UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Arteterapia e Criatividade na EJA
Lucineia Conceição de Souza
Orientadora: Profa. Ms. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Arteterapia e Criatividade na EJA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Arteterapia em Educação e
Saúde Por: Lucineia Conceição de Souza
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pois
sem Ele eu nada sou e a minha irmã
Luciana pela troca de conhecimentos e
amizade que muito me ajudou.
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia ao meu Marido,
minhas filhas, minha mãe, minha irmã, os
professores
deste
curso
que
muito
contribuiu passando seus conhecimentos
e
aos
meus
amigos
que estiveram
presentes em todos os momentos e me
deram muito incentivo e apoio para que
este trabalho acontecesse.
RESUMO
Com o intuito de que a Arteterapia poderá estimular a criatividade,
melhorando a autoestima dos alunos da EJA, esta monografia tem o objetivo
de mostrar que os alunos da EJA passam por conflitos e dificuldades que
causam a baixa autoestima, pelo fato de que eles sofrem pelo cansaço após o
dia de trabalho, por incompreensão de alguns dos conteúdos aplicados na
aula, pois por estarem muito tempo sem estudar já esqueceram muitas coisas
e até mesmo por falta de tempo de estudar em casa e diversos outros fatores.
Mostraremos que a Arteterapia e a Criatividade são importantes em todos os
aspectos da vida do indivíduo e que a Arteterapia pode ser utilizada como
facilitadora do processo de desenvolvimento e resgate da autoestima,
utilizando recursos para isso. Não temos dúvida de que a criatividade é
fundamental na vida do ser humano, mas é necessário que os alunos da EJA
entendam
isso e possam fazer de forma prazerosa mesmo com suas
limitações e dificuldades, proporcionando bem estar e interesse pelas técnicas
propostas. Essas técnicas se utilizarão de diferentes materiais que servirão
como instrumento terapêutico, proporcionando um estímulo para melhor
entender a si próprio, superar suas dificuldades e valorizar suas próprias
criações.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a realização do tema Arteterapia e
Criatividade na EJA foi através de pesquisas bibliográficas e sites da internet.
Definindo a Arteterapia como processo de ensino aprendizagem, a Arteterapia
na transformação da autoestima, Criatividade e suas práticas criativas.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
8
CAPÍTULO I - Arteterapia como Método de Ensino e Aprendizagem
11
CAPÍTULO II - Arteterapia na Transformação da Autoestima
22
CAPÍTULO III – Criatividade
31
CONCLUSÃO
48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
49
WEBGRAFIA
51
ÍNDICE
52
8
INTRODUÇÃO
Desde o início da humanidade o homem a partir de suas necessidades
se viu motivado a criar. Através dessas necessidades nos deixou obras de arte
que nos servi de referências para o estudo da história da Arte. A arte está
presente em nosso dia-a-dia na natureza, na religião, nos objetos criados pelo
homem, etc e muitas vezes passamos muito tempo tentando entendê-la. É
através dessa busca em entender a arte que nos situamos e nos conhecemos
melhor. Através da arte comunicamos sentimentos, vivências, experiências e
emoções que às vezes se tornam esquecidas e que não conseguimos
expressá-la apenas com palavras.
A Arteterapia vem possibilitar e facilitar essa compreensão que
buscamos de nós mesmos. Sabendo que a Arteterapia é a terapia através da
arte iniciaremos esta pesquisa, fazendo uma abordagem sobre a Arteterapia
como método de ensino e aprendizagem, dando a oportunidade aos alunos da
EJA de estarem em contato direto com a arte e através dela com seus efeitos
terapêuticos e curativos.
Proporcionando com isso um melhor desempenho nas aulas e o
aumento da autoestima, promovendo o melhor conhecimento de si mesmo
favorecendo o contato direto com suas criações e a busca de novas formas de
se relacionar com o mundo, trazendo mais qualidade de vida no seu cotidiano
e sabendo melhor lidar com os seus sentimentos, medos e frustrações.
A arte é pouco valorizada na escola, até mesmo pelos próprios alunos,
principalmente pelos alunos da EJA por acharem que já estão bem grandinhos
e que arte é coisa de criança, por isso a importância da Arteterapia para o
autoconhecimento e a abordagem do caráter terapêutico e educativo.
9
Falaremos da Arteterapia na transformação da autoestima, dando uma
breve definição do que vem a ser autoestima já que esse assunto se faz tão
necessário, pois sabemos que a autoestima é muito importante na vida do ser
humano e que a falta dela pode causar conseqüências desastrosas, em alguns
casos traumas que poderão ser arrastados pela vida inteira, fazendo com que
a pessoa se sinta incapaz de realizar atividades por mais simples que ela seja,
por
isso
a
importância
da
Arteterapia,
no
resgate
da
autoestima,
proporcionando condições para que esse indivíduo possa superar os desafios
e saber melhor lidar com seus fracassos e erros.
Logo após, daremos uma breve explicação sobre a criatividade,
mostrando que o homem não cria simplesmente por que quer e sim porque
precisa. Através de suas necessidades pode melhor realizar suas atividades
diárias, que todo ser humano é criativo e o potencial criativo existe em cada
um de nós basta desenvolvê-lo.
A escola é um lugar propício a desenvolver a criatividade, pena que
muitas vezes é desvalorizada esse processo de criação por falta de tempo, de
profissionais dispostos e por falta de interesse dos próprios alunos. Mas
devemos desenvolver e estimular nos alunos da EJA o interesse e a
capacidade de criar dando oportunidade através da arte de expor suas ideias
sem medo e acima de tudo valorizar as suas próprias criações, mostrando a
importância e porque precisamos ser criativos.
Finalizaremos com práticas criativas, através de técnicas expressivas
favorecendo a livre expressão e o contato direto com os materiais e as
técnicas propostas a serem utilizadas, sabendo como melhor lidar com os
mesmos, esse processo de produção é muito importante por favorecer o
crescimento e transformação de si mesmo.
10
Por isso a importância da Arteterapia que trabalha com o simbólico
ordenando e dando significado as nossas vidas. Mostraremos aos alunos da
EJA que ao lidarmos com os materiais e as técnicas propostas poderemos ter
momentos de dificuldades, mas que com o passar do tempo essa dificuldade
será superada.
Tentaremos também mostrar neste trabalho que a Arteterapia pode e
muito ajudar os alunos da EJA, estimulando a criatividade e melhorando sua
autoestima.
11
CAPÍTULO I
ARTETERAPIA COMO MÉTODO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM
A arte sempre esteve existente na vida do homem desde os primórdios
dos tempos e ela é utilizada por ele como forma de se expressar. Temos
exemplo disso nas suas pinturas rupestres e também nas manifestações
artísticas da Antiguidade como no Egito, na Grécia em Roma. Nos diversos
momentos da história da humanidade a Arte já era usada como um caminho
para fins teraupêuticos.
As pinturas da pré-história nos fazem acreditar que a criatividade
sempre esteve presente na vida do ser humano e que o homem a partir daí
vem se aprimorando em suas criações e diferentes manifestações artísticas
promovendo formas de se comunicar com o mundo, com outros e
principalmente consigo mesmo. A Arte representa um importante veículo para
a comunicação dos afetos que vão além da palavra ela expressa sentimentos
e afetos.
1.1 - Arteterapia
A arteterapia é a terapia através da arte, isto é, o emprego dos recursos
artístico no auxílio terapêutico. Através da arteterapia o potencial de criação do
homem é recuperado, proporcionando uma transformação interna e saudável
da mente, buscando o equilíbrio das emoções, através da materialização das
produções artísticas.
“Assim pode-se considerar Arteterapia como um
criativo território terapêutico, onde confluem distintos
campos de conhecimento, e onde se pode gestar
novas e livres formas de expressão as quais através
12
da Arte de cada um é possível contribuir para
construir e reconstruir subjetividade...” (Philippini,
2000, p.15).
