UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA Faculdade de Ciências da Economia e da Empresa Doutoramento em Gestão A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Realizado por: Carlos Alberto da Costa Martins Orientado por: Prof.ª Doutora Paula Cristina Lopes Rodrigues Co-orientado por: Prof. Doutor Mário Caldeira Dias Constituição do Júri: Presidente: Orientadora: Arguente: Arguente: Vogal: Vogal: Vogal: Prof. Doutor Afonso Filipe Pereira d'Oliveira Martins Prof.ª Doutora Paula Cristina Lopes Rodrigues Prof.ª Doutora Ana Margarida Mendes Camelo Oliveira Brochado Prof. Doutor Manuel Aguiar Prof. Doutor Francisco Vitorino Silva Martins Prof. Doutor Jorge Júlio Landeiro de Vaz Prof. Doutor Mário Alexandre Guerreiro Antão Tese aprovada em: 24 de Março de 2015 Lisboa 2014 U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A D E L I S B O A Faculdade de Ciências da Economia e da Empresa Doutoramento em Gestão A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Carlos Alberto da Costa Martins Lisboa Novembro 2014 U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A D E L I S B O A Faculdade de Ciências da Economia e da Empresa Doutoramento em Gestão A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Carlos Alberto da Costa Martins Lisboa Novembro 2014 Carlos Alberto da Costa Martins A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tese apresentada à Faculdade de Ciências da Economia e da Empresa da Universidade Lusíada de Lisboa para a obtenção do grau de Doutor em Gestão. Orientadora: Prof.ª Doutora Paula Cristina Lopes Rodrigues Co-orientador: Prof. Doutor Mário Caldeira Dias Lisboa Novembro 2014 Ficha Técnica Autor Orientadora Co-orientador Carlos Alberto da Costa Martins Prof.ª Doutora Paula Cristina Lopes Rodrigues Prof. Doutor Mário Caldeira Dias Título A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Local Lisboa Ano 2014 Mediateca da Universidade Lusíada de Lisboa - Catalogação na Publicação MARTINS, Carlos Alberto da Costa, 1961A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas / Carlos Alberto da Costa Martins ; orientado por Paula Cristina Lopes Rodrigues, Mário Caldeira Dias. - Lisboa : [s.n.], 2014. Tese de Doutoramento em Gestão, Faculdade de Ciências da Economia e da Empresa da Universidade Lusíada de Lisboa. I - RODRIGUES, Paula Cristina Lopes, 1970II - DIAS, Mário Caldeira, 1951LCSH 1. Planeamento estratégico 2. Planeamento empresarial 3. Tomada de decisão 4. Comportamento organizacional 5. Universidade Lusíada de Lisboa. Faculdade de Ciências da Economia e da Empresa - Teses 6. Teses - Portugal - Lisboa 1. 2. 3. 4. 5. Strategic planning Business planning Decision making Organizational behavior Universidade Lusíada de Lisboa. Faculdade de Ciências da Economia e da Empresa Dissertations 6. Dissertations, Academic - Portugal - Lisbon LCC 1. HD30.28.M37 2014 À memória de meu pai, pelo que me deu. A minha mãe por tudo aquilo que é para mim. AGRADECIMENTOS Tendo chegado ao final deste desafio, longo e difícil, impõe-se agradecer a algumas das pessoas que mais contribuíram para este percurso. Para todos aqueles que por esquecimento não os refira, considerem-se da mesma forma reconhecidos e gratos pelo contributo. Começo por destacar de todos os meus professores, aquele, que sem saber, se tornou responsável pelo meu percurso académico, e em boa parte, também pelo profissional. Encontrei-o pela primeira vez na Universidade Católica, tendo a partir daí sido para mim uma referência nesta área científica da Estratégia. O Prof. Doutor Jorge Vasconcellos e Sá representou para mim, a primeira experiência pedagógica, e operacional distinta da estratégia. Homem de caracter vincado, atraía sentimentos opostos em seu redor. Sem ele, eu teria com certeza percorrido outros caminhos. Pela experiencia e valia, gostaria de reconhecer a importância que tiveram os conhecimentos que durante dois anos recolhi na Universidade de Salamanca. Aqui encontrei alguns dos excelentes professores que enriqueceram e impulsionaram o meu percurso no campo da Estratégia, e também de Marketing. De todos os professores destaco, Juan Manuel Lafuente, Pablo Muñoz e Zulima Fernandez. Por esta altura acompanhou-me nessa aventura, o António Mello, um amigo e colega, que a partir daí solidificamos uma amizade que se prolonga até hoje. Nesses dias de ausência de Portugal, partilhamos e experimentámos opiniões e estados de espírito. Cumpre-me agradecer a dois professores que neste desafio de vida, contribuíram igualmente para a concretização deste prolongado percurso. As contrariedades da vida, transformaram este trajecto em momentos de ânimo, e outros de desalento. Nesses caminhos, encontrei estes dois professores que souberam interpretar estas vicissitudes, o Prof. Doutor Fernando P. Alves, e o Prof. Doutor Fernando de Almeida. Ambos foram duma compreensão e resignação exemplares. Dedico-lhes uma boa parte deste trabalho porque foram ambos, sem o saberem impulsionadores, e merecedores da concretização deste trabalho. Neste percurso devo um agradecimento muito especial à Informa D&B Portugal, nas pessoas da Dra. Teresa Lima, e do Dr. Augusto Castelo Branco, pela abertura e disponibilidade que demonstraram desde o início, no acesso à base de dados das empresas de crescimento elevado, e a sua utilização num trabalho científico. Aos meus amigos que comigo debateram, e me aconselharam sobre o melhor caminho da investigação, destaco o Jorge Moreira, a Cristina Abreu e a Ana Borges. Representaram a consciência crítica, e a ponderação no melhor caminho a seguir. De todos tenho no meu coração a Graça P. Costa que logisticamente me concedeu o seu refúgio para duma forma eremita conseguir concretizar este desafio. Aos responsáveis dos serviços de documentação da minha Universidade quero igualmente agradecer pela forma como se disponibilizaram para me apoiarem na componente formal deste trabalho. Desde a Dra. Isabel Monteiro, ao Dr. Hélder Machado, e com particular destaque a ajuda fundamental na fase final do Dr. Miguel Oliveira. À minha orientadora Prof. Doutora Paula Rodrigues, devo uma gratidão eterna. Pela paciência, persistente colaboração, incentivo e acompanhamento que pude usufruir ao longo de todo este trajecto. Para lá da relação académica, restou ainda o mais importante, uma amizade que se irá manter para a vida. As minhas últimas palavras vão para o meu círculo mais próximo – a família. Pelas horas que lhes roubei, pelas ausências a que foram submetidos, pelos estados de espírito que tiveram de suportar. A tudo se revelaram exemplares. Da minha mãe pela serenidade com que permaneceu ao longo deste processo, sabendo que a penalizei pelas minhas ausências. À minha irmã pela disponibilidade que demonstrou e os cuidados que revelou. Às minhas filhas pelos períodos prolongados que não puderam partilhar comigo. À minha companheira destes anos, que partilhou as angústias, as dificuldades, e que me ajudou em momentos onde o desânimo pode ter sido maior. Para todos que partilharam, e viveram este percurso a minha gratidão. “Os problemas têm sempre mais um centímetro do que a nossa altura. Se crescermos, passam a ser meros exemplos de treino e motivação.” Vieira, Nuno Silva (2014) – O eremita que pintou o deserto de branco. Lisboa: Pergaminho. ISBN 978-989-687-216-8. APRESENTAÇÃO A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Carlos Alberto da Costa Martins O ambiente externo tem sido bastante discutido em termos estratégicos, reconhecendo-se a sua importância e influência, nas decisões organizacionais. A sua variabilidade origina diferentes graus de incerteza. A inovação deste estudo concentrou-se, na influência que o dinamismo e a complexidade têm nalgumas decisões estratégicas, e na adopção das lógicas estratégicas. A base teórica, para determinar a incerteza baseou-se no modelo de Duncan, enquanto as decisões estratégicas foram fundamentadas a partir das contribuições de Ansoff até McGrath, e as tipologias estratégicas tiveram por base os trabalhos de Bingham, Furr e Eisenhardt. A metodologia da pesquisa é quantitativa, tendo sido a recolha de dados efectuada através de correio electrónico, e via telefone. A população utilizada foram as 984 empresas de crescimento elevado, existentes em Portugal desde 2008-2011, das quais resultaram 172 respostas válidas. O ambiente foi medido através de medidas subjectivas, baseada na opinião dos seus gestores de topo. Foram utilizadas técnicas estatísticas de análise factorial e, modelos de equações estruturais. Conceberam-se dois modelos para cada lógica estratégica, representando um deles o efeito directo das variáveis ambientais na escolha de cada uma das lógicas estratégicas, enquanto um segundo, traduz o efeito indirecto dessas variáveis mediadas pelas decisões estratégicas. Enquanto o efeito directo da complexidade, foi confirmada em cada um dos dois modelos utilizados para cada lógica estratégica, o mesmo não se verificou quanto ao efeito directo do dinamismo em qualquer das lógicas estratégicas. A influência indirecta das variáveis, do dinamismo e da complexidade mediadas pelas decisões estratégicas, confirmaram os modelos das lógicas estratégicas. Os resultados obtidos confirmaram o efeito da incerteza ambiental, mediados pelas decisões estratégicas, na escolha das lógicas estratégicas. Palavras-chave: Dinamismo; Complexidade; Incerteza; Lógicas estratégicas; Empresas de Crescimento Elevado (ECE). PRESENTATION The influence of environmental uncertainty on the strategic logics choice Carlos Alberto da Costa Martins The external environment has been widely discussed in strategic terms, recognizing its importance and influence on organizational decisions. Their variability yields different degrees of uncertainty. The innovation of this study focused on the influence that the dynamism and complexity have some strategic decisions and on the adoption of the strategic logic. The theoretical basis for determining the uncertainty was the model of Duncan, while strategic decisions were based on the contributions from Ansoff to R. McGrath, and the strategic typologies were based on the studies of Bingham, Furr and Eisenhardt. The research methodology is quantitative, and the data has been collecting via email and telephone. The population used was 984 high-growth companies, existing in Portugal from 2008 to 2011, which resulted in 172 valid responses. The environment was measured by subjective measures, based on the opinion of its top managers. Statistical techniques of factor analysis and structural equation models were used. For each strategic logic, two models were designed, one representing the direct effect of environmental variables on the choice of each of strategic logic, while a second, translating the indirect effect of these variables mediated by strategic decisions. While the direct effect of complexity was confirmed in each of the two strategic logic models used, the same did not occur as the direct effect of dynamism in any of the strategic logic models. The indirect influence of, dynamism and complexity mediated by strategic decisions, confirmed the strategic logic models. The results confirmed the effect of environmental uncertainty mediated by strategic decisions, on the choice of strategic logics. Keywords: Complexity; Dynamism; Strategic Logics; High Growth Companies (HGC). LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1 - Determinantes da incerteza. (Ilustração nossa) ..................................... 52 Ilustração 2 - Relação do ambiente e a informação. (Ilustração nossa) ...................... 55 Ilustração 3 - Níveis de Incerteza. (Ilustração nossa) .................................................. 55 Ilustração 4 - Dimensões do ambiente - Incerteza percebida. ( [Adaptação a partir de:] Daft, 2002) .................................................................................................................. 58 Ilustração 5 - As tipologias de ambiente. (Ilustração nossa)........................................ 59 Ilustração 6 - Métodos de avaliação do ambiente. (Ilustração nossa) ......................... 64 Ilustração 7 - Nível de incerteza. (Ilustração nossa) .................................................... 74 Ilustração 8 - Tipologia de Ambientes. (Ilustração nossa) ........................................... 76 Ilustração 9 - O tipo de ambiente e as lógicas estratégicas. (Ilustração nossa)........... 92 Ilustração 10 - Paradigma da Organização Industrial (IO). (Ilustração nossa) ............. 93 Ilustração 11 - Paradigma dos Recursos. (Ilustração nossa) ...................................... 99 Ilustração 12 - Paradigma das Oportunidades. ......................................................... 104 Ilustração 13 - Modelo Conceptual A proposto para a Lógica de Posicionamento .... 130 Ilustração 14 - Modelo Conceptual B proposto para a Lógica do Posicionamento .... 130 Ilustração 15 - Modelo Conceptual A proposto para a Lógica da Alavancagem ........ 133 Ilustração 16 - Modelo Conceptual B proposto para a Lógica da Alavancagem ........ 133 Ilustração 17 - Modelo Conceptual A para a Lógica de Oportunidade....................... 135 Ilustração 18 - Modelo Conceptual B proposto para a Lógica de Oportunidade ........ 135 Ilustração 19 - Taxa de Crescimento das Empresas de Crescimento Elevado (ECE). (Informa D&B, 2013) ................................................................................................. 145 Ilustração 20 - Modelo de medida da Lógica de Posicionamento .............................. 166 Ilustração 21 - Modelo de medida estimada da Lógica de Posicionamento .............. 166 Ilustração 22 - Modelo de medida da Lógica de Alavancagem ................................. 168 Ilustração 23 - Modelo de medida estimado para a Lógica de Alavancagem ............ 168 Ilustração 24 - Modelo de medida para a Lógica de Alavancagem ........................... 170 Ilustração 25 - Modelo de medida estimado para a Lógica de Oportunidade ............ 170 Ilustração 26 - Modelo Estrutural estimado para a Lógica de Posicionamento A ...... 173 Ilustração 27 - Modelo Estrutural estimado para a Lógica de Posicionamento B ...... 174 Ilustração 28 - Modelo Estrutral estimado da Lógica da Alavancagem A .................. 175 Ilustração 29 - Modelo Estrutural estimado para a Lógica de Alavancagem B .......... 177 Ilustração 30 - Modelo Estrural estimado para a Lógica de Oportunidade A ............. 178 Ilustração 31 - Modelo Estrutural Estimado para a Lógica de Oportunidade B .......... 180 Ilustração 32 - Modelos de Lógicas Estratégicas ...................................................... 199 Ilustração 33 - Estratégias de Conhecimento face à Incerteza.................................. 200 Ilustração 34 - Lógicas Estratégicas (Modelo de Bryant) .......................................... 202 Ilustração 35 - Proposta de Tipologia Ambiental ....................................................... 205 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Revisão teórica dos efeitos do dinamismo e da complexidade na incerteza ................................................................................................................................... 69 Tabela 2 - Conceito e elementos da estratégia ........................................................... 89 Tabela 3 - Conceito de Lógica de Posicionamento ..................................................... 96 Tabela 4 - Conceito de Lógica de Alavancagem ....................................................... 101 Tabela 5 - Conceito de Lógica de Oportunidade ....................................................... 110 Tabela 6 - Modelos de Medida para as Variáveis Estratégicas e a Notação das variáveis Latentes ..................................................................................................... 120 Tabela 7 - Equações dos Modelos Estruturais .......................................................... 121 Tabela 8 - Variáveis dos critérios das Medidas Estatisticas ...................................... 126 Tabela 9 - Critérios das Medidas Estatisticas ........................................................... 129 Tabela 10 - Variaveis do dinamismo ......................................................................... 138 Tabela 11 - Variáveis da Complexidade.................................................................... 140 Tabela 12 - Variaveis das Decisões Estratégicas ..................................................... 141 Tabela 13 - Variáveis das Lógicas Estratégicas ........................................................ 142 Tabela 14 - Caracteristicas do Tecido Empresarial e das ECE ................................. 146 Tabela 15 - Evolução do Tecido Empresarial e das ECE .......................................... 146 Tabela 16 - Dinâmica Sectorial do Tecido Empresarial-vs-ECE (2008-2011) ........... 147 Tabela 17 - Evolução das ECE ................................................................................. 147 Tabela 18 - Estatística descritiva das variáveis do dinamismo .................................. 149 Tabela 19 - Estatística descritiva das variáveis da complexidade ............................. 150 Tabela 20 - Estatística descritiva das variáveis das decisões estratégicas ............... 150 Tabela 21 - Estatística descritiva das variáveis da lógica de posicionamento ........... 151 Tabela 22 - Estatística descritiva da lógica de alavancagem .................................... 151 Tabela 23 - Estatística descritiva da lógica de oportunidade ..................................... 151 Tabela 24 - Correlação e comunalidades do dinamismo........................................... 152 Tabela 25 - Variância explicada do dinamismo ......................................................... 153 Tabela 26 - Teste de adequação do dinamismo ....................................................... 153 Tabela 27 - Indices extraidos para as variaveis do dinamismo ................................. 153 Tabela 28 - Correlação e comunalidades da complexidade ...................................... 154 Tabela 29 - Variância explicada da complexidade .................................................... 155 Tabela 30 - Teste de adequação da complexidade ................................................... 155 Tabela 31 - Índice extraídos para as variáveis da complexidade .............................. 156 Tabela 32 - Correlação e Comunalidades das decisões estratégicas ....................... 156 Tabela 33 - Variância explicada das decisões estratégicas ...................................... 157 Tabela 34 - Testes de adequação das decisões estratégicas ................................... 157 Tabela 35 - Índices extraídos para as variáveis das decisões estratégicas............... 157 Tabela 36 - Correlação e comunalidades da lógica de posicionamento .................... 158 Tabela 37 - Variância explicada da lógica de posicionamento .................................. 158 Tabela 38 - Testes de adequação da lógica de posicionamento ............................... 159 Tabela 39 - Índices extraídos para as variáveis da logica de posicionamento .......... 159 Tabela 40 - Correlação e comunalidades da lógica de alavancagem........................ 159 Tabela 41 - Variância explicada da lógica de alavancagem ...................................... 160 Tabela 42 - Testes de adequação da lógica de alavancagem................................... 160 Tabela 43 - Índices extraídos para as variáveis da lógica de alavancagem .............. 161 Tabela 44 - Correlação e comunalidades da lógica de oportunidade ........................ 161 Tabela 45 - Variância explicada da lógica de oportunidade ...................................... 162 Tabela 46 - Testes de adequação da lógica de oportunidade ................................... 162 Tabela 47 - Índices extraídos para as variáveis da lógica de oportunidade............... 162 Tabela 48 - Análise Factorial Exploratória Final dos Construtos ............................... 163 Tabela 49 - Propriedades Psicométricas de Medida da AFC da Lógica de Posicionamento ........................................................................................................ 167 Tabela 50 - Propriedades Psicométricas de Medida da AFC da Lógica de Alavancagem ............................................................................................................ 169 Tabela 51 - Propriedades Psicométricas de Medida da AFC da Lógica de Oportunidade ............................................................................................................ 171 Tabela 52 - Identificação dos Modelos Estruturais .................................................... 172 Tabela 53 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das Relações Causais para a Lógica de Posicionamento A..................................................................................... 172 Tabela 54 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das Relações Causais para a Lógica de Posicionamento B..................................................................................... 173 Tabela 55 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das Relações Causais para a Lógica da Alavancagem A ........................................................................................ 175 Tabela 56 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das relações causais para a Lógica da Alavancagem B. ....................................................................................... 176 Tabela 57 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das Relações Causais para a Lógica de Oportunidade A ........................................................................................ 177 Tabela 58 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das Relações Causais para a Lógica de Oportunidade B ........................................................................................ 179 Tabela 59 - Tipos de mudanças ambientais.............................................................. 205 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS ACP - Análise da Componentes Principais AFC - Análise Factorial Confirmatória AFE - Análise Factorial Exploratória C - Conduta CAGR - Crescimento Médio Anualizado de Empregados no Período Cap - Capacidades E - Estratégia ECE - Empresas de Crescimento Elevado GLS - Método dos Mínimos Quadrados Generalizados MEE - Modelo de Equações Estruturais MV - Máxima Verosimilhança OI - Organização Industrial P - Performance PLS - Mínimos Quadrados Parciais PME - Pequenas e Médias Empresas RI - Recursos Intangíveis RT - Recursos Tangíveis S - Estrutura SAC - Sistemas Adaptativos Complexos SCP - Estrutura- Conduta- Performance SEE - Sistema de Equações Estruturais TR - Teoria dos Recursos TRC - Teoria dos Recursos e Capacidades VCS - Vantagem Competitiva Sustentável VCT - Vantagem Competitiva Temporária SUMÁRIO 1. Introdução .................................................................................................... 23 1.1. Problemática .......................................................................................... 23 1.2. Objectivos e hipóteses de investigação ................................................. 29 1.3. Metodologia ........................................................................................... 30 1.4. Originalidade.......................................................................................... 32 1.5. Limitações contribuições do estudo ....................................................... 32 1.6. Plano de redacção ................................................................................. 33 2. Revisão teórica ............................................................................................ 35 2.1. Contribuições teóricas sobre o ambiente ............................................... 36 2.1.1. Dimensões do Ambiente ................................................................. 39 2.1.1.1. Dinamismo ................................................................................ 42 2.1.1.2. Complexidade ........................................................................... 49 2.1.2. A incerteza ambiental ...................................................................... 54 2.1.2.1. Componentes da Incerteza ....................................................... 60 2.1.2.2. As medidas da incerteza ........................................................... 62 2.1.2.3. Monitorização da Incerteza ....................................................... 74 2.2. Decisões estratégicas ............................................................................ 78 2.2.1. Visão Estática da Estratégia ............................................................ 78 2.2.2. Visão Dinâmica da Estratégia ......................................................... 84 2.3. As lógicas estratégicas .......................................................................... 91 2.3.1. Lógica de Posicionamento .............................................................. 93 2.3.2. Lógica da Alavancagem .................................................................. 97 2.3.3. Lógica de Oportunidade ................................................................ 102 3. Metodologia dos Modelos de Mensuração das Lógicas Estratégicas em Incerteza Ambiental........................................................................................ 111 3.1. Introdução ............................................................................................ 111 3.2. Instrumento de Recolha ....................................................................... 111 3.2.1. Questionário .................................................................................. 111 3.2.2. População e amostra..................................................................... 114 3.3. Metodologia Quantitativa ..................................................................... 116 3.3.1. Análise Factorial Exploratória ........................................................ 126 3.3.2. Análise Factorial Confirmatória ..................................................... 127 3.3.3. Modelo de Equações Estruturais (MEE)........................................ 127 3.4. Construção Lógica dos Modelos Conceptuais e Hipóteses de Investigação................................................................................................ 129 3.5. Escalas e Operacionalização dos Constructos .................................... 137 4. Resultados ................................................................................................. 145 4.1. Introdução ............................................................................................ 145 4.2. Análise da estatística descritiva dos dados ......................................... 148 4.2.1. Análise Factorial Exploratória ........................................................ 152 4.3. Modelos de Medida e Análise Factorial Confirmatória......................... 164 4.4. Modelos Estruturais ............................................................................. 171 4.5. Resultados do teste de hipóteses ........................................................ 180 5. Conclusões e contribuições ....................................................................... 191 5.1. Conclusões .......................................................................................... 191 5.2. Limitações............................................................................................ 194 5.3. Contribuições para a gestão ................................................................ 196 Referências .................................................................................................... 211 ANEXOS .......................................................................................................... 245 LISTA DE ANEXOS ............................................................................................ 247 ANEXO A ..................................................................................................... 249 ANEXO B ..................................................................................................... 255 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 1. INTRODUÇÃO 1.1. PROBLEMÁTICA “A natureza fundamental da competição em muitas indústrias do mundo está em fase de mudança. O ritmo da referida mudança além de implacável está aumentando de velocidade “ (HITT et al., 2002: 9). A economia globalizada permite que bens e serviços, pessoas e conhecimento fluam desconhecendo fronteiras. Neste movimento representado pela difusão de inovações económicas, e alterações político culturais, o capital financeiro para aquisição de matérias-primas, ou tecnologia pode ser obtido nos mais variados sítios. As empresas frente às necessidades de aceder a mercados deixam de se confinar ao espaço nacional. Os mercados e as indústrias internacionalizam-se, dificultando as suas delimitações. As novas economias emergem, e as tecnologias impõem mudanças significativas. As mudanças tecnológicas, e a velocidade com que são adoptadas, conferem à inovação um carácter permanente. A disseminação da informação, enfraquece a resistência e a sustentabilidade das empresas. Esta teia de complexidades também oferece um leque de oportunidades emergentes, e de novas possibilidades estratégicas. O aumento do conhecimento (informação, inteligência e expertise) representa em simultâneo um desafio, e uma vantagem. O valor dos bens intangíveis, em especial do conhecimento, representa um activo explorável que pode facilitar o confronto em ambientes dinâmicos e incertos. O ambiente empresarial a partir dos meados do século passado, passou a ser considerado relevante, em particular pelo contributo da teoria organizacional que passou a considerar as organizações como sistemas abertos. Apesar de ter sido reconhecido a sua importância, o conceito de ambiente e a sua avaliação não tem conseguido a objectividade, e a clareza necessárias. As mudanças ocorridas nos últimos anos, têm desafiado as crenças dominantes, impondo alterações duma lógica linear e Newtoniana, para um paradigma não linear, e imprevisível, onde o conceito de equilíbrio pontuado parece traduzir as novas realidades competitivas. Independentemente disso, esta constatação impôs doravante às organizações uma condição de adaptação contínua, ao meio competitivo como garantia para a sobrevivência. Esta necessidade de adaptação ou ajustamento ao meio, vem a ser debatida por abordagens determinísticas, e internalísticas da estratégia. Carlos Alberto da Costa Martins 23 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas O ambiente tem sido caracterizado como todos os factores externos à organização que têm capacidade para a influenciar (THOMPSON, 1967; DAFT, 2002). Na literatura têm sido distinguidos dois domínios, o ambiente geral e especifico ou da tarefa. Embora a distinção seja aceite, a distinção entre os factores que integram cada uma destas dimensões não é consensual. O ambiente geral deverá corresponder aos elementos que não têm tanta influência directa no quotidiano organizacional. Sejam factores económicos, sociodemográficos, políticos, regulamentares, ou ecológicos. O ambiente específico reflecte os sectores que afectam mais directamente a vida organizacional (DILL, 1958). Enquanto DILL (1958) incluía nesta dimensão, clientes, fornecedores, concorrentes e reguladores; DUNCAN (1972) e BOURGEOIS (1985) acrescentaram a tecnologia, e DESS e BEARD (1984) retiraram os factores regulamentares. Uma proposta final incluiu clientes, fornecedores e tecnologia (DAFT et al., 1988; MILLER,1992; GARG et al., 2003). O ambiente pode ainda, ser visto como fonte de informações, concebido assim subjectivamente pelos dirigentes, ou ainda, como fonte de recursos, cuja escassez condiciona a forma organizacional (PORTO et al., 2009). É a variabilidade destes factores ambientais que gera a incerteza e potencia a mudança. Nos estudos de adaptação estratégica (PETTIGREW, 1987; LEWIN e VOLBERDA, 2005) a mudança tem sido tratada de forma, mais ou menos determinística, ou voluntarista. Para os seguidores da orientação determinística, o comportamento dos dirigentes é condicionado pelas restrições ambientais (PORTER, 1980; BOURGEOIS,1985) restando a estes pouca liberdade de escolha. A adaptação ocorre mediante o ajustamento da organização às características ambientais (BURNS e STALKER, 1961; LAWRENCE e LORSCH, 1967; HANNAN e FREEMAN, 1977; PFEFFER e SALANCIK, 1978). Nesta linha os decisores têm pouca liberdade de escolha, pois encontram-se limitados às condições mutáveis do ambiente (CARVALHO et al., 2011). Os estudos institucionais referem ainda que são os grupos sociais e institucionais, que exigem o alinhamento com determinados valores ou normas, e é assim que é garantida a sobrevivência organizacional (DIMAGGIO e POWELL, 1983; LEWIN e VOLBERDA, 2005). Na óptica voluntarista, são os responsáveis que possuem uma ampla liberdade de poderem efectuar escolhas (CHILD, 1972), sendo estas que originam a mudança. O Carlos Alberto da Costa Martins 24 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas ambiente pode ser mesmo influenciado por processos de negociação, em especial na dependência de recursos, podendo assim as suas decisões influenciar o ambiente (PFEFFER e SALANCIK, 1978). A incerteza encontra-se subjacente aos processos de mudança. Em contextos de incerteza é natural que ocorram processos de mudança. A incerteza será assim, condicionada pela dinâmica dos factores ambientais. Consoante o dinamismo e a complexidade sejam maiores, maior será o grau de incerteza. O nível de incerteza foi considerada como dependente do dinamismo e da complexidade para alguns autores (DUNCAN, 1972; DESS e BEARD, 1984; VOLBERDA e BRUGGEN, 1997; DAFT, 2002; HARRINGTON, 2005; REVILLA et al., 2008; HAUSCHILD et al., 2011; LANG et al., 2014). O dinamismo ambiental é maioritariamente considerado como representando a frequência, o ritmo (CHILD, 1972; VOLBERDA e BRUGGEN,1997) e as amplitudes das mudanças (DUNCAN, 1972; HAUSCHILD et al., 2011). Encontra-se assim, associado negativamente, à estabilidade de mercados e produtos (BINGHAM E EISENHARDT, 2008; MILES et al.,1978), e a atitudes empreendedoras (ZAHRA, 1993). Por outro lado, existe uma relação moderada entre dinamismo, e ambientes medianamente instáveis (BINGHAM et al., 2011). Para ambientes moderamente dinâmicos existe evidência que algumas das escolhas estratégicas são de imitação (MACEDO e BATAGLIA, 2012), e de adaptação criativa (SCHNAARS, 1997). Quando os ambientes são altamente dinâmicos, verifica-se uma associação com escolhas inovadoras e proactivas (LUMPKIN e DESS, 2001; JALALI, 2012; TAN e TAN, 2005). Relativamente ao desenvolvimento de estratégias de conhecimento, reconhece-se ainda, que quando em ambientes mais dinâmicos é recomendável uma maior dose de novo conhecimento (exploration) (REVILLA et al., 2008). A complexidade encontrase associado à diversidade, à inter-relação de factores, como influenciadores dos processos de tomada de decisão, e à ambiguidade e ao grau e sofisticação de conhecimento exigido (DUNCAN, 1972; CHILD, 1972; ALDRICH, 1979; DESS e BEARD, 1984; JURKOVICH, 1974; VOLBERDA e BRUGGEN, 1997). As organizações que actuam em ambientes mais complexos, escolhem posturas mais conservadoras (HARRINGTON e KENDALL, 2006), e apoiam-se em processos emergentes, com base em equipas (HARRINGTON, 2005). Em ambiente menos Carlos Alberto da Costa Martins 25 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas complexos os processos de decisão são mais individualistas, dada a incerteza ser menor (HARRINGTON, 2005; BRYANT, 2011). Por outro lado, as medidas de avaliação da incerteza podem ser de carácter objectivo, ou subjectivo. Esta divergência de medidas, representou uma diferença entre ambiente como fenómeno objectivo, e o ambiente percepcionado pelos dirigentes organizacionais como ambiente subjectivo (TINKER, 1976; SNYDER e GLUECK, 1982). Estas distinções fizeram com que perante o mesmo ambiente objectivo, a percepção dos dirigentes fosse diferente (BUCHKO, 1994; MEZIAS e STARBUCK, 2003; SNYDER e GLUECK, 1982). De acordo com HAUSCHILD et al. (2011) embora as medidas objectivas sejam as mais adequadas para perceber constrangimentos externos, e quantificar diferenças entre indústrias, as medidas subjectivas são as mais úteis para compreender o comportamento dos decisores. A leitura como os dirigentes avaliam os vários factores ambientais determina a forma como identificam o ambiente. Tais identificações traduzem os vários de níveis de certeza percebidos pelos principais decisores (LANG et al., 2014). BINGHAM e EISENHARDT (2008) propõem que em função do ambiente, as empresas desenvolvam lógicas estratégicas distintas. Perante esta tipologia propõe-se, que seja avaliada consoante as dimensões ambientais apresentadas por vários autores. Com base nos trabalhos iniciados por, EMERY e TRIST (1965), THOMPSON (1967), TERREBERRY (1968), e DUNCAN (1972), e que têm sido actualizados, com novas contribuições recentes de RIVELLA et al. (2008), BRYANT (2011), GOMES et al. (2012), FURIAN (2012), SILVA et al. (2014). A tipologia sugerida distingue assim, ambientes estáveis, moderados e dinâmicos. Para avaliar a importância, e a influência dos distintos contextos competitivos, consideraram-se algumas das decisões estratégicas mais comuns a diferentes abordagens. As decisões estratégicas variam de acordo com os autores, contudo procurou-se, uma concentração nalguns elementos, consoante as perspectivas estratégicas, sejam mais estáticas (PORTER, 1980, 1985, 1996; BARNEY, 1991; MAGRETTA, 2012; COLLIS e RUKSTAD, 2008; MARKIDES, 1999b), ou mais dinâmicas (HAMEL e PRAHALAD, 1989; D’AVENI, 1994; SULL, 2009; EISENHARDT e SULL, 2002; CHAKRAVARTY, 1997; HAGEL III et al., 2008). Da análise efectuada às várias abordagens, foram escolhidas as opções respeitantes a produtos e mercados. Carlos Alberto da Costa Martins 26 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Consoante as escolhas sejam mais conservadoras e os ambientes mais estáveis, a oferta de produtos, e a amplitude de mercados, é mais limitada (MILES et al. 1978). Esta escolha mais reduzida de produtos-mercados exige menos capacidades analíticas de mercado (CONANT et al., 1990), e transforma as empresas mais defensoras das posições ocupadas (SLATER e NARVER, 1993). Em ambientes moderadamente instáveis, existe uma combinação de inovação com produtos actuais (MILLER, 1987). Existe igualmente uma escolha entre produtos actuais com viabilidade demonstrada (LANG et al., 2014), e novas ofertas com resultados já garantidos (GULINI, 2005; PAZINI et al., 2011). Quando os ambientes são instáveis e voláteis, é adequado a promoção de novos produtos, e a escolha de novos mercados (SLATER e NARVER, 1993). A busca contínua de oportunidades (DAY e SCHOEMAKER, 2004; BINGHAM e EISENHARDT, 2008), estimula posturas prospectoras (MILES et al., 1978; LUMPKIN e DESS, 2001; BRYANT, 2011). As inovações mais complexas estão associadas a oportunidades emergentes (MILLER, 1987), como o alargamento da amplitude e profundidade da gama de produtos, representa uma forma de responder à incerteza (CHANDLER, 1962; RUMELT, 1974). A confluência entre a utilização de conhecimento, e a criação de novo conhecimento, exigível ao desenvolvimento de novos produtos, torna-se necessário para ambientes de alta velocidade (REVILLA et al., 2011). Os modelos, ou lógicas estratégicas dominantes, utilizados para a formulação da estratégia podem considerar de forma clássica, dois enfoques: ou se baseiam numa óptica externa (lógica de posicionamento), ou se focalizam nos recursos internos das organizações (lógica de alavancagem). A abordagem “outside-in” baseia-se no modelo da organização industrial (OI) que retrata a influência dominante do ambiente externo sobre as escolhas da empresa. “O modelo especifica que o sector no qual a empresa decide actuar exerce maior influência no seu desempenho, do que as decisões tomadas internamente pelos seus gestores” (HITT et al., 2002:21). A lógica do posicionamento, corresponde e tem por base os princípios do paradigma da OI. Esta lógica entende que a vantagem competitiva resulta da escolha duma posição não ocupada num sector, concebendo em seguida um sistema de actividades diferentes, ou então realizando actividades de modo diferente. Este sistema requer uma ligação forte e complexa entre actividades que gerem efeitos sinérgicos, garantindo assim uma performance superior. A adequabilidade deste processo, depende da existência Carlos Alberto da Costa Martins 27 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas de mercados estáveis, inequívocos e onde as rupturas são raras. Esta condição propicia igualmente a utilização do planeamento deliberado e emergente como forma de garantir posições estratégicas fortes de longo prazo. Ao contrário do modelo anterior, a lógica da alavancagem considera “que o ambiente interno da empresa, em termos dos seus recursos e capacidades, seja o factor mais critico na determinação das medidas estratégicas” (HITT et al., 2002:25). São estes recursos o ponto de partida, para a formulação da estratégia (BARNEY, 1991; PETERAF e BARNEY, 2003). Contudo nem todos os recursos apresentam o mesmo potencial para suportarem a vantagem competitiva (COLLIS e MONTGOMERY, 1995; HAMEL e PRAHALAD, 1990). Quando esses recursos cumprem os critérios de raridade, valor, sejam difíceis de substituir e imitar, então, estes recursos são designados de competências essenciais. A perspectiva interna da concepção da estratégia, é baseada nos contributos da teoria dos recursos (TR), que defende que a formulação se deve iniciar nos recursos internos. Estes são assim, a matéria-prima principal que modelam as escolhas estratégicas dos gestores, permitindo distinguir as organizações entre si (MILLER, 1993). Nesta lógica estratégica, os recursos devem ser identificados, construídos e explorados nos mercados actuais, e alavancados em novos mercados onde sejam igualmente valiosos e raros (BINGHAM e EISENHARDT, 2008). A lógica de alavancagem assume que esta opção é adequada a ambientes moderadamente dinâmicos, onde a mudança é incremental, conferindo desta forma tempo aos responsáveis para ajustarem a sua carteira de recursos (BINGHAM e EISENHARDT, 2008). A lógica da oportunidade, corresponde a uma nova abordagem, fundamenta-se nos princípios de que, os desempenhos superiores resultam duma actividade empreendedora (ROBERTS e EINSHARDT, 2003) que se traduz, na capacidade de capturar oportunidades atractivas de forma mais rápida e efectiva que os seus concorrentes (BINGHAM e EISENHARDT, 2008). É fundamental para a captura de oportunidades emergentes, identificar uns poucos processos críticos, que permitam seguir o fluxo de oportunidades dum modo flexível. Os responsáveis defrontam-se nestes casos, com mercados instáveis, onde é necessário estar atento às mudanças, mudar e redefinir regras, que facilitem a entrada em novos e aliciantes fluxos de oportunidades. As regras simples e, o tempo, constituem a melhor forma para permanecer nestes mercados, pois, a reacção e os comportamentos emergentes dos lideres são complexos, difíceis de prever (EISENHARDT e MARTIN, 2000), e a aprendizagem faz se em tempo real, deixando esta, de ser relevante para as próximas oportunidades. Carlos Alberto da Costa Martins 28 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Perante o exposto, entende-se pertinente avaliar e verificar, o modo como a variabilidade do ambiente, e a incerteza daí resultante, exige aos responsáveis de empresas de crescimento elevado (ECE) em Portugal, a adopção de diferentes processos, e lógicas de formulação da estratégia. 1.2. OBJECTIVOS E HIPÓTESES DE INVESTIGAÇÃO Objectivo geral O objectivo principal deste trabalho é saber como o ambiente competitivo, e a incerteza ambiental resultante, pode condicionar o formato da escolha das lógicas estratégicas. Coloca-se a hipótese da existência duma tipologia estratégica específica de acordo com cada tipo de ambiente empresarial. Para além dos objectivos gerais existem ainda um conjunto de objectivos secundários, bastante pertinentes, que se prendem com a influência dos factores condicionantes da incerteza sobre algumas das decisões estratégicas. Objectivos secundários Ao considerarmos, que a incerteza ambiental pode originar tipologias ambientais diferentes, estas podem condicionar a definição da escolha da lógica estratégica. Como tal, todas as hipóteses que se levantam são resultado deste conjunto de objectivos: • Medir a relação do dinamismo e da complexidade com as decisões estratégicas; • Medir a relação do dinamismo e da complexidade com a lógica do posicionamento; • Medir a relação do dinamismo e da complexidade com a lógica da alavancagem; • Medir a relação do dinamismo e da complexidade com a lógica da oportunidade; • Comparar as relações das decisões estratégicas com as lógicas de posicionamento, alavancagem e oportunidade. Carlos Alberto da Costa Martins 29 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas As hipóteses são formuladas no sentido de dar resposta a várias questões dentro da problemática da incerteza ambiental, como condicionadora das escolhas das lógicas estratégicas. Isto é, saber quais são as variáveis que se devem considerar como explicativas da escolha das lógicas estratégicas. Desta forma, o principal objectivo é saber quais devem ser as variáveis explicativas (constructos) como o dinamismo, a complexidade, as decisões estratégicas, que servem para explicar a escolha das lógicas estratégicas, assim como deverão ser os itens que servem para a sua medição. As hipóteses são formuladas no sentido de dar resposta a várias questões dentro da problemática da incerteza ambiental como condicionadora da escolha das lógicas estratégicas. Isto é, quais são as variáveis que se devem considerar como explicativas da escolha das lógicas estratégicas. Essas variáveis têm todas características idênticas, ou pelo contrário, são diferentes com vista a captar da melhor forma a multidimensionalidade dos conceitos? 1.3. METODOLOGIA A metodologia deve ter como guia aperfeiçoar procedimentos e critérios de controlo na pesquisa científica. Esta deve descrever, analisar e criticar os métodos e, as posturas de investigação. Tem essencialmente uma componente quantitativa de mensuração dos efeitos da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas. Tratando-se de uma investigação de natureza indutiva, para além dos objectivos de estudo são colocadas diversas hipóteses de investigação. Desta forma, o trabalho de investigação é desenvolvido em várias fases distintas com especificidades próprias. A primeira fase começa com o levantamento do estado da arte e o enquadramento teórico do objectivo do trabalho. A descrição da problemática e a definição dos objectivos resultam da revisão intensiva à literatura académica. Como resultado deste levantamento obtém-se as definições dos constructos considerados nos modelos de medição, tais como, o dinamismo, a complexidade, as decisões estratégicas, as lógicas de posicionamento, alavancagem e de oportunidade. A segunda fase está ligada à elaboração e construção do modelo conceptual para dar resposta aos objectivos definidos. São propostos modelos de medição com base na revisão da literatura, e no sentido de apresentar aspectos inovadores que contribuam Carlos Alberto da Costa Martins 30 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas para a explicação do fenómeno das escolhas das lógicas estratégicas em situações de incerteza ambiental. A consideração do modelo de mensuração leva a terceira fase na metodologia da investigação, que se prende com a formulação das hipóteses de investigação e operacionalização dos constructos a considerar no modelo. As hipóteses de investigação podem ser resumidas no sentido de se analisar quais são os constructos que explicam e contribuem positivamente para a escolha das lógicas estratégicas. A operacionalização dos constructos recorre à análise crítica da literatura sobre as diferentes definições de cada constructo, levando a uma tomada de posição de qual é a definição que se considera na mensuração propostas no modelo. Depois, é necessário fazer o levantamento das escalas de medição dos constructos existentes na literatura e optar pela que melhor possa dar resposta aos objectivos pretendidos. Na quarta fase do trabalho de investigação, procede-se à realização de um estudo exploratório para definir empresas a analisar para a realização do estudo quantitativo. O estudo exploratório é feito no sentido de apurar que tipo de empresas poderão servir para melhor entender o problema a estudar. A recolha desta informação é feita através de um protocolo celebrado com a empresa Contact, no sentido de recolher informação quantitativa sobre as empresas em Portugal. Desta fase da tese, resulta a escolha das empresas para a aplicação empírica dos modelos conceptuais propostos. Será utilizada uma base de dados da Informa D&B, onde constam as empresas de crescimento elevado (ECE) portuguesas entre 2008 a 2011. O processo de elaboração do questionário que serve de base ao inquérito realizado junto das empresas de crescimento elevado é a quinta fase do trabalho de investigação. A elaboração do questionário tem em conta as hipóteses a serem testadas, e os objectivos da investigação. É pedida a ajuda de diversos profissionais e responsáveis de entidades ligadas às empresas para melhorar a compreensão das questões levantadas, até chegar a um questionário final para a recolha da informação. A recolha dos dados é realizada inicialmente através de correio electrónico. As empresas que não responderam ao questionário por correio electrónico, serão depois contactadas telefonicamente. A sexta fase do trabalho de investigação prende-se com a estimação e a aferição empírica do modelo, confirmando, ou não, as hipóteses de investigação formuladas. Neste trabalho foi seguida basicamente a metodologia proposta por HAIR et al., (2006) Carlos Alberto da Costa Martins 31 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas para resolver a modelização através de Equações Estruturais. A aferição empírica do modelo é realizada com a análise aos indicadores estatísticos mais comuns neste tipo de metodologia, e de acordo com as opções de estimação tomadas, recorrendo a métodos e técnicas de estatística multivariada. Utiliza-se a Análise Factorial Confirmatória e o Sistema de Equações Estruturais. Os conceitos utilizados apresentam um carácter intangível que se adaptam a este tipo de análise estatística. A aplicação informática utilizada é o software AMOS 16.0. 