UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO: ADMINISTRAÇÃO UNIDADE 1 GOVERNANÇA CORPORATIVA: ABRANGÊNCIA, RAÍZES E FATORES DE DESENVOLVIMENTO Prof.a Ana Cristina Miranda Rodrigues Abril/2011 O despertar da governança - Afinidades históricas entre sistema capitalista, evolução do mundo corporativo e desenvolvimento da ciência da administração. - Gigantismo das corporações, dispersão do controle acionário e despersonalização da propriedade. - Ascensão dos gestores não proprietários e da tecnoestrutura organizacional. - Interesses não simétricos entre proprietários (distantes das organizações) e gestores (atuantes na organização). - Conflitos de agência O despertar da governança Segundo Andrade e Rossetti (2009), os pressupostos essenciais da governança são: 1. proprietários das empresas são os agentes principais do mundo dos negócios; 2. decisões dos gestores devem estar forcadas no interesse dos proprietários por máximo retorno. No entanto, a lista de stakeholders é bem mais ampla e todos têm interesses legítimos. Objetivo das corporações Relações entre: - mundo corporativo e sociedade (responsabilidade social corporativa); - empresas de mesma cadeia de negócios; e - acionistas, conselhos e diretoria executiva. Foco preliminar da governança: análise dos objetivos das companhias, considerando suas interfaces com demandas e direitos de outros stakeholders. Em contrapartida, em economias capitalistas, existe a dualidade entre risco e retorno Principais stakeholders com que as empresas interagem SHAREHOLDERS Quanto ao regime legal (proprietários, investidores) - acionistas - cotistas Quanto à participação - majoritária - minoritária Quanto à gestão - participantes ativos - outorgantes Quanto ao controle - integrantes do bloco de controle - fora do bloco de controle Quanto à classe de ações - com direito a voto - sem direito a voto STAKEHOLDERS INTERNOS Órgãos de governança - diretoria executiva - conselho de administração - conselho fiscal - auditores independentes - auditores internos Empregados Interesses - dividendos ao longo do tempo (a) - ganhos de capital: maximização de valor da empresa (b) - máximo retorno total (a) + (b) - Conselho de administração e direção executiva: base fixa de remuneração, bonificações, stock options - Outros órgãos de governança: retribuições em bases fixas - Empregados: segurança, salários, participação nos lucros, benefícios assistenciais, reconhecimento, oportunidade, desenvolvimento pessoal. Principais stakeholders com que as empresas interagem STAKEHOLDERS EXTERNOS Credores Fornecedores diretos e indiretos Clientes/consumidores STAKEHOLDERS DE ENTORNO Comunidade local Sociedade como um todo Governos ONGs Fonte: Adaptado de Andrade e Rossetti (2009). Interesses - Credores: resultados positivos, capacidade de liquidação de dívidas. - Fornecedores: regularidade, desenvolvimento conjunto. - Clientes/consumidores: preços justos, produtos conformes, confiáveis, seguros. - Comunidades locais: geração de empregos e contribuições para desenvolvimento. - Sociedade: bem-estar social, balanço social contributivo. - Governos: conformidade legal, crescimento, geração de empregos. - ONGs: preservação ambiental, direitos de minorias e provisões. Proposições normativas de governança Âmbito microeconômico - Lógica financeira: benefício financeiro – lucro - Lógica dos riscos assumidos: garantias residuais de recuperação do investimento - Lógica da gestão: foco nos shareholders; caso contrário, poderá ocorrer divergências de interesses. - Lógica dos conflitos de agência: raízes históricas da governança (proprietários x gestores) Âmbito macroeconômico - Racionalidade utilitarista: maximização do lucro → benefício para a sociedade como um todo. Equilíbrio de interesses múltiplos Contraposição ao objetivo máximo retorno total dos proprietários. Ponderação entre acúmulo de questões econômicofinanceiras (acúmulo de ganhos), ambientais e sociais. Equilíbrio de interesses múltiplos Proposições na linha da responsabilidade corporativa: a) cobrança dos ativistas e do mercado: prestações de contas ao mercado de capitais e à sociedade; b) gestão estratégica dos stakeholders: não considerá-los apenas como meios do negócio; c) gestão dos relacionamentos: atendimento aos interesses de todas as partes interessadas; d) extensão da teoria da agência: outorgação dos poderes aos gestores também pelos demais stakeholders Equilíbrio de interesses múltiplos Prefácios de Berle-Means (final dos anos 60) 1. 2. 3. 4. 5. A revolução das SAs mudou a lógica tradicional da propriedade (distribuição maior da riqueza passiva) Acionistas são beneficiados (riqueza gerada) com a canalização de novos investimentos, sendo isto justificado se parcela da sociedade também participar dessa riqueza. Totalidade dos resultados não deve ser destinada apenas aos acionistas. Mudanças nos conceitos de riqueza, iniciativa, motivação do lucro e concorrência. O poder econômico (recursos, meio ambiente, condições de trabalho e preços cobrados) das grandes companhias abrange muito mais que seu poder de mercado. Legitimidade dos interesses envolvidos: síntese comparativa Síntese comparativa: qualificações das abordagens de governança, quanto à abrangência dos propósitos corporativos Abordagens Qualificações diferenciadoras - Países que adotam esta abordagem: EUA, Inglaterra e Canadá - Máximo retorno total do capital investido ao acionista - Indicadores de desempenho centrados em demonstrações financeiras e Shareholders oriented patrimoniais - Foco em oportunidades de crescimento e em riscos corporativos - Direito de propriedade inquestionável - Proprietários representados nos órgãos internos de governança - Gestores avaliados pelas decisões que maximizem a riqueza dos proprietários - Países que adotam esta abordagem: Alemanha e Canadá - Conciliação do conjunto ampliado de interesses - Proprietários e outros stakeholders representados nos órgãos internos da empresa Stakeholders oriented - Leque mais aberto de públicos-alvo integrados - Além dos resultados financeiros e patrimoniais, olhos voltados para um conjunto ampliado de indicadores de desempenho. Fonte: Adaptado de Andrade e Rossetti (2009) Síntese das concepções de governança corporativa Em seu nascedouro, a governança fixou-se em conflitos de agência entre: - acionistas e gestores (CAUSA: dispersão da propriedade e afastamento passivo dos acionistas atribuíveis ao gestor oportunista) - grupos majoritários e grupos minoritários de controle das empresas (CAUSA: concentração de propriedade atribuível ao acionista oportunista) Referências bibliográficas ANDRADE, Adriana de; ROSSETTI, José Paschoal. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. 4 ed. São Paulo: Atlas,) 2009.