Com isso o processo criativo e expressivo se coloca terapeuticamente
como facilitador da reestruturação de si mesmo buscando soluções criativas
para as situações da vida. É possível partindo de formas livres de expressão
cada um construir e reconstruir sua subjetividade e singularidade enquanto
humano, resgatando o desenvolvimento do potencial criativo, através de
diversos materiais e técnicas expressivas. A arteterapia através desse
processo criativo favorece o processo terapêutico, melhorando a vida das
pessoas para que elas possam saber lidar melhor com os seus medos, seus
fracassos e suas perdas.
A experiência do trabalho com arteterapia
proporciona a possibilidade de reconstrução e de
integração de uma personalidade. Contribuindo
como procedimento prático e apoiado em um
referencial teórico de suporte, permite a aquisição
da autonomia, como objetivo ou meta para a
melhora da vida humana... (Urrutigaray-2011, 5ª ed.)
A Arteterapia traz muitos benefícios para a melhora da vida humana,
tornando a pessoa mais tranquila, com bom humor, equilíbrio emocional,
aumento da autoestima, o autoconhecimento, a curiosidade, proporcionando
com isso o aumento da criatividade.
De acordo com o texto recentemente
atualizado da American Association of Art Therapy
(Associação
Americana
de
Arteterapia):
A arteterapia baseia-se na crença de que o
processo criativo envolvido na atividade artística e
terapêutica é enriquecedor da qualidade de vida das
pessoas. Arteterapia é o uso terapêutico da
atividade artística no contexto de uma relação
profissional por pessoas que experienciam doenças,
traumas ou dificuldades na vida, assim como por
pessoas que buscam desenvolvimento pessoal. Por
13
meio do criar em arte e do refletir sobre os
processos e trabalhos artísticos resultantes,
pessoas podem ampliar o conhecimento de si e dos
outros, aumentarem sua auto-estima, lidar melhor
com sintomas, estresse e experiências traumáticas,
desenvolver
recursos
físicos, cognitivos
e
emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer
artístico.
Arteterapeutas são profissionais com treinamento
tanto em arte como em terapia. Têm conhecimento
sobre
desenvolvimento
humano,
teorias
psicológicas, práticas clínicas, tradições espirituais,
multiculturais e artísticas e sobre o potencial curativo
da arte. Utilizam a arte em tratamentos, avaliações e
pesquisas, oferecendo consultoria a profissionais de
áreas afins. Arteterapeutas trabalham com pessoas
de todas as idades, indivíduos, casais, famílias,
grupos e comunidades. Of’erecem seus serviços
individualmente e como parte de equipes
profissionais em contextos que incluem saúde
mental, reabilitação, instituições médicas, legais,
centros de recuperação, programas comunitários,
escolas, instituições sociais, empresas, ateliês e
prática
privada
(AATA,
2003
Em:
<http://www.aarj.com.br>. Acesso em 05 de janeiro
de 2012).
Após a segunda Guerra Mundial alguns estudiosos começaram a
perceber os benefícios terapêuticos que a arte proporcionava, então
começaram a adotar o processo criativo como terapêutico para poder ajudar
os indivíduos entender melhor os seus sentimentos. Essa técnica começou a
tomar força no Brasil com Dr.Osório Cesar em São Paulo e Dr.Nise da Silveira
no Rio de Janeiro.
No Brasil, Arteterapia ganha destaque com o
trabalho pioneiro de Nise da Silveira, que sempre
preferiu a utilização do termo Emoção de Lidar,
cunhada por um dos clientes freqüentadores das
oficinas expressivas, onde tratamentos de
reabilitação para pacientes esquizofrênicos eram
realizados. Como grande admiradora de Jung, teme
a nomenclatura de Arte na modalidade terapêutica,
14
pois para ela, assim como para Jung, as produções
deveriam estar desprovidas de valor artístico, para
não estarem submetidas a julgamentos pertinentes
aos padrões estéticos presentes na arte como tal
[...] (Urrutigaray 2011, p.26)
Assim surgiu a arteterapia, o que era para ser utilizado com os
esquizofrênicos e em tratamento de doença mental hoje vai além e se estende
a crianças, jovens, gestantes, idosos, entre outros e nos diferentes lugares e
instituições, abrangendo as diversas áreas de nossa sociedade, onde com a
correria do dia-a-dia o indivíduo necessita de um encontro pessoal consigo
mesmo, através da prática terapêutica por meio da arte.
1.2 - O Ensino de Arte na EJA
A arte está em cada indivíduo, por isso ela faz parte da nossa vida e da
nossa sociedade. A arte, como parte da atividade social, sofre as mudanças
assim como a sociedade.
Existem muitas reflexões e também questionamentos em relação à arte,
não só aos que estão estritamente ligadas a ela, mas se estende a sociedade
em geral. Mesmo que seja apenas para fazer a pergunta “Isso é arte?”. A
necessidade de compreender a existência da arte ou como ela surgiu não se
restringe somente aos historiadores e filósofos.
A razão de a arte existir indica a necessidade que o indivíduo tem de se
exprimir e transformar a sua ação em um produto artístico, que pode ser a
mais variada de acordo com a sua criatividade. Esse produto artístico para
existir precisa estritamente do seu produtor, nesse contexto a arte e o artista
funcionam como um sinônimo. A origem de um é a origem do outro, ou seja,
um não existe sem o outro.
15
É preciso retornar as origens da arte buscando as suas significações e
os gestos que a iniciaram possibilitando de forma clara o seu entendimento. É
comum nas diferentes sociedades observar os diversos produtos culturais
produzidos por ela e entendê-los como pertencentes dessa sociedade e ao
campo da arte sendo fruto da exclusão social e educacional.
O aluno da EJA se diferencia por sua experiência de vida em
contraposição a pouca escolaridade, a intenção da EJA é possibilitar ao
educando instrumentos para exercer de forma participativa e crítica a
cidadania, desenvolvendo capacidades para sentir, reconhecer e interpretar o
mundo em sua volta, fazendo com que o que ele acha distante ou privilégios
de alguns escolhido pode estar bem perto dos seus olhos. O distanciamento
ao produto artístico pode fazer com que o individuo se torne inacessível a arte
gerando uma grande dificuldade em compreendê-la.
[...] O processo expressivo é, então, gerado pelo
sentimento resultante de uma síntese emocional
que, por sua vez, origina-se de estados tensionais,
provocados por forças de ordem interna e externa:
são relações entre o sujeito e as coisa, o subjetivo e
o objetivo, o ser sensível e o símbolo. A elaboração
de obras artísticas depende, portanto, de um saber
formar, ou transformar intencional a partir de
materiais e por meio da elaboração de
representações expressivas. (Fusari e Ferraz,
2001).
Entender a arte é entender o mundo em que vive, e este é fundamental
para a formação de uma consciência sensível às diversas manifestações
artísticas. Compreender o significado das linguagens artísticas é uma forma de
se integrar à sociedade.
Por isso a importância da aproximação do aluno com o universo da arte,
facilitando o processo que visa o desenvolvimento do próprio aluno, mas isso é
feito com cautela, preparando o educando para a compreensão deste
16
significado. Não adianta mudar suas atitudes, impondo rótulos e regras. Na
medida em que o educando toma conhecimento das modificações ocorridas,
ele entende a necessidade e importância desta formação cultural para a vida
cotidiana.
1.2.1 - Conhecendo um pouco do Ensino de Arte
Como já sabemos o homem desde os primórdios dos tempos se
manifesta artisticamente. A Arte será sempre a grande linguagem natural em
que homem tem para realizar, espontaneamente, sua natureza criativa. É
através desta Linguagem que ele busca a expressão e a comunicação de sua
realidade e dos seus principais valores de vida. Nessa busca o seu primeiro
objetivo é uma interpretação mais completa da vida em sua plenitude.
