UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Arteterapia e Criatividade na EJA Lucineia Conceição de Souza Orientadora: Profa. Ms. Fátima Alves Rio de Janeiro 2012 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Arteterapia e Criatividade na EJA Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Arteterapia em Educação e Saúde Por: Lucineia Conceição de Souza AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pois sem Ele eu nada sou e a minha irmã Luciana pela troca de conhecimentos e amizade que muito me ajudou. DEDICATÓRIA Dedico esta monografia ao meu Marido, minhas filhas, minha mãe, minha irmã, os professores deste curso que muito contribuiu passando seus conhecimentos e aos meus amigos que estiveram presentes em todos os momentos e me deram muito incentivo e apoio para que este trabalho acontecesse. RESUMO Com o intuito de que a Arteterapia poderá estimular a criatividade, melhorando a autoestima dos alunos da EJA, esta monografia tem o objetivo de mostrar que os alunos da EJA passam por conflitos e dificuldades que causam a baixa autoestima, pelo fato de que eles sofrem pelo cansaço após o dia de trabalho, por incompreensão de alguns dos conteúdos aplicados na aula, pois por estarem muito tempo sem estudar já esqueceram muitas coisas e até mesmo por falta de tempo de estudar em casa e diversos outros fatores. Mostraremos que a Arteterapia e a Criatividade são importantes em todos os aspectos da vida do indivíduo e que a Arteterapia pode ser utilizada como facilitadora do processo de desenvolvimento e resgate da autoestima, utilizando recursos para isso. Não temos dúvida de que a criatividade é fundamental na vida do ser humano, mas é necessário que os alunos da EJA entendam isso e possam fazer de forma prazerosa mesmo com suas limitações e dificuldades, proporcionando bem estar e interesse pelas técnicas propostas. Essas técnicas se utilizarão de diferentes materiais que servirão como instrumento terapêutico, proporcionando um estímulo para melhor entender a si próprio, superar suas dificuldades e valorizar suas próprias criações. METODOLOGIA A metodologia utilizada para a realização do tema Arteterapia e Criatividade na EJA foi através de pesquisas bibliográficas e sites da internet. Definindo a Arteterapia como processo de ensino aprendizagem, a Arteterapia na transformação da autoestima, Criatividade e suas práticas criativas. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I - Arteterapia como Método de Ensino e Aprendizagem 11 CAPÍTULO II - Arteterapia na Transformação da Autoestima 22 CAPÍTULO III – Criatividade 31 CONCLUSÃO 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49 WEBGRAFIA 51 ÍNDICE 52 8 INTRODUÇÃO Desde o início da humanidade o homem a partir de suas necessidades se viu motivado a criar. Através dessas necessidades nos deixou obras de arte que nos servi de referências para o estudo da história da Arte. A arte está presente em nosso dia-a-dia na natureza, na religião, nos objetos criados pelo homem, etc e muitas vezes passamos muito tempo tentando entendê-la. É através dessa busca em entender a arte que nos situamos e nos conhecemos melhor. Através da arte comunicamos sentimentos, vivências, experiências e emoções que às vezes se tornam esquecidas e que não conseguimos expressá-la apenas com palavras. A Arteterapia vem possibilitar e facilitar essa compreensão que buscamos de nós mesmos. Sabendo que a Arteterapia é a terapia através da arte iniciaremos esta pesquisa, fazendo uma abordagem sobre a Arteterapia como método de ensino e aprendizagem, dando a oportunidade aos alunos da EJA de estarem em contato direto com a arte e através dela com seus efeitos terapêuticos e curativos. Proporcionando com isso um melhor desempenho nas aulas e o aumento da autoestima, promovendo o melhor conhecimento de si mesmo favorecendo o contato direto com suas criações e a busca de novas formas de se relacionar com o mundo, trazendo mais qualidade de vida no seu cotidiano e sabendo melhor lidar com os seus sentimentos, medos e frustrações. A arte é pouco valorizada na escola, até mesmo pelos próprios alunos, principalmente pelos alunos da EJA por acharem que já estão bem grandinhos e que arte é coisa de criança, por isso a importância da Arteterapia para o autoconhecimento e a abordagem do caráter terapêutico e educativo. 9 Falaremos da Arteterapia na transformação da autoestima, dando uma breve definição do que vem a ser autoestima já que esse assunto se faz tão necessário, pois sabemos que a autoestima é muito importante na vida do ser humano e que a falta dela pode causar conseqüências desastrosas, em alguns casos traumas que poderão ser arrastados pela vida inteira, fazendo com que a pessoa se sinta incapaz de realizar atividades por mais simples que ela seja, por isso a importância da Arteterapia, no resgate da autoestima, proporcionando condições para que esse indivíduo possa superar os desafios e saber melhor lidar com seus fracassos e erros. Logo após, daremos uma breve explicação sobre a criatividade, mostrando que o homem não cria simplesmente por que quer e sim porque precisa. Através de suas necessidades pode melhor realizar suas atividades diárias, que todo ser humano é criativo e o potencial criativo existe em cada um de nós basta desenvolvê-lo. A escola é um lugar propício a desenvolver a criatividade, pena que muitas vezes é desvalorizada esse processo de criação por falta de tempo, de profissionais dispostos e por falta de interesse dos próprios alunos. Mas devemos desenvolver e estimular nos alunos da EJA o interesse e a capacidade de criar dando oportunidade através da arte de expor suas ideias sem medo e acima de tudo valorizar as suas próprias criações, mostrando a importância e porque precisamos ser criativos. Finalizaremos com práticas criativas, através de técnicas expressivas favorecendo a livre expressão e o contato direto com os materiais e as técnicas propostas a serem utilizadas, sabendo como melhor lidar com os mesmos, esse processo de produção é muito importante por favorecer o crescimento e transformação de si mesmo. 10 Por isso a importância da Arteterapia que trabalha com o simbólico ordenando e dando significado as nossas vidas. Mostraremos aos alunos da EJA que ao lidarmos com os materiais e as técnicas propostas poderemos ter momentos de dificuldades, mas que com o passar do tempo essa dificuldade será superada. Tentaremos também mostrar neste trabalho que a Arteterapia pode e muito ajudar os alunos da EJA, estimulando a criatividade e melhorando sua autoestima. 11 CAPÍTULO I ARTETERAPIA COMO MÉTODO DE ENSINO E APRENDIZAGEM A arte sempre esteve existente na vida do homem desde os primórdios dos tempos e ela é utilizada por ele como forma de se expressar. Temos exemplo disso nas suas pinturas rupestres e também nas manifestações artísticas da Antiguidade como no Egito, na Grécia em Roma. Nos diversos momentos da história da humanidade a Arte já era usada como um caminho para fins teraupêuticos. As pinturas da pré-história nos fazem acreditar que a criatividade sempre esteve presente na vida do ser humano e que o homem a partir daí vem se aprimorando em suas criações e diferentes manifestações artísticas promovendo formas de se comunicar com o mundo, com outros e principalmente consigo mesmo. A Arte representa um importante veículo para a comunicação dos afetos que vão além da palavra ela expressa sentimentos e afetos. 