1.4. ORIGINALIDADE Os elementos diferenciadores deste trabalho são a validação duma escala, que avalie as tipologias ambientais, e a validação destas tipologias, com as lógicas estratégicas propostas BINGHAM e EISENHARDT (2008), e de BINGHAM et al., (2011) nos seus trabalhos, mediadas por constructos como as decisões estratégicas (domínio de actuação). Outro elemento distintivo é a utilização como variável dependente, não a performance como ocorre na maioria dos trabalhos científicos, mas as lógicas estratégicas propostas por Bingham, Furr e Eisenhardt. Procura-se assim, verificar, se as condicionantes ambientais influenciam o modo de escolha destas lógicas estratégicas. 1.5. LIMITAÇÕES CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO A utilização duma base de dados de ECE, pode limitar as conclusões em função do perfil das empresas que caracterizam a amostra. Por outro lado, reconhece-se como recomendável que posteriormente, se utilizem meios complementares de recolha de dados como entrevistas semi estruturadas, e até observação directa, pois a semântica utilizada pode sugerir que este procedimento complementar, possa reduzir o enviesamento dos conceitos, logo das respostas dos dirigentes. O trabalho procura evidenciar a importância dos ambientes competitivos actuais e da sua variabilidade tipológica, e a forma como fomentam níveis de incerteza diferenciados com consequência nos processos decisórios de escolha da lógica estratégica. Carlos Alberto da Costa Martins 32 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Pretende-se igualmente compreender, se os agentes responsáveis por estes papéis nas organizações adequam o ajustamento das lógicas e processos estratégicos, consoante ocorrem alterações no seu ambiente competitivo. 1.6. PLANO DE REDACÇÃO A tese está estruturada em cinco capítulos, sendo o primeiro e o último capítulos reservados para a introdução e para a conclusão. No segundo capítulo é feita uma revisão da literatura académica sobre os conceitos mais importantes do trabalho: incerteza ambiental, dinamismo, complexidade, as decisões estratégicas, lógica de posicionamento, alavancagem e de oportunidade e a sua medição. No terceiro capítulo é proposto o modelo de medição e estimação, examinando as opções tomadas e fazendo uma aplicação a empresas de elevado crescimento, através do método de equações estruturais, com base na opção de uma metodologia quantitativa. No quarto capítulo são apresentados e discutidos os resultados da aplicação empírica do modelo de estimação. Carlos Alberto da Costa Martins 33 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Carlos Alberto da Costa Martins 34 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 2. REVISÃO TEÓRICA Embora exista na teoria organizacional o reconhecimento da importância do ambiente, não tem sido possível conseguir a objectividade e precisão necessárias (PORTO et al., 2009). A relevância do ambiente tem atravessado as abordagens da Organização Industrial (OI) desde SCHERER e ROSS (1990) até PORTER (1980; 2008). O mesmo aconteceu com a abordagem dos recursos, que fez depender a importância destes do ambiente (WERNERFELDT, 1984; BARNEY, 1991; PETERAF, 1993; KRAAIJENBRINK et al., 2010). A tentativa de descrever e caracterizar o ambiente também foi variando (DESS e BEARD, 1984; BOURGEOIS, 1980), repartindo-se os estudos, entre uma abordagem mais realista e objectiva (DESS e BEARD, 1984; SHARFMAN e DEAN, 1991), e outra, mais nominalista fundada na relevância dos fluxos de informação externos e nas interpretações geradas e percepcionadas pelos gestores (LUO et al., 2001, WEICK, 1979; BOYD et al., 1993; CARVALHO e ROSETTO, 2012; CARVALHO, 2011). A dificuldade de operacionalizar o ambiente, segundo PORTO et al. (2009) deve-se a dois aspectos. O primeiro decorre da abrangência e dificuldade de precisão, enquanto factores externos que condicionam a actividade organizacional (SCOTT, 2001; THOMPSON, 1967; MILES, 1980). A segunda deriva da dificuldade decorrente em delimitar e separar o ambiente da organização. Com o desenvolvimento da teoria dos sistemas, ocorre uma mudança de concepção das organizações. Estas passam a ser perspectivadas numa óptica holística, em detrimento da óptica atomística. As organizações passam a ser encaradas como sistemas abertos, o que exige a adaptação ao meio onde se integram (BEINHOCKER, 2006). Para cada ambiente é exigível uma forma de organização, ajustada às mudanças ocorridas no meio (LAWRENCE e LORSCH, 1967; BURNS e STALKER, 1961; CHAKRAVARTHY e HENDERSON, 2007). Como afirma GRANT (1996), a tarefa da estratégia é determinar como a empresa vai usar os seus recursos de acordo com o seu ambiente, para atingir as suas metas de longo prazo, e se organiza para implementar a estratégia (ALDRICH, 1979). O ajuste estratégico (PORTER, 1996) deve ser alcançado através da coerência com os objectivos e valores da empresa, o seu ambiente, os seus recursos e capacidades e a sua organização e sistemas. Além disso, HAX e MAJLUF (1996) defendem que nas componentes da estratégia estão envolvidas decisões relativas a aspectos Carlos Alberto da Costa Martins 35 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas relacionados à interacção da organização com seu ambiente (ALDRICH, 1979), a aspectos relacionados com a organização das tarefas e atribuição de responsabilidades entre os membros da organização, (GAVETTI e RIVKIN, 2007) e, a harmonização das actividades de uma forma consistente e alinhada com os objectivos organizacionais. 2.1. CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS SOBRE O AMBIENTE O tema da mudança estratégica tem sido tratado numa dupla perspectiva, ora numa óptica voluntarista (CHILD, 1972), ora numa linha determinística (HANNAN e FREEMAN, 1977). As visões opostas do determinismo e do voluntarismo, reflecte a forma como as organizações se revêm nos seus ambientes (BERNARDES e SÁ, 2009). As mudanças podem ser determinadas por factores ambientais, ou condicionada pelas decisões individuais dos dirigentes, e assim construída por estes (BATAGLIA et al., 2006). A perspectiva voluntarista entende que a organização possui uma larga margem para tomar decisões independentemente do ambiente externo. Como refere BERNARDES e SÁ (2009) o sucesso das organizações estaria nas mãos dos seus líderes (WESTLEY e MINTZBERG, 1989), pois estes determinam e definem os objectivos, e efectuam escolhas (CHILD, 1972). Nesta abordagem é privilegiado o papel dos decisores, e a influência que estes têm no processo de mudança. O papel da escolha estratégica consiste na análise do ambiente, e determina em função disso a melhor decisão. Estas escolhas envolvem opções e delegação de responsabilidades (PORTER, 1996; KAPLAN e NORTON, 2000). Por outro lado, a definição de objectivos organizacionais exige uma análise do ambiente (BOURGEOIS, 1980), e sendo as pessoas consideradas agentes de mudança, são elas próprias que determinam os resultados (GOLDRATT e COX, 1993). Os gestores têm a responsabilidade pelo processo de ajustamento entre as oportunidades percepcionadas, os recursos disponíveis e a estrutura interna (TUSHMAN e ROMANELLI, 1996; TEIXEIRA et al., 2009). Manter este alinhamento face á mudança representa uma das suas tarefas fundamentais (VENKATRAMAN e CAMILLUS, 1984; WULF et al., 2010). As mudanças podem ser incrementais ou radicais, podendo cada circunstância exigir alterações estruturais diferentes. CHILD (1972) considera que, desde a fixação de objectivos, à escolha dos domínios de competição, à tecnologia e à estrutura, até à escolha das opções estratégicas para fazer face à mudança, todas Carlos Alberto da Costa Martins 36 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas estas escolhas são atribuições dos dirigentes (ELBANNA e CHILD, 2007). No caso dos empreendedores, é a sua personalidade que influenciada toda a estratégia (CARLAND et al., 1984). A mudança é assim explicada pelos comportamentos reactivos dos dirigentes às alterações do ambiente externo. O processo adaptativo efectua se mediante escolhas estratégicas (BEINHOCKER, 2006) que encaminham a organização em direcção a determinados objectivos (CARVALHO et al. 2011). Na teoria da dependência dos recursos (ALDRICH e PFEFFER, 1976; PFEFFER e SALANCIK, 1978) o ambiente não é representado por elementos inalteráveis, mas que podem ser moldáveis perante negociação politica e posturas proactivas (CHILD, 1972; 1997). São estas escolhas, que baseadas no ambiente subjectivo, modelam a mudança e conduzem o processo adaptativo. A orientação determinística, considera doutra forma, que são as condições externas que condicionam as escolhas dos decisores (PORTER, 1980; 1996; MAGRETTA, 2012). O ambiente representa o determinante da mudança. O ambiente pode exercer uma maior ou menor, influencia segundo a classificação de BATAGLIA et al. (2006). Esta divergência foi tratada por diferentes contribuições teóricas, a partir duma óptica mais ambientalista, (clássica, congregante), ou doutra menos determinística (harmoniosa e construtivista). Esta classificação, efectua ainda uma outra divisão, entre perspectivas mais objectivas (clássica e Harmoniosa) e subjectivas do ambiente (congregante, construtivista) (BATAGLIA et al., 2006). Para a abordagem clássica, o ambiente é um dado objectivo e explícito, determinando a visão organizacional. Os dirigentes avaliam o ambiente e procuram planear e ajustar a organização ao contexto (Teoria da Ecologia, Teoria da Contingência). Na teoria contingencial a capacidade de adaptação, preconiza a mudança como forma de ajustamento e alinhamento com o ambiente. As características da organização são determinadas pelo ambiente (LAWRENCE e LORSCH, 1967; BURNS e STALKER, 1961; WOODWARD, 1965). É a maior flexibilidade, ou a capacidade duma organização em adaptar rapidamente as suas estruturas internas às características do seu ambiente, que garante o seu sucesso (ROBALO, 1997). O enfoque da ecologia populacional, utiliza as bases lançadas por HANNAN e FREEMAN (1977) baseadas na teoria de Darwin sobre a selecção das espécies, que defendem que são as características estruturais dos ecossistemas que seleccionam as Carlos Alberto da Costa Martins 37 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas espécies mais aptas à sobrevivência, dadas as suas características biológicas de base (BEINHOCKER, 2006). Seleccionadas pelo ambiente, estas espécies reproduzem-se. Quando as características do ambiente se alteram, outras espécies surgem, dado serem mais aptas, reduzindo-se as espécies anteriores (MOTA e VASCONCELOS, 2002). A abordagem da ecologia organizacional, aponta ainda, a inercia organizacional, como elemento condicionante da mudança, visto que esta, exige aos dirigentes a busca de nichos de mercado suficientemente atractivos, que se ajustem às competências, aptidões estruturais, rotinas, ou sistemas organizacionais. É o ambiente que selecciona as mais aptas (HANNAN e FREEMAN, 1977; ALDRICH e PFEFFER, 1976; PFEFFER e SALANCIK, 1978), e determina a sobrevivência. A perspectiva congregante entende o ambiente como subjectivo, influenciando este a organização mediante a imposição de regras institucionais locais, ou agentes dominantes (Teoria Institucionalista) (DIMAGGIO e POWELL, 1983; SCOTT e BRUCE, 1987; MEYER e ROWAN, 1977). Na abordagem congregante o ambiente é considerado como objectivo. Uma adequada congruência entre os factores internos (ciclo de vida, idade, dimensão e actividade), e os factores externos (complexidade ambiental, instabilidade tecnológica e de mercado) é o que permite a estabilidade organizacional. Quando isto não ocorre, os decisores escolhem novas formas configuracionais mais estáveis (Teoria Configuracional) que garantam esse ajustamento (MINTZBERG, 1979; MILES et al., 1978; MILLER, 1987; MILLER e FRIESEN, 1984). O enfoque construtivista entende o ambiente como subjectivo, resultante dum processo de negociação entre os principais actores. O controlo dos recursos do ambiente efectua-se mediante processos de negociação com os restantes actores ambientais, resultando daí tomadas decisão que procuram efectuar um controlo adequados dos principais recursos (Teoria da dependência de recursos, Teoria institucional, Teoria das redes), (ALDRICH e PFEFFER, 1976; MEYER e ROWAN, 1977; NOHRIA e ECCLES, 1992; PFEFFER e SALANCIK, 1978). Os actores ambientais podem ser, redes organizacionais de agentes distintos ligados por contratos, ou relações interpessoais que agem de forma coordenada. O ambiente nestas circunstâncias é representado por uma rede interorganizacional configurada pelas escolhas desses actores (NOHRIA e ECCLES, 1992). Carlos Alberto da Costa Martins 38 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas As escolhas efectuadas pelos responsáveis são determinadas pelos condicionalismos ambientais, no sentido de assegurarem a sua sobrevivência (ASTLEY, 1983; BEINOCKER, 1999B; BRYANT, 2011). A abordagem determinística considera assim, o ambiente como determinante do sucesso organizacional. O comportamento das empresas depende das restrições ambientais (CARVALHO et al., 2011). As contribuições da economia industrial (PORTER, 1980) conjuntamente com a abordagem da ecologia populacional (HANNAN e FREEMAN, 1977) constituíram elementos fundamentais para esta abordagem. O êxito conseguido nestes casos, depende da capacidade adaptativa (BEINOCKER, 2006; REEVES e DEIMLER, 2011; BERNARDES e SÁ, 2009). Integram-se nesta concepção os estudos oriundos da ecologia populacional, desde HANNAN e FREEMAN (1977), passando por WHOLEY e BRITTAIN (1986). Para os estudiosos das PME, é claro o efeito tirânico do ambiente sobre elas, deixando-lhes uma margem escassa para verdadeiras escolhas estratégicas (WHOLEY e BRITTAIN, 1986). As estratégias de nicho são as opções BERNARDES e SÁ (2009) que restariam a estas empresas, desde que isso não afectasse as grandes empresas, caso contrário seriam esmagadas (BOONE et al., 2007). No caso da economia industrial, segundo CARVALHO et al. (2011:288) “o movimento entre indústrias é desestimulado pela existência de barreiras de entrada e a conduta das organizações espelha o ambiente”. 2.1.1. DIMENSÕES DO AMBIENTE Como refere DAFT (2002:122), o ambiente organizacional é definido como “todos os elementos que existem fora dos limites da organização, e que têm o poder de afecta-la como um todo, ou parte dela”. Neste sentido, o autor defende que o ambiente será tudo o que existe fora da organização. Embora não seja consensual esta ideia de simplicidade sobre o que integra o meio, ou, o que faz parte da organização (ROBALO, 1997), o ambiente será constituído, pelos sectores ou dimensões com os quais a organização interage, escolhe e demarca para si. A isto DAFT (2002) chama o domínio ambiental da organização. Este domínio representa o conjunto de factores que influenciam as organizações, e onde estas detêm recursos (MOTA e VASCONCELOS, 2002). O domínio ambiental pode ser considerado numa dupla dimensão (DAFT, 2002), o ambiente geral (DILL, 1958; HALL, 1984; ROBINSON e PEARCE, 1988; ASHEGHIAN Carlos Alberto da Costa Martins 39 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas e EBRAHIMI, 1990; SAWYERR, 1993), e o ambiente específico (task environment) proposto por DILL (1958) e THOMPSON, (1967). O ambiente geral é constituído por todos os factores que não tem impacto directo na actividade corrente, mas que a influencia indirectamente (DAFT, 2002). Neste contexto integram-se as componentes económicas, politicas, socioculturais, governamentais e tecnológicas (DAFT, 2002; ROBALO, 1997). GINTER e DUNCAN (1990) notaram que o sucesso de muitas empresas depende da forma como respondem à mudança dos factores económicos, tecnológicos e regulamentares. MILES (1980) e HALL (1984) classificam o ambiente geral como sendo constituído por factores económicos, sociais, políticos, tecnológicos, culturais e demográficos. O ambiente específico é constituído por todos os agentes e factores que se relacionam directamente com a organização (DAFT, 2002; MOTA e VASCONCELOS, 2002; ROBALO, 1997) nomeadamente clientes, fornecedores, concorrentes, entidades reguladoras e factores internacionais. Este tipo de ambiente evolui desde DILL (1958) que englobava clientes, fornecedores, concorrentes e factores regulatórios, para a proposta de DUNCAN (1972) e BOURGEOIS (1985) que adicionam a tecnologia, enquanto DESS e BEARD (1984) excluem os aspectos regulatórios. Uma última configuração integra consensualmente, clientes, concorrentes e tecnologia (DAFT, 2002; DAFT et al., 1988; GARG et al., (2003). A ideia das organizações como sistemas abertos tem implícita a concepção da interacção com o ambiente, e a sua interdependência (BATAGLIA, et al., 2006). Esta ideia de organização como sistema, e da necessidade de interdependência com o ambiente domina uma parte da literatura organizacional do século XX (BURNS e STALKER, 1961; CHANDLER, 1962; EMERY e TRIST, 1965; LAWRENCE e LORSCH, 1967; DUNCAN, 1972). A noção de interdependência e de relações com o meio, encontra-se reflectida nalguns dos seguintes trabalhos. BURNS e STALKER (1961) apontam as estruturas orgânicas como as mais adequadas a ambientes dinâmicos, enquanto as estruturas mecânicas são aquelas que se ajustam a ambientes estáveis. LAWRENCE e LORSCH (1967) estudaram uma amostra de dez empresas onde eram observáveis diferenças internas (diferenciação e integração) que estavam relacionadas com o ambiente. MILES et al. (1978) consideram que toda a organização está integrada Carlos Alberto da Costa Martins 40 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas numa rede de influência e relações externas, constituída por fornecedores, clientes, concorrentes, mercados financeiros, sindicatos e entidades reguladoras (DAFT, 2002). Relativamente a tipologias ambientais as propostas variam igualmente. EMERY e TRIST, (1965) após identificar vários sectores ambientais, classificam os ambientes em quatro tipologias: plácido aleatório, plácido agregado, perturbado reactivo e turbulento. MINTZBERG e QUINN (1995) interpretam o ambiente com base em quatro dimensões; a estabilidade, a complexidade, a diversidade de mercado, e finalmente a hostilidade. Esta efectua igualmente uma distinção entre ambiente geral e da tarefa (operacional). Outra abordagem ao ambiente organizacional, corresponde à distinção entre ambiente real ou objectivo, e ambiente percebido ou subjectivo. WEICK (1979) contudo considera que as decisões são tomadas mais com base em percepções do que em factos reais. De acordo com BOURGEOIS (1980), o ambiente real é aquele que coloca limites à actuação das organizações, e que pode ser medido por indicadores objectivos. Enquanto o ambiente percebido é aquele que resulta da interpretação dos gestores, sendo de carácter subjectivo. Distinção semelhante é feita por BOWDITCH e BUONO (2002), que entendem que o ambiente percebido é fruto da interpretação e percepção do ambiente real. Esta multiplicidade de conceitos e tipologias fica retratado ainda nalgumas outras definições. BETHLEM (2004) refere que os factores ambientais podem ser agrupados em factores ambientais, stakeholders e a componente internacional. MEGGINSON et al. (1986) distingue no ambiente organizacional, os ambientes internos e externos. De modo diferente, DAVIS et al. (2009:421) consideram o ambiente “as a flow of heterogeneous opportunities”. É contudo, o trabalho de EMERY e TRIST, (1965) que condiciona as posteriores pesquisas de THOMPSON (1967) e DUNCAN (1972) que culminam com a distinção do ambiente entre, complexo (homogéneo/simples e heterogéneo/complexo), e, dinâmico (simples/estável e dinâmico/instável). DUNCAN (1972) considera que a complexidade se relaciona com o número, variedade, e a interacção de factores que influenciam o processo de decisão, Carlos Alberto da Costa Martins 41 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas enquanto o dinamismo está associado ao grau e à frequência com que esses factores se alteram (DILL, 1958; VOLBERDA e BRUGGEN, 1997; HAUSCHILD et al., 2011). Estas interacções e a velocidade de mudança (MCCARTHY et al., 2010) são os determinantes, e os influenciadores da incerteza percebida pelos decisores (DESS e BEARD, 1984; MILLIKEN, 1987). 2.1.1.1. DINAMISMO Alguns autores (EMERY e TRIST, 1965; TOFLER, 1970) entendem o dinamismo ambiental, como fruto da interdependência de variados factores. EMERY e TRIST (1965) indicam que a interdependência entre esses elementos ambientais incrementa o dinamismo (MASON, 2007), enquanto TOFLER (1970), entende que é a acumulação de conhecimentos ao longo do tempo que o intensifica. O dinamismo é considerado a dimensão mais relevante do ambiente, visto a sua variabilidade ter impacto nas componentes organizacionais, e exigir uma maior flexibilidade das organizações (DILL, 1958; BURNS e STALKER, 1961; THOMPSON, 1967; DESS e BEARD, 1984; MILLER, 1992; SUAREZ e OLIVA, 2005). O dinamismo surge ainda associado às variações, e às constantes mudanças das condições ambientais (LAWRENCE e LORSCH, 1967; MILLER e FRIESEN, 1983; RANDOLPH e DESS, 1984; THOMPSON, 1967). A ideia de turbulência (MASON, 2007) encontrada na literatura enfatiza o grau de dependência e interligação entre os elementos ambientais (EMERY e TRIST, 1965; ALDRICH, 1979). PFEFFER e SALANCIK (1978:68) confirmam esta ideia ao defender que, “contented that interconnectedness among organization create uncertain and unstable environments for organizations and that changes can came from anywhere without notice and produce consequences unanticipated by those iniciating the changes and those experiencing the consequences”. Estas variações não distinguem a frequência, e a intensidade da mudança. O dinamismo corresponde na maioria dos casos, a situações similares de frequência e intensidade (VOLBERDA e BRUGGEN, 1997). BURNS e STALKER (1961) focalizam se no ritmo da mudança, enquanto DILL (1958) acentua a rapidez das mudanças. DESS e BEARD (1984) concentram as suas preocupações, somente nas mudanças do mercado (market changes), deixando de lado as mudanças tecnológicas Carlos Alberto da Costa Martins 42 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas (technological changes). SHAFFARMAN et al. (1991) introduzem uma nova medida de ameaça competitiva, equivalente ao conceito de “illiberality” de CHILD (1972), e ao de hostilidade de MINTZBERG (1979). KHANDWALLA (1976) considera ainda que a intensidade competitiva é uma das principais causas da incerteza. O dinamismo encontra-se associado à incerteza sobre os desenvolvimentos futuros como, mudanças das necessidades dos clientes, descontinuidades tecnológicas, alterações concorrenciais ou de fornecedores (MCCARTHY et al., 2010). A incerteza decorre da falta de informação sobre eventos futuros, e das respostas que possam ocorrer (KHANDWALLA, 1972). CHILD (1972) decompõe o dinamismo ambiental em três atributos: na frequência ou ritmo de mudança, na magnitude ou intensidade, e na irregularidade ou previsibilidade de mudança. Estudos posteriores sublinharam a importância da separação destas componentes (JURKOVITCH, 1974; MILES et al., 1974). A independência destes atributos foi ainda confirmada empiricamente por WHOLEY e BRITAIN (1989) e SUAREZ e OLIVA (2005). O ritmo de mudança pode ser observado nas preferências dos consumidores, na situação competitiva, ou, em termos tecnológicos. De igual modo HAUSCHILD et al. (2011) consideram que a magnitude e a irregularidade podem ocorrer em termos de consumidores, e na vertente competitiva e tecnológica. Esta análise coincide, em parte com a abordagem de VOLBERDA e BRUGGEN (1997), que consideram, que o dinamismo pode ser avaliado mediante a frequência, e a intensidade da mudança. VOLBERDA e BRUGGEN (1997:138) refere ainda que “it is possible to have fastoccurring changes in the environment with a low intensity (e.g., day-to-day fluctuations in demand), or substantial changes with low frequency (e.g., slow decrease in demand)”. DAFT (2002) observa que a dinâmica dos elementos ambientais corresponde à sua permanência no tempo. Caso exista estabilidade, os elementos ambientais permanecem, enquanto a instabilidade ocorre sempre que os concorrentes reagem por meio de acções e reacções agressivas em face da comunicação, ou do, surgimento de novos produtos. A maioria da literatura entende, que a rotação, a ausência de padrões e a imprevisibilidade são as melhores medidas para distinguir a estabilidade da Carlos Alberto da Costa Martins 43 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas instabilidade. MILES et al. (1974) entendem que é importante distinguir a taxa de mudança ambiental, e a impossibilidade de mudança. O dinamismo, combina também risco com oportunidades. As descontinuidades originam imprevisibilidade na performance. As decisões são mais difíceis em ambientes instáveis do que naqueles que são estáveis e previsíveis. Opções erradas são mais fortemente penalizadas (HENDERSON et al., 2006). O conhecimento existente torna-se obsoleto quando ocorrem alterações tecnológicas ou da procura. Nestes ambientes, a aprendizagem é difícil pela dificuldade de feedback (LEVINTHAL e MARCH 1988). O dinamismo ambiental tem habitualmente consequências negativas sobre a performance. CASTROGIOVANNI (2002) num estudo com 45 indústrias estabelecidas, e 43 novas indústrias, concluiu que o dinamismo, é representado pela imprevisibilidade e frequência da mudança dos elementos do ambiente (CHILD, 1972; RANDOLPH e DESS, 1984). Este dinamismo sustentado na interdependência, e na acumulação de conhecimentos, conduziu posteriormente ao conceito de hipercompetição (D’AVENI, 1998). DAVIS et al. (2009) apresentam outra óptica multidimensional quanto ao conceito de dinamismo. Estão integradas quatro dimensões onde se incluem a velocidade, ambiguidade, imprevisibilidade e complexidade. Numa abordagem em que o ambiente é considerado como um fluxo de oportunidades DAVIS et al. (2009) defendem que as várias dimensões são classificadas da seguinte forma: • “velocity is the speed or rate at which new opportunities emerge (DAVIS, et al., (2009:423); complexity was operationalized as the number of features of an opportunity that must be correctly executed to capture that opportunity” (DAVIS, et al., 2009:423); • “ambiguity was defined as lack of clarity such that it is difficult to interpret or distinguish opportunities” (DAVIS, et al., 2009:424); • “unpredictability was defined as the amount of disorder or turbulence in the flow of opportunities such that there is less consistent similarity or pattern” (DAVIS, et al., 2009:424). Carlos Alberto da Costa Martins 44 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Perante a diversidade de opiniões e investigação, foi seguida a proposta que delimita e explica o dinamismo, de acordo com a frequência, intensidade e irregularidade das mudanças. De acordo com vários autores (CHILD, 1972; VOLBERDA e BRUGGEN, 1997; SUAREZ e OLIVA, 2005; HAUSCHILD et al. 2011) a frequência e o ritmo de mudança contribuem decisivamente para o dinamismo do ambiente. A magnitude e a intensidade, podem ser consideradas como a direcção da mudança no sentido de MCCARTHY et al. (2010) e de VOLBERDA e BURGGEN (1997). Como refere BOURGEOIS e EISENHARDT (1988) a velocidade ambiental corresponde a alterações rápidas e descontínuas, na procura, nas condições competitivas, na tecnologia e nos factores regulamentares. Dos estudos efectuados em indústrias de alta velocidade demonstraram que as empresas com melhores resultados são as que apresentam processos de decisão mais rápidos (EISENHARDT, 1989), uma capacidade de adaptação organizacional, e a rapidez na inovação de produtos (EISENHARDT e TABRIZI, 1995). BOURGEOIS e EISENHARDT (1988) definem a velocidade ambiental em termos de ritmo (rate) e direcção da mudança (MCCARTHY et al., 2010). A velocidade pode ser entendida como um vector quantitativo que combina as múltiplas dimensões do ambiente (procura, concorrência, tecnologia e regulamentação). Será um conceito multidimensional segundo BOURGEOIS e EISENHARDT (1988), dado que o ritmo e a direcção da mudança podem ser diferentes em cada elemento ambiental. O ritmo de mudança representa como refere MCCARTHY et al., (2010:608) “the amount of change in a dimension of the environment over at specified period of time, and is synonymous with concepts such as pace, speed, clock rate, or frequency of change”. A direcção da mudança segundo BOURGEOIS e EISENHARDT (1988) vai desde a posição de contínuo (extensão de desenvolvimentos passados), à posição de descontínuo, a qual representa mudanças de direcção, pontos de inflexão numa trajectória. A velocidade tecnológica provoca normalmente alterações no processo de produção, e nas componentes tecnológicas correspondentes a um dado sector de actividade (TUSHMAN et al., 1986). O ritmo da mudança tecnológica corresponde à quantidade de alterações num dado período de tempo, o que pode incluir o aparecimento de novas tecnologias, ao aperfeiçoamento das tecnologias existentes, ou a recombinação Carlos Alberto da Costa Martins 45 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas de tecnologias (MCCARTHY et al., 2010). A direcção da mudança tecnológica, corresponde à trajectória (melhoria contínua) em contraste com trajectória descontínua ou radical (ANDERSON e TUSHMAN, 1990). As alterações ocorridas nos produtos, integram a apresentação de novos produtos ou a melhoria dos existentes (REVILLA et al., 2008). A variação de novos produtos, é substancialmente diferente entre sectores de actividade. A direcção da mudança nos produtos pode apresentar uma trajectória contínua, que pode ser caracterizada por novos produtos, os quais representam uma melhoria de atributos dos já existentes, enquanto numa trajectória descontínua esses produtos apresentam novos e diferentes atributos (MCCARTHY et al., 2010). O ritmo de mudança na procura é igualmente variável consoante as indústrias (MCGAHAN e PORTER, 1997). Esta variação decorre de alterações nas preferências dos clientes, no aparecimento de novos produtos, na mudança de produtos substitutos por complementares (JAWORSKI et al., 2000), na mudanças de preços, no ciclo de vida do negócio ou custos de mudança, (MCCARTHY et al., 2010). A direcção da mudança é contínua perante o acréscimo ou decréscimo das vendas para um dado grupo de consumidores. Considera-se descontínua quando existem alterações imprevisíveis no crescimento, declínio da procura ou mudanças significativas nos segmentos de marcado (MCCARTHY et al., 2010). O ritmo nas alterações regulamentares, reflecte de igual modo as alterações na legislação num dado período de tempo, através de aparecimento de novas leis, ou da alteração das existentes (CHIN et al., 2014). A direcção da mudança na legislação pode ser contínua caso a nova legislação seja semelhante à anterior, ou descontínua caso aborde novas temáticas ou princípios (MCCARTHY et al., 2010; PETTUS et al., 2009). O ritmo da mudança competitiva está associado à entrada ou saída de intervenientes (HANNAN e CARROL, 1992), e à velocidade da resposta aos movimentos estratégicos ocorridos. A direcção da mudança na estrutura competitiva corresponde a alterações na cadeia de valor na indústria (JACOBIDES e WINTER, 2005), ou alterações na natureza dos concorrentes (SCHUMPETER, 1950; PORTER, 1980). Um segundo factor caracterizante do dinamismo, são as irregularidades (o inesperado) e as descontinuidades observadas (CHILD, 1972; HAUSCHILD et al., 2011). Embora VOLBERDA e BRUGGENS (1997:139) tenham considerado que esta dimensão não Carlos Alberto da Costa Martins 46 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas deveria estar integrada nem no dinamismo, nem na complexidade, porque “its however possible to have dynamic and complex environments that are largely predictable”. As descontinuidades são mudanças que podem ser, continuas, abruptas ou, de ruptura. As frequentes inovações tecnológicas (TEECE, 1988), as reformas regulamentares (ANGELINI e CENTORELLI, 2003), os desenvolvimentos sociais, a integração global criaram descontinuidades no ambiente competitivo influenciando e condicionando as organizações, na busca de novas respostas. Como refere DIXIT e BHOWMICK (2011:3), “the firm has to anticipate, comprehend and interpret the implications of discontinuities for subsequent environment developments and assess their cumulative impact on its strategy and performance”. Os modelos conceptuais clássicos (CYART e MARCH, 1992; HANNAN e FREEMAN, 1977; PFEFFER e SALANCINK, 1978; HOFER e SCHENDEL, 1978; ALDRICH, 1979; PORTER, 1980; ASTLE, 1983), não contemplaram a descontinuidade e a forma como as empresas deveriam actuar. A continuidade e descontinuidade não têm sido estudadas, daí a menor preocupação nos estudos académicos. A resposta às descontinuidades exige uma avaliação crítica das prioridades, velocidade e simultaneidade das respostas das empresas (EISENHARDT, 1989). Neste sentido, a descontinuidade é um tipo particular de desenvolvimento do ambiente (DIXIT e BHOWMICK, 2011). Esta pode ser considerada como a ausência duma tendência ou evolução, que origina situações completamente novas. Podendo manifestar se nos vários sectores do ambiente, como em factores tecnológicos, (SCHUMPETER 1942; TUSHMAN e ROMANELLI, 1985) ou regulamentares (VERNON e WELLS, 1986) traduzindo se assim, em dificuldades na previsão de resultados. Em particular, as descontinuidades tecnológicas são todas aquelas que para além de introduzirem inovação, introduzem novos saltos perante a anterior tecnologia (definem novas fronteiras de preços e performance) (ANDERSON e TUSHMAN, 1990). Perante estas contingências, KHANDWALA (1976) refere que em contextos de incerteza ambiental, os gestores respondem através de processos estratégicos de inovação para se adaptarem. HREBNIAKE e JOYCE (1985) entendem que as empresas procuram adaptar-se às mudanças e desenvolvimentos ambientais através de escolhas estratégicas inovadoras (TUSHMAN e ANDERSON, 1986; MAGNUSSON Carlos Alberto da Costa Martins 47 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas et al., 2003). Donde, perante a descontinuidade, as empresas têm que construir cenários para a nova realidade (KOTLER e CASLIONE, 2009; SCHOEMAKER e DAY, 2009). SCHUMPETER (1934) entende esta descontinuidade como um processo de destruição criativa (eliminação das antigas formas e combinações), outros entendemna ainda como inovação ambiental (ASTLEY,1983; TUSHMAN e ROMANELLI, 1985). Para os gestores, as descontinuidades estão associadas a situações de incerteza e de complexidade (KAPLAN, MURRAY e HENDERSON, 2003). A resposta das organizações aos desenvolvimentos ambientais é suportada nas suas capacidades dinâmicas (COLLIS, 1994; TEECE et al., 1997; EINSHARDT e MARTIN, 2000; RINDOVA e KHOTA, 2001; ZOLLO e WINTER, 2002). A abordagem baseada na aprendizagem, também atribui importância ao efeito adaptativo como resposta organizacional (NELSON e WINTER, 2002) tentando compreender o ambiente, e promovendo as respostas adequadas (PORTER, 1980, GRANT, 1996). Estas descontinuidades exigem um processo de reaprendizagem e reconstrução de competências e alianças (DIXIT e BHOWMICK, 2011). As respostas das organizações estão dependentes das suas capacidades dinâmicas, e traduzem “insights” e capacidade de renovação de recursos que asseguram o ajustamento às rápidas alterações ambientais (COLLIS, 1994). São capacidades de nível mais elevado que permitem expandir e melhorar a base dos seus activos críticos. Estas capacidades traduzem-se na percepção das ameaças e oportunidades do ambiente (sensing); em apreenderem as oportunidades e bloquear as ameaças (seizing) (DAY e SCHOEMAKER, 2006); e, em saber melhorar, reconfigurar e combinar (re-shaping) os recursos de base, em processos e rotinas (TEECE, 2007). TEECE (2007) sugere que a organização depende deste “portfolio” de capacidades para responder aos desafios e mudanças do ambiente, como são as descontinuidades (O’REILLY e TUSHMAN, 2008). Daí que a resposta à descontinuidade exige aos responsáveis a capacidade para anteciparem, aprenderem, desaprenderem e reverem prioridades (ZHANG et al., 2011). A monitorização ambiental (AGUILAR 1967) pode permitir antecipar estes eventos (TEMTIME, 2006). Partindo das contribuições variadas, este trabalho orientou se na perspectiva de avaliar o dinamismo, numa dimensão que varia de estático/estável, a instável/dinâmico Carlos Alberto da Costa Martins 48 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas como refere DUNCAN (1972) e DAFT (2002). Para DUCAN (1972:316) a dimensão do dinamismo indica o “the degree to which the factors of the decision unit’s internal and external environment remain basically the same over time, or are in a continual process of change”. Como refere, ainda VOLBERDA e BRUGGEN (1997:138) “consequently, this dimension can vary from static to dynamic. For instance, in a dynamic environment we may find changes in technologies, variations in customer preferences, fluctuations in product demand or a continuous withdrawal or entrance of competitors”. DAFT (2002:127) confirma que no dinamismo “a dimensão estável-instável diz respeito à dinâmica dos elementos do ambiente. Um domínio ambiental é estável se permanece o mesmo ao longo de um período de meses ou anos. Sob condições instáveis, os elementos ambientais modificam-se abruptamente”. O dinamismo encontra se associado à intensidade e frequência das mudanças, e às descontinuidades emergentes, que se podem manifestar nos sectores: tecnológicos, de mercado, competitivo ou regulamentar. 2.1.1.2. COMPLEXIDADE Embora se reconheça a importância da complexidade (DILL, 1958; LAWRENCE e LORSCH, 1967; DUNCAN, 1972; LICHTENSTEIN e MCKELVEY, 2011; VASCONCELOS e RAMIREZ, 2011) nem sempre existe clareza quanto ao conceito. A complexidade refere-se ao número e às diferenças, ou semelhanças dos elementos externos e factores relevantes no meio (ROBALO, 1997; DAFT, 2002). Como refere DUNCAN (2002) ambiente pode considerar-se complexo sempre que variados, e diferentes elementos externos interagem com a organização e o influenciam. Alguns autores (DILL, 1958; THOMPSON, 1967) consideram que a heterogeneidade é similar à complexidade. De acordo com THOMPSON (1967), a heterogeneidade representa a forma como os elementos ambientais são similares, ou diferentes entre si. No trabalho de DESS e BEARD (1984), nas três dimensões ambientais estudadas, considera que a complexidade é caracterizada pela heterogeneidade das actividades fundamentais (ALDRICH, 1979; CHILD, 1972; DILL, 1958) associadas ao grau e sofisticação do conhecimento exigível (ALDRICH, 1979). Conclui PORTO et al., (2009:104), e que “um ambiente complexo envolve um grande número de Carlos Alberto da Costa Martins 49 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas relacionamentos interactivos para a tomada de decisão, e exige um elevado grau de abstracção para produzir planeamentos gerenciáveis”. Para DUNCAN (1972:315), a dimensão da complexidade é avaliada em termos dum contínuo de simples a complexo, de tal forma que “the degree to which the factors in the decision unit environment are a few in number and are similar to one another in that they are located in a few components. The complex phase indicates that the factors in the decision unit’s environment are large in number”. Para MINTZBERG (1979), o conceito de estabilidade, inclui estabilidade tecnológica e de mercado, enquanto a hostilidade, é considerada como a disponibilidade e competitividade por recursos. ALDRICH (1979) considera a complexidade como integrando a concentração geográfica, a heterogeneidade, e o dinamismo que para o autor, traduz a estabilidade e turbulência, enquanto os conceitos de consenso e capacidade são similares à de concorrência. Estas propostas encontram-se próximas da proposta de CHILD (1972). VOLBERDA e BRUGGEN (1997) parecem concordar que, o número de elementos e a sua diversidade (LAWRENCE e LORSCH, 1967; KHANDWALLA, 1977; MINTZBERG, 1979) determinam a complexidade (THOMPSON, 1967; DILL, 1958). Uma organização que ofereça um alargado leque de produtos, a uma variedade de clientes, em distintas áreas geográficas, enfrenta um contexto heterogéneo. Para lá do número de elementos envolvidos, a interligação entre eles, transforma a complexidade do contexto. Quando as interdependências são reduzidas, estas podem ser divididas em grupos homogéneos, logo a complexidade é reduzida, quando as inter-relações são fortes, a complexidade aumenta (VOLBERDA e BRUGGEN,1997). Estas interdependências são consideradas por VOLBERDA e BRUGGEN (1997), como similares à dimensão de analizabilidade (analyzability) de PERROW (1970). Em geral esta característica pode ser decomposta em duas dimensões: as interdependências internas e externas. Estas últimas correspondem à influência dos parceiros e “stakeholders” nas actividades organizacionais. Se as organizações forem perspectivadas como integrando sistemas complexos, AXELROD e COHEN (2000:7) entendem que “there are a strong interactions among its elements, so that current events heavily influence the probabilities of many kinds of later events”. A complexidade depende assim, do número de elementos, e das suas Carlos Alberto da Costa Martins 50 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas interdependências (VOLBERDA e BRUGGEN, 1997). A diversidade representa a pluralidade de elementos, quer em número (multiplicidade), quer em variedade. DAFT (2002) considera que a complexidade pode ser classificada de simples/homogénea a heterogénea/complexa. CHILD (2002) entende a complexidade como traduzindo a diversidade de mercado, representando o grau de sofisticação do conhecimento necessário para actuar num dado ambiente técnico ou científico. A complexidade também pode ser reconhecida e associada a ambiguidade, e daí a sua associação com a disponibilidade de informação (VOLBERDA e BRUGGEN, 1997). MAZNEVSKI (2007) entende que se pode considerar a complexidade, como muita informação com cada vez menos clareza, sobre a forma de interpretar e aplicar as descobertas. A ambiguidade (predictability) é maior, quando não existe simplesmente informação disponível (VOLBERDA e BRUGGEN, 1997), e não são compreensíveis, as relações de causa-efeito das componentes ambientais (THOMPSON, 1967) limitando a compreensão que os gestores enfrentarão no futuro. A complexidade refere-se assim, á quantidade de conhecimento, recursos e capacidades que são necessárias para actuar com sucesso no ambiente. Se a empresa enfrenta um ambiente heterogéneo, terá de se adaptar a descontinuidades tecnológicas, mudanças nas frequências dos clientes e práticas competitivas (DIXIT e BROWMICK, 2011). A complexidade aparece igualmente associada a outros factores. O conceito de “fast flux” descreve a natureza transitória do ambiente, considerando que a complexidade representa o número de diferentes estados pelo qual um sistema pode passar, num dado espaço de tempo (SCHWANDT, 2009). Esta dimensão integra a previsibilidade ambiental apontada anteriormente por VOLBERDA e BRUGGEN (1997), a qual pode variar de previsível, a imprevisível. Quando as transições são lineares, cíclicas ou, ocorrem em simultâneo, os responsáveis podem efectuar extrapolações quanto ao futuro (HAUSCHILD et al., 2011). Caso as relações de causa-efeito sejam previsíveis, é possível antecipar o futuro, quando não existe essa causalidade, o futuro é incerto, desconhecido ou descontínuo (SCHWANDT, 2009). Contrariamente os ambientes heterogéneos permitem explorar oportunidades de e/ou de tecnologia; a complexidade exige igualmente recursos, em especial conhecimento Carlos Alberto da Costa Martins 51 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas variado (REVILLA et al., 2008), e assim requer maior capacidade de absorção (absorptive capacity) (ZAHRA e GEORGE, 2002). Partindo de variadas contribuições, este trabalho orientou se na perspectiva de avaliar o dinamismo, numa dimensão de estático/estável a instável/dinâmico como refere DUNCAN (1972) e DAFT (2002). Para DUCAN (1972:316) a dimensão do dinamismo indica o “the degree to which the factors of the decision unit’s internal and external environment remain basically the same over time, or are in a continual process of change”. Como refere, VOLBERDA e BRUGGEN (1997:139), “complexity of the environment depends on the number of elements within an environment and their relatedness”. DAFT (2002:127) confirma que a “a dimensão simples-complexa diz respeito à complexidade ambiental, que se refere à heterogeneidade, ou ao número e dissemelhança dos elementos externos relevantes às operações de uma organização. Num ambiente complexo, muitos elementos externos diferentes interagem com a organização e a influenciam. Num ambiente simples, apenas três a quatro elementos externos semelhantes influenciam a organização”. A complexidade encontra se associado ao número de elementos, ou diversidade dos vários factores ambientais, e ao modo como a inter-relação entre esses diferentes elementos podem influenciar os processos de decisão (ELBANNA e CHILD, 2007). A ambiguidade e os fluxos rápidos (EISENHARDT, 1989), correspondem igualmente a diferentes factores que podem influenciar a complexidade (SCHWANDT, 2009). Ilustração 1 - Determinantes da incerteza. (Ilustração nossa) Carlos Alberto da Costa Martins 52 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas O dinamismo e a complexidade representam duas das dimensões, como o ambiente pode influenciar as organizações (ilustração 1). Estas condições exigem uma maior necessidade de recolha de informação (TEMTIME, 2006; EBRAHIMI, 2000), ou, uma maior necessidade de recursos (DAFT, 2002). A variedade de inputs produzidos, e a quantidade de outputs gerados torna o ambiente mais, ou menos complexo. Da mesma forma os vários segmentos envolvidos e as suas interacções determinam uma maior, ou menor imprevisibilidade ou incerteza (CHOO, 2003; ZHANG et al., 2011). Carlos Alberto da Costa Martins 53 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 2.1.2. A INCERTEZA AMBIENTAL A incerteza é uma consequência da rapidez da mudança, da simplicidade ou heterogeneidade dos elementos que influenciam o ambiente, e que, limitam a percepção do ambiente competitivo (ELBANNA e ALHWARAI, 2012; FARIA et al., 2012), condicionando desta forma o processo decisório (DESS e BEARD 1984; MILIKEN, 1987). Como refere MILLIKEN (1987:136) a incerteza ambiental representa a forma “como a capacidade de