O homem cada vez mais vem querendo essa plenitude e para essa
plenitude acontecer ele tem que ir além, trilhar caminhos longos, errar para
chegar ao acerto. É nesses valores que a arte vem atuar na educação para
promover o desenvolvimento de um cidadão criativo, capaz de adaptar-se a
diversas situações culturais, sociais, históricas, ambientais, emocionais e
principalmente profissionais, visto que a educação tem também a preocupação
profissional. Situando-o no tempo e no espaço, para perceber o valor da sua
identidade individual e coletiva para assim se relacionar melhor com o meio e
descobrir seu valor na sociedade.
A Educação através da arte é, na verdade, um
movimento educativo e cultural que busca a
constituição de um ser humano completo, total,
dentro dos moldes do pensamento idealista e
democrático. Valorizando no ser humano os
aspectos intelectuais, morais e estéticos, procura
despertar sua consciência individual, harmonizada
ao grupo social ao qual pertence. (Fusari e Ferraz,
2001).
17
A aprendizagem e o ensino da Arte sempre existiram e foi
transformando, ao longo da historia de acordo com os e valores e normas
estabelecidas, em diferentes ambientes culturais.
A área que trata da educação escolar em Arte tem um percurso bem
recente. Houve uma mudança radical em relação à educação tradicional, o
ensino era apenas centrado na transmissão de conteúdos e isso aconteceu
também na educação em Arte.
Segundo os parâmetros curriculares nacionais,
”Entre os anos 20 e 70, as escolas brasileiras
viveram outras experiências no âmbito do ensino e
aprendizagem de arte, fortemente sustentadas pela
estética modernista e com base na tendência
escolanovista. O ensino de Arte volta-se para o
desenvolvimento natural da criança, centrado no
respeito às suas necessidades e aspirações,
valorizando suas formas de expressão e de
compreensão de mundo. As práticas pedagógicas,
que eram diretivas, com ênfase na repetição de
modelos e no professor, são redimensionadas,
deslocando-se a ênfase para os processos de
desenvolvimento do aluno e sua criação”. (PCN,
2001 p.26).
O ensino de Arte passa assumir um valor mais expressivo, passando
então a valorizar o crescimento e a autonomia do aluno. A Arte-educação no
currículo escolar é uma grande aliada para o avanço educacional. Pois através
de sua diversidade e conhecimento em diversas áreas se torna um grande
meio de comunicação.
Nos princípios da educação básica, no capitulo II da nova LDB, constam
na Seção I do artigo 26.
18
§ 2º O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos
diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento
cultural dos alunos.
1.2.2 - Conhecendo um pouco a EJA
Os Jesuítas no período colonial, já realizavam ações educativas em
adultos, porém não existe registro disso e somente a partir do período do
império é que encontramos informações sobre esse tipo de atuação.
A partir da independência no Brasil, no século XX, a primeira
constituição brasileira, em 1824 se previa a educação básica para todos, mas
isso não aconteceu, pois não era essencial saber ler e escrever para a vida
social e somente quem possuía a cidadania, que eram poucos tinha direito a
educação. Com isso ficou reservado apenas às elites esse direito.
Com o passar do tempo isso foi mudando as leis foram sendo
sancionadas e conquistarmos o que temos hoje e que ainda pode melhorar
bastante.
Em 20 de Dezembro de 1996 foi sancionada uma nova Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, a Lei 9.394 96.
Os princípios da educação básica, no capitulo II da nova LDB, constam
na Seção V dois artigos relacionados à Educação de Jovens e Adultos:
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na
idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos
adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
19
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência
do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre
si.
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que
compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao
prosseguimento de estudos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de
quinze anos;
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito
anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por
meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.
Conforme a LDB, que nos é bem clara, a Educação de Jovens e Adultos
(EJA) é oferecida no nível fundamental e médio, com uma pedagogia
inovadora. Dando condições para que a aprendizagem dos conteúdos esteja
ligada com a realidade do aluno, tendo como característica uma proposta
pedagógica que considera as diferenças individuais e os conhecimentos
adquiridos a partir da vivência do aluno, suas capacidades adquiridas ao longo
da vida e seu ritmo próprio.
1.3 - O caráter terapêutico e educativo da Arteterapia
A prática da arteterapia não se restringe apenas a função clinica e
psicoterápica. Temos também a área educacional para a sua atuação. Se a
arteterapia nos faz conhecer a quem somos, por que não possibilitar ao
educando esse conhecer-se a si mesmo e ao outro através do processo
expressivo e criativo que lhe pode ser proposto na instituição de ensino
através da arte?
O sistema educativo deve expandir o desenvolvimento simbólico dando
origem ao desabrochar do imaginário a partir da idéia de ser a origem do
20
pensamento, através de praticas expressivas possibilitando a integração do
aprendizado de conhecimentos da cultura humana com o aprendizado
emocional.
O
trabalho
com arteterapia
no âmbito escolar
proporciona
a
possibilidade de integração e reconstrução da personalidade, com o objetivo
de qualidade de vida e bem estar, podendo ajudar o aluno em diversas áreas
do conhecimento sabendo melhor resolver seus problemas e ajudar achar as
melhores soluções.
A conquista da autonomia, como autoria de
pensamentos
e
ações,
implica
processos
pedagógicos que estimulem o aprender a aprender.
Torna-se produtivo e criativo, como resultado desta
aprendizagem,
demanda
ações
educativas
transcendentes ao simples movimento de processar
informações, ou o de relembrar situações guardadas
na memória. Ser criativo implica elaborar, construir
novas
estratégias
diante
de
situações
desconhecidas, desafiar o receio ante o diferente,
possibilitar e efetuar modernizações nas relações
estabelecidas entre sujeito e ambiente. (Urrutigaray,
2011 5ª Ed. P.42-43).
O trabalho de atividades plásticas e artísticas vai possibilitando o
educando a experimentar novas sensações e sentimentos, permitindo a
comunicação e expressão de conflitos, materializando o que está em nosso
inconsciente. Então o mundo da arte se insere na materialização de imagens
mentais, através do uso de materiais plásticos atuando de forma terapêutica.
A área educacional está muito ligada ao externo, na preparação de um
cidadão pronto para ingressar no mercado de trabalho e um cumpridor das
leis. Mas e a pessoa com seus conflitos, medos, desejos e vontades? Como
que fica diante de tanta cobrança com o externo? Fala-se muito no humano e
social, mas trabalha-se mais no social que no humano. Debate-se diariamente
21
nas escolas sobre a violência, morte, fome, destruição e esquece-se de
cultivar e promover a afetividade e a sensibilidade da pessoa.
Sabemos que os alunos da EJA têm uma enorme bagagem de vivência
e conhecimento de mundo, mas eles também necessitam de um encontro de si
mesmo. Para isso eles devem ser estimulados e a arteterapia na educação de
jovens e adultos vem dá esse estímulo, através de um processo de construção
do individuo de uma forma suave e prazerosa, buscando uma auto-realização.
Como instrumento educativo, a Arteterapia, pela
essência de sua ação tanto no âmbito
psicopedagógico, já que oferece uma interação
entre arte e cognição, quanto no contexto de
ressignificações de atitudes pessoais. Em ambas as
situações, aprendizagem encontra-se presente,
pois, nela, podem ser vislumbranda, como condição
dada pela arte , a objetivação de algo que toma as
ações possíveis
de introspecção e reflexão,
oferecendo elementos para o crescimento e o
desenvolvimento, ou seja, mobilizando a construção
pessoal a partir da utilização de técnicas especificas
da Arteterapia, temos a aprendizagem como
resultado desse processo, seja na educação
sistematizada, pela formalidade e diretriz presente
na instituição escolar, ou em outros eventos
modeladores de comportamento. (Urrutigaray, 2011.
P.44).
A arteterapia e a educação podem caminhar juntas, buscando a
formação de cidadãos mais conscientes, criativos e felizes. Uma pessoa feliz
consigo mesma e realizada em suas atividades, pode ser uma pessoa melhor
em todos os sentidos.