1.1 - Arteterapia A arteterapia é a terapia através da arte, isto é, o emprego dos recursos artístico no auxílio terapêutico. Através da arteterapia o potencial de criação do homem é recuperado, proporcionando uma transformação interna e saudável da mente, buscando o equilíbrio das emoções, através da materialização das produções artísticas. “Assim pode-se considerar Arteterapia como um criativo território terapêutico, onde confluem distintos campos de conhecimento, e onde se pode gestar novas e livres formas de expressão as quais através 12 da Arte de cada um é possível contribuir para construir e reconstruir subjetividade...” (Philippini, 2000, p.15). Com isso o processo criativo e expressivo se coloca terapeuticamente como facilitador da reestruturação de si mesmo buscando soluções criativas para as situações da vida. É possível partindo de formas livres de expressão cada um construir e reconstruir sua subjetividade e singularidade enquanto humano, resgatando o desenvolvimento do potencial criativo, através de diversos materiais e técnicas expressivas. A arteterapia através desse processo criativo favorece o processo terapêutico, melhorando a vida das pessoas para que elas possam saber lidar melhor com os seus medos, seus fracassos e suas perdas. A experiência do trabalho com arteterapia proporciona a possibilidade de reconstrução e de integração de uma personalidade. Contribuindo como procedimento prático e apoiado em um referencial teórico de suporte, permite a aquisição da autonomia, como objetivo ou meta para a melhora da vida humana... (Urrutigaray-2011, 5ª ed.) A Arteterapia traz muitos benefícios para a melhora da vida humana, tornando a pessoa mais tranquila, com bom humor, equilíbrio emocional, aumento da autoestima, o autoconhecimento, a curiosidade, proporcionando com isso o aumento da criatividade. De acordo com o texto recentemente atualizado da American Association of Art Therapy (Associação Americana de Arteterapia): A arteterapia baseia-se na crença de que o processo criativo envolvido na atividade artística e terapêutica é enriquecedor da qualidade de vida das pessoas. Arteterapia é o uso terapêutico da atividade artística no contexto de uma relação profissional por pessoas que experienciam doenças, traumas ou dificuldades na vida, assim como por pessoas que buscam desenvolvimento pessoal. Por 13 meio do criar em arte e do refletir sobre os processos e trabalhos artísticos resultantes, pessoas podem ampliar o conhecimento de si e dos outros, aumentarem sua auto-estima, lidar melhor com sintomas, estresse e experiências traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos e emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico. Arteterapeutas são profissionais com treinamento tanto em arte como em terapia. Têm conhecimento sobre desenvolvimento humano, teorias psicológicas, práticas clínicas, tradições espirituais, multiculturais e artísticas e sobre o potencial curativo da arte. Utilizam a arte em tratamentos, avaliações e pesquisas, oferecendo consultoria a profissionais de áreas afins. Arteterapeutas trabalham com pessoas de todas as idades, indivíduos, casais, famílias, grupos e comunidades. Of’erecem seus serviços individualmente e como parte de equipes profissionais em contextos que incluem saúde mental, reabilitação, instituições médicas, legais, centros de recuperação, programas comunitários, escolas, instituições sociais, empresas, ateliês e prática privada (AATA, 2003 Em: <http://www.aarj.com.br>. Acesso em 05 de janeiro de 2012). Após a segunda Guerra Mundial alguns estudiosos começaram a perceber os benefícios terapêuticos que a arte proporcionava, então começaram a adotar o processo criativo como terapêutico para poder ajudar os indivíduos entender melhor os seus sentimentos. Essa técnica começou a tomar força no Brasil com Dr.Osório Cesar em São Paulo e Dr.Nise da Silveira no Rio de Janeiro. No Brasil, Arteterapia ganha destaque com o trabalho pioneiro de Nise da Silveira, que sempre preferiu a utilização do termo Emoção de Lidar, cunhada por um dos clientes freqüentadores das oficinas expressivas, onde tratamentos de reabilitação para pacientes esquizofrênicos eram realizados. Como grande admiradora de Jung, teme a nomenclatura de Arte na modalidade terapêutica, 14 pois para ela, assim como para Jung, as produções deveriam estar desprovidas de valor artístico, para não estarem submetidas a julgamentos pertinentes aos padrões estéticos presentes na arte como tal [...] (Urrutigaray 2011, p.26) Assim surgiu a arteterapia, o que era para ser utilizado com os esquizofrênicos e em tratamento de doença mental hoje vai além e se estende a crianças, jovens, gestantes, idosos, entre outros e nos diferentes lugares e instituições, abrangendo as diversas áreas de nossa sociedade, onde com a correria do dia-a-dia o indivíduo necessita de um encontro pessoal consigo mesmo, através da prática terapêutica por meio da arte. 1.2 - O Ensino de Arte na EJA A arte está em cada indivíduo, por isso ela faz parte da nossa vida e da nossa sociedade. A arte, como parte da atividade social, sofre as mudanças assim como a sociedade. Existem muitas reflexões e também questionamentos em relação à arte, não só aos que estão estritamente ligadas a ela, mas se estende a sociedade em geral. Mesmo que seja apenas para fazer a pergunta “Isso é arte?”. A necessidade de compreender a existência da arte ou como ela surgiu não se restringe somente aos historiadores e filósofos. A razão de a arte existir indica a necessidade que o indivíduo tem de se exprimir e transformar a sua ação em um produto artístico, que pode ser a mais variada de acordo com a sua criatividade. Esse produto artístico para existir precisa estritamente do seu produtor, nesse contexto a arte e o artista funcionam como um sinônimo. A origem de um é a origem do outro, ou seja, um não existe sem o outro. 15 É preciso retornar as origens da arte buscando as suas significações e os gestos que a iniciaram possibilitando de forma clara o seu entendimento. É comum nas diferentes sociedades observar os diversos produtos culturais produzidos por ela e entendê-los como pertencentes dessa sociedade e ao campo da arte sendo fruto da exclusão social e educacional. O aluno da EJA se diferencia por sua experiência de vida em contraposição a pouca escolaridade, a intenção da EJA é possibilitar ao educando instrumentos para exercer de forma participativa e crítica a cidadania, desenvolvendo capacidades para sentir, reconhecer e interpretar o mundo em sua volta, fazendo com que o que ele acha distante ou privilégios de alguns escolhido pode estar bem perto dos seus olhos. O distanciamento ao produto artístico pode fazer com que o individuo se torne inacessível a arte gerando uma grande dificuldade em compreendê-la. [...] O processo expressivo é, então, gerado pelo sentimento resultante de uma síntese emocional que, por sua vez, origina-se de estados tensionais, provocados por forças de ordem interna e externa: são relações entre o sujeito e as coisa, o subjetivo e o objetivo, o ser sensível e o símbolo. A elaboração de obras artísticas depende, portanto, de um saber formar, ou transformar intencional a partir de materiais e por meio da elaboração de representações expressivas. (Fusari e Ferraz, 2001). Entender a arte é entender o mundo em que vive, e este é fundamental para a formação de uma consciência sensível às diversas manifestações artísticas. Compreender o significado das linguagens artísticas é uma forma de se integrar à sociedade. Por isso a importância da aproximação do aluno com o universo da arte, facilitando o processo que visa o desenvolvimento do próprio aluno, mas isso é feito com cautela, preparando o educando para a compreensão deste 16 significado. Não adianta mudar suas atitudes, impondo rótulos e regras. Na medida em que o educando toma conhecimento das modificações ocorridas, ele entende a necessidade e importância desta formação cultural para a vida cotidiana. 