência de solteiros (66,6%). O grau de instrução concentrou-se na faixa dos que possuem nível superior completo ou incompleto (76,8%), dos que têm emprego formal e renda familiar acima de oito salários mínimos (73,7%), coincidindo com o perfil socioeconômico dos moradores da região pesquisada. Dados referentes ao padrão de consumo de bebidas alcoólicas O consumo de bebidas alcoólicas durante a semana foi assim distribuído: 60,4% declararam beber um a dois dias por semana, mantendo esse mesmo percentual na faixa etária dos 18 aos 30 anos; 8,4% bebem três a quatro dias por semana; 1,9% bebem todos os dias da semana; 2,8% bebem de 15/15 dias ou não têm periodicidade; e 2,1% raramente fazem uso de bebidas alcoólicas. As bebidas mais usadas são: a cerveja (51,8%), o vinho (11,2%), os destilados – uísque, vodca, conhaque e pinga (10,8%) e as bebidas tipo ice (1,3%), com a 79 quantidade de uso, em média: dois a três copos ou latas de cerveja/chope, um a três copos/taças de vinho e uma a duas doses de destilados. Dos que participaram da pesquisa, 368 (40,3%) declararam ter ingerido bebida alcoólica no dia da entrevista e 330 (36,1%) recusaram o teste do bafômetro. Dados referentes ao comportamento no trânsito As informações sobre o envolvimento em acidentes de trânsito, as medidas adotadas quando os motoristas bebem, a avaliação do estado geral do condutor, realizada pelo entrevistador, e o conhecimento da legislação de trânsito em relação ao uso de álcool, por parte dos motoristas, apresentaram os seguintes dados: 334 (36,6% dos entrevistados) declararam já terem se envolvido em acidentes de trânsito como motoristas, sendo que, entre estes, 200 (60%) têm o padrão de consumo de álcool de dois dias por semana e 185 (55,4%) têm a predominância na faixa etária dos 18 aos 30 anos. Entre as atitudes que os entrevistados adotam quando bebem, a maioria 544 (59,6%) - informou que entrega o veículo a outro motorista ou utiliza ônibus, táxi ou carona; e apenas 209 (22,9%) admitiram considerar que a bebida não atrapalha ao dirigir e adotam medidas de proteção, como: tomar café, dirigir bem devagar e ter mais atenção quando fazem uso de álcool. Na avaliação sobre o estado geral do condutor, 14% dos motoristas estavam visivelmente sob efeito de álcool ou de outras drogas com ou sem embriaguez. Na verificação dos conhecimentos sobre a legislação de trânsito em relação ao uso de álcool, os entrevistados consideraram mais grave dirigir alcoolizado (51,8%) e apenas 13,1% souberam informar corretamente o teor de álcool no sangue estabelecido pelo Código de Trânsito Brasileiro para que uma pessoa seja impedida de dirigir (0,6 g/L)15. Aceitação do bafômetro ativo Dos 913 entrevistados que aceitaram participar da pesquisa respondendo ao questionário, 83,8% declararam ser favoráveis ao uso do bafômetro e 579 (63,4%) aceitaram ser submetidos ao teste. Os resultados obtidos informam que 19,6% dos entrevistados dirigiam com níveis de álcool iguais ou superiores aos 80 limites legais (0,6 g/L) e 18,4% apresentavam algum índice de álcool no ar expirado, portanto, 38% dos condutores dirigiam com algum nível de álcool no sangue. Entre esses, apenas 45 entrevistados (20,5%) foram identificados pelos entrevistadores como estando sob efeito de bebidas alcoólicas ou outras drogas (Figura 1). Discussão Os problemas decorrentes do consumo de álcool em motoristas são acompanhados internacionalmente e estudos epidemiológicos indicam alta prevalência de morbidade e mortalidade relacionadas ao beber e dirigir. A OMS sugere quatro ações para controlar os problemas relacionados ao uso de bebidas alcoólicas e direção: redução dos limites de alcoolemia para dirigir, estabelecimento de postos de fiscalização de sobriedade com uso de bafômetro, suspensão administrativa da licença de motoristas intoxicados e graduação do licenciamento para motoristas novatos. No Brasil, existem escassos dados nacionais a respeito dos padrões de comportamento em relação ao ato de beber e dirigir. Este estudo é um dos pioneiros a apresentar dados sobre tais padrões de comportamento numa grande capital do país, obtidos por meio da metodologia do estabelecimento de postos de checagem de sobriedade com o uso de bafômetros. Os resultados acentuaram que mais da metade dos entrevistados é jovem, com 18 a 30 anos e mantém padrão de consumo de bebidas alcoólicas de um a dois dias por semana, com proporção de gênero de quatro homens para cada mulher. A influência das propagandas de bebidas alcoólicas sobre hábitos culturais se faz perceber a partir da preferência, por mais da metade dos usuários da substância, pelo consumo do chope e da cerveja – associados a jovens, personalidades do esporte, vida artística, virilidade, sensualidade, diversões nos finais de semana e encontros em bares, restaurantes e casas noturnas. Mais de um terço dos entrevistados que aceitaram responder ao questionário declarou já ter se envolvido em acidentes de trânsito como motoristas. Entre eles, a maioria é jovem e com padrão de consumo de bebidas alcoólicas de um a dois dias por semana. O horário e os dias de realização da pesquisa foram favoráveis, assim como o risco de acidentes entre jovens 81 aumenta após qualquer concentração de bebida alcoólica. Isso posto, pode-se dizer que os dados são preocupantes, pois o risco relativo de acidentes automobilísticos com jovens que dirigem depois de beber aumenta após apenas uma dose de bebida, dobra após duas e aumenta 10 vezes após cinco doses. A crença de que os condutores que fizeram uso de álcool e se envolveram em acidentes automobilísticos seriam aqueles que fazem uso crônico de álcool ou são dependentes dele não se aplica nesses achados, mas lembra o usuário de álcool bem mais próximo do nosso dia-a-dia. Isso porque a bebida alcoólica proporciona aos motoristas falso senso de confiança, prejudicando habilidades como a atenção, a coordenação e o tempo de reação, principalmente no horário noturno. Apesar da maioria dos condutores: estar consciente sobre os riscos do uso de álcool e direção; ser favorável ao uso do bafômetro como instrumento de controle de acidentes de trânsito; (90%) dos que ingeriram bebidas alcoólicas no dia da entrevista ter recusado o teste do bafômetro e, na percepção dos entrevistadores, estar sob efeito de álcool e outras drogas, o teste do bafômetro, de fato, mostrou-se efetivo em identificar que mais de um terço dos submetidos ao teste (38%) dirigia com algum nível de álcool no sangue. A discrepância desses dados pode indicar que mesmo motoristas conscientes sobre o risco de beber e dirigir, aparentemente sóbrios, podem estar intoxicados pelo uso de álcool, com senso subjetivo do beber seguro e certos da ausência de medidas preventivas e coercitivas ao dirigir alcoolizado, oferecendo, assim, risco para si mesmo e para outras pessoas. Assim, a presente pesquisa apresentou dados básicos de uma dada região da cidade, contribuindo para o conhecimento, as orientações, as intervenções e as configurações de desenhos de investigações futuras a respeito do uso de bebidas alcoólicas e direção. Outros estudos em regiões diversificadas da cidade e interior do estado poderão avaliar melhor a amplitude do problema. Conclusão Os valores encontrados na aplicação do bafômetro ativo acusaram que 19,6% dos motoristas apresentaram níveis de alcoolemia iguais ou acima dos limites legais, que é de 0,6 g/L, e 18,4% apresentaram algum nível de álcool no ar 82 expirado, com o total de 38% dos que dirigiam com algum nível de álcool no sangue. Esses achados indicam um índice cinco vezes mais alto que os encontrados em pesquisas semelhantes realizadas em outros países. Dessa forma, os achados deste trabalho sugerem a relevância do problema de beber e dirigir na cidade de Belo Horizonte (e provavelmente no Brasil). Contudo, o objetivo principal foi fazer o primeiro levantamento de dados numa grande capital do país sobre o uso de bebida alcoólica e direção de veículos, com o uso de bafômetros, e possibilitar que essas informações venham realçar a necessidade de pesquisas permanentes do desenvolvimento de políticas públicas específicas para o assunto e do eficaz cumprimento da lei existente. Colaboradores V.R. Campos participou da revisão da literatura, planejamento e coordenação da coleta e análise dos dados, discussão dos dados, organização e redação final deste artigo. R. Salgado participou do planejamento e coordenação da coleta e análise dos dados. M.C. Rocha participou da coleta e análise dos dados. S. Duailibi participou da revisão da literatura, discussão dos dados e redação final deste artigo. R. Laranjeira participou do planejamento da pesquisa, análise e revisão do texto final. Agradecimentos Ao apoio da Secretaria de Desenvolvimento Social e de Esportes/Subsecretaria Antidrogas do Governo do Estado de Minas Gerais, a partir de seu programa de políticas públicas (Intervenção Comunitária para a Redução de Problemas Relacionados ao Consumo de Álcool e Outras Drogas). À Polícia Militar de Minas Gerais, aos acadêmicos de Psicologia da Faculdade Metropolitana, aos acadêmicos de Psicologia e Enfermagem da Fundação Mineira de Educação e Cultura (Universidade FUMEC) e aos residentes de Psiquiatria do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais. 83 Referências 1. World Health Organization. Global status report on alcohol 2004. Geneva: Department of Mental Health and Substance Abuse; 2004. [ Links ] 2. Spinsk I, Laranjeira RR. O fenômeno do dirigir alcoolizado no Brasil e no mundo: revisão da literatura. Rev ABPAPAL 1998; 20:160-5. [ Links ] 3. Royal Society for the Prevention of Accidents. Drinking and driving policy paper. http://www.rospa.com/roadsafety/info/drink_drive.pdf (acesso em: 22/Mar/2007). [ Links ] 4. Edwards G. A política do álcool e o bem comum. Porto Alegre: Artes Médicas; 1998. [ Links ] 5. Chou SP, Grant BF, Dawson DA, Stinson FS, Saha T, Pickering RP. Twelvemonth prevalence and changes in driving after drinking: United States, 19911992 and 2001-2002. Drug Alcohol Depend 2005; 80:223-30. [ Links ] 6. Center for Disease Control and Prevetion. Involvement by young drivers and fatal alcohol related-motor-vehicle crash – United States, 1982- 2001. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2002; 51:1089-91. [ Links ] 7. Fell JC, Nash CE. The nature of the alcohol problem in U.S. fatal crashes. Health Educ Q 1989; 16:335-43. [ Links ] 8. Shults RA, Elder RW, Sleet DA, Nichols JL, Alao MO, Carande-Kulis VG, et al. Reviews of evidence regarding interventions to reduce alcohol-impaired driving. Am J Prev Med 2001; 21 Suppl:66-88. [ Links ] 9. Horwood LJ, Fergusson DM. Drink driving and traffic accidents and young people. Accid Anal Prev 2000; 32:805-14. [ Links ] 10. Fergusson D, Swain-Campbell N, Horwood J. Risky driving behaviour in young people: prevalence, personal characteristics and traffic accidents. Aust N Z J Public Health 2003; 27:337-42. [ Links ] 11. Johnson FW, Gruenewald PJ, Treno AJ. Age-related differences in risks of drinking and driving in gender and ethnic groups. Alcohol Clin Exp Res 1998; 22:2013-22. [ Links ] 12. Lund AK, Wolfe AC. Changes in the incidence of alcohol-impaired driving in the United States, 1973-1986. J Stud Alcohol 1991; 52:293-301. [ Links ] 13. Ministério da Saúde. A política do Ministério da Saúde para atenção integral a usuários de álcool e outras drogas. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. [ Links ] 84 14. Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte, Secretaria Municipal de Saúde. Pesquisa de levantamento de vítimas de acidentes de trânsito em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Prefeitura de Belo Horizonte; 2001. [ Links ] 15. Ministério das Cidades. Código de Trânsito Brasileiro: Lei nº. 9503 de 23 de setembro de 1997. http://www.denatran.gov.br/ctb.htm (acessado em 08/Mai/2007). [ Links ] 85 Addictive Behaviors Addictive Behaviors 38 (2012) 1442–1447 Drinking and driving in Southeastern Brazil: Results from a roadside survey study ! • Valdir Ribeiro Camposa, , • Rebeca de Souza e Silvab, • Sérgio Duailibia, • Ronaldo Laranjeiraa, • Esther Nakamura Paláciosc, • Joel W. Grubed, • Ilana Pinskya • a Pós-Graduação do Departamento de Psiquiatria – Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (São Paulo Federal University – Department of Psychiatry Postgraduate Program) • b Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (São Paulo Federal University) • c Pós-Graduação da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES (Espírito Santo Federal University Postgraduate Program) • d Prevention Research Center/PIRE, Berkeley, CA, USA 86 Addictive Behaviors An International Journal Incorporating Annual Review of Addictions Research and Treatment Addictive Behaviors is an international, peer-reviewed scientific journal publishing human research on substance abuse. The journal specifically focuses on studies related to the abuse of alcohol drugs... Editor: Peter Miller Drinking and driving in Southeastern Brazil: Results from a roadside survey study Valdir Ribeiro Campos*a Rebeca de Souza e Silvab Sérgio Duailibia Ronaldo Laranjeiraa Esther Nakamura Paláciosc Joel W. Grubed Ilana Pinskya a Pós-Graduação do Departamento de Psiquiatria – Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (São Paulo Federal University – Department of Psychiatry Postgraduate Program) b Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (São Paulo Federal University) c Pós-Graduação da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES (Espírito Santo Federal University Postgraduate Program) d Prevention Research Center/PIRE, Berkeley, CA, USA 87 Research funded by the Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP – State of São Paulo Research Support Foundation) – process n° 01/13136-0. Corresponding author: *Valdir Ribeiro Campos Av. Bernardo Monteiro, 1300/902 – Funcionários Belo Horizonte, MG, BRAZIL – 30150-281 Telephone: 55 - 31 - 3214-0710 [email protected] Abstract Objective: To present data from a roadside survey study on drinking and driving and alcohol consumption in southeastern Brazil. Methods: A cross-sectional study roadside survey using a questionnaire and breathalyzer data to determine the prevalence of drinking and driving and to examine whether socio-demographic characteristics and drivers’ behavior, attitude and alcohol consumption predicted positive blood alcohol content (BAC). The data were gathered from 2005 to 2007 through roadside surveys conducted on high volume public roads in four cities in southeastern Brazil. A total of 4182 randomly selected drivers took part in the research. Of these drivers, 3488 (83.4%) completed the questionnaire and agreed to take a breath test. Results: Overall, 24.6% of drivers had a detectable blood alcohol concentration (BAC) and 15.9% had a BAC above the legal limit (0.6 g/L) at the time of the study. Logistic regression controlling for locale (city), sex, age and marital status was used to predict whether each driver would present a positive breath test. Socio-demographic characteristics, driving behaviors and attitudes, and alcohol consumption patterns were included as predictors. These analyses indicated that those who believed drinking and driving was a serious offense were about two-thirds as likely to have a positive breath test, and that drivers reporting a pattern of regular alcohol use were three times as likely to have a positive breath test. 88 Conclusions: These findings indicate that drinking and driving is relatively common in Brazil, and that it occurs considerably more frequently than similar surveys suggest is the case in other countries. Keywords: Drinking and driving, alcohol consumption, legislation, driving while impaired, breath test. Highlights A roadside survey study on drinking and driving and alcohol consumption in Brazil. The breathalyzer test was positive for 24.6% of the drivers. Drinking weekly is an increased risk of positive breathalyzer. The data show that drinking and driving is relatively common in Brazil. 1. Introduction In January of 1998, the adoption of a new National Traffic Code reduced the allowable blood alcohol concentration (BAC) for drivers throughout Brazil from 0.8 to 0.6 g/L. As a result of this legislation, driving under the influence of alcohol (DUI) became an offense subject to fines, license suspension, and possible imprisonment (Ministério das Cidades, 1997). This change attracted considerable media attention and the consequences of DUI became an important topic for magazine and newspaper articles nationally (Noto, Pinsky, & Mastroianni, 2006). In June, 2008 (after this survey was completed) it was enacted a new traffic law that reduced the legal limite of BAC from 0.6 g/L to 0.2 g/L (Law 11.705 popularly known as the “Dry Law”). This new law establishes that the driver with BAC between 0.3 g/L is subject to administrative penalties, such as fines, suspension of the license for 12 months and the annotation of 7 points in the file (severe offense). For alcohol concentration as of 0.6 g/L the law also provides for the arrest of the driver who, criminally prosecuted, can be sentenced from six months to three years in prision (Departamento Nacional de Trânsito, 2008). A survey based on telephone interviews’ data provided by VIGITEL (a monitoring system of Risk Factors and Protection against Chronic Diseases maintained by the Brazilian Ministry of Health) shows that the frequency of adults who drove after drinking an excessive amount of alcoholic beverages dropped from 2.2% to 0.9% in the first 89 two months after the law, and increased again to 2.8% in 2009 (Moura et al., 2009). Despite these changes, enforcement of DUI laws in Brazil remains inconsistent. According to data from the Brazilian Ministry of Health, the number of traffic accidents increased 24% between 2002 and 2010 and 40,610 people died in traffic crashes in Brazil in 2010 (Ministério da Saúde, 2011). These data indicate a very high rate of crashes since there were fewer than 65 million cars in Brazil at that time (Departamento Nacional de Trânsito, 2010). In comparison, in the U.S., one of the most motorized countries in the world, the number of registered vehicles totaled approximately 250 million in 2010 and the number of casualties in traffic crashes was 32,310 [National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), 2012; Research and Innovative Technology Administration (RITA), 2012.] Until late 1990s, data about drinking and driving in Brazil were mainly based on a small number of studies conducted in the northeastern part of the country (Nery Filho, Medina, Melcope, & Oliveira, 1997) and from one study of traumarelated deaths in São Paulo (Carlini-Cotrim & Matta Chasim, 2000). In 2007, Duailibi, Pinsky and Laranjeira, evaluated the prevalence of drinking and driving in Diadema, Brazil using a roadside survey methodology incorporating alcohol breath testing active and passive. The breathalyzers proved to be easy to apply and reliable, without bias, showing similar results in both instruments. Duailibi, Pinsky and Laranjeira found that 23.7% of drivers had a detectable level of alcohol in their blood. This compares with drinking and driving rates of 8.1% among nighttime drivers in roadside surveys in British Columbia, Canada (Beirness & Beasley, 2009) and of 12.4% among weekend nighttime drivers in the United States (Lacey, et al, 2009). In a Norwegian roadside survey, 4.5% of drivers tested positive for either alcohol or drugs (Gjerde et al., 2008). A Belgian roadside survey found that 3.3% of drivers had a BAC exceeding the legal limit (>0.5 g/L) (Vanlaar, 2005). In one of the few roadside survey studies undertaken in a developing country, it was found that 5.5% of drivers in Thailand had a positive BAC (Ingsathit et al., 2009). A recent Brazilian national survey study using in-home interviews also suggests a relatively high prevalence of drinking and driving (Pechansky et al., 2009). The average self-reported prevalence of DUI in that study was 34.7% - 42.5% among males, and 9.2% among females. Drinking and driving was associated with being 90 male, having a previous drinking and driving-related crash, reporting excessive alcohol consumption in the last year, and holding an unfavorable opinion about public policies related to drinking and driving. Considering the need for additional information on DUI in Brazil, this study presents breath test and questionnaire data gathered from randomly selected drivers at roadside surveys in four cities in southeastern Brazil. We document the prevalence of persons driving above the legal limit (0.6 g/L at the time of the study), as well as those driving with a detectable positive blood alcohol concentration (BAC), which would be in violation of Law 11.705/2008 (“Dry Law”). In addition, we analyzed social-economic, attitudinal, and behavioral predictors of a positive BAC. 2. Methods Overview Data were collected in four cities (locale) in southeastern Brazil (Belo Horizonte, Diadema, São Paulo, and Vitória) using a roadside survey methodology modeled after similar surveys undertaken in the United States and Canada (Beirness & Beasley, 2009; Lacey, et al., 2009; Voas, et al., 1998). The data were obtained through self-report questionnaires and breath tests. Interviewer observations of driver behavior were also obtained. In each city, a trained health professional organized the survey, implementing standardized methods and procedures according to established protocols. 2.1. Survey procedures Each day of the survey, ten trained interviewers were in the field at each site for data collection. Two of these interviewers were specially trained to administer the breath tests and were dedicated exclusively to collecting those data. Vehicles were randomly selected from the flow of traffic; every fifth passing vehicle was stopped by a uniformed police officer and directed into the survey area. We surveyed only drivers of private motor vehicles, including motorcycles. Commercial vehicles (e.g., taxis, buses, and delivery vehicles) were excluded. Once each vehicle was stopped, a traffic officer evaluated traffic safety conditions, as well as the safety of the research team, supervisors, coordinators and support personnel involved in the study. After confirming safety, the traffic officer left the 91 area and an interviewer informed the drivers that they were being stopped as part of a voluntary research project on traffic safety. Drivers were then asked to complete a brief questionnaire and provide a breath test. Those drivers who agreed to participate in the study were asked to sign a consent form and were given an educational brochure on drinking and driving. 2.2. Study sites Survey sites in each city were selected after consulting with local authorities regarding appropriate locations (e.g., strategic roadways, sufficient traffic, appropriate areas adjacent to the roadway for the survey). A recent U.S. national roadside survey used a similar approach in identifying appropriate survey sites (Lacey, et al., 2009). Data collection occurred as follows: Diadema–Friday and Saturday nights from 10pm to 3am and Sunday afternoons (3pm to 7pm) between February 2005 and February 2006; Belo Horizonte–Friday and Saturday nights from 10pm to 3am during the first two weeks of December 2005 and 2006, respectively; Vitória –Thursday, Friday and Saturday nights from 10pm to 4am, from December 2005 to May 2006; and São Paulo–Friday and Saturday nights from 10pm to 3am from December 2006 to March 2007. 2.3. Sample A total of 4,767 vehicles/drivers were approached to participate in the study and 4,182 drivers (87.7%) completed the questionnaire. Of these participants, 83.4% (3,488) agreed to either an active or passive breath test (table 1). For the active breath test, each driver was required to exhale directly into the device (model ABI alcohawk-Q3 Innovations, LLC) for five seconds. For the passive breath test (PAS-IV Passive Alcohol Sensor-Sniffer-PAS Systems International, Inc. PAS), the air surrounding the driver was sampled using a suction pump, without requiring the driver to exhale directly into the device. Breath test procedures followed the guidelines provided by the manufacturers. Drivers in Diadema and São Paulo were only asked to provide a passive breath test, while those in Belo Horizonte and Vitória were only asked for an active breath test due to the availability of the instruments in these places. 