22
CAPÍTULO II
ARTETERAPIA NA TRANSFORMAÇÃO DA
AUTOESTIMA
A Auto-Estima é uma questão candente em nosso mundo moderno,
onde a profusão de informações novas a cada momento, a intensa
competitividade e a ênfase no sucesso solapa a nossa crença em nossa
capacidade pessoal de resolvermos as situações de vida.
( <http://www.portalcmc.com.br/aut_artest10.htm>.)
2.1 A importância da autoestima para o indivíduo
Muitas pesquisas foram e ainda são feitas hoje em dia sobre a
Autoestima, pois a autoestima é fundamental na vida do indivíduo.
Branden “Vê a como a saúde da mente e uma necessidade humana e
Fundamental, pois o ser humano sem autoestima não pode realizar o seu
potencial”
Autoestima é a vivência de sermos apropriados à vida e às exigências
que ela coloca. Mais especificamente autoestima é...
1- A confiança em nossa capacidade de pensar e enfrentar os desafios
básicos da vida.
2- A confiança em nosso direito de ser feliz, a sensação de que temos valor,
de que somos merecedores, de que temos o direito de expressar nossas
necessidades e desejos de desfrutar os resultados de nossos esforços.
(in Golinelli–Arteterapia: Imagens da Transformação nº 10 - volume 10 – 2003
- Pomar).
O indivíduo deve ter essa confiança dentro de si e se valorizar sabendo
que é capaz de enfrentar desafios que nos são postos no decorrer de nossa
23
vida. Para isso acontecer o indivíduo deve estar com a autoestima em alta e
quanto maior melhor.
Rocha em seu livro Brincando com a Criatividade, ressalta que Branden
(1997) em seus estudos determina a sustentação da autoestima por seis
pilares, são eles:
Primeiro Pilar – A prática de viver conscientemente: Ter consciência das
nossas necessidades, dos nossos objetivos, assumi-los e priorizá-los.
(...) viver conscientemente significa querer estar
ciente de tudo que diz respeito a nossas ações,
nossos propósitos, valores e objetivos - ao máximo
de nossa capacidade, qualquer que seja ela - e
comportar-nos de acordo com aquilo que vemos e
conhecemos. ( Branden,1997 )
Segundo Pilar – A autoaceitação: Ter consciência dos nossos pontos
negativos, não só os positivos. Não posso mudar e melhorar o que
desconheço.
Terceiro
Pilar
responsabilidadede
–
A
prática
resolver
da
autoresponsabilidade:
nossos próprios problemas,
não
Ter
a
criar
a
expectativa de ser salvo por alguém.
Quarto Pilar – A prática da autoafirmação: Sustenta a autoestima como é a
manifestação da mesma.
Quinto Pilar – A atitude de viver intencionalmente: corresponde a
autoresponsabilidade. Caracteriza ter controle da própria vida, tomar atitudes
quando e se necessário.
24
Sexto Pilar – A prática da integridade pessoal: Traduz a integração das
ideias das convicções, das crenças e do comportamento. A quebra da
integridade fere a autoestima, e só a prática da integridade poderá curá-la.
A partir desses seis pilares a pessoa poderá viver melhor e enfrentar os
desafios diários.
Como
facilitadora
do
autoconhecimento
a
Arteterapia, faria com que o individuo, materializando
conflitos, nas diversas modalidades da expressão
artística, se despojasse do que o oprime e perturba,
permitindo que desenvolva uma maior aceitação de
si
mesmo,
uma
autoresponsabilidade
e
autoafirmação, um viver intencionalmente e com
integridade.
Trazendo
a
possibilidades,
consciência
a
de
Arteterapia
limitações
desenvolve
e
um
autoconceito positivo, um respeito próprio, uma
valorização pessoal, que é de suma importância
para o desenvolvimento e comportamento do
individuo. (in Golinelli – Arteterapia: Imagens da
Transformação nº 10 - volume 10 – 2003 - Pomar).
2.1.1 - Autoestima Alta
Sabe-se que para ter uma vida saudável é preciso possuir uma boa
autoestima, mas para isso é deve-se estar bem consigo mesma, valorizar seu
potencial, gostar de si mesmo e aceitar suas limitações.
25
Uma pessoa com a autoestima elevada se aceita e se valoriza e não
tem medo de errar e nem de assumir o seu erro perante a sociedade.
Uma pessoa que tem autoestima alta confia na sua capacidade de
realizar sem medo seus desafios.
É uma pessoa que transmite amor aos outros e visivelmente podemos
notar que é uma pessoa feliz.
Características das pessoas com alta auto-estima (Campos e Muños,
1992):
• Sabem que podem fazer bem as coisas e que podem melhorar.
• Se sentem bem consigo mesmo.
• Expressa sua opinião.
• Não temem falar com outras pessoas.
• Sabem identificar e expressar suas emoções a outras pessoas.
• Participam das atividades que se desenvolvem em seu centro de estudos ou
trabalho.
• Valorizam-se por si mesmas nas situações da vida, implica em dar e pedir
apoio.
• Gostam dos desafios e não os temem.
• Tem consideração pelos outros, sentimento de ajuda e estão dispostos a
colaborar com as demais pessoas.
• São criativas e originais, inventam coisas, se interessam por realizar tarefas
desconhecidas, aprendem atividades novas.
• Lutam para alcançar o que querem.
• Desfrutam as coisas divertidas da vida, tanto da própria como das demais.
26
• Aventuram-se em novas atividades.
• São organizados em suas atividades.
• Perguntam quando não sabem de algo.
• Defende sua posição diante os demais.
• Reconhece quando se equivocam.
• Não se incomodam que digam suas qualidades, mas não gosta que os
adulem.
• Conhece suas qualidades e tratam de sobrepor a seus defeitos.
• São responsáveis de suas ações.
• São lideres naturais.
(<http://www.portalcursos.com>)
A pessoa que tem autoestima alta está sempre de bem com a vida e
aceita e aproveita tudo que ela lhe proporciona. Costumam ter menos
emoções agressivas e dificilmente terá depressão. É uma pessoa que só tem
pensamentos positivos e reconhece seu próprio valor.
2.1.2 – Autoestima Baixa
As pessoas ultimamente andam com a autoestima baixa e isso é um
problema sério. Isso pode ocorrer por diversos fatores como, por exemplo, as
atividades diárias, a cobrança da perfeição em nosso cotidiano, a
competitividade no mercado de trabalho, enfim o estresse do dia a dia. Por que
temos que nos cobrar tanto?
A baixa Autoestima causa alguns transtornos como o déficit de atenção,
dificuldade de aprendizagem, hiperatividade, bulimia nervosa e etc. Somos
27
cobrados o tempo todo e queremos fazer e dar o melhor de nós, mas para
sermos pessoas que cumprem suas obrigações não precisamos ser perfeitos,
pois pode nos levar a uma autoestima baixa e essa cobrança passa a ser uma
cobrança de nós mesmos, nos deixando doentes.
Características das pessoas com baixa auto-estima (Campos y Muñoz
1992).
• São indecisos, tem dificuldade de tomar decisões, tem medo exagerado de
equivocar-se. Só tomam uma decisão quando tem segurança 100% que
obterão os resultados.
• Pensam que não podem; que não sabem nada.
• Não valorizam seus talentos. Vêem seus talentos pequenos, e os dos outros
os vêem grandes.
• Tem medo ao novo e evitam os riscos.
• São muitos ansiosos e nervosos, o que os leva a fugir de situações que lhe
dão angustia e temor.
• São muitos passivos, evitam tomar a iniciativa.
• São isolados e quase não tem amigos.
• Não gostam de compartilhar com outras pessoas.
• Evitam participar das atividades que se realizam em seu centro de estudos
ou em seu trabalho.
• Temem falar com outras pessoas.
• Dependem muito de outras pessoas para fazer suas tarefas ou realizar
qualquer atividade.