1.2.1 - Conhecendo um pouco do Ensino de Arte Como já sabemos o homem desde os primórdios dos tempos se manifesta artisticamente. A Arte será sempre a grande linguagem natural em que homem tem para realizar, espontaneamente, sua natureza criativa. É através desta Linguagem que ele busca a expressão e a comunicação de sua realidade e dos seus principais valores de vida. Nessa busca o seu primeiro objetivo é uma interpretação mais completa da vida em sua plenitude. O homem cada vez mais vem querendo essa plenitude e para essa plenitude acontecer ele tem que ir além, trilhar caminhos longos, errar para chegar ao acerto. É nesses valores que a arte vem atuar na educação para promover o desenvolvimento de um cidadão criativo, capaz de adaptar-se a diversas situações culturais, sociais, históricas, ambientais, emocionais e principalmente profissionais, visto que a educação tem também a preocupação profissional. Situando-o no tempo e no espaço, para perceber o valor da sua identidade individual e coletiva para assim se relacionar melhor com o meio e descobrir seu valor na sociedade. A Educação através da arte é, na verdade, um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo, total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático. Valorizando no ser humano os aspectos intelectuais, morais e estéticos, procura despertar sua consciência individual, harmonizada ao grupo social ao qual pertence. (Fusari e Ferraz, 2001). 17 A aprendizagem e o ensino da Arte sempre existiram e foi transformando, ao longo da historia de acordo com os e valores e normas estabelecidas, em diferentes ambientes culturais. A área que trata da educação escolar em Arte tem um percurso bem recente. Houve uma mudança radical em relação à educação tradicional, o ensino era apenas centrado na transmissão de conteúdos e isso aconteceu também na educação em Arte. Segundo os parâmetros curriculares nacionais, ”Entre os anos 20 e 70, as escolas brasileiras viveram outras experiências no âmbito do ensino e aprendizagem de arte, fortemente sustentadas pela estética modernista e com base na tendência escolanovista. O ensino de Arte volta-se para o desenvolvimento natural da criança, centrado no respeito às suas necessidades e aspirações, valorizando suas formas de expressão e de compreensão de mundo. As práticas pedagógicas, que eram diretivas, com ênfase na repetição de modelos e no professor, são redimensionadas, deslocando-se a ênfase para os processos de desenvolvimento do aluno e sua criação”. (PCN, 2001 p.26). O ensino de Arte passa assumir um valor mais expressivo, passando então a valorizar o crescimento e a autonomia do aluno. A Arte-educação no currículo escolar é uma grande aliada para o avanço educacional. Pois através de sua diversidade e conhecimento em diversas áreas se torna um grande meio de comunicação. Nos princípios da educação básica, no capitulo II da nova LDB, constam na Seção I do artigo 26. 18 § 2º O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. 1.2.2 - Conhecendo um pouco a EJA Os Jesuítas no período colonial, já realizavam ações educativas em adultos, porém não existe registro disso e somente a partir do período do império é que encontramos informações sobre esse tipo de atuação. A partir da independência no Brasil, no século XX, a primeira constituição brasileira, em 1824 se previa a educação básica para todos, mas isso não aconteceu, pois não era essencial saber ler e escrever para a vida social e somente quem possuía a cidadania, que eram poucos tinha direito a educação. Com isso ficou reservado apenas às elites esse direito. Com o passar do tempo isso foi mudando as leis foram sendo sancionadas e conquistarmos o que temos hoje e que ainda pode melhorar bastante. Em 20 de Dezembro de 1996 foi sancionada uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei 9.394 96. Os princípios da educação básica, no capitulo II da nova LDB, constam na Seção V dois artigos relacionados à Educação de Jovens e Adultos: Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. 19 § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos; II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos. § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames. Conforme a LDB, que nos é bem clara, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é oferecida no nível fundamental e médio, com uma pedagogia inovadora. Dando condições para que a aprendizagem dos conteúdos esteja ligada com a realidade do aluno, tendo como característica uma proposta pedagógica que considera as diferenças individuais e os conhecimentos adquiridos a partir da vivência do aluno, suas capacidades adquiridas ao longo da vida e seu ritmo próprio. 1.3 - O caráter terapêutico e educativo da Arteterapia A prática da arteterapia não se restringe apenas a função clinica e psicoterápica. Temos também a área educacional para a sua atuação. Se a arteterapia nos faz conhecer a quem somos, por que não possibilitar ao educando esse conhecer-se a si mesmo e ao outro através do processo expressivo e criativo que lhe pode ser proposto na instituição de ensino através da arte? O sistema educativo deve expandir o desenvolvimento simbólico dando origem ao desabrochar do imaginário a partir da idéia de ser a origem do 20 pensamento, através de praticas expressivas possibilitando a integração do aprendizado de conhecimentos da cultura humana com o aprendizado emocional. O trabalho com arteterapia no âmbito escolar proporciona a possibilidade de integração e reconstrução da personalidade, com o objetivo de qualidade de vida e bem estar, podendo ajudar o aluno em diversas áreas do conhecimento sabendo melhor resolver seus problemas e ajudar achar as melhores soluções. A conquista da autonomia, como autoria de pensamentos e ações, implica processos pedagógicos que estimulem o aprender a aprender. Torna-se produtivo e criativo, como resultado desta aprendizagem, demanda ações educativas transcendentes ao simples movimento de processar informações, ou o de relembrar situações guardadas na memória. Ser criativo implica elaborar, construir novas estratégias diante de situações desconhecidas, desafiar o receio ante o diferente, possibilitar e efetuar modernizações nas relações estabelecidas entre sujeito e ambiente. (Urrutigaray, 2011 5ª Ed. P.42-43). O trabalho de atividades plásticas e artísticas vai possibilitando o educando a experimentar novas sensações e sentimentos, permitindo a comunicação e expressão de conflitos, materializando o que está em nosso inconsciente. Então o mundo da arte se insere na materialização de imagens mentais, através do uso de materiais plásticos atuando de forma terapêutica. A área educacional está muito ligada ao externo, na preparação de um cidadão pronto para ingressar no mercado de trabalho e um cumpridor das leis. Mas e a pessoa com seus conflitos, medos, desejos e vontades? Como que fica diante de tanta cobrança com o externo? Fala-se muito no humano e social, mas trabalha-se mais no social que no humano. Debate-se diariamente 21 nas escolas sobre a violência, morte, fome, destruição e esquece-se de cultivar e promover a afetividade e a sensibilidade da pessoa. Sabemos que os alunos da EJA têm uma enorme bagagem de vivência e conhecimento de mundo, mas eles também necessitam de um encontro de si mesmo. Para isso eles devem ser estimulados e a arteterapia na educação de jovens e adultos vem dá esse estímulo, através de um processo de construção do individuo de uma forma suave e prazerosa, buscando uma auto-realização. Como instrumento educativo, a Arteterapia, pela essência de sua ação tanto no âmbito psicopedagógico, já que oferece uma interação entre arte e cognição, quanto no contexto de ressignificações de atitudes pessoais. Em ambas as situações, aprendizagem encontra-se presente, pois, nela, podem ser vislumbranda, como condição dada pela arte , a objetivação de algo que toma as ações possíveis de introspecção e reflexão, oferecendo elementos para o crescimento e o desenvolvimento, ou seja, mobilizando a construção pessoal a partir da utilização de técnicas especificas da Arteterapia, temos a aprendizagem como resultado desse processo, seja na educação sistematizada, pela formalidade e diretriz presente na instituição escolar, ou em outros eventos modeladores de comportamento. (Urrutigaray, 2011. P.44). A arteterapia e a educação podem caminhar juntas, buscando a formação de cidadãos mais conscientes, criativos e felizes. Uma pessoa feliz consigo mesma e realizada em suas atividades, pode ser uma pessoa melhor em todos os sentidos. 