2.4. Survey Measures 92 All drivers who agreed to participate in the study completed an anonymous questionnaire administered by trained interviewers. The questionnaire included items addressing 1) socioeconomic and demographic characteristics (sex, age, marital status, level of education, employment status and income); 2) previous involvement in traffic crashes; 3) opinions regarding traffic infractions, including drinking and driving; 4) patterns of alcohol consumption (daily, weekly, monthly or sporadically; the usual amount and types of beverages consumed); 5) use of beverages on the interview day; 6) knowledge of laws on specific traffic issues; 7) previous drinking and driving behavior; and 8) opinion regarding the use of breath tests for enforcement of drinking and driving laws. Each interviewer also recorded his or her subjective impression of the driver's condition based on the signs and symptoms of drug or alcohol impairment. Interviewers selected from the following categories: 1) normal (no sign of being under the influence of alcohol or drugs); 2) under the influence of alcohol or other drugs, but not intoxicated (not obviously impaired, but under the influence of some substance, with decreased attention or emotional instability, but still able to complete the interview); or 3) clearly intoxicated (difficulties with speech or concentration, exhibiting dizziness or imbalance, lack of coordination, impaired critical thinking and inability to be interviewed). The type of vehicle (automobile, SUV, motorcycle) was noted, along with the number of passengers and their use of safety belts. The questionnaire took approximately five minutes to complete. Any questions from drivers regarding breath test or survey procedures were addressed by the team coordinator. Finally, each driver was invited to undergo an active or passive breath test without police involvement. Interviewers noted each driver’s breath test results on the corresponding questionnaire, maintaining driver’s anonymity. 2.5. Safety procedures A number of safety measures were implemented for drivers who agreed to take the breath test and who subsequently presented a BAC level equal to or above the limit established by law, or who were identified by interviewers as being clearly intoxicated and unable to drive. City and state governments made professional drivers available to take these individuals home. Drinking drivers who refused such assistance were asked to exchange positions with a passenger or to remain at the survey location until they were hydrated and fed. They were allowed 93 to leave once it was safe for them to drive. In these cases, the breath test was repeated until intoxicated drivers presented legal BAC levels (≤0.6g/L). Alternatively, intoxicated drivers were asked to telephone a friend or acquaintance who was legally and physically fit to come to the survey location and pick them up. This research was carried out in accordance with Helsinki Declaration standards and approved by UNIFESP\EPM research ethics (Committee nº 1.409/05). 2.6. Statistical analyses Initial descriptive analyses were performed to determine the respondents’ socio-demographic characteristics, driving behaviors, attitudes, and alcohol consumption (Table 2 and 3). Logistic regression was used to investigate the relationship between each positive breath test [computed using a dichotomized measure (BAC: 0≤ 0.2 g/L and 1 >0.2 g/L)] and the corresponding driver’s sociodemographic characteristics, driving behavior, attitudes, and alcohol consumption. For the purposes of these analyses, drinking and driving attitude was dichotomized (1 = respondent rated drinking and driving as the most serious traffic infraction) as was drinking pattern (1 = at least weekly alcohol consumption). Due to the relatively large number of predictors, the analyses were carried out in three steps. First, we checked the tolerances of all predictors variables. Only variables that yielded tolerance < 0.05 were retained in the model. Second, based on statistical significance of the bivariate tests, potential confounding factors (city, sex, age and marital status) were considered as controls. Third, non-significant predictors were dropped from the analysis. 3. Results 3.1. Socio demographic characteristics Table 2 shows the socio-demographic characteristics of the sample. Overall, there were four males for every female (4:1) in the sample. Over half of interviewees were single; 30 years of age or younger; had completed some higher education; had a formal job; and had an income over eight times the established monthly minimum wage. 3.2. Driving and drinking behaviors 94 Table 3 shows the driving and drinking behaviors of the respondents. More than one-third of the sample said they had previously been involved in a traffic crash. The same percentage reported that they had consumed alcoholic beverages on the day of the interview. Concerning usual drinking patterns, nearly half of the drivers reported that they drank on a weekly or daily basis. The most commonly consumed alcoholic beverages were beer, wine, champagne, whiskey, vodka, cognac (conhaque), sugarcane liquor (cachaça), and mixed alcoholic drinks. Participants reported drinking relatively large quantities when they consumed alcohol. Average consumption was reported as follows: beer (4 drinks), wine (5 drinks), other distilled spirits (4.5 drinks), sugarcane liquor (7 drinks), and mixed drinks (2.5 drinks). A substantial proportion of respondents reported having driven after drinking at some point in the past (36.3%). Many of the drivers indicated that on at least one occasion, they had asked others to drive their car for them after drinking (40.9%) or that they had planned to take a taxi or a bus or get a ride home (20.9%). Nonetheless, over one-third of the drivers surveyed thought that drinking did not affect their driving. When asked about traffic laws, almost 70 percent considered driving while intoxicated the most serious traffic infraction of those listed. An overwhelming majority, more than 90 percent, favored breath testing as a measure to reduce traffic crashes. 3.3. Breath test results Results of the breath tests in the four cities/locale showed that 15.9% of drivers presented with a blood alcohol concentration (BAC) above the legal limit at the time of the study (> 0.6g/L) (Ministério das cidades, 1997) and 8.7% showed a blood alcohol level between 0.3 and 0.6 g/L. That is, 24.6% of drivers had a detectable BAC. Under current law in Brazil, all of these drivers would be driving illegally (Departamento Nacional de Trânsito, 2008). In contrast, although interviewers were trained to observe signs of drinking and intoxication, they identified substantially fewer (14.9%) of the drivers as having consumed any alcohol or drugs. 3.4. Predictors of Positive BACs Table 4 shows the final model from the logistic regression. These analyses indicated that: 1) those who believed drinking and driving is a serious offense were 95 about two-thirds as likely to have a positive breath test (OR = 0.64; 95% CI = 0.540.76); and 2) for regular alcohol consumers, the likelihood of a positive breath test was over three times higher (OR = 3.47; 95% CI = 2.90-4.15). 4. Discussion The present study using roadside surveys with objective measures of blood alcohol levels is one of the first such studies in Brazil or, with few exceptions (e.g., Ingsathit et al., 2009; Mock et al., 2001; Odero, 1996), from anywhere in the developing world. The findings have significant implications for traffic safety, as nearly one quarter (24.6%) of drivers surveyed had detectable BACs and 15.9% had BAC levels >0.6 g/L (the legal limit in Brazil when this study took place) and according to the new traffic law (Law 11.705/2008 – “Dry Law”), drinker drivers could be criminally prosecuted with sentence ranging from 06 months to three years in prison. Although such studies are rare in Brazil, research from elsewhere in the world has shown that crash risk increases significantly with even low levels of drinking (Babor, et al., 2010). For instance, studies by Ross (1992) and Zador (1991) show that an adult driver with a blood alcohol concentration between 0.5 and 0.9 g/L (within legal limit in many countries) has as much as a 9-fold increased risk of being in a fatal car crash, compared with a driver who has not been drinking. Additionally, as the level of alcohol in the blood increases from 0 to 0.2g/L the risk of involvement in a fatal crash risk nearly doubles (Ross, 1992; Zador, 1991). The data from this study show that a substantial number of drivers on Brazilian roadways put themselves and others at risk for death and injury through risky drinking and driving behavior. In this study, about one-third of the drivers reported previously being involved in a car crash, and a substantial proportion reported that they had been drinking on the day of the study. On average, the drivers in the study reported consuming alcoholic beverages on one or two days a week and averaged 4-7 drinks per drinking occasion. Survey data show that the abstention rate is high in Brazil, but about 40% of the population between 18 and 34 years of age engages in binge or heavy episodic drinking (Laranjeira, Pinsky, Sanches, Zaleski, & Caetano, 2010). This pattern of drinking may be one factor underlying the high rates of drinking and driving observed in the current study. 96 At the same time, the results of this study showed that in general, respondents considered drinking and driving to be a serious traffic offense. Moreover, those who indicated that drinking and driving was the most serious offense were about two-thirds as likely to have a positive breath test. In contrast, the likelihood of having a positive breath test was over three times greater for those with a pattern of regular alcohol consumption. As mentioned above, a recent National Household Alcohol Survey in Brazil found that males who were previously involved in an alcohol-related traffic crash, who reported excessive alcohol consumption in the last year, and who had an unfavorable opinion about public policies, were also more likely to report drinking and driving (Pechansky, et al., 2009). Our results are consistent with these household survey findings. A combination of ineffective laws for regulating the alcohol market, low alcohol prices, and easy availability of alcohol may further account for the high consumption per capita by drinkers in Brazil as compared to the world average (Caetano, & Laranjeira, 2006; Pinsky, Labouvie, & Laranjeira, 2004). These factors may also contribute to the overall high rates of drinking and driving and violence. In fact, industry data from Brazil indicate that there are at least 1 million points of sale for beer in the country, or approximately one outlet for every 170 inhabitants (Seligman, 2005). In addition, there are few venues for relaxing and spending social time in poorer communities, which may contribute to bars becoming places to socialize for young people (Peek-Asa, 1999). Research has clearly demonstrated that violence and traffic crashes are common in areas and roadways surrounding bars, restaurants and nightclubs (Babor, et al., 2010). In addition, existing laws regarding alcohol consumption and drinking and driving are not strictly enforced in Brazil, and there are few penalties applied to transgressors. These factors may contribute to a perceived low risk of legal consequences for drinking and driving among Brazilians. This perception, in turn, may undermine the effectiveness of drinking and driving laws. Although drivers participating in our roadside surveys were aware of drinking and driving laws, they were also aware of the lack of preventive and enforcement measures. In fact, our data show that 15.9% of drivers apparently did not respect drinking and driving laws as evidenced by having a BAC above the legal limit at the time of the study. These findings suggest that implementing more effective and consistent enforcement measures, such as sobriety checkpoints and DUI patrols, would 97 increase the likelihood of police apprehension for drinking and driving and thus might reduce the prevalence of DUI. Research in other countries has shown that adoption of such measures is related to a drop in the percentage of drivers with alcohol concentration above those established by law, as well as a drop in traffic deaths and injuries (Mathijssen, 2005; Babor, et al., 2010). Deterrence theory also provides a rationale for instituting procedures that increase the certainty that drinking and driving penalties will be applied (Ross, 1992). Overall, penalties that are consistently and swiftly administered are more effective in deterring behavior than are penalties that are implemented unevenly. Comparing breath test values to interviewers’ evaluation of drivers’ intoxication levels, our data show that the breath test was nearly twice as effective in identifying drivers who had been drinking. Although interviewers were trained to observe signs of intoxication, they failed to recognize a substantial proportion of the drivers who, in fact, had been drinking. This finding further underscores the importance of using breath tests for drinking and driving enforcement. It is likely that a brief evaluation by a traffic officer may not be sufficient to determine if a driver is under the influence of alcohol. Even well-trained police officers may be unable to identify drinking drivers (Fell & Compton, 2007). At the time of this study breath tests were not used routinely by police in Brazil. The present study has some potential limitations that should be noted. Participation in the roadside survey, like those conducted in many other countries (e.g., Beirness & Beasley, 2009; Lacey, et al., 2009), was voluntary. Thus, there is a possibility that selection biases may have influenced the results. Drinking drivers, for example, may have been less likely to participate. Two facts, however, mitigate this potential bias. First, we had very good response rates (83.4%) and few refusals. This reduces the likelihood that selection significantly affected the results. Second, if there was selection bias, it would be expected to be greatest for drivers who had been drinking. If such biases occurred, therefore, our drinking and driving prevalence rates would actually represent under-estimates. Other factors that may have affected our findings include site selection and weather variations, as well as hours and days of data collection. We attempted to control these variables by setting fixed times and days for data collection (Friday and Saturday from 10am to 3am) and locating our data collection sites along major transit routes. Although the sites were selected on the basis of traffic patterns and 98 in consideration of safety issues for the motorists and the survey team, drivers were selected at random for the survey. Given the high response rates, the sample should be relatively representative of drivers using those thoroughfares. Most importantly, the study was conducted in four cities located in only one of the five geographic regions of Brazil. Our data cannot be generalized for Brazil as a whole due to its large geographical area and substantial socioeconomic and cultural differences among regions. Nonetheless, the study included a large number of drivers from the most important geographic region of Brazil in terms of socioeconomic development. Additional studies in other cities and regions of the country will be needed to corroborate our findings. In any case, the data are an important indicator that drinking and driving is a serious problem and a common occurrence in Brazil. The methodology applied in this study can be used in future research to monitor the prevalence of drinking and driving and the impact of related policy measures. This research represents an important effort to provide data that will contribute to understanding the phenomenon of drinking and driving in Brazil and in other developing countries. At a minimum, this study has significant implications for understanding the extent of drinking and driving in the southeastern region of Brazil and suggests directions that might be explored to reduce this behavior (see below). Importantly, our findings indicate that the population is open to change, since 70% of drivers interviewed for this study agreed that drunk driving puts others at risk, and 90% favored the use of breath testing as a preventive measure. In particular, the study suggests that: (1) more effective enforcement measures should be implemented for detecting drinking drivers, including the use of breath testing, sobriety checkpoints, and DUI patrols; (2) public information interventions should be designed to increase trust in the laws and perceptions that enforcement levels are sufficiently high to produce a deterrent effect; and (3) closer regulation and control over the availability of alcoholic beverages should be addressed by policy makers. Finally, the high rates of drinking and driving found in this study, compared with those found in developed countries (e.g., Beirness & Beasley, 2009; Lacey, et al., 2009) point to the urgent need for additional studies of drinking and driving in developing and motorizing countries (Babor et al., 2010). The data presented in 99 this paper suggest that drinking and driving may be a particularly complex problem in the developing world and will require additional attention. Acknowledgements The authors thank the following individuals and organizations that made this research possible: -Military Police Department of Vitória, Espírito Santo. -Motor Vehicle Traffic Department of Espírito Santo. -Graduate students from Medical School of Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Vitoria. -Post-graduate students from Federal University of Espírito Santo. -Diadema City Hall. -São Paulo City Hall, CET (Traffic Engineering Company), Military Police and the COMUDA (Municipal Council on Alcohol and Other Drugs); -State of Minas Gerais Sub-Department of Anti-Drug Public Policies and Military Police; -FUMEC University nursing and psychology students; -Metropolitan Faculty psychology students. -Pacific Institute for Research and Evaluation- PIRE -Prevention Research Center/PIRE, Berkeley, CA, USA References Babor, T., Caetano, R., Casswell, C., Edwards, G., Giesbrecht, N., Graham, K., Grube, J., Hill, L., Holder, H., Homel, R., Österberg, E., Rehm, J., Room, R., & Rossow, I. (2010). Alcohol: No ordinary commodity. Research and public policy (Revised edition.). Oxford: Oxford Press. Beirness, D.J., & Beasley, E.E. (2009). Alcohol and Drug Use Among Drivers: British Columbia Roadside Survey 2008. Ottawa, ON: Canadian Centre on Substance Abuse. Available online at: http://www.cclat.ca/2009%20CCSA%20 Documents/ccsa0115382009_e.pdf 100 Beirness, D.J., & Beasley, E.E. (2010). A roadside survey of alcohol and other drug use among drivers in British Columbia. Traffic Injury Prevention, 11, 215-221. Caetano, R., & Laranjeira, R. (2006). A ‘perfect storm’ in developing countries: economic growth and the alcohol industry. Addiction, 101, 149-152. Carlini-Cotrim, B., & Matta Chasin, A.A. (2000). Blood alcohol content and death from fatal injury: a study in the metropolitan area of São Paulo, Brazil. Journal of Psychoactive Drugs 32, 269-275. Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN (2008). Alterações na legislação de trânsito sobre álcool e direção. Lei 11.705 de 19 de junho de 2008. Available online at: http://www.denatran.gov.br/ultimas/20080626_alcool_ direcao.htm (accessed 13 Sept. 2009). Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN (2010). Available online at: http://www.denatran.gov.br/frota.htm (accessed 8 June 2012). Duailibi, S., Pinsky, I., & Laranjeira, R. (2007). Prevalência do beber e dirigir em Diadema - SP. Revista de Saúde Pública, 41, 1058-1061. Fell, J.C., & Compton, C. (2007). Evaluation of the use and benefit of passive alcohol sensors during routine traffic stops. Annual Proceedings of the Association for the Advancement of Automotive Medicine, 51, 437-48. Gjerde, H., Normann, P.T., Pettersen, B.S., Assum, T., Aldrin, M., Johansen, U., Kristoffersen, L., Øiestad, E.L., Christophersen, A.S., & Mørland, J. (2008). Prevalence of alcohol and drugs among Norwegian motor vehicle drivers: A roadside survey. Accident Analysis and Prevention, 40, 1765–1772. Ingsathit, A., Woratanarat, P., Anukarahanonta, T., Rattanasiri, S., Chatchaipun, P., Wattayakorn, K., Lim, S., & Suriyawongpaisal, P. (2009). Prevalence of psychoactive drug use among drivers in Thailand: A roadside survey. Accident Analysis and Prevention, 41, 474–478. Lacey, J.H., Kelley-Baker, T., Furr-Holden, D., Voas, R.B., Romano, E., Ramirez, A., Brainard, K., Moore, C., Torres, P., & Berning A. (2009). 2007 National Roadside Survey of Alcohol and Drug Use by Drivers: Alcohol Results. Washington, DC: U.S. Available online at: http://www.nhtsa.gov/DOT/NHTSA/ Traffic%20Injury%20Control/Articles/Associated%20Files/811248.pdf. Laranjeira, R., Pinsky, I., Sanches, M., Zaleski, M., & Caetano, R. (2010). Alcohol use patterns among Brazilian adults. Revista Brasileira de Psiquiatria, 32,3, 231241. Mathijssen, M.P.M. (2005). Drink driving policy and road safety in the Netherlands: a retrospective analysis. Transportation Research Part E, 41, 395-408. Ministério das Cidades (1997). Código de Trânsito Brasileiro: Lei nº. 9503 de 23 de setembro de 1997. http://www.denatran.gov.br/ctb.htm (accessed 8 Mai 2007). 101 Ministério da Saúde (2004). Evolução da mortalidade por violência no Brasil e regiões. Available on line at: htpp://portal.saude.gov.br/portal/svs/visualizar.texto.cfm?idtxt=24448. Ministério da Saúde (2011). Transito mata mais de 40 mil brasileiros. Available on line: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/2933/162/transito-matamais-de-40-mil-brasileiros.html (accessed 9 June 2012). Moura, E.C., Malta, C.D., Neto O.L.M., Penna, G. O., & Temporão, J.G. (2009). Direção de veículos motorizados após consumo abusivo de bebidas alcoólicas, Brasil, 2006 a 2009. Rev Saúde Publica 43, 891-894. Mock, C., Asiamah, G., & Amegashie, J. (2001). A Random, Roadside Breathalyzer Survey of Alcohol Impaired Driving in Ghana. Journal of Crash Prevention and Injury Control, 2(3), 193-202. National Highway Traffic Safety Administration (2012). Traffic safety facts. Available on line at: http://www-nrd.nhtsa.dot.gov/Pubs/811604.pdf Nery Filho, A., Medina, M.G., Melcope, A.G., & Oliveira, E.M. (1997). Impacto do uso de álcool e outras drogas em vítimas de acidentes de trânsito. Centro de estudos e terapia do abuso de drogas, instituto RAID, Associação Brasileira de Departamentos Estaduais de Trânsito. Noto, A.R., Pinsky, I., & Mastroianni, F. de C. (2006). Drugs in the Brazilian print media: an exploratory survey of newspaper and magazine stories in the year 2000. Substance Use and Misuse, 41, 1263-1276. Odero, W. (1996). Conducting a roadside survey of drivers in Kenya: methods and experiences. Health Policy and Planning, 11(3), 329-331. Pechansky, F., De Boni, R., Diemen, LV., Bumaguin, D., Pinsky, I., Zaleski, M., Caetano, R., & Laranjeira, R. (2009). Highly reported prevalence of drinking and driving in Brazil: data from the first representative household study. Revista Brasileira de Psiquiatria,31, 125-130. Peek-Asa, C. (1999). The effect of random alcohol screening in reducing motor vehicle crash injuries. American Journal of Preventive Medicine, 16 (Suppl. 1), 5767. Pinsky, I., Labouvie, E., & Laranjeira, R. (2004). Disposição e alternativas ao dirigir alcoolizado entre jovens paulistanos. Rev. Bras Psiquiatr, 26, 234-241. Researsh and Inovative Technology Administration- RITA. Bureau of Transportation Statistics. Available online at: http://www.bts.gov/publications/ national_transportation_statistics/html/table_01_11.html (accessed 9 June 2012). Ross, H.L. (1992). Confronting Drunk Driving: Social Policy for Saving Lives. Yale University Press. 102 Seligman, M. (2005). Alcoolismo e responsabilidade social. Presented at the International Forum of Quality of Life and Health –Alcoholism: Who Pays the Bill? Porto Alegre, Brazil, 8 April. Vanlaar, W. (2005). Drink driving in Belgium: results from the third and improved roadside survey. Accident Analysis and Prevention 37, 391–397. Voas, R.B, Wells J., Lestina D., Williams A., & Greene M. (1998). Drinking and driving in the United States: the 1996 national roadside survey. Accident Analysis and Prevention, 30, 2, 267-275. Zador, P.L. (1991). Alcohol-related relative risk of fatal driver injuries in relation to driver age and sex. Journal of Studies on Alcohol, 52, 302–310. 103 Table 1 – Number of participants per city in a given phase of the survey Agreed to participate in Agreed to undergo the City Drivers the study by answering active and/or passive addressed the questionnaire breathalyzer N(%) N(%) Diadema 1000 908 (90.8) 845 (84.5) Belo Horizonte 990 913 (92.2) 579 (58.5) Vitória 592 490 (82.8) 444 (75.0) São Paulo 2185 1871 (85.6) 1620 (74.1) Total 4767 4182 (87.7) 3488 (83.4) 104 Table 2: Sample Characteristics Variable Female Male 18 to 19 20 to 30 Age in years 31 to 40 41 to 50 51 or more Single Married Marital status Cohabiting Separeted Widowed Less than grade Elementary Level of High school education Some college College Formal Informal Self employed Employment Unemployed Student Retired Less than 1 MW ᵇ Income MW 1 to 3 MW minimum wage 4 to 7 MW More than 8 MW Sex n = 4 182 No.