percepção individual de prever com precisão o ambiente organizacional, em resultado da ausência de informação, ou pela incapacidade de distinguir entre dados relevantes e não relevantes”. A extensão da incerteza ambiental é reconhecida como sendo uma função do aumento da complexidade, e dinamismo ambiental (JOHNSON e SCHOLES, 1999; DAFT, 2002). Como já foi referido, o ambiente pode ser definido conceptualmente como integrando dois níveis, o específico e o geral (ELENKOV, 1997). São os elementos destes níveis que contribuem para a incerteza observada pelos gestores. Logo, a incerteza ambiental resulta da complexidade e da dinâmica ambiental (DUNCAN, 1972; DAFT, 2002; GULINI, 2005; REVILLA et al., 2008; SILVA et al., 2014). Sendo estes factores que influenciam a organização, reconhece-se que quanto maior a complexidade e o dinamismo, maior será a incerteza (DUNCAN, 1972). A dependência ambiental, para MILES et al., (1974) indica que as organizações que ajustam as suas condições ao ambiente, podem melhorar os seus desempenhos (WULF et al., 2010; HARRINGTON et al., 2004). As estratégias devem ser formuladas para se adaptarem, responderem ou formatarem o ambiente (JOHNSON e SCHOLES, 1999; MINTZBERG, 1994). Quando ocorre alguma variação, é necessário uma mudança de estratégia para garantir uma harmonia e ajustamento ao ambiente. Isto é defendido por JABNOUN et al., (2003:19) quando diz que “environmental uncertainty plays a central role in strategy formulation for its effects not only firm and the value of its competences and capabilities, but also customer needs and requirements as well as the competition”. O conceito de incerteza pode significar variadas definições conceptuais (WALKER et al., 2003). A incerteza pode traduzir ausência de informação e conhecimento (DUNCAN, 1972; LAWRENCE e LORSCH, 1967; ZHANG et al., 2011; ROSENBUSCH et al., 2007), enquanto para COLLIS (1991), a incerteza representa ainda, a indefinição de causalidade entre as operações internas, e o seu ambiente. Carlos Alberto da Costa Martins 54 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Ilustração 2 - Relação do ambiente e a informação. (Ilustração nossa) A incerteza pode ser traduzida também, como resultado da imprevisibilidade (CYERT e MARCH, 1992) da turbulência ambiental (EMERY e TRIST, 1965; MASON, 2007) ou, como consequência da complexidade de variáveis importantes (GALBRAITH, 1973). A incerteza pode assim ser, analisada numa dupla perspectiva, ou o ambiente é certo, e então é facilmente previsível, ou, é incerto logo é dificilmente estimável (BOYD et al., 1990) (ilustração 2). Daqui se poder concluir que a incerteza pode ser traduzida num contínuo (JABNOUN et al. 2003; DAFT, 2002) (ilustração 3). Ilustração 3 - Níveis de Incerteza. (Ilustração nossa) A baixa incerteza corresponde a ambientes competitivos, onde os factores apresentam uma relativa estabilidade, e existem poucos elementos que influenciam a incerteza (DUNCAN, 1967; DAFT, 2002). O futuro é facilmente estimável. Como refere JABNOUN, et al. (2003:20), “the management team is aware of the possible states of occurrences and can encore probabilities in each of the states”. Em condições de incerteza moderada, a complexidade dos factores influenciadores das tomadas de decisão, podem variar, e o dinamismo pode igualmente, originar condições mais ou menos estáveis. As situações de elevada incerteza, correspondem a condições em que associações entre as componentes do ambiente não são claras, e o ritmo de mudança entre factores é elevado, tornando os processos de decisão mais Carlos Alberto da Costa Martins 55 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas difíceis (EISENHARDT, 1989; BITAR, 2003;BOYNE e MEYER, 2009; PETTUS et al., 2009) (ilustração 3). Daí que uma das tarefas de gestão, seja lidar com a redução de incerteza (GARDELIN, 2010). Apesar de tudo, LYNN e AKGUN (1998) entendem que a incerteza é uma dimensão familiar do nosso quotidiano. Contudo como refere THOMPSON (1967), a incerteza surge como sendo um problema fundamental para as organizações, daí que a sua resolução se torne actualmente um dos seus objectivos principais. Para além disso, devia representar uma das tarefas dos gestores, evita-la, elimina-la ou reduzi-la (NADKARNI e BARR, 2008; ELBANNA, 2007). SCHUMPETER (1934) apresenta uma abordagem diferente, isto é, considera a incerteza uma fonte de oportunidades. Ambas as perspectivas de incerteza – ameaças ou oportunidades – constituem dimensões do problema (SCHOEMAKER e DAY, 2009). Na incerteza como ameaça, THOMPSON, (1967), interpreta a racionalidade organizacional como a forma de obter a máxima eficiência económica. Como a incerteza coloca fortes desafios à racionalidade ela é considerada como uma ameaça. Daí a redução da incerteza ser uma das tarefas críticas da gestão (JABNOUN et al., 2003). A incerteza como oportunidade traduz ainda a presença contínua de oportunidades inesperadas, representando uma fonte para a actividade empreendedora, e para o funcionamento do mercado (DAY e SCHOEMAKER, 2006). Estas oportunidades traduzem-se pelo aparecimento de novas tecnologias (TUSHMAN et al., 1986), alterações de preferências (KIM e MAUBORGNE, 2004), descoberta de novas utilizações para produtos actuais, ou a descoberta de novos materiais (FISHER et al., 1989). A forma como se observam e retêm estas alterações, será o que define o empreendedor (WIKLUND e SHEPHERD, 2005; LIZOTE et al., 2012). Existem vários estudos que estabelecem relação, entre velocidade (speed) e a incerteza, tendo-se obtido conclusões diferentes (KESSLER e BIERLY, 2002). As oportunidades podem possibilitar benefícios aos mais rápidos, contudo a incerteza também pode incrementar o risco de errar. Assim, a correlação entre velocidade e sucesso é moderada. CHEN et al., (2005) concluem que as “time-based strategies” são mais adequadas em condições de maior incerteza. A velocidade e a flexibilidade revelaram-se menos importantes em ambientes mais estáveis. As “time-based strategies” (first mover, or, fast follower) são mais úteis e obtêm melhor resultado em Carlos Alberto da Costa Martins 56 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas ambientes de baixa incerteza (KESSLER e BIERDY, 2002), contudo não existe uma correlação entre o tempo de desenvolvimento dum produto e o seu sucesso, excepto em condições de elevada incerteza (CHEN et al., 2005). Já para, ALKARAAN e NORTHCOTT, (2006) a incerteza ambiental é um problema comum a todos os dirigentes, por estes não terem a possibilidade de aceder a toda a informação necessária, e de, não conseguirem formular, e antecipar todas as consequências (SUTCLIFFE e WEBER, 2005; SUTCLIFFE e HUBER, 1998; ZHANG et al., 2011). Existem várias formas como o ambiente influência a organização - ou através da necessidade de informação sobre o ambiente, ou mediante, a necessidade de recursos oriundos do ambiente (DAFT, 2002). DAFT (2002) entende que em incerteza, os decisores não dispõem de informação suficiente sobre os factores ambientais e enfrentam dificuldades na previsão das mudanças externas (BASTIAN, 2012; ELBANNA e CHILD, 2007; FARIA et al., 2012). DUNCAN (1972) analisa a incerteza em função da variação da percepção dos seus responsáveis no processo de tomada de decisão. Esta dependência da percepção, dá origem a que alguns indivíduos sejam mais tolerantes e interpretem os elementos com graus de incerteza diferente (SILVA e BRITO, 2013; FAGUNDES e GIMENEZ, 2009; TEIXEIRA et al., 2009). A percepção formulada, que têm das ameaças e das potenciais oportunidades, conduz às escolhas organizacionais que melhor se ajustam ao ambiente (MILLER et al., 1974; BUZTKE et al., 2012; GULINI, 2005). TUNG (1979) procurou estudar o ambiente organizacional, baseado na complexidade, no ritmo de mudança e no estado da rotina do problema/oportunidade, enquanto DAFT e LENGEL, (1986) trabalharam a incerteza considerando que as organizações são processadores de informação. Como a complexidade é analisada com base na heterogeneidade dos factores ambientais que podem influenciar o processo de decisão, isso implica segundo TUNG (1979), que o número de factores envolvidos, a sua variedade, e o seu grau de interdependência, influenciam os processos de tomada de decisão. Como 0 trabalho desenvolvido por DAFT e LENGEL (1986) se orientou numa óptica das organizações como processadores de informação, estas, segundo eles, devem conseguir desenvolver mecanismos para lidarem com a incerteza. Os dois elementos que podem influenciar o processo informacional, são o nível de incerteza e a equivocidade. Estas duas dimensões propostas, sugerem que para níveis elevados de Carlos Alberto da Costa Martins 57 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas equivocidade o nível de informação necessário aumenta, bem como, a necessidade da sua interpretação. Estas duas dimensões são influenciadas pela tecnologia, pelas relações interdepartamentais e o ambiente. DAFT e LANGEL (1986) concluem que quanto maior seja a incerteza, e a hostilidade, maior é a necessidade de recolha de dados sobre o ambiente (CHOO, 2003; GARG et al., 2003; EBRAHIMI, 2000). Nesta linha, ELENKOV (1997) efectuou uma pesquisa onde procura estabelecer uma relação entre as percepções de incerteza estratégica e os comportamentos de monitorização ambiental. As interpretações do ambiente condicionam as percepções, e é assim, que os responsáveis respondem e agem posteriormente (MILES et al., 1974; MASON, 2007). Erros de interpretação ou avaliação, originam desajustes estratégicos e estruturais (HARRINGTON et al., 2004; VENKATRAMAN e PRESCOTT, 1990). Ilustração 4 - Dimensões do ambiente - Incerteza percebida. ( [Adaptação a partir de:] Daft, 2002) A percepção da importância dum sector está associada à incerteza ambiental percebida, logo pode reflectir uma parte dessa incerteza (DAFT, et al., 1988; EBRAHIMI, 2000; TEMTIME, 2006). Desta forma, a incerteza corresponde à Carlos Alberto da Costa Martins 58 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas percepção que os gestores formulam do ambiente competitivo, em consequência da sua simplicidade, da heterogeneidade dos seus elementos, ou da rapidez da sua mudança, e a influência que podem causar no processo decisório (DESS e BEARD 1984; MILIKEN, 1987) (ilustração 4). Como já se referiu, a análise e interpretação da incerteza corresponderá no futuro a uma tarefa critica, dos gestores de topo nas organizações (GARDELIN, 2010). A importância para DUNCAN (1972) da avaliação da incerteza justifica-se pelas seguintes razões: a ausência de informação sobre determinados factores ambientais relevantes, em segundo lugar, pelo desconhecimento das consequências de determinadas decisões e, finalmente pelo desconhecimento das relações causais, dos efeitos dessas decisões (MILLIKEN, 1987). Em função da sua percepção, DUNCAN (1972) conclui, que a dimensão do dinamismo era mais importante que a complexidade na explicação da incerteza. Gestores diferentes, em sectores similares, efectuam interpretações e análises diferentes (GIMENEZ, 2008; PAZINI et al., 2011; JOGARATNAN, 2009). A tolerância à incerteza é diferente (GARDELIN, 2010; GULINI, 2005; SILVA et al., 2014). Daí que esta seja tão mais sentida, quanto mais insuficientes sejam os recursos (DUNCAN, 1972). Ilustração 5 - As tipologias de ambiente. (Ilustração nossa) Desta forma, a incerteza é condicionada pela complexidade e mudanças ocorridas nos vários sectores ambientais (ilustração 5), e pelo modo, como essas são percepcionadas pelos seus responsáveis (BASTIAN, 2012; KUMAR, 2002; NADKARNI e BARR, 2008). A importância das percepções individuais é relevante, na medida em que as decisões estratégicas são efectuadas com base nelas (TEIXEIRA et al., 2009; SENER, 2012). A adequabilidade destas decisões com o ambiente organizacional é Carlos Alberto da Costa Martins 59 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas para a abordagem contingencial a garantia de crescimento e sustentabilidade (SUMMER et al., 1990; DONALDSON, 2001). 2.1.2.1. COMPONENTES DA INCERTEZA Com o advento da abordagem contingencial inicia-se um interesse crescente pelo estudo do ambiente externo das organizações, e, em especial quanto à incerteza (LUEG e BORISOV, 2014). A geração da incerteza pode ter múltiplas e variadas fontes. Enquanto BURNS e STALKER (1961) entendem que a incerteza ambiental resulta de alterações na composição do mercado e da tecnologia, THOMPSON (1967), considera que o ambiente e a tecnologia são as principais responsáveis pela instabilidade, enquanto LAWRENCE e LORSCH (1967) consideram que são as mudanças no mercado e nas tecnologias, que a podem justificar. A incerteza pode ser considerada como a imprevisibilidade do ambiente e a incapacidade de prever os impactos da mudança ambiental, e as suas consequências (MILLIKEN, 1987; MATTHEUS e SCOTT, 1995). MILLER (1993) trata a incerteza numa dupla perspectiva, numa dimensão internacional centralizando-se nos factores políticos (incerteza política governamental – tarifas aduaneiras, legislação nacional e fiscalidade). A incerteza política reflecte as descontinuidades provocadas por mudanças políticas (ROBOCK, 1971) de difícil previsão, e as suas consequências, no âmbito do investimento e do risco associado a alterações de factores regulamentares (BITTLINGMAYER, 1998, 2001). Os factores económicos e políticos apresentam algum grau de interdependência, daí se influenciarem mutuamente (FIELDS, 2009). Esta incerteza, pode ser considerada um dos maiores factores de risco, resultantes de descontinuidades políticas, difíceis de antecipar, e podendo representar fortes impactos nos resultados (ROBOCK, 1971). A variação do investimento directo estrangeiro, pode ser desencorajado, traduzindo isso uma maior percepção do risco (BITTLINGMAYER, 1998; BRUNETTIE e WEDER, 1998). A regulamentação influência de igual modo, os níveis de investimento (BITTLINGMAYER, 2001). A incerteza económica reflecte as alterações ou modificações, nos mercados financeiros, no crescimento económico, na taxa de câmbio, de juro e de inflação (BOURGEOIS, 1985; MILLIKEN,1987; DESARBO et al., 2005). Carlos Alberto da Costa Martins 60 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A segunda dimensão (MILLER, 1993) da incerteza, privilegia o sector, em substituição da nação, atribuindo importância às incertezas tecnológicas, e as suas consequências nos produtos (incerteza produto - mudanças no processo de produção; introdução de novos produtos; mudanças na qualidade; procura de produto e preferências do cliente). A incerteza tecnológica refere-se ao grau de familiaridade ou à mudança com uma dada tecnologia, relativa a um dado produto. Quanto maiores e mais rápidas forem as mudanças, maior é esta incerteza (MORIARTY e KOSNICK, 1990). Este tipo de alterações, sugere que em períodos de grande inovação tecnológica existam grandes níveis de incerteza tecnológica dando origem ao aparecimento de oportunidades empreendedoras (MCMULLEN e SHEPHERD, 2006). A própria incerteza tecnológica pode ter efeitos na incerteza económica como reconheceram ALVAREZ e BARNEY (2005). Esta incerteza, está ainda associada a períodos de forte inovação tecnológica, o que pode desencadear fluxos de oportunidades e originar o aparecimento de novos negócios (MCMULLEN e SHEPHERD, 2006). A incerteza de mercado é resultado do desconhecimento das necessidades dos consumidores, e do que pode valorizar (KIM e MAUBORGNE, 2004), resultante do aparecimento duma nova tecnologia (WEST e DRNEVICH, 2010). Esta incerteza pode igualmente resultar da alteração rápida dum mercado, ou da emergência dum novo. Pode não se conhecer devidamente que perfil tem o cliente, quais as suas necessidades e desejos e, como o podemos alcançar (JAWORSKI e KOHLI, 1993). CHIN et al., (2014) designam estes factos, como incerteza da procura, o que traduz a dificuldade em avaliar os comportamentos dos consumidores, nomeadamente em termos de volume, características dos produtos pretendidos (GOYAL, 2005), e na tendência para a personalização da oferta (YING, 2006). Estas modificações podem originar incertezas competitivas na medida em que dêem origem a mudanças de estratégias, a mudanças de mercados, ou mudanças de preços dos competidores. WEST e DRNEVICH (2010) classificam as fontes de incerteza em quatro categorias distintas. A incerteza específica da sector que ocorre quando um pequeno evento pode originar incerteza em toda a indústria. As diferenças entre os sectores podem estar relacionadas com diferenças existentes dentro da indústria. A incerteza específica à região, decorre de ocorrências em termos económicos que originam expansão ou contracção em diferentes áreas geográficas (OWYNANG, 2005). A influência das indústrias em termos de prosperidade ou declínio, sobre as regiões também pode ocorrer (caso das industrias automobilística, e “dot-com”). A incerteza Carlos Alberto da Costa Martins 61 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas macro ambiental, factores sociais e económicos introduzem volatilidade, tal como, a incerteza sobre expectativas, podem influenciar toda a economia e instituições. ANDERSON e TUSHMAN (1990) acrescentam outra dimensão chave da incerteza, a novidade (newness), e a mudança. A novidade é considerada ao nível da empresa, enquanto o grau da mudança é considerado ao nível do ambiente ou sector. Pode classificar-se a incerteza de acordo com o autor, em quatro tipos: a novidade de mercado – referindo a medida em que os produtos são vendidos a clientes diferentes, ou a utilização de novos canais de distribuição para atingir diferentes clientes; a turbulência de mercado que traduz o grau da alteração das preferências dos consumidores (JAWORSKI e KOHLI, 1993); a novidade tecnológica que significa o grau em que novos processos ou difusão de novas tecnologias que propiciam oportunidades para o aparecimento de novos produtos (ROSENBERG, 1996; BERMAN e HAGAN, 2006); e a turbulência tecnológica, representada na mudança provocada no desenvolvimento de novos produtos (JAWORSKI e KOHLI, 1993; KOR et al., 2008). Uma mudança, ou uma novidade que seja perfeitamente percepcionada e compreendida, não representa nenhuma incerteza (DESS e BEARD, 1984; ANDERSON e TUSHMAN, 1990). Como refere GINTER e DUNCAN (1990), o sucesso de muitas organizações é influenciado pela forma como respondem às mudanças económicas, politicas, sociais e tecnológicas. Contudo nem todos estes factores (internacionais ou nacionais e gerais ou específicos) têm a mesma importância na criação de incerteza (BURNS e STALKER, 1961). 2.1.2.2. AS MEDIDAS DA INCERTEZA A incerteza ambiental tem sido estudada há várias décadas (DUNCAN, 1979; MARCH e SIMON, 1958; THOMPSON, 1967; MILIKEN, 1987). No seu artigo seminal DUNCAN (1972) para além de referir a necessidade das organizações terem de se ajustar ao seu ambiente para se manterem viáveis (DONALDSON, 2001; WULF et al., 2010), acresce ainda, o modo como elas têm de lidar com a incerteza (THOMPSON, 1967). DILL (1958) contrariamente a LAWRENCE e LORSCH (1967) concentram a sua atenção nos elementos ambientais externos enquanto, DUNCAN (1972:314) aborda o ambiente organizacional numa perspectiva interna, “consists of those relevant phisical and social factors within the boundaries of the organization”; e numa dimensão Carlos Alberto da Costa Martins 62 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas externa, “consists of those relevant phisical and social factors outside the boundaries of the organization”. Incerteza percebida foi tratada por especialistas da informação, por investigadores da tomada de decisão (KNIGHT, 1921; LUCE e RAIFFA, 1957) bem como, por estudiosos da teoria organizacional, como, LAWRENCE e LORSCH (1967). A revisão efectuada por MILLIKEN (1987) identificou vários problemas na conceptualização, e nas medidas utilizadas. A proliferação de construtos (BOYD e FULK, 1996), e a indefinição conceptual, como referem DOWNEY e SLOCUM (1975:562) dificultam a clareza do conceito, “uncertainty is a term which is used daily in a variety of ways. This everyday a consistence with uncertainty can be seductive in that it is all too easy to assume that one knows what is talking about”. MILLIKEN (1987:136) considera a incerteza ambiental, “as an individual perceived inability to predict something accurately”. Propondo que a incerteza seja desagregada em três tipos: incerteza de estado, incerteza de efeito e incerteza de resposta. Em termos empíricos, podem ser autonomizados os seguintes aspectos no estudo da incerteza: o desfasamento entre a conceptualização e as medidas, e a utilização de critérios agregados e desagregados. A primeira confusão decorre dos autores usarem a incerteza simultaneamente como um estado ambiental e individual (MCIVER et al., 2009). Como se pode constatar, os conceitos e as medidas sobre o ambiente não são consensuais na literatura (DESS e RASHEEDS, 1991; CASTROGIOVANI, 2002; SHARFMAN e DEAN, 1991). A maioria dos trabalhos entende que a incerteza ambiental pode ser avaliada (BOYD, 1995), através da influência de três dimensões: a munificência, a complexidade e o dinamismo (DESS e BEARD, 1984; ALDRICH, 1979). Esta validação pode ocorrer através de métodos objectivos ou subjectivos (BOYD et al., 1993; ASHILL e JOBBER, 2010). Contudo todos os seguidores do modelo de MILLIKEN (1987) analisam a incerteza com base nos três estados identificados pelo autor. A utilização de diferentes tipos de medidas considera-se um segundo problema. A utilização de medidas objectivas consideram-se as mais apropriadas para estudar os fenómenos externos, enquanto as medidas subjectivas (perceptuais) se entendem como as mais adequadas para avaliar os comportamentos e as decisões dos gestores (BOYD e FULK 1996) (ilustração 6). Carlos Alberto da Costa Martins 63 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Ilustração 6 - Métodos de avaliação do ambiente. (Ilustração nossa) Uma das orientações científicas seguidas, é a utilização e a avaliação das dimensões ambientais com base em critérios objectivos (DESS e BEARD, 1984) (archival measures) utilizando para tal, fontes secundárias de vários tipos (BOYD et al., 1993; SHARFMAN e DEAN,1991; CANNON e ST JOHN, 2007; PORTO et al., 2009). Esta abordagem entende que “archival measures rely on “objective” quantifiable measures based on scientifically rigorous measurements procedures” (DESS e BEARD, 1984:53). A medida e a validação de métodos objectivos propostos por DESS e BEARD (1984) (BOYD, 1990; LAWLESS e FINCH 1989), foram criticados posteriormente no trabalho de SHARFMAN e DEAN (1991), propondo este, a revisão dos critérios das medidas objectivas e subjectivas. Como se pode observar, esta divergência de métodos, é também extensiva à utilização das dimensões, e influências da incerteza sobre o comportamento estratégico e a performance das organizações. KEATS e HILL (1988) utilizaram as variáveis de munificência, instabilidade e complexidade num modelo causal, estabelecendo ligações entre as dimensões do ambiente e as características organizacionais. LAWLESS e FINCH (1989) recuperaram dados dos trabalhos de DESS e BEARD (1984) para testarem as relações entre estratégia e ambiente. BOYD (1990) utilizou medidas objectivas para Carlos Alberto da Costa Martins 64 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas estabelecerem relações do ambiente com a performance (LI e SIMERLY, 1998; SIMERLY e LI, 2000). DESS e BEARD (1984) propõem que para uma adequada compreensão do ambiente, devem ser analisadas as dimensões da munificência, dinamismo e complexidade. Dimensões também defendidas por HARRIS (2004:881), “Munificence: capacity, or ability of environment to sustain growth; Dynamism: stability – instability, the rate or degree of environmental change; Complexity: concentration – dispersion, the heterogeneity and/ or range of the organization’s activities in the task environment”. O estudo de DESS e BEARD (1984) foi replicado por RASHEED e PRESCOTT (1992) utilizando uma amostra resultante de 60 indústrias, analisando 19 variáveis que confirmaram as três dimensões descritas, no seu estudo original. SHARFMAN e DEAN (1991) submeteram a avaliação a proposta de DESS e BEARD (1984), propondo um diferente conjunto de medidas para a avaliação objectiva das três dimensões. DESS e RASHEED (1991) reagem posteriormente à proposta considerando a revisão inadequada. DESS et al., (1995) afirmam que a conceptualização e a avaliação permanecem como questões centrais na compreensão do ambiente, e o impacto que ele produz nas organizações (HARRIS, 2004). Uma segunda abordagem utiliza medidas subjectivas ou perceptuais (perceptual measures) (HARRIS, 2004). Como já foi referido, a utilização das percepções dos gestores de topo é recomendável sempre que se procura estudar, a influência da incerteza nos processos de tomada de decisão. De acordo com MILLIKEN (1987), citado por MCIVER (2009:5) entende que, “perceptual measures of environmental uncertainty reflect an administrator’s ability on perceived ability to predict an organization’s environment”. Esta abordagem estabelece uma relação entre o ambiente, e os decisores organizacionais (GULINI, 2005; CARVALHO, 2011; SILVA et al., 2014). Podemos inclusivé afirmar, que diferentes decisores avaliam e têm percepções diferentes do ambiente (PONDEVILLE et al., 2013) e, ajuizam as consequências das suas decisões de forma diferente (PIASKOWSKA E TROJANOWSKI, 2012). CASTROGIOVANNI, (1991) e DESS e RASHEED, (1991) indicam que, de igual modo, como nas medidas objectivas, as subjectivas, têm igualmente apresentado problemas de confiança e validade (BUCKHO,1994). Os trabalhos que utilizam medidas Carlos Alberto da Costa Martins 65 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas subjectivas são muito variados e abundantes, desde LAWRENCE e LORSCH (1969), a DUNCAN (1972) e MILES et al. (1978), tal como, os trabalhos de MILLER e FRIESEN (1983), BOURGEOIS (1985), SUTCLIFFE e HUBER (1998), TAN (2002) e CARVALHO (2011), entre outros. TOSI et al., (1973) comparando as medidas objectivas, com as subjectivas de LAWRENCE e LORSCH (1967) concluiu que a correlação é baixa, e os instrumentos perceptuais são inadequados. DOWNEY et al. (1977) entendem que os dois tipos de medidas de avaliação da incerteza deveriam estar correlacionados. Não acontecendo isso, esse facto poder-se-ia justificar, pelas questões metodológicas, e factuais da incerteza – enquanto nos métodos objectivos se traduz as características do ambiente, nos métodos subjectivos traduzem-se as diferenças individuais de percepção dos dirigentes (LUEG e BORISOV, 2014). Estes resultados diferentes de percepções, são fruto dos traços de personalidade, ou dos decisores pertencerem a níveis hierárquicos diferentes (DOWNEY et al., 1977). O trabalho de SYDNER e GLUECK (1982) contesta as afirmações de TOSI et al., (1973) encontrando correlações entre os dois tipos de medidas. Conclusão semelhante é obtida posteriormente por SHARFMAN e DEAN (1991), confirmando as observações de DOWNEY et al., (1977). LUEG e BORISOV (2014) entendem que ambas as medidas não são substitutos perfeitos. A variabilidade na estrutura das escalas utilizadas, encontra-se igualmente entre outro dos problemas identificados. MILLER (1987) avaliou o dinamismo mediante uma escala de sete pontos, enquanto SUTCLIFFE e WEBER (1998) utilizaram uma escala de cinco posições distintas para avaliarem o ambiente específico. SUTCLIFFE e HUBER (1998) avaliaram a percepção de gestores de topo quanto a cinco dimensões do ambiente específico, nomeadamente quanto: à munificência – capacidade, ou aptidão do ambiente sustentar o crescimento; quanto ao dinamismo que correspondia à estabilidade/instabilidade, o nível de mudança ambiental; à complexidade, ligada à concentração/dispersão, e, a heterogeneidade e/ou gama de actividades organizacionais no ambiente da tarefa. Por outro lado, todos os estudiosos que utilizaram a proposta de MILLIKEN (1987) explicam a incerteza mediante os estados de incerteza sugeridos pelo autor (ASHILL e JOBBER, 2010; SUND, 2010). A combinação de medidas objectivas e subjectivas foi igualmente utilizada nalguns estudos e pesquisas (TUNG, 1979; STUCLIFFE e WEBER, 2005; HARRINGTON e KENDALL, 2005; ANDREWS, 2009). Carlos Alberto da Costa Martins 66 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A validação das escalas revela-se num outro tema crítico na investigação sobre a incerteza, (VENKATRAMAN e GRANT, 1986) dado ser difícil replicar, testar e validar uma investigação no sentido da sua generalização e utilidade (HARRIS, 2004). VENKATRAMAN e GRANT (1986) propõem uma validação sistemática das medidas, fornecendo assim uma base solida para a interpretação dos resultados da investigação da estratégia organizacional (HARRIS, 2004). Citado por HARRIS (2004:78), VENKATRAMAN e GRANT (1986), propuseram que a validação sistemática dos constructos deve respeitar a “content validity, internal consistency of operationalizations, convergent validity, discriminant validity and nomological validity”. A variação de resultados na avaliação da incerteza tem sido também díspar na literatura. Em dadas circunstâncias verifica-se que o aumento da volatilidade e da certeza podem ocorrer em simultâneo (EISENHARDT, 1989), ou ainda, que não existe associação entre volatilidade e incerteza (ISABELLA e WADDOCK, 1994). A utilização da variância para medir imprevisibilidade apresenta igualmente várias limitações. Daí que, a discussão em torno da definição de incerteza, e, a utilização de medidas objectivas, ou subjectivas conduziu a diferentes resultados (WALDMAN et al., 2001; AGLE et al., 2006; PORTO et al., 2009; LIZOTE et al., 2012). As medidas sobre o ambiente tem sido desenvolvidas num variado nível analítico, o que tem conduzido a discordâncias quanto ao impacto da incerteza nos diferentes níveis organizacionais (MILLER e SHAMSIE 1999). A percepção da incerteza pode condicionar, o processo de tomada de decisão (ATUAHENE–GIMA e LI, 2004) a eficácia da liderança (WALDMAN et al., 2001; PAZINI, et al., 2011) ou a capacidade de compreensão do ambiente (DAFT et al., 1988). Em oposição, as condições objectivas do ambiente são relevantes para se compreenderem questões estratégicas como selecção do domínio, a expansão (LEIBLEIN e MILLER, 2003), o nível de concorrência e influência governamental (DELIOS e HENISZ, 2003) ou o modo de entrada (FOLTA e O’BRIEN, 2004; LUO, 2001), mas não, para a explicação dos comportamentos e tomadas de decisão dos gestores. A utilização de medidas unidimensionais ou multidimensionais, e a utilização de medidas desagregadas ou agregadas a uma única dimensão (MCIVER et al., 2008) é outra área pouco consensual. Na opinião de MILLIKEN (1987), a incerteza ambiental percebida pode ser conceptualizada como incorporando três dimensões que devem Carlos Alberto da Costa Martins 67 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas manter-se desagregadas. Para alguns autores, a utilização de medidas desagregadas é a forma mais consistente de avaliar a incerteza, nomeadamente utilizando escalas multi-item (BUCHKO, 1994; ELENKOV, 1997). A última questão está relacionada com a agregação e a desagregação da incerteza em componentes (SUTCLIFFE e ZAHEER, 1998; DAFT et al., 1988; MILLER e SHAMSIE 1999; SANTORO e MCGILL, 2005). Estas componentes variam entre, procura, tecnologia, concorrência, fornecedores; estado, efeito e resposta; ou o mercado da empresa. Uma explicação para a inconsistência nesta agregação de categorias, decorre da incerteza ser fruto de diferentes fontes, ou ser determinada por diferentes dimensões (SUTCLIFFE e ZAHEER, 1998). Carlos Alberto da Costa Martins 68 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 1 - Revisão teórica dos efeitos do dinamismo e da complexidade na incerteza Mensuração do ambiente Emery e Trist (1965) Dimensões do ambiente Complexidade e instabilidade Complexidade, variabilidade e “iliberality” Child (1972) Metodologia Descrição Conclusões - Descrição dos 4 tipos de ambientes Caracterização dos 4 tipos de ambientes - Escolha estratégica e a Estrutura Organizacional Amostra Tipo de análise - S Dinamismo e complexidade N=22 Análise variância one-way t-teste Identificar as características do ambiente que influenciam a decisão S Dinamismo heterogeneidade e hostilidade Industrias variadas: N=110 Canadá e Austrália Análise multivariada Relação entre estratégia e variáveis ambientais Sutcliff e Huber (1998) S Volatilidade Munificiência Complexidade Hostilidade Controlo Gestores N=307 Análise factorial e Anova Como a percepção dos gestores variam dentro das organizações e dos sectores Sutcliff e Weber (2005) S+O Volatilidade Munificencia Complexidade 89 Executivos 32 Industrias Modelo de regressão Examinar as Consequências da Exploração da Informação Dess e Beard (1984) O Dinamismo, complexidade e munificência 52 Industrias Análise factorial Explorar a viabilidade das dimensões ambientais Milliken (1987) S Incerteza - - S Munificência - - S+O Dinamismo, complexidade e N= 45 Industrias Validade nomológica, Duncan (1972) Miller (1987) Castrogiovanni (1991) Scharfman e Dean (1991) Carlos Alberto da Costa Martins Revisão da Incerteza Ambiental Proposta para avaliar e clarificar a munificência Revisão de 3 constructos de Dess e Beard As Decisões em ambientes dinâmicos e complexos são as que conferem maior incerteza, sendo o dinamismo aquele que apresenta maior contribuição Existe na relação entre estabilidade e burocracia e Instabilidade e estruturas orgânicas Existe homogeneidade de percepeções dentro das organizações e dos sectores. Existe relação entre exploração da Informação Percepção e a Performance Avaliar as implicações teóricas nas relações organização-ambiente Três tipos de Incerteza e os seus efeitos decisores Identificação dos vários tipos de munificência Propuseram uma nova revisão numa base 69 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas disponibilidade de recursos Complexidade, dinamismo e hostilidade Survey a Gestores de Topo. Industria Electrónica N= 180 Correlação Canónica Manova e Anova Análise da Relação estratégica Ambiental na Performance S Dinamismo, complexidade e hostilidade Sector Electrónico N= 201 Analise factorial confirmatório; regressão múltipla Ajustamento correcto entre o ambiente e a estratégia origina uma melhor performance S Dinamismo, complexidade e munificência Executivos de Topo de várias Indústrias N= 124 Analise Factorial Regressiva Múltipla Em que medida a orientação empreendedora está relacionada com a performance em diferentes ambientes S Dinamismo, complexidade e hostilidade Gestores de Topo (China) N= 83 Equações Estruturais Qual a resposta de JointVentures a ambiente dinamicos O Complexidade Dinamismo Munificência 45 Indústrias estabelecidas e 43 novas industrias (1967-1992) Comparação de amostras Avaliar as 3 dimensões do ambiente ao longo do tempo Munificência Indústria da Restauração Análise de Clusters Como a postura empreendedora é a mais adequada a ambientes hostis U.S. Censos Indústria (1987) N= 247 Indústria de média Dimensão e hospitais Tan e Litschert (1994) Lukas et al. (2001) Lumpkin e Dess (2001) Luo et al. (2001) Castrogiovanni (2002) Jogaratnan (2002) vertical, preditiva e horizontal S Harris (2004) O Dinamismo, complexidade e munificência Bertucci (2005) S Incerteza de: estado, efeito e resposta Carlos Alberto da Costa Martins Analise Factorial Confirmatória, Equações Estruturais Anova Analise das Componentes Validação da Escala para ambientes Específicos Influência do perfil Estratégico e o nível da percepção sobre a perceptual onde propõem uma maior precisão do ambiente Mediante o incremento da incerteza no ambiente (China) os gestores adoptaram estratégias defensivas O alinhamento do ambiente e estratégia somente confere melhor performance em determinadas circunstâncias Diferentes abordagens empreendedoras apresentam resultados diferentes na performance A percepção dos gestores ao aumento da complexidade está associada a postura analista O dinamismo e a complexidade tendem a aumentar nas novas indústrias Em ambientes hostis as unidades de menor dimensão adoptam posturas mais conservadoras Confirma a validade convergente mas não discriminante entre dimensões Existe relação entre percepção ambiental e a utilização de estratégias 70 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Principais efectividade Harrington e Kendall (2005) O+S Dinamismo, complexidade e munificência Indústria de Alimentar - Proposta duma tipologia de processo de formulação da estratégia Tan e Tan (2005) S Complexidade, dinamismo e hostilidade Gestores de topo (China) N= 104 Análise Factorial Confirmatóriae Regressão (OLS) Evolução temporal das variáveis ambientais e estratégicas Complexidade U.S Census Bureau ( bureau economic analyze/bureau labor statistic) Análise Factorial Exploratória A multidimensionalidade da complexidade Harrington e Kendall (2007) Complexidade e Dinamismo Industrias de Restauração N=424 Análises comportamentais Influencia dos gestores na implementação da estratégia Andretti (2008) S Dinamismo e complexidade Gestores de Hotéis N= 22 Análise multivariada Analisar relação ambiente comportamento e desempenho na percepção dos gestores S Incerteza de: estado, efeito, resposta Gestores de topo N=15 Estudo exploratório Análise de correlações Avaliar como é percebido o ambiente específico e geral Cannon e St. John (2007) Sund (2008) O Andrews (2009) O+S Dinamismo complexidade e munificência Organizações Publicas N=59 Anova Impacto do Ambiente especifica na Performance Jogaratnan e Wong (2009) S Hostilidade Dinamismo Complexidade Gestores de topo N=251 t- teste Como a percepção dos gestores influencia a monitorização do ambiente Carlos Alberto da Costa Martins prospectivas As empresas serviços necessitam de utilizar múltiplos modelos para ultrapassarem objectivos conflituantes, de controlo e adaptabilidade As empresas comparativamente com o estudo de 2009 são mais proactivas e inovadoras. As várias dimensões da complexidade apresentam diferentes relações com a performance Quanto maior a incerteza maior a necessidade do envolvimento na implementação Os gestores em ambientes estáveis adoptam comportamentos prospectores O ambiente especifica é considerado mais importante que o geral As Medidas objectivas e subjectivas, da munificência dinamismo e complexidade apresentam relações diferentes com a performance Quanto maiores forem os níveis de percepção de hostilidade, dinamismo e complexidade, maior é a abrangência e a frequência da monitorização 71 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Porto et al. (2009) O Dinamismo, complexidade e munificência Lombardi e Brito (2010) S Incerteza de: estado, efeito e resposta U.S. Censo da Industria (Compute Stat) N= 1870 Gestores de Diferentes Sectores N= 243 Análise factorial exploratória, análise de Cluster e Anova Identificou grupos de Sectores com Ambientes Semelhantes Ambientes diferentes originam diferenças significativas na performance Análise factorial confirmatória Validação duma Escala com base no modelo de Milliken Os valores obtidos foram satisfatórios Equações Estruturais Estudar a relação entre o Ambiente as capacidades e a performance O dinamismo influenciou a orientação empreendedora e conservadora não influenciando o desempenho. A complexidade influencia negativamente a atitude empreendedora Quando o ambiente é turbulento o comportamento estratégico dominante é prospectivo Dinamismo, complexidade e munificência Hotéis (Brasil) N= 170 S Dinamismo e complexidade Gestores dos meios de Hospedagem (Brasil) N= 76 Análise Factorial Relação entre incerteza e o comportamento Estratégico Andrews e Johansen (2012) O+S Complexidade, dinamismo munificência Organizações públicas (USA) Modelos lineares e não lineares Efeito linear e não linear do ambiente na performance Gardelin (2013) S Incerteza Survey a Gestores (RGS) N= 53 Anova Sener (2013) S Complexidade Dinamismo Munificência Gestores de topo N=16 Análise de conteudo Sund (2013) S Incerteza de: estado, efeito e resposta Industria hoteleira Suiça N=254 Análise factorial Efeito da monitorização ambiental na análise da incerteza Lueg e Borisov (2014) O+S Medidas objectivas e subjectivas Gestores de topo HDAX Alemanha N=110 Análise Factorial Explicar as diferenças metodológicas entre medidas objectivas e Carvalho (2011) Furian (2012) S Carlos Alberto da Costa Martins Relação entre a incerteza ambiental e as percepções dos gestores Como as percepções dos gestores influenciam as estratégias organizacionais Efeitos lineares significativos entre as dimensões sectoriais e a performance Em ambientes de baixa incerteza a postura maioritária é prospectora As percepções dos gestores têm impacto nas suas escolhas estratégicas A monitorização está associada positivamente à mudança e ao incremento da confiança dos gestores, diminuindo assim a incerteza. As medidas objectivas e substitutas, não são substitutos perfeitos. 72 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas subjectivas Lang et al. (2014) S Dinamismo e complexidade Instituições do ensino superior Análise multivariada Efeito do ambiente percebido sobre o comportamento estratégico O ambiente é considerado moderadamente incerto (dinâmico-simples) e o comportamento mais frequente é analista Fonte: Tabela nossa Carlos Alberto da Costa Martins 73 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Como já foi referido, a incerteza pode ser avaliada mediante, medidas objectivas, bem como através de critérios cognitivos percepcionados pelos responsáveis. Enquanto o desvio entre o ambiente actual e o ambiente percepcionado, possibilita avaliar o grau de ajustamento entre a estratégia, e o contexto (fit) (BOURGEOIS, 1985; VENKATRAMAN e PRESCOTT, 1990), os critérios de avaliação objectiva não permitem capturar a imprevisibilidade da mudança (MILLIKEN, 1987). Por outro lado, uma percepção elevada de incerteza pode influenciar a qualidade das decisões, relativamente a consumidores, fornecedores ou outros stakeholders, dando origem a comportamentos inibitórios de aversão ao risco (ALVAREZ e BARNEY, 2005). Ilustração 7 - Nível de incerteza. (Ilustração nossa) Em função da variedade de critérios e das consequências da incerteza, este trabalho fundamenta-se, para a explicação da incerteza, nas dimensões da complexidade e do dinamismo (ilustração 7), e utilizou para medidas da sua avaliação, os critérios subjectivos validadas nas escalas propostas. De acordo com BOURGEOIS (1980), e seguindo a proposta de VOLBERDA e BRUGGEN (1979:140), “our preference for perceptual data reflects our choice to operationalize the environmental turbulence construct in terms of managerial perceptions because we think that perceptual measures are more appropriate for explaining managerial behavior than objective environmental measures”. LUEG e BORISOV (2014:659), no seu estudo comparativo sobre as medidas de avaliação da incerteza, consideram que as medidas subjectivas “are best used as decision base within decision units for the purposes of scanning as well as for decision making (strategic/operational)”. 2.1.2.3. MONITORIZAÇÃO DA INCERTEZA A monitorização ambiental retrata a evolução do ambiente, servindo de suporte e condicionando, a forma como os gestores revêem e percepcionam os factores externos. Carlos Alberto da Costa Martins 74 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Este procedimento procura dessa forma, diminuir a incerteza estratégica dos decisores (DAFT, 1988; HAMBRICK, 1982). Embora seja um processo relevante, efectuar esta monitorização é um processo complexo para os gestores, nomeadamente por enfrentarem uma racionalidade limitada (MARCH e SIMON, 1958; SILVA e BRITO, 2013) e limitações de tempo e capacidade (ELENKOV, 1997; GAVETTI, 2012). A variabilidade ambiental (TEMTIME, 2007:287) potencia oportunidades e colocam ameaças às organizações “managing complexities and changes enables small firms to reap the benefits of future opportunities and minimize external threats. Surviving and growing in this turbulent and dynamic business environment requires strategic thinking and decisionmaking”. Perante estas mudanças, a informação representa o elemento essencial, em particular ao que respeita aos ambientes onde as organizações desenvolvem as suas actividades. A aquisição de informação em contextos dinâmicos revela-se crítico para a identificação de oportunidades, e detectar e interpretar problemas (DAY e SCHOEMAKER, 2004; SULL, 2009). Os responsáveis podem percepcionar sinais que outros não identificam (DUNCAN, 1972; REEVES e DEIMLER, 2011). Assim, os gestores podem analisar o seu ambiente de diferentes maneiras e frequências (EBRAHIMI, 2000). São duas as razoes principais para avaliar o ambiente (TEMTIME, 2006). A primeira decorre da causalidade que exija capacidades adaptativas às organizações (BEINHOCKER, 2006; REEVES e DEIMLER, 2011); a segunda porque é necessário um alinhamento com o ambiente (GRANT, 1996; PORTER, 1996) só alcançável se existir informação especializada de origem interna e externa (CHOO, 2003). Para a obtenção desta informação podem ser utilizadas várias ferramentas, e o processo pode ser ocasional, ou sistemático (DAFT et al., 1988). Desta forma, o grau de incerteza do sector determina o tipo de fonte (sources) de monitorização, e a frequência com que devem ser utilizadas para avaliar o ambiente (EBRAHIMI, 2000; CHOO, 2003; TEMTIME, 2006). Assim, algumas origens/fontes podem ser observadas com maior frequência, nomeadamente todas aquelas que se revelam mais críticas. Os sectores considerados com menor incerteza estratégica serão menos frequentemente avaliados sendo utilizada uma forma impessoal (escrita ou publicada) (AGUILAR, 1967; AUSTER e CHOO, 1993) em vez de fontes pessoais de informação (DAFT et al., 1988; ELENKOV, 1997). Carlos Alberto da Costa Martins 75 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Como referem SCHNEIDER e DE MEYER, (1991) os gestores efectuam escolhas condicionadas pela percepção, visto a acção depender desta precepção e, da interpretação que fazem do ambiente. Quando este ajustamento não ocorre, a organização é penalizada em termos organizacionais na sua performance (LAWRENCE e LORSCH, 1967; LINDSAI e RUE, 1980; DONALDSON, 2001). BOURGEOIS (1985) evidenciou que quanto maior o “match” da percepção dos gestores acerca da incerteza ambiental e a volatilidade, maior é a performance organizacional. Segundo GALBRAITH (1977:288), “perceived environmental uncertainty is the difference between the amount of information required to perform the task and the amount of information which has already been obtained”. A incerteza aumenta sempre que os responsáveis deixam de ter confiança quanto aos eventos ou tendências, ou quando se sentem incapazes de detectarem a probabilidade duma ocorrência, (ELENKOV, 1997). Não se torna obrigatório a monitorização ambiental em face da incerteza ambiental, a menos que os factos externos sejam considerados relevantes para o desempenho organizacional. Como referem DUTTON e FREEDMAN (1984:288), “information from important sectors of the environment, may become a source of competitive advantage“. A importância da monitorização é justificada como forma de reduzir a incerteza aos principais decisores, em especial em ambientes instáveis (ELBANNA e ALHWARAI, 2012; OREJA-RODRIGUEZ e YANES-ESTÉVEZ, 2010). Este procedimento pode garantir uma melhor performance, e até conferir uma superioridade competitiva (ROSENBUSCH et al., 2007). Ilustração 8 - Tipologia de Ambientes. (Ilustração nossa) Carlos Alberto da Costa Martins 76 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas De acordo com DUNCAN (1972), a incerteza ambiental pode ser determinada pelo dinamismo e complexidade. A incerteza ambiental assume níveis diferentes, em função da variabilidade destes factores. Consoante as variações do dinamismo e da complexidade, podem ser configurados quatro tipos de ambientes. Uma tipologia onde a complexidade é simples/homogénea, e o dinamismo é estável, a incerteza é baixa (ambiente estável); um segundo tipo, onde a complexidade é heterógena, e o dinamismo é estável, a incerteza é baixa-moderada (ambiente moderado); um terceiro tipo, que representa ambientes homogéneos/simples e instáveis, a incerteza é alta-moderada (ambiente moderado); e finalmente ambiente heterógenos e instáveis, onde a incerteza é alta (ambientes dinâmicos) (DAFT, 2002) (ilustração 8). O ambiente de acordo com BINGHAM e EISENHARDT (2008) e EISENHARDT e SULL (2002) nos seus vários artigos, foram caracterizados de modo similar. EISENHARDT e SULL (2002:100) designam os ambientes como “mercados bem estruturados e em lenta mutação”, “mercados bem estruturados e mais ou menos instáveis”, e “mercados ambíguos e em rápida mutação”. Posteriormente, BINGHAM e EISENHARDT (2008) referem-se aos ambientes como: “industry structure is stable and unambiguous and market disruptions are rare” (BINGHAM E EISENHARDT, 2008:247); “moderately dynamic” (…) “in these settings major disruptive shifts are rare. While change is a regular occurrence, it occurs in relatively predictable ways, in incremental shifts, and along roughly linear paths” (BINGHAM e EISENHARDT, 2008:245); “high velocity” “such markets are characterized by abundant flows of unpredictable, often fast-moving and ambiguous opportunities of unclear duration” (BINGHAM e EISENHARDT, 2008:250). Finalmente, BINGHAM et al., (2011:73) distinguem o ambiente como: “stable environments”, “moderately environments” e “dynamic environments”. Com maior ou menor grau de pormenorização, todos os artigos citados anteriormente se orientam para uma tipologia de ambientes de acordo com a ilustração 8, os quais servirão de base para este trabalho. Carlos Alberto da Costa Martins 77 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 2.2. DECISÕES ESTRATÉGICAS O campo da estratégia encontra-se minado por visões divergentes quanto à estratégia desde MINTZBERG e WATERS (1985), passando pela selva de teorias que refere KOONTZ (1980) até à anarquia referida por DONALDSON (2001). Esta variedade dificulta a delimitação do seu entendimento. Outros autores (VENKATRAMAN e GRANT 1986; GRANT, 1996; VOLBERDA e BRUGGEN,1997) procuram uma síntese, e uma maior homogeneização de modelos e conhecimentos. À luz das várias escolas estratégicas, cada uma delas, olha para o problema numa perspectiva diferente. A abordagem descritiva (interna) está concentrada no processo de concepção (empreendedora; cognitiva; aprendizagem; poder cultural e ambiental) (GRANT, 1996). A abordagem prescritiva, (externa) centrou se no modo como as estratégias deveriam ser concebidas (design, planeamento e posicionamento) (GRANT, 1996). E ainda uma, abordagem integradora dos enfoques anteriores (configuração) (MINTZBERG, 2000; GRANT, 1996). Estas posições foram dominantes desde a década de 1960 a 1980, altura em que os mercados se apresentavam em crescimento. A essência da estratégia, poderia ser resumida ao rumo que a organização pretende seguir no futuro, e como espera chegar lá. Embora estas abordagens sejam largamente aceites, os seus limites ocorrem quando enfrentam ambientes turbulentos. Podemos discutir se a estratégia representa um conjunto de decisões oriundas do processo de planeamento, ou, resulta de processos desorganizados (MINTZBERG, 2000). Nos finais da década de 1990 e início do século XXI surge uma vertente mais economicista da estratégia (Escola da Nova Competição) (WHIPP, 1996). A retoma da abordagem Schumpeteriana (LEVINTHAL, 1992), e a proposta de rejeição de abordagens estáticas, é aprofundada por KIM e MAUBORNE (2004) evocando a exploração de espaços não ocupados por concorrentes (estratégia oceano azul). Para lá da evolução do conceito de estratégia, importa esclarecer, alguns aspectos comuns que permanecem nas variadas abordagens. Em especial como se inicia o processo, e quais os elementos de decisão que integram esse padrão de determinações que corporizam a estratégia (GRANT, 1996; HAMBRICK e FREDRICKSON, 2001). 