22 CAPÍTULO II ARTETERAPIA NA TRANSFORMAÇÃO DA AUTOESTIMA A Auto-Estima é uma questão candente em nosso mundo moderno, onde a profusão de informações novas a cada momento, a intensa competitividade e a ênfase no sucesso solapa a nossa crença em nossa capacidade pessoal de resolvermos as situações de vida. ( <http://www.portalcmc.com.br/aut_artest10.htm>.) 2.1 A importância da autoestima para o indivíduo Muitas pesquisas foram e ainda são feitas hoje em dia sobre a Autoestima, pois a autoestima é fundamental na vida do indivíduo. Branden “Vê a como a saúde da mente e uma necessidade humana e Fundamental, pois o ser humano sem autoestima não pode realizar o seu potencial” Autoestima é a vivência de sermos apropriados à vida e às exigências que ela coloca. Mais especificamente autoestima é... 1- A confiança em nossa capacidade de pensar e enfrentar os desafios básicos da vida. 2- A confiança em nosso direito de ser feliz, a sensação de que temos valor, de que somos merecedores, de que temos o direito de expressar nossas necessidades e desejos de desfrutar os resultados de nossos esforços. (in Golinelli–Arteterapia: Imagens da Transformação nº 10 - volume 10 – 2003 - Pomar). O indivíduo deve ter essa confiança dentro de si e se valorizar sabendo que é capaz de enfrentar desafios que nos são postos no decorrer de nossa 23 vida. Para isso acontecer o indivíduo deve estar com a autoestima em alta e quanto maior melhor. Rocha em seu livro Brincando com a Criatividade, ressalta que Branden (1997) em seus estudos determina a sustentação da autoestima por seis pilares, são eles: Primeiro Pilar – A prática de viver conscientemente: Ter consciência das nossas necessidades, dos nossos objetivos, assumi-los e priorizá-los. (...) viver conscientemente significa querer estar ciente de tudo que diz respeito a nossas ações, nossos propósitos, valores e objetivos - ao máximo de nossa capacidade, qualquer que seja ela - e comportar-nos de acordo com aquilo que vemos e conhecemos. ( Branden,1997 ) Segundo Pilar – A autoaceitação: Ter consciência dos nossos pontos negativos, não só os positivos. Não posso mudar e melhorar o que desconheço. Terceiro Pilar responsabilidadede – A prática resolver da autoresponsabilidade: nossos próprios problemas, não Ter a criar a expectativa de ser salvo por alguém. Quarto Pilar – A prática da autoafirmação: Sustenta a autoestima como é a manifestação da mesma. Quinto Pilar – A atitude de viver intencionalmente: corresponde a autoresponsabilidade. Caracteriza ter controle da própria vida, tomar atitudes quando e se necessário. 24 Sexto Pilar – A prática da integridade pessoal: Traduz a integração das ideias das convicções, das crenças e do comportamento. A quebra da integridade fere a autoestima, e só a prática da integridade poderá curá-la. A partir desses seis pilares a pessoa poderá viver melhor e enfrentar os desafios diários. Como facilitadora do autoconhecimento a Arteterapia, faria com que o individuo, materializando conflitos, nas diversas modalidades da expressão artística, se despojasse do que o oprime e perturba, permitindo que desenvolva uma maior aceitação de si mesmo, uma autoresponsabilidade e autoafirmação, um viver intencionalmente e com integridade. Trazendo a possibilidades, consciência a de Arteterapia limitações desenvolve e um autoconceito positivo, um respeito próprio, uma valorização pessoal, que é de suma importância para o desenvolvimento e comportamento do individuo. (in Golinelli – Arteterapia: Imagens da Transformação nº 10 - volume 10 – 2003 - Pomar). 2.1.1 - Autoestima Alta Sabe-se que para ter uma vida saudável é preciso possuir uma boa autoestima, mas para isso é deve-se estar bem consigo mesma, valorizar seu potencial, gostar de si mesmo e aceitar suas limitações. 25 Uma pessoa com a autoestima elevada se aceita e se valoriza e não tem medo de errar e nem de assumir o seu erro perante a sociedade. Uma pessoa que tem autoestima alta confia na sua capacidade de realizar sem medo seus desafios. É uma pessoa que transmite amor aos outros e visivelmente podemos notar que é uma pessoa feliz. Características das pessoas com alta auto-estima (Campos e Muños, 1992): • Sabem que podem fazer bem as coisas e que podem melhorar. • Se sentem bem consigo mesmo. • Expressa sua opinião. • Não temem falar com outras pessoas. • Sabem identificar e expressar suas emoções a outras pessoas. • Participam das atividades que se desenvolvem em seu centro de estudos ou trabalho. • Valorizam-se por si mesmas nas situações da vida, implica em dar e pedir apoio. • Gostam dos desafios e não os temem. • Tem consideração pelos outros, sentimento de ajuda e estão dispostos a colaborar com as demais pessoas. • São criativas e originais, inventam coisas, se interessam por realizar tarefas desconhecidas, aprendem atividades novas. • Lutam para alcançar o que querem. • Desfrutam as coisas divertidas da vida, tanto da própria como das demais. 26 • Aventuram-se em novas atividades. • São organizados em suas atividades. • Perguntam quando não sabem de algo. • Defende sua posição diante os demais. • Reconhece quando se equivocam. • Não se incomodam que digam suas qualidades, mas não gosta que os adulem. • Conhece suas qualidades e tratam de sobrepor a seus defeitos. • São responsáveis de suas ações. • São lideres naturais. (<http://www.portalcursos.com>) A pessoa que tem autoestima alta está sempre de bem com a vida e aceita e aproveita tudo que ela lhe proporciona. Costumam ter menos emoções agressivas e dificilmente terá depressão. É uma pessoa que só tem pensamentos positivos e reconhece seu próprio valor. 2.1.2 – Autoestima Baixa As pessoas ultimamente andam com a autoestima baixa e isso é um problema sério. Isso pode ocorrer por diversos fatores como, por exemplo, as atividades diárias, a cobrança da perfeição em nosso cotidiano, a competitividade no mercado de trabalho, enfim o estresse do dia a dia. Por que temos que nos cobrar tanto? A baixa Autoestima causa alguns transtornos como o déficit de atenção, dificuldade de aprendizagem, hiperatividade, bulimia nervosa e etc. Somos 27 cobrados o tempo todo e queremos fazer e dar o melhor de nós, mas para sermos pessoas que cumprem suas obrigações não precisamos ser perfeitos, pois pode nos levar a uma autoestima baixa e essa cobrança passa a ser uma cobrança de nós mesmos, nos deixando doentes. Características das pessoas com baixa auto-estima (Campos y Muñoz 1992). • São indecisos, tem dificuldade de tomar decisões, tem medo exagerado de equivocar-se. Só tomam uma decisão quando tem segurança 100% que obterão os resultados. • Pensam que não podem; que não sabem nada. • Não valorizam seus talentos. Vêem seus talentos pequenos, e os dos outros os vêem grandes. • Tem medo ao novo e evitam os riscos. • São muitos ansiosos e nervosos, o que os leva a fugir de situações que lhe dão angustia e temor. • São muitos passivos, evitam tomar a iniciativa. • São isolados e quase não tem amigos. • Não gostam de compartilhar com outras pessoas. • Evitam participar das atividades que se realizam em seu centro de estudos ou em seu trabalho. • Temem falar com outras pessoas. • Dependem muito de outras pessoas para fazer suas tarefas ou realizar qualquer atividade. • Dá-se por vencidas antes de realizar qualquer atividade. • Não estão satisfeitas consigo mesmo, pensam que não fazem nada bem. 28 • Não conhecem suas emoções, pelo que não podem expressá-las. • Devido a que não tem valor, lhe custa aceitar que as critiquem. • Custam a reconhecer quando se equivocam. • Manejam muito sentimento de culpa quando algo sai mal. • Nos resultados negativos buscam culpáveis em outros. • Crêem que são os feios. • Crêem que são ignorantes. • Alegram-se diante os erros dos outros. • Não se preocupam com o estado de sua saúde. • São pessimistas, crêem que tudo lhe sairá mal. • Busca lidere para fazer as coisas. • Crêem que são pessoas pouco interessantes. • Crêem que causam má impressão aos demais. • Custam obter suas metas. • Não gostam de esforçar-se. • Sente que não controla sua vida. (<http://www.portalcursos.com>) Uma pessoa com baixa autoestima não tem uma estrutura emocional sólida e isso origina o pessimismo e a negatividade. Não tem energia para enfrentar os desafios do dia-a-dia e assim sua qualidade de vida se torna pior e sem realizações tanto pessoais quanto profissionais. Acha que não é merecedora de ser feliz, de ter um emprego melhor, etc e o que tem, já é o bastante para o que ela merece. 