• Dá-se por vencidas antes de realizar qualquer atividade.
• Não estão satisfeitas consigo mesmo, pensam que não fazem nada bem.
28
• Não conhecem suas emoções, pelo que não podem expressá-las.
• Devido a que não tem valor, lhe custa aceitar que as critiquem.
• Custam a reconhecer quando se equivocam.
• Manejam muito sentimento de culpa quando algo sai mal.
• Nos resultados negativos buscam culpáveis em outros.
• Crêem que são os feios.
• Crêem que são ignorantes.
• Alegram-se diante os erros dos outros.
• Não se preocupam com o estado de sua saúde.
• São pessimistas, crêem que tudo lhe sairá mal.
• Busca lidere para fazer as coisas.
• Crêem que são pessoas pouco interessantes.
• Crêem que causam má impressão aos demais.
• Custam obter suas metas.
• Não gostam de esforçar-se.
• Sente que não controla sua vida.
(<http://www.portalcursos.com>)
Uma pessoa com baixa autoestima não tem uma estrutura emocional
sólida e isso origina o pessimismo e a negatividade. Não tem energia para
enfrentar os desafios do dia-a-dia e assim sua qualidade de vida se torna pior
e sem realizações tanto pessoais quanto profissionais. Acha que não é
merecedora de ser feliz, de ter um emprego melhor, etc e o que tem, já é o
bastante para o que ela merece.
29
2.2 – Desenvolvimento da autoestima nos alunos da EJA
Estamos em uma época em que o mundo de forma geral é competitivo. E isso
gera uma cobrança em ser melhor. Isso para o individuo é bom e ao mesmo
tempo ruim. É bom, pois somos cobrados todo momento e temos que melhorar
e avançar sempre. É ruim, pois a pessoa tem um grande medo de errar e ser
cobrado o pior é que na maioria das vezes essa cobrança é de si mesmo.
A autoestima deve ser desenvolvida nos alunos da EJA, pois muitos
deles se sentem incapaz de exercer as atividades ou não fazem por medo de
errar.
A baixa autoestima gera fobias que acarreta uma série de problemas na
vida do indivíduo.
A autoestima baixa é revelada em uma pessoa que não expressa os
seus sentimentos e tenta ocultar suas emoções para os outros, mas acaba
mentindo para si próprio.
O aluno da EJA muitas vezes chega à escola retraído, falando pouco,
enfim bem reservado. Ele precisa primeiramente se sentir a vontade e seguro
para expressar seus sentimentos e a arteterapia pode lhe proporcionar isso, já
que a arteterapia trabalha com imagens do inconsciente materializando essa
imagem e trazendo para o consciente.
O motivo na qual leva uma pessoa a ocultar suas emoções, são os mais
variados, em alguns casos são adquiridos ainda na infância, mas o mais
importante é fazer com que o aluno da EJA supere as suas dificuldades e
libere suas emoções.
30
O ser humano necessita construir as possibilidades de seu futuro em
qualquer período de sua vida, fazendo um projeto de vida e isso é essencial
para direcionar seus esforços e estabelecer aonde quer chegar, esse projeto
tem a função de organizar o seu mundo exterior e acima de tudo o interior.
Quando não se tem um projeto de vida o indivíduo se torna triste e
amargurado, sentindo medo e incertezas de sucessos do futuro.
O Arteterapeuta deve incentivar o aluno da EJA a recomeçar com força
total e lutar pelos seus objetivos, mesmo encontrando obstáculos ele é capaz
de vencer, que isso depende de sua força de vontade de querer mudar de vida
e que nunca é tarde para isso. Mostrar ao aluno que quanto mais verdadeiro
ele for com ele mesmo melhor será o conceito que ele terá de si próprio,
reconhecendo suas qualidades, capacidades e habilidades, que é importante e
faz a diferença no mundo. Somente assim poderá aumentar e desenvolver sua
autoestima.
31
CAPÍTULO III
CRIATIVIDADE
A palavra criatividade tem sua origem etimológica na palavra criar,
derivada do Latim, que significa fazer, produzir, criar.
“Criar é basicamente, formar. É poder dar uma
forma a algo novo. Em qualquer que seja o campo
de atividade, trata-se nesse ‘novo’ de novas
coerências que se estabelecem para a mente
humana, fenômenos relacionados de modo novo e
compreendidos em termos novos. O ato criador
abrange, portanto, a capacidade de compreender; e
esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar,
configurar, significar”. (Ostrower, 1987)
Criar é ter novas ideias, produções, criações. É fazer algo novo, que
jamais foi pensado, é enxergar além, ser diferente, ver novas possibilidades.
Criar é um talento existente dentro de cada um, mas muitos ainda não
descobriram suas possibilidades de inovar, seu verdadeiro talento. Muitas
pessoas não sabem que tem um potencial criativo, pois não se acham
criativas.
A criatividade é um potencial existente em todos os indivíduos. Portanto
todo ser humano é criativo, uns mais outros menos. A criatividade deve ser
trabalhada, estimulada e desenvolvida. A pessoa criativa não tem medo do
novo, de revelar suas habilidades criativas.
3.1
Porque precisamos ser criativos
32
As pessoas assim como o mundo devem estar em constante
transformação.
Precisamos
e
necessitamos criar
sempre.
Precisamos
despertar algo novo nas pessoas a cada dia. Quando criamos despertamos a
curiosidade, o interesse.
A criatividade deve ser estimulada desde a infância. A criança que
aprende a ser criativa e tem suas iniciativas elogiadas e incentivadas pelos
pais tem grandes chances de se tornar um adulto altamente criativo, que
resolve os seus problemas com facilidade, que enxerga nova saídas, tende a
ser ousado e propenso a agir de forma inovadora.
Vivemos em um mundo evoluído e competitivo, portanto para alcançar
essa evolução devemos ser criativos e inovar sempre. Para termos a
oportunidade de melhorarmos o mundo precisamos ser criativos e facilitar
nossa vida com grandes invenções.
A criatividade é um dom natural e exclusivo do ser
humano e deve ser percebida como uma força
crescente que, ao ser acionada, se reabastece nos
seus próprios processos por meio dos quais se
realiza. Ela nasce de uma tensão interna, de uma
energia criativa que precisa ser elaborada,
extravasada e ordenada para ser renovada. É uma
circularidade, é um processo continuo de interação
que ratifica a condição humana, congregando suas
emoções, seu espírito, sua intuição e seu intelecto.
(Simon,D. in Philippini,2008 )
Para que a criatividade ocorra precisamos estar abertos as novas
possibilidades, a aceitar nossos erros e a criarmos com eles.
O homem elabora seu potencial criador através do
trabalho. É uma experiência vital. Nela o homem
encontra sua humanidade ao realizar tarefas
essenciais à vida humana e essencialmente
humanas. A criação se desdobra no trabalho
33
porquanto este trás em si a necessidade que gera
as possíveis soluções criativas. (Ostrower,1987)
3.1.1 Característica da personalidade criativa
A personalidade criativa de cada indivíduo vai depender do estilo de
vida e do seu contexto social. Rocha em seu livro Brincando com a
Criatividade nos fala que são muitos os questionamentos na tentativa de
identificar a pessoa criativa e que autores diversos nos fornecem esses
resultados. Vamos ver o que nos fala dois desses autores.