2.2.1. VISÃO ESTÁTICA DA ESTRATÉGIA Carlos Alberto da Costa Martins 78 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas O interesse pela estratégia ocorreu no início do século XX com os cursos de Business Policy, na Harvard Business School, tendo o seu desenvolvimento só ocorrido com maior consistência a partir da década de 1960, com várias contribuições. Para CHANDLER (1962) a estratégia é vista como a definição de metas e objectivos de longo prazo, e a adopção de medidas e alocação de recursos necessários para a obtenção desses objectivos, enquanto para, LEARNED et al., (1965) (design school), a estratégia é um modelo de objectivos, propósitos ou metas, e a adopção de politicas e planos para as alcançar de modo que se defina o negócio onde está ou vai estar. A contribuição de ANSOFF (1965) (planning school), defende que as estratégias representam as novas pautas e regras que orientam o processo de desenvolvimento duma organização, enquanto posteriormente, HOFER e SCHENDEL (1978) entendem que a estratégia procura definir as opções que a organização necessita para se ajustar ao ambiente. Para PORTER (1980) a estratégia competitiva consiste em desenvolver o modo como a empresa vai competir, quais devem ser os seus objectivos, e quais as políticas necessárias à obtenção de tais objectivos. OHMAE (1988) considera que a estratégia, numa palavra, é vantagem competitiva. O único propósito da planificação estratégica é permitir que a empresa obtenha de modo mais eficiente possível uma vantagem sustentável perante os seus concorrentes (VASCONCELOS e CYRINO, 2000). Esta sustentabilidade da vantagem competitiva, para BARNEY e CLARK (2007) é possivel desde que os recursos sejam valiosos, inimitáveis e raros. Todas estas concepções têm em comum a necessidade da criação dum plano, com o objectivo de alcançar uma determinada posição, baseada num conjunto de decisões correntes, orientadas pela definição da visão e do negócio (HAX e MAJLUF, 1996), e que possibilitam uma superioridade competitiva sustentável (DRANONE e NARCIANO, 2006). Os trabalhos de CHANDLER (1962) e ANSOFF (1965) que condicionam esta visão da estratégia, têm como base o racionalismo e o determinismo económico. Segundo BARBERO (2008), na perspectiva clássica a estratégia confunde-se com os processos racionais e deliberados de cálculo e análise (MINTZBERG, 1985). Trata-se fundamentalmente de dominar os ambientes externo e interno através do planeamento, e as decisões objectivas fazem a diferença entre sucesso e fracasso. A visão estática considera que a estratégia procura escolher uma posição na indústria (PORTER, 1996; MAGRETTA, 2012); onde as mudanças são raras, centrando-se na ideia da formação da estratégia como um processo racional (MINTZBERG, 1985). Nesta linha de orientação encontram-se vários autores que pela sua contribuição para os objectivos deste trabalho se referem seguidamente. Carlos Alberto da Costa Martins 79 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Um dos autores que apresenta uma conceptualização clara, para a estratégia é HAMBRICK e FREDICKSON (2001), que refere a necessidade da definição dum conjunto de opções que integram as principais decisões estratégicas. Como referem HAMBRICK e FREDICKSON (2001:53), “If a business must have a strategy, then the strategy must necessarily have parts.” Uma das primeiras opções, trata da escolha do campo de actividade – arenas - (ANSOFF, 1965; COLLIS e RUKSTAD, 2008) Este elemento procura esclarecer qual o negócio onde a empresa desenvolverá a sua actividade (where we will be active). COLLIS e RUKSTAD (2008) referem especificamente que das várias decisões dum negócio devem constar dois elementos: os clientes/oferta, e a localização geográfica. Estas escolhas permitem “clearly defined boundaries in those areas should make it obvious to managers which activities they should concentrate on and, more important, which they should not do” (COLLIS e RUKSTAD, 2008:4). Para se definir este elemento duma forma clara e específica, torna-se ainda necessário indicar a área geográfica de actuação da empresa, quer seja local, regional, nacional, ou transnacional (HAMBRICK e FREDICKSON, 2001). A escolha dos segmentos onde se pretende apostar e investir corresponde a uma outra decisão fundamental apontada por DRUCKER (1994) e por HAMEL (1996). GOVINDARAJAN e GUPTA (2001) consideram que uma das questões que deve ter resposta é quem são os meus clientes alvo (MARKIDES, 2000; COLLIS e RUSTAD, 2008; SRIVASTAVA et al., 1999). Igualmente a redefinição de segmentos ou, a entrada em novos segmentos constituem desta forma, decisões relevantes. Olhando para a cadeia de compradores em substituição da concentração num aspecto particular da decisão de compra pode identificar-se uma fonte de novos clientes (KIM e MAUBORGNE, 2004). A identificação dum novo grupo de clientes pode surgir duma análise diferente das escolhas dominante do sector. Os não-clientes podem assim constituir-se como uma nova possibilidade (KIM e MAUBORGNE, 2004; CHRISTENSEN e RAYNOR, 2003; KOCH, 2000; MARKIDES, 2000; HAMEL, 1996) o que requer olhar para grupos não imagináveis de consumidores. A definição duma carteira de produtos, representa uma segunda escolha dentro do campo de actividade. Esta deve ajustar-se adequadamente aos segmentos escolhidos. A oferta deve traduzir produtos com valor superior (DAY 1994; SLATER e NARVER, 1993), ou produtos mais inovadores (GATIGNON e XUEREB 1997), ou ainda produtos que tenham Carlos Alberto da Costa Martins 80 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas uma qualidade superior (PELHAM e WILSON, 1996). A apresentação e o desenvolvimento de produtos, para a base de clientes actuais deve ser outra preocupação (ZOOK, 2004). Os produtos escolhidos exigem uma tecnologia de base subjacente ao desenvolvimento da actividade e suporte do negócio (LAFLEY e MARTIN 2013). Como ABELL (1980) esclarece “explicitly states that “what” relates to “customer functions describing customer needs, or what is being satisfied” (ABELL, 1980:169), acrescentando que, “in reality the product should be considered as a physical manifestation of the application of a particular technology to the satisfaction of a particular function for a particular customer group” (ABELL, 1980:170). Um segundo conjunto de decisões, devem estabelecer o vector de crescimento (ANSOFF, 1965; MCKELVEY e WIKLUND, 2010) – how we will get their - traduz-se na utilização de recursos internos (desenvolvimento orgânico) ou, através de mecanismos externos (alianças, joint ventures, licenças, fusões ou aquisições) (HAMBRICK e FREDICKSON, 2001). A escolha destes mecanismos pode envolver decisões que combinem simultaneamente políticas de desenvolvimento interno, como acordos de cooperação, ou outras soluções de aquisição (HAMBRICK e CROZIER, 1985; DELMAR et al., 2003). A coerência na escolha e combinação destes meios pode ser determinante para a obtenção duma posição vantajosa. Os diferenciadores – how we will win in the marketplace - representam outra dimensão muito importante da estratégia (HAMBRICK e FREDICKSON, 2001). Encontra se associada à forma “como” (MARKIDES, 2000) a empresa competirá para conseguir bons resultados. MAGRETTA (2012:20) esclarece que “só competindo para ser única, para ser original, é que uma organização pode alcançar sustentadamente um desempenho superior”. O que confirma um dos postulados fundamentais desta óptica estratégica, “a fundamental question in the strategic management field is how companies achieve and sustain competitive advantage” (COOL et al., 2002:65). Esta vantagem resulta, nesta abordagem estática da estratégia, na defesa duma posição escolhida no âmbito dum sector (BINGHAM e EISENHARDT, 2008; BINGHAM et al., 2011). Para esta postura estratégica, a vantagem competitiva exige o cumprimento de duas condições: a primeira, que exista uma proposta de valor clara (MAGRETTA, 2012) o que segundo COLLIS e RUKSTAD (2008:86) exige que, “any strategy statement that cannot explain why customers should buy your product or service is doomed to failure”. Carlos Alberto da Costa Martins 81 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A proposta de valor representa uma decisão que considera os seguintes factores externos (procura): escolhas sobre grupos de clientes a servir, as necessidades ou subconjuntos de necessidades a satisfazer, e a escolha dum preço relativo (MAGRETTA, 2012). Em segundo lugar, exige a definição dum conjunto de actividades sob medida (cadeia de valor - sistema de actividades) que permitam entregar a proposta de valor escolhida (PORTER, 1985, 1996; COLLIS e RUKSTAD, 2008). Estas actividades devem constituir se num conjunto limitado de áreas diferenciadoras ou de excelência. Isto porque, a definição de poucas áreas de excelência (PUMPIN, 1990) ou de competência, são a base da superioridade competitiva. Estas áreas exigem a combinação e a integração adequada de múltiplas actividades (SIGGELKOW, 2002; PORTER, 1996) sendo estas que permitem que se atinjam resultados acima da média. É a distintividade destes factores, que combinados, possibilitam a oferta de valor ao cliente (PORTER, 1996; MONTEBELLO, 2003). A definição destas áreas de excelente desempenho são difíceis de desenvolver, mas, quem não o conseguir perde, ou então só alcança resultados sofríveis (PUMPIN, 1990). Na selecção dos elementos diferenciadores, os responsáveis devem dar preferência aquelas poucas modalidades distintivas que se reforcem mutuamente (PORTER, 1996), sejam consistentes com os recursos e capacidades (GRANT, 1996), e, que tenham um grande valor para os mercados onde desenvolve a sua actividade (JAWORSKI et al., 2000; KUMAR, et al. 2000). A lógica económica refere-se à questão central da estratégia empresarial, ilustrando, como é que a empresa obtém e gerará lucros. Em especial qual a taxa de lucro, que excede o custo de capital (HAMBRICK e FREDICKSON, 2001; GRANT, 1996; DRANOVE e NARCIANO, 2006). As estratégias com maior sucesso são aquelas que representam uma lógica económica central que fomenta a criação de valor (HAMBRICK e FREDRICKSON, 2001). Esta lógica assenta sobre factores e elementos que promovem áreas de excelência (PUMPIN, 1990; MONTEBELLO, 2003) traduzindo fortes características de valor para os consumidores. E que, por serem de difícil imitação ou cópia, podem ser fortemente sustentáveis permitindo alcançar resultados acima da média. O staging – how wil be our sequence of moves - traduz a sequência posterior de acções que garantem a possibilidade de sucesso (HAMBRICK e FREDICKSON, 2001). Apesar disso, não existe uma superioridade universal de sequências. A intervenção e a decisão dos estrategas são necessárias na escolha das etapas do desenvolvimento estratégico (EISENHARDT e SULL, 2002; HAMMONDS 2001; ITAMI e ROEHL, 1987; MARKIDES, Carlos Alberto da Costa Martins 82 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 2000; PORTER, 1996). O “fit” representa uma adequada harmonia entre os cinco elementos referidos anteriormente – campo de actividade, elementos diferenciadores, “staging”, vector estratégico, e a lógica económica – dado representarem um imperativo a um adequado desempenho estratégico (HAMBRICK e FREDRICKSON, 2001; PORTER, 1996). Posteriormente é importante que os cinco elementos estejam alinhados e se suportem mutuamente (fit) (KAPLAN e NORTON 2000; MARKIDES 2000; PORTER, 1996; RIVKIN, 2000). Para além disso é necessário ainda, garantir uma adequada consistência entre eles. Finalmente, só depois destes cinco elementos se encontrarem definidos é que se podem definir todas as outras actividades de suporte – políticas funcionais e programas operacionais – que se tornam agora necessários ao reforço da estratégia. Estes cinco elementos são então o núcleo central dum complexo sistema integrado de decisões estratégicas (KAPLAN e NORTON 2000; MARKIDES, 2000; PORTER, 1996; MAGRETTA, 2012). MARKIDES (1997), considera que embora as escolas existentes que traduzem diferentes abordagens ao mesmo problema estratégico, não existem regras únicas, nem um “one best way”. Propõe para tal, dois enfoques, isto é, a escolha dum posicionamento “choosing a game to play” e, uma vertente mais dinâmica centrando-se na forma de competir “how to play”. Enfatizando que não é suficiente ser o melhor, tem é de ser-se diferente (PORTER, 1996; MAGRETTA, 2012). Este modelo apontado por Markides (1999), sugere que a empresa escolha uma posição única para competir (who-what-how). Gerar uma multiplicidade de acções possíveis antes de escolher a posição estratégica, efectuar escolhas claras e escolher actividades que se reforcem mutuamente (SIGGELKOW, 2001; PORTER, 1996). As actividades escolhidas devem ajustar-se com o ambiente sem sacrificarem a flexibilidade (MARKIDES, 1997; BEINHOCKER, 2006). A capacidade para identificar antecipadamente alterações ambientais (DAY e SCHOEMAKER, 2006; KOTLER e CASLIONE, 2009), e dispor de prontidão cultural para responder à mudança (being willing to change). Ter ainda, capacidade adequada para enfrentar o novo ambiente emergente (being able to change), pois nenhuma estratégia se mantem única para sempre. Para MARKIDES (1997) existem duas possibilidades para enfrentar a incerteza, nomeadamente, tornar-se um inovador, ou aproveitar e explorar a inovação de alguém. Para o conseguir, precisa de possuir um sistema que monitorize e identifique turning points antes das crises (KOTLER e CASLIONE, 2009). Promover uma cultura de mudança, que facilite a experimentação e a criatividade, estimulando as competências certas que garantam o sucesso e sobrevivência, gerindo a transição para um novo modelo (dinâmico) (DAY e Carlos Alberto da Costa Martins 83 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas SHOEMAKER, 2006; KOTLER e CASLIONE, 2009). Implica saltar para uma nova posição, e assegurar o antigo e o novo, em simultâneo (MARKIDES, 1999). 2.2.2. VISÃO DINÂMICA DA ESTRATÉGIA Nos anos recentes a estratégia teve necessidade de reformular os elementos e o processo de concepção (COURTNEY et al., 1997; GAVETTI e LEVINTHAL, 2004; BITAR, 2003; LAFLEY et al., 2012). Os mercados assistiram a um aumento da complexidade que resultaram de mudanças que se observaram na definição, e na dissolução das fronteiras dos sectores (MCGRATH, 2013), em resultado da convergência tecnológica (HITT et al., 2002), da diminuição das barreiras à inovação, e finalmente porque se assiste a um aumento da interligação (interconnectedness) entre os diferentes sistemas. As alterações num elemento do sistema provocam reacções noutros elementos, desencadeando assim novas inovações (CHRISTENSEN e OVERDORF, 2000; HAMEL, 1996). Nestes contextos, os conceitos clássicos da estratégia parecem pouco úteis. As mudanças neste caso ocorrem em diferentes níveis e com diferentes impactos. A necessidade de intercâmbio com um ambiente competitivo cada vez mais complexo, é anunciado desde os trabalhos de EMERY e TRIST (1965). As organizações para se manterem vivas precisam de se reajustar ao seu ambiente (HANNAN e FREEMAN, 1977; BEINHOCKER, 1997). Estas necessidades de alterações colocam as organizações perante a necessidade de mudanças incrementais ou revolucionárias (TUSHMAN e O´REILLY, 1997; CHRISTENSEN et al., 2002). Quando a mudança é um elemento permanente (SUAREZ e OLIVA, 2005; PETTUS et al., 2009), a aprendizagem é uma capacidade fundamental (NONAKA, 1991,1994). O modelo de mudança, classicamente tem sido descrito pelo equilíbrio pontuado, onde longos períodos de relativa estabilidade, são sucedidos por curtos períodos de alta turbulência ou revolução (BEINHOCKER, 1999B; RIVKIN, 2000). O equilíbrio é um estado temporário, antes de se iniciar uma nova corrida em direcção à inovação. Um modelo recente de mudança contínua tem sido sugerido (BROWN e EINSEHARDT, 1997; STACEY et al., 2000; D’AVENI, 1994) o qual parece reproduzir com maior fidelidade os ambientes turbulentos (MCGRATH, 2012). A adaptação contínua (continue adaptation) exige autonomia, uma aprendizagem incessante (VOLBERDA e LEWIN, 2003), estruturas que definam responsabilidades e prioridades claras, e uma comunicação intensa, dando liberdade à experimentação, diversidade e ao improviso (BEINHOCKER, 1999a). Nem o planeamento formal e analítico (BEINHOCKER e Carlos Alberto da Costa Martins 84 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas KAPLAN, 2002; HAMEL, 1996; MINTZBERG, 1994), nem os comportamentos reactivos parecem adequados a ambientes turbulentos. A ligação entre o passado (certeza) e o futuro (incerteza) faz-se através de processos de transição (BROWN e EISENHARDT, 1998). Estas contribuições facultam os alicerces para uma nova óptica dinâmica da estratégia (BITAR, 2003). O processo de formação da estratégia pode ser mais ou menos deliberado (MINTZBERG e WATERS, 1985), conferindo nalguns casos mais importância a padrões passados, enquanto noutros se requer previsões sobre o futuro (HAGEL III et al., 2008). MINTZBERG e WATERS (1985), referem que nem sempre as estratégias pretendidas são as realizadas, o que permite uma dedução da existência de estratégias emergentes ao longo do processo de realização. A estratégia deliberada exclui a aprendizagem, enquanto nas estratégias emergentes não há nenhum controlo. Em ambientes dinâmicos (BITAR, 2003) é exigível que os responsáveis sejam capazes de conceberem estratégias simultaneamente elaboradas e flexíveis (BARBERO, 2008; WULF et al., 2010). A vantagem competitiva nesta postura dinâmica, pode resultar dum conjunto de recursos ou capacidades, ou ser resultado da percepção atempada de oportunidades emergentes e temporárias (EISENHARDT, 1989; EISENHARDT e SULL, 2002; HAMEL e VÄLIKANGAS, 2003; HAMMONDS, 2001; HARARI, 1999; HENDERSON, 1989; HINTERHUBER e POPP, 1992; KIM e MAUBORGNE, 2004; KOCH, 2000; MARKIDES, 2000; PORTER, 1985, 1996). Em função destas circunstâncias a vantagem competitiva poderá ser mais ou menos sustentável no tempo (MCGRATH, 2013). Nas abordagens dinâmicas da estratégia têm existido várias propostas. Para HAMEL e PRAHALAD (1994), a estratégia é um esforço criativo para imaginar o futuro da organização. Aqui devem estar integrados inovação, criação e revolução. Na inovação exige-se criatividade para criarem novas opções, abandonar velhos paradigmas e modelos mentais que condicionam o desenvolvimento do negócio; na criação integram-se a obtenção de novas competências que sustentem novas propostas de valor; enquanto na revolução é obrigatório reformular regras que modifiquem a empresa e o sector, modelando os contextos (HAMEL, 1996). KAPLAN e NORTON (2000), por sua vez, centram-se na arte da execução, orientando a estratégia para a geração de resultados, através duma proposta de valor atraente para clientes, accionistas e restantes stakeholders. D´AVENI (1994) propõe que a discussão da estratégia aborde, quatro dimensões nas quais as empresas podem desenvolver os seus movimentos estratégicos por forma a alcançar Carlos Alberto da Costa Martins 85 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas uma vantagem competitiva no custo e qualidade, isto é, possa permitir diferenciar os produtos mediante alterações de custo e qualidade (RIFKIN, 1999). Quando deixa de ser possível utilizar a qualidade como diferenciação, a escalada duma guerra de preços pode ser inevitável. A busca duma nova posição será a forma de ultrapassar este constrangimento. “Timing” e “know how”, será a nova arena que pode ser atingida, mediante uma first-move advantage, (LIEBERMAN e MONTGMOREY, 1988) o que pode requerer investimentos significativos (novos produtos, novos serviços com maior valor acrescentado), que não impedem mesmo assim, réplica e cópias dos concorrentes (D’AVENI, 1994). Defender uma posição (strongholds), pode ser utilizada numa fase seguinte (sistemas de distribuição, reputação, novas tecnologias, sistemas de vendas), como forma de impedir ataques baseados no preço e qualidade, os quais são raramente sustentáveis a longo prazo (D’AVENI, 1994). Captar fundos (deep pockets), consiste no último recurso para sustentar o crescimento e enfrentar os ataques da concorrência. D’AVENI (1994) sustenta estes argumentos, segundo a qual, uma vantagem se encontra num processo contínuo de criação, erosão, destruição e recriação, através de movimentações estratégicas. A movimentação entre estas posições, é que garante uma vantagem competitiva. É a interacção destes movimentos entre concorrentes, que altera a natureza da competição dentro dos sectores (LIVERA e MORAES, 2002), e os projecta para níveis de conflito superior. Dois elementos adicionais são integrados ainda na proposta de D’AVENI (1994), a velocidade e a surpresa. CHAKRAVARTHY (1997) comunga das alterações competitivas ocorridas a partir da década de 1990, e que têm originado alterações de fronteiras nos sectores, deixando-as mais voláteis. Considera que a mudança é influenciada pela complexidade e dinamismo, na linha de EMERY e TRIST (1965). O conceito de turbulência proposto por CHAKRAVARTY (1997) é semelhante ao de D’AVENI (1994), mas não são sinónimos - “in a turbulent industry there are a multiple, unpredictable equilibrium points. D’Aveni sees hipercompetition as a desirable stop on an inevitable descent to perfect competition” (CHAKRAVARTHY, 1997:75). As empresas participam no intuito de atingirem esses pontos de equilíbrio, contudo a dificuldade em identificar qual a melhor posição dá origem a comportamentos imprevisíveis, que são a fonte da turbulência. A hipercompetição é assim segundo CHAKRAVARTHY (1997), um estado menos turbulento. No modelo estratégico proposto por este autor, integra três componentes. A primeira considerada, é a necessidade de reconcepção da estratégia, a qual deve ser tratada em várias dimensões. Uma primeira tarefa consiste, em repetir o first-mover, o que obriga a alterar as regras do jogo (HAMEL, 1996) não uma vez, mas repetidamente. Em segundo lugar, a gestão dos efeitos de rede (HAGEL III et al., 2008) em ambientes Carlos Alberto da Costa Martins 86 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas turbulentos (CHAKRAVARTHY, 1997:78) o que obriga que se seja “quick to build a customer network centered on its product or service offering”. Desta forma a expansão da rede oferece benefícios a todos os participantes (HAGEL III et al., 2008). Como aponta CHAKRAVARTHY (1977:79), “networks with the largest number of consumers always provide more value to consumers than the smaller networks”. Independentemente deste efeito, a melhoria sistemática de produtos e serviços deve assegurar que os consumidores não se mudem para os concorrentes. Finalmente, se o efeito de rede é importante para o sucesso, este deve acompanhar o fluxo de oportunidades de cada inovação (BINGHAM e EISENHARDT, 2008; JOHANSEN, 2011). Acompanhar a corrente (going with the flow) das inovações através de investimentos que sustentem o fluxo, e saber sair quando o fluxo começar a ser desfavorável (CHAKRAVARTHY, 1997; EISENHARDT e SULL, 2002); O segundo elemento proposto por CHAKRAVARTHY (1997), consiste em partilhar de forma mais descentralizada a responsabilidade da estratégia (KAPLAN e NORTON, 2000). Os ambientes turbulentos, necessitam duma constante inovação, mas também duma filosofia de orientação e compromisso (intent) (HAMEL, 1989), ou duma imagem tangível que as oriente face à ambiguidade (shaping view) (HAGEL III et al., 2008). Segundo CHAKRAVARTHY (1997:80), “a sucessful coping strategy in a turbulent environment requires constant experimentation with several images until the firm finds a successful flow”. Este segundo elemento corporiza outra ideia, comum a KAPLAN e NORTON (1996), a democratização da estratégia, como sendo uma tarefa de todos, e não um exercício “topdown”. O ímpeto inovador tem de ser oriundo da base empreendedora (CHAKRAVARTHY, 1997; FOSTER e KAPLAN, 2001). O último elemento, concentra-se nas capacidades organizacionais (HAMEL e PRAHALAD, 1994), que possibilitem alavancar, fortalecer e diversificar os recursos existentes (BINGHAM e EISENHARDT, 2008; BINGHAM et al., 2011). EISENHARDT (1989) propõe igualmente, que em ambientes altamente dinâmicos, os elementos que edificam a estratégia sejam modificados. Estas regras devem definir o que fazer perante oportunidades, surgindo assim: regras de fronteira (boundary rules) – devem indicar quais as oportunidades a seguir, concentrando-se na delimitação das áreas geográficas, clientes, ou tecnologias (ex.: os investigadores podem trabalhar em não mais de quatro moléculas ao mesmo tempo); as regras de prioridade, definem a forma como serão alocados os recursos perante as oportunidades concorrentes (ex.: alocar capacidade de produção em função da margem bruta do produto); regras de execução (how-to-rules) – estabelecem as acções a efectuar para concretizar as oportunidades, (ex.: definir quais os Carlos Alberto da Costa Martins 87 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas processos críticos) (EISENHARDT e SULL, 2002). Algumas acções estão definidas por regras, enquanto outras se encontram em aberto perfeitamente disponíveis para improvisação em tempo real (EISENHARDT, 1989). Também devem ser definidas regras, quanto ao número de prioridades a seguir (timing), definindo o ritmo, e sincronizando a empresa com as oportunidades, (ex.: os prazos de desenvolvimento dum produto), delimitando aquelas que surgem em simultâneo (BROWN e EISENHARDT, 1998). Finalmente, regras de saída, ou de paragem (exit rules), que ajudam a decidir sobre as oportunidades de ontem. Quando se deve parar uma acção, realocando recursos para novas oportunidades (BURGELMAN, 2002). Para SULL (2009) a visão newtoniana do ambiente competitivo, concebia-o de forma linear, e a estratégia era representada e orientada por um “road map” onde o factor tempo não é integrado. Num contexto turbulento, é algo desajustado. A proposta, é dum modelo dinâmico e circular, onde exista uma revisão contínua dos pressupostos, ajustando a organização ao ambiente. Esta proposta, deve contemplar quatro etapas (SULL, 2009), a destacar: making sense of a situation, (as equipas têm mais probabilidade de dar sentido a novas situações, se analisarem os dados com uma mente aberta); making choices, (implica escolher um pequeno número de prioridades, focalizando aí os recursos); making things happen, (trata de estabelecer compromissos sérios alinhados com a prioridades); making revisions, (revisão constantes consoante as novas oportunidades/descontinuidades – sensing, seizing, re-shaping). A inclusão de informação emergente e disseminada, deve possibilitar e aproveitar as janelas de oportunidade, e ajustar continuamente este processo comunicacional num coordenado “on-going process”. Condicionando a aprendizagem acerca do ambiente em regras simples (schemata) estes sistemas criarão um equilíbrio entre, ordem e desordem, que promove a adaptação (GELL-MANN, 1994; REEVES e DEIMLER, 2011). Para HAGEL III et al., (2008) na ausência de equilíbrio, a adaptabilidade é a melhor estratégia (REEVES e DEIMLER, 2011; BEINHOCKER, 2006). Os modeladores (shapers) representam actores que têm aspirações, perfil de risco e capacidades de gestão. O primeiro elemento deste conceito de estratégia corresponde à visão modeladora (shaping view). Nesta, os participantes apoiam os modeladores definindo a sua contribuição (influencer, hedger ou disciple). A modelação duma indústria ou mercado por parte dum modelador (shaper), consiste em modificar o modo como os participantes focalizam e percepcionam as oportunidades. Para HAGEL III, et al., (2008:84) “the shaping view is never very detailed; it leaves much room for refinement. But it is clear enough to help participants make difficult choices in the near term” (…) “shaping views instead start with a clear Carlos Alberto da Costa Martins 88 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas perspective on the direction of the relevant market or industry and articulate the valuecreation implications for all companies involved”. O segundo elemento deste tipo de estratégia, consiste no desenvolvimento duma plataforma modeladora (shaping plataform), que corresponde a um conjunto de padrões e práticas que apoiam as actividades dos participantes, na redução dos investimentos e no esforço. HAGEL III, et al., (2008:86) consideram que, “shaping platforms provide leverage; they enable participants to do more with less. Leverage is always valuable in times of high uncertainty because it reduces the investment and effort required to target potential rewards, and it often accelerate returns, thereby reducing risk”. Este efeito de alavancagem pode ser conseguido mediante efeitos de alavancagem de desenvolvimento (leverage development) e, alavancagem de interacção (leverage interaction). O último elemento proposto por HAGEL III et al., (2008) corresponde à modelação dos actos e dos activos (shaping acts and assets). Representam para os autores (HAGEL III, et al., 2008:84) tudo aquilo, “which persuade participants that the shaper is serious and can pull off the shaping initatives”. Estes activos do modelador podem tornar-se um factor determinante para os potenciais participantes investirem nesta estratégia de modelação (tabela 2). Tabela 2 - Conceito e elementos da estratégia Autor Conceito e Elementos da Estratégia Estratégia é composta por um conjunto de escolhas que ocorrem em quatro Ansoff (1965) àreas: o campo de actividade (escolha de produtos,e mercados), o vector de crescimento, a vantagem competitiva, e os efeitos sinérgicos. Mintzberg (1979) A estratégia é uma força mediadora entre a organização e o seu ambiente, que consiste num padrão sequencial e consistente de decisões intencionais, mais ou menos formalizadas, para lidar com o ambiente. “the essence of a strategy is to create new markets, new products, new Hamel e Prahalad (1989; 1990; 1994) industries, new “ white spaces” , changing the rules of the game. Em ambientes hipercompetitivos, a erosão da vantagem competitiva ocorre pela dinâmica de movimento entre quatro áreas competitivas: custo e D’ Aveni (1994) qualidade, “timing” e “know how”; strongholds” e “deep pockets”. A estratégia deve promover a mudança das regras do jogo; usar sinais para a inferir dinâmicas futuras; criar eixos estratégicos simultâneos e seqüenciais. “a estratégia competitiva é a busca de uma posição competitiva favorável Porter (1980; 1985; 1996) numa industria fundamental onde ocorre a concorrência. “ Estratégia competitiva consiste em ser diferente, em se diferenciar. Isso significa escolher deliberadamente um conjunto diferente de actividades em relação aos concorrentes para fornecer uma combinação única de valor. Hamel (1996) A estratégia tem como papel criar um novo futuro, através de inovação, Carlos Alberto da Costa Martins 89 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas criação e revolução. A inovação representa a imaginação dos dirigentes em regenerar a estratégia, a criação consiste em desenvolver competências essenciais, que permitam uma revolução, ou a reinvenção dum sector de modo a conseguir uma liderança competitiva futura. Estratégia é um conjunto de regras de tomada de desisão para orientação do comportamento duma organização. Há quatro tipos de distintos de regras: padrões pelos quais o desempenho presente e futuro são medidos (objectivos, Ansoff e McDonell metas); regras para o desenvolvimento da relação com o seu ambiente (1997) externo (estratégia de produto e mercado, ou estratégia empresarial); regras para o estabelecimento de relações e dos processos internos na organização (conceito organizacional); regras pelas quais a empresa conduzirá as suas actividades no dia-a-dia (politicas operacionais). A estratégia em ambientes turbulentos deve ser reconceptualizada (repeate Chakravarthy (1997) first mover, manage network effects; go with the flow), deve fomentar a partilha de responsabilidades, e concentrar-se no fomento das capacidades organizacionais para obtenção duma verdadeira vantagem competitiva. Uma estratégia consiste num conjunto integrado de escolhas. Estas opções Hambrick e Frederickson reflectem as respostas a cinco questões: quais as arenas onde se compete; (2001) que modalidades de crescimento (veículos), como se fará a diferenciação, qual a sequencia de acções e, qual a lógica económica. A estratégia deve decidir o jogo que se quer jogar e, em seguida, determinar a forma de jogar bem esse jogo. Devem ser efectuadas escolhas, sobre: quem Markides (2001) serão os meus clientes-alvo? Quais os produtos e serviços que devem ser oferecidos? Como deve ser feita essa oferta de produtos e serviços aos clientes-alvo de uma forma eficiente e inovadora. A estratégia consiste na definição de regras simples que ajudem os dirigentes Eisenhardt e Sull (2001) a seleccionar oportunidades e conquistar vantagens competitivas de curto prazo, mediante a exploração das mais atraentes. A estratégia corresponde a escolhas dos segmentos de mercado e clientes Kaplan e Norton (2000) que as unidades de negócios pretendem servir, identificando os processos internos críticos nos quais a unidade deve atingir a excelência para concretizar a sua proposta de valor. A estratégia é uma questão de escolhas. O coração da estratégia de uma empresa é o que escolhe para fazer e não fazer. A qualidade do pensamento é o condutor da qualidade e sucesso estratégico. O processo de decisão Gavetti e Rivkin (2005) estratégico é dominado por processos de analogia que utiliza a dedução ou, o processo de tentativa e erro. As analogias por dedução são utilizadas em contextos ricos em informação (indústrias estáveis e maduras), enquanto a tentativa e erro é adequado em contextos complexos e ambíguos. Uma estratégia de modelagem (shaping strategy) representa um esforço de Hagel III et al., (2008) criação duma mensagem de galvanização positiva que promete benefícios a todos os que adoptarem os novos termos competitivos. As três componentes duma estratégia de modelação são: “shaping view”, “shaping plataform” e Carlos Alberto da Costa Martins 90 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas “shaping acts and assets”. As três dimensões duma estratégia de modelação: uma visão modelar (shaping view) que consiste em alterar a forma como percepcionam as oportunidades de mercado; ter uma plataforma de modelagem (shaping plataform), que consiste na definição dum conjunto de procedimentos e práticas que ajudem os participantes a fazer mais com menos; e, modelar os actos e activos (shaping acts and assets), consiste em convencer os participantes que o modelador é sério, e pode potenciar as iniciativas. Elementos da declaração de estratégiadeve conter: Objetivo (finalidades); escopo (domínio) vantagem (meios). Os objectivos representam a finalidade Collis e Rukstad (2008) que a estratégia procura atingir; o escopo engloba três dimensões: qual o cliente ou oferta, a localização geográfica, e a integração vertical; enquanto a vantagem competitiva representa o que vai ser diferente, ou melhor (proposta de valor e sistema de actividades). O sucesso estratégico numa óptica reconstrucionista, depende do alinhamento das propostas: de valor (value proposition), de lucro (profit proposition) e das Kim e Mauborgne (2009) pessoas (people proposition). O conteúdo da estratégia corresponde à definição da proposta de valor e de lucro, enquanto a proposta sobre as pessoas determina a qualidade de execução. A estratégia é um conjunto coordenado e integrado de cinco opções, desde a definição da aspiração vencedora (winning aspiration), onde jogar, como Laflley e Martin (2013) ganhar, que capacidades, até à escolha dos sistemas de gestão. A definição do local onde se vai competir, consiste na definição das áreas geográficas, das categorias de produtos, segmentos de consumidores, ou canais, de distribuição. A nova lógica estratégica consiste na escolha onde competir, como competir e como vencer - quando as vantagens competitivas são temporárias. O onde competir consiste na escolha das arenas e, não indústrias. O como competir, McGrath (2013) tem implícito que a vantagem temporária, não é mais sustentável, daí que o como ganhar exige uma boa gestão da vantagem transitória. Fonte: Tabela nossa 2.3. AS LÓGICAS ESTRATÉGICAS As lógicas estratégicas representam modelos de concepção do processo estratégico. Estas podem ter início a partir duma perspectiva externa (outside-in), atribuindo-se neste caso uma importância determinante aos factores externos, ou poder-se-á considerar, que este, deve começar na análise dos recursos e capacidades internas (inside-out). Carlos Alberto da Costa Martins 91 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Ilustração 9 - O tipo de ambiente e as lógicas estratégicas. (Ilustração nossa) Consoante estas escolhas, assim a lógica pode ser de posicionamento, de alavancagem ou de, oportunidade (BINGHAM e EISENHARDT, 2008; BINGHAM et al., 2011). Estas escolhas podem estar associadas à variabilidade e à complexidade ambiental como propõe BINGHAM e EISENHARDT (2008) nos seus trabalhos (ilustração 9). Carlos Alberto da Costa Martins 92 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 2.3.1. LÓGICA DE POSICIONAMENTO A lógica de posicionamento adopta uma óptica determinística do ambiente, baseando-se nos princípios da economia da organização industrial (OI). Os seus fundamentos baseiam se nos trabalhos pioneiros de MASON (1939) e BAIN (1956), que se consolidaram com CAVES (1980) e PORTER (1980) nas décadas seguintes. Este enfoque baseia-se na estrutura e nos relacionamentos de mercado (BARNEY, 1986) (ilustração 10). A economia da OI considera o sector/indústria como unidade básica de análise (PORTER, 1991) donde se presume, que “as indústrias competem por recursos, e a concorrência bemsucedida aumenta atractividade dessa indústria, aumentando o seu lucro, explicando assim porque algumas indústrias apresentam melhores desempenhos do que outras, e porque a ligação à indústria influencia a vantagem competitiva sustentável (VCS)” (MONROE, 2006:15). Ilustração 10 - Paradigma da Organização Industrial (OI). (Ilustração nossa) Nos pressupostos da OI integram-se o comportamento racional, a homogeneidade da oferta e da procura, e o equilíbrio de mercado (SUBBANARASIMBA, 2001). De acordo com VASCONCELOS e CYRINO (2000:22), “a teoria económica neoclássica é baseada em premissas de equilíbrio, certeza e racionalidade perfeita que resultam em um tipo de análise estática do processo de tomada de decisão, focalizando a maximização da função objectivo (utilidade) em um momento específico, dado os processos tecnológicos e o preço dos factores e dos produtos”. Nas componentes deste paradigma SCP (estrutura-conduta-performance), a estrutura da indústria, corresponde às características das condições de mercado que engloba factores Carlos Alberto da Costa Martins 93 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas como, a concentração da indústria, o crescimento da indústria, a diferenciação de produto e barreiras de entrada; a conduta corresponde às estratégias adoptadas pelas empresas, como as políticas de preços, a intensidade publicitária, ou montante de investimento; enquanto a performance é traduzido pelo retorno obtido (SCHERRER e ROSS, 1990). A abordagem SCP, segundo BARNEY (1986) considera que os ambientes são estáticos e repetitivos, o conhecimento é perfeito e racional, “as the unit of analysis is the industry, SCP concentrates on the collective properties of firms not the unique characteristics of individual firms” (MONROE, 2006:16). As organizações dentro da indústria são diferentes unicamente devido ao seu tamanho, em resultado das economias de escala e diferenciação de produtos. A SCP assume que “resource are homogenous and are not sources of SCA because high resource mobility restricts the development of long-term resource heterogeneity firm behavior is determined by external situations” (MONROE, 2006:16). Os lucros gerados resultam da optimização dos factores de produção, e o mercado funciona como mecanismo equalizador das diferenças de rendibilidade entre os vários agentes económicos (PORTER, 1981; VASCONCELOS E CYRINO, 2000). As empresas procuram alcançar a maximização do lucro, através duma vantagem competitiva sustentável (VCS). Como a estrutura determina a conduta e esta a performance, a conduta reflecte uma consequência da estrutura da indústria. O paradigma SCP assenta na correlação entre estrutura e performance (MCGAHAM e PORTER, 1997; TSOUKAS e KNUDSEN, 2002). As variações são justificadas e determinadas pelo efeito da estrutura da indústria (PORTER, 1980), e pelo efeito do posicionamento das organizações relativa aos seus concorrentes (HAMEL e PRAHALAD, 1990). O objectivo da estratégia, nesta óptica, é a criação de monopólios temporários, reduzindo a concorrência e aumentando os lucros (MONROE, 2006). As barreiras de entrada e a quota de mercado são instrumentos utilizados para o efeito (CONNER, 1991; WIGGINS e RUEFLI, 2002). As três principais contribuições da estratégia no paradigma SCP são a reduzida influência da estratégia na VCS, a necessidade de obtenção de ajustamento ao ambiente competitivo e o posicionamento competitivo. A primeira constatação é a reduzida influência da estratégia na VCS, dado se considerar que é a estrutura da indústria que determina a performance (SPANOS et al., 2004). A segunda razão é a necessidade da obtenção de ajustamento (fit) ao ambiente competitivo, seleccionando as opções mais adequadas às características estruturais do sector (PORTER, 1996, 2008). A última contribuição é o posicionamento Carlos Alberto da Costa Martins 94 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas competitivo através do qual protege e mantêm a VCS (PORTER, 1980, 1996; MAGRETTA, 2012). De acordo com Monroe (2006:20), “industry structure should be assessed and the identified constraints of the industry direct firms to position the products as per specific competitive strategy generic competitive strategies of cost differentiation”. Nesta lógica, a estratégia é prescritiva, visto ser a estrutura da indústria que determina a escolha das estratégias. Desta forma os gestores das organizações, numa dada indústria, efectuam escolhas semelhantes. A duplicação de escolhas pelos intervenientes, conduz a uma convergência gradual da performance ao longo do tempo (VASCONCELOS e CYRINO, 2000). De igual modo, os mercados perfeitos, são considerados desinteressantes, só o desequilíbrio permite a criação duma vantagem, através da exploração das imperfeições da estrutura da indústria, dificultando e impedindo o equilíbrio perfeito (MONROE, 2006). O desenvolvimento de estratégias deve conduzir à entrada em indústrias atractivas e o abandono das menos atractivas. Segundo SCARBROUGH (1998) a estratégia é perspectivada como uma alocação de recursos entre produtos e oportunidades de mercado, e só é aceitável para organizações que operem em ambientes certos e estáveis. Quando as indústrias são estáveis, uma lógica de posicionamento implica: seleccionar uma valiosa e não ocupada posição no sector/indústria, e posteriormente criar as defesas para a manter (BINGHAM e EISENHARDT, 2008; BINGHAM et al. 2011). O modelo das cinco forças de PORTER (1980, 2008) constituiu a ferramenta para construir a vantagem competitiva em torno de um mercado atractivo. A estabilidade no sector possibilita a manutenção duma vantagem competitiva de longo prazo, sustentada em repetidos investimentos que garantam e reforcem a posição. A garantia da vantagem competitiva neste arquétipo estratégico, depende em primeiro lugar da escolha de uma posição valiosa que não esteja ocupada; em segundo lugar, escolher um conjunto de recursos que sustentem um padrão de actividades que possibilitem defender a posição (PORTER, 1996; SIGGELKOW, 2002; MAGRETTA, 2012). É esta posição que garantirá resultados superiores, mediante preços superiores, ou custos mais baixos (MAGRETTA, 2012). Uma estratégia baseada no posicionamento para ser bem sucedida “is not just having a valuable strategic position, but also linking resources to defend sucessfully against challengers” (…) “Although such resources can be helpful, they aren’t necessary. Competitive advantage can come from defending a strategic position though a system of tightly linked resources, not necessarily from the superiority of resources per se”(…) “when the resources are tightly linked they are hard to copy. Interdependent resources create complexity, and so copying and time- consuming”. (BINGHAM et al., 2011:74). Mesmo que Carlos Alberto da Costa Martins 95 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas os concorrentes identifiquem os recursos, pode ser difícil ajustá-los conjuntamente sequência certa - isto porque, “there are often many resources with inexpected combinatorial effects” (BINGHAM et al., 2011:74). As posições precisam de ser mantidas, regenerando os seus recursos e fortalecendo as ligações. Caso contrário, a vantagem competitiva pode desaparecer face à mudança. Em sectores estáveis quando ocorrem mudanças nos mercados, os gestores são obrigados a reconfigurar o sistema de actividades em busca duma nova posição estratégica (PORTER, 1996; RIVKIN, 2000; SIGGELKOW, 2002). Isto leva tempo e pode ser difícil - desmantelar sinergias - originando quebras de performance, até um novo sistema de actividades se refazer e edificar. Neste tipo de logica, a vantagem é defendida através de “tightly linking resources together in mutually reinforcing configurations termed activity systems” (BINGHAM e EISENHARDT, 2008:246). Uma das principais críticas a esta orientação, resulta da observação do que a maioria dos ambientes não se encontra em estado de equilíbrio; o que limita a aplicação deste modelo (D’AVENI e GURTHER, 1994). Por outro lado, o princípio do conhecimento perfeito significa que a inovação é desnecessária. Outra previsão efectuada pelo SCP fundamenta-se no princípio de que a procura na indústria pode ser influenciada mediante a teoria do equilíbrio económico, partindo do princípio que o que ocorreu no passado se repete no futuro, e as barreiras de entrada somente funcionam como sustentáculo da VCS, caso as organizações sejam heterogéneas (MONROE, 2006). Tabela 3 - Conceito de Lógica de Posicionamento Lógica de Posicionamento Sob a lógica de posicionamento, a vantagem competitiva decorre da execução de actividades diferentes da concorrência, ou de executar as mesmas actividades de Conceito forma diferenciada. O desempenho superior é alcançado quando os recursos que compõem suas actividades se encontram intimamente ligados para formar uma posição estratégica única e valiosa, a partir do qual os gestores podem aumentar a receita (diferenciação) ou diminuir os custos (liderança de custo). Estratégia Consiste em escolher e associar um conjunto de recursos fortemente interligados, que se configurem e reforcem mutuamente designado por sistema de actividades. Subjacente à lógica estratégica de posicionamento, considera se como pressuposto Ambiente um mercado relativamente estável. Ou seja, a estrutura da indústria (por exemplo, o poder dos clientes e fornecedores, a rivalidade competitiva, e ameaça de produtos substitutos) é estável e inequívoca, e onde as rupturas são raras. Fonte: Tabela nossa Carlos Alberto da Costa Martins 96 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A lógica de posicionamento (visão outside-in) fundamenta se assim, nos princípios da economia industrial, segundo os quais a estrutura da indústria/sector condiciona as escolhas estratégicas e, daí os resultados. A unidade básica é a indústria, e as organizações são consideradas como sistemas abertos onde prevalece o equilíbrio e a linearidade. Os ambientes são considerados estáveis, remetendo-se a estratégia a um papel limitado, nomeadamente à escolha dum posicionamento dentro do sector, e posteriormente à configuração do seu sistema de actividades. Estas actividades devem consistir em relações fortes e complexas entre si, para assim garantirem uma VCS. A sustentabilidade da vantagem competitiva é possível e desejável, sendo alcançável mediante um adequado ajustamento (fit) das actividades escolhidas (tabela 3). 