(% ) 770(18.5) 3403 (81.5) 236 (5.7) 2001(48.0) 960(23.0) 649(15.6) 324(7.8) 2424(58.1) 1365(32.7) 96(2.3) 256(6.1) 31(0.7) 15(0.4) 450(10.8) 1378(33.1) 858(20.6) 1465(35.2) 2199(53.6) 452(11.0) 943(23.0) 170(4.1) 253(6.2) 88(2.1) 54(1.3) 819(20.0) 1113(27.2) 2113(51.5) ªCI 95% 17.3, 19.7 80.3, 82.7 5.0, 6.4 46.5, 49.5 21.7, 24.3 14.5, 16.7 7.0, 8.6 56.6, 59.6 31.3, 34.1 1.9, 2.7 5.4, 6.8 0.5, 1.0 0.0, 0.1 0,0-0,1 0.1, 0.1 31.7, 34.5 19.4, 21.8 33.8, 36.7 52.1, 55.1 10.1, 12..0 21.7, 24.3 3.5, 4.7 0.1, 0.1 0.0, 0.0 0.0, 0.0 0.2, 0.2 0.3, 0.3 0.5, 0.5 ªCI = confidence interval ᵇThe minimum wage (M W) in effect at the time of the study = R$ 300,00 (approximately U$ 131 in the time of the survey) 105 Table 3: Driver behavior, attitude and alcohol consumption Variable Drank on research day Yes No Previous traffic crash Yes No Drinking frequency None Daily Weekly Monthly Sporadically Beverages Beer Wine Distilled: whiskey, vodka, cognac Sugarcane liquor(cachaça) Mixed drinks Traffic infraction Run red light Over speed limit Drive drunk No use of safety equipment Dangerous passing Pull over on the shoulder of highway Poorly kept vehicle Other Driving after drinking Drive after coffee Alcohol drinking & driving is not a problem Drives better after alcohol drinking Does not drive(take taxi\bus\ride) Asks another driver to drive Drives slowly Never drinks much Other Attitude toward breath test Favorable Unfavorable Interviewer evaluation Normal Under the influence of alcohol but not drunk Drunk ªCI = confidence interval. n = 4 182 No. (%) 1232(29.6) 2921(70.4) 1404(33.7) 2757(66.3) 1081(26.7) 121 (3.0) 1848(45.6) 252(6.2) 747(18.4) 2269(54.3) 429 (10.3) 216(5.2) 98(2.3) 48(1.1) 409 (9.9) 488(11.8) 2809(67.9) 68(1.6) 170(4.1) 19 (0.5) ªCI 95% 28.6, 31.7 69.0, 71.8 32.3, 35.1 64.9, 67.7 0.3, 0.3 2.5, 3.5 44.1, 47.1 5.5, 6.9 17.2, 19.6 52.8, 55.8 9.4, 11.2 4.5, 5.9 1.8, 2.8 0.8, 1.4 9.0, 10.8 10.8, 12.8 66.5, 69.3 1.2, 2.0 3.5, 4.7 0.3, 0.7 67(1.6) 108(2.6) 161(4.5) 314(8.9) 1.2, 2.0 2.1, 3.1 3.9, 5.1 8.0, .9.8 56(1.6) 739(20.9) 1448(40.9) 183(5.2) 572(16.1) 71(2.0) 3809(91.8) 339(8.2) 3466(85.1) 415(10.2) 1.2, 2.0 19.7, 22.1 39.4, 42.4 4.5, 5.9 15.0,17.2 1.6, 2.4 91.0, 92.6 7.4, 9.0 84.0, 86.2 9.3, 11.1 191(4.7) 4.1, 5.3 106 Table 4- Predicting Positive Breathalyzer Tests: ªLogistic regression results b Predictor Sex Female Male Age Up to 30 years old 31 years old or more Marital status Others Single Pattern consumption No consumption At least weekly Traffic infraction Not serious Serious City Diadema and Vitória Belo Horizonte and São Paulo a OR crude (95% CCI) p<0.05 Adjusted bOR (95% CCI) P<0.05 1 1.170(0.932-1.469) 1 0.176 1.168(0.931-1.465) 0.180 1 1,291(1.057-1.577) 1 0.012 1.283(1.051-1.567) 1 0.785(0.640-0.962) 1 0.019 0.781(0.637-0.956) 0.017 1 3,425(2.862-4.098) 1 0.000 3.466(2.898-4.145) 0.000 1 0.642(0.541-0.764) 1 0.000 0.639(0.538-0.760) 0.000 1 1 1.667(1.389-2.003) 0.000 1.671(1.391-2.006) 0.000 Model controlled by city, sex, age and marital status. b OR= odds ratio. c CI= confidence interval. 0.14 107 Ciência & Saúde Coletiva versão impressa ISSN 1413-8123 Ciênc. saúde coletiva vol.17 no.4 Rio de Janeiro abr. 2012 http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000400019 TEMAS LIVRES FREE THEMES O impacto da "Lei Seca" sobre o beber e dirigir em Belo Horizonte/MG The Impact of Prohibition on drinking and driving in Belo Horizonte in the State of Minas Gerais Rogério de Souza SalgadoI; Valdir Ribeiro CamposI; Sérgio DuailibiII; Ronaldo Ramos LaranjeiraII I Associação Brasileira Comunitária para Prevenção do Abuso de Drogas. Av. do Contorno 4777, Serra. 30110-031 Belo Horizonte MG. [email protected] II Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, Departamento de Psiquiatria, Universidade Federal de São Paulo RESUMO O objetivo do presente trabalho é apresentar dados, de estudo comparativo, sobre a conduta de beber e dirigir na cidade de Belo Horizonte, no período de 2005 a 2009, avaliando o impacto da Lei 11.705, a "Lei Seca", de 20 de junho de 2008. Para tanto, dados de prevalência desta conduta, coletados em postos de fiscalização da internacionalmente sobriedade (Sobriety utilizada foram -, Checkpoints) analisados a - partir metodologia de amostras representativas de motoristas abordados em vias públicas de tráfego intenso dessa capital, permitindo a avaliação do impacto da nova Lei. Os resultados da análise destes dados apontaram para uma redução de cerca de 50% na prevalência de condutores dirigindo com algum nível de álcool no sangue, em 108 2008, quando comparados a 2007, o que coincide com a mudança na legislação. O estudo permitiu determinar que o impacto da Lei 11.705/2008 foi bastante expressivo, no sentido de modificar a conduta estudada. Entretanto, outras medidas de controle devem somar-se à mudança na legislação, para que seja buscada uma contínua redução na incidência do "beber e dirigir", favorecendo, assim, uma cultura de sobriedade no trânsito. Palavras-chave: Consumo de bebidas alcoólicas, Condução de veículo, Prevenção de acidentes, Acidentes de trânsito, Políticas públicas ABSTRACT The scope of this paper is to present comparative data on drinking and driving behavior among drivers in Belo Horizonte in the State of Minas Gerais, in the period from 2005 to 2009, evaluating the impact of Law No. 11.705 (Prohibition), dated June 6, 2008. Data regarding prevalence of this behavior, collected at Sobriety Checkpoints (internationally used methodology) were analyzed using representative samples obtained from drivers on different public roads with intensive traffic in Belo Horizonte (2005-2009), thus permitting analysis of the impact of the new law. In 2008, the data showed a reduction of approximately 50% in the prevalence of individuals driving with any level of alcohol in the blood, when compared to 2007, after the change in legislation. This study showed that the impact caused by Law No.11.705 was marked in the sense of modifying the behavior under scrutiny. However, other control measures need to be added to the current legislation, in order to obtain a continuous reduction of drinking and driving behavior, thereby fostering a culture of sobriety on the road. Key words: Consumption of alcoholic beverages, Vehicle driving, Accident prevention, Traffic accidents, Public policies 109 Introdução Em todo o mundo, os acidentes de trânsito estão entre os maiores problemas de saúde pública e entre as maiores causas de morbimortalidade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde1 (OMS) a cada ano, próximo de 1,2 milhão de pessoas morre vítima de acidentes nas estradas e outro tanto se machuca ou fica inválida, a maioria em países do terceiro mundo. A associação entre álcool e direção é um dos principais fatores que potencializam os acidentes1,2. Sob efeito do álcool, a probabilidade de um indivíduo ser vítima fatal em um acidente, é sete vezes maior do que uma pessoa sóbria3,4. De fato, evidências indicam que entre um quarto e metade dos acidentes de trânsito, com vítimas fatais, estão associados ao uso do álcool por algum dos envolvidos2. A Organização Mundial de Saúde criou, em 2004, uma Aliança Global para a Segurança no Trânsito e, em seu Relatório Mundial para a Prevenção de Acidentes nas Estradas5, apontou as medidas que provocaram a queda nos índices de acidentes nos países industrializados. São elas: a obrigatoriedade do uso de equipamentos (cinto de segurança e capacete), cuidados no transporte de crianças, observação de limites de velocidade e, por fim, imposição de limites à concentração de álcool permitida no sangue dos motoristas. No Brasil, apesar de poucos dados, existem evidências indicando que a prática de dirigir sob efeito de álcool ocorre em índices muito superiores a outros países com maior tradição no monitoramento desta conduta4. Estudo de 2009, coordenado por Pechansky et al.6, determinou a prevalência desta conduta em 34,7%, a partir da análise de uma amostra representativa da população brasileira, extraída do I Levantamento Domiciliar sobre Padrões de Consumo de Álcool7. No Consenso Brasileiro sobre Políticas Públicas do Álcool8, de 2004, especialistas brasileiros já alertavam sobre os perigos da associação entre álcool e direção, e recomendavam, entre outras, a redução dos limites da concentração alcoólica permitida no sangue dos motoristas. Entretanto, a mudança na legislação só veio em 20 de junho de 2008, quando foi promulgada a Lei 11.705 que alterou o Código de Trânsito Brasileiro9 e estabeleceu o que foi divulgado como tolerância zero, quanto à prática de dirigir 110 sob efeito de álcool. A nova Lei estabeleceu a suspensão do direito de dirigir, a partir de uma concentração de 2 decigramas (dg) de álcool por litro de sangue (ou 0,1 mg de álcool por litro de ar expelido, no bafômetro), o que pode ser obtido pela ingestão de apenas 1 (um) copo de cerveja. Neste caso, a Lei prevê multa no valor de R$ 955,00 (novecentos e cinquenta e cinco reais), perda da habilitação por 12 meses e anotação de 7 pontos na carteira (infração gravíssima). Para concentrações alcoólicas a partir de 6 dg/l (0,3 mg/l no bafômetro), o equivalente a dois copos de chope, por exemplo, a lei prevê, ainda, a detenção do motorista que, processado criminalmente, pode pegar de seis meses a três anos de prisão. O Brasil tornou-se, então, com esta Lei, um dos países com legislação mais severa, ficando atrás de poucos outros países como, por exemplo, o Japão, que define a concentração alcoólica em zero1. A mudança já teria produzido efeitos, pois, segundo o Ministério da Saúde10, em levantamento de 2010, houve queda, em média, de 6,2% nos índices de mortes no trânsito, em todo o país, um ano após a promulgação da "Lei Seca". Em Minas Gerais, o governo do Estado estabeleceu um programa de monitoramento da conduta de beber e dirigir, por meio de pesquisa, com metodologia adotada internacionalmente, a partir de 2005. O procedimento tem sido repetido a cada ano, desde então, com coleta de dados, em local e horários regulares, criando uma série histórica, que documenta esta conduta, em um período que foi atravessado pela promulgação da Lei 11.705/2008. O presente estudo visa comparar estes dados relativos a dirigir sob efeito de álcool, com vistas a determinar o impacto da nova Lei sobre a conduta dos motoristas de Belo Horizonte. Métodos Procedimentos O presente estudo estabeleceu uma comparação da prevalência da conduta de dirigir sob efeito de álcool, ano a ano, no período de 2005 a 2009 (série temporal 111 de cortes transversais), de forma a determinar sua variação e o impacto causado pela Lei 11.705/2008. Em todas as edições, a pesquisa foi realizada em "postos de checagem da sobriedade" (Sobriety Check-points - metodologia usada internacionalmente), estabelecidos em vias públicas de tráfego intenso, pela polícia de trânsito, com policiais devidamente equipados e identificados que paravam os veículos. A abordagem ao motorista era realizada por entrevistador treinado, com suporte de um coordenador e equipe de apoio, incluindo motoristas, que, o tempo todo, estiveram à disposição, para conduzir, às suas residências, aqueles que apresentassem teor alcoólico incompatível com a direção e não estivessem acompanhados por carona habilitado, em condições de substituí-lo. A escolha do veículo era aleatória, por contagem, segundo o volume de tráfego, ou seja: se o tráfego fosse intenso, parava-se 01 de cada 10 carros, se o volume de tráfego fosse menor, 01 de cada 02 ou 03 carros. Evitou-se, com a medida, que o policial (que possui olhar treinado) escolhesse os carros suspeitos e contaminasse a amostra. Nos períodos em que todos os entrevistadores estavam ocupados, o tráfego era liberado. Uma vez escolhido o veículo, pelos pesquisadores, este era desviado para os "check-points", onde o motorista era abordado pelo entrevistador, que explicava o motivo da parada, informava tratar-se de uma pesquisa, que sua participação era voluntária e lia o termo de consentimento livre e esclarecido. Este concordando, respondia ao questionário, sem identificação do respondente, com as perguntas sendo enunciadas pelo entrevistador, que ia marcando as respostas. Ao término das perguntas, o entrevistador realizava uma avaliação do estado geral do entrevistado, apontando a presença de algum sinal de embriaguês (voz pastosa, odor etílico e outros). Em seguida, o entrevistador convidava o entrevistado a submeter-se ao teste do etilômetro (bafômetro) e, este concordando, anotava-se o resultado obtido. Por último, o motorista recebia orientações sobre os riscos de dirigir sob efeito de álcool e informações sobre a legislação de trânsito. Instrumentos 112 Os instrumentos utilizados foram: a) um formulário com dados demográficos, epidemiológicos, padrão de consumo de bebidas alcoólicas, conhecimentos sobre a legislação de trânsito, opiniões sobre o tema e outras questões, e b) etilômetro (bafômetro) portátil, modelos ALCOHAWK® e ALC SMART - BFD-30. Foi utilizado, como banco de dados e instrumento de análise estatística, o aplicativo SPSS 15.0 (SPSS Inc., Chicago, EUA). Análise estatística Este levantamento ocorreu em vias de tráfego intenso da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte, tendo sido repetido, a cada ano, num mesmo horário e dias da semana (noites de sexta-feira e sábado). Com isso, muitas das variáveis permaneceram constantes, permitindo sua comparação ano a ano. Houve, entretanto, pequenas variações nos procedimentos de pesquisa e no instrumento de coleta de dados (formulário) ao longo dessas edições. Assim, foi necessária a compatibilização - um procedimento de padronização de informações oriundas de fontes diversas - de forma a permitir que as variáveis de interesse pudessem ser comparadas, sem perdas de generalidades, entre si e ao longo do tempo, através de indicadores comuns. A base de dados passou, assim, por procedimentos para compatibilizar as diversas edições, em uma única base, de forma a permitir a comparação das variáveis, segundo o ano do levantamento. O procedimento possibilitou a comparação direta dos resultados dos valores de bafômetro, com a construção de séries históricas (Tabela 1). A metodologia para compatibilização das bases de dados consistiu, basicamente, das seguintes etapas: I. Identificação da abrangência geográfica comum a todas as edições; II. Identificação das variáveis coletadas, sob as mesmas condições e procedimentos de coleta, comuns a todas as edições; III. Criação de campos-chave para relacionamento das bases de dados, de forma a assegurar que os resultados se mantivessem fiéis às respectivas edições; IV. Junção das variáveis comuns em uma única base de dados; 113 V. Testes comparativos dos resultados da base única (todas as edições) com os resultados das bases separadas (edição específica de cada pesquisa). Isolou-se, para análise, a variável "bafômetro positivo" ou "Concentração de Álcool no Sangue diferente de zero" (CAS DIF ZERO) a partir do grupo de motoristas com algum nível de álcool no sangue, detectado pelo bafômetro. A resultante foi submetida ao teste de diferença de proporção, com intervalo de confiança de 95% (Tabela 2). Verificou-se que não houve diferença significativa nas proporções de condutores com algum nível de álcool no sangue (p-valor= 0,894 >0,05), de 2005/2006 para 2007 (Tabela 2). Já de 2007 para 2008 o índice reduziu-se significativamente, de 37,5% para 19,4% (p-valor = 0,002 < 0,05). Nota-se que a redução é significativa justamente após a mudança na legislação. Finalmente, entre 2008 e 2009 não houve diferença significativa entre os índices de 19,4 para 16,6 (p-valor=0,569 >0,05). Considerações Éticas A coleta de dados foi conduzida dentro dos padrões da Declaração de Helsinki e aprovada pela comissão de ética em pesquisa da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, para os anos 2005 a 2008; a edição de 2009 foi aprovada pela comissão de ética em pesquisa da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais - FHEMIG. Resultados Características e Distribuição da Amostra Foram abordados 1.573 condutores de veículos automotores, trafegando por vias públicas de tráfego da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte. Aceitaram participar da pesquisa 1.455 motoristas (92,5%) e, destes, 962 (66,1%) aceitaram submeter-se ao teste do bafômetro. A amostra teve predominância masculina quatro homens (78,8%) para cada mulher, com concentração na faixa etária de 18 a 30 anos (58,6%), em sua maioria, solteiros (68%), nível de escolaridade 114 superior (74,9%), trabalhadores com vínculo formal (49,2%) ou profissionais liberais (19,3%) e renda familiar superior a 07 salários mínimos (69%). Avaliação da amostra com "bafômetro positivo" e estado geral do condutor Avaliando os resultados dos achados, apresentamos no Gráfico 1 uma evolução das proporções de motoristas com algum nível de álcool no sangue (CAS diferente de zero), segundo os resultados do teste do bafômetro, separados de acordo com o ano da pesquisa. Cruzando estes dados, de "bafômetro positivo" com a avaliação do estado geral do condutor, realizada pelo entrevistador, encontramos um índice de detecção de 30,4%. Ou seja, o entrevistador não foi capaz de identificar que o entrevistado estava sob efeito de álcool em quase 70% dos casos. Por fim, analisamos a variação do valor positivo do bafômetro segundo o horário da pesquisa e os resultados são apresentados no Gráfico 2. 115 Discussão O estudo indica que houve uma queda, em média, de pouco menos de 50% no comportamento de dirigir sob efeito de álcool dos motoristas da região Centro-Sul de Belo Horizonte, poucos meses após a promulgação da Lei 11.705/2008. A prevalência reduziu-se de 37,5% em 2007 para 19,4% em 2008. Um ano depois, com a repetição da pesquisa, verificou-se que houve manutenção e mesmo um aprofundamento da mudança de comportamento (16,6%). A significativa queda nos índices de prevalência da conduta estudada permite avaliar que o impacto da Lei 11.705/2008 foi bastante expressivo, no sentido de modificar esta conduta, ainda mais quando percebemos que a mudança no índice cai ainda mais, transcorridos 12 meses. Isso corrobora as evidências que indicavam que o rigor na aplicação de penalidades é efetivo para coibir esta conduta, o que, aliado à certeza da punibilidade, pode representar efetivo instrumento de transformação desta realidade, enfatizando a necessidade de fiscalização contínua. O cruzamento do valor do bafômetro positivo, com a avaliação do estado geral do condutor, realizado pelo entrevistador, indica que, na maioria das vezes (69,6%), o observador treinado não foi capaz de detectar a alcoolemia. Este dado está de 116 acordo com outros estudos, de Wells et al.11; Bellis et al.12, que indicam que mesmo observadores treinados deixam de detectar índices de alcoolemia leve a moderada, o que reforça a necessidade do uso do etilômetro como instrumento de implemento da eficácia e credibilidade da ação. A análise da variação dos valores do bafômetro positivo, em função do horário (Gráfico 2), indica que ocorre um acirramento da conduta, à medida que a noite avança, ou seja, não só aumenta a prevalência de motoristas dirigindo sob efeito de álcool, como também a incidência de níveis mais elevados de teor alcoólico, o que aumenta os riscos de acidentes. Este dado corrobora a recomendação da OMS1, que preconiza a fiscalização direcionada a horários e locais de maior prevalência da conduta. Conclui-se, pois, que a imposição, na legislação de trânsito, de limites ao teor de álcool permitido no sangue dos motoristas - medida aplicada em todo o mundo - é eficaz na prevenção da associação entre álcool e direção. Mas não deve ser a única. Segundo a OMS1, outras medidas devem somar-se a ela: o monitoramento por meio de pesquisa (randomizada e com teste de bafômetro), a contínua fiscalização pelas autoridades de trânsito (principalmente nos horários e locais mais prevalentes), a ágil aplicação das medidas punitivas, restrições maiores para motoristas novatos e a instalação de sistemas de bloqueio da ignição dos veículos em caso de bafômetro positivo. Deve crescer, para o motorista dirigindo sob efeito de álcool, o sentimento de que pode ser apanhado e que sua punição virá rápida, não só no aspecto pecuniário, mas também penal. Espera-se que, com a adoção destas medidas, seja estabelecido um sistema eficiente de controle e redução do "beber e dirigir", favorecendo o surgimento de uma cultura de sobriedade no trânsito. O presente estudo representa, ainda, um importante avanço em relação ao "beber e dirigir", com a utilização de tecnologia recomendada internacionalmente, para a realização do levantamento da conduta de dirigir sob efeito de álcool em uma importante capital do país. A metodologia dos postos de checagem da sobriedade, com uso do bafômetro, demonstra ser aplicável para políticas voltadas para o álcool e o trânsito, podendo ser replicada em quaisquer localidades, como efetivo instrumento de controle e prevenção desta conduta. 117 Colaboradores RS Salgado participou da revisão da literatura, do planejamento e da coordenação da coleta e da análise dos dados, da discussão dos dados, da organização e da redação final deste artigo. VR Campos participou do planejamento e da coordenação da coleta, da análise e da discussão dos dados e da redação final deste artigo. S Duailibi participou da revisão da literatura, da discussão dos dados, da concepção do projeto e da redação final deste artigo. RR Laranjeira participou do planejamento da pesquisa, da concepção do projeto, da análise e da revisão do texto final. Agradecimentos À Secretaria de Estado de Esportes e Juventude do Governo do Estado de Minas Gerais/Subsecretaria de Políticas Antidrogas pelo patrocínio; à Polícia Militar de Minas Gerais, aos acadêmicos de psicologia da Faculdade Metropolitana, aos acadêmicos de psicologia e enfermagem da Fundação Mineira de Educação e Cultura e aos residentes de psiquiatria do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais. Referências 1. World Health Organization (WHO). Drinking and Driving: A Road Safety Manual for Decision-Makers and Practitioners. Geneva: Global Road Safety Partnership; 2007. [ Links ] 2. Pinsk I, Laranjeira RR. O fenômeno do dirigir alcoolizado no Brasil e no mundo: revisão da literatura. Rev ABP APAL 1998;20(4):160-165. [ Links ] 3. De Boni R, Benzano D, Leukefeld CF. Uso de bebidas alcoólicas em postos de gasolina de Porto Alegre: estudo piloto. Rev Psiquiatria RS. 2008;30(1):65-68. [ Links ] 118 4. Modelli MES, Pratesi R, Tauil PL. Blood alcohol concentration in fatal traffic accidents in the Federal District, Brazil. Rev Saude Publica 2008;42(2):350-352. [ Links ] 5. Peden M, Scurfield R, Sleet D, Mohan D, Hyder AA, Jarawan E, Mathers C, editors. World Report on Traffic Injury Prevention. Geneva: World Health Organization (WHO); 2004. [ Links ] 6. Pechansky F, De Boni R, Diemen LV, Bumaguin D, Pinsky I, Zaleski M, Caetano R, Laranjeira RR. Alta prevalência relatada de beber e dirigir no Brasil: dados do primeiro estudo representativo realizado em domicílios. Rev Bras Psiquiatr. 2009;31(2):125-130. [ Links ] 7. Laranjeira RR, Pinsky I, Zalesky M, Caetano R. I levantamento nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população brasileira. Brasília: Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD); 2007. [ Links ] 8. Laranjeira RR, Romano M. Consenso brasileiro sobre Políticas Públicas do álcool. Rev Bras Psiquiatr.2004;26(Supl I):68-77. [ Links ] 9. Brasil. Lei nº 11.705 de 19 de junho de 2008. Altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que 'institui o Código de Trânsito Brasileiro', e a Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 da Constituição Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor, e dá outras providências. Diário Oficial da União 2008; 20 jun. [ Links ] 10. Ministério da Saúde (MS). "Lei Seca" reduz em 6,2% as mortes causadas pelo trânsito. Portal da Saúde [Periódico na internet]. 2010 Jun 18. [acessado 2010 Ago 11]. [cerca de 6 p.]. Disponível em:http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/default.cfm?pg=dspDetalh eNoticia&id_area=1450&CO_NOTICIA=11454 [ Links ] 11. Wells JK, Greene MA, Foss RD, Ferguson SA, Williams AF. Drinking drivers missed at sobriety checkpoints. J Stud Alcohol. 