Maslow (1968) & Machinnon (1978)
 Habilidade para expressar emoções;
 Habilidades para realizar suas fantasias, inspirações;
 Habilidade de correr riscos/coragem;
 Não conformistas\individualista;
 Dificuldade em submeterem-se a regras rígidas, aos horários;
 Receptivas a pensamentos que a sociedade considera anormais ou
excêntricos;
 Automotivados;
 Persistentes/qualidade indestrutível;
 Habilidade para abordar um problema por uma variedade de pontos de
vista;
 Gostam de fazer as coisas de maneiras diferentes;
 Curiosos;
 Aventureiros;
 Envolvidos apaixonadamente em seu projeto;
 Senso de destino criativo – acreditam que têm de fazer alguma coisa;
 Inovadores; um sentido de missão;
 Impulsivos;
 Habilidade de acessar regiões mais profundas do inconsciente;
 Habilidade de sentir imensamente;
34
 Tentar usar o tempo produtivamente – valorizam cada momento;
 Geralmente otimistas e abertos a novas ideias;
 Extremamente sensitivos;
 Habilidade para perceber interconexões entre novas ideias;
 Criar novos modelos;
 Ingênuos;
 Capacidade para gerar um grande número de ideias a partir de um dado
problema ou situação;
 Habilidade para ir além da essência de algo, vendo além de todas as
abstrações intelectuais;
 Habilidade de ultrapassar fronteiras do pensamento tradicional para
alargar e quebrar fronteiras;
 Perceptivas às necessidades do futuro, habilidade de pensar
globalmente;
 Abertos a novas experiências;
 Idealistas em vez de práticos;
 Amplitude de interesses;
 Não aceitam comportamento sexual estereotipado;
 Usam o humor como meio de expressar ideias;
 Habilidade de pensar simbolicamente e expressar o self interior;
 Habilidade de expandir a estimulação sensorial: visual, tátil, olfativa,
sinestésica, gustativa e auditiva;
 Habilidade de apreciar a solidão;
 Habilidade de pensar metaforicamente.
(Maslow,1968 & Machinnon,1978 in Rocha, 2009)
Essas são algumas características da personalidade criativa que todo o
individuo pode ter basta que seja estimulada. Pois, todos nós temos a
capacidade criativa em diferentes graus; por isso uns são mais criativos e
outros menos.
3.2
Criatividade no cotidiano Escolar
35
A escola é muito importante para a independência da criança. A escola
deve favorecer o potencial criativo, acreditando que criar é não estar preso a
ideias preconcebidas, repetitivas. É não manter o aluno em um estado
mecanizado de pensar e fazer. É desenvolver sua originalidade na busca para
compreender mais este indivíduo único.
Rocha nos fala em seu livro Brincando com a criatividade como é e
como tornar a escola criativa.
A escola criativa deve proporcionar um clima confiável e facilitador do
desenvolvimento de potenciais criativos, que terminará uma autoconsciência
do processo vivenciado, do produto e dos potenciais próprios do aluno.
A escola criativa ensina a criança a brincar com seus pensamentos e as suas
próprias ideias.
Para desenvolver a criatividade de nossos alunos, devemos dotar o
aluno
da
capacidade
de
criar,
transformar,
produzir,
gerar
novos
conhecimentos, novos produtos. Na escola criativa, a ênfase sai da
reprodução para a produção de conhecimentos, não tem como objetivo a
simples memorização, mas sim o uso da imaginação, do entendimento e da
compreensão de fatos e situações.
Para que o individuo expresse a sua criatividade, é necessário que ele
possua uma necessidade/motivo/desejo, meios que possibilitem/proporcionem
a oportunidade.
Se tiver como objetivo estimular o desenvolvimento da criatividade na
escola, na sala de aula, aí vão algumas dicas:
 Crie um projeto para tornar as suas aulas mais criativas, lúdicas,
que consequentemente, promova a criatividade de seus alunos
por meio das técnicas expressivas e criativas,dos jogos, das
36
dinâmicas, das vivencias, da arte. É primordial que você esteja
apaixonada pela idéia.
 Promova
a
autodescoberta,
autoconhecimento,
a
aumentando,
autodefinição,
o
assim
o
autoconceito,
indispensáveis no processo de identidade e fortalecimento da
autoestima.
 Fuja do óbvio, da mesmice, inove, quebre barreiras, gere idéias
fluidamente, sem julgar.
 Observe
e
promova
a
observação
da
realidade
e
os
acontecimentos sobre outros ângulos.
 Promova o aprendizado com eventuais erros.
 Incentive, valorize e dê suporte às idéias originais e inovadoras
de seus alunos.
 Respeite as individualidades, aceite e concilie os opostos.
 Estimule as ações ousadas, de desafio, trabalhe a imaginação, a
liberdade criativa.
 Promova a colaboração, o companheirismo, à troca de afeto.
 Permita o acesso às diferentes informações, incentive a busca de
várias possibilidades para uma mesma questão, trabalhe com as
diferentes
visões, perspectivas, não estabeleça verdades
absolutas.
 Crie condições favoráveis ao desenvolvimento de uma relação
de equilíbrio entre o pensamento convergente ou lógico e o
pensamento divergente ou intuitivo, eles se complementam e são
a base do pensamento criativo.
 Valorize os alunos questionadores, independentes, com espírito
de busca, curiosos, intuitivos, que querem sempre ir além. Esses
comportamentos caracterizam um indivíduo criativo.
 Pergunte diretamente aos seus alunos o que eles necessitam
para desempenhar melhor aas suas atividades; o que eles
pensam sobre a criatividade; como imaginam um ambiente
criativo. Depois estruture a sua forma de atuar, busque a sua
37
verdade e a dos seus alunos, trabalhe de acordo com o seu
grupo e as necessidades deles. (Rocha, 2009, pág.112-114)
Para compreender melhor esse indivíduo único que somos, a escola é
um lugar propício de desenvolver no aluno a sua originalidade, o desafio, a
busca de conhecimento procurando de maneira clara traduzir o próprio
pensamento.
É preciso, pôr em prática nova forma de adaptação, pelo fato de
vivermos num ambiente onde as informações são de formas codificadas. O ser
humano deve construir novos códigos para melhor se comunicar com o mundo
contemporâneo.
3.3
Processo Criativo na EJA
É importante o processo de desenvolvimento da criatividade na EJA,
pois recebemos na maioria alunos fora da idade regular que pararam de
estudar e depois de muitos anos, resolveram voltar. Esses alunos sentem a
necessidade por parte dele e até mesmo da sociedade que os estudos fazem
falta, com isso ficou uma lacuna muito grande entre a época em que pararam e
o mundo atual.
Existem ainda aqueles que não tiveram contato se quer com qualquer
tipo de aprendizado, passando uma boa parte de sua vida só trabalhando ou
cuidando dos filhos que nem perceberam e acompanharam as mudanças
atuais.
Os alunos da EJA, chegam com muita insegurança e a primeira coisa
que falam é que não sabem desenhar como se desenhar fosse o mais
importante e com isso acabam se censurando e se criticando ao realizar
qualquer tipo de atividade, tanto na área das Artes ou em qualquer outra área.
38
Os alunos chegam meios perdidos e limitados, sem perspectivas de
mudanças, sem muita noção do que está acontecendo no mundo e sofridos
pela vida.
Por isso a importância de desenvolver no aluno da EJA processo de
criação, pois é através de diversos exercícios criativos que ele vai despertando
o interesse e habilidades de “criar”. Devemos mostrar ao aluno que todos nós
temos capacidades para criar e que não importa o que os outros vão pensar
do seu trabalho, o segredo é criar sempre; é observar tudo ao seu redor; é
estar atento a tudo e a todos; é descobrir que em algo mais simples pode-se
criar coisas lindíssimas e sofisticadas.
Os alunos da EJA querem recuperar o tempo perdido e com isso coloca
toda sua confiança no professor e funcionários da escola. Ao proporcionarmos
atividades em que ele pode criar livremente sem medo e sem cobranças, isso
lhes causam um bem estar incrível de satisfação e alegria. Podemos sentir
essa satisfação e alegria em seus olhos. Isso nos causa também uma grande
alegria.
A nós cabe fornecer a esses alunos os elementos básicos para
estimular a criatividade, para que possam seguir em frente, conseguindo
inseri-los nesse mundo atual e fazer com que eles entendam que são capazes
de realizar alguma ideia nova e soluções adequadas para os principais
problemas que por ventura lhes aparecerão.