2.3.2. LÓGICA DA ALAVANCAGEM PENROSE (1959) considerou que as empresas representam conjuntos de recursos, e que o seu crescimento se devia ao desenvolvimento acumulado de capacidades e conhecimentos. Segundo MONROE (2006:26), são estes atributos internos que justificam performances superiores, “the endogenous perspective seeks to explain performance heterogeneity displayed by firms evidence both within and across industries”. Para BARNEY (1986:793) os princípios económicos subjacentes à teoria baseada nos recursos (TR) encontram se baseados nos trabalhos de CHAMBERLIN, (1933), que se focalizam “on unique assets and capabilities of individual firms, and then traces the impact of these idiosyncratic organizational traits on the strategies firms pursue and returns to those strategies”. Esta nova abordagem, em oposição à OI, considera as organizações como sendo constituídas por um conjunto de recursos tangíveis (WERNELFELDT, 1984; GRANT, 1991) – físicos, financeiros – mas também intangíveis (HALL, 1992) ou invisíveis (ITAMI e ROEHL, 1987), os quais receberam ainda contributos posteriores, com o conceito de capacidades dinâmicas e competências (HAMEL e PRAHALAD, 1990; NELSON, 1991; TEECE, 1997). Os recursos vêm substituir os clássicos factores de produção (PENROSE,1959). Em comparação com o paradigma SCP, a teoria dos recursos (TR), é uma teoria de crescimento, em contraste com uma teoria de equilíbrio proposta pela economia da organização industrial. A VCS é atribuída à posse, e à utilização e exploração de recursos, valiosos, raros e difíceis de imitar (CONNER, 1991; MAHONEY, 2001). MAHONEY (2001) considera que dentro da TR podemos encontrar diferentes abordagens, a “resource based view” (RBV) (BARNEY, 1991; WERNERFELDT, 1984), a teoria baseada nas competências Carlos Alberto da Costa Martins 97 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas (EISENHARDT e MARTIN, 2000; HAMEL e PRAHALAD, 1990), a abordagem da “ first move advantage” (LIBERMAN e MONTGOMERY, 1988) e, a teoria baseada no conhecimento (GRANT, 1996; MAKADOK, 1998; NONAKA, 1991 E 1994; SPENDER 1989). Os objectivos do paradigma da teoria dos recursos (TR), ou teoria dos recursos e capacidades (TRC) são, o de procurarem medir os recursos da empresa, e em seguida descobrir a relação causal entre a utilização desses recursos e a VCS. Os dois axiomas da TR assentam no modo, como os recursos estão distribuídos heterogeneamente entre as empresas e, a sua mobilidade imperfeita, que lhes confere um carácter duradouro. A empresa representa assim, um conjunto de recursos heterogéneos (capital, activos fixos, capacidades, conhecimento, relacionamento, reputação) que podem ser alavancados para outros mercados ou indústrias (HAMEL e PRAHALAD, 1994; VENKATRAMAN e SUBRAMAMIAN, 2002), podendo conduzir a diferentes desempenhos (BARNEY, 1986). É esta heterogeneidade que precisa de ser preservada, visto ser o garante de desempenhos superiores. A lógica económica de CHAMBERLIN (1933) sugere que as organizações devem escolher estratégias que explorem o melhor possível esses recursos únicos e individuais. Pois os “resources are converted in to final products or services by using a wide range of other firms assets and bonding mechanisms such as technology, management information systems, incentive systems” (AMIT e SHOEMAKER, 1993:35). Apesar de se entender que são os recursos e as capacidades os condutores da performance, (PETERAF, 1993; HAMEL e PRAHALAD, 1990; WERNERFELDT, 1984) nem todos estes activos, são igualmente importantes. Desta forma a obtenção duma boa performance (CONNER, 1991) depende da interacção simultânea de três factores: a base de activos da própria empresa; a base de activos dos concorrentes; e as restrições que resultam da empresa (DAL-SOTO e SANTOS, 2004). As capacidades consideram-se, as faculdades da empresa em desenvolver os seus próprios recursos, mediante uma adequada combinação dos seus processos organizacionais (BINGHAM e EISENHARDT, 2008). As capacidades, ao invés doutros activos, correspondem a conhecimento tácito colectivo. Estas, incrementam-se com o tempo, em resultado duma aprendizagem continua, e duma acumulação sistemática de conhecimentos (NELSON e WINTER,1982; NONAKA, 1994). Na TR, o papel do ambiente é relativizado. VASCONCELOS e CYRINO (2000:29) citando BARNEY (1986) refere que “as rendas excepcionais não podem ser concretizadas a partir Carlos Alberto da Costa Martins 98 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas da análise de oportunidades externas, pois as informações e as técnicas de análise dessas oportunidades estão acessíveis a todos os concorrentes. Por outro lado as informações sobre os recursos da firma permanecem como suas propriedades exclusivas, protegidas pelos mecanismos de isolamento. Dessa forma é a assimetria de informação relativa ao potencial dos recursos e das competências específicas da firma que deve guiar a estratégia, pois é a única fonte possível de vantagem competitiva”. Em comparação com o paradigma SCP, que entende a concorrência como um esforço para o equilíbrio num ambiente estático, a TR olha para a concorrência como uma luta pela continuidade. Em contraste com o paradigma SCP, na TR, a VCS resulta da conduta da empresa traduzida, nas decisões de aquisição, desenvolvimento, e no desdobramento dos recursos, em substituição da influência da estrutura da indústria (ilustração 11). Ilustração 11 - Paradigma dos Recursos. (Ilustração nossa) Em ambientes moderadamente dinâmicos as estratégias de alavancagem de recursos, são as que permitem manterem as suas posições competitivas, e utilizam os seus recursos estratégicos mais valiosos na sua indústria ou em novos mercados, “since change is incremental and predictable, it makes sense for managers to coevolve their strategically important resources with the industry” (BINGHAM et al., 2011:74). É assim que, a concentração na aquisição ou desenvolvimento de recursos valiosos, raros e difíceis de imitar, são o garante de desempenhos superiores. Enquanto na lógica anterior, a interligação entre recursos era apertada, aqui passou a ser moderada. Esta escolha exige uma reavaliação ou reconfiguração dos recursos em particular em novos mercados. Consoante as mudanças ocorridas no ambiente, a reactualização dos recursos, pode Carlos Alberto da Costa Martins 99 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas ocorrer mediante, a aquisição, partilha ou desenvolvimento “in–house” (BINGHAM et al., 2011). A estratégia, nesta lógica, ocupa uma posição central, em virtude do papel que tem na escolha dos recursos, e nos mecanismos da sua protecção. A TR pretende provar que é a heterogeneidade dos recursos, que confere uma VCS, em substituição, dum posicionamento adequado. Considera ainda, que o mercado e a indústria podem ser alterados pelas decisões dos gestores (HAMEL e PRAHALAD, 1994). A estratégia passa a ser um fenómeno mais dinâmico, pois as barreiras à imitação podem ser superadas através de inovação, ou melhoramento contínuo (MONROE, 2006). A possibilidade da organização criar e desenvolver recursos confere igualmente, um dinamismo competitivo, exigindo que a estratégia seja um processo criativo (HAMEL e PRAHALAD, 1994), adaptativo (BEINHOCKER, 1999) e dinâmico (MONROE, 2006). As economias de escala são menos importantes, passando a flexibilidade e a inovação a assumir um papel de destaque. A dinâmica competitiva deixa de ser estática. Assim, a vantagem competitiva pode ser atribuída à propriedade de um recurso valioso que faculta à empresa, a execução de tarefas de uma forma melhor, ou a um custo menor que os concorrentes. Desta forma, de acordo com a TR, o desempenho superior de uma empresa encontra-se justificado pelo facto de possuir um conjunto de recursos competitivamente distintos. WERNERFELDT (1984) entende que um recurso pode ser um ponto forte da empresa, que possibilita que esta possa implementar estratégias que melhorem a eficiência e a eficácia. Para um recurso adquirir o estatuto de estratégico ele deve possuir, segundo BARNEY (1991), quatro características: ser valioso – quando o recurso é fonte de vantagem competitiva, ou permite explorar oportunidades ou neutralizar ameaças; ser raro – representa a escassez do recurso e a dificuldade em ser obtido pelos rivais; ser inimitável – a dificuldade de ser copiado, ou seja não tendo um valor temporário, e ser insubstituível. Os testes propostos por BARNEY (1991) para validar a garantir a solidez dos recursos são os seguintes (COLLIS e MONTEGOMERY, 2008): a inimitabilidade já referida; a durabilidade – a maior parte dos recursos tem uma vida limitada (geração de lucros temporários), daí que quanto mais durável for o recurso mais valioso é; a sua apropriabilidade – quem recolhe o valor gerado pelo recurso, porque nem sempre o proprietário obtém o retorno do recurso; a sua substituibilidade – se um recurso pode ser substituído por outro, será menos valiosa; e a superioridade competitiva – os recursos que possibilitem uma competição distintiva, tornam os (s) recursos (s) mais relevantes e Carlos Alberto da Costa Martins 100 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas importantes (GRANT, 1996). A estratégia deve desta forma, ser baseada em recursos que superem os cinco testes (COLLIS e MONTGOMERY, 2008). Para contornar ou dificultar a cópia, um recurso deve pelo menos ter uma das seguintes características: unicidade física (physical uniqueness) – quantidade única do recurso (BARNEY e WRIGHT 1997); a dependência de trajectória (path dependency) – os recursos são únicos e raros porque ao longo da sua trajectória geram particularidades únicas (BARNEY, 1991); a ambiguidade causal (causal ambiguity) – traduz-se nas características resultantes duma combinação deles ao longo do tempo, o que faz que um só recurso não tenha valor, mas sim a combinação de vários (REED e DEFILLIPI, 1990; TEECE, 1988); dissuasão económica (economic deterrence) – ocorre quando um rival efectua um investimento relativamente alto que não possa ser replicado pelo concorrente devido ao potencial de mercado limitado (DIERICKX e COOL, 1989; DAL-SOTO e SANTOS, 2004). O conhecimento de gestão, e os processos de tomada de decisão são considerados também, barreiras à imitação (ADNER e HELFAT, 2003). Como a capacidade de gestão é relevante, isto permite concluir que as empresas com melhores equipas apresentam melhores resultados (HARRISON, 2003; SPANOS et al., 2004). O desenvolvimento e a criação de recursos, propostos por estas equipas, representam a forma como as organizações se adaptam às circunstâncias, e às novas percepções ambientais (SCHUMPETER, 1934). Tal com defende OLIVER (2000:292) “what define equilibrium is always changing because firms are continually reinvesting novel ways to scape it”. São estes factores que impedem a imitação de recursos, e que ajudam a explicar as diferenças de desempenho na TR (VASCONCELOS e CYRINO, 2000). Tabela 4 - Conceito de Lógica de Alavancagem Lógica de Alavancagem Na logica de alavancagem os dirigentes utilizam os recursos para criar um desempenho superior. A lógica de alavancagem argumenta que a Conceito vantagem competitiva deriva da propriedade de recursos específicos que são raros difíceis de imitar, não substituíveis e altamente valiosos em vários mercados. Consiste em identificar, construir e explorar uma carteira de recursos Estratégia fundamentais, que sejam valiosos e raros nos mercados actuais, e que sejam extensíveis a outros mercados. Ambiente A lógica estratégica de alavancagem corresponde a mercados moderadamente dinâmicos. Fonte: Tabela nossa Carlos Alberto da Costa Martins 101 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A lógica de alavancagem (visão inside-out) tem como fundamento as ideias económicas de CHAMBERLIN (1933) e PENROSE (1959) que privilegiam a importância dos recursos, capacidades e conhecimentos internos de cada organização. A unidade básica de análise passa a ser a empresa. A distribuição heterógena de recursos, e a sua imobilidade imperfeita, são os factores que permitem que as organizações acedam a desempenhos superiores. O ambiente competitivo é considerado moderadamente dinâmico, e a estratégia assume um papel central, visto ser ela que deve procurar escolher e explorar os recursos raros, valiosos e inimitáveis, aplicando-os em produtos no seu sector, ou noutros mercados, garantindo assim performances acima da média. A vantagem competitiva para ser sustentável requer a protecção dos recursos através de mecanismos que dificultem a cópia a imitação, e a substituição. A sustentabilidade exige uma moderada interligação entre recursos que necessitam de ser reconfigurados em função das mudanças ocorridas no ambiente (tabela 4). 2.3.3. LÓGICA DE OPORTUNIDADE A alteração do paradigma mecanicista para um sistémico durante o século XX, originou uma mudança de perspectiva nas organizações (GAVETTI e RIVKIN, 2007; BURGELMAN e GROVE, 2007; VOLBERDA e LEWIN, 2003). Passamos dum modelo cartesiano, onde o todo poderia ser compreendido através das suas partes, para um modelo sistémico, onde as partes só podem ser compreendidas dentro dum contexto (FREITAS, 2005). As organizações passam a ser compreendidas e estudadas como sistemas complexos. A lógica estratégica baseada nas oportunidades encontra-se associada aos princípios económicos da escola Austríaca (SCHUMPETER, 1934; JACOBSON, 1992; LEVINTHAL, 1992; KIRZNER, 1997). A contribuição desta escola concentra-se, não na estrutura do sector, mas nos processos de mudança e na inovação (VASCONCELOS e CYRINO, 2000). O abandono do conceito de mercado, onde o equilíbrio alcançado pelo mecanismo dos preços é substituído por um local, onde a obtenção do lucro é conseguido mediante a “descoberta interactiva que mobiliza informações divergentes e conhecimentos dispersos” (VASCONCELOS e CYRINO, 2000:30). Os promotores destes desenvolvimentos são os empreendedores, que originam sucessões contínuas de inovações (KIRZNER, 1985) e daí novos arranjos económicos, o que gera novos desequilíbrios nos mercados. Esta espiral de inovações provoca um estado de desequilíbrio permanente. Os lucros resultantes são fruto de combinações dos factores de produção e de novas oportunidades. As rendas empreendedoras geradas traduzem monopólios temporários, resultantes dos processos de destruição criativa (SCHUMPETER, 1934). Carlos Alberto da Costa Martins 102 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Para DIAS, et al. (2008:88) citando BARNEY (1986), a abordagem Schumpeteriana “considera os aspectos relacionados à incerteza competitiva, servindo de referência para pesquisas que se propõem compreender as reacções das organizações em face das configurações de mercado, que irão requerer o desenvolvimento de novas capacidades, estabelecendo os padrões tecnológicos e mercadológicos de competição, quais os recursos e capacidades que são estratégicos para o sucesso das empresas e quais não apresentam peso significativo para os resultados organizacionais”. Ainda conforme o autor, “reacções tardias, assim como antecipações equivocadas, podem minar a capacidade competitiva das empresas, além de criar um cenário difícil de ser revertido”. A geração de riqueza segundo SCHUMPETER (1934) dá-se através da destruição criativa, baseado em rupturas radicais, as quais dão origem a novos mercados. Estes processos são habitualmente desordenados, e as empresas não têm forma de lidar com eles. As regras de jogo alteram-se e transformam-se. Para HILL e DEEDS (1996) a estrutura competitiva actual, não é condicionada pela estrutura dos sectores, logo, não é a determinante dos níveis de rendibilidade. Segundo VASCONCELOS e CYRINO (2000:32) “são a dinâmica competitiva e a descoberta das inovações que influenciam os níveis de performance económicas das firmas.(…) a estrutura da indústria deve ser vista como o resultado endógeno das diferenças de performance das firmas no decorrer do tempo em vez de ser considerada um factor determinante da performance destas ultimas” (ilustração 12). Na teoria organizacional, esta abordagem entende as organizações como sistemas complexos. Estes sistemas podem subdividir se em duas categorias. Um primeiro grupo que integra sistemas não-adaptativos complexos que têm comportamentos aperiódicos, nãolineares e instáveis (FREITAS, 2005). A teoria do caos trata estes sistemas. Carlos Alberto da Costa Martins 103 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Ilustração 12 - Paradigma das Oportunidades. A teoria do caos procura doutra forma, ajudar a compreender como as organizações convivem com ambientes turbulentos. O caos no verdadeiro sentido é um padrão irregular de comportamento, gerado por regras bem definidas de realimentações não lineares vulgarmente encontradas na natureza e na sociedade humana (CARLOMAGNO e BRUHN, 2005). CARLOMAGNO e BRUHN (2005) citando TETENBAUM (1998) descrevem o caos como uma imprevisível, complexa mas arrumada desordem, nos quais padrões de comportamentos desenvolvem-se irregularmente mas de formas similares (PARKER e STACEY, 1995; BURGELMAN e GROVE, 2007). A abordagem do caos olha para as organizações como sistemas altamente complexos, onde a melhor maneira para alcançar controlo é equilibrando-se no limite do caos, onde nem muitas restrições e nem total desordem é desejável (EISENHARDT e BROWN, 1998). Esta análise procura assim definir regras, de como a organização se pode ajustar ao ambiente instável estabelecendo novas estruturas de referência para a gestão estratégica. Um segundo grupo trata os sistemas adaptativos complexos (SAC), compostos por agentes que interagem, aprendem, e modificam o seu comportamento (FREITAS, 2005). A teoria da complexidade trata destes sistemas (LEWIS, 1994). A principal característica da teoria da complexidade, é a explicação para os comportamentos dos SAC que se alteram e respondem aos estímulos do ambiente. Algumas das características dos SAC são a: renovação/auto-organização (PARKER e STACEY, 1995); organização espontânea, a emergência e a entropia (PRIGOGINE, 1996), adaptação e aprendizagem, (GLAICER, 2002) e a evolução (PRIGOGINE e STENGERS, 1991). As abordagens tradicionais das funções de estratégia, concordam com a concentração de esforços e senso de direcção. A sua base económica explicativa, tem uma orientação Carlos Alberto da Costa Martins 104 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas racionalista, e não explicam nem contemplam as descontinuidades tecnológicas que incidem sobre os sectores (BEINHOCKER, 1997). O carácter de imprevisibilidade está ausente. A imprevisibilidade é uma das matrizes actuais fazendo com que os mercados sejam comparáveis às galáxias, a ecossistemas, ou aos cérebros humanos (CARLOMAGNO e BRUHN, 2003). Os SAC possuem determinadas características, tais como, são sistemas abertos e dinâmicos; vivem em interacção; aparentam emergência e auto-organização; tem um equilíbrio pontuado, a momentos de tranquilidade seguem-se períodos de turbulência e instabilidade (BEINHOCKER, 1997). A explicação para a sobrevivência das empresas ser diminuta, resulta da estratégia ser focalizada para períodos estáveis, daí as opções perderam actualidade, quando se seguem períodos descontínuos e voláteis (MCGRATH, 2012). A competitividade é garantida e assegurada, através de sucessivas propostas de valor, com menor durabilidade, e maior geração de valor (BEINHOCKER, 2006). O processo estratégico é semelhante ao processo de sobrevivência das espécies. Tal como estas, também as estratégias precisam agora de se desenvolverem. Só é possível garantir este desenvolvimento se forem promovidas experimentações, e assegurado o que BEINHOCKER (1999b) designa de paralelismo. Nem todos na organização devem seguir o mesmo caminho. Alguns são exploradores, que identifiquem novas vantagens na melhor das oportunidades. Em vez da busca dum posicionamento, é proposto o conceito de “patching” que representa a necessidade de novos reajustamentos em função de novas oportunidades. Aqui é impossível prever acontecimentos. As oportunidades surgem fora do alinhamento original (BEINHOCKER, 1999b). O tema das oportunidades, é contudo central na temática da orientação empreendedora (OE) (JOHANSEN, 2011), sendo SHORT et al. (2010: 55) o que melhor a traduz quando defende que “an opportunity is a possible target for firm activities that is revealed through analysis or action over time to be potentially lucrative”. O conceito pode ainda ser repartido em duas dimensões (SHORT et al., 2010), a oportunidade como descoberta (discovered), ou predisposição para reconhecer alertas, enquanto, numa outra perspectiva, pode ser considerada como a consequência de acções promovidas (created) em resultado de oportunidades percebidas (JOHANSEN, 2011). Esta dupla dimensão das oportunidades pode assim, ser melhor analisada, em termos de descoberta e criação. Carlos Alberto da Costa Martins 105 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A descoberta representa um processo cognitivo, como o pensamento, a aprendizagem ou a análise (JOHANSEN, 2011). Esta dimensão pode ser definida como a capacidade da gestão em compreender e apreender conhecimento sobre um facto incerto mas preferencialmente lucrativo (OCASIO, 1997; BOUQUET, et al., 2009). A capacidade de atenção em elementos críticos no ambiente onde se podem concentrar as oportunidades (DAY e SCHOEMAKER, 2006), (como comportamento dos consumidores), mas onde também, podemos encontrar constrangimentos (os movimentos dos concorrentes) (JOHANSEN, 2011; BOUQUET et al., 2009), traduzem a experiência dos gestores. A noção de capacidade de absorção, concentra ambas as vertentes cognitivas, quer individuais quer organizacionais, como propõem COHEN e LEVINTHAL (1990). A vertente cognitiva organizacional representa a capacidade da organização transferir conhecimento do ambiente para a organização, processando-o e transformando-o em novo conhecimento (COHEN e LEVINTHAL, 1990). A ideia de descoberta aparece igualmente associada a dois conceitos, a atenção temporal, revelando a capacidade de antecipar eventos não ocorridos, e, a atenção espacial que representam uma ênfase em eventos fora da empresa (YADAV et al., 2007). JOHANSEN (2011:16) considera que a dimensão de criação de oportunidade “is defined as a shared principles of action interaction and interpretation deployed in pursuit of opportunity in consideration of a condition of uncertainty”. Deste modo, esta dimensão encontra-se associada à configuração dos recursos organizacionais, e ao seu alinhamento com a visão partilhada, bem como, com as rotinas organizacionais e a racionalidade limitada dos gestores (MARCH e SIMON, 1958). Para HANNAN e FREEMAN (1977), a lógica da oportunidade na sua dimensão de criação, pode ser enquadrada como representando a complacência da organização para equilibrar o processo de variação e selecção ecologista. Estas variações exploratórias incrementam a vontade da organização para aceitar riscos em ambientes de incerteza (BINGHAM e EINSEHARDT, 2009). Pode-se concluir de acordo com DAFT e WEICK (1984) que a dimensão de criação pode ser compreendida como uma função das acções dos gestores para ordenar o ambiente mediante a combinação de recursos que permitem à organização ser ágil e flexível nas respostas às suas percepções. Esta lógica requer que exista uma observação contínua das mudanças nos mercados. Estes mercados com elevada turbulência e de alta velocidade, são caracterizados por abundantes fluxos de oportunidades, ambíguas, fugazes e de duração indefinida (DAVIS et al., 2008). Carlos Alberto da Costa Martins 106 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Em contraste com ambientes estáveis, os ambientes turbulentos são caracterizados por fluxos e movimentos rápidos, principalmente oportunidades imprevisíveis, tal como defendem BINGHAM et al. (2011:76) “industry structure is characteristically shifting as competitive come and go customers modify their preferences and business models are in flux”. O conceito de estrutura de indústria é nestas circunstâncias, ambíguo dadas as alterações constantes de concorrentes e das preferências dos clientes. As alterações ocorridas nestes mercados, são não lineares e imprevisíveis (SANTOS e EISENHARDT, 2005). Será aconselhável, que quanto maior seja a complexidade, menos sejam o número de regras, podendo ser ainda maior a necessidade da sua contínua redefinição, ou mesmo eliminação. As oportunidades atractivas representam todas aquelas que podem gerar rendas e resultados superiores. Esta abordagem resulta da “firm’s ability to capture attractive, fleeting market opportunities for creating revenue and profits sooner, faster and more effectively than competitions (EISENHARDT e MARTIN, 2000: 249). Nesta sequência, a lógica de oportunidade, considera que a estratégia consiste em seleccionar um ou vários processos organizacionais, que permitem colocar a empresa num abundante fluxo de oportunidades atractivas, que apresentem um potencial elevado de gerarem resultados superiores (DAVIS, et al., 2008). Para BINGHAM e EISENHARDT (2008:249), citando ROBERTS e EISENHARDT, (2003) consideram que “a strategic logic of opportunity argues that competitive advantage and superior performance stem from entrepreneurial action”. Este desempenho superior é obtido “from the ability to capture attractive, fleeting market opportunities for creating revenue and profits sooner, faster and more effectively than competitors” (BINGHAM e EISENHARDT, 2008:249). Nesta lógica, como se referiu, a estratégia consiste em identificar um conjunto de processos organizacionais, que coloquem a empresa num fluxo atractivo de oportunidades (EISENHARDT e SULL, 2001). Estes processos semi-estruturados, facilitam a captura das oportunidades espontâneas (BROWN e EISENHARDT, 1997). São compostos por poucas regras que orientam o processo de captura das oportunidades (BINGHAM, et al., 2007). Assim, “the simple rules provide behavioral short cuts that reduce the complexity and capturing opportunities and improve the speed of decision making” (BINGHAM e EISENHARDT, 2008:250). Carlos Alberto da Costa Martins 107 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Os processos organizacionais são semiestruturados, visto que, ao contrário das complicadas rotinas organizacionais, são processos simples que possibilitam espontaneamente e de forma improvisada, aproveitar a oportunidades inesperadas (BROWN e EISENHARDT, 1997). Estes processos devem apresentar características intermédias entre a absoluta estruturação, que os tornaria inflexíveis, ou, a total ausência de estrutura, o que os tornaria inadaptáveis às oportunidades emergentes (BROWN e EINSEHARDT, 1998). Estas estruturações intermédias baseiam se na experimentação, improvisação, e no “learning by doing” (EISENHARDT e TABRIZI, 1995). As ligações entre estes processos encontram-se fracamente articulados, contrariamente à forte interligação requerida no sistema de actividades (PORTER, 1996; BINGHAM e EISENHARDT, 2008). Estes processos são orientados por regras simples, e permitem aos decisores orientarem-se em contextos onde dispõem de reduzida informação. Como refere BINGHAM e EISENHARDT (2008:250) “they help executives to effectively and quickly capture fleeting opportunities via applying a few rules of thumb while improvising the rest of their actions”. Estas regras simples servem como temas orientadores, reduzindo a complexidade na captura das oportunidades, permitindo que à volta das quais, os responsáveis possam rapidamente efectuar ajustamentos e improvisações em tempo real (MINER, et al., 2001). Para MINER et al., (2001) regras simples, representam temas em torno dos quais se pode improvisar e tomar medidas em tempo real. Com o tempo os gestores, devem manter-se alertas com as alterações de mercado, mantendo um número óptimo de regras consoante a previsibilidade dos mercados (EISENHARDT e SULL, 2002). Podendo assim, redefinir regras, acrescentar novas ou eliminar algumas (BINGHAM e EISENHARDT, 2008), consoante o fluxo de oportunidades se tornem mais ou menos atractivas. A cópia desta lógica estratégica torna-se difícil pela sua simplicidade, fruto dos comportamentos emergentes serem imprevisíveis e complicados. Por outro lado, “opportunity is unique its capture involves real-time learning that is not necessarily used or useful for subsequent opportunities” (BINGHAM e EISENHARDT, 2008: 251). A sucessão de oportunidades e o seu desaparecimento, não permitem que os responsáveis consigam prever a duração da vantagem competitiva. O resultado é uma sucessão de vantagens transitórias (MAKADOKE, 1998; MCGRATH, 2012). Estas exigem uma estrutura apropriada (edge of chaos) e uma postura não hesitante. Carlos Alberto da Costa Martins 108 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A vantagem competitiva é assegurada neste contexto através da simplicidade e “timing”. A estratégia assente na utilização de poucos processos críticos e de regras simples é difícil de imitar, em virtude do comportamento emergente ser imprevisível e complexo. BINGHAM e EISENHARDT (2008:251) referem que, “each opportunity is unique, its capture involves realtime learning that is necessarily used or useful for subsequent opportunities.” O momento (timing) representa uma vantagem, visto que mesmo quando os concorrentes identificam uma oportunidade, o facto de chegar em primeiro (early mover) faculta ganhos não obtidos pelos retardatários (EINSENHARDT e MARTIN, 2000). A vantagem competitiva nestes contextos apresenta uma duração e dimensão diferentes (EISENHARDT e MARTIN, 2000), dado que “opportunities may unexpectedly emerge and then disappear, making impossible for managers to predict how long their competitive advantage may last and how large it will be (BINGHAM e EISENHARDT, 2008: 251). BEINHOCKER (1999) sugere que considerando as organizações integradas em SAC, onde o nível de incerteza ambiental é elevado, as estratégias necessitam de obter resultados normais em contextos variados. Como refere o autor, um desempenho superior não dura em média mais de cinco anos. Não é credível que exista uma vantagem competitiva durável mas sim um lote, cuja duração é menor, e o seu valor é superior (MCGRATH, 2012). Carlos Alberto da Costa Martins 109 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 5 - Conceito de Lógica de Oportunidade Lógica de Oportunidade Numa lógica estratégica de oportunidade, a vantagem competitiva e um desempenho superior derivam da acção empreendedora. O desempenho Conceito superior sob esta lógica estratégica, resulta da capacidade de captar receitas e lucros mais cedo, mais rápido, e dum modo mais eficaz do que os concorrentes. Consiste em escolher, um ou vários processos organizacionais (ex.: Estratégia aquisição, aliança, internacionalização e inovação de produto), que colocam a empresa num fluxo abundante de oportunidades atraentes, e a reajustem face aos imprevistos (patching). Tais mercados são caracterizados por abundantes e imprevisíveis fluxos, Ambiente que geram movimentos rápidos e oportunidades ambíguas de duração indefinida. Fonte: Tabela nossa A lógica da oportunidade fundamenta-se nos princípios económicos da Escola Austríaca, onde os processos de mudança e a inovação são os impulsionadores de monopólios temporários. As organizações são interpretadas como SAC, onde a não linearidade e a instabilidade encontram sustentação nas teorias dos caos e da complexidade. O ambiente é reconhecido como um fluxo de oportunidades, onde as capacidades de descoberta e de criação são as mais adequadas, para se dominarem ambientes dinâmicos e de elevada incerteza. A estratégia consiste na utilização dum conjunto de regras simples, que permitem colocar a organização num fluxo de oportunidades emergentes e espontâneas. A vantagem competitiva é transitória, e assenta em processos fracamente interligados entre si. A simplicidade, a improvisação em tempo real, e o “timing” são os ingredientes das vantagens temporárias (tabela 5). Carlos Alberto da Costa Martins 110 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 3. METODOLOGIA DOS MODELOS DE MENSURAÇÃO ESTRATÉGICAS EM INCERTEZA AMBIENTAL DAS LÓGICAS 3.1. INTRODUÇÃO O objectivo principal deste estudo é construir um modelo de mensuração das lógicas estratégicas face à incerteza ambiental. Os modelos propostos interpretam as situações em que o dinamismo e a complexidade – constructos que resumem a incerteza ambiental – explicam algumas das decisões estratégicas (produto/mercados), e que por sua vez, influenciam as lógicas estratégicas das empresas de crescimento elevado – lógica de posicionamento, lógica de alavancagem e lógica de oportunidade. A problemática principal dos modelos centra-se na necessidade de saber se a incerteza ambiental influencia as escolhas das lógicas estratégicas, tentando perceber se essa influência pode ser directa ou indirecta através das decisões estratégicas. Neste capítulo apresentam-se três secções distintas. A primeira sessão serve para explicar o desenvolvimento e a elaboração do questionário. Este foi desenvolvido a partir da revisão da literatura, da construção do modelo teórico e do levantamento das hipóteses de investigação. Foi aplicado a empresas de elevado crescimento, tendo a escolha destas empresas sido feita porque representavam um conjunto específico do tecido empresarial português que se distingue pelos excelentes desempenhos. A segunda secção apresenta a metodologia seguida no trabalho – metodologia quantitativa através das diferentes fases do sistema das equações estruturais (SEM) – análise factorial exploratária (AFE), análise factorial confirmatória (AFC) e estimação dos modelos de equações estruturais (MEE). A terceira secção serve para explicar a lógica que levou à construção dos modelos estruturais teóricos propostos, as hipóteses de investigação, a escolha das variáveis e a operacionalização dos constructos. 3.2. INSTRUMENTO DE RECOLHA 3.2.1. QUESTIONÁRIO Neste ponto pretende-se explicar o processo que levou à construção de uma base de dados própria, que é necessária para estudar como é que a realidade das lógicas estratégicas em incerteza ambiental é interpretada através das estruturas teóricas propostas. De facto, após a proposição de um modelo teórico interpretativo, a sua validação implica que exista um conjunto de procedimentos que conduza à correcta obtenção da informação. Para isto, Carlos Alberto da Costa Martins 111 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas elabora-se um plano de informação a partir dos modelos e das variáveis presentes na teoria e, que se consubstanciam no questionário. Num segundo momento, a construção da base de dados impõe que sejam inquiridos os decisores das lógicas estratégicas, usando-se o questionário proposto. Assim, nesta secção são explicadas as fases relativas à elaboração do questionário e à selecção da amostra e recolha da informação. Apresentam-se em primeiro lugar as razões justificativas das opções tomadas na tese sobre o questionário, recorrendo-se à literatura e às melhores práticas. Na investigação optou-se por um questionário estruturado e com escalas de Likert de cinco pontos. A elaboração de um questionário é um processo importante e moroso. Segundo AAKER et al. (2001:318), “a construção de um questionário é encarada, com muita propriedade, como uma arte imperfeita”. Sendo assim, os questionários precisam ser planeados para que se possa atingir o objectivo da pesquisa. Como tal, a elaboração do questionário passa por várias etapas. Primeiro define-se qual vai ser a informação a recolher. Depois é necessário seleccionar o tipo de questionário, e o método de recolha de dados. Na investigação utilizou-se um questionário estruturado, pois sendo o objectivo validar proposições teóricas deve-se obter informação homogénea, neste caso, junto do decisor que efectua as escolhas estratégicas. A estrutura de um questionário é o grau de normalização imposto pelo questionário (KINNEAR e TAYLOR, 1991). Quando se quer garantir que todos os inquiridos respondem às mesmas questões, é utilizado um questionário estruturado e directo, o que significa que as questões são apresentadas da mesma forma, e na mesma ordem a todos os respondentes (MOUTINHO et al., 1998). O inquérito por questionário estruturado “oferece as vantagens de homogeneização das respostas, limitação do tempo de inquérito por indivíduo, possibilidade de fazer uma análise estatística quantitativa e a verificação das hipóteses” (SANTOS e NEVES, 2004:185). A partir do modelo e das hipóteses anteriormente enunciadas, assim como dos constructos definidos, planeou-se a informação necessária a recolher, ou seja, identificaram-se os constructos e os itens a incluir no questionário, com o objectivo de garantir a medição das variáveis e a posterior verificação das hipóteses (HILL e HILL, 2000). Os investigadores, de uma forma geral, têm ao seu dispor duas alternativas para a medição dos constructos propostos pela teoria: desenvolver um novo conjunto de escalas ou adoptar escalas desenvolvidas anteriormente. Neste caso foram seleccionadas e adaptadas várias escalas de estudos anteriores. A proposta final do questionário passou por várias fases. Carlos Alberto da Costa Martins 112 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A recolha de dados ocorreu através de questionário. Antes do envio aos inquiridos procedeu-se à sua validade junto de três dirigentes de sectores diferentes (restauração, serviços, e indústria alimentar), para refinar a linguagem e os conceitos utilizados. No constructo dinamismo, os inquiridos consideraram que as questões eram claras, enquanto no constructo complexidade foi recomendado efectuarem modificações na construção dalgumas perguntas. O número de itens foi considerado um pouco longo. Nas decisões estratégicas, foram eliminadas, as questões relativas, à importância de recursos: “qual a importância que atribui aos recursos de marketing/vendas”, “qual a importância que atribui aos recursos de produção/logística”, “qual a importância que atribui aos recursos, de investigação e desenvolvimento de novos produtos/serviços”, dado não serem claramente compreensíveis para os vários inquiridos. A interpretação efectuada era diferente em todos os casos. Após a correcção semântica, e a eliminação dalgumas questões, o questionário foi submetido a cinco empresas que representavam o perfil da amostra. No presente caso foram utilizadas escalas com questões específicas e fechadas. Não aparecem no questionário perguntas de resposta aberta, pois as questões de resposta fechada são mais adequadas ao objectivo de quantificação. Em relação ao problema da medição, é necessário definir as escalas de medida, ou seja, segundo CHURCHILL (1979), definir as regras para atribuir números a objectos para que estes representem quantidades ou atributos nas escalas escolhidas. São associados números às respostas para que estas possam ser analisadas posteriormente por meio de técnicas estatísticas (HILL e HILL, 2000; PESTANA e GAGEIRO, 2003). As questões (escalas) são resultado da aplicação criteriosa e adaptada à população em estudo das escalas propostas pelos diferentes autores. Foi utilizada uma escala de Likert de cinco pontos para medir os itens dos constructos considerados no modelo aqui proposto. A escala de Likert requer que o inquirido indique o seu grau de concordância ou discordância em relação a uma série de afirmações relacionadas com um determinado constructo. Alguns autores defendem a utilização da escala de Likert com sete pontos, pois consideram que uma escala de cinco pontos oferece a quem responde, poucas alternativas de resposta, dando origem a uma pequena diferenciação no sentido de captar as diversas reacções dos inquiridos (ALWIN e KROSNICK, 1991). Afirma-se muitas vezes que a fiabilidade da escala aumenta com o número de pontos que se utiliza (JAHODA et al., 1951, FERGUSON, 1941) contudo alguns autores não identificam nos seus estudos razões suficientes para a Carlos Alberto da Costa Martins 113 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas utilização de escalas de sete pontos (MATELL e JACOBY, 1971; JENKINS e TABER, 1977; ANDREWS, 1984; SCHERPENZEEL e SARIS, 1997). A utilização de cinco pontos na escala de Likert prende-se com a melhor gestão do tempo de recolha e tratamento da informação. Por outro lado, para quem responde ao questionário é mais fácil, um conjunto de opções de 1 a 5, do que um conjunto mais extenso. Assim, prevaleceu a opção por uma escala de cinco pontos, seguindo os exemplos de literatura oportunamente citados. O questionário utilizado é composto por cinco partes. A primeira parte corresponde à identificação da empresa e do seu dirigente. A segunda parte consistiu na avaliação do ambiente na sua componente do dinamismo. Utilizaram-se para avaliar esta dimensão, catorze itens, baseados numa escala de Likert de cinco pontos. A terceira parte consistiu na avaliação da dimensão da complexidade, que se avaliou através de onze itens, baseados numa escala de cinco pontos de Likert. A quarta parte corresponde às decisões estratégicas, onde se incluíram quatro itens relacionados com as escolhas de produto-mercado, tendo sido as mesmas avaliadas por uma escala de Likert de cinco pontos. A última parte, corresponde à avaliação do processo estratégico, tendo o mesmo sido composto, por três grupos de questões relativas a cada lógica estratégica. Incluíram-se nove itens, os quais utilizaram uma escala de cinco pontos de Likert. 3.2.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA A forma como é obtida uma amostra é considerada muito importante, principalmente quando o investigador possui tempo e recursos insuficientes para inquirir todos os indivíduos que potencialmente deveriam estar incluídos no estudo (MOUTINHO et al., 1998; BRYMAN e CRAMER, 2001). Para que se possa obter conclusões válidas, a amostra deve ser representativa. Uma amostra representativa é aquela que constitui um microcosmo da população da qual é extraída, sendo idêntica a essa população, em todos os aspectos. De acordo com a teoria da amostragem estatística, a representatividade de uma amostra é determinada pelo mecanismo utilizado para a seleccionar a partir da população em questão (DIAMANTOPOULOS e SCHLEGELMILCH, 1997). Carlos Alberto da Costa Martins 114 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas População A população para este trabalho, foi escolhida na base de dados da Informa D&B, designadas como empresas de crescimento elevado (ECE) em Portugal, entre o período de 2008-2011, num total de 984 empresas. Os critérios de definição das empresas de crescimento elevado (ECE) são de três tipos. Primeiro, do universo inicial (2008-2011) incluem-se as empresas com obrigatoriedade de apresentação de contas e com balanço nos quatro anos do período; segundo, são excluídos os seguintes sectores: sector financeiro (secção K), sector não empresarial (público e privado), empresas irregulares (com volume de negócios igual a zero, ou de zero empregados em algum ano do período), e empresas iniciadas em 2008 ou dissolvidas em 2011. Finalmente, consideram-se ECE (2008-2011) as empresas do universo inicial, com crescimento médio anualizado de empregados no período (CAGR) superior a 20%, e com um mínimo de dez empregados no início do período de 2008. Ficam excluídas, empresas com fusões no período de 2008-2011 (apenas se considera o crescimento orgânico). A unidade inquirida é os dirigentes de topo (Director Geral/ Gerente/ Presidente), que se entendeu serem aqueles que deveriam dominar a linguagem, e os conceitos estratégicos. Para além disso, devem ter o conhecimento sobre o ambiente competitivo onde a empresa desenvolve a sua actividade, e devem ser aqueles, que podem liderar e coordenar todo o processo de formulação da estratégia. Amostra Numa primeira fase, foram enviados questionários por correio electrónico, e em conjunto com uma carta de apresentação às 984 empresas. Posteriormente foi efectuada uma operação telefónica junto das empresas, que não responderam ao questionário por correio electrónico. Os contactos efectuados ocorreram nas últimas duas semanas de Outubro de 2013, no horário das 10h às 18h dos dias úteis. A recolha de dados foi efectuada pela Contact, empresa especializada no sector de Call Center e de Contact Center. Pela sua experiência e conhecimento, asseguraram a qualidade do serviço. Actualmente gere 139 operações distintas, num total de 13 milhões de interacções, apoiada numa equipa com formação específica de 1300 colaboradores. A equipa afecta à recolha de dados tinha um perfil e experiência garantida pela empresa como o mais adequado ao trabalho. Para além disso, foi assegurada formação a toda a Carlos Alberto da Costa Martins 115 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas equipa de assistentes para o caso concreto, e confirmada a monitorização dos procedimentos adequados de acordo com o modelo de qualidade da ISO 9001:2008. A operacionalização da recolha dos dados utilizou como plataforma técnica, a solução da Contact, suportada ainda pela aplicação QUIZSUITE. A implementação técnica foi dividida em duas componentes: a utilização do Dialer da infra-estrutura, e dum Power e Predictive Dialing. Esta ferramenta permitia efectuar a monitorização em tempo real, possibilitando identificar e aprofundar questões com precisão através do envio de mensagens de correio electrónico, SMS, ou gestão de chamadas durante o preenchimento do questionário. 