29 2.2 – Desenvolvimento da autoestima nos alunos da EJA Estamos em uma época em que o mundo de forma geral é competitivo. E isso gera uma cobrança em ser melhor. Isso para o individuo é bom e ao mesmo tempo ruim. É bom, pois somos cobrados todo momento e temos que melhorar e avançar sempre. É ruim, pois a pessoa tem um grande medo de errar e ser cobrado o pior é que na maioria das vezes essa cobrança é de si mesmo. A autoestima deve ser desenvolvida nos alunos da EJA, pois muitos deles se sentem incapaz de exercer as atividades ou não fazem por medo de errar. A baixa autoestima gera fobias que acarreta uma série de problemas na vida do indivíduo. A autoestima baixa é revelada em uma pessoa que não expressa os seus sentimentos e tenta ocultar suas emoções para os outros, mas acaba mentindo para si próprio. O aluno da EJA muitas vezes chega à escola retraído, falando pouco, enfim bem reservado. Ele precisa primeiramente se sentir a vontade e seguro para expressar seus sentimentos e a arteterapia pode lhe proporcionar isso, já que a arteterapia trabalha com imagens do inconsciente materializando essa imagem e trazendo para o consciente. O motivo na qual leva uma pessoa a ocultar suas emoções, são os mais variados, em alguns casos são adquiridos ainda na infância, mas o mais importante é fazer com que o aluno da EJA supere as suas dificuldades e libere suas emoções. 30 O ser humano necessita construir as possibilidades de seu futuro em qualquer período de sua vida, fazendo um projeto de vida e isso é essencial para direcionar seus esforços e estabelecer aonde quer chegar, esse projeto tem a função de organizar o seu mundo exterior e acima de tudo o interior. Quando não se tem um projeto de vida o indivíduo se torna triste e amargurado, sentindo medo e incertezas de sucessos do futuro. O Arteterapeuta deve incentivar o aluno da EJA a recomeçar com força total e lutar pelos seus objetivos, mesmo encontrando obstáculos ele é capaz de vencer, que isso depende de sua força de vontade de querer mudar de vida e que nunca é tarde para isso. Mostrar ao aluno que quanto mais verdadeiro ele for com ele mesmo melhor será o conceito que ele terá de si próprio, reconhecendo suas qualidades, capacidades e habilidades, que é importante e faz a diferença no mundo. Somente assim poderá aumentar e desenvolver sua autoestima. 31 CAPÍTULO III CRIATIVIDADE A palavra criatividade tem sua origem etimológica na palavra criar, derivada do Latim, que significa fazer, produzir, criar. “Criar é basicamente, formar. É poder dar uma forma a algo novo. Em qualquer que seja o campo de atividade, trata-se nesse ‘novo’ de novas coerências que se estabelecem para a mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e compreendidos em termos novos. O ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender; e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar”. (Ostrower, 1987) Criar é ter novas ideias, produções, criações. É fazer algo novo, que jamais foi pensado, é enxergar além, ser diferente, ver novas possibilidades. Criar é um talento existente dentro de cada um, mas muitos ainda não descobriram suas possibilidades de inovar, seu verdadeiro talento. Muitas pessoas não sabem que tem um potencial criativo, pois não se acham criativas. A criatividade é um potencial existente em todos os indivíduos. Portanto todo ser humano é criativo, uns mais outros menos. A criatividade deve ser trabalhada, estimulada e desenvolvida. A pessoa criativa não tem medo do novo, de revelar suas habilidades criativas. 3.1 Porque precisamos ser criativos 32 As pessoas assim como o mundo devem estar em constante transformação. Precisamos e necessitamos criar sempre. Precisamos despertar algo novo nas pessoas a cada dia. Quando criamos despertamos a curiosidade, o interesse. A criatividade deve ser estimulada desde a infância. A criança que aprende a ser criativa e tem suas iniciativas elogiadas e incentivadas pelos pais tem grandes chances de se tornar um adulto altamente criativo, que resolve os seus problemas com facilidade, que enxerga nova saídas, tende a ser ousado e propenso a agir de forma inovadora. Vivemos em um mundo evoluído e competitivo, portanto para alcançar essa evolução devemos ser criativos e inovar sempre. Para termos a oportunidade de melhorarmos o mundo precisamos ser criativos e facilitar nossa vida com grandes invenções. A criatividade é um dom natural e exclusivo do ser humano e deve ser percebida como uma força crescente que, ao ser acionada, se reabastece nos seus próprios processos por meio dos quais se realiza. Ela nasce de uma tensão interna, de uma energia criativa que precisa ser elaborada, extravasada e ordenada para ser renovada. É uma circularidade, é um processo continuo de interação que ratifica a condição humana, congregando suas emoções, seu espírito, sua intuição e seu intelecto. (Simon,D. in Philippini,2008 ) Para que a criatividade ocorra precisamos estar abertos as novas possibilidades, a aceitar nossos erros e a criarmos com eles. O homem elabora seu potencial criador através do trabalho. É uma experiência vital. Nela o homem encontra sua humanidade ao realizar tarefas essenciais à vida humana e essencialmente humanas. A criação se desdobra no trabalho 33 porquanto este trás em si a necessidade que gera as possíveis soluções criativas. (Ostrower,1987) 3.1.1 Característica da personalidade criativa A personalidade criativa de cada indivíduo vai depender do estilo de vida e do seu contexto social. Rocha em seu livro Brincando com a Criatividade nos fala que são muitos os questionamentos na tentativa de identificar a pessoa criativa e que autores diversos nos fornecem esses resultados. Vamos ver o que nos fala dois desses autores. Maslow (1968) & Machinnon (1978) Habilidade para expressar emoções; Habilidades para realizar suas fantasias, inspirações; Habilidade de correr riscos/coragem; Não conformistas\individualista; Dificuldade em submeterem-se a regras rígidas, aos horários; Receptivas a pensamentos que a sociedade considera anormais ou excêntricos; Automotivados; Persistentes/qualidade indestrutível; Habilidade para abordar um problema por uma variedade de pontos de vista; Gostam de fazer as coisas de maneiras diferentes; Curiosos; Aventureiros; Envolvidos apaixonadamente em seu projeto; Senso de destino criativo – acreditam que têm de fazer alguma coisa; Inovadores; um sentido de missão; Impulsivos; Habilidade de acessar regiões mais profundas do inconsciente; Habilidade de sentir imensamente; 34 Tentar usar o tempo produtivamente – valorizam cada momento; Geralmente otimistas e abertos a novas ideias; Extremamente sensitivos; Habilidade para perceber interconexões entre novas ideias; Criar novos modelos; Ingênuos; Capacidade para gerar um grande número de ideias a partir de um dado problema ou situação; Habilidade para ir além da essência de algo, vendo além de todas as abstrações intelectuais; Habilidade de ultrapassar fronteiras do pensamento tradicional para alargar e quebrar fronteiras; Perceptivas às necessidades do futuro, habilidade de pensar globalmente; Abertos a novas experiências; Idealistas em vez de práticos; Amplitude de interesses; Não aceitam comportamento sexual estereotipado; Usam o humor como meio de expressar ideias; Habilidade de pensar simbolicamente e expressar o self interior; Habilidade de expandir a estimulação sensorial: visual, tátil, olfativa, sinestésica, gustativa e auditiva; Habilidade de apreciar a solidão; Habilidade de pensar metaforicamente. (Maslow,1968 & Machinnon,1978 in Rocha, 2009) Essas são algumas características da personalidade criativa que todo o individuo pode ter basta que seja estimulada. Pois, todos nós temos a capacidade criativa em diferentes graus; por isso uns são mais criativos e outros menos. 