1997;58(5):513-517. [ Links ] 12. Bellis MA, Hughes K, Quigg Z, Morleo M, Jarman I, Lisboa P. Cross-sectional measures and modelled estimates of blood alcohol levels in UK nightlife and their relationships with drinking behaviours and observed signs of inebriation. Subst Abuse Treat Prev Policy [serial on the internet] 2010 Apr 20 [cited 2010 Ago 11];5:5. [about 8 p.]. Available from: http://www.substanceabusepolicy.com/content/5/1/5 [ Links ] 119 Apresentado em 16/03/2011 Aprovado em 30/03/2011 Versão final apresentada em 24/08/2011 120 Accident Analysis & Prevention Accident Analysis and Prevention 50 (2013) 622– 627 The effect of the new traffic law on drinking and driving in São Paulo, Brazil • Valdir Ribeiro Camposa, • Rebeca de Souza e Silvab, • Sérgio Duailibia, • José Florentino dos Santosc, • Ronaldo Laranjeiraa, • Ilana Pinskya • a São Paulo Federal University, UNIFESP, Department of Psychiatry Postgraduate Program, Brazil • • • b São Paulo Federal University, UNIFESP, Department of Statistics, Brazil c São Paulo City Board on Alcohol and Drugs, COMUDA, Brazil Received 1 December 2011. Revised 31 May 2012. Accepted 12 June 2012. Available online 18 July 2012. • http://dx.doi.org/10.1016/j.aap.2012.06.011, How to Cite or Link Using DOI • Permissions & Reprints 121 Accident Analysis & Prevention Affiliated with the Association for the Advancement of Automotive Medicine Accident Analysis & Prevention provides wide coverage of the general areas relating to accidental injury and damage, including the pre-injury and immediate post-injury phases. Published papers deal... Editors: R. Elvik, K. Kim The effect of the new traffic law on drinking and driving in São Paulo, Brazil. Valdir Ribeiro Camposª Rebeca de Souza e Silvab Sérgio Duailibiª José Florentino dos Santosb Ronaldo Laranjeiraª Ilana Pinskyª ª São Paulo Federal University- UNIFESP- Department of Psychiatry Postgraduate Program b São Paulo Federal University- UNIFESP- Department of Statistics b São Paulo City Board on Alcohol and Drugs – COMUDA Research funded by the Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP – State of São Paulo Research Support Foundation) – Process No. 01/131360. Author Contact Information: Valdir Ribeiro Campos Av. Bernardo Monteiro, 1300/902 – Funcionários 122 Belo Horizonte, MG, BRAZIL – 30150-281 Telefax: 55 - 31 - 3214-0710 - E-mail address : [email protected] Abstract Objective: To present data on drinking and driving in the city of São Paulo, Brazil, and the effects of the new traffic law (Law 11,705) introduced in 2008. Methods: A cross-sectional study was performed using a questionnaire and passive breath test data to study the prevalence of drinking and driving and the association of drinking and driving with background characteristics and drinking patterns on two separate occasions. The data were gathered from 2007 to 2009 through roadside surveys conducted on busy public roads. Four thousand two-hundred thirty-four (4,234) drivers were approached, before and after prohibition, from the south, north, east, and west regions of the city of São Paulo, located in southeastern Brazil, including cars, motorcycles, and utility vehicles. A total of 3,854(91%) consented to participate in the survey and answered the questionnaire. Out of this group, 3,229 (84%) agreed to take the passive breathalyzer test. Results: Logistic regression analyses controlling for gender and age was used to predict a positive breath test (above 0.2 g/L) and the impact of the new law. These analyses indicated that, after the passage of the new traffic law, there was a 45% decrease in driver behavior with positive breathalyzer results. Having a pattern of alcohol consumption of at least once a week and the habit of drinking and driving are risks for a positive breathalyzer. Conclusions: Despite the decline in the frequency of motorists driving under the influence of alcohol, traffic-related injuries and deaths, after the new law, other measures for a public policy related to alcohol should be considered based on scientific evidence, consistency of action, clear goals, community support, and greater reliability in the laws. Keywords: Drinking and driving, Alcohol consumption, legislation, Driving while impaired. Highlights The effects of the new law on drinking and driving. 123 We assessed the prevalence of drinking and driving with a breath test. Drinking weekly and driving after drinking are risks for a positive breathalyzer. 1. Introduction Alcohol is a major source of harm to public health and safety and should not be treated as an innocuous product and subject to the laws of the market (Caetano and Laranjeira, 2006). It could be argued that widespread availability represents a fundamental component of public health and safety (Babor et al., 2010; Edwards et al., 1994). Contrary to the trend in economically developed countries, alcohol consumption has increased in developing countries (Rom et al., 2002). The evolution of alcohol consumption per capita in 137 countries from 1970 through 1990, found that consumption increased 74.5 % in Brazil (World Health Organization, 1999). In Brazil, it is not necessary to have a special license to sell alcoholic beverages. In 2005, the number of beverage points of sale was approx. 1 million in Brazil, which corresponded to 1 POS for every 170 inhabitants (Seligman, 2005). Research on alcohol policies suggests that alcohol supply at low prices has increased beverage availability in the most diverse environments. In the peripheries of large cities, bars have become the major socialization place for young people (Laranjeira and Romano, 2004). The result has been the trivialization of alcohol consumption, tolerance of violations, and an increase in traffic accidents (Caetano and Laranjeira, 2006). A recent study by the São Paulo Legal Medicine Institute on traffic fatalities and alcohol consumption in 2005 showed that almost one-half of the traffic accidents were associated with parties and bars, and took place from 12 am to 6 am on weekends (Ponce et al., 2011). In fact, traffic accidents related to alcohol consumption have become a serious public health problem in Brazil. As a control measure to the problems arising from market deregulation, new traffic laws have been created in our country. In Brazil, studies on drunk driving are still scarce, having begun in the late 1990s after the traffic code of 1989 stipulated a limit blood alcohol concentration limit of 0.08 g/L for drivers. These early studies indicated a prevalence of 27% of drivers with BAC over the legal limit (Oliveira and Melcop, 1997; Nery Filho et al., 124 1997). Later, this limit was reduced to 0.06 g/L by Act 9,503 of 1997 (Ministério da Cidade, 1997). However, between 1998 and 2006, alcohol remained the main factor associated with traffic accidents and the prevalence of intoxicated drivers was between 23% and 38%, which led lawmakers to lower the tolerance of alcohol use by drivers (Duailibi et al., 2007; Campos et al., 2008). On June 19, 2008, a law was enacted that changed the 11,705 Brazilian Traffic Codes, stipulating the concentration limit of zero blood alcohol for motorists. This law became known at the outlets as “Prohibition”. The new law sets forth the suspension of driving privileges for a concentration of 0.2 g/L (or 0.1 milligrams of alcohol per liter of exhaled breath), which can be obtained by consuming only one glass of beer. In this case, the law provides for fines, loss of license for 12 months, and seven points on the driver’s license (a very serious offense). For alcohol concentrations from 0.6 g/L (0.3 mg/L in breath), the equivalent of two glasses of beer, the law also provides for the arrest of the driver who, criminally prosecuted, could wind up spending six months to three years in prison (Departamento Nacional de Trânsito, 2008). This study presents an assessment of changes in 2008 in São Paulo, SP, and provides insight into the effectiveness/enforcement of traffic Act 11.705 ("Prohibition") based on the context of a deregulated alcohol market. 2. Methods 2.1. Sample size Data collection was performed in 2007 and 2009, on Friday and Saturday nights, from 11 pm to 3 am. Four thousand two-hundred thirty-four (4,234) drivers were approached, before and after prohibition, from the south, north, east, and west regions of the city of São Paulo, located in southeastern Brazil, including cars, motorcycles, and utility vehicles. A total of 3,854 (91%) consented to participate in the survey and answered the questionnaire. Out of this group, 3,229 (84%) agreed to take the passive breathalyzer test. Sample size was established using a 95% confidence interval, considering possible non-measurable errors, minor failures in the questionnaire application, or expected incorrect responses. A 2.5% margin of error was used. 125 2.2. Selection of research location This study had a cross-sectional design and was based on the methodology of sobriety checkpoints, used in studies performed in other countries (Beirness and Beasley, 2008; Lacey, et al., 2009; Voas et al., 1998). Basically, checkpoints were established along strategic, heavily trafficked public roads in the city of São Paulo. Checkpoints had been previously mapped by the agencies responsible for traffic inspection in that city. 2.3. Procedures and ethical considerations Vehicles were randomly selected by the group coordinator, and drivers were stopped and detoured to the checkpoints by highway patrol officers. Next, the officers would move away from the vehicle and the researcher would then explain to each driver that this was an educational survey. Those who agreed to participate signed an informed consent form and received an educational flyer about problems associated with drinking and driving. Some safety measures were adopted concerning drivers who agreed to undergo a breathalyzer test and revealed a blood alcohol level equal to or above the limit established by law (≤ 0.2 g/L). Drivers were made available to drive interviewees back home if they had a blood alcohol level incompatible with driving. Those who refused help from an independent driver were guided to let a passenger become the driver – if that person fulfilled the legal requirements to drive a vehicle -, or were advised to wait with the team, during which they were fed and hydrated until they were in better condition to drive the vehicle. As another alternative, drivers were advised to ask someone in perfect physical and legal conditions to come and drive the vehicle. Research was carried out according to the standards of the Helsinki Declaration and approved by the Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM – São Paulo Federal University) Ethics Committee, under No. 1.409/05. 2.4. Instruments All drivers who agreed to participate in the study answered an anonymous questionnaire, applied by qualified interviewers, about the following: 1) socioeconomic and demographic data (sex, age, marital status, level of education, 126 employment, and family income); 2) previous involvement in traffic accidents; 3) opinion about traffic infractions; 4) pattern of consumption of alcoholic beverages (none, daily, weekly, or sporadically, amount, beverages consumed); 4) use of beverages on the interview day; 5) knowledge about laws on specific traffic issues; 6) drink driving behavior; and 7) opinion about the use of breathalyzer tests. In accordance with prior instructions regarding the signs and symptoms of alcohol and drug abuse, the interviewer recorded the driver's general condition: normal = no sign of being under the influence of alcohol or drugs; Under the Influence of alcohol or other drugs, but not intoxicated = apparently normal, but realizes that would be under the influence of some substance, with decreased attention, emotional instability, but able to conduct the interview; clearly intoxicated = difficulties in speech, concentration, vertigo, imbalance, disturbances in sensation, and lack of muscle coordination, loss of critical judgment, and unable to be interviewed; type of vehicle, number of passengers, and use of safety belts. Drivers with clear signs of intoxication were excluded and safety procedures were adopted. The questionnaire took approximately five minutes to complete. Each driver was subsequently invited to undergo the passive breathalyzer test (model: P.A.S. IV- Sniffer), without police involvement. Breathalyzer test results were noted down on the questionnaires, respecting the driver’s anonymity. 2.5. Statistical analysis We used SPSS version 15 for data analysis. Initial descriptive analyses were performed to ascertain the respondents’ socio-demographic characteristics, driving behavior, attitudes, and alcohol consumption (Table 1 and 2). Logistic regression was used to investigate the relationship between having a positive breathalyzer test computed using a dichotomized measure as Blood Alcohol Concentration (BAC) ≤ 0.2 g/L and BAC > 0.2 g/L and the socio-demographic characteristics, driving behavior, attitudes, and alcohol consumption. For the purposes of these analyses, the variables were dichotomized, such as: marital status (other and single), income (less than 1 minimum wage (MW) and more than 1 MW), attitude toward the breathalyzer test (unfavorable and favorable), driving after drinking (no driving after drinking and driving after drinking), traffic infraction (other and drinking and driving rated as the most serious traffic infraction), pattern of consumption (no pattern and at least weekly) and year (2007 and 2009). 127 Because of the relatively large number of predictor, the analyses were carried out in three steps. First, we checked the tolerances of all the predictor’ variables. Only the variables that yielded a tolerance p < 0.05 were retained in the model. Second, based on the statistical significance of the bivariate tests, potentially confounding factors (gender and age) were considered as controls. Third, non-significant predictor was dropped from the analysis. On this basis, marital status, income, attitude toward the breathalyzer test, driving after drinking, traffic infractions, consumption pattern, and year were retained in the final model. 3. Results 3.1. Socio-demographic characteristic The data in Table 1 show the characteristic of the sample in two periods. Overall, there were four males for every female in the sample. More than half of the interviewees were single and 30 years of age or younger. More than half of the interviewees had completed some form of higher education, had a formal job, and had an income over eight times the established monthly minimum wage. 3.2. Behavior of drivers, attitudes, and alcohol consumption Table 2 shows that, before and after the new law, more than two-thirds of the drivers reported never having been involved in a traffic accident and considered drunk driving as the most serious traffic infraction, and more than ninety percent were in favor of using the breathalyzer test a way to prevent traffic accidents. After the new law, more drivers avoided driving after drinking and resorted to other means of transportation such as taking a taxi, a bus, or riding with someone who had not consumed alcohol on that occasion. Before the new law (2007), 26.8% of the drivers reported having used alcohol, and after the new law (2009), the frequency of these drivers dropped to 14.5%. The consumption pattern was weekly for both periods. 3.3. Breathalyzer results A total of 3,229 drivers submitted to the breathalyzer test. The positive test results (> 0.2 g/L) for 2007 were 27% and for 2009, 11%. Breathalyzer results showed that, across the combined before and after samples, 19% of drivers were 128 driving with a blood alcohol concentration (BAC) above the legal limit 0.2g/L (DENATRAN, 2008). Table 3 shows the final model from the logistic regression analyses controlling for gender and age used to predict a positive breath test (above 0.2 g/L). These analyses indicated that, being single (OR = 0.552, 95% CI = 0.423, 0.719), having an income above the minimum wage (OR = 0.308, 95% CI = 0.142, 0.667), being in favor of the use of the breathalyzer (OR = 0.248, 95% CI = 0.170, 0.363), having the opinion that drunk driving is the most serious infraction (OR = 0.699, 95% CI = 0.555, 0.880) are protective against a positive breathalyzer result, while having a pattern of alcohol consumption at least once a week (OR = 1.920, 95% CI = 1.496, 2.465) and the habit of driving after drinking (OR = 1.650, 95% CI = 1.309, 2.079) are risks for having a positive breathalyzer result. After the new traffic law, there was a 45% decrease in the odds that driver had a positive breathalyzer result (OR = 0.550, 95% CI = 0.484, 0.626). 4 Discussion The results show that the number of positive breath tests decreased (45%) significantly after the introduction of Law No. 11705 in Brazil. The introduction of the Dry Act had a positive effect, and has spared and will spare lives, either directly or indirectly. Such effects are significant in countries like Brazil, which lack policies for the social control of alcohol consumption and abuse, and in which the alcohol market has rapidly increased over the past few decades. This result is consistent with data from the State Health Department and traffic control agencies. In the first month following the Dry Act, the number of ambulatory care demands decreased by half in the hospitals, including the University Hospital of São Paulo, the largest in Latin America, the demand at emergency units and of the mobile urgency service (SAMU) dropped, and traffic deaths decreased by 63% downtown and 14% on the roads. This is a significant contribution to safety and savings in public health (Duailibi et al., 2010). Even temporarily, the increased law enforcement around the country, the application of a more strict law and the media coverage may have contributed to reducting traffic deaths (Andreuccetti et al., 2011; Madruga et al., 2011). 129 Descriptive data herein reported on drivers’ social demography, behavior, attitudes, and alcohol consumption indicate that weekend-night drivers are usually 20-to-30-year-old males with high educational and socio-economic level. About one-third of them have already been involved in traffic accidents. Most drivers in this group agree that driving drunk is the most severe traffic infraction, and they are thus in favor of using breath tests as a measure to control alcohol consumption and driving (Tables 1 and 2). Several factors can be associated with the profile of those who drink and drive, namely: being male, 22- 45 years old (Hingson and Winter, 2003) and having previously been involved in traffic accidents (Albery and Guppy, 1996). Data from the first representative household survey conducted in Brazil found that people who reported misusing alcohol and driving are usually males who have been involved in traffic accidents due to alcohol consumption, have abused alcohol in the previous year, and/or have negative opinions regarding policies (Pechansky et al., 2009). However, other factors can also be involved in drivers’ beliefs and behavior that account for their driving after drinking. To test this hypothesis (p < 0.05), we carried out a logistic regression controlling for gender and age (Table 3) to assess how social demography, behavior, attitudes, and drivers’ alcohol consumption (Tables 1 and 2) relate to positive breath tests (> 0.2 g/L). The results indicate that: the probability of positive breath tests is more than one-and-a-half times greater for those who usually drive after drinking and almost double for those who usually drink alcohol at least once a week. The effect of alcohol on the brain, even in small doses, implies reduced driving performance, in spite of drivers’ belief that this performance has improved (Edwards et al., 1994). International studies have shown that accident risks are high at night when drivers’ vision and reaction times are reduced because of alcohol consumption (Shults et al., 2001) and are twice as high when the alcohol blood level increases from 0 to 0.2 g/L (Ross, 1992; Zador, 1991). Our findings suggest that drivers who participated in our research and undertook breath tests may believe that alcohol consumption does not affect their driving, and may believe that there will be no enforcement or penalty for drink driving after the initial social commotion caused by the Dry Act’s introduction. A survey based on telephone interviews’ data provided by VIGITEL (a monitoring system of Risk Factors and Protection against Chronic Diseases maintained by the Brazilian Ministry of Health) shows that in the first few months after the new law (Act 11705.2008), the frequency of adults who 130 drove after drinking an excessive amount of alcoholic beverages dropped from 2.2% to 0.9% in the first two months after the law, and increased again to 2.8% in 2009 (Moura et al., 2009). In Brazil, fatal traffic accidents are in second place in the ranking of external causes (Brazilian Health Ministry, 2005): expenses resulting from traffic accidents amount to R$28 billion annual, and the number of deaths, 34,000/year, corresponding to one death every 15.45 minutes (ANTP, 2007). Thus, the laws to control alcohol consumption and traffic accidents have been increasingly stringent to reduce the frequency of motorists driving drunk and, therefore, the number of accidents they cause. Despite the positives effects of these preventive measures, the effects may be short-lived without a policy to control the availability of alcohol. The importance of preventive measures is highlighted in a study conducted in Ontario by Stoduto and Adlaf (1996). These authors point out that the downward trend in drinking and driving between 1977 and 1991 was discontinued after 1991 when, due to more flexible regulation in sales and in advertising of alcoholic beverages, there was an increase in its availability. Despite the increasingly severe legislation, both society and courts have been increasingly tolerant with alcohol abuse and drunk drivers, which has resulted in impunity and trivialization of the law. The reason is that the law in Brazil allows drivers to refuse to submit to breath tests as a means of not producing evidence against themselves. Pinsky et al. (2001) survey on driver’s license candidates in the City of São Paulo showed that the lack of enforcement and training compromises the credibility of traffic legislation punishments. According to the first national survey on the patterns of alcohol consumption conducted between 2005 and 2006 before the adoption of the new law in 2008 (Law 11,705 – “Dry Law”) only 40% of drivers had been stopped at highway checkpoints during their lifetimes (Pechansky et al., 2009). However, other factors may be involved in drunk driving behavior. Our findings suggest that beverage availability in an unregulated market may be contributing to drivers’ alcohol consumption regardless of their risks in traffic to themselves and others. “There are a number of ways to control alcohol distribution: by regulating opening days and hours, and density of points of sale, urban zoning laws, minimum age for purchasing alcoholic beverages. Controlling availability is a highly effective, low cost strategy for reducing alcohol abuse and 131 related problems” (Laranjeira and Romano, 2004). Popular support for the laws, surveillance upkeep and improvements in public transportation may be crucial to enable the change in attitudes towards drinking and driving (Madruga, et al., 2011). This study is not without limitations. First, results may be underestimated because of drivers not being obliged to take breath testing. However, the compliance rate was 84 % of the drivers required to take the test. Second, the characteristics between those who accepted the breathalyzer test and those who refused it were not compared and there are probably differences between the populations. However, the objective of this study was to evaluate the effectiveness of the breathalyzer test as a preventive measure to control the public association of drinking and driving, and the test was spontaneous and in accordance with the ethical principles adopted in this research. Third, the places selected for this study might have influenced the results (e.g., areas of high bar/restaurant concentration, climate changes, meteorology, duration, and day of data collection). We tried to reduce the impact of such variables by defining date, hour, and collection procedures (Friday and Saturday from 11 pm to 3 am) and by repeating the same methodology in the same city sites and regions. Finally, sites were selected based on mapping provided by the City Traffic Department as a means to ensure researchers’ safety. The vehicles were picked out randomly, and a meaningful number of drivers were interviewed in several regions of the city. The data of this study cannot be generalized to the entire country because of the social, economical and cultural aspects unique to the Municipality of São Paulo. Nonetheless, the methodology herein described can be used in future studies to monitor the prevalence of drinking and driving behavior in other cities and regions of the country, as well as the impact of public alcohol policies. Acknowledgements The Municipal Government of São Paulo, CET (Traffic Engineering Company), Military Police. Municipal Council on Alcohol and Other Drugs – COMUDA 132 Research Unit on Alcohol and Other Drugs – UNIAD/National Institute of Public Policies on Alcohol and Drugs – INPAD – Federal University of São Paulo UNIFESP. São Paulo Municipal Guards. References Albery, I., Guppy, A., 1996. Drivers’ biased perceptions of the adverse consequences of drink-driving. Drug Alcohol Rev 15, 39-45. Andreuccetti, G., Carvalho, H.B., Cherpitel, C.J., Ye, Y., Ponce, J.C., Kahn, T., Leyton, V., 2011. Reducing the legal blood alcohol concentration limit for driving in developing countries: a time for change? Results and implications derived from a time-series analysis (2001-10) conducted in Brazil. Addiction 106, 2124-2131. Associação Nacional de Transporte Público (ANTP). “Trânsito no Brasil – Avanços e desafios”, 2007. Babor, T., Caetano, R., Casswell, C., Edwards, G., Giesbrecht, N., Graham, K., Grube, J., Hill, L., Holder, H., Homel, R., Österberg, E., Rehm, J., Room, R., Rossow, I., 2010. Alcohol: No ordinary commodity. Research and public policy (Revised edition.). Oxford: Oxford Press. Beirness, D.J., Beasley, E.E., 2009. Alcohol and drug use among drivers: British Columbia Roadside Survey 2008. Ottawa, ON: Canadian Centre on Substance Abuse. Available online at: http://www.cclat.ca/2009%20CCSA%20Documents/ccsa0115382009_e.pdf. Caetano, R., Laranjeira, R., 2006. A ‘perfect storm’ in developing countries: economic growth and the alcohol industry. Addiction 101, 149-152. Campos, V.R., Salgado R., Rocha, M.C., Duailibi, S., Laranjeira, R., 2008. Drinking and driving prevalence in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil. Cad Saúde Pública 24, 829-834. Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN, 2008. Alterações na legislação de trânsito sobre álcool e direção. Lei 11.705 de 19 de junho de 2008. Available from: http://www.denatran.gov.br/ultimas/20080626_alcool_direcao.htm (accessed 13 Sept. 2009). Duailibi, S., Pinsky, I., Laranjeira, R., 2010. Álcool e direção: Beber ou dirigir: um guia prático para educadores, profissionais de saúde e gestores de políticas públicas. São Paulo; Ed Unifesp. Edwards, G., Anderson, P., Babor, T.F., et al., 1994. Alcohol policy and the public good. Oxford; New York, Oxford University Press. 133 Hingson, R., Winter, M., 2003. Epidemilogy and consequences of drinking and driving. Alcohol Res Health 27, 63-78. Lacey, J.H., Kelley-Baker, T., Furr-Holden, D., Voas, R.B., Romano, E., Ramirez, A., Brainard, K., Moore, C., Torres, P., Berning, A., 2009. 2007 National Roadside Survey of Alcohol and Drug Use by Drivers: Alcohol Results. Washington, DC: U.S. Laranjeira, R., Romano, M., 2004. Brazilian consensus on public policies on alcohol. Rev. Brás. Psiquiatria 26, 68-77. Madruga, C., Pinsky, I., Laranjeira, R., 2011. Commentary on Andreuccetti et al. (2011): The gap between stricter blood alcohol concentration legislation and enforcement in Brazil. Addiction 106, 2132-2133. Ministério das Cidades, 1997. Código de Trânsito Brasileiro: Lei nº. 9503 de 23 de setembro de 1997. Available from: http://www.denatran.gov.br/ctb.htm (accessed 8 Mai 2007) Ministério da Saúde, 2005. Impacto da violência na saúde dos Brasileiros. Moura, E.C., Malta, C.D., Neto O.L.M., Penna, G. O., Temporão, J.G., 2009. Direção de veículos motorizados após consumo abusivo de bebidas alcoólicas, Brasil, 2006 a 2009. Rev Saúde Publica 43, 891-894. Nery, A.F., Medina, M.G., Melcop, A.G., Oliveira E.M., 1997. Impacto do Uso de Álcool e Outras Drogas em Vítimas de Acidentes de Trânsito. ABDETRAN, Brasília. Oliveira, E.M., Melcop, A.G., 1997. Álcool e Trânsito. Instituto RAID, CONFEN e DETRAN/PE. Pechansky, F., De Boni, R., Diemen, L.V., Bumaguin, D., Pinsky, I., Zaleski, M., Caetano, R., Laranjeira, R., 2009. Highly reported prevalence of drinking and driving in Brazil: data from the first representative household study. Rev. Bras Psiquiatr 31, 125-130. Pinsky, I. Labouvie, E., Pandina, R., Laranjeira, R., 2001. Drinking and driving: pre-driving attitudes and perceptions among Brazilian youth. Drug and Alcohol Depend. 62, 231-237. Ponce, J.C., Munõz, D.R., Andreuccetti, G., Carvalho, D.G., Leyton, V., 2011. Alcohol-related traffic accidents with fatal outcomes in the city of São Paulo. Accident Anal Prev 43, 782-787. Room, R., Jernigan, D., Carlini-Marlatt, B., Gureje, O., Makela, K., Marshall, M. et al., 2002. Alcohol in Developing Societies: a Public Health Approach Helsinki and Geneva: Finnish Foundation for Alcohol Studies and World Health Organization. Ross, H.L., 1992. Confronting Drunk Driving: Social Policy for Saving Lives. Yale University Press. 134 Seligman, M. Alcoolismo e responsabilidade social. Presented at the International Forum of Quality of Life and Health – Alcoholism: Who Pays the Bill? 2005 Apr 8; Porto Alegre, Brazil. Shults, R.A., Elder, R. W., Sleet, D.A., Nichols, J.L., Alao, M.O., Carande-Kulls, V.G., Zaza, S., Sosin, D.M., Thompson, R.S., 2001. Reviews of evidence regarding interventions to reduce alcohol-impaired driving. Am. J. Prev 21, 66-88. Stoduto, G., Adlaf, E., 1996. Drinking and driving among Ontario high school students, 1977-1995. Canadian Journal of Public Health 87, 187-188. Voas, R.B, Wells, J., Lestina, D., Williams, A., Greene, M., 1998. Drinking and driving in the United States: the 1996 national roadside survey. Accid Anal Prev. 30, 2267-275. World Health Organization, 1999. Global status report on alcohol. Genebra: P. 391. Zador, P.L., 1991. Alcohol-related relative risk of fatal driver injuries in relation to driver age and sex. J Stud Alcohol 52, 302–310. 135 Table 1- Socio-demographic data of the sample in both periods (2007 and 2009) 2007 2009 n (%) n (%) Female 407 (21.8) 385 (19.5) Male 1458 (78.2) 1585 (80.5) 18 to 19 144 (7.7) 106 (5.4) 20 to 30 976 (52.2) 1009 (51.5) 31 to 40 407 (21.8) 452 (23.0) 41 to 50 224 (12.0) 251 (12.8) 51 or more 117 (6.3) 143 (7.3) Single 1209 (64.7) 1145 (57.9) Married 486 (26.0) 682 (34.5) Cohabiting 31 (1.7) 23 (1.2) Separated 132 (7.1) 111 (5.6) Widowed 11 (0.6) 17 (0.9) Grade school dropout 1 (0.1) 10 (0.5) Elementary 120 (6.4) 175 (8.8) High school 611 (32.8) 674 (34.1) Some college 438 (23.5) 357 (18.0) College graduate 695 (37.3) 762 (38.5) Formal 994 (54.3) 1109 (56.7) Informal 196 (10.7) 267 (13.7) Self employed 440 (24.0) 397 (20.3) Unemployed 73 (4.0) 77 (3.9) Student 104 (5.7) 81 (4.1) Retired 24 (1.3) 25 (1.3) 22 (1.2) 43 (2.2) 1 to 3 MW 435 (23.6) 201 (10.4) 4 to 7 MW 485 (26.3) 616 (31.8) More than 8 MW 899 (48.8) 1080 (55.7) Variable Sex Age Marital status Level of education Employment Family income ªMW= minimum wage Less than 1 MW ªThe minimum wage (MW) in effect at the time of the study = 2007 (R$380.00), and 2009 (R$465.00). 136 Table 2- Driver behavior, attitudes, and alcohol consumption for both periods 2007 2009 n (%) n (%) 591 (31.9) 617 (31.2) No 1262 (68.1) 1360 (68.8) Yes 498 (26.8) 281 (14.5) No 1361 (73.2) 1660 (85.5) None 496 (26.9) 868 (44.5) Weekly 668 (36.2) 1039 (53.3) 47 (2.6) 42 (2.2) Sporadically 632 (34.3) 0 (0.0) Red light violation 162 (8.8) 264 (13.9) Speeding violation 224 (12.2) 292 (15.3) Drunk driving 1315 (71.6) 1251 (65.7) Not using seat belt 45 (2.4) 23 (1.2) Improper passing 59 (3.2) 53 (2.8) Improper stopping Driving substandard vehicle After consuming alcohol, drive after drinking coffee Alcohol consumption & driving is not a problem Drives better after alcohol consumption Does not drive (after consuming alcohol takes a taxi/bus, ride) Asks someone else to drive Drives under the speed limit Seldom consumes much alcohol 7 (0.4) 6 (0.3) 25 (1.4) 15 (0.8) 122 (8.7) 29 (2.7) 241 (17.2) 43 (3.9) 42 (3.0) 29 (2.7) 333 (23.8) 368 (33.6) 587 (41.9) 493 (45.1) 77 (5.5) 57 (5.2) 0 (0.0) 75 (6.9) 1745 (94.0) 1807 (91.8) Variable Involved in a traffic accident Yes Drinking alcohol on the research day Drinking frequency/week Daily Traffic infraction Driving after drinking Attitude toward Breathalyzer test Yes 137 No 111 (6.0) 161 (8.2) Table 3- Predicting Positive Breathalyzer Tests: ªLogistic regression results b Predictor OR crude (95% c CI) Marital Status Other Single P< 0.05 1 0.549 (0.422-0.715) Adjusted ORb (95% c CI) P< 0.05 1 0.000 0.552 (0.423-0.719) 0.000 Income Less 1 MW Over 1 MW Attitude toward breathalyzer test 1 0.305 (0.141-0.661) Unfavorable Favorable 0.256 (0.176-0.374) 1.603 (1.274-2.017) Consumption Pattern No pattern At least weekly 1.958 (1.528-2.509) 1 2009 0.547 (0.481-0.622) Model controlled by gender and age OR= odds ratio c CI= confidence interval b 0.003 0.248 (0.170-0.363) 0.000 1 0.000 1.650 (1.309-2.079) 0.000 1 0.001 1 Year 2007 a 0.000 1 0.686 (0.545-0.863) 0.308 (0.142-0.667) 1 1 Traffic infraction Other Serious 0.003 1 Driving after drinking No Yes 1 0.699 (0.555-0.880) 0.002 1 0.000 1.920 (1.496-2.465) 0.000 1 0.000 0.550 (0.484-0.626) 0.000 138 Beber e Dirigir: características de condutores com bafômetro positivo Drinking and driving: Characteristic of drivers with positive breathalyzer Valdir Ribeiro Campos1 Rogério Salgado1 Mariela Campos Rocha1 Sérgio Duailibi2 Ronaldo Laranjeira2 1 Associação Brasileira Comunitária para Prevenção do Abuso de Drogas – ABRAÇO 2 Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas da Universidade Federal de São Paulo – (INPAD- UNIFESP) 139 Financiamento: Subsecretaria de Políticas Públicas sobre Drogas- SUPODGoverno do Estado de Minas Gerais e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas da Universidade Federal de São Paulo – INPAD- UNIFESP. Apoio: ABRAÇO - Associação Brasileira Comunitária para Prevenção do Abuso de Drogas. Autor para correspondência Valdir Ribeiro Campos. Av. Bernardo Monteiro, 1300/902 - Funcionários Belo Horizonte / MG - CEP. 30.150.281 Telefone: 031 3214-0710 E-mail: [email protected] 140 Resumo Contexto: O beber e dirigir não foi suficientemente estudado no Brasil até agora. Objetivo: Apresentar dados do primeiro levantamento sobre o comportamento do beber e dirigir de um estado do Brasil. Método: Foram conduzidas 1.799 entrevistas anônimas com motoristas em postos de checagem de sobriedade em dez cidades, representando as dez regiões geográficas do Estado de Minas Gerais. Desses motoristas, 1.209 (67,2%) responderam a um questionário estruturado e aceitaram o teste do bafômetro. Resultados: Vinte por cento dos motoristas estavam dirigindo com níveis de alcoolemia acima do limite legal. A análise de regressão logística, controlada por sexo, foi utilizada para predizer bafômetro positivo. Essa análise mostrou chance aumentada de bafômetro positivo para condutor com idade acima de 31 anos, que tem frequência de consumo de álcool de, pelo menos, 1 a 2 dias na semana e para quem não usa o cinto de segurança. Conclusão: Estudos localizados com metodologia similares realizados em postos de checagem da sobriedade podem monitorar o comportamento dos condutores e os riscos no trânsito, e direcionar políticas públicas sobre o beber e dirigir. Descritores: Consumo de bebidas alcoólicas, acidentes de trânsito, testes de toxicidade, políticas públicas, legislação. 141 Abstract Context: Drinking and driving has not been adequately studied in Brazil so far. Objective: The present study presents data from the first survey on drinking and driving behavior in a Brazilian state. Method: One thousand seven hundred ninety-nine anonymous interviews were conducted with drivers at sobriety checkpoints in ten cities representing the ten geographic regions of the state of Minas Gerais. Of those drivers, 1,209 (67.2%) responded to a subsequent structured questionnaire and agreed to take a breathalyzer test. Results: Twenty percent of the drivers were driving with blood alcohol levels over the legal limit. Logistic regression analysis, controlled by sex, was used to predict positive breathalyzer test. Drivers over the age of 31 years with an alcohol consumption frequency of at least 1-2 days per week, who were not using seat belts, showed an increased probability of positive breathalyzer test. Conclusion: Previous studies with a similar methodology conducted in sobriety checkpoints can monitor the behavior of drivers and risks in traffic, and direct public policy on drinking and driving. Keywords: Consumption of alcoholic beverages, traffic accidents, toxicity tests, public policies, legislation. 142 Introdução Pesquisas no mundo inteiro mostram que acidentes de trânsito, com vítimas fatais, são causados por indivíduos que dirigem após o consumo de álcool.1,2 Estudo nos EUA sobre a epidemiologia e as consequências do beber e dirigir aponta que os acidentes fatais ocorrem no período das 18 às 6 horas da manhã das noites dos fins de semana, com risco aumentado para os condutores do sexo masculino com idade entre 22 e 45 anos, com problemas de alcoolismo, com condenação por beber e dirigir e que não usam cinto de segurança.3 O problema do beber e dirigir levou diversos países desenvolvidos a adotarem, com sucesso, medidas para redução da morbimortalidade no trânsito tais como: a obrigatoriedade do uso de equipamentos de segurança (cinto de segurança e capacete), cuidados no transporte de crianças, limites de velocidade e a determinação de limites de concentração de álcool no sangue (CAS) em motoristas.4,5 No Brasil, os acidentes de trânsito se tornaram um grave problema de saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde, 40.610 pessoas morreram em 2010 em acidentes de trânsito no país.6 Em pesquisa preventiva de campo sobre a associação entre álcool e direção, Duailibi e col. (2007), adotou metodologia validada internacionalmente de postos de checagem da sobriedade com a aplicação do teste do bafômetro em Diadema. Eles encontraram que 23,7% dos motoristas dirigiam com algum nível de álcool no sangue e 19,4% estavam com limite igual ou acima do estabelecido pela lei vigente (0,6 g/l).7 Em estudo nacional domiciliar, com amostra da população geral, a prevalência do beber e dirigir foi de 34.7% - 42.5% entre homens e 9.2% entre as mulheres. Beber e dirigir foi associado com o sexo masculino, com envolvimento prévio em acidentes sob influência de álcool, uso excessivo de álcool no último ano e opinião desfavorável sobre políticas públicas.8 Em decorrência do impacto do consumo de álcool na saúde pública do país, algumas medidas estão sendo pensadas e outras já começaram a ser tomadas para reduzir a morbimortalidade no trânsito. Em 19 de junho de 2008 foi sancionada a lei 11.705 que alterou o Código de Trânsito Brasileiro. A nova lei, que ficou conhecida como “lei seca”, estabelece a suspensão do direito de dirigir a partir de uma concentração de álcool por litro de sangue > 0,2 g/l (ou 0,1 mg de 143 álcool por litro de ar expelido pelos pulmões no teste do bafômetro = 0,1mg/LBrac), estando os infratores sujeitos a pagamento de multa, perda da carteira de motorista e a detenção.9 Embora o tema sobre o consumo de álcool e direção tenha atraído mais a atenção nos últimos anos, o beber e dirigir não foi suficientemente estudado no Brasil. O presente estudo apresenta dados da prevalência e características dos motoristas sob a influência de álcool nas dez regiões geográficas do segundo estado mais populoso do Brasil. Para avaliar a prevalência do beber e dirigir e as características dos motoristas utilizamos a metodologia de postos de checagem de sobriedade e o teste do bafômetro. Método Tamanho da amostra O levantamento de dados foi realizado no período de março a julho de 2009. O cálculo do tamanho da amostra (N= 1.578) foi efetuado dentro de um universo da população do Estado de Minas Gerais, de 19.237.450 habitantes, distribuída entre as dez regiões geográficas representadas pelas cidades polos.10 Foi estabelecido um intervalo de confiança de 95%, levando em conta possíveis erros não mensuráveis, pequenas falhas no processo de aplicação dos questionários ou contando com respostas mal dadas. Usamos uma margem de erro de 2,5%. Desta forma, foram abordados 1.951 condutores nas dez cidades polos que representam as dez regiões geográficas do Estado de Minas Gerais distribuídos entre carros, motocicletas e utilitários. Veículos comerciais (táxi, ônibus e veículos delivery) não foram incluídos neste estudo. A coleta dos dados ocorreu no horário de 23h às 03h das sextas-feiras e sábado, em nove distritos regionais da cidade de Belo Horizonte representando a regional central do Estado e cidades polos das nove regionais de todo o Estado de Minas Gerais. Seleção do local da pesquisa Este estudo foi transversal e baseou-se na metodologia de sobriety checkpoints (postos de fiscalização de sobriedade), utilizada em pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e outros países.11-13 144 Basicamente, estabeleceram-se postos de fiscalização em vias públicas consideradas estratégicas, de tráfego mais intenso, quando então foi realizado o levantamento de dados com a aplicação do teste do bafômetro. A escolha do local para a abordagem dos condutores foi realizada previamente por órgãos responsáveis pelo trânsito em cada cidade. Além disso, foi analisado “in loco” o ponto para instalação do posto de checagem de sobriedade em cada cidade observando possíveis vias de desvio dos condutores, o que poderia interferir nos resultados da pesquisa. Procedimentos e considerações éticas Em cada cidade um coordenador ficou responsável pelo treinamento da equipe de pesquisadores e aplicação da metodologia adotada nesta pesquisa. Os veículos eram escolhidos aleatoriamente pelo coordenador da equipe de acordo com o fluxo de veículos. A cada três ou cinco veículos, um era indicado pelo coordenador da equipe e os motoristas eram parados e desviados para o ponto de checagem por policiais do comando de trânsito devidamente equipados e identificados que, previamente, verificavam as condições de segurança do tráfego, dos condutores, dos passageiros e de toda a equipe envolvida na pesquisa. Foram excluídos da pesquisa oito condutores que o policial de trânsito julgou que estariam oferecendo algum risco através de direção perigosa, sinais visíveis de embriaguez, conduta suspeita e medidas legais foram tomadas pela autoridade de trânsito. Em seguida, o policial se afastava do veículo e o pesquisador explicava a cada motorista o motivo da parada, informando tratar-se de uma pesquisa educativa. Aqueles que concordavam em participar assinavam um termo de consentimento livre e esclarecido. Em seguida, o motorista era convidado a responder um questionário estruturado. Por fim, o motorista era convidado a se submeter ao teste do bafômetro ativo e lhe era assegurado de que os dados auferidos não seriam compartilhados com a polícia. Após a aceitação em submeter-se ao teste, um operador do bafômetro, previamente treinado para esta função, explicava ao condutor o funcionamento do aparelho, e os valores nele obtidos eram devidamente registrados no questionário aplicado. Todos os motoristas, incluídos ou excluídos deste estudo, receberam orientações e um folheto educativo sobre a relação álcool e direção. 145 Algumas medidas de segurança foram adotadas em relação aos motoristas que aceitaram fazer o teste do bafômetro e apresentavam níveis de álcool igual ou superior ao limite estabelecido por lei. A princípio, os motoristas eram convidados a trocar de direção com o acompanhante – caso esse reunisse as condições legais para conduzir o veículo –, ou lhe era sugerido aguardar juntamente com a equipe, quando então, eram alimentados e hidratados até estarem em condições legais para prosseguir (Concentração de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões - mg/LBrac ≤ 0,1 o qual equivale a CAS ≤ 0,2 g/l). Caso houvesse recusa a estas medidas, era sugerido que alguém em perfeitas condições físicas e legais viesse buscar o veículo. Em último caso, o coordenador da equipe disponibilizava um motorista profissional de órgão público do município para conduzi-los às suas residências. A pesquisa foi conduzida dentro dos padrões da Declaração de Helsinky e aprovada pela Comissão de Ética da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais - CEP - FHEMIG - 598/07. Instrumentos Todos os condutores que aceitaram participar da pesquisa responderam a um questionário anônimo, aplicado por entrevistadores devidamente treinados pelos coordenadores do estudo. Foram coletados dados: 1) sócio-econômicos e demográficos (sexo, idade, estado civil, escolaridade, emprego e renda familiar); 2) envolvimento anterior em acidentes de trânsito; 3) opinião sobre infrações de trânsito; 4) padrão de consumo de bebidas alcoólicas (diária, semanal, mensal ou esporadicamente, quantidade, bebidas usadas); 5) uso de bebidas no dia da entrevista; 6) conhecimento sobre parte da lei que rege esses assuntos no trânsito; 7) comportamento quanto ao uso de bebidas e direção; 8) opinião sobre o uso do bafômetro. A aplicação desse questionário teve, em média, a duração de cinco minutos. Em seguida, de acordo com treinamento prévio a respeito dos sinais e sintomas do abuso de álcool e outras drogas, o entrevistador realizava uma avaliação do estado geral do condutor classificando-o como: normal = sem sinais de estar sob efeito de álcool ou outras drogas; aparentemente normal= percebe-se que estaria sob a influência de álcool ou outra droga com diminuição da atenção, instabilidade emocional, mas possível de se conduzir a entrevista; claramente intoxicado= dificuldades na fala, concentração, vertigem, desequilíbrio, 146 irritabilidade, alterações da coordenação motora e sem condições para ser entrevistado. Registrava-se, também, o tipo de veículo, o número de passageiros e o uso de equipamentos de segurança conforme o veículo em uso. Por fim, o condutor era convidado a se submeter ao teste do bafômetro ativo (etilômetro, modelo: BFD-30), sem envolvimento da polícia. Os resultados do teste do bafômetro foram anotados nos questionários, guardando o anonimato do condutor. Análise estatística O aplicativo SPSS – Statiscal Package for the Social Sciences (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos) – versão 15.0 foi utilizado como banco de dados e instrumento de análise estatística. Inicialmente procedeu-se à análise descritiva dos dados das dez regiões geográficas em estudo. Em seguida foi realizada análise de regressão logística para investigar o relacionamento entre o teste do bafômetro positivo (> 0,1 mg/LBrac) e características sócio-demográficas, comportamento e atitudes dos motoristas e o consumo de álcool. Para o propósito desta análise as características sócio-demográficas, comportamento e atitudes e consumo de álcool pelos motoristas foram dicotomizadas em: idade (de 18 a 30 anos e acima de 31 anos), frequência do beber (não bebe e consumo pelo menos 1 a 2 dias na semana), opinião sobre infrações no trânsito (demais infrações e considera como infração mais grave dirigir alcoolizado) e uso do cinto de segurança (usava o cinto de segurança e não usava o cinto de segurança). O nível de significância foi p < 0,05. Optou-se por manter sexo como controle do modelo. Resultados Participação na pesquisa Foram abordados 1.951 condutores nas dez cidades que representam as dez regiões geográficas do Estado de Minas Gerais distribuídos entre carros, motocicletas e utilitários. Participaram da primeira etapa da pesquisa respondendo ao questionário, 1.799 condutores (92,2%) do total das dez cidades pesquisadas. Desses, 1.209 (67,2%) dos condutores aceitaram participar também 147 do segundo momento da pesquisa e foram submetidos ao teste do bafômetro ativo. Características da população A tabela 1 mostra que há uma relação de sete homens condutores de veículos automotores, para cada mulher. Sessenta por cento dos entrevistados tinha até 30 anos, com média de idade de 31 anos (Mínimo =18 – Maximo= 78 anos, DP = 10, V=102) e 67% eram solteiros. Em relação ao grau de instrução, renda familiar e ocupação, 47% dos entrevistados possuíam nível superior completo /incompleto, 42% renda familiar de três a oito salários mínimos e 58% emprego formal. Comportamento dos motoristas, atitudes e consumo de álcool. A tabela 2 apresenta o comportamento, atitudes e consumo de álcool dos condutores. Entre os motoristas entrevistados, 625 (35,3%) declararam já ter se envolvido em acidentes de trânsito, na posição de motoristas. Na verificação dos conhecimentos sobre infrações no trânsito, 1.190 (66,6%) dos entrevistados consideraram dirigir alcoolizado