3.3. METODOLOGIA QUANTITATIVA O método quantitativo seguido neste trabalho para a validação dos modelos teóricos propostos será a metodologia de equações estruturais (SEM), no sentido de testar as hipóteses levantadas. Para concretizar este ponto segue-se a metodologia de Hair et al. (2006) distribuída por várias fases. Nestas fases está incluído o estudo da fiabilidade das escalas, estimação e análise do modelo de medida, e estimação do modelo estrutural. A modelização através de equações estruturais tem sido largamente utilizada nas ciências sociais pois trata-se de um método confirmatório, que oferece aos investigadores um recurso compreensivo para avaliar e alterar modelos conceptuais (HAIR et al., 2006; BOLLEN, 1989; DIAMANTOPOULOS e SIGUAW, 2000; ANDERSON e GERBING 1988; FORNELL, 1987; NUNNALLY, 1978; O’LEARY-KELLY e VOKURKA, 1998), contendo um imenso potencial para o progresso das teorias. O grande benefício da utilização da metodologia de equações estruturais resulta da utilização das construções de medição das variáveis latentes (modelos de medida) em simultâneo com as estruturas explicativas (modelos estruturais), onde cada um desempenha papéis distintos na análise final. Pretendendo-se estimar e validar modelos teóricos, é importante garantir uma correcta interdependência entre os modelos teóricos e os modelos empíricos, pelo que se adopta um procedimento lógico que já deu provas em múltiplos trabalhos de natureza científica. A metodologia de modelos de equações estruturais segue um processo de vários passos, bem resumidos por HAIR et al. (2006) e que é proposta também por vários outros autores (como sejam, ANDERSON e GERBING, 1988; DIAMANTOPOULOS e SIGUAW, 2000; DIAMANTOPOULOS, 1994; GERBING e ANDERSON, 1988; BOLLEN, 1989; EDWARDS e BAGOZZI, 2000). Carlos Alberto da Costa Martins 116 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas As fases da metodologia de HAIR et al. (2006) e que são seguidas na tese são (1) a proposta do modelo teórico, (2) definição das relações causais num diagrama de caminhos, (3) a especificação do modelo, (4) a definição da matriz de dados a utilizar, (5) a análise da identificação do modelo, (6) a estimação e avaliação da qualidade do modelo e por fim, (7) a interpretação do modelo com as respectivas modificações. A primeira fase da metodologia de HAIR et al. (2006) compreende a definição do modelo teórico a ser testado. A conceptualização do modelo preocupa-se com o desenvolvimento das hipóteses teóricas de base, que servem de orientação para a ligação entre as variáveis latentes (variáveis que não são directamente observáveis) umas com as outras e os seus indicadores correspondentes ou variáveis manifestas (variáveis de medida directamente observáveis). Na conceptualização do modelo, as hipóteses que estabelecem as relações entre as variáveis latentes devem ser especificadas. A este nível, o desenvolvimento do modelo foca-se no modelo estrutural e revela o instrumento teórico a ser testado, sendo isto denominado de estimação do modelo estrutural. Devem estar claramente diferenciadas as variáveis exógenas das variáveis endógenas do modelo. Para além disso, o modelo não deve ter variáveis endógenas e/ou exógenas importantes omitidas. A omissão de variáveis críticas resultam em erros de especificação, o que significa que o modelo proposto não representa uma caracterização íntegra da população e das variáveis em estudo. O segundo nível de conceptualização do modelo foca-se no modelo de medida e relaciona-se com a forma como as variáveis latentes são operacionalizadas, a isto denomina-se de análise factorial confirmatória. A segunda fase compõe-se na elaboração do diagrama de caminhos que estabeleça as relações causais. O diagrama de caminhos é mais do que uma exposição visual de relações causais porque permite apresentar, não apenas as relações previstas entre os constructos (relações entre as variáveis dependentes e independentes) mas também as relações associadas (correlações) entre os constructos e os seus indicadores. A terceira fase apoia-se na conversão do diagrama de caminhos num conjunto de equações estruturais que descrevam o modelo e que possibilite a sua estimação. A quarta fase tem a ver com a definição da matriz de dados que se vai empregar. A matriz dos “inputs” pode ser com informação sobre as covariâncias ou sobre as correlações entre as variáveis latentes. Utiliza-se a matriz de covariâncias quando o objectivo é ensaiar uma teoria, desde que as variâncias e as covariâncias satisfaçam as hipóteses da metodologia, ou os dados estejam na forma apropriada para ratificar as relações causais. Quando o Carlos Alberto da Costa Martins 117 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas objectivo é apenas obter os padrões de relacionamento e não é necessário a explicação total da teoria a testar, a matriz de correlações pode ser aceitável. A quinta fase está relacionada com a avaliação da identificação do modelo de equações estruturais. O problema da identificação dos modelos de equações estruturais está ligada ao facto de um modelo que não seja identificado não consegue produzir estimativas únicas. A identificação compara o número de informações independentes presentes, neste caso, na matriz de covariâncias, com o número de coeficientes a estimar. Existem duas regras principais para a identificação dos modelos: as condições de ordem e de característica. O modelo identificado é um modelo com os graus de liberdade iguais a zero. Apesar disto fornecer um ajustamento perfeito do modelo, a solução pode não ser interessante dado não permitir a generalização. Um modelo sobre-identificado é o objectivo pretendido dos modelos de equações estruturais. Existe mais informação nos dados da matriz de covariâncias do que o número de parâmetros a serem estimados, o que significa que existe um número positivo de graus de liberdade, assegurando a generalização do modelo se os indicadores do ajustamento forem aceitáveis. Um modelo que falhe a condição de ordem é considerado sub-identificado, tendo graus de liberdade negativos, o que significa que tenta estimar mais parâmetros do que a informação disponível permite. O modelo não pode ser estimado até que se restrinjam ou se fixem parâmetros. A sexta fase preconiza a estimação e a avaliação da qualidade dos modelos observando-se um conjunto de indicadores estatísticos que vão permitir retirar conclusões a este nível. As medidas da bondade do ajustamento medem a correspondência entre a matriz de inputs actuais ou observados (covariâncias) com a prevista pelo modelo proposto. As medidas da bondade do ajustamento podem ser de três tipos: (1) medidas absolutas do ajustamento, (2) medidas incrementais do ajustamento e (3) medidas parcimoniosas do ajustamento. As medidas absolutas do ajustamento garantem o ajustamento do modelo sem nenhuma adaptação. As medidas incrementais de ajustamento comparam o modelo proposto com outro modelo especificado pelo investigador. As medidas parcimoniosas de ajustamento corrigem as medidas ao prover a comparação entre modelos com diferentes números de coeficientes estimados, com o objectivo de determinar a quantidade de ajustamento obtida por cada coeficiente. E por fim, a sétima fase, realiza-se a interpretação do modelo de equações estruturais, procedendo-se às eventuais modificações do modelo se estas forem necessárias. Dentro das justificações teóricas e relações entre variáveis assumidas, trata-se de utilizar os testes Carlos Alberto da Costa Martins 118 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas de hipóteses sobre os coeficientes, bem como os indicadores de qualidade do ajustamento e redefinir os modelos propondo um outro conjunto de relações. Para AAKER e BAGOZZI (1979), a utilização de variáveis não observáveis em modelos de equações estruturais, e a sua associação com metodologias estatísticas, pode ser visto como uma síntese entre a econometria e a análise factorial exploratória. A diferença que existe entre um modelo de regressão normal e os modelos estruturais, é que neste caso, as variáveis envolvidas são variáveis latentes, sendo cada uma delas, medida por múltiplos indicadores. Modelos de variáveis não observáveis ou variáveis latentes referem-se a modelos que explicitamente incorporam erros de medida na estimação dos parâmetros das equações estruturais e tratam as variáveis observadas ou manifestas, como indicadores subjacentes aos constructos. Quer as variáveis latentes, quer as variáveis manifestas podem conter erros de medição. Contudo, o modelo pode também incorporar erros estruturais, que estão relacionados com os erros nas equações. Assim, os termos de perturbação são de dois tipos: (i) erros de medição das variáveis e (ii) erros estruturais das equações. As relações entre as variáveis latentes e os seus indicadores correspondentes são exibidas por setas com origem na variável latente e fim no indicador. Cada indicador está articulado a um termo de perturbação que incorpora os erros de medição, já que é virtualmente irrealizável medir na perfeição qualquer variável observada. No que diz respeito ao modelo estrutural, cada caminho estrutural revela uma hipótese teórica de base. Os termos de perturbação associados às variáveis endógenas representam erros de equações e indicam que as variáveis dependentes do modelo não estão perfeitamente explicadas pelas variáveis independentes. Certas hipóteses dos modelos podem estar reflectidas na ausência de caminhos. Assim, a falta de setas entre as variáveis exógenas e os termos de perturbação das variáveis endógenas significa que as influências residuais não estão correlacionadas com as variáveis independentes incluídas nos modelos. De forma similar, a ausência de caminhos entre a medida dos erros reflectem a hipótese de que os erros de medida não estão correlacionados. Para as direcções dos caminhos, a regra geral é que a primeira referência subscrita referese à variável alvo e a segunda referência subscrita refere-se à fonte da variável. Esta regra implica que a ordem das referências subscritas importam para as ligações direccionais envolvidas. Carlos Alberto da Costa Martins 119 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas O modelo estrutural confirmatório geral que especifica as relações causais entre os constructos é dado directamente pela expressão matemática de Jöreskog e Sörbom (1984:15): η = Βη + Γξ + ζ (3.3.1.) Onde, η é o vector de m constructos endógenos, ξ é o vector de n constructos exógenos, В é a matriz m×m dos coeficientes que representam os efeitos dos constructos endógenos entre si, Г é a matriz m×n dos coeficientes que representam os efeitos dos constructos exógenos nos constructos endógenos e ζ é o vector dos m termos de perturbação estruturais. A distinção entre os constructos endógenos e exógenos é que os constructos endógenos têm os seus antecedentes causais especificados no modelo em consideração, enquanto as causas dos constructos exógenos estão fora do modelo. Desta forma, a notação das variáveis latentes que são utilizadas nos modelos propostos é apresentada no quadro seguinte. Tabela 6 - Modelos de Medida para as Variáveis Estratégicas e a Notação das variáveis Latentes Modelo Estrutural para a Lógica do Posicionamento Constructos Exógenos Constructos Endógenos Complexidade ξ1 Dinamismo ξ2 Decisões Estratégicas η1 Lógica do Posicionamento η2 Modelo Estrutural para a Lógica da Alavancagem Constructos Exógenos Constructos Endógenos Complexidade ξ1 Dinamismo ξ2 Decisões Estratégicas η1 Lógica da Alavancagem η3 Modelo Estrutural para a Lógica da Oportunidade Constructos Exógenos Constructos Endógenos Complexidade ξ1 Dinamismo ξ2 Decisões Estratégicas η1 Lógica da Oportunidade η4 Fonte: Tabela nossa O primeiro passo na construção de modelos de equações estruturais é propor as construções teóricas relevantes, os seus indicadores e a estrutura ou padrões de relacionamento. Este conjunto de procedimentos denomina-se por especificação. A especificação do modelo envolve a descrição da natureza e o número de parâmetros a serem estimados. Segundo HAIR et al. (2006), DIAMANTOPOULOS e SIGUAW (2000) e BOLLEN (1987) a especificação dos modelos em termos formais é feita através de uma Carlos Alberto da Costa Martins 120 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas série de equações que definem as relações estruturais que relacionam os constructos, a especificação do modelo de medida, dando indicação de quais são as variáveis que medem cada constructo e definir o conjunto de matrizes que indicam qualquer hipótese de correlação entre os constructos ou as variáveis. A especificação dos diferentes modelos propostos está de acordo com a expressão de JÖRESKOG e SÖRBOM (1984) apresentada atrás. Depois de serem identificadas as variáveis latentes relevantes a incluir nos modelos e de se ter especificado a diferenciação entre os diferentes tipos de variáveis deve-se decidir sobre a ordem específica das variáveis endógenas e o número e o sinal esperado das ligações entre as variáveis exógenas e endógenas e entre as próprias variáveis endógenas. A especificação de cada um dos modelos está sintetizada no quadro seguinte. Tabela 7 - Equações dos Modelos Estruturais Modelos Propostos Constructos Constructos Constructos Endógenos Endógenos Exógenos Lógica de η1 = Posicionamento A η2 = Lógica do η1 = Posicionamento B η2 = Lógica da η1 = Alavancagem A η3 = Lógica da η1 = Alavancagem B η3 = Lógica de η1 = Oportunidade A η4 = Lógica de η1 = Oportunidade B η4 = β21η1 γ11ξ1+ γ21ξ2 + ζ1 γ11ξ1+ γ21ξ2 + ζ2 γ11ξ1+ γ21ξ2 + ζ1 + ζ2 γ11ξ1+ γ21ξ2 + ζ1 γ11ξ1+ γ21ξ2 + ζ2 γ11ξ1+ γ21ξ2 + ζ1 + ζ2 γ11ξ1+ γ21ξ2+ + ζ1 γ11ξ1+ γ21ξ2 + ζ2 γ11ξ1+ γ21ξ2+ + ζ1 + ζ2 β21η1 β21η1 β21η1 β21η1 β21η1 Erros Fonte: Tabela nossa Na quarta fase, tem de se definir a matriz de variâncias e covariâncias das variáveis manifestas dos constructos, atendendo aos objectivos da investigação. Note-se que o procedimento do questionário e amostragem é que permite obter a base de dados, que sintetizada nas suas variâncias e covariâncias, vai agora ser utilizada na estimação e validação dos modelos. Nesta fase calcula-se a matriz estimada de variâncias e covariâncias e verifica-se até que ponto se ajusta as variâncias e covariâncias observadas nos modelos. A matriz de variâncias e covariâncias estimada é obtida através da estimação das relações estabelecidas nos modelos teóricos. Carlos Alberto da Costa Martins 121 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Depois da especificação através das equações estruturais e da representação através dos modelos de caminhos é essencial verificar se os modelos propostos são ou não identificados. Na identificação dos modelos, a informação decorrente dos dados é estudada para determinar se é suficiente para a estimação dos parâmetros, isto significa que se deve obter um único valor para os parâmetros especificados dos dados observados e recolhidos. Se o modelo for identificado, então é praticável a estimação dos parâmetros. O modelo é identificado se todos os parâmetros forem identificados. Segundo HAIR et al. (2006), DIAMANTOPOULOS e SIGUAW (2000) e BOLLEN (1987) existem duas regras básicas para a identificação dos modelos: as condições de ordem, e de característica, como já foram referidos. A condição de ordem explica que os graus de liberdade do modelo devem ser iguais ou maiores que zero. A isto vai corresponder, respectivamente, um modelo identificado ou sobre-identificado. A condição de ordem diz que os graus de liberdade do modelo devem ser maiores ou iguais a zero (df ≥ 0). A isto vai corresponder um modelo identificado ou sobre identificado. A condição de ordem é necessária, mas não é suficiente para a identificação do modelo. O modelo também deve obedecer à condição de característica, que requer que se determine algebricamente que cada parâmetro é identificado de forma única. Isto é um processo complexo e de difícil execução, mesmo para modelos simples. A contagem da informação disponível, ou seja, das variâncias e covariâncias das variáveis manifestas dos constructos e dos parâmetros a estimar, permite-nos exprimir a condição de ordem como: ( p + q )( p + q + 1) ≥ t 2 (3.3.2.) Em que p é o número de indicadores endógenos, q é o número de indicadores exógenos e t é o número de parâmetros a estimar. Os graus de liberdade são a diferença das duas quantidades anteriormente apresentadas, na expressão (3.3.2.). Note-se que os modelos recursivos com constructos identificados são sempre identificados. Existem contudo vários tipos de informação que permitem ultrapassar esta questão. Habitualmente utiliza-se a condição de ordem apenas (condição necessária) nos procedimentos empíricos. Conforme HAIR et al. (2006), DIAMANTOPOULOS e SIGUAW (2000), e BOLLEN (1987) são várias as fontes para a existência de problemas de identificação, nomeadamente a existência de um grande número de coeficientes a estimar em relação ao número de dados da matriz de covariâncias, uma grande utilização de efeitos recíprocos e existência de Carlos Alberto da Costa Martins 122 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas imperfeições na fixação das escalas dos constructos. Existe apenas uma forma de resolver problemas de identificação que é definir mais restrições ao modelo, de forma a anular coeficientes a estimar. Neste trabalho de investigação segue-se o pressuposto de ANDERSON e GERBING (1988) que defendem que a modelização de equações estruturais deve ser feita através de dois modelos conceptuais distintos: a análise factorial ou modelo de medida confirmatório e o modelo estrutural confirmatório ou modelo estrutural. O modelo de medida específica as relações das medidas observadas com os constructos subjacentes. O modelo estrutural especifica as relações causais entre os constructos, de acordo com a teoria e com os seus indicadores. Apesar de existirem soluções e programas estatísticos que permitem fazer a estimação dos dois tipos de modelos em simultâneo, ANDERSON e GERBING (1988) consideram que existe vantagem em estimar os modelos separadamente, quer ao nível de testar teorias, quer ao nível de assegurar a validade dos constructos. A utilização em conjunto do modelo de medida com o modelo estrutural condiciona a compreensão da validade confirmatória. Isto porque, o modelo de medida providencia a confirmação da validade convergente e discriminante. Ao aceitar-se a validade convergente e discriminante, o teste ao modelo estrutural constitui a confirmação da validade nomológica. A validade da medida, segundo O’LEARY-KELLY e VOKURKA (1998), depende do grau em que a variância dessa medida é imputada a variações apenas da variável e não a qualquer outro factor. Isto é, para que a medida seja válida, a variância da medida deve reflectir apenas a variância atribuída ao constructo e apenas a esse constructo. Estabelecer as componentes de validade de uma medida envolve dois elementos: a validade convergente e a validade discriminante. As medidas não devem ter apenas uma validade convergente mas, também uma validade discriminante. A validade convergente é baseada na correlação entre cada um dos itens e o respectivo constructo. A validade discriminante é determinada ao mostrar que a medida não está altamente correlacionada com qualquer outra medida com a qual ela deveria diferir claramente. A validade convergente diz respeito ao grau em que diferentes métodos de medir a variável latente providenciam o mesmo resultado. A hipótese subjacente é que se a medida for válida, levará aos mesmos resultados quando utilizados diferentes métodos. Se os resultados falharem na convergência, isso sugere que as variações nos dados serão em parte pela diferença nos métodos mas também pela falha na validade da medida. A validade Carlos Alberto da Costa Martins 123 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas discriminante é definida, segundo CHURCHILL (1979), como a extensão em que as medidas são de facto específicas e não apenas um reflexo de quaisquer outras variáveis. A validade convergente e discriminante de um modelo de medida, segundo BENTLER (1978), constitui um traço de validade confirmatória e os testes a um modelo estrutural constituem uma validade nomológica confirmatória. Seguem-se mais alguns procedimentos para seleccionar e aceder aos itens finais que se utilizam para os constructos relevantes. Primeiro realiza-se uma análise factorial exploratória a todas as variáveis manifestas, no sentido de verificar se, para a realidade em causa, é preferível manter as escalas sem nenhum tipo de ajustamento, ou pelo contrário, é necessário proceder à eliminação de itens. Isto em resultado do conceito da unidimensionalidade que envolve o estabelecimento de um conjunto de indicadores empíricos relacionados com apenas uma variável latente. Depois é feita uma análise da fiabilidade aos itens através da análise do coeficiente Alfa de Cronbach. Existem duas condições implícitas para estabelecer a unidimensionalidade de uma variável latente: os indicadores empíricos devem estar significativamente associados à variável latente subjacente, e devem estar associados apenas com essa variável (HAIR et al., 2006; ANDERSON e GERBING, 1988). Qualquer que seja a medida, esta deve satisfazer estas duas condições para ser considerada unidimensional. Segundo O’LEARY-KELLY e VOKURKA (1998), existem dois métodos comuns para verificar a unidimensionalidade da medida. Esses métodos são a análise factorial exploratória e a análise factorial confirmatória. A análise factorial, de uma forma geral, examina as combinações lineares entre os indicadores empíricos e, como estes se relacionam com as variáveis latentes subjacentes. Sob a análise factorial exploratória, as associações entre os indicadores empíricos e as variáveis latentes não estão predefinidas. Na análise factorial confirmatória essas associações estão especificadas. A fiabilidade é a medida da consistência interna de um conjunto de itens de um constructo. Está inversamente relacionada com o grau em que a medida se encontra contaminada com erros. Segundo PETERSON (1994), apesar de ter algumas limitações, o coeficiente Alfa de Cronbach (α) continua a ser a medida da fiabilidade de uma escala mais utilizada nos estudos empíricos. Também HAIR et al. (2006) propõe a utilização deste indicador. Este coeficiente vai resultar directamente das hipóteses dos modelos amostrais a estudar. Um baixo coeficiente Alfa de Cronbach (α) indica que o conjunto dos itens actua pobremente na captação da construção que motivou a medida. Ao contrário, um alto valor para o coeficiente Carlos Alberto da Costa Martins 124 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Alfa de Cronbach (α) traduz que os itens estão altamente correlacionados com as verdadeiras classificações. O grau de aceitação de um indicador de fiabilidade é função da proposta de pesquisa, isto é, depende se é uma pesquisa exploratória ou aplicada. Para além disso, segundo PETERSON (1994), nenhuma recomendação para os valores dos indicadores tem uma base empírica, uma justificação teórica ou qualquer processo analítico racional. A recomendação mais seguida para os valores dos indicadores de fiabilidade é a de NUNNALLY (1978). Este autor recomenda como valores mínimos para os indicadores de fiabilidade, nomeadamente o coeficiente Alfa de Cronbach (α) em pesquisas aplicadas, os valores de 0,7 são tidos como um indicador razoável, os valores de 0,8 são tidos como um bom indicador e os valores de 0,9 são considerados como um indicador excelente. Contudo, tratando-se de outro tipo de pesquisas os valores alteram-se, isto é, um valor para o coeficiente Alfa de Cronbach (α) de 0,7 será um indicador excelente numa pesquisa preliminar, e o valor de 0,8 será considerado excelente para uma pesquisa básica. O método da análise factorial confirmatória envolve um procedimento de vários passos e a estimação dos seus parâmetros individuais. Assumindo que as medidas observadas seguem uma distribuição normal multivariada, a aceitação estatística total do modelo que resulte de uma análise factorial confirmatória, é testada através do teste do qui-quadrado (χ2). A hipótese nula do teste diz que a matriz de covariâncias estimada é idêntica à matriz de covariâncias da população. Uma das críticas que se faz ao teste do qui-quadrado é que este teste é muito sensível à dimensão da amostra, principalmente para amostras superiores a 200 observações. Como tal, deve ser complementado com outros indicadores. Os modelos de equações estruturais podem ser utilizados para testar e desenvolver teorias, através do modelo de factores comuns, ou podem ser utilizados para fazer previsões através do modelo das componentes principais. Esta distinção e as suas implicações dizem respeito à escolha do método de estimação subjacente ao modelo. Essa escolha vai recair sobre o método de máxima verosimilhança (ML) ou o método de mínimos quadrados generalizados (GLS), se se utilizar o modelo de factores comuns ou, recair sobre a estimação por mínimos quadrados parciais (PLS) se se utilizar o modelo das componentes principais. Para testar e desenvolver teoria, a abordagem através do método da máxima verosimilhança (ML), a abordagem adoptada neste trabalho, ou o método de mínimos quadrados generalizados (GLS) é preferível (DIAMANTOPOULOS e SIGUAW, 2000; HAIR et al., 2006; BOLLEN, 1987). Carlos Alberto da Costa Martins 125 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A estimação dos modelos é a fase seguinte e que permite a análise à qualidade dos ajustamentos. O modelo encontra-se bem ajustado quando a matriz de covariâncias implícita é equivalente à matriz de covariância dos dados observados (HAIR et al., 2006; DIAMANTOPOULOS e SIGUAW, 2000; BOLLEN,1987). Esta equivalência é analisada com vários indicadores estatísticos. 3.3.1. ANÁLISE FACTORIAL EXPLORATÓRIA A análise factorial possibilita organização do modo como os sujeitos interpretam e os analisam, indicando a forma como se encontram relacionados entre si. Para PESTANA E GAGEIRO (2003) esta análise permite ver até que ponto diferentes variáveis têm subjacente o mesmo conceito (factor). Para nos certificarmos da relação das variáveis ao conceito, que deram origem aos factores, podem ser validadas através da correlação existente entre eles. O critério de 5 sujeitos por variável, ou no mínimo 100 no total devem ser garantidos. O objectivo final desta análise consiste na redução de variáveis, a factores que permitam avaliar os construtos latentes (factores). A análise factorial exploratória, procurou estabelecer a relação entre as variáveis definidas, sem determinar em que medida os resultados destas se ajustam a um determinado modelo. Utilizou se o método da análise das componentes principais (ACP) como método estatístico multivariado, que permitiu transformar um conjunto de dados inicialmente não relacionados entre si, noutro subconjunto menor de variáveis, designados componentes principais. O número de componentes foi escolhido baseado com base na variância das componentes (eigenvalues) superiores a 1. Foi utilizado para o efeito o software SPSS 20.0. Os dados obtidos, foram avaliados quanto, à confiabilidade das escalas, às comunalidades, à variância extraida por factor, utilizando os testes de Bartlett, e o Alfa de Cronbach, averiguando-se ainda as correlações inter itens e item-total (tabela 8). Tabela 8 - Variáveis dos critérios das Medidas Estatisticas Medida Comunalidade Alfa de Cronbach Teste de esfericidade de Bartlett Correlação inter itens Correlação item-total Carga factorial (loadings para amostras até n = 200) Valor mínimo esperado 0,40 0,70 p<0,05 0,30 0,50 0,4 Fonte: Tabela nossa Para uma melhor análise destas medidas pode ser necessário rodar os constructos. O método de rotação dos factores pode ser diverso optando-se neste trabalho pela rotação Carlos Alberto da Costa Martins 126 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Varimax. Este método minimiza o número de variáveis com pesos elevados num factor. Consideram-se significativos os itens que apresentem pesos (loadings) maiores ou iguais a 0,5. 3.3.2. ANÁLISE FACTORIAL CONFIRMATÓRIA Frequentemente, a análise factorial confirmatória (AFC) serve para confirmar a estrutura factorial obtida na análise factorial exploratória, numa mesma amostra, tendo sido esta a metodologia seguida neste trabalho. A AFC compara os resultados obtidos com aqueles que constituem a hipótese (PESTANA e GAGEIRO, 2003). Esta análise será utilizada para validar a medida do modelo de mensuração, constituído por variáveis latentes, e variáveis observáveis para cada construto (PILATI e LAROS, 2007). A análise factorial confirmatória será realizada com o software Amos 16.0 onde se avaliam os testes do modelo de mensuração parcial relativo a cada construto, para posteriormente ser elaborado o modelo de mensuração geral. 3.3.3. MODELO DE EQUAÇÕES ESTRUTURAIS (MEE) Para a concretização da utilização do MEE (SEM em inglês) foram garantidos os procedimentos a seguir referidos. A construção do MEE foi fundamentada em aspectos teóricos, que fundamentou o desenho do modelo. A especificação do modelo cuidou da especificação das medidas utilizadas para aferir as variáveis latentes, definiu as relações entre as variáveis exógenas e endógenas (modelo estrutural). E finalmente, foram acautelados o método de estimação e os índices da qualidade de ajustamento. O MEE procura replicar um conjunto de dados por meio da imposição de parâmetros nas matrizes, as quais representam relações teóricas definidas na pesquisa. Esta característica distingue o MEE ou SEM, doutras técnicas de análise multivariada. Estas características exigem que no MEE as medidas utilizadas sejam de boa qualidade psicométrica, e sejam baseadas em modelos teóricos sólidos de modo a se poderem estabelecer as relações pré definidas apropriadamente. A técnica do MEE está relacionada com a capacidade de estabelecer relações causais entre os constructos e as suas medidas. Segundo PILATI e LAROS (2007) a noção de causalidade está directamente associado à lógica de imposição das relações estabelecidas previamente pelo investigador. Esta relação não implica causalidade antes, significa uma relação preditiva ou de determinação. Isto transforma a especificação do modelo numa das questões mais relevantes, que segundo Carlos Alberto da Costa Martins 127 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas HOX e BECHEGER (1998), deve representar uma adequada combinação de elementos teóricos e evidências empíricas. Os construtos representam assim, variáveis não directamente observáveis (latentes), que se podem avaliar mediante itens observáveis. Estas relações explicativas entre variáveis, podem ser unidireccionais, (KAPLAN, 1995) e traduzidas mediante o peso factorial. Nos modelos de equações estruturais podemos encontrar variáveis exógenas, que originam setas unidireccionais e que são conhecidas como variáveis preditores, ou independentes. No caso de mediação observam-se variáveis que recebem e originam, ou seja, estamos perante variáveis que são simultaneamente endógenas e exógenas. Para lá da definição das variáveis, é importante definir a a sua característica geral. De acordo com KLINE (2011) podemos encontrar dois tipos básicos. A escolha pelo modelo recursivo significa que estamos perante um modelo onde não existe setas de retorno unidireccional entre as variáveis endógenas e exógenas. A especificação do modelo implica a definição das relações entre as variáveis latentes e, as variáveis observáveis, e as relações entre as variáveis latentes. A identificação do modelo, exige a sua tradução num modelo matemático. A submissão dos dados a um modelo de MEE exige o cumprimento de determinados pressupostos. O primeiro trata-se do cumprimento da normalidade da distribuição das variáveis (univariada e multivariada). O método mais utilizado é o da máxima verossimilhança (MV). O segundo critério respeita aos casos omissos ou faltosos, e as suas implicações na estimação do modelo estrutural. A estimação dos valores omissos é essencial para garantir a homogeneidade do cálculo da matriz das correlações e covariâncias. De acordo com Hair et al. (2009) as medidas de ajustamento dos modelos podem ser efectuadas através de medidas de ajustamento absoluto ou incremental. Das medidas de ajustamento absoluto, as mais comuns foram que são utilizadas, são a Qui quadrado, a estatística Qui quadrado proporcional aos graus de liberdade, e a raiz do erro quadrático médio de aproximação (RMSEA). Como medidas de ajustamento incremental foram utilizadas o indice de ajustamento comparativo (CFI), o índice Tucker Lewis (TLI), e o índice IFI. Os critérios de mensuração utilizados para avaliação da qualidade de ajustamento constam da tabela 9. Carlos Alberto da Costa Martins 128 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 9 - Critérios das Medidas Estatisticas Medida χ² χ²/GL CFI TLI IFI RMSEA Valor esperado Um valor p acima de α <3 >0,900 >0,900 >0,900 <0,100 Fonte: Tabela nossa 3.4. CONSTRUÇÃO LÓGICA DOS MODELOS CONCEPTUAIS E HIPÓTESES DE INVESTIGAÇÃO A utilização de equações estruturais é a metodologia adequada para medir e avaliar as relações propostas pelo modelo. Esta metodologia permite confirmar as relações propostas entre constructos endógenos e exógenos e admite inter-relações entre os próprios constructos exógenos. O interesse dos modelos de equações estruturais (MEE) na estimação de modelos de lógicas estratégicas em incerteza ambiental, é o de permitir articular variáveis que não são observáveis, ditas variáveis latentes, como é o caso de todas as variáveis utilizadas no modelo proposto. Na utilização desta metodologia parte-se de um quadro teórico, para que as especificações, as modificações ou as avaliações das relações de causa-e-efeito no modelo, possam ser fundamentadas. Assim, cada constructo ou variável latente é medido por um conjunto de itens, incluídos num questionário, aplicado a uma amostra do universo em estudo. Esse conjunto de itens resulta da revisão da literatura académica sobre a problemática do trabalho. No que diz respeito aos constructos que medem a incerteza ambiental espera-se que o dinamismo e a complexidade influenciem positivamente a escolha das lógicas estratégicas mas em valores diferentes. Isto é, os impactos causados pela incerteza ambiental, esperamse que sejam diferentes em cada uma das lógicas estratégicas seguidas. Assim, começando pelos constructos da incerteza ambiental desenvolvem-se as seguintes hipóteses de pesquisa apresentadas nos modelos conceptuais (Ilustração 13 e Ilustração 14). A diferença entre o modelo conceptual A e B prende-se com a existência ou não da relação directa entre a complexidade e o dinamismo face à escolha da lógica estratégica. Carlos Alberto da Costa Martins 129 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Lógica de Posicionamento A lógica de posicionamento de acordo com BINGHAM e EISENHARDT (2008) e BINGHAM et al. (2011) corresponde a uma escolha apropriada para ambientes estáveis. Estes ambientes são caracterizados, por um baixo dinamismo e complexidade (DUNCAN, 1972) donde, apresentam baixa incerteza. Considerando o que foi dito, desenvolvem-se as seguintes hipóteses de pesquisa apresentadas nos modelos conceptuais seguintes (Ilustração 13 e Ilustração 14). Ilustração 13 - Modelo Conceptual A proposto para a Lógica de Posicionamento Ilustração 14 - Modelo Conceptual B proposto para a Lógica do Posicionamento Carlos Alberto da Costa Martins 130 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas O dinamismo traduz alterações em termos de frequência, ritmo (HAUSCHILD et al., 2011) e amplitude da mudança (VOLBERDA e BRUGGEN, 1997). Como os ambientes estáveis estão relacionados com a lógica estratégica de posicionamento (BINGHAM e EISENHARDT, 2008; BINGHAM et al., 2011), mudanças frequentes de produtos, necessidades de clientes, modificações tecnológicas relevantes ou alterações competitivas não se encontram em conformidade com este comportamento estratégico. Tambem para MILES et al. (1978), os comportamentos defensivos estão associados a mercados estáveis e com limitadas ofertas de produtos e serviços. O ambiente pode determinar o desenvolvimento de produtos e de mercados, condicionando assim a estratégia de conhecimento (knowledge strategy). REVILLA et al. (2008) entendem que quando o dinamismo e complexidade são baixos a estratégia de conhecimento necessária ao desenvolvimento de novos produtos deve ser de “exploitation”, enquanto se o ambiente se tornar mais dinâmico e instável, a escolha deverá ser duma estratégia de conhecimento de “exploration”. Acrescenta que quanto maior for o nível de complexidade, maior é o nível de aplicação de conhecimento existentes, o que requer a necessidade de integrar conhecimentos e experiencias passadas. Níveis intermédios de dinamismo e complexidade, exigem combinações de conhecimentos (exploit-exploration) diferenciados para o desenvolvimento de produtos. ZAHRA (1993) encontrou uma relação negativa entre as atitudes empreendedoras e os ambientes estáticos, enquanto TAN e TAN (2005) identificaram uma relação positiva entre o dinamismo e o comportamento prospector. Daí concluirmos que: H1a: Espera-se que o dinamismo influencie menos positivamente a lógica do posicionamento. H1b: Espera-se que o dinamismo influencie menos positivamente as decisões estratégicas. HARRINGTON e KENDALL (2006) demonstraram que organizações com ambientes mais complexos adoptam comportamentos mais conservadores. HARRINGTON (2005) analisando os modelos de decisão, considerou que em ambientes de baixa complexidade e de baixo dinamismo (estável), os processos de decisão eram lineares e individualistas, enquanto a formulação da estratégia recorria a modelos deliberados e racionais. Neste sentido KUKALIS (1991) refere que quanto maior é a complexidade percebida maior é a necessidade e a abrangência do planeamento e da estratégia formal (ODOM e BOXX, 1988). Carlos Alberto da Costa Martins 131 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas HREBINIAK e JOYCE (1984) consideram que em ambientes altamente heterogéneos, onde existe uma variedade de escolhas, em termos de mercados, fornecedores, clientes, é requerida uma análise sistemática e racional e uma monitorização de longo prazo. Esta necessidade de monitorização do ambiente é maior quando a incerteza ambiental é maior (CHOO, 2003). JOGARATNAN (2002) evidenciou que quando o ambiente é mais hostil as empresas escolhem opções mais conservadoras, evitando a inovação e o risco. A dificuldade de percepção conduz à permanência nos mercados actuais, e a investir nos actuais produtos, dada a importância da eficiência nestas circunstâncias (MILES et al., 1978). H2a: Espera-se que a complexidade influencie menos positivamente a lógica do posicionamento. H2b: Espera-se que a complexidade influencie menos positivamente as decisões estratégicas. Relativamente, às decisões estratégicas, estas também podem exercer a sua influência na escolha das lógicas estratégicas. Assim, desenvolve-se mais um conjunto de hipóteses adicionais que se prendem com essa influência. As decisões de produtos-mercados de acordo com MILES et al. (1978) para posturas conservadoras e para ambientes estáveis vão no sentido de possuírem um número limitado de produtos e agirem num limitado e consolidado conjunto de mercados. Como refere MILLER (1987) quando as organizações enfrentam ambientes mais estáveis a taxa de inovação é menor, dado a incerteza percebida ser menor. Existindo uma preocupação com a eficiência e na elaboração de produtos/serviços padrão. CONANT et al. (1990) ao estudarem o comportamento dos defensores, verificaram que tinham menos capacidade de analisar o mercado, tendo isso consequência nos resultados. SLATER e NARVER (1993) reconhecem que os defensores procuram criar domínios estáveis protegendo intensamente os seus produtos-mercados. LANG et al. (2014:60) entendem que os comportamentos defensivos não estimulam “a busca de novas oportunidades fora dos seus domínios”. Donde, H3: As decisões estratégicas relacionadas com os produtos e os mercados influenciam menos positivamente a escolha da lógica de posicionamento. Carlos Alberto da Costa Martins 132 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Lógica de Alavancagem A lógica de alavancagem de acordo com BINGHAM e EISENHARDT (2008) e BINGHAM et al. (2011) corresponde a uma escolha adequada para ambientes de incerteza moderada. Esta variabilidade ambiental, corresponde a níveis diferentes de combinações de dinamismo e complexidade. Considerando o que foi dito, desenvolvem-se as seguintes hipóteses de pesquisa apresentadas nos modelos conceptuais seguintes (Ilustração 15 e Ilustração 16). Ilustração 15 - Modelo Conceptual A proposto para a Lógica da Alavancagem Ilustração 16 - Modelo Conceptual B proposto para a Lógica da Alavancagem Carlos Alberto da Costa Martins 133 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Esta postura pelas características apontada pelos autores, é similar à postura dos analistas de MILES et al. (1978). Nestas circunstâncias encontramos organizações com perfis de seguidores e, nunca de pioneiros. Estes procuram preservar os produtos e mercados onde actuam, mas também procuram novas soluções, desde que se tenham demonstrado viáveis. A escolha de comportamentos de imitação (MACEDO e BATTAGLIA, 2012) considera se uma fonte de adaptação às variações do ambiente, tratando-se quer de cópia de produtos, processos ou modelos de gestão inovadores (AMIT e ZOTT, 2012). As soluções de adaptação criativa segundo SCHNAARS (1997), são escolhas adoptadas por seguidores antecipados ou, por retardatários, sendo esta opção a escolhida caso a complexidade do conhecimento envolvido seja menor. A imitação representa ainda para RIVKIN (2000) uma forma de se acompanharem as grandes mudanças ambientais com menor risco. Daqui se formula as seguintes hipóteses: H4a: Espera-se que o dinamismo influencie moderadamente a lógica da alavancagem. H4b: Espera-se que o dinamismo influencie moderadamente as decisões estratégicas. H5a: Espera-se que a complexidade influencie moderadamente a lógica de alavancagem. H5b: Espera-se que a complexidade influencie moderadamente as decisões estratégicas. Os analistas, para MILES et al. (1978), procuram combinar em simultâneo, actuações nos seus domínios, e actuar em novos mercados e produtos após estes terem demonstrado a sua viabilidade. MILLER (1987) entende que quando ocorrem em simultâneo estratégias de inovação, com opções de conservação de domínios de produtos, clientes e áreas geográficas, são exigidas mais capacidades organizacionais. Acresce que quando ocorrem desenvolvimento de novos produtos, ou a imitação de existentes, isto pode gerar novos e turbulentos segmentos de mercado. LANG et al. (2014) conclui no seu estudo, que a maioria dos responsáveis das organizações estudadas, se encontram em ambientes de incerteza moderada, os quais optam por oferecer serviços que foram já bem-sucedidos noutras instituições. Quer GULINI (2005) e PAZINI et al. (2011) nos seus trabalhos consideram que comportamentos analistas se caracterizam por escolherem produtos estáveis, só escolhendo inovações quando estas já provaram garantirem resultados. Daí, Carlos Alberto da Costa Martins 134 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas H6: As decisões estratégicas relacionadas com os produtos e os mercados influenciam moderadamente a escolha da lógica de alavancagem. Lógica de Oportunidade A lógica de oportuinidade corresponde na tipologia de BINGHAM e EISENHARDT (2008) e BINGHAM et al. (2011) a uma escolha adequada a ambientes dinâmicos. Nestes ambientes os níveis de complexidade e dinamismo, são elevados, daí serem de maior incerteza. Considerando o que foi dito para a lógica da oportunidade, desenvolvem-se as seguintes hipóteses de pesquisa apresentadas nos modelos conceptuais seguintes (Ilustração 17 e Ilustração 18). Ilustração 17 - Modelo Conceptual A para a Lógica de Oportunidade Ilustração 18 - Modelo Conceptual B proposto para a Lógica de Oportunidade Carlos Alberto da Costa Martins 135 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas JABNOUN et al. (2003) considera que o dinamismo se encontra positivamente associado à inovação, proactividade e ao risco, enquanto TAN e TAN (2005) encontraram uma relação positiva do dinamismo com a orientação empreendedora. MILES et al. (1978), MILLER e FRIESEN (1983) e WALKER et al. (2003) estabelecem uma relação entre a incerteza percebida, e a escolha de estratégias proactivas. Desta forma os responsáveis procuram antecipar eventos e adoptar medidas preventivas. BUCHKO (1994) refere que, perante contextos altamente incertos as organizações adoptam posturas inovadoras, proactivas e com risco. Nesta sequência Miles et al. (1978) entendem que as estratégias prospectoras, correspondem aos comportamentos mais adequados a ambientes instáveis e de elevada incerteza. LUMPKIN e DESS (2001) consideraram que em ambientes dinâmicos, a orientação com melhores resultados, eram aquelas que apresentavam características na orientação empreendedora, de proactividade. Assim, H7a: Espera-se que o dinamismo influencie mais positivamente a lógica de oportunidade. H7b: Espera-se que o dinamismo influencie mais positivamente as decisões estratégicas. MILLER (1987) indica que as escolhas baseadas em complexas inovações, estão associadas à introdução de novos produtos, decorrentes de novas oportunidades emergentes nos mercados. Estas escolhas estão associadas a estratégias de diferenciação (PORTER, 1980) e a comportamentos prospectores (HAMBRICK, 1982; MILES et al. 1978). Daí que, H8a: Espera-se que a complexidade influencie mais positivamente a lógica de oportunidade. H8b: Espera-se que a complexidade influencie mais positivamente as decisões estratégicas. Os comportamentos que retractam a lógica de oportunidades, correspondem ao que MILES et al. (1978) caracteriza como prospectores. As organizações deste tipo procuram oportunidades, em ambientes dinâmicos. Promovem a inovação de produtos, e o desenvolvimento de mercados. Exploram continuamente as mudanças ambientais em busca de novas oportunidades. As competências de mercado segundo SLATER e NARVER (1993), são particularmente úteis neste contexto. Carlos Alberto da Costa Martins 136 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas LUMPKIN e DESS (2001) acentuam o papel da proactividade nesta orientação estratégica, como forma de aproveitarem e responderem as oportunidades emergentes dos mercados, e como correspondendo ao modo de actuação adequado em ambientes de alto dinamismo. O dinamismo ambiental origina respostas diferentes dos decisores face ao aumento da incerteza. Estas diferenças de interpretação encontram-se traduzidas na amplitude da oferta de produtos, e na variedade de clientes e das áreas geográficas onde actuam, como já foi discutido por CHANDLER (1962), RUMELT (1974) e PORTER (1980). Os estudos sobre competências têm confirmado que as organizações que perseguem estratégias prospectoras possuem melhores competências de mercado (SHORTELL e ZAJAC, 1990; VELIYATH e SHORTELL, 1993). SLATER e NARVER (1993) reconheceram que as organizações que procuram explorar novas oportunidades através do desenvolvimento de produtos-mercados eram aqueles que adoptavam comportamentos proactivos. Donde, H9: As decisões estratégicas relacionadas com os produtos e os mercados influenciam mais positivamente a escolha da lógica de oportunidade. Por fim, para todos os modelos levanta-se uma hipótese suplementar que se prende com a co-variância que possa existir entre os constructos da incerteza ambiental. HSup: O dinamismo e a complexidade estão correlacionadas. 