29 de Abril de 2010 Docente: Prof.ª Doutora Isabel Pinto Ribeiro Discentes: Bruno Ribeiro, Catarina Nunes, Lídia Teixeira e Solange Alves A verificação do óbito destina-se a estabelecer com segurança que um determinado indivíduo se encontra morto. A verificação do óbito é da competência do médico e qualquer médico inscrito na Ordem dos Médicos deverá estar habilitado a fazê-lo. Baseia-se na identificação clínica dos sinais negativos de vida observados durante um período de tempo apropriado, recorrendo, se necessário, a exames complementares e/ou testes adequados ou a sinais positivos de morte. Identificação: V. M. F. , sexo masculino, 8 anos, residente em meio rural em Bucelas Trazido pelos pais ao SU por suspeita de ingestão de paraquat Data de Internamento: 15 de Abril de 2010 Motivo internamento: dor orofaríngea, retroesternal e epigástrica, vómitos, diarreia, lesões cáusticas ulcerosas orais e faríngeas desde há 3 horas Analiticamente: hipocaliemia, elevação das aminotransferases, bilirrubina e amilase Lavagem gástrica com carvão activado e sulfato de magnésio, plasmaferese e corticóides endovenosos No 2º dia de internamento: deterioração do estado clínico com insuficiência respiratória global, seguida de paragem cárdio-respiratória Massagem cardíaca, ventilação assistida, administração de atropina e adrenalina sem eficácia Registo no processo no clínico: Verificação do óbito às 16h, do dia 17/04/10 (Identificação do Médico e o seu Nº de cédula da Ordem dos Médicos) SINAIS DEVIDOS À CESSAÇÃO DAS FUNÇÕES VITAIS Sinais Negativos de vida: Ausência de batimentos cardíacos Ausência de movimentos respiratórios Ausência de resposta a reflexos dolorosos profundos Identificação: B.F; sexo masculino, 47 anos de idade,caucasiano, professor do 1º ciclo. Data: 13/01/10 Vítima de atropelamento por veículo automóvel • • No local do acidente o doente apresentava-se inconsciente com score de glasgow 3 • Foi imobilizado e realizou-se entubação orotraqueal com ligação ao ventilador TAC evidencia TCE grave: vários focos de contusão, hemorragia subaracnoideia pós- traumática e edema cerebral difuso. • Individuo do sexo feminino, 47 anos de idade, Internamento na Unidade de Medicina Intensiva, estando sob ventilação. vitima de atropelamento por veiculo automóvel, Politraumatizada; 24h depois • Sem reversão do edema cerebral, com a medicação em dose máxima. • Ausência de resposta motora à estimulação dolorosa dos pares craneanos e ausência de respiração espontânea. Estabilidade hemodinâmica, sem hipotermia ou alterações metabólicas e endócrinas, sem administração de fármacos depressores do SNC ou relaxantes musculares. Morte Cerebral? Confirmar diagnóstico com provas de morte cerebral Assistente Hospitalar de Med. Intensiva e Assistente Hospitalar de Neurologia Reflexos do tronco cerebral Prova da apneia Reflexos do tronco cerebral Reflexos fotomotores Reflexos do tronco cerebral Reflexos oculocefálicos Reflexos cerebral: Reflexosdo dotronco tronco cerebral Reflexos oculovestibulares Reflexos dodotronco Reflexos troncocerebral: cerebral Reflexos corneopalpebrais Reflexos dodotronco Reflexos troncocerebral: cerebral Reflexo faríngeo da apneia TesteTeste da apneia Desconexão do durante 15min; Ausência de movimentos respiratórios com PCO2 de 50-60 mmHg (estímulo do centro respiratório). ventilador mecânico, Bruno Ferreira 47 Medicina Intensiva 14:35 13/01/10 Hemorragia sub-aracnoidei a e edema cerebral 14:35 13/01/10 Hemorragia sub-aracnoidei a e edema cerebral 14/01/10 16:30 14/01/10 22:30 14/01/10 16:30 14/01/10 22:30 Identificação: A.G.L. , sexo masculino, 45 anos, residente em Lisboa. Encontrado na sua residência pela empregada doméstica, morto por enforcamento. Data: 12 de Janeiro de 2010 Chamada da autoridade policial ao local de residência do morto Chamada do médico delegado de saúde pública Registo em papel timbrado: Verificação do óbito às 12h, do dia 12/01/10 (Identificação do Médico e o seu Nº de