como a infração mais grave. Quanto à frequência do consumo de bebidas alcoólicas entre os condutores das dez regiões/cidades pesquisadas, 731 (41,3%) fazem o consumo de álcool de 1 a 2 dias na semana. Houve predominância deste consumo na faixa etária dos 41 aos 50 anos, em quase metade desses casos (47,2%). As bebidas mais usadas e a quantidade consumida pelos condutores no dia em que bebem são: a cerveja/chope (duas latas- 350 ml, ou 02 garrafas - 650 ml), o vinho/champanhe (1 a 2 copos/taça- 90 ml ou garrafa- 750 ml), outros destilados – uísque, vodka, conhaque cachaça/pinga (01 dose- 40 ml ou 01 garrafa- 1000 ml) e as bebidas tipo ice (01 garrafa- 350 ml) Do total de participantes, 512 (26,3%) declararam ter ingerido bebida alcoólica no dia da entrevista. Quanto às atitudes que os entrevistados adotavam quando bebiam, 931 (52,6%) informaram que entregavam o veículo a outro motorista ou pegavam um ônibus, um táxi ou uma carona, e 19,6% admitiram considerar que a bebida não atrapalhava ao dirigir, inclusive melhorava seu desempenho ao volante, que não bebeu demais e adotavam medidas de proteção, como: tomar café, dirigir bem devagar e ter mais atenção quando faz uso de álcool. A grande maioria dos 148 entrevistados, 1.619 (91,1%), declarou ser favorável ao uso do bafômetro e fazem uso de cinto de segurança para os motoristas de veículos automotores (88,4%). Na avaliação sobre o estado geral do condutor (realizada pelo entrevistador), 13% dos condutores estavam sob efeito de álcool. Resultado do teste do bafômetro nas dez cidades O resultado mostra que 20% dos condutores apresentaram concentração de álcool no ar expirado acima do limite legal (> 0,1 mg/LBrac ) e 2% apresentou algum traço de álcool no ar expirado (entre 0,01 e 0,1 mg/LBrac). No total, 22% dos condutores estavam dirigindo com alguma concentração de álcool no sangue (CAS). A legislação do trânsito estabelece o limite de 0,2 g/l (0,1 mg/LBrac) para quem dirige.9 Preditores de bafômetro positivo Utilizamos o modelo de regressão logística para investigar o relacionamento entre o teste do bafômetro positivo (> 0,1 mg/LBrac), características sócio-demográficas, comportamento e atitudes dos motoristas e o consumo de álcool. Os resultados do modelo ajustado controlado por sexo são apresentados na tabela 3. O modelo prediz bafômetro positivo para motoristas com idade acima de 31 anos (OR= 1,43; IC 95% 1,026 - 1,996), com frequência do beber pelo menos 1 a 2 dias na semana (OR= 6,72; IC 95% 4,122 - 10,965), que não usam o cinto de segurança (OR=1,92; IC 95% 1,214 – 3,026). Para os que têm opinião de que a infração mais grave no trânsito é dirigir alcoolizado, a chance de bafômetro positivo foi 42% menor em relação a quem tem outra opinião em relação às infrações no trânsito. Discussão O presente estudo transversal realizado em 2009 aplicando metodologia internacional com estabelecimento de sobriety checkpoints para avaliar as dez regiões geográficas do Estado de Minas Gerais encontrou que 20% dos condutores dirigiam com nível de álcool no sangue acima do estabelecido em lei 149 (0.2 g/l).9 Estudos realizados em outros países, com metodologia similar, apresentam taxas de 5% a 14% nas noites dos fins de semana.14,15 A análise das características dos condutores em todas as regiões do Estado não apresentou diferença estatística, apontando para uma homogeneidade da população pesquisada. A amostra do presente estudo teve uma predominância do sexo masculino e idade entre 18 e 30 anos, com média de idade de 31 anos. Estudos com metodologia similar têm apresentado essas mesmas características dos condutores nas noites dos fins de semana.13,14 Além disso, os indivíduos da população em estudo tinham bom nível de educação e renda. A frequência do consumo de bebidas foi de 1 a 2 dias e a quantidade de bebida consumida esteve entre os extremos de uma e duas latas ou garrafa(s) de cerveja, uma e duas taças ou garrafa de vinho, uma dose ou garrafa de destilados ou bebida tipo ice, sendo este padrão de consumo, predominante na faixa etária dos 41 aos 50 anos de idade. Entretanto, o início do consumo de álcool ocorre em idade precoce entre a população em geral. Homens jovens com idade até 25 anos são vitimas frequentes de acidentes ligados ao consumo de álcool.16 O I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras, apontou que a associação entre álcool e direção ocorre entre universitários do sexo masculino com idade entre 25 e 34 anos.17 As consequências têm sido envolvimento em acidentes de trânsito, brigas, violência e problemas com a lei.16-18 Apesar da maioria dos condutores que dirigem nas noites dos fins de semana serem homens jovens, terem maior risco de se envolverem em acidentes de trânsito, quando fazem qualquer consumo de álcool19,20, no presente estudo, condutores com idade entre 41 e 50 anos tem o hábito de consumir bebidas alcoólicas pelo menos semanalmente. Dependendo de variáveis como o gênero, peso, alimento ingerido, alteração no desempenho do condutor ocorre a partir de 0.2 g/l de concentração de álcool no sangue (o que equivale, por exemplo, a um copo de cerveja) com risco de envolvimento em acidente.2,19-21 Portanto, para os resultados do presente estudo, motoristas de qualquer faixa etária podem estar oferecendo riscos de acidentes no trânsito com consequências que podem ser fatais para si e para outros. A maioria dos condutores é a favor do uso do bafômetro como medida preventiva de acidentes de trânsito e reconhece que o risco de dirigir alcoolizado é uma infração grave. Entretanto, trinta por cento dos condutores recusaram o 150 teste do bafômetro. Uma análise desses dados revelou que mais de um terço dos que recusaram o teste do bafômetro informaram ter feito uso de álcool no dia da entrevista. Apesar da garantia de não compartilhamento do resultado do teste do bafômetro com a polícia e aplicação de qualquer medida de punição, como princípios éticos adotados nesta pesquisa, é provável que o fato de estarem sob efeito do álcool e a presença de policiais militares nas imediações, possam ter contribuído para o índice de recusa. Para avaliar a efetividade dos entrevistadores em identificar motoristas que, mesmo aparentemente sóbrios, poderiam estar sob efeito de álcool ou outras drogas, foi feito o cruzamento de dados entre os valores auferidos no teste do bafômetro com a avaliação do condutor do veículo pelo entrevistador. Os dados obtidos apontam que o bafômetro foi mais eficaz em identificar os motoristas que estavam sob a influência de álcool. Isso ocorre, porque apesar do motorista ter ingerido pequena quantidade de álcool, estar aparentemente sóbrio e consciente do risco de beber e dirigir, pode estar intoxicado, adotando o falso senso subjetivo do beber seguro, oferecendo risco para si e para outras pessoas. Mesmo policiais bem treinados, frequentemente não são capazes de identificar motoristas sob efeito de álcool.15 Pesquisa realizada nos EUA mostrou que mais da metade de motoristas com níveis de alcoolemia acima de 0,5g/l e noventa por cento com níveis de 0,8 g/l não foram identificados por policiais militares em postos de checagem de sobriedade.20,22,23 Isso reforça as evidências de que a fiscalização em postos de checagem de sobriedade aleatória, aquela em que qualquer motorista é submetido ao teste do bafômetro, é mais efetiva do que a fiscalização seletiva, aquela em que somente motoristas sob suspeita de estarem alcoolizados serão submetidos ao teste do bafômetro.24 O presente estudo foi realizado após a “lei seca” que inicialmente teve o apoio popular e que associado ao aumento da fiscalização com aplicação do teste do bafômetro reduziu os índices de motoristas dirigindo alcoolizados em algumas cidades do pais.25,26 Entretanto, os resultados deste estudo aponta uma alta prevalência de motoristas dirigindo sob efeito de álcool e transgredindo a lei. Para avaliar as características dos condutores que apresentaram o teste do bafômetro positivo (> 0,1 mg/LBrac), foi utilizado o modelo de regressão logística (p < 0,05) controlado por sexo. Essa análise indica bafômetro positivo com chance de risco 1,4 vezes maior para aqueles com idade acima de 31 anos, quase sete vezes 151 para quem tem uma frequência do beber de pelo menos 1 a 2 dias na semana e quase 2 vezes para os que não usam o cinto de segurança. Pesquisas no estado sobre a associação álcool, direção e acidentes de trânsito são ainda escassas. Estudo em três hospitais de urgência da capital com vítimas de acidentes de trânsito mostrou que 15% de todos os acidentes de trânsito esteve associado ao consumo de álcool. Foi constatado ainda, que 27,7% dos motoristas haviam consumido álcool e que os acidentes com veículos automotores ocorreram no período de 0 a 6 horas das manhãs de sábado e domingo.27 Em outro estudo realizado no pronto socorro do Hospital de Clinicas da Universidade Federal de Uberlândia (HCUFU/MG) o consumo de álcool esteve associado a indivíduos do sexo masculino, solteiros, com idade entre 18 e 44 anos, vitimas de atropelamentos, acidentes de trânsito e acidentes gerais.28 Pesquisas em outros países têm mostrado que condutores com maiores riscos de se envolverem em acidentes fatais são do sexo masculino, com idade entre 22 e 45 anos, com problemas de alcoolismo, que dirigem após beber e que não usam o cinto de segurança.3,4,14,29 Nossos dados são consistentes com as pesquisas sobre a relação consumo de álcool e o risco de acidentes de trânsito. O atual estudo apresenta, evidentemente, limitações, como a avaliação restrita às cidades polos das dez regiões geográficas do Estado de Minas Gerais. Evidentemente, estes dados não podem ser generalizados para todas as cidades desse Estado, em função do grande número de municípios, extensão territorial, diferenças socioeconômicas e culturais. É importante apontar, no entanto, que o estudo foi realizado com amostra significativa de condutores de veículos automotores, em todas as regiões geográficas do Estado de Minas Gerais. Dessa maneira, entende-se que a pesquisa continua a representar esforços para o fornecimento de dados que possam contribuir para trabalhos de compreensão do fenômeno do beber e dirigir não só na capital, mas em todo o Estado de Minas Gerais. Os fatores associados ao consumo de álcool e condução de veículos no Brasil ainda não foram adequadamente caracterizados. O presente estudo apresentou dados sobre o beber e dirigir num estado do país. Estudos localizados com metodologias semelhantes realizados em postos de checagem da sobriedade podem monitorar o comportamento dos condutores e os riscos no trânsito, e direcionar políticas públicas sobre o beber e dirigir. 152 Agradecimentos: - Subsecretaria de Políticas sobre Drogas – SUPOD – Governo do Estado de Minas Gerais. - Polícia Militar de Minas Gerais. - Associação Brasileira Comunitária para Prevenção do Abuso de DrogasABRAÇO. - Conselho Municipal Antidrogas- COMAD das cidades de: Divinópolis, Governador Valadares, Montes Claros, Patos de Minas, Teófilo Otoni, Uberlândia e Varginha. - Ao Núcleo de Apoio aos Toxicômanos Anônimos- NATA de Juiz de Fora - A Secretaria de Assistência Social de Paracatu. Referencias 1. Pinsky I, Laranjeira RR. O fenômeno do dirigir alcoolizado no Brasil e no mundo: revisão da literatura. Rev ABP APAL 1998; 20(4):160-5. 2. Ross HL. Confronting Drunk Driving: Social Policy for Saving Lives. New Haven, CT: Yale University Press; 1992. 3. Hingson R, Winter M. Epidemiology and consequences of drinking and driving. Alcohol Res Health 2003; 27(1): 63-78. 4. World Health Organization (WHO). First United Nations Global Road Safety Week: a toolkit for organizers of events. Road safety is no accident; 23-29 april 2007. 5. Fell JC, Nash CE. The nature of the alcohol problem in U.S. fatal crashes. Health Educ Q 1989; 16:335-43. 6. Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/2933/162/transito-matamais-de-40-mil-brasileiros.html. 7. Duailibi S, Pinsky I, Laranjeira R. Prevalência do beber e dirigir em Diadema - SP. Rev Saúde Pública 2007; 41:1058- 61. 8. Pechansky F, De Boni R, Diemen LV, Bumaguin D, Pinsky I, Zaleski M, Caetano R, Laranjeira R. Highly reported prevalence of drinking and driving 153 in Brazil: data from the first representative household study. Rev Bras Psiquiatr. 2009; 31(2): 125-30. 9. Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN. Alterações na legislação de trânsito sobre álcool e direção. Lei 11.705 de 19 de junho de 2008. http://www.denatran.gov.br/ultimas/20080626_alcool_direcao.htm (acessado em 13 de setembro de 2009). 10. Anuário Mineiro de Municípios Cidade por Cidade, 2006. É Minas por Inteiro. Edição: Albernaz Comunicação, Belo Horizonte, 2006. 11. Lacey JH, Kelley-Baker T, Furr-Holden D, Voas R, Moore C, Brainard K, Tippetts AS, Romano E, Torres P, Berning A. 2007 National Roadside Survey of Alcohol and Drug Use by Drivers: Methodology. National Highway Traffic Safety Administration. Washington, DC; 2009. 12. Shults RA, et al. Reviews of evidence regarding interventions to reduce alcohol-impaired driving. Am J Prev Med. 2001; 21(4): 66-88. 13. Voas RB et.al. Drinking and driving in the United States: the 1996 national roadside survey.Acid.Anal.and Prev. 1998; (30): 2267-275. 14. Beirness DJ, Beasley EE. A roadside survey of alcohol and other drug use among drivers in British Columbia. Traffic Injury Prevention. 2011, 11: 215221. 15. Lacey JH, Kelley-Baker T, Furr-Holden D, Voas RB, Romano E, Ramirez A, Brainard K, Moore C, Torres P, Berning A. 2007 National Roadside Survey of Alcohol and Drug Use by Drivers: Alcohol Results. National Highway Traffic Safety Administration. Washington, DC; 2009. 16. Laranjeira R, Pinsky I, Zalesky M, Caetano R. I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população brasileira. Brasília, DF: Secretaria Nacional Anti- Drogas- SENAD; 2007. 17. Brasil. Presidência da República. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras / Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas; GREA/IPQ-HCFMUSP. Org: Andrade A G, Duarte PCAV, Oliveira L G. Brasília: SENAD, 2010. 18. Nunes JM, Campolina RL, Vieira MA, Caldeira AP. Consumo de bebidas alcoólicas e prática do binge drinking entre acadêmicos da área da saúde. Rev Psiq Clin. 2012; 39(3): 94-9. 19. Horwood LJ, Fergusson DM. Drink driving and traffic accidents and young people. Accid. Anal. Prev. 2000; 32(6): 805-14. 20. Zador PL. Alcohol-Related Relative Risk of Fatal Driver Injuries in Relation to Driver Age and Sex. J. Stud. Alcohol 1991; 52: 302–310. 154 21. Moskowitz H, Robinson C. Effects of Low Doses of Alcohol on DrivingRelated Skills: A Review of the Evidence [Technical report]. Washington, DC: National Highway Traffic Safety Administration; 1988. 22. Fell JC, Compton C. Evaluation of the use and benefit of passive alcohol sensors during routine traffic stops. Annual Proceedings of the Association for the Advancement of Automotive Medicine 2007; 51: 437-48. 23. Wells JK, Greene MA, Foss RD, Ferguson SA, Williams AF. Drinking drivers missed at sobriety checkpoints. J Stud Alcohol. 1997; 58(5):513-7. 24. A Eurocare report to the European Union. Drinking and driving in Europe; june 2003. 25. Salgado RS, Campos VR, Duailibi S, Laranjeira R. O impacto da lei seca sobre o beber e dirigir em Belo Horizonte- MG. Ciência & Saúde Coletiva 2011; 17: 3689-96. 26. Andreuccetti G, Carvalho HB, Cherpitel CJ, Ye Y, Ponce JC, Kahn T, Leyton V. Reducing the legal blood alcohol concentration limit for driving in developing countries: a time for change? Results and implications derived from a time-series analysis (2001-10) conducted in Brazil. Addiction 2011; 106, 2124-2131 27. Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte, Secretaria Municipal de Saúde. Pesquisa de levantamento de vítimas de acidentes de trânsito em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Prefeitura de Belo Horizonte; 2001. 28. Segatto ML, Silva RS, Laranjeira R, Pinsky I. O impacto do uso de álcool em pacientes admitidos em um pronto- socorro geral universitário, Rev Psiq Clin. 2008; 35(4):138-43. 29. Center for Disease Control and Prevention- CDC. Vital Signs: AlcoholImpaired Driving Among Adults --- United States, 2010. October 7, 2011; 60(39):1351-1356. 155 Tabela 1- Dados socioeconômicos e demográficos de condutores de veículos automotores nas dez regiões do Estado de Minas Gerais. (N= 1.799) Variáveis Sexo N (%) Feminino 227 (12,6) Masculino 1.568 (87,4) Idade em anos 18 a 30 Estado civil Escolaridade Emprego Renda 1.058 (59,3) 31 a 40 425 (23,8) 41 a 50 199 (11,1) > 51 103 (5,8) Solteiro 1.200 (66,7) Casado 453 (25,2) Amasiado 22 (1,2) Separado 95 (5,3) Viúvo 17 (0,9) Outros 11 (0,6) Analfabeto 4 (0,2) Fundamental 178 (9,9) Médio 773 (43,2) Superior incompleto 327 (18,3) Superior completo 507 (28,3) Formal 980 (58,0) Informal 174 (10,3) Profissional liberal 306 (18,1) Desempregado 55 (3,3) Estudante 146 (8,6) Aposentado 29 (1,7) Até 1 SM* 82 (4,6) De 1 a 3 SM 493 (27,8) De 3 a 8 SM 738 (41,6) > 8 SM 461 (26,0) *SM= salário mínimo vigente no tempo da pesquisa R$ 465,00 156 Tabela 2 - Comportamento dos motoristas, atitudes e consumo de álcool. (N= 1.799) Variáveis Envolvimento em acidentes de trânsito Infrações no trânsito Frequência do beber Bebeu no dia da pesquisa Atitude adotada após beber N(%) Sim 625 (35,3) Não 1.145 (64,7) Avançar sinal 96 (5,4) Excesso de velocidade 239 (13,4) Dirigir alcoolizado 1.190 (66,6) Não usar equipamento de segurança 38 (2,1) Realizar ultrapassagem perigosa 172 (9,6) Parar fora do acostamento 9 (0,5) Trafegar em veículo mal conservado 28 (1,6) Outras 16 (0,9) Diariamente 24 (1,4) De 1 a 2 dias 731 (41,3) De 3 a 4 dias 75 (4,2) De 5 a 6 dias 42 (2,4) De 15/15 dias 125 (7,1) Uma vez por mês 160 (9,0) Nenhuma 614 (34,7) Sim 475 (26,5) Não 909 (50,7) Não bebe 408 (22,8) Dirige após tomar um café 33 (1,9) Dirige e não considera que a bebida atrapalha 23 (1,3) Considera que dirige melhor quando bebe 16 (0,9) Não dirige (pega um taxi, ônibus ou carona) Entrega o veículo a outra pessoa que não tenha bebido 403 (22,8) 528 (29,8) Dirige bem devagar 180 (10,2) Nunca bebe muito 93 (5,3) Não se aplica 437 (24,7) Outros 56 (3,2) 157 A favor do uso do bafômetro Uso do cinto de segurança Avaliação do entrevistador Não 158(8,9) Sim 1.619 (91,1) Não 169 (11,6) Sim 1.294 (88,4) Normal 1.532 (87,0) Visivelmente embriagado 90 (5,1) Sob efeito do álcool mais sem embriaguez 139 (7,9) 158 Tabela 3- Preditores do teste do bafômetro positivo (>0,1 mg/LBrac) – resultado da regressão logística*. Variáveis OR não ajustada (IC 95%)** Sexo Feminino Masculino 1 1,47 (0,901 - 2,387) Idade *** 18 a 30 anos Acima de 31 anos Estado Civil Outros Solteiro Emprego Sem profissão Em alguma atividade profissional Renda 1SM Acima 1 SM Escolaridade Ensino médio e fundamental Superior completo ou incompleto Frequência do beber *** Não bebe Pelo menos 1 a 2 dias na semana É a favor do uso do bafômetro Não Sim Opinião sobre infrações no trânsito *** Demais infrações Dirigir alcoolizado Atitude adotada após beber Não dirige Dirige p OR ajustada (IC95%)** p 0,124 1 1,65 (0,922– 2,944) 0,092 1 1,24 (0,932 - 1,653) 0,139 1 1,43 (1,026 - 1,996) 0,035 1 0,99 (0,731 - 1,326) 0,919 1 1,45 (0,904 - 2,312) 0,124 1 1,04 (0,511 - 2,099) 0,921 1 1,19 (0,894 - 1,577) 0,234 1 5,93 (4,004 - 8,782) 1 <0,000 6,72 (4,122 – 10,965) <0,000 1 0,52 (0,310 - 0,886) 0,016 1 0,49 (0,369 - 0,661) <0,000 1 0,67 (0,502 - 0,886) 0,005 1 0,56 (0,395 - 0,780) 0,001 159 Tipo de veículo Carros e utilitários Motocicleta 1 0,54 (0,350 - 0,818) 0,004 Passageiros no veículo Nenhum Um ou mais 1 1,07 (0,695 - 1,648) 0,757 Uso do cinto de segurança*** Não 1 2,32 (1,525 - 3,522) <0,000 Sim 1 1,92 (1,214- 3,026) *Modelo controlado por sexo. **Odds ratio com 95% de Intervalo de confiança ***Variáveis em negrito significativas (p<0,05) e que permaneceram no modelo após o ajuste. 0,005 160 3.2 Limitações do estudo Passa-se a discorrer sobre as limitações deste estudo, com o intuito de auxiliar na configuração de pesquisas sobre o beber e dirigir em nosso país. A principal limitação deste estudo foi relacionada à não obrigatoriedade dos pesquisados, escolhidos aleatoriamente, de participarem da pesquisa e/ou serem submetidos aos bafômetros (conforme a metodologia original dos pontos de fiscalização de sobriedade), o que pode ter contribuído para os resultados apresentados serem presumivelmente inferiores aos reais, embora os índices de recusas na nossa amostra tenham sido pequenos. Não se compararam as características do grupo que recusou com o que aceitou o teste, por não ser o objetivo deste estudo. Essa observação pode ser importante para futuras pesquisas no país sobre o beber e dirigir. O objetivo deste trabalho foi avaliar a efetividade do teste do bafômetro como medida de controle da associação álcool e direção e o teste foi espontâneo de acordo com os princípios éticos adotados. Perfumes com diluentes alcoólicos, alguns alimentos contendo álcool, jejum prolongado levando à produção de cetonas podem ocasionar resultados falso-positivos. Dessa forma, considerou-se como margem de erro o valor de 0,2 g/L como o limite para bafômetro negativo. Influem no resultado desse tipo de pesquisa o local escolhido para a coleta de dados (se próximo ou não de regiões com grandes concentrações de bares), variações climáticas, o tempo de coleta dos dados, o número de recusas de participação, horário e dias da coleta de dados, hábitos de beber de cada comunidade, etc. Tentou-se minimizar essas variáveis estabelecendo horários e dias fixos para a coleta dos dados (sexta e sábado das 22 às quatro horas) em grandes vias de trânsito e tentando “convencer” os condutores a participarem de todas as fases da pesquisa de várias maneiras: ficando um pouco distante dos agentes de trânsito, distribuindo materiais educativos a respeito do tema “beber e dirigir”, incluindo informes sobre a legislação nacional e adotando medidas de segurança e garantia de não punição para os casos de condutores com positividade nas análises realizadas. 161 3.3 Intervenções para política do beber e dirigir propostas São fatores implicados na relação álcool e direção: a disponibilidade de bebidas com baixo preço e o mercado desregulado da indústria do álcool - o que pode favorecer com que motoristas que têm frequência em beber semanalmente continuem desafiando os riscos de acidentes no trânsito que podem ser fatais para si e para outros -, a falta de medidas permanentes de fiscalização e o efetivo cumprimento da lei, dado que mesmo policiais bem treinados não são capazes de identificar motoristas aparentemente sóbrios e que estejam dirigindo sob efeito de álcool, e o apoio popular a medidas preventivas de acidentes no trânsito. Em face desses fatores e dos resultados obtidos, são propostas as seguintes recomendações: • Melhor regulamentação da disponibilidade de pontos de venda de bebidas alcoólicas. • Campanhas destinadas a reduzir o comportamento do beber e dirigir devem ser dirigidas para todas as faixas etárias de condutores e a toda a população de bebedores, e não apenas aos bebedores pesados. • Conscientização da população para promover mudança de atitude em relação à associação álcool e direção. • Implementação de medidas mais eficazes para a detecção de motoristas alcoolizados, incluindo os postos de checagem aleatória da sobriedade com o uso do bafômetro. • Melhora da credibilidade da lei de trânsito a partir dos níveis de execução e rapidez na aplicação da punição. • Monitoramento do beber e dirigir para verificar o impacto de medidas de políticas públicas em relação ao beber e dirigir e os riscos de acidentes de trânsito baseado em evidências consistentes. 162 4 CONCLUSÕES Beber e dirigir é comum no nosso país. Os índices de condutores que dirigem alcoolizados nas noites dos fins de semana chegam a ser 5 a 6 vezes maiores que o de outros países. As principais características dos condutores que dirigem nas noites dos fins de semana são: sexo masculino, idade entre 20 e 30 anos, solteiro, alta escolaridade e renda, frequência de consumo de bebidas duas vezes por semana, considerar dirigir alcoolizado como a infração mais grave no trânsito, adotar medidas protetivas quando faz uso de álcool e vai dirigir, ser favorável ao uso do bafômetro como medida de prevenção a acidentes de trânsito e usar o cinto de segurança. Ter idade acima de 31 anos, frequência de consumo de álcool duas vezes por semana, o hábito de consumir bebidas e em seguida dirigir e não usar o cinto de segurança é risco de bafômetro positivo. O teste do bafômetro foi mais efetivo do que a avaliação visual e portanto, a checagem aleatória é uma medida mais eficaz de identificar motoristas alcoolizados. Embora o senso comum nos leve a acreditar que, por questões culturais em relação ao consumo de álcool, os condutores seriam contra medidas de proteção no trânsito, neste estudo, a maioria dos condutores expressou apoio ao teste do bafômetro como instrumento de prevenção aos acidentes de trânsito e foram favoráveis à lei restritiva, considerando-se o dirigir alcoolizado como a infração mais séria no trânsito. Assim também, a adoção de uma nova lei foi efetiva em reduzir o índice de motoristas que dirigem alcoolizados, ainda que temporariamente. 