3.3.1 Os sete pilares da criatividade
Kohl e Gainer (2002) fazem as seguintes citações sobre o que chamam
de pilares da criatividade, no livro “Fazendo Arte com as Coisas da Terra”:
39
1º Pilar: Autoconfiança – Respeite as idéias e os esforços do aluno. Deixe
que ele sinta o gosto de ter realizado algo, proporcionando-lhe tempo e
espaço para usar sua criatividade. Ele precisa de movimentos livres para
trabalhar suas idéias e soltar a imaginação.
2º Pilar: Permitir demonstrações de individualidade – Diga ao aluno que
não está errado ela querer dançar em um compasso diferente. É bom que
tente romper com a trivialidade, com o lugar comum.
3º Pilar: Explorar e pensar – Estimule o aluno à pensar em todos os aspectos
e as possibilidades do projeto, mas, antes, deixe que ela explore e
experimente, sem receber críticas. Depois de testar à vontade - com materiais
e idéias – o projeto que ela tem em mente: ela e seu plano de ação iro ajustarse.
4º Pilar: Participar – Pôr o aluno em contato com novas experiências
e
atividades,
e
eventos
culturais
ou
jogos,
estimula
sua
imaginação
originalidade. Providencie materiais para o aluno explorar, sem que haja um
objetivo determinado.
5º Pilar: Respeitar – O aluno deve ser estimulado a respeitar suas próprias
ideias e as ideias das pessoas que a cercam, para que outras propostas
possam surgir. Ficar vigiando um aluno, provocar competição ou restringir
escolhas pode provocar-lhe inibição.
6º Pilar: Dar liberdade à imaginação – Deixe o aluno dar asas à imaginação,
sem receios de críticas ou controle. As pessoas criticadas, quando soltam à
imaginação, bloqueiam a criatividade. Trate a imaginação como algo positivo e
divertido.
40
7º Pilar: Pensar e inovar – Encoraje o aluno a encontrar novos caminhos, a
inovar, experimentar e explorar... E até errar! Aprender com erros, em plena
atividade, é a melhor experiência que uma criança pode ter. A cada dia, novas
descobertas irão surgir!
Com tudo isso o aluno muda a imagem que tem de que a escola é um
lugar onde se ficava só ouvindo o que o professor dissesse e seguindo a
maneira que o professor quisesse, não podendo dar a sua opinião ou sugestão
sobre qualquer assunto. O aluno hoje pode expor suas idéias e participar
melhor das atividades a ele proposta com mais segurança e com certeza
aprendendo bem mais.
Em um mundo onde padrões e estilo de vida transformam-se
rapidamente, temos a obrigação de mantê-los atualizados e deixar fluir sua
criatividade, incentivando seus talentos e tentando criar com isso um ser
humano capaz de enfrentar mudanças e também capaz de improvisar.
3.4
– Praticando a Criatividade
A criatividade deve ser praticada e desenvolvida, não importa em que
fase da vida do indivíduo. Ela deve fazer parte do seu dia a dia. O ser humano
deve praticar a criatividade, pois enquanto mais ele cria, mais vontade e
necessidade ele terá de criar.
Ser criativo é desenvolver estratégias novas, não tendo medo de se
deparar com o diferente, evoluindo com o tempo presente, possibilitando e
efetuando modernizações.
Para um melhor resultado no trabalho de criatividade um relaxamento
antes de iniciar a atividade, sugere-se também uma música de fundo. Pois
41
além de relaxar, ativa o fluxo do pensamento criativo, ajudando na pratica
criativa.
Para isso é estabelecida algumas práticas criativas que serão citadas:
Colagem
A colagem é muito importante para ser introduzida na prática
arteterapêutica pela sua simplicidade e aceitação de quem executa, ajudando
a vencer barreiras do não sei desenhar nem pintar, possibilitando com isso um
melhor desempenho à prática criativa.
O trabalho com colagem feito pela escolha de
imagens selecionadas em revistas, jornais ou em
outros, acrescido da tarefa de ordenação das
mesmas,
pode
trazer
para
o
ambiente
arteterapêutico
um
bom
clima
para
o
estabelecimento de vínculos mais firmes para com
as futuras tarefas realizadas com outros materiais,
pois, por se tratrar de uma tarefa pela qual “o atuar
de um artista” fica como que simulado, a ansiedade
por não se considerar um artista reduz-se,
possibilitando uma entrega mais confiante ao
trabalho proposto.( Urrutigaray, 2011, p.71).
A colagem nos possibilita uma gama de cores e objetos riquíssimo, pois
quando falamos de colagem pensa-se de colagem com papeis e sabemos que
não nos detemos apenas nisso. Há possibilidades de materiais como: papéis
diversos, tecidos, sementes, miçangas, botões, fitas, folhas e flores naturais,
areia tingida, barbantes, lã, algodão e o mais é só deixar fluir e usar a
criatividade.
Mosaico
42
O mosaico também é um tipo de colagem, mas com o objetivo de
estruturar o que foi desestruturado. Para se trabalhar com mosaico deve-se
estar bem disposto a juntar todos os cacos que foram desfragmentado,
integrando e resignificando a imagem proposta.
A vida diária propõe os desafios, os imprevistos, as
situações “fora do controle”, e as reações possíveis
nem sempre integram de maneira adequada as
peças
do
quebra-cabeça
existencial
proposto.
Resultado: desconstruções, alguns fragmentos de
sentido ou fragmentos completamente sem sentido,
ou
interações
afetivas
rompidas,
sonhos
aos
pedaços.Peças de um mosaico emocional que nem
sempre se encaixa ao contento.(Philippini, 2009,
pág. 82)
Podemos utilizar alguns materiais para utilizar esta técnica como:
fragmentos de azulejos, pedaços pequenos de vidro, papéis picados,
embalagens plásticas de xampu, amaciante, etc, pedaços de E.V.A., casca de
cebola, casca de ovos, miçangas, conchas e o que mais sua imaginação
permitir.
Pintura
A pintura é uma técnica muito antiga e que é desafiadora para quem a
utiliza. Em Arteterapia é uma técnica convidativa, pois nos convida à olhar
para tudo que estar ao nosso redor e a nós mesmos, para algo que estava
escondido em nossa consciência e provoca uma liberação de afetos.
43
A pintura proporciona intensa mobilização emocional
causada pelas experimentações com a cor e,
também, pelos eventos de natureza física que
propicia, pois a cor como fenômeno físico apresenta
ativos correspondentes fisiológico uma vez que as
cores quentes são acidificadas e aceleram o
metabolismo, e as cores frias são alcalizadoras e
tendem a tornar o metabolismo mais lento... (
Philippini, 2009, pág 39 – 40)
As técnicas e materiais para pintura são as mais diversas. É uma gama
de material incrível. Os materiais utilizados para a pintura são: as tintas
guache, acrílica, óleo, aquarela, plásticas, PVA, tecido, nanquins e outras
tantas. Temos ainda as tintas naturais que são os pigmentos extraídos da
natureza como a beterraba, a couve, café, urucum, Jamelão, chá preto, barro
de diversas tonalidades e muitas outras coisas.
Com todas essas possibilidades podemos ativar o fluxo criativo e deixar
fluir a imaginação fazendo misturas de cores e utilizá-las em superfícies
variadas.
Desenho
Existem algumas restrições em relação ao desenho a história é
sempre a mesma “não sei desenhar” e “desenhar é coisa de criança”. As
pessoas sentem um medo, um pavor, causando um bloqueio. Este bloqueio
impede o indivíduo de expressar seus sentimentos.
“Quando eu tinha 15 anos sabia desenhar como
Rphael. Mas necessitei de uma vida inteira para
aprender a desenhar como as crianças”. Picasso
44
A Maioria dos desenhos dos adultos tem traços de crianças, talvez isso
acontece, porque para desenhar precisa-se de uma observação de mundo,
um refinamento, uma melhor observação do que está ao seu redor, o que é
difícil para o adulto, pois a aceleração e correria da vida diária o impede.