cédula da Ordem dos Médicos; identificação da pessoa falecida por conferência de documento de identificação ) Determinação da data da morte: ▪ Sinais positivos de morte: ▪ precoces ▪ tardios Precoces Arrefecimento cadavérico Desidratação cadavérica (opacificação córnea: olhos fechados 24h; olhos abertos 45m/4h; , manchas de Sommer-Larcher: 10-12h) Precoces Alterações oculares (afundamento ocular: 2-3h) Livores cadavéricos Rigidez cadavérica (completa às 6-12h até 36 h; intensidade máx às 13-24h, restabelecimento indica morte em menos de 8 horas ) Determinação da data da morte: ▪ Sinais positivos de morte: ▪ Temperatura rectal 23ºC ▪ Livores fixos ▪ Rigidez cadavérica intensa a muito intensa Sinais Positivos de Morte Livores Sinais Positivos de Morte Rigidez cadavérica Arrefecimento cadavérico Fenómeno cadavérico de maior utilidade para a determinação do intervalo postmortem nas primeiras 24 horas após a morte ARREFECIMENTO CADAVÉRICO Tempo Postmortem = [ 36.9 –Temperatura rectal] / 0,8 Temperatura rectal: 23ºC Temperatura ambiente: 13ºC Peso: 70Kg Intervalo post-mortem? Arrefecimento cadavérico Intervalo post-mortem: 17h mais ou menos 3,2h [14-20h] Cronotanadiagnose Sinais Positivos de Morte Sinais Positivos de Morte Processos de Conservação do Cadáver Mumificação (Desidratação rápida) Saponificação (Decomposição e solificação da gordura) Congelação (Temperatura extremamente baixas) Maceração (Meio líquido) Calcificação (Petrificação por depósito de cálcio) Courificação (Enclausuramento ermético em caixão metálico) Decreto-Lei 141/99, de 28 de Agosto Estabelece os princípios em que se baseia a Verificação da Morte Quem verifica a morte? O Médico, nos termos da lei (nº1, Artigo 3º) Que Médico deve verificar o óbito? Aquele a quem estiver acometida a responsabilidade do doente no momento da morte (nº1, Artigo 4º) O que chegue em primeiro lugar (nº1, Artigo 4º) Em que situações é obrigatória a presença de mais que um médico para a verificação do óbito? Nos casos de sustentação artificial das funções cardio-circulatória e respiratória, a verificação da morte deve ser efectuada por dois médicos, de acordo com o regulamento elaborado pela Ordem dos Médicos (nº4, Artigo 4º) Quando se pode dizer, “verificar”, que um indivíduo está morto? Quando houver cessação irreversível das funções do tronco cerebral (Artigo 2º) Como se deve verificar um óbito? Com base em critérios médicos, técnicos e científicos a definir pela Ordem dos Médicos (nº2, Artigo 3º) O que deve figurar na Verificação do Óbito? Identificação possível da pessoa falecida e o modo como esta se obteve (alínea a, nº1, Artigo 4): - por documento de indentificação existente - por informação verbal Local, data e hora de verificação (alínea c, nº1, Artigo 4º) Informação clínica ou observações eventualmente úteis (alínea d, nº1, Artigo 4º) Identificação do Médico e seu número de cédula da Ordem dos Médicos (alínea b, nº1, Artigo 4º) Existem impressos próprios para a Verificação do Óbito? Não Em que impressos ou formulários devem estes elementos ser escritos? Nos estabelecimentos de saúde públicos ou privados: No processo clínico (nº3, Artigo 4º) Em ambulatório: Em papel timbrado do médico, de instituição ou outro (nº3, Artigo 4º) A quem se entrega este documento? À família ou autoridade que compareça no local (nº3, Artigo 4º) Knight B, Simpson’s Forensic Medicine. 10th ed. New York: Arnold/Oxford University Press; 1996. p. 12-6 Payne-James J, Byard RW, Corey TS, Henderson. Encyclopedia of Forensic and Legal Medicine – Volume Three. Madrid: Elsevier Academic Press; 2005. p. 456-75 Serra A, Domingos F, Prata M, Intoxicação por Paraquat, Acta Médica Portuguesa 2003;16:25-32. Soares JLD. Semiologia Médica – Príncipios, métodos e interpretação. 1ª ed. Lisboa: LIDEL; 2007. p. 373-4 Spitz WV. Spitz and Fisher’s Medicolegal Investigation of Death. 4th ed. Springfield: Charles C Thomas; 2006. p. 87-90 www.dre.pt (consultado a 28 de Abril de 2010)