3.2 Criatividade no cotidiano Escolar 35 A escola é muito importante para a independência da criança. A escola deve favorecer o potencial criativo, acreditando que criar é não estar preso a ideias preconcebidas, repetitivas. É não manter o aluno em um estado mecanizado de pensar e fazer. É desenvolver sua originalidade na busca para compreender mais este indivíduo único. Rocha nos fala em seu livro Brincando com a criatividade como é e como tornar a escola criativa. A escola criativa deve proporcionar um clima confiável e facilitador do desenvolvimento de potenciais criativos, que terminará uma autoconsciência do processo vivenciado, do produto e dos potenciais próprios do aluno. A escola criativa ensina a criança a brincar com seus pensamentos e as suas próprias ideias. Para desenvolver a criatividade de nossos alunos, devemos dotar o aluno da capacidade de criar, transformar, produzir, gerar novos conhecimentos, novos produtos. Na escola criativa, a ênfase sai da reprodução para a produção de conhecimentos, não tem como objetivo a simples memorização, mas sim o uso da imaginação, do entendimento e da compreensão de fatos e situações. Para que o individuo expresse a sua criatividade, é necessário que ele possua uma necessidade/motivo/desejo, meios que possibilitem/proporcionem a oportunidade. Se tiver como objetivo estimular o desenvolvimento da criatividade na escola, na sala de aula, aí vão algumas dicas: Crie um projeto para tornar as suas aulas mais criativas, lúdicas, que consequentemente, promova a criatividade de seus alunos por meio das técnicas expressivas e criativas,dos jogos, das 36 dinâmicas, das vivencias, da arte. É primordial que você esteja apaixonada pela idéia. Promova a autodescoberta, autoconhecimento, a aumentando, autodefinição, o assim o autoconceito, indispensáveis no processo de identidade e fortalecimento da autoestima. Fuja do óbvio, da mesmice, inove, quebre barreiras, gere idéias fluidamente, sem julgar. Observe e promova a observação da realidade e os acontecimentos sobre outros ângulos. Promova o aprendizado com eventuais erros. Incentive, valorize e dê suporte às idéias originais e inovadoras de seus alunos. Respeite as individualidades, aceite e concilie os opostos. Estimule as ações ousadas, de desafio, trabalhe a imaginação, a liberdade criativa. Promova a colaboração, o companheirismo, à troca de afeto. Permita o acesso às diferentes informações, incentive a busca de várias possibilidades para uma mesma questão, trabalhe com as diferentes visões, perspectivas, não estabeleça verdades absolutas. Crie condições favoráveis ao desenvolvimento de uma relação de equilíbrio entre o pensamento convergente ou lógico e o pensamento divergente ou intuitivo, eles se complementam e são a base do pensamento criativo. Valorize os alunos questionadores, independentes, com espírito de busca, curiosos, intuitivos, que querem sempre ir além. Esses comportamentos caracterizam um indivíduo criativo. Pergunte diretamente aos seus alunos o que eles necessitam para desempenhar melhor aas suas atividades; o que eles pensam sobre a criatividade; como imaginam um ambiente criativo. Depois estruture a sua forma de atuar, busque a sua 37 verdade e a dos seus alunos, trabalhe de acordo com o seu grupo e as necessidades deles. (Rocha, 2009, pág.112-114) Para compreender melhor esse indivíduo único que somos, a escola é um lugar propício de desenvolver no aluno a sua originalidade, o desafio, a busca de conhecimento procurando de maneira clara traduzir o próprio pensamento. É preciso, pôr em prática nova forma de adaptação, pelo fato de vivermos num ambiente onde as informações são de formas codificadas. O ser humano deve construir novos códigos para melhor se comunicar com o mundo contemporâneo. 3.3 Processo Criativo na EJA É importante o processo de desenvolvimento da criatividade na EJA, pois recebemos na maioria alunos fora da idade regular que pararam de estudar e depois de muitos anos, resolveram voltar. Esses alunos sentem a necessidade por parte dele e até mesmo da sociedade que os estudos fazem falta, com isso ficou uma lacuna muito grande entre a época em que pararam e o mundo atual. Existem ainda aqueles que não tiveram contato se quer com qualquer tipo de aprendizado, passando uma boa parte de sua vida só trabalhando ou cuidando dos filhos que nem perceberam e acompanharam as mudanças atuais. Os alunos da EJA, chegam com muita insegurança e a primeira coisa que falam é que não sabem desenhar como se desenhar fosse o mais importante e com isso acabam se censurando e se criticando ao realizar qualquer tipo de atividade, tanto na área das Artes ou em qualquer outra área. 38 Os alunos chegam meios perdidos e limitados, sem perspectivas de mudanças, sem muita noção do que está acontecendo no mundo e sofridos pela vida. Por isso a importância de desenvolver no aluno da EJA processo de criação, pois é através de diversos exercícios criativos que ele vai despertando o interesse e habilidades de “criar”. Devemos mostrar ao aluno que todos nós temos capacidades para criar e que não importa o que os outros vão pensar do seu trabalho, o segredo é criar sempre; é observar tudo ao seu redor; é estar atento a tudo e a todos; é descobrir que em algo mais simples pode-se criar coisas lindíssimas e sofisticadas. Os alunos da EJA querem recuperar o tempo perdido e com isso coloca toda sua confiança no professor e funcionários da escola. Ao proporcionarmos atividades em que ele pode criar livremente sem medo e sem cobranças, isso lhes causam um bem estar incrível de satisfação e alegria. Podemos sentir essa satisfação e alegria em seus olhos. Isso nos causa também uma grande alegria. A nós cabe fornecer a esses alunos os elementos básicos para estimular a criatividade, para que possam seguir em frente, conseguindo inseri-los nesse mundo atual e fazer com que eles entendam que são capazes de realizar alguma ideia nova e soluções adequadas para os principais problemas que por ventura lhes aparecerão. 3.3.1 Os sete pilares da criatividade Kohl e Gainer (2002) fazem as seguintes citações sobre o que chamam de pilares da criatividade, no livro “Fazendo Arte com as Coisas da Terra”: 39 1º Pilar: Autoconfiança – Respeite as idéias e os esforços do aluno. Deixe que ele sinta o gosto de ter realizado algo, proporcionando-lhe tempo e espaço para usar sua criatividade. Ele precisa de movimentos livres para trabalhar suas idéias e soltar a imaginação. 2º Pilar: Permitir demonstrações de individualidade – Diga ao aluno que não está errado ela querer dançar em um compasso diferente. É bom que tente romper com a trivialidade, com o lugar comum. 3º Pilar: Explorar e pensar – Estimule o aluno à pensar em todos os aspectos e as possibilidades do projeto, mas, antes, deixe que ela explore e experimente, sem receber críticas. Depois de testar à vontade - com materiais e idéias – o projeto que ela tem em mente: ela e seu plano de ação iro ajustarse. 