3.5. ESCALAS E OPERACIONALIZAÇÃO DOS CONSTRUCTOS As variáveis propostas no modelo teórico são constructos, ou seja, não são directamente observáveis, pelo que se impõe a clarificação das dimensões e escalas usadas na sua definição. O desenvolvimento do processo de medição dos diferentes constructos a serem utilizados no modelo teórico proposto, segue as recomendações de CHURCHILL (1979) e de BOLLEN (1989), identificando as dimensões ou as variáveis latentes que representam os constructos a medirem: dinamismo, complexidade, decisões estratégicas e lógicas estratégicas. As decisões estratégicas consideram duas variáveis fundamentais do domino do negócio – a variável denominada neste trabalho como produto, e como segmentos (problema Carlos Alberto da Costa Martins 137 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas empreendedor). Nas lógicas estratégicas considera-se três variáveis – posicionamento, alavancagem e oportunidades. De seguida foi necessário definir indicadores (itens) baseados nas afinidades teóricas prévias e especificar as relações entre os indicadores e os constructos. Desta forma, faz-se uma revisão à literatura sobre os itens considerados importantes para medição dos constructos relativos ao modelo proposto. A partir da revisão da literatura foram seleccionadas um conjunto de itens para medir os constructos teóricos propostos nos modelos. Foram colocados no inquérito, para a recolha da informação, os itens sobre o dinamismo que se apresentam na tabela 10, e que resultaram da revisão da literatura. Dinamismo Tabela 10 - Variaveis do dinamismo Constructo DIN1 DIN2 DIN3 DIN4 DIN5 DIN6 DIN7 DIN8 DIN9 DIN10 DIN11 DIN12 DIN13 DIN14 Itens O grau de correcção de anteriores previsões tem mudado muito nos últimos 3 anos O poder do cliente tem mudado muito nos últimos 3 anos Têm surgido novos produtos/serviços com frequência nos últimos 3 anos Quando ocorrem mudanças na oferta de produtos/serviços são radicais As condições económicas globais têm influenciado o mercado nos últimos 3 anos As necessidades dos nossos potenciais clientes têm mudado muito nos últimos 3 anos Quando ocorrem mudanças nas necessidades dos clientes essas são radicais A agressividade dos nossos concorrentes tem mudado com frequência nos últimos 3 anos Os nossos parceiros e fornecedores têm mudado muito de actuação nos últimos 3 anos A regulamentação do sector tem mudado com frequência nos últimos 3 anos Quando ocorrem mudanças na legislação são radicais A tecnologia envolvida com as nossas actividades tem mudado muito nos últimos 3 anos As mudanças tecnológicas têm sido muito radicais Os aspectos sociais e culturais que influenciam o nosso mercado têm mudado muito nos últimos 3 anos Fonte: Tabela nossa O dinamismo foi mensurado mediante as contribuições teóricas de VOLBERDA e BRUGGEN (1997), LUMPKIN e DESS (2001) e CARVALHO (2011). Foi considerado que este constructo deveria ser avaliado em múltiplas dimensões, de acordo com os autores atrás citados. Entendeu-se que o dinamismo é explicado através da frequência, velocidade, amplitude e irregularidade da mudança. Utilizou se para o efeito, uma escala de Likert com cinco posições, que variam de total discordância (1) a concordância total (5). A frequência da mudança ficou retratada nos seguintes itens: (DIN2) - O poder do cliente tem mudado muito nos últimos 3 anos; (DIN3) - Têm surgido novos produtos/serviços com frequência nos últimos 3 anos; (DIN5) - As condições económicas globais têm influenciado o mercado nos últimos 3 anos; (DIN6) - As necessidades dos nossos potenciais clientes têm Carlos Alberto da Costa Martins 138 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas mudado muito nos últimos 3 anos; (DIN8) - A agressividade dos nossos concorrentes tem mudado com frequência nos últimos 3 anos; (DIN9) - Os nossos parceiros e fornecedores têm mudado muito de actuação nos últimos 3 anos; (DIN10) - A regulamentação do sector tem mudado com frequência nos últimos 3 anos; (DIN12) - A tecnologia envolvida com as nossas actividades tem mudado muito nos últimos 3 anos; (DIN14) Os aspectos sociais e culturais que influenciam o nosso mercado têm mudado muito nos últimos 3 anos. A amplitude da mudança, ficou representada nos seguintes itens: (DIN4) - Quando ocorrem mudanças na oferta de produtos/serviços são radicais; (DIN7) - Quando ocorrem mudanças nas necessidades dos clientes, essas são radicais; (DIN11) - Quando ocorrem mudanças na legislação, são radicais; (DIN13) - As mudanças tecnológicas têm sido muito radicais. Na última dimensão do dinamismo procurou incluir-se as irregularidades ou descontinuidades. Como se referiu na revisão da literatura, o consenso entre os autores era limitado, existindo uma maioria que integram esta dimensão nas duas anteriores. Mantivemos a opção na sua separação, ficando a mesma representada por um item: (DIN1) - O grau de correcção de anteriores previsões tem mudado muito nos últimos 3 anos. A informação contida no questionário sobre o conceito da complexidade é apresentada na tabela 11. Carlos Alberto da Costa Martins 139 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 11 - Variáveis da Complexidade Complexidade Constructo COM1 COM2 COM3 COM4 COM5 COM6 COM7 COM8 COM9 COM10 COM11 Itens A diversidade de fornecedores e das suas ofertas tem aumentado Existe uma grande diversidade de oferta de produtos substitutos A evolução da tecnologia no sector exige elevadas capacidades técnicas e intelectuais Uma decisão no nosso mercado influencia um variado número de factores É difícil entender como evoluem as necessidades e interesses dos nossos clientes É difícil obter informações sobre os nossos segmentos para tomar decisões É necessário avaliar mais factores externos para se tomar uma decisão estratégica Precisamos sempre de despender grandes esforços para entender os factores externos que influenciam a nossa empresa No nosso mercado há muitos e diferentes produtos/serviços a serem oferecidos com características e preços diferenciados Muitas vezes precisamos de tomar decisões sem saber que resposta se irá receber dos clientes, concorrentes Factores importantes para a tomada de decisão estão muito dispersos (grande numero de concorrentes, fornecedores, e tipos de clientes) Fonte: Tabela nossa As variáveis utilizadas para recolher informação sobre a complexidade foram baseadas em contribuições de VOLBERDA e BRUGGEN (1997), SHARFMAN e DEAN (1991), CANNON e ST. JOHN (2007), e de CARVALHO (2011). Com base na revisão da literatura entendeu-se distinguir duas dimensões na complexidade. Por um lado o número e a diversidades de factores envolvidos, e por outro, pelas suas inter relações e pela ambiguidade. Utilizou-se para o efeito uma escala de Likert com cinco posições, que variam de total discordância (1) a concordância total (5). Para a avaliação do número e da diversidade de factores foram considerados os seguintes itens: (COM1) - A diversidade de fornecedores e das suas ofertas tem aumentado; (COM2) Existe uma grande diversidade de oferta de produtos substitutos; (COM4) - Uma decisão no nosso mercado influencia um variado número de factores; (COM9) - No nosso mercado há muitos e diferentes produtos/serviços a serem oferecidos com características e preços diferenciados; (COM11) - Factores importantes para a tomada de decisão estão muito dispersos (grande numero de concorrentes, fornecedores, e tipos de clientes) A dimensão da inter-relação e da ambiguidade dos factores ficaram manifestadas nos seguintes itens: (COM3) - A evolução da tecnologia no sector exige elevadas capacidades técnicas e intelectuais; (COM5) - É difícil entender como evoluem as necessidades e interesses dos nossos clientes; (COM6) - É difícil obter informações sobre os nossos segmentos para tomar decisões; (COM7) - É necessário avaliar mais factores externos para se tomar uma decisão estratégica; (COM8) - Precisamos sempre de despender grandes esforços para entender os factores externos que influenciam a nossa empresa; (COM10) - Carlos Alberto da Costa Martins 140 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Muitas vezes precisamos de tomar decisões sem saber que resposta se irá receber dos clientes, concorrentes. As decisões estratégicas que são consideradas no modelo como variáveis moderadoras No caso das decisões estratégicas ligadas aos produtos/mercados foram considerados quatro itens para a sua medição, apresentados na tabela 12. Tabela 12 - Variaveis das Decisões Estratégicas Decisõe s Estratég icas Constructo DE1 DE2 DE3 DE4 Itens Tem entrado em novos segmentos Tem ocorrido muitas alterações nas necessidades dos clientes Tem alterado muito a sua carteira de produtos/serviços Tem aumentado a variedade de oferta de produtos/serviços Fonte: Tabela nossa As decisões estratégicas ficaram representadas pelas escolhas relativas a segmentos de mercado e de produtos, que se consideraram ser as mais comuns entre a visão estática (PORTER, 1985; 1996; HAMBRICK e FREDICKSON, 2001; MAGRETTA, 2012; COLLIS e RUKSTAD, 2008) e, a visão dinâmica (EISENHARDT e SULL, 2002; CHAKRAVARTHY, 1997; BINGHAM e EISENHARDT, 2008; BINGHAM et al., 2011; HAGEL III et al., 2008; MCGRATH, 2012). Incluíram nesta dimensão os seguintes itens: (DE1) - Tem entrado em novos segmentos; (DE2) - Tem ocorrido muitas alterações nas necessidades dos clientes; (DE3) - Tem alterado muito a sua carteira de produtos/serviços; (DE4) - Tem aumentado a variedade de oferta de produtos/serviços. Por fim, o processo estratégico pode ser de três tipos distintos obedecendo a uma lógica de posicionamento, a uma lógica de alavancagem ou ainda a uma lógica de oportunidades. Assim, foram considerados três itens para cada uma das variáveis das lógicas estratégicas apresentadas na tabela 13. Carlos Alberto da Costa Martins 141 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 13 - Variáveis das Lógicas Estratégicas Lógica de Oportunidade Lógica de Alavancagem Lógica de Posicionament o Constructo Itens POSIC1 Fundamento a vantagem competitiva através da escolha duma posição atraente no sector. POSIC2 Inicio o processo, estudando o ambiente externo e os sectores. POSIC3 A protecção da vantagem competitiva concretiza-se através da defesa e fortificação do posicionamento escolhido. ALAV1 Inicio o processo, analisando e concentrando-se nos recursos internos da empresa. ALAV2 Fundamento a vantagem competitiva alavancando os recursos e capacidades existentes a outros mercados ou produtos. ALAV3 A protecção da vantagem competitiva concretiza-se, mediante a concentração nos recursos e capacidades, escassos, raros e difíceis de imitar. OPOR1 Inicio o processo, explorando a confusão dos mercados. OPOR2 Fundamento a vantagem competitiva na exploração das oportunidades emergentes. OPOR3 A protecção da vantagem competitiva concretiza-se, através da promoção contínua de movimentos rápidos e da experimentação. Fonte: Tabela nossa Como variável dependente foram escolhidas as lógicas estratégicas formuladas por BINGHAM e EISENHARDT (2008) nos seus mais recentes trabalhos. A sua utilização representa uma inovação dentro da investigação, o que acarreta dificuldades em termos de comparabilidade com outros estudos e resultados. Utilizou se para o efeito uma escala de Likert com cinco posições, que variam de total discordância (1) a concordância total (5). Enquanto para referencial teórico, e dada a ausência de critérios utilizados, foi usada a proposta feita por Eisenhardt e Sull (2002), onde se apontavam os tipos de lógicas estratégicas e, os passos estratégicos. Esta contribuição determinou a configuração dos três grupos de questões por lógica estratégica. A lógica do posicionamento integrou os seguintes itens: (POSIC1) - Inicio o processo, estudando o ambiente externo e os sectores; (POSIC2) - Fundamento a vantagem competitiva através da escolha duma posição atraente no sector; (POSIC3) - A protecção da vantagem competitiva concretiza-se através da defesa e fortificação do posicionamento escolhido. A lógica da alavancagem integrou os seguintes itens: (ALAV1) - Inicio o processo, analisando e concentrando-se nos recursos internos da empresa; (ALAV2) - Fundamento a vantagem competitiva, alavancando os recursos e capacidades existentes a outros Carlos Alberto da Costa Martins 142 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas mercados ou produtos; (ALAV3) - A protecção da vantagem competitiva, concretiza-se, mediante a concentração nos recursos e capacidades, escassos, raros e difíceis de imitar. A lógica da oportunidade integrou os seguintes itens: (OPOR1) - Inicio o processo, explorando a confusão dos mercados; (OPOR2) - Fundamento a vantagem competitiva na exploração das oportunidades emergentes; (OPOR3) - A protecção da vantagem competitiva concretiza-se através da promoção contínua de movimentos rápidos e da experimentação. A obtenção de resultados empíricos obedece à metodologia sugerida por HAIR et al. (2006). Em todo o capítulo é realizada uma síntese da metodologia à medida que se obtêm os resultados, explicando-se as opções tomadas e a avaliação dos resultados obtidos. Carlos Alberto da Costa Martins 143 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Carlos Alberto da Costa Martins 144 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 4. RESULTADOS 4.1. INTRODUÇÃO Caracterização das ECE As empresas de crescimento elevado (ECE) representam um conjunto de empresas (984) com rápido crescimento quer ao nível do emprego, quer em termos de volume de negócio. No período considerado de 2008-2011, representam 0,3% do tecido empresarial. Durante este período as ECE foram responsáveis pela criação de 10% do emprego em Portugal, dado terem aumentado 158%, o seu número de empregados e de terem aumentado o seu volume de negócios em 71% (Ilustração 19). Ilustração 19 - Taxa de Crescimento das Empresas de Crescimento Elevado (ECE). (Informa D&B, 2013) As ECE, de acordo com os critérios, são tipologicamente consideradas todas aquelas empresas que apresentam um crescimento orgânico médio anual de empregados superiores a 20% durante 3 anos consecutivos, e tenham no mínimo 10 empregados no início do período analisado (Tabela 14). Carlos Alberto da Costa Martins 145 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 14 - Caracteristicas do Tecido Empresarial e das ECE Tecido Empresarial ECE 2008 2.766.489 39.339 2011 2.392.761 101.598 2008 352.923.749 4.665.218 2011 299.317.257 7.996.330 2008 60.001.690 998.163 2011 61.988.442 1.948.770 Nº de Empregados Volume de Negócios (M€) Exportações (M€) Fonte: Informa D&B – Barómetro Empresarial Agosto de 2013 No período de 2008 – 2011, as ECE criaram conjuntamente 70 093 postos de trabalho o que correspondeu a 10% do novo emprego criado no período (Tabela 15). Tabela 15 - Evolução do Tecido Empresarial e das ECE Variação Liquida Criação de Emprego Volume de Negócio Volume das Exportações Tecido Empresarial 718067 - 53.606.492 1.986.752 ECE 70093 3.331.112 950.607 Fonte: Informa D&B – Barómetro Empresarial Agosto de 2013 As ECE caracterizam-se por terem um crescimento rápido, em especial pela variação liquida observada no volume de negócios (71%) e nas exportações (95%). O crescimento observado nas ECE encontra-se manifestado em todos os sectores (Tabela 16). Carlos Alberto da Costa Martins 146 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 16 - Dinâmica Sectorial do Tecido Empresarial-vs-ECE (2008-2011) Nº ECE Variação do Nº Empregados (%) Tecido Empresarial ECE Serviços 240 -10% 200% Transportes 59 -8% 169% Alojamento e Restauração 69 -12% 165% Actividades Imobiliárias 13 -25% 165% Telecomunicações 42 7% 150% Agricultura, pecuária, pesca, caça 28 -4% 139% Retalhista 90 -8% 132% Industria Transformadora 191 -16% 131% Grossista 78 -13% 128% Gás Electricidade e Águas 15 5% 122% Construção 157 -27% 107% 2 -22% 100% 984 -14% 158% Industrias Extractivas Total Fonte: Informa D&B – Barómetro Empresarial Agosto de 2013 A evolução das ECE nos períodos analisados pela Informa D&B foi apresentada no quadro seguinte (Tabela 17). Tabela 17 - Evolução das ECE Nº ECE Nº Novos % de ECE no Tecido % de criação de emprego Empregos Empresarial no período 2002-2009 1353 82647 0,5% 9,1% 2007-2010 1167 81271 0,4% 9,6% 2008-2011 984 70093 0,3% 9,8% Fonte: Informa D&B – Barómetro Empresarial Agosto de 2013) Perante estes valores podemos concluir que apesar de se observar uma diminuição do número de ECE no período considerado, logo resultou daí um decréscimo de criação de emprego, contudo apesar da criação de emprego tem sido ligeiramente menor ao longo dos vários períodos já observados. Como refere o Barómetro da Informa D&B (2013), as ECE apesar de serem em número reduzido são relevantes no estímulo que trazem à economia nacional. Não se distinguem do restante tecido empresarial português nem pela distribuição geográfica, nem pelos sectores em que desenvolvem a sua actividade, nem pela antiguidade nos negócios. Carlos Alberto da Costa Martins 147 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Estas empresas distinguem-se, porque desenvolvem a sua actividade melhor do que as restantes empresas, e porque aumentam rapidamente o seu número de empregados, o seu volume de negócios e as suas exportações. 4.2. ANÁLISE DA ESTATÍSTICA DESCRITIVA DOS DADOS Na análise descritiva utilizou se as medidas de tendência central, enquanto no tratamento posterior dos dados, se recorreram a técnicas estatísticas multivariadas, nomeadamente a análise factorial exploratória, e análise factorial confirmatória, e a modelos de equações estruturais. Como medida de tendência central, utilizou-se a média enquanto como medida de dispersão foi utilizado o desvio padrão. A média corresponde aos valores da variável estatística dividida pelo número de observações. O desvio padrão, como medida de dispersão revela a dispersão dos dados em torno da média. A assimetria e a curtose servem para confirmar a normalidade da distribuição. A assimetria em distribuições muito assimétricas, serve para interpretar os dados em desfavor da média. A assimetria quando varia entre -2 a 2, leva à não rejeição da simetria. Nos casos dos valores assumirem resultados maiores de 2, ou menores de 2, dizem-se assimétricas positivas ou negativas. KLINE (2005) considera que valores de assimetria até 2, consideram-se normais, enquanto se o valor for superior a 3 considera-se um valor extremo. A curtose pode variar até 7 para ser considerada normal, enquanto se este valor for de 8, é considerado extremo. Nos quadros seguintes apresentam os valores obtidos na média, desvio-padrão, assimetria e curtose, para as variaveis utilizadas (Tabela 18). Carlos Alberto da Costa Martins 148 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 18 - Estatística descritiva das variáveis do dinamismo Dinamismo Média D. Padrão Assimetria Valor DIN1 3,69 1,009 -,692 Erro Padrão ,187 DIN2 4,08 ,920 -,846 DIN3 3,52 1,023 DIN4 2,92 DIN5 Curtose Valor ,337 Erro Padrão ,373 ,185 ,361 ,368 -,247 ,185 -,434 ,368 ,923 ,209 ,185 -,089 ,369 4,41 ,864 -1,405 ,185 1,362 ,368 DIN6 3,7 ,999 -,480 ,186 -,360 ,369 DIN7 3,09 ,954 ,070 ,186 -,205 ,370 DIN8 3,72 ,997 -,508 ,186 -,163 ,370 DIN9 3,52 ,929 -,150 ,186 -,435 ,369 DIN10 3,38 1,134 -,379 ,187 -,431 ,371 DIN11 3,31 1,059 -,109 ,187 -,586 ,371 DIN12 3,39 1,084 -,325 ,185 -,609 ,368 DIN13 3,10 ,992 ,115 ,185 -,378 ,368 DIN14 3,48 ,996 -,503 ,186 -,043 ,369 Fonte:Tabela nossa. Das variáveis do dinamismo, aquelas que apresentam maiores valores de assimetria, são a DIN5 e DIN2, enquanto relativo á curtose os maiores valores encontram-se na DIN5 e DIN12. De acordo com os valores estabelecidos, são considerados normais valores até 2 na assimetria, e até 7 na curtose. Carlos Alberto da Costa Martins 149 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 19 - Estatística descritiva das variáveis da complexidade Média D. Padrão Assimetria Valor COM1 3,32 1,032 -,340 Erro Padrão ,186 COM2 3,37 1,014 -,246 ,186 -,301 ,370 COM3 3,67 ,988 -,399 ,186 -,382 ,369 COM4 3,70 ,932 -,516 ,186 ,228 ,369 COM5 3,16 1,062 -,052 ,185 -,446 ,368 COM6 3,19 ,991 -,054 ,185 -,410 ,368 COM7 4,01 ,937 -,844 ,185 ,343 ,368 COM8 3,48 ,970 -,069 ,185 -,796 ,368 COM9 3,58 1,010 -,408 ,186 -,263 ,369 COM10 3,77 ,907 -,616 ,185 -,087 ,368 COM11 3,64 ,939 -,438 ,186 -,109 ,370 Complexidade Curtose Valor -,217 Erro Padrão ,369 Fonte:Tabela nossa. Das variáveis da complexidade, aquelas que apresentam maiores valores de assimetria, são a COM7 e COM10, enquanto relativo á curtose o maior valor encontra-se na COM8. De acordo com os valores estabelecidos, são considerados normais valores até 2 na assimetria, e até 7 na curtose (Tabela 19). Tabela 20 - Estatística descritiva das variáveis das decisões estratégicas Decisões Estratégicas Assimetria Valor Média D. Padrão DE1 3,62 1,154 -,541 Erro Padrão ,186 DE2 3,49 1,020 -,330 DE3 3,22 1,100 DE4 3,41 1,091 Curtose Valor -,512 Erro Padrão ,369 ,186 -,440 ,369 -,264 ,186 -,549 ,369 -,518 ,186 ,140 ,369 Fonte:Tabela nossa. Os valores obtidos nas decisões estratégicas consideram-se todos normais, dado na assimetria e na curtose apresentarem valores até 2, e até 7, respectivamente (Tabela 20). Carlos Alberto da Costa Martins 150 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 21 - Estatística descritiva das variáveis da lógica de posicionamento Lógica de Posicionamento Média POSIC1 3,88 D. Padrão ,773 POSIC2 3,89 POSIC3 3,89 Assimetria Valor -,413 Erro Padrão ,186 ,805 -,286 ,805 -,272 Curtose Valor ,365 Erro Padrão ,369 ,186 -,118 ,369 ,185 -,141 ,368 Fonte:Tabela nossa. Tabela 22 - Estatística descritiva da lógica de alavancagem Lógica de Alavancagem Média D. Padrão Assimetria Valor ALAV1 4,02 ,772 -,657 Erro Padrão ,185 ALAV2 3,73 ,920 -,454 ALAV3 3,77 ,941 -,435 Curtose Valor -,630 Erro Padrão ,369 ,187 ,451 ,371 ,187 -,262 ,373 Fonte:Tabela nossa. Tabela 23 - Estatística descritiva da lógica de oportunidade Lógica de Oportunidade Média D. Padrão Assimetria Valor OPOR1 3,22 1,125 -,261 Erro Padrão ,186 OPOR2 3,90 ,850 -,572 OPOR3 3,72 ,960 -,623 Curtose Valor -,630 Erro Padrão ,69 ,186 ,451 ,371 ,186 ,161 ,369 Fonte:Tabela nossa. Os valores das tabelas anteriores, relativas às lógicas estratégicas (Tabelas 21-23), apresentam todos valores de assimetria inferiores a 2, enquanto de curtose os valores são igualmente inferiores a 7, o que permite afirmar que são quase normais (FINNEY e DISTEFANNO, 2006). Carlos Alberto da Costa Martins 151 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 4.2.1. ANÁLISE FACTORIAL EXPLORATÓRIA Dinamismo A tabela 24, apresenta a correlação, e o índice de comunalidade entre as variáveis do construto da complexidade. A complexidade foi caracterizada inicialmente por 14 variáveis que reflectiam as várias dimensões resultantes da pesquisa teórica. Tabela 24 - Correlação e comunalidades do dinamismo Correlação DIN1 DIN2 DIN3 DIN4 DIN1 1,000 ,212 ,111 ,126 DIN2 ,212 1,000 ,182 DIN3 ,111 ,182 DIN4 ,126 DIN5 DIN5 DIN6 DIN7 DIN8 DIN9 DIN10 DIN11 DIN12 DIN13 DIN14 Comunalidades ,182 -,027 -,007 ,062 ,101 ,219 ,111 ,069 -,019 ,204 ,641 ,097 ,278 ,266 ,005 ,298 ,194 ,097 ,104 ,090 ,044 ,106 ,505 1,000 ,333 ,181 ,231 ,253 ,253 ,166 ,045 ,035 ,207 ,196 ,097 ,575 ,097 ,333 1,000 ,010 ,279 ,432 ,178 ,189 ,112 ,295 ,363 ,398 ,151 ,661 ,182 ,278 ,181 ,010 1,000 ,112 -,055 ,232 ,075 ,056 -,038 -,023 -,012 ,058 ,540 DIN6 -,027 ,266 ,231 ,279 ,112 1,000 ,507 ,426 ,354 ,201 ,154 ,416 ,350 ,299 ,637 DIN7 -,007 ,005 ,253 ,432 -,055 ,507 1,000 ,216 ,310 ,073 ,249 ,338 ,355 ,320 ,733 DIN8 ,062 ,298 ,253 ,178 ,232 ,426 ,216 1,000 ,423 ,310 ,120 ,318 ,302 ,157 ,662 DIN9 ,101 ,194 ,166 ,189 ,075 ,354 ,310 ,423 1,000 ,230 ,133 ,192 ,237 ,343 ,621 DIN10 ,219 ,097 ,045 ,112 ,056 ,201 ,073 ,310 ,230 1,000 ,559 ,266 ,271 ,275 ,730 DIN11 ,111 ,104 ,035 ,295 -,038 ,154 ,249 ,120 ,133 ,559 1,000 ,262 ,299 ,300 ,657 DIN12 ,069 ,090 ,207 ,363 -,023 ,416 ,338 ,318 ,192 ,266 ,262 1,000 ,834 ,286 ,820 DIN13 -,019 ,044 ,196 ,398 -,012 ,350 ,355 ,302 ,237 ,271 ,299 ,834 1,000 ,286 ,838 DIN14 ,204 ,106 ,097 ,151 ,058 ,299 ,320 ,157 ,343 ,275 ,300 ,286 ,286 1,000 ,542 Fonte:Tabela nossa. Das correlações observadas a quase totalidade dos itens apresentam valores abaixo dos valores considerados mínimos. Para HAIR et al. (2006), o índice de comunalidade das diferentes variáveis, só devem ser mantidos aquelas que tiverem valores superiores a 0,5. Em conformidade com estes valores, seleccionaram-se os itens DIN12 e DIN13. Carlos Alberto da Costa Martins 152 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A tabela 25, mostra a extracção de factores com base na análise das componentes principais (ACP), utilizando o critério de Kaiser. Para este método e, segundo o critério de Kaiser devem manter se os valores próprios superiores a 1. Tabela 25 - Variância explicada do dinamismo Variância total explicada Valores próprios (eighenvalues) Factor Total % da variância % Acumulada 1 2 1,843 ,157 92,167 7,833 92,167 100,000 Carga (loadings) % da Total variância 1,843 92,167 Fonte:Tabela nossa. A tabela 26, apresenta o teste de Bartlett e a medida de adequação da amostra de KMO. Tabela 26 - Teste de adequação do dinamismo Teste de Bartlett e medida KMO Medida de adequação da amostra de KMO ,500 Qui-quadrado Teste de esfericidade de Bartlett 210,536 GL 1 Sig ,000 Fonte:Tabela nossa. A confiabilidade da escala foi avaliada pela análise das correlações inter itens, correlação item-total e do alfa de Cronbach. A tabela 27, apresenta o índice de comunalidade, a medida de adequação da amostra, as cargas do factor extraído, as correlações para cada um dos indicadores e, a análise do Alfa de Cronbach em caso das exclusões dos itens da escala. Tabela 27 - Indices extraidos para as variaveis do dinamismo Correlação DIN12 DIN13 Correlação item total DIN12 1,000 ,843 ,843 DIN13 ,843 1,000 ,843 Comunalidade Carga no factor ,922 ,922 ,960 ,960 Alfa de Cronbach se o item for excluido - Fonte:Tabela nossa. As duas variáveis resultantes, apresentam coeficientes de correlação acima do mínimo de 0,3. Os valores da correlação do item total encontram-se igualmente acima do mínimo de 0,5. O Alfa de Cronbach estimado de 0,500 encontra-se no valor mínimo aceitável. Carlos Alberto da Costa Martins 153 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Complexidade A tabela 28, apresenta a correlação, e o índice de comunalidade entre as variáveis do construto da complexidade. A complexidade foi caracterizada inicialmente por 14 variáveis que reflectiam as várias dimensões resultantes da pesquisa teórica. Tabela 28 - Correlação e comunalidades da complexidade Correlação COM1 COM2 COM3 COM4 COM5 COM6 COM7 COM8 COM9 COM10 COM11 Comunalidades COM1 1,00 ,624 ,175 ,188 ,195 ,113 ,086 ,202 ,191 ,080 ,088 ,154 COM2 ,624 1,00 ,277 ,208 ,241 ,130 ,172 ,135 ,311 ,145 ,234 ,234 COM3 ,175 ,277 1,00 ,372 ,131 ,081 ,211 ,259 ,377 ,075 ,210 ,206 COM4 ,188 ,208 ,372 1,00 ,152 ,206 ,364 ,189 ,236 ,386 ,238 ,278 COM5 ,195 ,241 ,131 ,152 1,00 ,531 ,316 ,466 ,273 ,287 ,307 ,393 COM6 ,113 ,130 ,081 ,206 ,531 1,00 ,396 ,467 ,303 ,376 ,383 ,429 COM7 ,086 ,172 ,211 ,364 ,316 ,396 1,00 ,491 ,289 ,359 ,332 ,422 COM8 ,202 ,135 ,259 ,189 ,466 ,467 ,491 1,00 ,447 ,411 ,315 ,514 COM9 ,191 ,311 ,377 ,236 ,273 ,303 ,289 ,447 1,00 ,348 ,350 ,422 COM10 ,080 ,145 ,075 ,386 ,287 ,376 ,359 ,411 ,348 1,00 ,388 ,389 COM11 ,088 ,234 ,210 ,238 ,307 ,383 ,332 ,315 ,350 ,388 1,00 ,375 Fonte:Tabela nossa. Das correlações observadas a maioria apresentam valores abaixo dos valores considerados mínimos. Para HAIR et al. (2009), o índice de comunalidade das diferentes variáveis, só devem ser mantidos aquelas que tiverem valores superiores a 0,5. Em conformidade só teríamos a variável COM8, contudo decidiu-se manter em benefício prático, as restantes variáveis que se aproximavam deste valor, como, COM6, COM7, e COM9. Carlos Alberto da Costa Martins 154 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A tabela 29, mostra a extracção de factores com base na análise das componentes principais, utilizando o critério de Kaiser. Tabela 29 - Variância explicada da complexidade Variância total explicada Valores próprios (eigenvalues) Factor Total Carga (loadings) % da variância % Acumulada 1 2,193 54,831 54,831 2 ,735 18,369 73,200 3 ,628 15,689 88,889 4 ,444 11,111 100,000 Total 2,193 % da variância 54,831 Fonte:Tabela nossa. Dos dados obtidos concluiu-se que das variáveis iniciais da complexidade resultaram de acordo com os critérios definidos num factor, que explica 54,831% da variância dos dados. A tabela 30, apresenta o teste de Bartlett e a medida de adequação da amostra de KMO. Tabela 30 - Teste de adequação da complexidade Teste de Bartlett e medida KMO ,755 Medida de adequação da amostra de KMO Teste de esfericidade de Bartlett Qui-quadrado 510,472 GL 55 Sig ,0000 Fonte:Tabela nossa. A confiabilidade da escala foi avaliada pela análise das correlações inter itens, correlação item-total e do alfa de Cronbach. A tabela 31, apresenta o índice de comunalidade, as cargas do factor extraído, as correlações para cada um dos indicadores e, a análise do Alfa de Cronbach em caso das exclusões dos itens da escala. Carlos Alberto da Costa Martins 155 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 31 - Índice extraídos para as variáveis da complexidade Correlação COM6 COM7 COM8 COM9 Alfa de Cronbach se o item for excluído Correlação item total COM6 1,000 ,377 ,441 ,286 ,468 ,684 COM7 ,377 1,000 ,504 ,301 ,509 ,660 COM8 ,441 ,504 1,000 ,456 ,630 ,585 COM9 ,286 ,301 ,456 1,000 ,439 ,702 Comunalidade ,495 ,553 ,691 ,454 Carga no factor ,703 ,744 ,831 ,700 Fonte:Tabela nossa. As quatro variáveis resultantes, assumem coeficientes de correlação acima do mínimo de 0,3, com uma única excepção de COM9 com o valor de 0,286. Os valores da correlação do item total encontram-se acima do mínimo de 0,5, com a excepção de COM6 e COM9. A variância explicada por cada uma das quatro variáveis, excedeu o valor mínimo de 0,5, com a excepção de COM6 que assume um valor muito próximo do mínimo, enquanto COM9 se encontra mais afastada. O Alfa de Cronbach estimado de 0,721 encontra-se amplamente acima do necessário, confirmando a desnecessidade da exclusão qualquer das variáveis do construto. Decisões Estratégicas A tabela 32 apresenta as correlações iniciais, e o índice de comunalidade relativas às decisões estratégicas. Tabela 32 - Correlação e Comunalidades das decisões estratégicas Correlação DE1 DE2 DE3 DE4 Comunalidades DE1 1,000 ,346 ,494 ,456 ,518 DE2 ,346 1,000 ,451 ,377 ,438 DE3 ,494 ,451 1,000 ,758 ,785 DE4 ,456 ,377 ,758 1,000 ,726 Fonte:Tabela nossa. Dos valores obtidos nas correlações o valor mais baixo corresponde à variável DE2, a qual apresenta igualmente um valor no índice de comunalidade inferior ao mínimo desejável. Por esta razão, entendeu-se recomendável a sua extracção. A tabela 33 representa o processo de extracção dos factores através do método ACP. Para este método e, segundo o critério de Kaiser devem manter se os valores próprios superiores a 1. Carlos Alberto da Costa Martins 156 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 33 - Variância explicada das decisões estratégicas Variância total explicada Valores próprios (eighenvalues) Factor % da variância Total Carga (loadings) % Acumulada % da variância 1 2,150 71,663 71,663 2 ,609 20,314 91,977 3 ,241 8,023 100,000 71,663 % Acumulada 71,663 Fonte:Tabela nossa. Do exposto resulta um único factor que inclui as três variáveis representantes do construto, explicando 71,663% da variância dos dados. A tabela 34 apresenta para as decisões estratégicas, o teste de Bartlett e a medida de adequação da amostra de KMO. Tabela 34 - Testes de adequação das decisões estratégicas Teste de Bartlett e medida KMO Medida de adequação da amostra de KMO ,721 Teste de esfericidade de Bartlett Qui-quadrado 233,545 GL 6 Sig ,000 Fonte:Tabela nossa. O valor obtido na medida de adequação da amostra, é considerada razoável, permitindo o teste de Bartlett rejeitar a hipótese nula de não haver correlação entre as variáveis iniciais. A tabela 35, apresenta os valores que permitem avaliar a confiabilidade da escala, nomeadamente o índice de comunalidade, a medida de adequação da amostra, as cargas do factor extraído, as correlações para cada um dos indicadores e, a análise do Alfa de Cronbach em caso das exclusões dos itens da escala. Tabela 35 - Índices extraídos para as variáveis das decisões estratégicas Correlação DE1 DE3 DE4 Correlação item total Alfa de Cronbach se o item for excluído DE1 1,000 ,494 ,456 ,506 ,862 DE2 ,494 1,000 ,758 ,729 ,626 DE3 ,456 ,758 1,000 ,698 ,661 Comunalidade ,547 ,815 ,788 Carga no factor ,739 ,903 ,888 Fonte:Tabela nossa. Carlos Alberto da Costa Martins 157 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas As correlações inter itens apresentam todas valores superiores a 0,3, o mesmo acontecendo na correlação item total, cujo menor valor, foi de 0,506. O Alfa de Cronbach que traduz a confiabilidade da escala foi 0,796, o que revela que a exclusão de qualquer das variáveis não acrescentaria melhorias. Lógica do Posicionamento A tabela 36, apresenta as correlações iniciais, e o índice de comunalidade relativas à lógica de posicionamento. Tabela 36 - Correlação e comunalidades da lógica de posicionamento Correlação POSIC1 POSIC2 POSIC3 Comunalidades POSIC1 1,000 ,493 ,432 ,631 POSIC2 ,493 1,000 ,493 ,685 POSIC3 ,432 ,493 1,000 ,631 Fonte:Tabela nossa. O valor mínimo obtido nas correlações foi de 0,432, enquanto os índices de comunalidade explicam acima de 0,631% da variância. Todos estes valores, se encontram acima do mínimo aceitável. A tabela 37, apresenta o processo de extracção de factores realizado pelo método de componentes principais. O factor único extraído pelo critério de Kaiser, logo com valores superiores a 1, explica 64,885% da variância dos dados. Tabela 37 - Variância explicada da lógica de posicionamento Variância total explicada Valores próprios (eighenvalues) Factor Total % da variância % Acumulada 1 1,947 64,885 64,885 2 ,568 18,921 83,806 3 ,486 16,194 100,000 Carga (loadings) % da variância 64,885 % Acumulada 64,885 Fonte:Tabela nossa. Carlos Alberto da Costa Martins 158 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A tabela 38, apresenta o teste de Bartlett e a medida de adequação da amostra de KMO. Tabela 38 - Testes de adequação da lógica de posicionamento Teste de Bartlett e medida KMO Medida de adequação da amostra de KMO ,680 Teste de esfericidade de Bartlett Qui-quadrado 104,004 GL 3 Sig ,000 Fonte:Tabela nossa. O valor obtido no teste de validade da amostra para a lógica de posicionamento, foi de 0,680 o que é considerado um valor razoável, concluindo pela rejeição da hipótese nula. A tabela 39, apresenta o índice de comunalidade, a medida de adequação da amostra, as cargas do factor extraído, as correlações para cada um dos indicadores e, a análise do Alfa de Cronbach em caso das exclusões dos itens da escala. Tabela 39 - Índices extraídos para as variáveis da logica de posicionamento Correlação POSIC1 POSIC2 POSIC3 Correlação item total Alfa de Cronbach se o item for excluido POSIC1 1,000 ,493 ,432 ,536 ,661 POSIC2 ,493 1,000 ,493 ,583 ,603 POSIC3 ,432 ,493 1,000 ,536 ,660 Comunalidade ,631 ,685 ,631 Carga no factor ,794 ,828 ,794 Fonte:Tabela nossa. Dos valores encontrados para a correlação item total, o menor valor obtido foi de 0,53, encontrando-se acima do mínimo desejável. O Alfa de Cronbach foi de 0,729, o que revela que qualquer exclusão das variáveis utilizadas para o construto, não traria melhorias. Lógica da Alavancagem A tabela 40, apresenta as correlações iniciais, e o índice de comunalidade relativas à lógica de alavancagem. Tabela 40 - Correlação e comunalidades da lógica de alavancagem Correlação ALAV1 ALAV2 ALAV3 Comunalidades ALAV1 1,000 ,385 ,351 ,595 ALAV2 ,385 1,000 ,335 ,579 ALAV3 ,351 ,335 1,000 ,541 Fonte:Tabela nossa. Carlos Alberto da Costa Martins 159 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Os valores obtidos na matriz de correlações, são todos superiores a 0,335, enquanto o índice mínimo de comunalidade foi de 0,541, donde se conclui que todos os valores se encontram acima do mínimo de 50%. A tabela 41, apresenta o processo de extracção de factores realizado pelo método de componentes principais. O factor único extraído pelo critério de Kaiser, explica 57,156% da variância dos dados. Tabela 41 - Variância explicada da lógica de alavancagem Variância total explicada Valores próprios (eigenvalues) Factor % da variância Total Carga (loadings) % Acumulada 1 1,715 57,156 57,156 2 ,672 22,403 79,559 3 ,613 20,441 100,000 % da variância 57,156 % Acumulada 57,156 Fonte:Tabela nossa. A análise resultante da tabela 42, permite concluir que a confiabilidade do índice KMO, sendo de 0,646 é considerada razoável. Tabela 42 - Testes de adequação da lógica de alavancagem Teste de Bartlett e medida KMO Medida de adequação da amostra de KMO Teste de esfericidade de Bartlett ,646 Qui-quadrado 56,296 GL 3 Sig ,000 Fonte:Tabela nossa. A confiabilidade da escala foi avaliada pela análise das correlações inter itens e correlação item-total e do Alfa de Cronbach. A tabela 43, apresenta ainda o índice de comunalidade, a medida de adequação da amostra, as cargas do factor extraído, e as correlações para cada um dos indicadores e, a análise do Alfa de Cronbach em caso das exclusões dos itens da escala. Carlos Alberto da Costa Martins 160 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 43 - Índices extraídos para as variáveis da lógica de alavancagem Correlação ALAV1 ALAV2 ALAV3 Correlação item total Alfa de Cronbach se o item for excluido ALAV1 1,000 ,385 ,351 ,450 ,502 ALAV2 ,385 1,000 ,335 ,434 ,512 ALAV3 ,351 ,335 1,000 ,411 ,550 Comunalidade ,595 ,579 ,541 Carga no factor ,771 ,761 ,736 Fonte:Tabela nossa. Apesar das correlações inter item, assumirem em todos os casos valores acima do considerado aceitável, o mesmo não ocorre nas correlações item total, cujo valor mais elevado foi de 0,450. Contudo o Alfa de Cronbach estimado foi de 0,619, o que traduz a não existência de melhorias, caso se procedesse a extracção de qualquer das variaveis do construto. Igualmente, se observa que o valor do índice de comunalidade, assumiu valores sempre superiores ao mínimo exigível de 0,5. Lógica da Oportunidade A tabela 44, apresenta as correlações iniciais, e o índice de comunalidade relativas à lógica de alavancagem. Tabela 44 - Correlação e comunalidades da lógica de oportunidade Correlação OPOR1 OPOR2 OPOR3 Comunalidades OPOR1 1,000 ,322 ,404 ,503 OPOR2 ,322 1,000 ,525 ,633 OPOR3 ,404 ,525 1,000 ,704 Fonte:Tabela nossa. As correlações do construto da lógica de oportunidade concentraram-se em valores sempre acima de 0,322, enquanto o indicador que explica a variância extraída obteve como valor mínimo de 0,503. Ambos os casos, se encontram acima dos valores mínimos desejáveis. A tabela 45, Apresenta o processo de extracção de factores realizado pelo método de componentes principais. O factor único extraído pelo critério de Kaiser, está de acordo com o valor superior a 1, e que explica 61,317% da variância dos dados. Carlos Alberto da Costa Martins 161 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 45 - Variância explicada da lógica de oportunidade Variância total explicada Valores próprios (eigenvalues) Factor % da variância Total Carga (loadings) % Acumulada Total 1 1,840 61,317 61,317 2 ,697 23,229 84,546 3 ,464 15,454 100,000 % da variância 61,317 % Acumulada 61,317 Fonte:Tabela nossa. A tabela 46, apresenta o teste de Bartlett e a medida de adequação da amostra de KMO. Tabela 46 - Testes de adequação da lógica de oportunidade Teste de Bartlett e medida KMO Medida de adequação da amostra de KMO ,634 Teste de esfericidade de Bartlett Qui-quadrado 85,944 GL 3 Sig ,000 Fonte:Tabela nossa. O teste de Bartlett, e a medida de adequação da amostra confirmam a confiabilidade razoável dos dados, mediante o valor obtido de 0,634, o que nos conduz à rejeição da hipótese nula. A tabela 47, apresenta o índice de comunalidade, a medida de adequação da amostra, as cargas do factor extraído, as correlações para cada um dos indicadores e, a análise do Alfa de Cronbach em caso das exclusões dos itens da escala. Tabela 47 - Índices extraídos para as variáveis da lógica de oportunidade Correlação OPOR1 OPOR2 OPOR3 Correlação item total Alfa de Cronbach se o item for excluído OPOR1 1,000 ,322 ,404 ,418 ,685 OPOR2 ,322 1,000 ,525 ,494 ,570 OPOR3 ,404 ,525 1,000 ,558 ,472 Comunalidade ,503 ,633 ,704 Carga no factor ,709 ,796 ,839 Fonte:Tabela nossa. A correlação mínima inter itens foi de 0,322, enquanto na correlação item total, a variável OPOR1 apresentou um valor abaixo do mínimo desejável. O Alfa de Cronbach obtido foi de Carlos Alberto da Costa Martins 162 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 0,669, o que recomendava a exclusão da OPOR1. Contudo não se procedeu a esta exclusão, dado não ser prudente utilizar menos de 3 variáveis para a avaliação do construto. HAIR et al. (2006) sugerem que o ponto de corte para o indicador KMO deve ser 0,7. Apenas nas lógicas estratégicas, o indicador fica um pouco abaixo do adequado. Contudo o teste de Bartlett é significativo a um p-value = 0,000 para todos os constructos demonstrando que a matriz de correlações não é uma matriz de identidade. Como os modelos teóricos propostos consideram o dinamismo ambiental, a complexidade ambiental, as decisões estratégicas e as três diferentes lógicas como uma única variável, a análise factorial exploratória foi utilizada no sentido de verificar a unidimensionalidade das escalas das variáveis latentes propostas. O método de extracção de factores utilizado foi o de análise das componentes principais. Este método é adequado quando o objectivo é reduzir a grande informação dos itens originais a um número mínimo de factores. Foram ainda considerados outros indicadores para o refinamento das escalas, a medida das comunalidades (≥ 0,4) e a carga factorial para amostras até 200 observações (≥ 0,7) (HAIR et al., 2006). A primeira análise revelou a necessidade de se remover vários itens das escalas propostas para medir a complexidade e o dinamismo ambiental, assim como, da escala das decisões estratégicas. Depois de remover esses indicadores, os resultados evidenciam uma especificação apropriada para a estrutura factorial proposta (Tabela 48). Tabela 48 - Análise Factorial Exploratória Final dos Construtos Constructos Dinamismo Itens Comunalidades Carga Factorial DIN12 DIN13 0,922 0,922 0,960 0,960 Variância Total Extraída Eigenvalue Complexidade 92,167% 1,843 COM6 COM7 COM8 COM9 Variância Total Extraída Eigenvalue Decisões Estratégicas Carlos Alberto da Costa Martins 0,703 0,744 0,831 0,700 54,831% 2,193 DE1 DE3 DE4 Variância Total Extraída Eigenvalue Lógica de Posicionamento 0,495 0,553 0,691 0,454 0,547 0,815 0,788 0,739 0,903 0,888 71,663% 2,150 POSIC1 POSIC2 POSIC3 0,631 0,685 0,631 0,794 0,828 0,794 163 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Variância Total Extraída Eigenvalue Lógica de Alavancagem 64,885% 1,947 ALAV1 ALAV2 ALAV3 Variância Total Extraída Eigenvalue Lógica de Oportunidade 0,595 0,579 0,541 0,771 0,761 0,736 57,156% 1,715 OPOR1 OPOR2 OPOR3 Variância Total Extraída Eigenvalue 0,503 0,633 0,704 0,709 0,796 0,839 61,317% 1,840 Fonte:Tabela nossa. 