4.1 Considerações finais 163 Os problemas decorrentes do consumo de álcool por motoristas são analisados internacionalmente e estudos epidemiológicos indicam alta prevalência de morbidade e mortalidade relacionadas ao beber e dirigir. No Brasil, metade dos acidentes de trânsito está relacionada ao consumo de bebidas alcoólicas e existem poucos dados nacionais a respeito do comportamento de beber e dirigir. Esta pesquisa é uma das pioneiras a apresentar dados sobre o comportamento de beber e dirigir na região Sudeste do país. Os dados foram obtidos a partir da metodologia internacional de postos de checagem de sobriedade com o uso de bafômetros. A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere algumas ações para diminuição do número de acidentes provocados pelo consumo de álcool: forte determinação política em favor da prevenção do álcool ao volante; legislação que defina claramente os níveis de alcoolemia autorizados ao volante e as penalidades a que os infratores estão sujeitos; implantação de “boas práticas”; campanhas sólidas e amplamente divulgadas sobre a aplicação da lei; conscientização da população para promover mudança de atitude em relação ao problema do beber e dirigir; punição rigorosa e imediata de quem infringir a legislação (WHO, 2007b). No contexto de um mercado desregulado de bebidas alcoólicas, a redução do limite de alcoolemia por meio de uma nova lei de trânsito (“Lei Seca”) mostrou impacto direto temporariamente efetivo. Entretanto, para que uma lei de redução da concentração de álcool no sangue se torne uma política, é necessário: acompanhar a explicitação das relações entre problemas de saúde, intervenções e resultados; avaliar sistematicamente e sintetizar as evidências; estar pronto para aproveitar rapidamente a abertura da janela política; envolver os principais parceiros e todas as partes interessadas na produção e difusão das evidências e recomendações; envolver os múltiplos atores na captação de incentivo e adesão de recomendações da política; e abordar a sustentabilidade (BROWNSON et al., 2010; MERCER et al., 2010). Entretanto, outros fatores indiretos, podem ter contribuído para o efeito passageiro da lei. Medidas adotadas em outros países para o controle do consumo de álcool e problemas associados, como acidentes automobilísticos, violência doméstica, agressões em geral, morbimortalidade e intoxicações, são: estabelecimento (e fiscalização rigorosa) de idade mínima legal para compra de bebidas; monopólio 164 governamental das vendas de bebida no varejo; restrição dos horários ou dias de venda; restrições de densidade dos pontos de venda de álcool; criação de impostos para o álcool. O aumento do preço do álcool reduz o consumo e a embriaguez de jovens no trânsito e os acidentes de trânsito (BABOR et al., 2003; CHANG; WU; YING, 2012; CHISHOLM et al., 2004; WHO, 2011). Por fim, o que se percebe no país é a falta de uma política específica para o beber e dirigir que propicie mudanças no comportamento da população quanto à conveniência do consumo de álcool e direção, à fiscalização ineficiente e sem credibilidade e à banalização das leis, gerando total impunidade no trânsito. Este estudo propõe que o monitoramento do beber e dirigir por intermédio dos postos de fiscalização da sobriedade com a adoção do teste do bafômetro pode ser utilizado na construção de uma política específica para a redução de acidentes e mortes no trânsito. 165 REFERÊNCIAS ALBERY, I.; GUPPY, A. Drivers biased perceptions of the adverse consequences of drink-driving. Drug Alcohol Rev, v. 15, p. 39-45, 1996. ANDRADE, A.G.; DUARTE, P.C.A.V.; OLIVEIRA, L.G. (org.) Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. (SENAD). I Levantamento Nacional sobre o uso de álcool, tabaco e outras drogas entre universitários das 27 capitais brasileiras. GREA/IPQ-HCFMUSP. Brasília: SENAD, 2010. ANDREUCCETTI, G. et al. Reducing the legal blood alcohol concentration limit for driving in developing countries: a time for change? Results and implications derived from a time-series analysis (2001-10) conducted in Brazil. Addiction, v. 106, p. 2124-2131, 2011. ANUÁRIO MINEIRO DE MUNICÍPIOS CIDADE POR CIDADE, 2006. É Minas por Inteiro. Edição: Albernaz Comunicação, Belo Horizonte, 2006. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTE PÚBLICO (ANTP). Trânsito no Brasil: avanços e desafios. ANTP, 2007. BABOR, T. et al. Alcohol: no ordinary commodity - research and public policy. Oxford; New York: Oxford University Press. 2003 BEIRNESS, D.J.; BEASLEY, E.E. Alcohol and drug use among drivers: British Columbia Roadside Survey 2008. Ottawa, ON: Canadian Centre on Substance Abuse. 2009. Disponível em: http://www.cclat.ca/2009%20CCSA%20Documents/ccsa0115382009_e.pdf. Acesso em: julho de 2012. BEIRNESS, D.J.; BEASLEY, E.E. A roadside survey of alcohol and other drug use among drivers in British Columbia. Traffic Injury Prevention, v. 11, p. 215-221, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. A política do Ministério da Saúde para a atenção integral a usuários de álcool e outras drogas. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde Brasil 2010: uma análise da situação de saúde e evidências selecionadas de impacto de ações de vigilância em saúde. Brasília, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Trânsito é responsável por mais de 40 mil mortes no Brasil. 2011. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/ noticia/2933/162/transito-mata-maisde-40-mil-brasileiros.html. Acesso em: 9 de junho de 2012. 166 BRASIL. Ministério das Cidades. Código de Trânsito Brasileiro: Lei nº. 9.503 de 23 de setembro de 1997. Disponível em: http://www.denatran.gov.br/ctb.htm. Acesso em: 8 de maio de 2007. BROWNSON, R.C. et al. From epidemiology to policy: toward more effective practice. AEP, v. 20, n. 6, p. 409-411, June 2010. CAETANO, R.; LARANJEIRA, R. A “perfect storm” in developing countries: economic growth and the alcohol industry. Addiction, v. 101, p. 149-152, 2006. CAMPOS, V.R. et al. Drinking and driving prevalence in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil. Cad Saúde Pública, v. 24, p. 829-834, 2009. CARLINI, E.A., et al. (supervisão). Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD). Brasília, 2010. VI Levantamento Nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio das redes pública e privada de ensino nas 27 capitais brasileiras. São Paulo: CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas: UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo, 2010. CARVALHO, D.G.; LEYTON, V. Avaliação das concentrações de álcool no ar exalado: considerações gerais. Rev Psiq Clin, v. 27, n. 2, 2000. CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. (CDC). Vital signs: alcohol - impaired driving among adults. United States, 2010. MMWR, v. 60, p. 1351-1356, 2011. CHANG, K.; WU, C.C.; YING, H.Y. The effectiveness of alcohol control policies on alcohol-related traffic fatalities in the United States. Accident Analysis and Prevention, v. 45, p. 406-415, 2012. CHISHOLM, D. et al. Reducing the global burden of hazardous alcohol use: a comparative cost-effectiveness analysis. Journal of Studies on Alcohol, v. 65, p. 782-793, 2004. CHOU, S.P. et al. Twelve-month prevalence and changes in driving after drinking: United States, 1991–1992 and 2001–2002. Drug and Alcohol Dependence, v. 80, p. 223–230, 2003. DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO (DENATRAN). Estatísticas gerais sobre trânsito. Brasília: DENATRAN, 2011. DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO (DENATRAN). Alterações na legislação de trânsito sobre álcool e direção. Lei 11.705 de 19 de junho de 2008. http://www.denatran.gov.br/ultimas/20080626_alcool_direcao.htm (acessado em 13 de setembro de 2009). DOMINGUES, S.C.A. Beber e dirigir: uma avaliação neuropsicológica das funções executivas no uso agudo do álcool. Vitória, 2009. Tese, 111 folhas. 167 DUALIBI, S.; PINSKY, I.; LARANJEIRA, R. Álcool e direção: beber ou dirigir: um guia prático para educadores, profissionais de saúde e gestores de políticas públicas. São Paulo: Unifesp, 2010. DUALIBI, S.; PINSKY, I; LARANJEIRA, R. Prevalência do beber e dirigir em Diadema, estado de São Paulo. Rev Saúde Pública, v. 41, n. 5, 2007. DUAILIBI, S.M. Políticas municipais relacionadas ao álcool: análise da lei de fechamento de bares e outras estratégias comunitárias em Diadema (SP) -São Paulo. Tese - 194 folhas, 2007. DURIC, P.M.; MILADINOV MIKOV, M. Some characteristics of drivers having caused traffic accidents. Med Pregl, v. 61, n. 9-10, p. 464-9, sep-oct., 2008. ECONOMIA DO BRASIL. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia _do_Brasil. Acesso em: 23 de julho de 2012. EDWARDS, G. et al. A política do álcool e o bem comum. Porto Alegre: Artes Médicas; 1998. EMPRESA DE TRANSPORTES E TRÂNSITO DE BELO HORIZONTE- BHTrans. Secretaria Municipal de Saúde. Pesquisa de levantamento de vítimas de acidentes de trânsito em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Prefeitura de Belo Horizonte; 2001. EUROCARE REPORT TO THE EUROPEAN UNION. Drinking and driving in Europe; june 2003. FELL, J.C.; COMPTON, C. Evaluation of the use and benefit of passive alcohol sensors during routine traffic stops. Annual Proceedings of the Association for the Advancement of Automotive Medicine, v. 51, p. 437-48, 2007. FELL, J.C.; NASH, C.E. The nature of the alcohol problem in U.S. fatal crashes. Health Educ Q, New York, v. 16, n. 3, p. 335-43, 1989. FELL, J.C.; TIPPETTS, A.S.; VOAS, R.B. Fatal traffic crashes involving drinking drivers: what have we learned? Ann Adv Automot Med, v. 53, p. 63-76, Oct. 2009. GALDUROZ, J.C.F.; CAETANO, R. Epidemiologia do uso do álcool. Rev Bras Psiquiatr, v. 26 (Supl I), p. 3-6, 2004. GJERDE, H. et al. Prevalence of alcohol and drugs among Norwegian motor vehicle drivers: A roadside survey. Accident Analysis and Prevention, v. 40, p. 1765–1772, 2008. HAWORTH, N.; SMITH, R.; BRUMEN, I. Case–control study of motorcycle crashes. Canberra, ACT, Australian Transport Safety Bureau, 2002 (Report CR174). 168 HINGSON, R.; WINTER, M. Epidemiology and consequences of drinking and driving. Alcohol Res Health, v. 27, n. 1, p. 63-78, 2003. HOLDER, H.D. Alcohol and the community: a systems approach to prevention. Cambridge: Cambridge University Press; 1998. HORWOOD, L.J.; FERGUSSON, D.M. Drink driving and traffic accidents and young people. Accid Anal Prev, New York, v. 32, n. 6, p. 805-14, nov. 2000. INGSATHIT, A. et al. Prevalence of psychoactive drug use among drivers in Thailand: A roadside survey. Accident Analysis and Prevention, v. 41, p. 474– 478, 2009. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA)/ ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTE PÚBLICO (ANTP). Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas aglomerações urbanas brasileiras (Relatório Executivo). Brasília, 2003. JACKSON, P.G. A review of methodologies employed in roadside surveys of drinking and driving. Department of transport: London, 2008. JONES, N.E.; PIEPER, C.F.; ROBERTSON, L.S. The effect of legal drinking age on fatal injuries of adolescents and young adults. Am J Public Health, v. 82, n. 1, p. 112-5, 1992. KIM, J.H. et al. A population-based study on the prevalence and correlates of drinking and driving in Hong Kong. Accid Anal Prev, v. 42, n. 4, p. 994-1002, Jul, 2010. Epub 2009 Dec 23. LACEY, J.H. et al. 2007 National Roadside Survey of Alcohol and Drug Use by Drivers: Methodology. National Highway Traffic Safety Administration. Washington, DC, 2009. LARANJEIRA, R. et al. Alcohol use patterns among Brazilian adults. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 32, n. 3, p. 231-241, 2010. LARANJEIRA, R.; ROMANO, M. Consenso brasileiro sobre políticas públicas do álcool. Rev Bras Psiquiatria, v. 26 (supl), p. 68-77, 2004. MADRUGA, C.; PINSKY, I.; LARANJEIRA, R. Commentary on Andreuccetti et al. (2011): The gap between stricter blood alcohol concentration legislation and enforcement in Brazil. Addiction, v. 106, p. 2132-2133, 2011. MATHIJSSEN, M.P.M. Drink driving policy and road safety in the Netherlands: a retrospective analysis. Transportation Research Part E, v. 41, p. 395-408, 2005. McKINNEY, A.; COYLE, K.; VERSTER, J. Direct comparison of the cognitive effects of acute alcohol with the morning after a normal night'sdrinking. Hum 169 Psychopharmacol, v. 27, n. 3, p. 295-304, May, 2012. doi: 10.1002/hup.2225. Epub 2012 Apr 12. MERCER, S.I. et al. Translating evidence into policy: lessons learned from the case of lowering the legal blood alcohol limit for drivers. AEP, v. 20, n. 6, p. 412420, June 2010. MILLER, T.R.; LESTINA, D.C.; SPICER, R.S. Highway crash costs in the United States by driver age, blood alcohol level, victim age, and restraint use. Accident Analysis and Prevention, v. 30, p. 137-50, 1998. MONTEIRO, M.G. Alcohol and public health in the Americas: a case for action. Washington, D.C: PAHO, 2007. MOSKOWITZ, H.; FIORENTINO, D. Review of the literature on the effects of doses of alcohol on driving related skills. Springfield, VA: U.S. Department of Transportation, National Highway Traffic Safety Administration; 2000. Disponível em: http://www.nhtsa.dot.gov/people/injury/research/pub/ hs809028/Title.htm. Accesso em: 27 dezembro de 2009. MOURA, E.C. et al. Direção de veículos motorizados após consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Brasil, 2006 a 2009. Rev Saúde Pública, v. 43, p. 891-94, 2009. NAGATA, T. et al. Effectiveness of a law to reduce alcohol-impaired driving in Japan. Injury Prevention, v. 14, p. 19-23, 2008. NATIONAL HIGHWAY TRAFFIC SAFETY ADMINISTRATION (NHTSA). Traffic safety facts. 2012. Disponível em: http://www-nrd.nhtsa.dot.gov/Pubs/ 811604.pdf. Acesso em: julho de 2012. NERY FILHO, A. et al. Impacto do uso de álcool e outras drogas em vítimas de acidentes de trânsito. Centro de estudos e terapia do abuso de drogas, Instituto RAID, Associação Brasileira de Departamentos Estaduais de Trânsito, 1997. PECHANSKY, F.; DUARTE, P.C.A.V.; DE BONI, R.B. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. (SENAD). Uso de bebidas alcoólicas e outras drogas nas rodovias brasileiras e outros estudos. Porto Alegre: SENAD, 2010. PECHANSKY, F. et al. Highly reported prevalence of drinking and driving in Brazil: data from the first representative household study. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 31, p. 125-130, 2009. PEEK-ASA, C. The effect of random alcohol screening in reducing motor vehicle crash injuries. American Journal of Preventive Medicine, v. 16 (Suppl. 1), p. 57-67, 1999. 170 PERRINE, M.W.; PECK, R.C. e FELL, J.C. "Epidemiologic perspectives on drunk driving". Em: Surgeon General’s Workshop on Drunk Driving. Background Papers. U.S. Department of Health and Human Services, Washington, D.C. 1416/Dezembro, pp. 35-76,1988. PINSKY, I. et al. Drinking and driving: pre-driving attitudes and perceptions among Brazilian youth. Drug and Alcohol Dependence, v. 62, p. 231-237, 2001. PITKANEN, T.; LYYRA, A.L.; PULKKINEN, L. Age of onset of drinking and the use of alcohol in adulthood: a follow-up study from age 8-42 for females and males. Addiction, v. 100, n. 5, p. 652-61, 2005. PONCE, J.C. et al. Alcohol-related traffic accidents with fatal outcomes in the city of São Paulo. Accident Anal Prev, v. 43, p. 782-787, 2011. REHM, J. et al. The relationship of average volume of alcohol consumption and patterns of drinking to burden of disease: an overview. Addiction, v. 98, p. 12091215, 2003. RESEARCH AND INOVATIVE TECHNOLOGY ADMINISTRATION (RITA). Bureau of transportation statistics. Disponível em: http://www.bts.gov/publications/national_transportation_statistics/html/table_01_11 .html. Acesso em: 9 de junho de 2012. ROOM, R. et al. Alcohol in developing societies: a public health approach. Helsinki and Geneva: Finnish Foundation For Alcohol Studies an World Health Organization, 2002. ROSS, H.L. Confronting drunk driving: social policy for saving lives. Yale University Press, 1992. ROYAL SOCIETY FOR THE PREVENTION OF ACCIDENTS (ROSPA). Drinking and driving policy paper. May 2005. Disponível em: <http://www.rospa.com/roadsafety/info/drink_drive.pdf> Acesso em: 22 mar. 2007. SEGATTO ML, SILVA RS, LARANJEIRA R, PINSKY I. O impacto do uso de álcool em pacientes admitidos em um pronto- socorro geral universitário, Rev Psiq Clin. 2008; 35(4):138-43 SHULTS, R.A. et al. Reviews of evidence regarding interventions to reduce alcohol-impaired driving. Am J Prev Med, Ney York, n. 21, suppl 4, p. 66-88, 2001. SINGLE, E. et al. The economic costs of alcohol, tobacco and illicit drugs in Canada, 1992. Addiction, v. 93, n. 7, p. 991-1006, Jul, 1998. SLEET, D.A. et al. Interventions to reduce impaired driving and traffic injury. In: VERSTER, J.C. et al. (eds). Drugs, driving and traffic safety. Basel: Birkha¨user; p. 439-456, 2009. 171 STEWART, K.; SWEEDLER, B.M. Worldwide trends in impaired driving. Past experience and future. Progress safety and policy analysis international, L.L.C. Lafayette, CA, USA. Proceedings of the 3rd International Traffic Expert Congress June, 2008 Prague, Czech Republic. STODUTO, G., ADLAF, E. Drinking and driving among Ontario high school students, 1977-1995. Canadian Journal of Public Health 87, 187-188,1996. TAYLOR, B. et al. The more you drink, the harder you fall: A systematic review and meta-analysis. Drug and Alcohol Dependence, v. 110, p. 108-116, 2010. VANLAAR, W. Drink driving in Belgium: results from the third and improved roadside survey. Accident Analysis and Prevention, v. 37, p. 391-397, 2005. VOAS, R.B. et al. Drinking and driving in the United States: the 1996 national roadside survey. Accid Anal Prev, v. 30, n. 2, p. 267-75, 1998. WELLS, J.K. et al. Drinking drivers missed at sobriety checkpoints. J Stud Alcohol, v. 58, n. 5, p. 513-7, Sep. 1997. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Global status report on alcohol 2011. Geneva: Department of Mental Health and Substance Abuse, 2011. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). First United Nations Global Road Safety Week: a toolkit for organizers of events. Road safety is no accident; 23-29 april 2007a. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Drinking and driving: a road safety manual for decision-makers and practitioners. Geneva, Global Road Safety Partnership, 2007b. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). World Health Report . Reducing risks, promoting healthy life. Geneva: World Health Organization, 2002. ZADOR, P.L. Alcohol-related relative risk of fatal driver injuries in relation to driver age and sex. J Stud Alcohol, v. 52, p. 302–310, 1991. ZADOR, P.; KRAWCHUK, S.; VOAS, R. Alcohol-related relative risk of driving fatalities and driver impairment in fatal crashes in relation to driver age and gender: An update using 1996 data. J Stud Alcohol, v. 61, p. 387–395, 2000. 172 ANEXOS E APÊNDICES • Anexo A: Aprovação da pesquisa beber e dirigir pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal de São Paulo • Anexo B: Aprovação da pesquisa beber e dirigir pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Fundação Hospitalar de Minas Gerais- FHEMIG • Anexo C: Mapeamento das cidades e postos de checagem da sobriedade • Anexo D: Tipos de bafômetros utilizados • Apêndice A: Questionário utilizado nas pesquisas • Apêndice B: Termo de consentimento livre e esclarecido • Apêndice C: Folhetos Distribuídos aos Condutores • Apêndice D: Manual do pesquisador da pesquisa beber e dirigir no Estado de Minas Gerais • Apêndice E: Relatório de campo da pesquisa beber e dirigir no Estado de Minas Gerais. • Apêndice F: Capa dos artigos publicados 173 ANEXO A - Aprovação da pesquisa beber e dirigir pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo 174 175 ANEXO B – Aprovação da pesquisa beber e dirigir pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Fundação Hospitalar de Minas Gerais- FHEMIG 176 177 ANEXO C - Mapeamento das cidades e postos de checagem da sobriedade Belo Horizonte – MG- Regional Centro- Sul Local do posto de checagem da sobriedade - Av. Nossa Senhora do Carmo, Av.do Contorno e Av. Getúlio Vargas. 178 Cidade de Diadema- SP Locais dos postos de checagem de sobriedade: Av. Piraporinha e Av Antônio Piranga 179 Cidade de Vitória – ES Locais de postos de checagem da sobriedade Praia do Canto, Enseada do Suá e na Avenida Dante Michelini 180 Cidade de São Paulo- SP Locais de postos de checagem da sobriedade Praça Silvio Romero – Tatuapé(zona leste- Mooca) , Rua Pedroso de Moraes – Pinheiros(zona oeste), Av. Robert Kennedy – Interlagos,(zona sul) Av. Hélio Pelegrino – Itaim Bibi(zona sul), Av. Luiz Dumont Villares – Santana(zona norte), Praça da Moema,(zona sul), Av. Eng. Caetano Alvares(nordeste) 181 Estado de Minas Gerais e regiões geográficas População do Estado de Minas Gerais distribuída em dez regiões geográficas Região No. População Cidade Municípios Central 158 6.916.163 Belo Horizonte Sul 155 2.574.692 Varginha Noroeste 20 361.24 Paracatu Triângulo 35 1.404.150 Uberlândia Alto Paranaiba 31 637.553 Patos de Minas 182 Centro oeste 56 1.068.178 Divinópolis Zona da mata 142 2.145.945 Juiz de Fora Norte 88 1.568.033 Montes Claros Jequitinhonha 66 981.574 Rio Doce 102 1.579.922 Teófilo Otoni Governador Valadares Total 853 19.237.450 Anuário Mineiro de Municípios Cidade por Cidade, 2006. 183 ANEXO D - Tipos de bafômetros utilizados - Bafômetro passivo - os dois superiores (lanterna e gravador) - Bafômetro ativo - os três idênticos - modelo ABI - Bafômetro misto - o primeiro à esquerda da linha inferior Bafômetro ativo – modelo BFD 30 184 APÊNDICE A - Questionário utilizado nas pesquisas UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP Escola Paulista de Medicina- Departamento de Psiquiatria UNIAD – Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas QUESTIONÁRIO – PESQUISA BEBER E DIRIGIR Entrevista no: _____; Data: ___/ ___ / _____; Horário: __________ 01 – Perfil do entrevistado: Recusa: Sim ____; Não ____; É habilitado? Sim ____; Não ____; Sexo: Masculino ____; Feminino ____; Idade: 18/19 anos ___; 20 a 30 ___; 31 a 40 ___; 41 a 50 ___; 51 ou mais ___; outros _____________; Estado civil: solteiro(a) ___; casado(a) ___; amasiado(a) ___; separado(a) ___; viúvo(a) ___; Escolaridade: Analfab. ___; Fundamental ___; médio ___; superior inc. ___ superior compl. ___; Emprego: emprego formal ___; emprego informal ___; profissional Liberal ___; desempregado ___; estudante ___; aposentado ___; Renda familiar: Menos de 1 salário mínimo (até R$ 299,00) ___; 1 a 3 (R$ 300,00 a R$ 900,00) ___; De 4 a 7 salários (R$ 901,00 a R$ 2.100,00) ___; Mais de 8 salários (acima de R$ 2100,00) ___; 02 – O Sr.(a) já esteve envolvido, como motorista, em algum acidente de trânsito? Sim ___; Não___; 03 – Qual das infrações de trânsito o Sr.(a) considera a mais grave? Avançar sinal ___; excesso de velocidade ___; dirigir alcoolizado ___; não usar equipamento de segurança ___; realizar ultrapassagens perigosas ___; parar fora do acostamento ___; trafegar em veículo mal conservado ___; Outras ____________________________________________; 04 – Quantas vezes por semana o Sr. (a) costuma beber? Nenhuma ___; 1-2 vezes ___; 3-4 vezes ___; 5-7 vezes___; mais de 8 vezes ___; 185 05 – Qual bebida alcoólica o Sr.(a) costuma beber? Vinho / champanhe _______ copos/ taças; _______ garrafas. Cerveja / chopp _____ copos; _____; latas; ____ garrafas. Cachaça / pinga _______ doses; _______ garrafas. Outros destilados (whisky, conhaque, _______ doses; _______ garrafas. vodka). Bebidas ice _______ garrafas Outras: (especifique: _____________) ____ copos; ____ latas; ____ garrafas. 06 – O Sr.(a) ingeriu alguma bebida alcoólica hoje? Sim ____; Não ____; 07 – Segundo as leis brasileiras, qual o nível de álcool no sangue a partir do qual uma pessoa é considerada alcoolizada para dirigir? 0,4 g/L ____; 0,5 g/L ____; 0,6 g/L ____; 0,7 g/L ____; 0,8 g/L ____; 0,9 g/L ____; não sabe ____; 08 – Segundo o Código Brasileiro de Trânsito, o que pode acontecer com uma pessoa que for pega dirigindo sob influência de bebidas alcoólicas? ____ Pagar multa e ter suspensa a carteira de habilitação; ____ Ser presa; ____ Esperar um tempo até melhorar e poder dirigir; ____ Não bebo; ____ Não sabe; Outra____________________________________________________________ 09 – Quando o Sr.