O desenho expressa com clareza histórias pessoais, mas deve-se ter
um cuidado ao sugerir uma atividade com desenho principalmente com
adultos, pois poderá causar um transtorna e impedir no seu processo de
criação. A atividade de desenho pode se bem prazerosa dependendo da
atividade proposta.
Existem matérias variadíssimo para o desenho como: o giz de cera, o
lápis de cor, Grafite, hidrocor, carvão para desenho, pastel seco, pastel a óleo.
Para a técnica pode-se utilizar o desenho cego, o desenho continuada que é
feito em grupo, o desenho com linhas, o desenho de observação e muitos
outros.
Isso possibilitará ao aluno um bom desenvolvimento e habilidade que
acorre aos poucos de acordo com as experimentações das técnicas e
materiais a ele proposta.
Modelagem
A modelagem é um pouco difícil de aceitar principalmente para os
adultos, por isso ela deve ser introduzida mais a frente, depois que os alunos
já estão mais familiarizados com atividades variadas e com o ambiente,pois já
saberão para que veio, conseguindo se encontrar melhor no tempo e no
espaço.
A modelagem em Arteterapia só deve ser utilizada
depois de algumas experiências no plano
45
bidimensional, salvo em situções em que o cliente já
inicie o processo trazendo experiências anteriores
com a modelagem. Este precaução deve-se ao fato
que esta linguagem plástica oferece algumas
dificuldades operacionais e inaugura as experiências
no plano da tridimensionalidade, envolvendo
desafios de organização espacial e capacidade de
formar estruturas, e mantê-las em equilíbrio, além de
intensificar a experiência com o tato, envolvendo
sensações com textura e relevos. (Philippini,2009,
pág.72)
Na modelagem também temos muitos materiais e opções de trabalho
para construções diversas. São elas: A argila, massa de modelar, massa de
biscuit, massa de sabonete, papel machê. Algumas massas podem ser feitas
em casa para a utilização na escola e até mesmo em ateliê terapêutico.
Tecelagem
A tecelagem tem origem bem antiga. A mitologia tem ricas histórias
envolvendo o uso do “fio”, essa utilização resultou a para em criações
belíssimas e que hoje em dia podemos também realizar.
A tecelagem em Arteterapia oferece uma ampla e
produtiva possibilidade de ampliação, mesmo para
clientes com processos clínicos mais graves, que
necessitam ficar acamados, ou que são mais idosos,
mas igualmente poderá ser usada por crianças,
mesmo as menores, com interessantes resultados
para
a
concentração,
a
organização
e
o
desenvolvimento psicomotor, desde que os teares e
as técnicas sejam simples. (Philippini, 2009, pág.61)
46
A tecelagem é bem variada, pois o uso de teares pode ser de diversas
formas e tamanhos, do mais complexo ao mais simples. Para uso terapêutico a
tecelagem é bem ampla podendo incluir a trama, a urdidura, a tessitura e
outras.
O uso com fio no geral tem um caráter extremamente terapêutico
podendo ser utilizado também em colagem, costura, bordado, crochê. O
trabalho com fio não se limita no uso lã e sim podendo ser utilizado os
barbantes, fitas, tiras de plástico, ráfia, linha em geral, basta utilizar a
criatividade para obter trabalhos lindíssimos.
Sucata
Chamamos de trabalho com sucata basicamente o reaproveitamento de
materiais, podendo dar outro significado ao que já existia e que iria para o lixo.
Para as construções com sucata podemos utilizar vários materiais como:
palitos de sorvete, caixas de papelão variadas, canudos, copos descartáveis,
pedaço de tecido, palito de fósforo, jornal, garrafas pet, rolinhos de papel
higiênico e outros rolos, tampinhas, caixas de feira e muitos outros materiais,
sendo utilizado em construções de maquetes, fantoches, bonecos, flores,
luminárias, porta-joias, porta- trecos, vasos, cofres, bichinhos, brinquedos etc.
”Esses objetos, que antes serviam a um propósito,
agora se apresentam para a criação de novas
formas, fruto de novas ideias, necessitando para
isso de um planejamento prévio, a fim de serem
materializadas
com
sucesso.
É,
portanto,
a
(re)valorização de objetos antes sem valor que, para
se realizar, exige um nível de organização mental e
motora. Tal atividade pode ajudar na elaboração de
47
que, de uma situação, a princípio,
caótica, pode
nascer uma solução, mais harmônica e mais
interessante. (Coutinho, 2009, p.82)
A arte com sucata em Arteterapia tem um significado bastante forte, a
transformação do objeto requer um processo de criatividade, que proporciona
experiências transformadoras, que é importantíssimo para o processo
terapêutico.
48
CONCLUSÃO
A Arteterapia tem um papel importantíssimo no auxilio ao aluno da EJA,
pois proporciona o encontro com o outro e consigo mesmo, aumentando a sua
autoestima e consequentemente sua qualidade de vida, já que o contato com a
arte lhe dá oportunidade de criar e esse processo de criação lhe faz entrar em
contato com o inconsciente materializando-o. A Arteterapia busca através da
arte, alcançar um maior equilíbrio emocional por isso a arte é terapia
A partir do momento que se busca criar, participando numa dimensão do
‘eu’ entrando nas imagens simbólicas a arte se torna terapêutica.
A autoestima é fundamental ao aluno da EJA pois diversos fatores do
seu dia a dia pode deixa-lo com problemas que atrapalham o seu
desempenho. Por isso é importante que possibilitemos momentos de prazer e
satisfação. Para que ao criar, o aluno valorize sua própria criação, não tenha
medo e sinta confiança em si mesmo.
A criatividade de ser deve ser trabalhada e exercitada nos alunos da
EJA, pois ao darmos a esses alunos tão sacrificados pela vida a possibilidade
de criar estamos dando a oportunidade de confiança em si mesmo. Fazendo
com que ele melhore seu rendimento escolar e perca o medo de errar e saber
que ele é importante e faz a diferença no mundo em que vive.
As práticas criativas através de atividades expressivas fazem parte do
processo de mudança do indivíduo, pois essas técnicas contribuem para que o
ser humano entenda melhor suas ideias e sentimentos, reduzindo a ansiedade
e aumentando a sua autoestima. Sendo assim poderemos conviver com alunos
criativos, participativos e que sentem prazer de estarem no ambiente escolar.
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDEN, Nathaniel. Autoestima e os seus seis piilares. Tradução de Vera
Caputo. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 1997.
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O que é Autoestima? Em http://www.portalcursos.com. Acesso 29-01-2012
52
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
3
DEDICATÓRIA
4
RESUMO
5
METODOLOGIA
6
SUMÁRIO
7
INTRODUÇÃO
8
CAPITULO I - Arteterapia como Método de Ensino e Aprendizagem
11
1.1 – Arteterapia
11
1.2 - O Ensino de Arte na EJA
14
1.2.1 – Conhecendo um pouco do ensino da Arte
16
1.2.2 – Conhecendo um pouco da EJA
18
1.3 - O caráter terapêutico educativo da Arteterapia
19
CAPITULO II - Arteterapia na Transformação da Autoestima
22
2.1 - A importância da autoestima para o indivíduo
22
2.1.1 – Autoestima Alta
24
2.1.2 – Autoestima Baixa
26
2.2 – Desenvolvimento da Autoestima nos alunos da EJA
29
CAPITULO III – Criatividade
31
53
3.1 – Porque precisamos ser criativos
31
3.1.1 – Característica da personalidade criativa
33
3.2 – Criatividade no cotidiano escolar
34
3.3 – Processo criativo na EJA
37
3.3.1 – Os sete pilares da criatividade
38
3.4 – Praticando a criatividade
40
CONCLUSÃO
48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
49
WEBGRAFIA
51
ÍNDICE
52
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