4º Pilar: Participar – Pôr o aluno em contato com novas experiências e atividades, e eventos culturais ou jogos, estimula sua imaginação originalidade. Providencie materiais para o aluno explorar, sem que haja um objetivo determinado. 5º Pilar: Respeitar – O aluno deve ser estimulado a respeitar suas próprias ideias e as ideias das pessoas que a cercam, para que outras propostas possam surgir. Ficar vigiando um aluno, provocar competição ou restringir escolhas pode provocar-lhe inibição. 6º Pilar: Dar liberdade à imaginação – Deixe o aluno dar asas à imaginação, sem receios de críticas ou controle. As pessoas criticadas, quando soltam à imaginação, bloqueiam a criatividade. Trate a imaginação como algo positivo e divertido. 40 7º Pilar: Pensar e inovar – Encoraje o aluno a encontrar novos caminhos, a inovar, experimentar e explorar... E até errar! Aprender com erros, em plena atividade, é a melhor experiência que uma criança pode ter. A cada dia, novas descobertas irão surgir! Com tudo isso o aluno muda a imagem que tem de que a escola é um lugar onde se ficava só ouvindo o que o professor dissesse e seguindo a maneira que o professor quisesse, não podendo dar a sua opinião ou sugestão sobre qualquer assunto. O aluno hoje pode expor suas idéias e participar melhor das atividades a ele proposta com mais segurança e com certeza aprendendo bem mais. Em um mundo onde padrões e estilo de vida transformam-se rapidamente, temos a obrigação de mantê-los atualizados e deixar fluir sua criatividade, incentivando seus talentos e tentando criar com isso um ser humano capaz de enfrentar mudanças e também capaz de improvisar. 3.4 – Praticando a Criatividade A criatividade deve ser praticada e desenvolvida, não importa em que fase da vida do indivíduo. Ela deve fazer parte do seu dia a dia. O ser humano deve praticar a criatividade, pois enquanto mais ele cria, mais vontade e necessidade ele terá de criar. Ser criativo é desenvolver estratégias novas, não tendo medo de se deparar com o diferente, evoluindo com o tempo presente, possibilitando e efetuando modernizações. Para um melhor resultado no trabalho de criatividade um relaxamento antes de iniciar a atividade, sugere-se também uma música de fundo. Pois 41 além de relaxar, ativa o fluxo do pensamento criativo, ajudando na pratica criativa. Para isso é estabelecida algumas práticas criativas que serão citadas: Colagem A colagem é muito importante para ser introduzida na prática arteterapêutica pela sua simplicidade e aceitação de quem executa, ajudando a vencer barreiras do não sei desenhar nem pintar, possibilitando com isso um melhor desempenho à prática criativa. O trabalho com colagem feito pela escolha de imagens selecionadas em revistas, jornais ou em outros, acrescido da tarefa de ordenação das mesmas, pode trazer para o ambiente arteterapêutico um bom clima para o estabelecimento de vínculos mais firmes para com as futuras tarefas realizadas com outros materiais, pois, por se tratrar de uma tarefa pela qual “o atuar de um artista” fica como que simulado, a ansiedade por não se considerar um artista reduz-se, possibilitando uma entrega mais confiante ao trabalho proposto.( Urrutigaray, 2011, p.71). A colagem nos possibilita uma gama de cores e objetos riquíssimo, pois quando falamos de colagem pensa-se de colagem com papeis e sabemos que não nos detemos apenas nisso. Há possibilidades de materiais como: papéis diversos, tecidos, sementes, miçangas, botões, fitas, folhas e flores naturais, areia tingida, barbantes, lã, algodão e o mais é só deixar fluir e usar a criatividade. Mosaico 42 O mosaico também é um tipo de colagem, mas com o objetivo de estruturar o que foi desestruturado. Para se trabalhar com mosaico deve-se estar bem disposto a juntar todos os cacos que foram desfragmentado, integrando e resignificando a imagem proposta. A vida diária propõe os desafios, os imprevistos, as situações “fora do controle”, e as reações possíveis nem sempre integram de maneira adequada as peças do quebra-cabeça existencial proposto. Resultado: desconstruções, alguns fragmentos de sentido ou fragmentos completamente sem sentido, ou interações afetivas rompidas, sonhos aos pedaços.Peças de um mosaico emocional que nem sempre se encaixa ao contento.(Philippini, 2009, pág. 82) Podemos utilizar alguns materiais para utilizar esta técnica como: fragmentos de azulejos, pedaços pequenos de vidro, papéis picados, embalagens plásticas de xampu, amaciante, etc, pedaços de E.V.A., casca de cebola, casca de ovos, miçangas, conchas e o que mais sua imaginação permitir. Pintura A pintura é uma técnica muito antiga e que é desafiadora para quem a utiliza. Em Arteterapia é uma técnica convidativa, pois nos convida à olhar para tudo que estar ao nosso redor e a nós mesmos, para algo que estava escondido em nossa consciência e provoca uma liberação de afetos. 43 A pintura proporciona intensa mobilização emocional causada pelas experimentações com a cor e, também, pelos eventos de natureza física que propicia, pois a cor como fenômeno físico apresenta ativos correspondentes fisiológico uma vez que as cores quentes são acidificadas e aceleram o metabolismo, e as cores frias são alcalizadoras e tendem a tornar o metabolismo mais lento... ( Philippini, 2009, pág 39 – 40) As técnicas e materiais para pintura são as mais diversas. É uma gama de material incrível. Os materiais utilizados para a pintura são: as tintas guache, acrílica, óleo, aquarela, plásticas, PVA, tecido, nanquins e outras tantas. Temos ainda as tintas naturais que são os pigmentos extraídos da natureza como a beterraba, a couve, café, urucum, Jamelão, chá preto, barro de diversas tonalidades e muitas outras coisas. Com todas essas possibilidades podemos ativar o fluxo criativo e deixar fluir a imaginação fazendo misturas de cores e utilizá-las em superfícies variadas. Desenho Existem algumas restrições em relação ao desenho a história é sempre a mesma “não sei desenhar” e “desenhar é coisa de criança”. As pessoas sentem um medo, um pavor, causando um bloqueio. Este bloqueio impede o indivíduo de expressar seus sentimentos. “Quando eu tinha 15 anos sabia desenhar como Rphael. Mas necessitei de uma vida inteira para aprender a desenhar como as crianças”. Picasso 44 A Maioria dos desenhos dos adultos tem traços de crianças, talvez isso acontece, porque para desenhar precisa-se de uma observação de mundo, um refinamento, uma melhor observação do que está ao seu redor, o que é difícil para o adulto, pois a aceleração e correria da vida diária o impede. O desenho expressa com clareza histórias pessoais, mas deve-se ter um cuidado ao sugerir uma atividade com desenho principalmente com adultos, pois poderá causar um transtorna e impedir no seu processo de criação. A atividade de desenho pode se bem prazerosa dependendo da atividade proposta. Existem matérias variadíssimo para o desenho como: o giz de cera, o lápis de cor, Grafite, hidrocor, carvão para desenho, pastel seco, pastel a óleo. Para a técnica pode-se utilizar o desenho cego, o desenho continuada que é feito em grupo, o desenho com linhas, o desenho de observação e muitos outros. Isso possibilitará ao aluno um bom desenvolvimento e habilidade que acorre aos poucos de acordo com as experimentações das técnicas e materiais a ele proposta. Modelagem A modelagem é um pouco difícil de aceitar principalmente para os adultos, por isso ela deve ser introduzida mais a frente, depois que os alunos já estão mais familiarizados com atividades variadas e com o ambiente,pois já saberão para que veio, conseguindo se encontrar melhor no tempo e no espaço. A modelagem em Arteterapia só deve ser utilizada depois de algumas experiências no plano 45 bidimensional, salvo em situções em que o cliente já inicie o processo trazendo experiências anteriores com a modelagem. Este precaução deve-se ao fato