(a) sai de um bar ou festa e acredita que bebeu demais, que atitude adota? ____ Dirige após tomar um café; ____ Dirige, pois não considera que a bebida atrapalhe; ____ Dirige, porque considera que dirige melhor quando bebe; ____ Não dirige (pega um táxi, ônibus, carona); ____ Entrega o veículo a outra pessoa habilitada que tenha bebido menos ou não tenha bebido; ____ Dirige bem devagar; ____ Eu nunca bebo demais. ____ Outros ____________________________________________________ 10 – O Sr.(a) é a favor do uso de bafômetro com o objetivo de reduzir os acidentes de trânsito? Sim ____; Não ____; Em caso negativo, justificar: _________________________________________________________________ 186 ANOTAÇÃO DO RESULTADO DOS TESTES DOS BAFÔMETROS 11 - Bafômetro passivo: Recusou: Sim ____; não ____; Em caso negativo, justificar: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 0,00 (verde) ____; 0,01 a 0,02 (amarelo) ____; 0,03 a 0,05 (amarelo) ____; 0,06 (vermelho) ____; 0,08 (vermelho) ____; 0,10 (vermelho) ____; 0,12 (vermelho) ____; 12 - Bafômetro ativo: Recusou: Sim ____; não ____; Em caso negativo, justificar: _________________________________________________________________ Valor obtido: ______________ Somente para o entrevistador 01 – Como avalia o estado geral do entrevistado? Normal ___; visivelmente embriagado ___; Sob efeito de álcool, mas sem embriaguez ___. 02 – Tipo de veículo: Automóvel de passeio ___; Motocicleta ___; Utilitário ___; Outros __________________________ 03 – Número de passageiros: 01 ___; 02 ___; 03 ___; 04 ___; 05 ou mais ___; 04 – Uso do equipamento de segurança: Sinto de segurança: sim ___; não ___; Capacete: sim ___; não ___. Nome do entrevistador:______________________; Assinatura: _____________ OBS: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 187 APÊNDICE B - Termo de consentimento livre e esclarecido Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP Escola Paulista de Medicina- Departamento de Psiquiatria UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas Termo de Consentimento livre e esclarecido Pesquisa: Beber e dirigir no município de .......................... O objetivo geral deste estudo é realizar um levantamento de dados referente ao comportamento de beber e dirigir em condutores de veículos automotores em vias públicas de tráfego automobilístico na cidade de................. Este levantamento será realizado em “check-points” estabelecidos em vias de tráfego considerado mais intenso ou estratégico em horários preestabelecidos. O método de escolha do veículo será aleatória. Os motoristas serão parados pelos guardas, devidamente equipados. Uma vez escolhido o veículo, este será desviado para o check-point, devendo ser observadas todas as medidas de segurança para com os condutores e passageiros dos veículos pesquisados ou em tráfego, bem como os membros da equipe de pesquisa. Após o guarda ter verificado condições de segurança, o líder se aproxima e explica ao condutor o motivo da parada, informando-o tratar-se de uma pesquisa, sendo informado da não obrigatoriedade de sua participação em qualquer uma de suas fases. Se estiver de acordo em participar, preencherá este termo de consentimento e será convidado a responder um questionário e passar pelo teste dos bafômetros (ativos e/ou passivos). O questionário - sem identificação nominal - aplicado pelo entrevistador consta de cerca de 12 questões e sua aplicação dura aproximadamente cinco minutos, perguntando sobre os hábitos relacionados ao beber e dirigir. Terminada a entrevista, o líder perguntará ao entrevistado se ele aceitará passar pelos testes dos bafômetros passivos e ativos. Por último, o entrevistador anotará os dados obtidos dos bafômetros e fará uma avaliação do estado geral do entrevistado, 188 classificando-o como normal; sob efeito do álcool, mas sem embriaguez; ou embriagado. Serão entrevistados cerca de .... condutores de veículos automotivos em....... A participação é anônima e voluntária. Em qualquer momento da entrevista, se o entrevistado não quiser responder certa questão ou quiser parar, apenas precisa comunicar ao entrevistador. Sua participação é muito importante, porque suas respostas trarão informações centrais para a elaboração de políticas públicas em relação às bebidas alcoólicas em nosso país. A partir de suas informações e das dos outros participantes, as autoridades nacionais poderão decidir como lidar com questões relacionadas, por exemplo, à efetividade em uma cidade brasileira do cumprimento da lei que regulamenta esse assunto - beber e dirigir - e das propagandas de bebidas alcoólicas que enfocam o já conhecido “Se beber não dirija”. Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é o Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira – que pode ser encontrado no endereço: R. Botucatu, 390, São Paulo-SP, tel: (11) 5575-1062, ou Profª Dra. Ilana Pinsky, no mesmo endereço e fone. Acredito ter sido suficientemente informado(a) a respeito das informações sobre a pesquisa do beber e dirigir no município de......... Ficaram claros para mim quais são os propósitos dos procedimentos a serem realizados e seus desconfortos. Concordo voluntariamente com o que será realizado e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. Assinatura do entrevistado: Assinatura do Pesquisador Responsável: Cidade_______________________Estado___________ Data_____/___/____ 189 APÊNDICE C: Folhetos distribuídos aos condutores e modelo da camisa de identificação do pesquisador. 190 191 192 APÊNDICE D - Manual do pesquisador da pesquisa beber e dirigir no Estado de Minas Gerais MANUAL DO PESQUISADOR 1 - Objetivo da Pesquisa Estudar e identificar padrões relacionados ao ato de Beber e Dirigir, com vistas a contribuir no processo de redução da prática de uso de álcool e direção veicular. 2 - O Pesquisador e o manual Este manual de campo descreve as instruções e procedimentos a serem adotados nas atividades de campo da pesquisa Beber e Dirigir, e será fonte permanente de consulta e orientação do pesquisador e o principal elemento a proporcionar-lhe as condições necessárias ao bom desenvolvimento de seu trabalho de campo. O pesquisador deve sempre ter em mente que este manual estará permanentemente com ele a esclarecê-lo, inclusive em ocasiões que não poderá recorrer prontamente a um instrutor ou a algum componente da equipe de campo. Portanto: • Leia atentamente cada seção, destacando os principais pontos que permitirão uma maior qualidade e agilidade em seu trabalho; • Faça anotações pertinentes nos próprios tópicos, acrescentando exemplos aos já existentes; • Discuta com seus colegas algumas situações ou dúvidas. Não conseguindo esclarecê-las, procure os coordenadores ou supervisor de campo durante a coleta; 3 - Sigilo das informações As informações coletadas são de caráter confidencial, as quais se destinam exclusivamente a fins estatísticos, não podendo ser objeto de certidão, nem de eficácia jurídica como meio de prova. 4 - Procedimentos e instruções para as entrevistas 193 Quando da operação de coleta de dados, a atuação do pesquisador junto ao informante reveste-se de importância capital para garantir o sucesso da pesquisa, uma vez que a maioria de suas etapas dependem da qualidade dos dados coletados. A ação de contactar uma pessoa, interromper sua trajetória e convencê-la a responder a um conjunto de indagações sobre sua vida, seu trabalho e demais aspectos referentes ao tema escolhido, não é, efetivamente, uma tarefa fácil, principalmente para quem não está habituado com as atividades de campo de uma pesquisa. Contudo, alguns procedimentos podem auxiliar a estabelecer uma boa parceria entre o pesquisador e o informante, de modo a obter êxito na realização das atividades. 5 - Cuidados Iniciais e abordagem do informante Para realizar uma boa entrevista e garantir a coleta das informações pretendidas, o contato inicial é sempre o fator decisivo. Não há normas ou procedimentos a seguir, mas algumas orientações podem ser úteis para que a primeira abordagem ao informante seja bem sucedida. • Mantenha-se sempre identificado, dispondo o seu crachá em posição bem visível; • Vista roupas confortáveis e discretas • Separe com antecedência todo o material de coleta e seu Kit de trabalho • Apresente-se ao motorista: cumprimente-o, diga seu nome, mostre-lhe seu crachá (permitindo-lhe leitura do que nele está escrito, se manifestar esta intenção) e lhe explique que está ali representando a “Abraço”. Durante a entrevista podem ocorrer algumas situações como: A - Perguntas: Ouça as indagações do informante e responda-as limitando-se ao que foi perguntado, visando atender suas expectativas. Por exemplo: __ É uma pesquisa sobre o quê? “Esta é uma pesquisa para analisar o comportamento das pessoas que combinam bebida e direção” __ Vou ser prejudicado se eu utilizar o bafômetro? 194 B - Recusa É plausível considerar que o informante manifeste a intenção de não colaborar com a pesquisa, motivado pela violência urbana, pela falta de segurança na cidade, por questões pessoais ou por negativa sistemática. Reforce que a sua participação para preenchimento do questionário é absolutamente importante, pois contribuirá para estabelecer o comportamento dos motoristas mineiros. Esclareça ao informante que as informações prestadas serão mantidas em sigilo. C - Desenvolvendo a entrevista Algumas orientações podem ser úteis para garantir a qualidade das informações coletadas: • Procure manter clima de cordialidade, o que implica em despertar a confiança do motorista. • Leia, integral e pausadamente, todas as perguntas, respeitando a ordem em que aparecem no questionário. Caso o entrevistado tenha dificuldades, auxilie-o a compreender a pergunta, sem induzi-lo à resposta; • Faça as perguntas de maneira direta e positiva, procurando demonstrar que todas as questões apresentadas são importantes; • Quando a pergunta contiver várias alternativas de resposta, leia pausadamente cada alternativa, permitindo que o informante compreenda e responda de acordo com sua situação; • Procure não interrompê-lo enquanto ele estiver falando, aguardando o informante concluir sua resposta para registrar a informação; • Esforce-se para não esboçar reações ante as respostas colhidas; • Efetue todas as perguntas e registre todas as respostas verificando, ao final da entrevista, se o questionário está totalmente preenchido. 195 Atenção! . Não formule as perguntas com suas próprias palavras, pois existe o risco de obter informações equivocadas e incorretas. . Evite os modismos, termos regionais, gírias e sujeições. .Distorções na formulação de qualquer pergunta implica em perda de qualidade da pesquisa .Mesmo que suponha conhecer antecipadamente algumas respostas, você não deve responder no lugar do informante. . O pesquisador não deve opinar sobre as perguntas do questionário. 6 - Encerrando a entrevista Formuladas todas as perguntas, verifique se o questionário está devidamente preenchido. Caso existam algumas lacunas ou dúvidas no preenchimento do questionário, procure esclarecê-lo imediatamente com o informante. Sem mais, despeça-se, agradecendo-lhe a atenção e colaboração. Manual do Entrevistador O questionário apresenta 25 tópicos a serem respondidos, havendo alguns que se subdividem em subtópicos. Os tópicos encontram-se distribuídos em 6 blocos de perguntas, com a seguinte configuração: BLOCO 1 – CONTROLE DA PESQUISA É composto pelos tópicos 1 a 4, sendo de preenchimento obrigatório. 1 = Código do entrevistador: É o número que identificará o entrevistador, ou seja, a pessoa que preencherá o questionário. 2 = Local da entrevista: Registrar o local definido para entrevista, nome das vias públicas ou estradas. 196 3 = Data de realização da pesquisa: Registrar a data do preenchimento do questionário 4 = Hora de início da pesquisa: Registrar hora e minuto em que se iniciou a entrevista Bloco 2 – Perfil do entrevistado É composto pelos tópicos 5 a 12, sendo de preenchimento obrigatório. 5 = Aceitou participar? Marcar a opção 1 se o motorista aceitar responder o questionário e a opção 2 se o motorista não aceitar responder. Atenção! A questão 5 é uma questão de filtro. Caso o motorista se recuse a participar da pesquisa, você deverá marcar a opção 2, encerrar a entrevista e USAR OUTRO QUESTIONÁRIO PARA A PRÓXIMA ENTREVISTA. 6 = Sexo Marcar a opção 1 para motoristas do sexo masculino e a opção 2 para motoristas do sexo feminino 7 = Idade Registrar a idade, em anos completos de cada motorista entrevistado. 8 = Estado Civil: Marcar o número correspondente ao estado civil do motorista entrevistado. (Vide “Estado civil” em glossário) 1 ( ) solteiro(a) 3 ( ) amasiado (a) 5 ( ) viúvo (a) 197 2 ( ) casado(a) 4 ( ) separado (a) 6 ( ) outros 9 = Escolaridade: Marcar o número correspondente a escolaridade do motorista entrevistado. (Vide Escolaridade em glossário) 1 ( ) analfabeto 3 ( ) médio 5 ( ) superior completo 2 ( ) fundamental 4 ( ) superior incompleto Q10 – Emprego: Marcar o número correspondente ao emprego do motorista entrevistado. (Vide Emprego em glossário) 1 ( ) Emprego formal 3 ( ) profissional liberal 2 ( ) Emprego informal 4 ( ) desempregado (a) 5 ( ) estudante 6 ( ) aposentado (a) 11 – Ocupação Escrever a ocupação do motorista (definição de ocupação em glossário) 12- Renda familiar – em salários mínimos (SM) Marcar uma faixa de renda familiar em salários mínimos do motorista entrevistado. Caso o motorista se recuse a informar a renda, deixe a questão em branco. (Vide Renda familiar em glossário) 1 = até 1 SM (até R$465,00) 2= mais de 1 até 3 SM (R$466,00 a R$ 1.395,00) 3= mais de 3 até 8 SM (R$ 1.396,00 a R$3.720,00) 4= mais de 8 SM (acima de R$ 3.721,00) Bloco 3 – Acidentes / Infrações de trânsito 13 - Alguns motoristas já se envolveram em acidentes de trânsito. Outros não. O Sr.(a) já esteve envolvido, como motorista, em algum acidente de trânsito? 198 1 ( ) Sim 2 ( ) Não Marque a opção 1 se o motorista já esteve envolvido em algum acidente de trânsito e a opção 2 se o motorista nunca se envolveu em acidente de trânsito. (Vide Acidentes de Trânsito no glossário) 14 – Quais das infrações de trânsito o Sr.(a) considera a mais grave? (Vide Infrações de Trânsito no glossário) Entregue o disco de opções ao motorista, pedindo a ele que escolha uma opção. Em seguida registre o número correspondente. Se o informante responder outras, marque a opção 8 e especifique na questão 14.1. 1 ( ) avançar sinal 5 ( ) realizar ultrapassagem perigosas 2 ( ) excesso de velocidade 6 ( ) parar fora do acostamento 3 ( ) dirigir alcoolizado 7 ( ) trafegar em veículo mal conservado 4 ( ) não usar equipamento de segurança 8 ( ) outras Atenção! Marcar uma única opção, caso o motorista cite mais de uma, registrar a mais importante para o entrevistado. 14.1 – Especifique outras: Registrar outra situação que o motorista considera infração de trânsito grave e não é contemplada no disco. Bloco 4 – Consumo de bebida / Legislação 15 – Quantas vezes, em média, por semana, o Sr.(a) costuma beber? 199 Marcar apenas uma opção de resposta. 1( ) diariamente 3( ) 3 a 4 dias 5( ) de 15 em 15 dias 2( ) 1 a 2 dias 4( ) 5 a 6 dias 6( ) 1 vez por mês 7( ) nenhuma 16 - Qual bebida alcoólica o Sr.(a) costuma beber e em qual quantidade num dia? (Vide Bebida alcoólica no glossário) No quadro identificar o tipo de bebida. Marcar com um “X”na frente do tipo de recipiente usado para colocar a bebida. Registrar o número da quantidade de bebida de acordo com o recipiente marcado Atenção: não colocar unidade de volume, mililitro ou litro. Deve-se usar, por exemplo: 1 copo, 1 taça, 1 dose. 17- O Sr.(a) ingeriu bebida alcoólica hoje? Marcar a opção 1 se o motorista ingeriu qualquer tipo e quantidade de bebida alcoólica no dia da entrevista, a opção 2 caso contrário. Marcar a opção 3 se o motorista não bebe de maneira nenhuma. Q18 – Segundo as leis brasileiras, qual o nível de álcool no sangue, em decigramas por litro, a partir do qual uma pessoa é considerada alcoolizada para dirigir? (Vide nível de álcool no sangue em glossário) Marcar a opção 1 se o motorista não conhece a lei de trânsito brasileira e a opção 2 se ele conhece ou tem uma noção do que a lei diz. Atenção! Se o motorista conhece a lei de trânsito, preencher a questão 18.1 registrando a quantidade de decigramas por litro. (Vide decigramas por litro em glossário) 18.1- Se sabe, qual? Registrar a quantidade de decigramas por litro que o motorista respondeu. 200 19 – Quando sai de um bar ou festa, e acredita que bebeu demais, que atitude adota? 1= dirige após tomar café 2=dirige, pois não considera que a bebida atrapalhe 3= dirige, porque considera que dirige melhor quando bebe 4= não dirige (pega um táxi, ônibus ou carona) 5= entrega o veículo a outra pessoa habilitada que tenha bebido menos ou não tenha bebido 6= dirige bem devagar 7= eu nunca bebo demais 8= não se aplica 9= outros Leia a questão e entregue o disco de opções ao motorista, pedindo a ele que escolha uma opção. Em seguida registre no número correspondente. Atenção! Marcar uma única opção, caso o motorista cite mais de uma, registrar a mais importante para ele. Se o informante responder “outras”, marque a opção 9 e especifique na questão 19.1 19.1 – Especifique outros: Registrar outra atitude que o motorista adota ao sair de um bar ou uma festa após beber demais. 20 – É a favor do uso de bafômetro com o objetivo de reduzir os acidentes de trânsito? 1 ( ) Sim 2 ( ) Não (Vide Bafômetro em glossário) 201 Marcar a opção 1 se o motorista é favor do uso de bafômetro e a opção 2 se o motorista não for a favor do uso de bafômetro. Atenção! Se o motorista não for a favor do bafômetro, registre a justificativa na questão 20.1 20.1 – Em caso negativo, justificar : Registrar a justificativa que o motorista deu para não ser contra o bafômetro. Bloco D – Somente para o entrevistador Q21- Como avalia o estado geral do entrevistado? Registrar o estado do motorista entrevistado. Para esta questão vale a percepção do entrevistador. (Vide como avaliar o estado do entrevistado em glossário) 1 ( ) normal 2 ( ) visivelmente embriagado 3 ( ) sob efeito de álcool, mas sem embriaguez 22 – Tipo de veículo: Marcar o tipo de veículo que o motorista entrevistado está conduzindo. (Vide tipo de veículo em glossário) 1 ( ) automóvel de passeio 2 ( ) motocicleta 3 ( ) utilitário 4 ( ) outros Atenção! Se o informante responder “outros”, marque a opção 4 e especifique na questão 22.1 22.1- Especifique outros: 202 Especificar outro tipo de automóvel que não é contemplado na questão 22 23 – Número de passageiros: Registrar o número de passageiro sem contar o motorista 24 – Uso de equipamento de segurança. Esta questão é para identificar se o motorista utiliza equipamento de segurança. Atenção! A questão 24.1 é para ser feita por motorista de automóvel de passeio ou utilitário. E a questão 24.2 é para ser feita ao motorista de motocicleta. 24.1- Cinto de segurança Marcar a opção 1 se o motorista faz uso de cinto de segurança e a opção 2 se não utiliza o cinto de segurança. Q24.2 – Capacete Marcar a opção 1 se o motorista faz uso do equipamento e opção 2 se não faz uso. Bloco E – Anotação do resultado dos testes dos bafômetros Q25 – Bafômetro ativo: Aceitou? 1( ) Sim 2( ) Não Marcar a opção 1 se o motorista aceitou usar o bafômetro e a opção 2 se o motorista não aceitou usar o bafômetro. 203 Atenção! A questão 25.1 é para o motorista que aceitou utilizar bafômetro.E a questão 25.2 é para preenchida caso o motorista não tenha aceitado usar o bafômetro. 25.1- Se sim, anotar o valor obtido: Registrar o valor identificado no bafômetro 25.2 – Se não, justificar : Justificar o motivo do motorista não querer utilizar o bafômetro. Assinatura do entrevistador: Registrar o nome do entrevistador com letra legível Observação: Anotar irregularidade, ocorridos no período da entrevista. Glossário Q8: Estado Civil: É a situação de uma pessoa em relação ao matrimônio ou à sociedade conjugal. • Casado: Todas as pessoas que celebram entre si o casamento civil • Solteiro: Todas as pessoas que ainda não contraíram núpcias com outrem, ou seja, não celebraram casamento • Viúvo: Todas as pessoas que viveram casadas e perderam seu cônjuge por falecimento, em determinado momento da vida conjugal • Separado: todas as pessoas que se casaram e se separaram pela via judicial e ainda não pleitearam o divórcio. • Amasiado: Pessoas que não se casaram, mas vive com outrem como no casamento. • Outros: Pessoas que aparecem em outra situação diferente das anteriores, como por exemplo divorciado. 204 Q9:Escolaridade • Analfabeto = Pessoa que nunca aprendeu a ler ou escrever. Considera-se também a pessoa que é só capaz de escrever o próprio nome. • Fundamental = Pessoa que está cursando, concluiu ou não a 1ª a 8ª série ou o antigo primeiro grau. • Médio= Pessoa que está cursando, concluiu ou não o ensino médio, ou antigo segundo grau. • Superior incompleto = Pessoa que está cursando graduação universitária ou ensino superior ou que não concluiu. • Superior completo= Pessoa que concluiu o último período de curso de graduação universitária ou ensino superior, ou pós-graduação, mestrado ou doutorado. Q10 – Emprego • Emprego formal = São pessoas empregadas com carteira de trabalho assinada, sócios e ou proprietários das empresas constituídas em sociedade e os funcionários públicos. • Emprego informal= São pessoas empregadas sem carteira de trabalho assinada. • Profissional liberal = É a pessoa física que presta serviços habitualmente por conta própria a uma ou a mais de uma pessoa, assumindo os riscos da sua atividade; não é subordinado, não tem patrão, não tem horário de trabalho fixo. • Desempregado = sem emprego; desocupado, sem remuneração • Estudante = Pessoa que aprende através de outra, ou pessoa que estuda; • Aposentado = Pessoa que deixou de trabalhar por falta de saúde ou por ter atingido o limite de idade. Q11 – Ocupação • Ocupação: É o trabalho ou negócio principal ou usual de uma pessoa. Exemplos: contabilidade, fotografia, estatística, medicina, engenharia, segurança, comércio .... 205 Q12- Renda familiar – em salários mínimos (SM) • Renda familiar: É o somatório da renda das pessoas que tem emprego remunerado na família. Q13 - Acidente de trânsito • Acidente de trânsito: Consiste numa colisão ocasionada por automóvel, podendo envolver outro(s) veículo(s), um poste, construções, árvores ou até mesmo atropelamentos, quando envolvem pessoas a pé ou em transportes "menores" (bicicleta, moto etc.), ou ainda atropelamento de animais. Também há acidentes em que o condutor perde o controle da direção e capota (não havendo qualquer contato do automóvel com qualquer obstáculo físico) Q14 – Infrações de trânsito • Infração de trânsito: É a inobservância a qualquer preceito da legislação de trânsito, às normas emanadas do Código de Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e a regulamentação estabelecida pelo órgão ou entidade executiva do trânsito. Q16 - Bebida alcoólica • Bebida alcoólica é toda a bebida que contenha álcool etílico ou etanol. Q18- Nível de álcool no sangue: • Quantidade concentrada de álcool presente no organismo por litro de sangue. • Decigramas por litro: unidade de medida de concentração de álcool no sangue. Q20- Bafômetro 206 • Bafômetro (ou Etilômetro) é um aparelho que permite determinar a concentração de bebida alcóolica em uma pessoa, analisando o ar exalado dos pulmões. É um equipamento utilizado por policiais para checar o nível de álcool etílico presente no sangue de motoristas. Alguns aparelhos são programados a apitar caso a quantidade de álcool no sangue ultrapasse o limite estabelecido em lei. Q21- Como avaliar o estado do entrevistado • Normal: Nenhuma perda na eficiência de dirigir. • Visivelmente embriagado: Vertigens, desequilíbrio, dificuldade na fala e distúrbios da sensação; incoordenação muscular. • sob efeito de álcool, mas sem embriaguez: Perda de eficiência, diminuição da atenção, julgamento e controle; instabilidade das emoções. Q22- Tipo de veículo: • Automóvel de passeio: Veículo de quatro rodas que transporta no máximo 5 pessoas. • Motocicleta: veículo de duas rodas com um motor que propicia sua movimentação e com baixo consumo de combustível • Utilitário: é um tipo de meio de transporte que serve para transporte de cargas ou pessoas, com finalidade comercial ou não. Por exemplo: Kombi. • Outros: outros tipos de veículos categorizados acima. 207 APÊNDICE E - Relatório de campo da pesquisa beber e dirigir no Estado de Minas Gerais. RELATÓRIO DE CAMPO IDENTIFICAÇÃO DO CAMPO: REGIONAL / CIDADE DATA: HOR. INÍCIO: HOR. TÉRMINO: COND. ATMOSFS.: AMOSTRA PREVISTA: AMOSTRA FINAL: EQUIPE: COORD. REGIONAL: APOIO: MOTORISTAS: ENTREVISTADORES: EQUIPE DA PM: DINÂMICA DE CAMPO: MEDIDAS EDUCATIVAS ADOTADAS: OCORRÊNCIAS EVENTOS ADVERSOS EM RELAÇÃO AO SUJEITO DA PESQUISA: EVENTOS QUE POSSAM PROVOCAR VIÉS NA PESQUISA: COORDENADOR: ___________________________________ ASS.: 208 APENDICE F – Capa dos artigos publicados 209 210 211 212