que esta linguagem plástica oferece algumas dificuldades operacionais e inaugura as experiências no plano da tridimensionalidade, envolvendo desafios de organização espacial e capacidade de formar estruturas, e mantê-las em equilíbrio, além de intensificar a experiência com o tato, envolvendo sensações com textura e relevos. (Philippini,2009, pág.72) Na modelagem também temos muitos materiais e opções de trabalho para construções diversas. São elas: A argila, massa de modelar, massa de biscuit, massa de sabonete, papel machê. Algumas massas podem ser feitas em casa para a utilização na escola e até mesmo em ateliê terapêutico. Tecelagem A tecelagem tem origem bem antiga. A mitologia tem ricas histórias envolvendo o uso do “fio”, essa utilização resultou a para em criações belíssimas e que hoje em dia podemos também realizar. A tecelagem em Arteterapia oferece uma ampla e produtiva possibilidade de ampliação, mesmo para clientes com processos clínicos mais graves, que necessitam ficar acamados, ou que são mais idosos, mas igualmente poderá ser usada por crianças, mesmo as menores, com interessantes resultados para a concentração, a organização e o desenvolvimento psicomotor, desde que os teares e as técnicas sejam simples. (Philippini, 2009, pág.61) 46 A tecelagem é bem variada, pois o uso de teares pode ser de diversas formas e tamanhos, do mais complexo ao mais simples. Para uso terapêutico a tecelagem é bem ampla podendo incluir a trama, a urdidura, a tessitura e outras. O uso com fio no geral tem um caráter extremamente terapêutico podendo ser utilizado também em colagem, costura, bordado, crochê. O trabalho com fio não se limita no uso lã e sim podendo ser utilizado os barbantes, fitas, tiras de plástico, ráfia, linha em geral, basta utilizar a criatividade para obter trabalhos lindíssimos. Sucata Chamamos de trabalho com sucata basicamente o reaproveitamento de materiais, podendo dar outro significado ao que já existia e que iria para o lixo. Para as construções com sucata podemos utilizar vários materiais como: palitos de sorvete, caixas de papelão variadas, canudos, copos descartáveis, pedaço de tecido, palito de fósforo, jornal, garrafas pet, rolinhos de papel higiênico e outros rolos, tampinhas, caixas de feira e muitos outros materiais, sendo utilizado em construções de maquetes, fantoches, bonecos, flores, luminárias, porta-joias, porta- trecos, vasos, cofres, bichinhos, brinquedos etc. ”Esses objetos, que antes serviam a um propósito, agora se apresentam para a criação de novas formas, fruto de novas ideias, necessitando para isso de um planejamento prévio, a fim de serem materializadas com sucesso. É, portanto, a (re)valorização de objetos antes sem valor que, para se realizar, exige um nível de organização mental e motora. Tal atividade pode ajudar na elaboração de 47 que, de uma situação, a princípio, caótica, pode nascer uma solução, mais harmônica e mais interessante. (Coutinho, 2009, p.82) A arte com sucata em Arteterapia tem um significado bastante forte, a transformação do objeto requer um processo de criatividade, que proporciona experiências transformadoras, que é importantíssimo para o processo terapêutico. 48 CONCLUSÃO A Arteterapia tem um papel importantíssimo no auxilio ao aluno da EJA, pois proporciona o encontro com o outro e consigo mesmo, aumentando a sua autoestima e consequentemente sua qualidade de vida, já que o contato com a arte lhe dá oportunidade de criar e esse processo de criação lhe faz entrar em contato com o inconsciente materializando-o. A Arteterapia busca através da arte, alcançar um maior equilíbrio emocional por isso a arte é terapia A partir do momento que se busca criar, participando numa dimensão do ‘eu’ entrando nas imagens simbólicas a arte se torna terapêutica. A autoestima é fundamental ao aluno da EJA pois diversos fatores do seu dia a dia pode deixa-lo com problemas que atrapalham o seu desempenho. Por isso é importante que possibilitemos momentos de prazer e satisfação. Para que ao criar, o aluno valorize sua própria criação, não tenha medo e sinta confiança em si mesmo. A criatividade de ser deve ser trabalhada e exercitada nos alunos da EJA, pois ao darmos a esses alunos tão sacrificados pela vida a possibilidade de criar estamos dando a oportunidade de confiança em si mesmo. Fazendo com que ele melhore seu rendimento escolar e perca o medo de errar e saber que ele é importante e faz a diferença no mundo em que vive. As práticas criativas através de atividades expressivas fazem parte do processo de mudança do indivíduo, pois essas técnicas contribuem para que o ser humano entenda melhor suas ideias e sentimentos, reduzindo a ansiedade e aumentando a sua autoestima. Sendo assim poderemos conviver com alunos criativos, participativos e que sentem prazer de estarem no ambiente escolar. 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDEN, Nathaniel. Autoestima e os seus seis piilares. Tradução de Vera Caputo. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 1997. COUTINHO, Vanessa. Arteterapia com Crianças. 3ª ed. Rio de Janeiro: Ed.Wak, 2009. FUSARI,M.F.R. & FERRAZ, M.H.C.T. Arte na Educação Escolar. 2ª Ed. São Paulo:Cortez Editora, 2001. KOHL,MaryAnn F. & GAINER, Cindy. Fazendo Arte com as Coisas da Terra: Arte Ambiental para crianças. 3ª ed. São Paulo: Augustus Editora, 2002. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL. Lei nº 9394. Sessão V. Capitulo II .Art. 37º, § 1º,2ª , Art. 38º, § 1°, 2ª (23/12/96). OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Petrópoles: Vozes, 1987. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS para o Ensino Fundamental em Artes (1º e 2º ciclo). MEC/SEF, 3ª ed, 2001. PHILIPPINI, Angela. Arteterapia: Propulsora da autoestima. Capítulo :17 In Revista: ARTETERAPIA – Imagens da Transformação. Nº 10 – vol. 10 – Rio de Janeiro: POMAR, 2003. PHILIPPINI, Angela. Linguagens, Materiais Expressivos em Arteterapia: Uso, Indicações e Propriedades. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009. PHILIPPINI, Angela. Arteterapia em Revista: Capítulo 3 – Interfaces entre violência, dependência química, exclusão e Arteterapia. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2008 PHILIPPINI, Angela. Arteterapia: Propulsora da autoestima. Capítulo :17 In Revista: ARTETERAPIA – Imagens da Transformação. Nº 10 – vol. 10 – Rio de Janeiro: POMAR, 2003. 50 ROCHA, Dina Lúcia Chaves. Brincando com a Criatividade: Contribuições Teóricas e Práticas na Arteterapia e na Educação. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009. URRUTIGARAY, Maria Cristina. Arteterapia: A Transformação Pessoal pelas Imagens. 5ª ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2011. 51 WEBGRAFIA Autoestima e o Conceito do Eu. Em http://www.portalcursos.com.br/autartest10.htm. Acesso em 18/01/2012. O que é Arteterapia. Em http://aarj.com.br. Acesso em 05/01/2012. O que é Autoestima? Em http://www.portalcursos.com. Acesso 29-01-2012 52 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPITULO I - Arteterapia como Método de Ensino e Aprendizagem 11 1.1 – Arteterapia 11 1.2 - O Ensino de Arte na EJA 14 1.2.1 – Conhecendo um pouco do ensino da Arte 16 1.2.2 – Conhecendo um pouco da EJA 18 1.3 - O caráter terapêutico educativo da Arteterapia 19 CAPITULO II - Arteterapia na Transformação da Autoestima 22 2.1 - A importância da autoestima para o indivíduo 22 2.1.1 – Autoestima Alta 24 2.1.2 – Autoestima Baixa 26 2.2 – Desenvolvimento da Autoestima nos alunos da EJA 29 CAPITULO III – Criatividade 31 53 3.1 – Porque precisamos ser criativos 31 3.1.1 – Característica da personalidade criativa 33 3.2 – Criatividade no cotidiano escolar 34 3.3 – Processo criativo na EJA 37 3.3.1 – Os sete pilares da criatividade 38 3.4 – Praticando a criatividade 40 CONCLUSÃO 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49 WEBGRAFIA 51 ÍNDICE 52