4.3. MODELOS DE MEDIDA E ANÁLISE FACTORIAL CONFIRMATÓRIA Antes de realizar a análise das relações entre os constructos propostos procedeu-se à análise dos modelos de medida. Para isso foi necessário utilizar a análise factorial confirmatória (AFC) com o propósito de validar a fiabilidade e a validade estatística das medidas propostas. Esta técnica permite ainda avaliar a qualidade de ajustamento do modelo de medida teórica à estrutura correlacional observada entre os itens de medida, sendo o primeiro passo na avaliação de um modelo de equações estruturais. Resumindo, o modelo geral da AFC é simplesmente o modelo de medida do modelo de equações estruturais, assumindo a seguinte fórmula (4.3.1.): X = Λxξ + ε (4.3.1.) A utilização da AFC permite avaliar, para além da qualidade global do ajustamento, a fiabilidade e a validade dos instrumentos de medida. A fiabilidade de um instrumento referese à propriedade de consistência e de capacidade de reproduzir a medida (MARÔCO, 2010). Uma da medida mais utilizada para avaliar a fiabilidade das medidas, ou consistência interna, é o Alpha de Cronbach (α) (CRONBACH, 1951), mas deve ser também utilizado um indicador alternativo, como a fiabilidade compósita (FC) de FORNELL e LARCKER (1981) que utilizam os pesos factoriais na sua forma estandardizada e os erros de cada item. É um indicador que varia entre zero e um, sendo que geralmente, considera-se que FC ≥ 0,7 é um indicador de fiabilidade de constructo apropriada. Carlos Alberto da Costa Martins 164 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas (∑ λ ) = (∑ λ ) + ∑ ε 2 FC j ij 2 ij ij (4.3.2.) A validade das medidas trata-se de uma propriedade do instrumento de medida da escala que avalia se esta mede e é a operacionalização da variável latente que se pretende avaliar. A validade é constituída por três dimensões: a validade de conteúdo ou factorial, a validade convergente e a validade discriminante. A validade de conteúdo verifica-se quando a especificação dos itens de um determinado constructo é correcta e é avaliada pelos pesos factoriais estandardizados (λij ≥ 0,5). A validade convergente ocorre quando o constructo sob o estudo se correlaciona positiva e significativamente com outros constructos teoricamente idênticos e quando os itens que constituem o constructo apresentam correlações positivas e elevadas entre si, sendo a variância extraída média (VEM ≥ 0,5) pelo factor o indicador apropriado para avaliar a validade convergente. A validade discriminante verifica-se quando o constructo sob estudo não se encontra correlacionado com constructos que dizem respeito a factores diferentes e pode ser observada se se verificar uma das seguintes condições – as VEM dos factores (i e j) forem iguais ou superiores ao quadrado da correlação entre esses factores (φ2ij); o teste da diferença dos χ2 entre o modelo com φij = 1 e o modelo com φij livre for significativo; ou o intervalo de confiança a 95% para φij estimado não contiver o valor 1. De seguida são apresentadas duas figuras respeitantes ao diagrama de caminhos teórico (Ilustração 20), ao diagrama de caminhos estimado (Ilustração 21), para o modelo de medida da lógica do posicionamento. Carlos Alberto da Costa Martins 165 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Ilustração 20 - Modelo de medida da Lógica de Posicionamento Ilustração 21 - Modelo de medida estimada da Lógica de Posicionamento Na tabela 49 apresentam-se os indicadores principais resultantes da estimação da análise factorial confirmatória para a lógica do posicionamento. Carlos Alberto da Costa Martins 166 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 49 - Propriedades Psicométricas de Medida da AFC da Lógica de Posicionamento Validade Conteúdo Constructo Fiabilidade Validade Convergente Itens Factor Loading Complexidade COM6 COM7 COM8 COM9 0,535* 0,625* 0,566* 0,784* Dinamismo DIN12 DIN13 0,963* 0,879* Decisões Estratégicas DE1 DE3 DE4 0,551* 0,908* 0,838* Lógica de Posicionamento POSIC1 POSIC2 POSIC3 0,656* 0,749* 0,655* Loading Average 0,627 0,919 α FC VEM 0,721 0,809 0,519 0,913 0,766 0,687 0,955 0,913 0,796 0,882 0,723 0,729 0,818 0,601 Índices de Qualidade do Ajustamento χ Estandardizado RMSEA CFI TLI IFI 1,683 0,063 0,946 0,920 0,948 2 *p-value = 0,000 Fonte:Tabela nossa. Pelos resultados encontrados da análise psicométrica das escalas das variáveis latentes verifica-se que para os indicadores de fiabilidade todos os constructos conseguem ultrapassar os limites considerados como bons (α ≥ 0,7; FC ≥ 0,7). Verifica-se ainda que para todos os constructos a validade de conteúdo e a validade convergente também se verifica (λij ≥ 0,5 e VEM ≥ 0,5). Quanto aos índices de qualidade do ajustamento revelam uma adequação muito boa à estrutura factorial das variáveis latentes (χ2 Estandardizado = 1,683; RMSEA = 0,063; CIF = 0,946; TLI = 0,92; IFI = 0,948). Passando para a análise do modelo de medida proposto para a lógica da alavancagem procedeu-se de igual forma. De seguida são apresentadas duas figuras respeitantes ao diagrama de caminhos teórico (Ilustração 22), ao diagrama de caminhos estimado (Ilustração 23), para o modelo de medida para a lógica da alavancagem. Carlos Alberto da Costa Martins 167 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Ilustração 22 - Modelo de medida da Lógica de Alavancagem Ilustração 23 - Modelo de medida estimada para a Lógica de Alavancagem Na tabela 50, apresentam-se os indicadores principais resultantes da estimação da análise factorial confirmatória para a lógica do posicionamento. Carlos Alberto da Costa Martins 168 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Tabela 50 - Propriedades Psicométricas de Medida da AFC da Lógica de Alavancagem Validade Conteúdo Constructo Fiabilidade Validade Convergente Itens Factor Loading Complexidade COM6 COM7 COM8 COM9 0,535* 0,625* 0,784* 0, 566 * Dinamismo DIN12 DIN13 0,963* 0,876* Decisões Estratégicas DE1 DE3 DE4 0,551* 0,908* 0,838* Lógica de Alavancagem ALAV1 ALAV2 ALAV3 0,639* 0,602* 0,558* Loading Average 0,627 0,919 0,766 0,599 α FC VEM 0,721 0,809 0,519 0,913 0,955 0,913 0,796 0,882 0,723 0,619 0,600 0,500 Índices de Qualidade do Ajustamento χ Estandardizado RMSEA CFI TLI IFI 2,095 0,080 0,910 0,867 0,913 2 *p-value = 0,000 Fonte:Tabela nossa. Pelos resultados encontrados da análise psicométrica das escalas das variáveis latentes verifica-se que apenas para a lógica da alavancagem para os indicadores de fiabilidade não conseguem ultrapassar os limites considerados como bons (α ≥ 0,7; FC ≥ 0,7). Verifica-se ainda que para todos os constructos a validade de conteúdo e a validade convergente também se verifica (λij ≥ 0,5 e VEM ≥ 0,5). Quanto aos índices de qualidade do ajustamento revelam uma adequação boa à estrutura factorial das variáveis latentes (χ2 Estandardizado = 2,095; RMSEA = 0,080; CIF = 0,910; TLI = 0,867; IFI = 0,913). Por fim, a análise do modelo de medida proposto para a lógica de oportunidade foi realizada de igual forma. De seguida são apresentadas duas figuras respeitantes ao diagrama de caminhos teórico (Ilustração 24), ao diagrama de caminhos estimado (Ilustração 25), para o modelo de medida da lógica de oportunidade. Carlos Alberto da Costa Martins 169 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Ilustração 24 - Modelo de medida para a Lógica de Alavancagem Ilustração 25 - Modelo de medida estimada para a Lógica de Oportunidade Carlos Alberto da Costa Martins 170 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Na tabela 51, apresentam-se os indicadores principais resultantes da estimação da análise factorial confirmatória para a lógica de oportunidade. Tabela 51 - Propriedades Psicométricas de Medida da AFC da Lógica de Oportunidade Validade Conteúdo Constructo Itens Factor Loading Complexidade COM6 COM7 COM8 COM9 0,535* 0,625* 0,784* 0, 566 * Dinamismo DIN12 DIN13 0,963* 0,876* Decisões Estratégicas DE1 DE3 DE4 0,649* 0,538* 0,707* Lógica de Oportunidade OPOR1 OPOR2 OPOR3 0,481* 0,645* 0,810* Fiabilidade Loading Average 0,627 0,919 0,632 0,599 Validade Convergente α FC VEM 0,721 0,809 0,519 0,913 0,955 0,913 0,796 0,764 0,552 0,669 0,645 0,551 Índices de Qualidade do Ajustamento χ Estandardizado RMSEA CFI TLI IFI 2,659 0,098 0,847 0,776 0,854 2 *p-value = 0,000 Fonte:Tabela nossa. Pelos resultados encontrados da análise psicométrica das escalas das variáveis latentes verifica-se que apenas para a lógica de oportunidade para os indicadores de fiabilidade não conseguem ultrapassar os limites considerados como bons (α ≥ 0,7; FC ≥ 0,7), apesar do coeficiente Alpha de Cronbach estar muito próximo de 0,7. Verifica-se ainda que para todos os constructos a validade de conteúdo e a validade convergente também se verifica (λij ≥ 0,5 e VEM ≥ 0,5). Quanto aos índices de qualidade do ajustamento revelam uma adequação razoável à estrutura factorial das variáveis latentes (χ2 Estandardizado = 2,659; RMSEA = 0,098; CIF = 0,847; TLI = 0,776; IFI = 0,854), apesar de em alguns indicadores estarem um pouco abaixo do considerado sofrível, nomeadamente no TLI. 4.4. MODELOS ESTRUTURAIS Os resultados obtidos na análise factorial confirmatória indicam que se deve proceder à estimação dos modelos conceptuais considerados no capítulo 3 e a confirmação ou não das hipóteses de pesquisa. Carlos Alberto da Costa Martins 171 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Um dos principais passos na estimação de modelos de equações estruturais é verificar se eles são identificados procedendo-se a análise das condições de ordem recomendadas por HAIR et al. (2006). Apresenta-se de seguida um quadro resumo com a informação acerca das condições de ordem. O modelo estrutural é estimado por métodos iterativos, que devem convergir rapidamente, como sinal de identificação dos modelos (HAIR et al., 2006; DIAMANTOPOULOS e SIGUAW, 2000; BOLLEN, 1987). Tabela 52 - Identificação dos Modelos Estruturais Lógica de Posic. A Lógica de Posic. B Lógica de Alav. A Lógica de Alav. B Lógica de Oport. A Lógica de Oport. A Condição de Ordem DF = 47 DF = 49 DF = 47 DF = 49 DF = 47 DF = 49 Nº de Observações 172 172 172 172 172 172 Iterações Convergiu em 8 iterações Convergiu em 12 iterações Convergiu em 8 iterações Convergiu em 11 iterações Convergiu em 6 iterações Convergiu em 9 iterações Tipo de Modelo Recursivo Recursivo Recursivo Recursivo Recursivo Recursivo Fonte:Tabela nossa. Para todos os modelos estimados verifica-se a sua sobre-identificação, condição suficiente para continuar com a estimação dos modelos (Tabela 52). Os resultados encontrados para a estimação do modelo estrutural A para a lógica do posicionamento encontram-se discriminados na tabela 53. Tabela 53 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das Relações Causais para a Lógica de Posicionamento A Hipóteses Relação Estrutural H1a H1b H2a H2b H3 HSupl DIN ⇒ DE Coeficientes Não Estandardizados p-value Conclusão 0,133** -0,888 0,231* 0,371** 0,166** 0,155** 0,039 0,106 0,065 0,003 0,039 0,002 Significativo Não Sig. Significativo Significativo Significativo Significativo DIN ⇒ POSIC COM ⇒ DE COM ⇒ POSIC DE ⇒ POSIC COVDIN ⇒ COVCOM Indicadores da Qualidade do Ajustamento χ Estandardizado RMSEA CFI TLI IFI 1,166 0,031 0,988 0,981 0,989 2 *p < 0,1;**p < 0,05 Fonte:Tabela nossa. Carlos Alberto da Costa Martins 172 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Após esta análise verificou-se que todas as hipóteses formuladas se confirmaram, com a excepção do efeito directo do dinamismo sobre a lógica de posicionamento. O efeito da complexidade confirma-se serem os mais importantes, quer sobre as decisões estratégicas, mas em particular sobre a logica de posicionamento. As covariância entre as duas variáveis caracterizantes da incerteza, foram confirmadas. Ilustração 26 - Modelo Estrutural estimado para a Lógica de Posicionamento A Pela tabela 54, da estimação do modelo estrutural para a lógica do posicionamento verificase que o dinamismo influencia as decisões estratégicas (γ11 = 0,133; p < 0,05). Contudo, o dinamismo parece não ter qualquer influência na lógica do posicionamento (γ11 = -0,888; p > 0,1). Relativamente à complexidade confirma-se que ela afecta quer as decisões estratégicas (γ21 = 0,231; p < 0,1), quer a lógica do posicionamento (γ21 = 0,371; p < 0,05). As decisões estratégicas têm influencia na lógica do posicionamento (β21 = 0,166; p < 0,05). A hipótese suplementar que foi considerada indica-nos que existe correlação entre os dois constructos da incerteza ambiental, confirmando-se esta hipótese para este modelo. Quando se analisa os indicadores da qualidade do modelo verifica-se que todos mostram que é um bom modelo pois excedem os valores críticos correspondentes (χ2 Estandardizado = 1,166; RMSEA = 0,031; CIF = 0,988; TLI = 0,981; IFI = 0,989). Tabela 54 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das Relações Causais para a Lógica de Posicionamento B Hipóteses Relação Estrutural H1a H2a H3 DIN ⇒ DE COM ⇒ DE DE ⇒ POSIC Carlos Alberto da Costa Martins Coeficientes Não Estandardizados p-value Conclusão 0,130** 0,239* 0,210** 0,044 0,055 0,013 Significativo Significativo Significativo Significativo 173 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas HSupl 0,156** COVDIN ⇒ COVCOM 0,002 Indicadores da Qualidade do Ajustamento χ Estandardizado RMSEA CFI TLI IFI 1,370 0,047 0,973 0,957 0,974 2 *p < 0,1;**p < 0,05 Fonte:Tabela nossa. O modelo B da lógica de posicionamento, confirma todas as hipóteses anteriormente formuladas, significando que a incerteza se manifesta indirectamente através das decisões estratégicas formuladas, na lógica do posicionamento. De igual modo como nos casos anteriores, a hipótese da covariância entre as variáveis dinamismo e complexidade foram confirmadas (Tabela 54). Ilustração 27 - Modelo Estrutural estimado para a Lógica de Posicionamento B Pelos resultados apresentados na tabela 54, para a estimação do modelo estrutural para a lógica de posicionamento B, verifica-se que o dinamismo influencia as decisões estratégicas (γ11 = 0,13; p < 0,05). Relativamente á complexidade esta influencia as decisões estratégicas (γ21 = 0,239; p < 0,1). As decisões estratégicas apresentam influencia sobre a lógica de posicionamento (β21 = 0,210; p < 0,05). A hipótese suplementar confirma que existe relação entre os dois construtos que caracterizam a incerteza ambiental. Quando se analisam os indicadores de qualidade do modelo, verifica-se que todos confirmam a adequabilidade do modelo, em função dos valores críticos apresentados (χ2 Estandardizado =1,370; RMSEA = 0,047; CIF = 0,973; TLI = 0,957; IFI = 0,974). Carlos Alberto da Costa Martins 174 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas O mesmo tipo de estimação foi realizada para o modelo A da Lógica Estratégica de Alavancagem cujos resultados se apresentam na tabela 55 Tabela 55 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das Relações Causais para a Lógica da Alavancagem A Hipóteses H4a H4b H5a H5b H6 HSupl Relação Estrutural Coeficientes Não Estandardizados p-value Conclusão 0,134** 0,041 0,235* 0,265** 0,143** 0,148** 0,038 0,360 0,065 0,013 0,041 0,003 Significativo Não Sig. Significativo Significativo Significativo Significativo DIN ⇒ DE DIN ⇒ ALAV COM ⇒ DE COM ⇒ ALAV DE ⇒ ALAV COVDIN ⇒ COVCOM Indicadores da Qualidade do Ajustamento χ Estandardizado RMSEA CFI TLI IFI 1,592 0,059 0,957 0,928 0,959 2 *p < 0,1;**p < 0,05 Fonte:Tabela nossa. No modelo A da lógica de alavancagem confirmam-se todas as hipóteses formuladas com a excepção do efeito directo do dinamismo sobre esta postura (ilustração 28). Os efeitos da complexidade surgem como os mais relevantes, enquanto a hipótese da covariância entre as duas variáveis ficou confirmada. Ilustração 28 - Modelo Estrutral estimado da Lógica da Alavancagem A Pelos resultados apresentados na tabela 55, para a estimação do modelo estrutural para a lógica de alavancagem A, verifica-se que o dinamismo influencia as decisões estratégicas (γ11 = 0,134; p < 0,05). Contudo não existe relação entre o efeito do dinamismo e a lógica de Carlos Alberto da Costa Martins 175 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas alavancagem (γ11 = 0,041; p > 0,3). Relativamente á complexidade esta influencia moderadamente as decisões estratégicas (γ21 = 0,235; p < 0,1). As decisões estratégicas apresentam influencia sobre a lógica de alavancagem (β21 = 0,143; p < 0,05). A hipótese suplementar confirma que existe relação entre os dois construtos que caracterizam a incerteza ambiental. Quando se analisam os indicadores de qualidade do modelo, verifica-se que todos confirmam a adequabilidade do modelo, em função dos valores críticos apresentados (χ2 Estandardizado = 1,592; RMSEA = 0,059; CIF = 0,957; TLI = 0,928; IFI = 0,959). Prosseguindo a estimação, passou-se para a o modelo B da lógica de alavancagem, cujos resultados se encontram discriminados na tabela 56. Tabela 56 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das relações causais para a Lógica da Alavancagem B. Hipóteses Relação Estrutural H4a H5a H6 HSupl DIN ⇒ DE Coeficientes Não Estandardizados p-value Conclusão 0,134** 0,240* 0,255** 0,156** 0,039 0,056 0,003 0,002 Significativo Significativo Significativo Significativo COM ⇒ DE DE ⇒ ALAV COVDIN ⇒ COVCOM Indicadores da Qualidade do Ajustamento χ Estandardizado RMSEA CFI TLI IFI 1,762 0,067 0,942 0,908 0,945 2 *p < 0,1;**p < 0,05 Fonte:Tabela nossa. Pelos resultados apresentados na tabela 56, para a estimação do modelo estrutural para a lógica de alavancagem B, verifica-se que o dinamismo influencia as decisões estratégicas (γ11 = 0,134; p < 0,05). Carlos Alberto da Costa Martins 176 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Ilustração 29 - Modelo Estrutural estimado para a Lógica de Alavancagem B Relativamente á complexidade esta influencia as decisões estratégicas (γ21 = 0,240; p < 0,1). As decisões estratégicas apresentam influencia sobre a lógica de alavancagem (β21 = 0,255; p < 0,05). A hipótese suplementar confirma que existe relação entre os dois construtos que caracterizam a incerteza ambiental. Quando se analisam os indicadores de qualidade do modelo, verifica-se que todos confirmam a adequabilidade do modelo, em função dos valores críticos apresentados (χ2 Estandardizado = 1,762; RMSEA = 0,067; CIF = 0,942; TLI = 0,908; IFI = 0,945). O modelo alavancagem B, permite confirmar todas as hipóteses formuladas, em particular o impacto dos efeitos das decisões estratégicas, sobre a lógica da alavancagem. A hipótese formulada da covariância entre as variáveis ambientais ficou confirmada. Por fim, passou-se à estimação do modelo A de equações estruturais para a lógica estratégica de oportunidade, cujos resultados se encontram na tabela 57. Tabela 57 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das Relações Causais para a Lógica de Oportunidade A Hipóteses Relação Estrutural H7a H7b DIN ⇒ DE DIN ⇒ OPOR H8a Coeficientes Não p-value Conclusão 0,201** 0,002 Significativo -0,007 0,921 Não Sig. 0,403** 0,003 Significativo 0,332* 0,050 Significativo 0,369** 0,041 Significativo 0,147** 0,002 Significativo Estandardizados COM ⇒ DE H8b H9 HSupl COM ⇒ OPOR DE ⇒ OPOR Carlos Alberto da Costa Martins 177 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas COVDIN ⇒ COVCOM Indicadores da Qualidade do Ajustamento χ Estandardizado RMSEA CFI TLI IFI 1,696 0,064 0,943 0,906 0,946 2 *p < 0,1;**p < 0,05 Fonte:Tabela nossa. Pelos resultados apresentados na tabela 57, para a estimação do modelo estrutural para a lógica de oportunidade A, constata-se que o dinamismo não apresenta uma relação significativa com a lógica de oportunidade (γ11 = -0,07; p < 0,921). Verifica-se que o dinamismo influencia as decisões estratégicas (γ11 = 0,201; p < 0,002). Relativamente á complexidade comprova se a sua influência nas decisões estratégicas (γ21 = 0,403; p < 0,05). As decisões estratégicas apresentam uma influência sobre a lógica de oportunidade (β21 = 0,369; p < 0,05). A hipótese suplementar confirma que existe relação entre os dois construtos que caracterizam a incerteza ambiental. Quando se analisam os indicadores de qualidade do modelo, verifica-se que todos confirmam a adequabilidade do modelo, em função dos valores críticos apresentados (χ2 Estandardizado = 1,696; RMSEA = 0,064; CIF = 0,943; TLI = 0,906; IFI = 0,946). Ilustração 30 - Modelo Estrural estimado para a Lógica de Oportunidade A No modelo A da lógica de oportunidade confirmam-se todas as hipóteses, com a excepção do efeito directo do dinamismo neste tipo de comportamento. Verifica igualmente um assinalável impacto da complexidade, na lógica de oportunidade, e uma forte influência nas Carlos Alberto da Costa Martins 178 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas decisões estratégicas. Confirma-se a hipótese da covariância entre as variáveis da incerteza. Passando para o modelo B de equações estruturais para a lógica estratégica de oportunidade, os resultados encontram-se na tabela 58. Tabela 58 - Modelo de Equações Estruturais - Análise das Relações Causais para a Lógica de Oportunidade B Hipóteses Relação Estrutural H7a DIN ⇒ DE H8a Coeficientes Não p-value Conclusão 0,194** 0,003 Significativo COM ⇒ DE 0,461* 0,001 Significativo H9 DE ⇒ OPOR 0,580*** 0,000 Significativo HSupl COVDIN ⇒ COVCOM 0,151** 0,002 Significativo Estandardizados Indicadores da Qualidade do Ajustamento χ Estandardizado RMSEA CFI TLI IFI 1,721 0,065 0,939 0,902 0,942 2 *p < 0,1;**p < 0,05; ***p < 0,001 Fonte:Tabela nossa. Pelos resultados apresentados na tabela 58, para a estimação do modelo estrutural para a lógica de oportunidade B, verifica-se que o dinamismo influencia as decisões estratégicas (γ11 = 0,194; p < 0,05). Relativamente á complexidade comprova se a sua influência nas decisões estratégicas (γ21 = 0,461; p < 0,1). As decisões estratégicas apresentam influência sobre a lógica de oportunidade (β21 = 0,580; p < 0,001). A hipótese suplementar confirma que existe relação entre os dois construtos que caracterizam a incerteza ambiental. Quando se analisam os indicadores de qualidade do modelo, verifica-se que todos confirmam a adequabilidade do modelo, em função dos valores críticos apresentados (χ2 Estandardizado =1,721; RMSEA = 0,065; CIF = 0,939; TLI = 0,902; IFI = 0,942). Carlos Alberto da Costa Martins 179 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Ilustração 31 - Modelo Estrutural Estimado para a Lógica de Oportunidade B Este modelo B da lógica de oportunidade, confirma todas as hipóteses formuladas. Destacase pela importância, o efeito das decisões estratégicas sobre esta tipologia. A hipótese da covariância entre as variáveis do dinamismo e complexidade, foi igualmente confirmada. 4.5. RESULTADOS DO TESTE DE HIPÓTESES Modelo da Lógica de Posicionamento A lógica de posicionamento é considerada adequada por BINGHAM e EISENHARDT, (2008) e BINGHAM et al. (2011), quando os ambientes são considerados estáveis. O facto de apresentarem poucas rupturas, concede um papel á estratégia de seleccionar e identificar uma posição atraentes nos sectores, e conceber e desenvolver um conjunto de actividades distintas, fortemente ligadas entre si, que garantam uma vantagem competitiva sustentável. Esta postura corresponde ao que MILES et al. (1978) designa como comportamentos defensivos, e que significa assegurar uma posição segura e estável, num dado domínio ambiental. H1a: Espera-se que o dinamismo influencie menos positivamente as decisões estratégicas. H1b: Espera-se que o dinamismo influencie menos positivamente a lógica do posicionamento. De facto, foi verificada a existência de uma influência positiva do dinamismo nas decisões estratégicas (γ11 = 0,133; p < 0,05 - Tabela 53) (1a) e não foi comprovado um impacto significativo do dinamismo na lógica de posicionamento (γ11 = -0,10; p> 0,1 - Tabela 53) (1b). Carlos Alberto da Costa Martins 180 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Como se referiu anteriormente, os ambientes estáveis estão relacionados com esta lógica (BINGHAM e EISENHARDT, 2008; BINGHAM et al., 2011), onde não são recomendáveis mudanças frequentes, de produtos de necessidades de clientes, modificações tecnológicas relevantes ou alterações competitivas. GULINI (2005) observa que os gestores que percepcionam o ambiente como simples e estável, logo, menos dinâmico, comportam-se defensivamente. Daí concluir-se que tenham preferência por uma lógica de posicionamento. Em ambientes mais estáveis como refere REVILLA et al. (2008) são necessárias menos alterações de produtos ou serviços, donde resulta ser menos relevante o investimento no desenvolvimento de novos produtos, e a busca de novos mercados. Dada a incerteza ser menor, a escolha das posturas defensivas ou conservadoras, induz a utilização de conhecimento disponível, dada a preferência pela manutenção em mercados conhecidos e a pouca e a pouca necessidade pelo desenvolvimento de novos produtos. H2a: Espera-se que a complexidade influencie menos positivamente as decisões estratégicas. H2b: Espera-se que a complexidade influencie menos positivamente a lógica do posicionamento. Quanto à influência da complexidade sobre as decisões estratégicas confirmou-se que esta existe, sendo positiva (γ21 = 0,231; p < 0,1; Tabela 53) (2a). Relativamente ao impacto da complexidade na logica de posicionamento foi encontrado um impacto positivo e significativo (γ21 = 0,371; p < 0,05 - Tabela 53; γ21 = 0,239; p < 0,1 – Tabela 54), confirmando a hipótese formulada (2b). HARRINGTON e KENDALL (2006) demonstraram que organizações com ambientes mais complexos adoptam comportamentos mais conservadores. HARRINGTON (2005) analisando os modelos de decisão, considerou que em ambientes de baixa complexidade e de baixo dinamismo (estável), os processos de decisão eram lineares e individualistas, enquanto a formulação da estratégia recorria a modelos deliberados e racionais. Nos estudos efectuados GULINI (2005) concluiu que uma minoria dos gestores de PME tinha um comportamento defensivo, correspondendo a um ambiente estático e simples, contudo estes obtinham piores resultados. Para FAGUNDES e GIMENEZ (2009) os comportamentos defensivos eram adoptados por cerca 30% das empresas, e que Carlos Alberto da Costa Martins 181 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas correspondiam a ambientes não turbulentos. BUTZKE et al. (2012) identifica um conjunto muito reduzido de empresas com uma percepção mínima de incerteza (2%), contudo cerca de 16% dos inquiridos revela adoptar uma postura defensiva. Em particular, neste caso os dirigentes que visualizavam o ambiente como de baixa incerteza, adoptavam comportamentos prospectores. Isto remete-nos para uma problemática que não está no âmbito deste trabalho, mas que pode questionar em que medida são também, factores internos, os causadores da incerteza ambiental. Já SILVA et al. (2014) constatou que, o ambiente quando percebido maioritariamente como estático-simples, levava a poucas mudanças estratégicas. Outro contributo para a explicação da diversidade de resultados nesta lógica, foi encontrado por GIMENEZ (1998) quanto à estrutura cognitiva dos dirigentes. Tudo levaria a pensar que os dirigentes que adoptam comportamentos prospectivos, tivessem uma preferência por inovação, enquanto os que escolham posturas conservadoras, preferiam um estilo adaptativo de solução de problemas. Esta associação não foi confirmada. Outra contribuição, integrando estilos de liderança em diferentes ambientes concluiu que, em ambientes pouco turbulentos foi dominante (52%) o comportamento defensivo. Este estudo apresenta uma particularidade, pois foi realizado após a crise economica de 2008, onde o grau de incerteza aumentou dramaticamente. As escolhas dominantes foram no sentido, não da escolha de abordagens prospectoras, mas sim, defensivas. Contudo, é de notar, que estas empresas não conseguiram alcançar os seus resultados pretendidos. As decisões estratégicas numa perspectiva mais estática, traduzem uma postura mais formal e deliberada. Enquadram-se neste caso as decisões estratégicas fundamentais de produto-mercado. ANSOFF (1965) designa-as como sendo decisões respeitantes ao campo de actividade, HAMBRICK e FREDRICKSON (2001) designa-as de arenas, enquanto ANSOFF e MCDONELL, (1997) referem como sendo decisões respeitantes ao domínio de actuação. H3: As decisões estratégicas relacionadas com os produtos e os mercados influenciam menos positivamente a escolha da lógica de posicionamento. As decisões estratégicas apresentaram um impacto positivo (β21 = 0,166; p < 0,05 - Tabela 54; β21 = 0,210; p < 0,05 – Tabela 54), aceitando se o referido pela hipótese em estudo (3). A não confirmação das opiniões de MILLER (1987) e de SLATER e NARVER (1993) obriga a ponderar outras razões. A não constatação desta hipótese remete nos para a possibilidade de nesta amostra, os dirigentes terem apostado em efectuarem maiores Carlos Alberto da Costa Martins 182 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas mudanças nos seus produtos ou serviços, e apostado em novos mercados. Esta justificação não será despropositada, visto estarmos a falar de empresas de crescimento elevado, o que traduz normalmente comportamentos mais agressivos em termos de mercado. Os critérios utilizados para avaliar o crescimento, foram entre outras variáveis, o crescimento das vendas no período considerado. Este objectivo de crescimento é vulgar estar associado a opções expansionistas. Nesses casos, as opções passam pelo incremento de novos conhecimentos (exploration), e a adopção de de estruturas flexíveis, logo, de comportamentos menos conservadores. Modelo da Lógica de Alavancagem Os ambientes moderadamente dinâmicos, correspondem a níveis diferentes de combinações de dinamismo e complexidade, enquadrando-se na tipologia que BINGHAM et al. (2011) e BINGHAM e EISENHARDT (2008) designam de lógica de alavancagem. A estratégia trata de seleccionar os recursos e as capacidades únicas valiosas, e inimitáveis que permitem garantir uma vantagem competitiva sustentável (BARNEY, 1997). Os comportamentos analíticos propostos por MILES et al., (1978) consideram se escolhas intermédias entre as posturas defensivas e prospectoras sugeridas pelo autor. H4a: Espera-se que o dinamismo influencie moderadamente as decisões estratégicas. H4b: Espera-se que o dinamismo influencie moderadamente a lógica da alavancagem. H5a: Espera-se que a complexidade influencie moderadamente as decisões estratégicas. H5b: Espera-se que a complexidade influencie moderadamente a lógica de alavancagem. No que se refere à influência do dinamismo nas decisões estratégicas esta foi verificada pelos resultados (γ11 = 0,134; p < 0,05 – Tabela 55 e 56; ), confirmando a hipótese (4a). Esta constatação está conforme com a sugestão de MILES et al. (1978) que em ambientes moderados, a necessidade de entrar em novos segmentos e de criar novos produtos é variável. Esta influência segundo REVILLA et al., (2008) decorre de em ambientes mais dinâmicos, existir uma maior necessidade de desenvolvimento de novos conhecimentos para o desenvolvimento de novos produtos. A dinâmica ambiental pode influenciar e condicionar o desenvolvimento de produtos e a entrada em mercados. REVILLA et al. (2008) entendem que quando a incerteza é moderada, a estratégia de conhecimento necessária ao desenvolvimento de novos produtos Carlos Alberto da Costa Martins 183 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas deve combinar conhecimento existente, com novo conhecimento. Contudo, quando o ambiente se torna mais dinâmico e instável, a escolha deverá ser duma estratégia de conhecimento de “exploration”. Isto porque, a necessidade de combinar produtos e mercados actuais, com o desenvolvimento de novos produtos, ou a entrada em novos mercados se torna fundamental. Quanto ao impacto do dinamismo na lógica da alavancagem não foi encontrada influência (γ11 = 0,041; p > 0,3 – Tabela 55), contrariando a hipótese (4b). Perante os resultados obtidos esta hipótese não foi confirmada, revelando que o dinamismo não apresenta uma relação moderada com esta lógica estratégica. No que toca ao impacto da complexidade nas decisões estratégicas, esta ficou comprovada (γ21 = 0,235; p < 0,1 – Tabela 55; γ21 = 0,240; p < 0,1 – Tabela 56), confirmando a hipótese (5a). Quando a complexidade aumenta, maior é a necessidade de se utilizar o conhecimento actual, dado existir uma maior inibição para a criação de novos produtos, ou a entrada em novos mercados. Nestas circunstancias a aposta concentra-se em produtos actuais. Seja como for, como refere REVILLA et al. (2008) quanto maior for o nível de complexidade, maior é a necessidade de aplicar o conhecimento existente, o que requer a necessidade de integrar conhecimentos e experiencias passadas. Como a carteira de produtos, nesta postura representa uma combinação de produtos com viabilidade experimentada, com alguns novos produtos. São assim, requeridas combinações de conhecimentos (exploitexploration) diferenciados para o desenvolvimento de produtos. Em relação à influência da complexidade na lógica de alavancagem, à semelhança dos casos anteriores, esta também foi encontrada (γ21 = 0,265; p < 0,05 – Tabela 55), confirmando mais uma vez a hipótese (5b) A moderada influência da complexidade enquadra-se naquilo que MILLER (1987) entende corresponder á necessidade simultânea de desenvolverem estratégias de inovação, e em simultâneo escolher opções de conservação de domínios de produtos, clientes e áreas geográficas. JOGARATNAM (2002) evidenciou igualmente, que quando o ambiente se torna mais hostil as organizações escolhem posições mais conservadoras evitando a inovação e o risco. Carlos Alberto da Costa Martins 184 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Nas decisões estratégicas, a importância das decisões do domínio de produto-mercado, são realçadas por, HAMEL e PRAHALAD (1990) que entende que a substância da estratégia deve decidir, sobre como criar novos mercados e novos produtos, semelhante à concepção de KIM e MAUBORNE (2009). MARKIDES (2001) refere igualmente a necessidade de se efectuarem escolhas quanto aos clientes-alvo, e aos produtos a oferecer, enquanto LAFLEY e MARTIN (2013) apontam a importância da escolha do local de competição. H6: As decisões estratégicas relacionadas com os produtos e os mercados influenciam moderadamente a escolha da lógica de alavancagem. Relativamente à Hipótese 6 esta foi confirmada pelos resultados da Tabela 55 (β21 = 0,143; p < 0,05) e tabela 56 (β21 = 0,255; p < 0,05), embora com resultados mais baixos no modelo com efeitos de mediação. De acordo com MILES et al., (1978) as organizações que desenvolvem posturas analíticas promovem o desenvolvimento de novos produtos, ou entrada em novos mercados após estes terem garantido a sua viabilidade, combinando investigação e desenvolvimento de produtos com estratégias de imitação (SCHNAARS, 1997). Nesta sequência, confirma-se a necessidade de conhecimento actual, e novos conhecimentos como propõe REVILLA et al., (2008). LANG et al. (2014) conclui no seu estudo, que a maioria dos responsáveis das organizações estudadas, se encontram em ambientes de incerteza moderada, os quais optam por oferecer serviços que foram já bem-sucedidos noutras instituições. Quer GULINI (2005) e PAZINI et al. (2011) nos seus trabalhos consideram que comportamentos analistas se caracterizam por escolherem produtos estáveis, só escolhendo inovações quando estas já provaram garantirem resultados. Os ambientes de incerteza moderada, consideram-se todos aqueles que segundo DUNCAN (1972) apresentam variabilidade em termos de dinamismo e complexidade. Desta forma podemos ter nesta circunstância ambientes dinâmico-simples, estático-complexo. O trabalho de GULINI (2005) concluiu que os comportamentos dominantes no seu trabalho foram os analistas, sendo que estes tinham percepcionado o ambiente como dinâmico-simples, enquanto aqueles que o visualizaram como estático-complexo adoptaram comportamentos defensivos. FAGUNDES e GIMENEZ (2009) confirmaram que a escolha de atitudes analíticas correspondia aos dois tipos de ambientes intermédios. Modelo da Lógica de Oportunidade Carlos Alberto da Costa Martins 185 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A lógica de oportunidade considera o ambiente como um fluxo transitório e imprevisível de oportunidades de duração indefinida (DAVIS et al., 2008). A estratégia assenta na identificação dum pequeno conjunto de processos críticos, e na definição dumas poucas regras simples (EISENHARDT e SULL, 2002). A vantagem competitiva é transitória, e garantida mediante ondas sucessivas de novas descobertas e, a criação de novas propostas de valor (MCGRATH, 2013). Esta postura enquadra-se assim, em ambientes dinâmicos e de elevada turbulência, na linha prospectora sugerida por MILES et al. (1978). MILES et al. (1978), MILLER e FRIESEN (1983) e WALKER (2013) estabelecem uma relação entre a incerteza percebida e a escolha de estratégias proactivas. Desta forma os responsáveis procuram antecipar eventos e adoptar medidas preventivas. BUCHKO (1994) e TAN e LITSCHERT (1994) referem que perante contextos altamente incertos as organizações adoptam posturas inovadoras, proactivas e com risco. Nesta sequência MILES et al. (1978) entendem que as estratégias prospectoras, correspondem aos comportamentos mais adequados a ambientes instáveis e de elevada incerteza. LUMPKIN e DESS (2001) consideraram que em ambientes dinâmicos, a orientação com melhores resultados, eram aquelas que apresentavam características de orientação empreendedora, e de proactividade. GULINI (2005) entende que os responsáveis que percepcionam o ambiente como dinâmico e complexo, adoptam comportamentos prospectores. Assim, H7a: Espera-se que o dinamismo influencie positivamente as decisões estratégicas. H7b: Espera-se que o dinamismo influencie positivamente a lógica de oportunidade. Em relação à influência do dinamismo nas decisões estratégicas os resultados apontaram para uma relação positiva (γ11 = 0,201; p < 0,002 – Tabela 57; γ11 = 0,194; p < 0,05 – Tabela 58), confirmando a hipótese (7a). SILVA et al. (2014) constatam que em ambientes com maior risco e incerteza, são exigíveis rápidas adaptações e mudanças estratégicas na linha de MILES et al., (1978), MILLER e FRIESEN (1983) e WALKER et al. (2003). Daí que, a conclusão de JABNOUN et al., (2012) no sentido de que o dinamismo se encontra positivamente associado à inovação, proactividade e ao risco, enquanto TAN e TAN (2005) encontraram uma relação positiva do dinamismo com a orientação empreendedora, seja conforme com os resultados obtidos. Carlos Alberto da Costa Martins 186 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Igualmente MILLER e FRIESEN (1978) sugerem que os inovadores moldam o ambiente através da introdução de novos produtos, tecnologias e processos. Nesta sequência LUMPKIN e DESS (2001) referem que os inovadores podem alterar o ambiente, influenciando tendências ou até fomentando a procura, mediante o desenvolvimento de novos produtos ou serviços. O dinamismo ambiental origina respostas diferentes dos decisores face ao aumento da incerteza. Estas diferenças de interpretação encontram-se traduzidas na amplitude da oferta de produtos, de clientes e das áreas geográficas, como já foi discutido por CHANDLER (1962), RUMELT (1974) e PORTER (1980). No que diz respeito à influência do dinamismo na lógica de oportunidade, os resultados indicaram a inexistência de qualquer associação entre as variáveis, nomeadamente no que se refere ao impacto do dinamismo na lógica de oportunidade (γ11 = -0,07; não significativo Tabela 57), refutando assim a hipótese (7b). A variabilidade destes resultados apresentado nos estudos de PAZINI et al. (2011) e de BUTZKE et al. (2012) podem sustentar parcialmente este resultado. PAZINI et al. (2011) identificou, que em ambientes turbulentos, embora fossem dominantes os comportamentos prospectores (39%), existiam igualmente 35% de comportamentos estratégicos defensivos. BUTZKE et al. (2012) concluiu que os responsáveis que precepcionavam o ambiente como de baixa incerteza adoptavam comportamentos prospectores. H8a: Espera-se que a complexidade influencie mais positivamente as decisões estratégicas. H8b: Espera-se que a complexidade influencie mais positivamente a lógica de oportunidade. Em relação à influência da complexidade nas decisões estratégicas, esta ficou comprovada pelos resultados (γ21 = 0,403; p < 0,05 – Tabela 57; γ21 = 0,461; p < 0,1 – Tabela 58), confirmando a hipótese (8a). MILLER (1987) indica que nos ambientes complexos, e instáveis as escolhas baseadas em inovação, está associada à introdução de novos produtos, decorrentes de novas oportunidades emergentes nos mercados. Estas escolhas estão associadas a estratégias de diferenciação (PORTER, 1980) e a comportamentos prospectores (MILES et al., 1978). Uma relação positiva foi também encontrada, relativamente ao impacto da complexidade sobre a lógica de oportunidade (γ21 = 0,332; p < 0,05 – Tabela 57), confirmando a hipótese (8b). Carlos Alberto da Costa Martins 187 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Os ambientes mais competitivos exigem uma maior combinação de conhecimento, quer actual, mas predominantemente novo, visto ser necessário sustentar a inovação, e as capacidades de criar novos e variados produtos (REVILLA et al., 2008), que respondem às oportunidades emergentes. As decisões estratégicas, nesta abordagem mais dinâmica, traduzem posturas flexíveis, mas aonde são necessárias igualmente, escolhas quanto ao domínio produto-mercado. EISENHARDT e SULL (2002) falam a este propósito, da necessidade de definir regras de fronteira, HAGEL III et al., (2008) introduzem a noção de “shaping strategy” e MCGRATH (2013) salienta a importância da escolha do local aonde competir. H9: As decisões estratégicas relacionadas com os produtos e os mercados influenciam positivamente a escolha da lógica de oportunidade. A influência positiva das decisões estratégicas na lógica de oportunidade foi comprovada pelos resultados (β21 = 0,369; p < 0,05 – Tabela 57; β21 = 0,580; p < 0,001 – Tabela 58), confirmando a hipótese (9). De acordo com MILES et al., (1978) para enfrentar ambientes dinâmicos, é necessário a identificação de novas oportunidades de mercado, e de produtos. A criação e ampliação de novos produtos, é valorizado, mesmo que estes não sejam lucrativos (FAGUNDES e GIMENEZ, 2009). A exploração das mudanças ambientais, e a busca, e localização de novas oportunidades, depende da promoção e a criação de novos conhecimentos (REVILLA et al., 2008). È com base nestes conhecimentos actuais e predominantemente novos, que são lançados novos produtos, que respondem às oportunidades emergentes e espontâneas. Os comportamentos que retratam a lógica de oportunidade, corresponde ao que MILES et al., (1978) caracterizam como comportamentos prospectores. As organizações com este comportamento, procuram oportunidades, em ambientes dinâmicos, promovem a inovação de produtos, e o desenvolvimento de mercados. Exploram continuamente as mudanças ambientais em busca de novas oportunidades. As competências de mercado segundo SLATER e NARVER (1993), são particularmente úteis neste contexto. LUMPKIN e DESS (2001) acentuam o papel da proactividade nesta orientação estratégica, como forma de aproveitarem e responderem às oportunidades emergentes dos mercados, e como correspondendo ao modo de actuação adequado em ambientes de alto dinamismo. PAZINI et al., (2011) enfatiza que a adptação às mudanças e à incerteza ambiental, em contextos de elevada turbulência segue predominantemente uma lógica prospectora, Carlos Alberto da Costa Martins 188 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas embora como já se refiriu que existam um conjunto considerável de casos, que escolhem comportamentos defensivos. Os estudos de FAGUNDES e GIMENEZ (2009) e de BUTZKE et al., (2012) confirmam que a organização em ambientes turbulentos, o comportamento adoptado era prospector, embora neste ultimo trabalho, esta postura não correspondia a uma percepção de máxima incerteza. A uma conclusão intermédia, chegou também, o trabalho de GIMENEZ e GIMENEZ (2010), que revela uma associação positiva entre a orientação para a inovação, e comportamentos estratégicos de tipo analítico e prospector. Por fim, para todos os modelos levanta-se uma hipótese suplementar que se prende com a co-variância que possa existir entre os constructos da incerteza ambiental. HSup: O dinamismo e a complexidade estão correlacionados. A formulação desta hipótese foi considerada dado um dos objectivos do trabalho pretende ser a validação duma escala de medida. A validação duma escala pressupõe que os itens considerados para a medição dos construtos meçam apenas, e unicamente o referido construto. Tratando-se duma escala que é utilizada pela primeira vez, os procedimentos adequados exigem que se tenham em consideração a existência de eventuais correlações entre as medidas, representadas pelos construtos. Pelos resultados obtidos, verifica-se que a hipótese deve ser considerada, dado que em todas as situações existe alguma correlação entre o dinamismo e a complexidade. Tecnicamente esta hipótese não foi rejeitada. O que leva a concluir, que os itens utilizados para medir o dinamismo e a complexidade devem ser ainda mais trabalhados. Carlos Alberto da Costa Martins 189 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Carlos Alberto da Costa Martins 190 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 5. CONCLUSÕES E CONTRIBUIÇÕES 5.1. CONCLUSÕES Um dos objectivos deste trabalho foi conceber um modelo que avaliasse a incerteza, tendo por base as dimensões do dinamismo e da complexidade, seguindo as contribuições dadas desde EMERY e TRIST (1965), DUNCAN (1972), passando por contributos mais recentes, de VOLBERDA e BRUGGEN (1997) até CARVALHO (2011). As conclusões obtidas resultaram dos dados recolhidos com base na opinião dos dirigentes de topo, numa população de empresas de crescimento elevado, em Portugal. A incerteza resultante da dimensão do dinamismo, ficou traduzido através dum único factor, que recolhe a informação caracterizante da amplitude e a frequência desta variável. Ficaram assim, concentrados neste factor unicamente, o efeito dos factores tecnológicos como explicativos do dinamismo ambiental. A dimensão da complexidade ficou traduzida em quatro itens, que representam por um lado a diversidade, representada, pela dificuldade na obtenção de informação sobre os clientes, enquanto a interelação e a ambiguidade dos factores externos, ficou representada na dificuldade de avaliação e compreensão dos factores ambientais, e na diversidade de oferta de produtos e preços. Desta forma a incerteza no sentido de DUNCAN (1972), ficou traduzida neste conjunto de factores, que simbolizaram a forma como o ambiente competitivo pode ser considerado - estável, moderado ou verdadeiramente dinâmico - no sentido dado por BINGHAM e EISENHARDT (2008). A visão determinística do efeito do ambiente nas escolha das lógicas estratégicas conduziu à primeira proposta, segundo a qual em ambientes estáveis, a lógica estratégica recomendável seria de posicionamento. Desta forma o primeiro modelo da lógica de posicionamento designado de A, considerou a influência directa das variáveis do dinamismo e da complexidade na escolha desta lógica. Enquanto o efeito da complexidade apresentou uma influência significativa sobre a lógica de posicionamento, o dinamismo não foi confirmado. Uma das justificações, poderá ser o facto do dinamismo se encontrar corporizado numa única dimensão (tecnologia), por outro lado pelo facto de se verificar a existência de covariância entre as variáveis explicativas da incerteza. Ainda se pode considerar que a percepção dos dirigentes destas empresas de crescimento elevado, revejam o o dinamismo nas actuais condições como duma elevada intensidade, e apesar de poderem escolher a lógica de posicionamento, ela não corresponder ao perfil ambiental proposto para esta lógica. Carlos Alberto da Costa Martins 191 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas O modelo da lógica de posicionamento B reflecte os efeitos indirectos nesta lógica, através da mediação das decisões estratégicas. Este modelo confirmou em absoluto, que nestas circunstâncias os níveis de dinamismo, e em particular a complexidade têm um efeito significativo nas decisões estratégicas. Isto revela que a incerteza se encontra menos associada à necessidade de alterações nos produtos e nos segmentos. De igual modo o efeito directo destas decisões, seguindo a linha de investigação de MILES et al., (1978), apresenta a influência esperada na lógica de posicionamento. Donde podemos concluir, que o modelo da lógica de posicionamento é o adequado quando explicado mediante as decisões estratégicas. Os ambientes considerados moderadamente dinâmicos, combinam na óptica de BINGHAM E EISENHARTD (2008), indistintamente níveis diferentes de dinamismo e complexidade. De acordo com as sugestões de MILES et al. (1978), estes ambientes, de incerteza moderada, são os apropriados ao desenvolvimento duma lógica de alavancagem de recursos e capacidades. No modelo da lógica de alavancagem A, os efeitos directos das variáveis do dinamismo e da complexidade apresentararm influência distinta sobre esta lógica. Enquanto a complexidade apresenta um efeito significativo, o dinamismo não tem influência significativa sobre a lógica de alavancagem. No modelo da lógica de alavancagem B, que representa os efeitos indirectos da incerteza, mediados pelas decisões estratégicas foram confirmados. Por outro lado, a variabilidade das decisões estratégicas, também apresentam um padrão conforme com a lógica de alavancagem. Acresce referir, que em ambos os modelos se confirma a covariância entre as variáveis do dinamismo e da complexidade. Conclui-se, que a lógica de alavancagem segundo os autores é a mais adequada quando os ambientes apresentam incerteza moderada. A lógica de oportunidade é considerada a mais ajustada a ambientes dinâmicos ou turbulentos. Estes ambientes são todos aqueles onde o dinamismo e a complexidade são elevados. No modelo da lógica de oportunidade A, os efeitos directos do dinamismo e da complexidade, têm impacto diferente nesta lógica. Enquanto o dinamismo, não confirma de novo a sua influência sobre esta postura, a complexidade tem um impacto significativo. Esta conclusão é similar aos dois modelos de lógicas apresentados anteriormente. Nesta circunstância a justificação parcial para a não conformidade do dinamismo, pode resultar de percepções diferenciadas dos vários dirigentes, e dos vários sectores a que pertencem. Carlos Alberto da Costa Martins 192 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas No modelo B, da lógica de oportunidade, os efeitos indirectos da incerteza sobre esta tipologia, foram confirmados. Existe de facto uma associação destes ambientes com a variabilidade das decisões estratégicas. De igual modo, fica confirmada a influência dominante da complexidade sobre estas decisões. O efeito das decisões estratégicas, sobre a lógica de oportunidade ficou confirmado, concluindo-se pela importância do desenvolvimento de novos produtos, e da presença em vários mercados, como sendo o modo coerente de se responder às oportunidades emergentes e espontâneas. Tal como em todos os modelos anteriores, também aqui se confirmou a covariância entre as variáveis do dinamsimo e da complexidade, o que aponta para uma área de potencial melhoria para futuros trabalhos. Perante os resultados obtidos nas várias lógicas e nos modelos testados, podemos afirmar que perante estes dados, logo com essa reserva, a proposta de Bingham e Eisenhardt (2008) e outros seus colegas se comprovaram sempre que existe a mediação das decisões estratégicas. Esta constatação leva-nos a sugerir algumas consequências em termos da prática da gestão estratégica. A necessária confirmação destes resultados noutros contextos competitivos deve deixar claro, que perante diferentes níveis de incerteza, os dirigentes de topo deveriam estar disponíveis para adoptarem diferentes processos de formulação da estratégia. Esta necessidade exige que cada organização esteja ciente da necessidade de adoptar diferentes perfis adaptativos de lógicas estratégicas, que dependeriam da incerteza nos seus sectores e ambientes específicos. Esta obrigação requer dirigentes com modelos mentais, pensamento estratégico adequados, e a necessidade de criarem estruturas e processos diferenciados em função da variabilidade dessa incerteza. Será com base na percepção dessa variabilidade, que se deve desencadear a identificação de “turning points”, que representam momentos, onde o nível de incerteza passa dum patamar para outro, o que deverá desencadear a aplicação dum novo modelo de lógica estratégica. Esta constatação, pode permitir afirmar, que no futuro um dirigente de topo, que queira obter bons resultados organizacionais, tem de possuir uma carteira de competências, nomeadamente técnicas (hard skills), mas também de liderança e percepcionais (soft skills), para em contextos não lineares e de “nova normalidade”, adaptar e ajustar todo o seu sistema organizacional. Este “portfolio” de capacidades será determinante, para efectuar este “fit”, e garantir assim a sua permanência temporal, conseguindo desta forma desempenhos adequados. Esta adaptação à mudança depende sempre da forma como os responsáveis visualizam a incerteza. O alinhamento entre a percepção dos dirigentes e a realidade ambiental será determinante para o êxito. Conclui-se que o ambiente dá forma, e é Carlos Alberto da Costa Martins 193 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas formado pelas escolhas organizacionais, e estas escolhas dão forma às estruturas, e condicionam a estratégia e o desempenho. 5.2. LIMITAÇÕES A percepção dos gestores deveria conduzir duma forma clara, a uma separação entre as lógicas estratégicas de acordo com a proposta de BINGHAM e EISENHARDT (2008) e BINGHAM et al. (2012). Conforme foi referido, os dirigentes tomam decisões consoante a percepção que formulam do seu ambiente competitivo. O ambiente competitivo resultante da amostra, é constituído por empresas de sectores variados e com perfis variados. Nestas circunstâncias, quer o dinamismo, quer a complexidade é entendida de forma diferente, o que conduz igualmente, a processos de tomada de decisão diferenciados. As respostas às questões formuladas, corresponderam em parte ao modelo sugerido pela teoria. Esta formulação deveria conduzir a uma escolha clara entre as três tipologias estratégicas propostas. Contudo o que se observou, não correspondeu duma forma clara e inequívoca aos modelos das lógicas estratégicas propostas teoricamente. Podemos encontrar dois tipos de justificações para o sucedido. Um primeiro conjunto de justificações, pode resultar de razões metodológicas. A clareza das questões utilizadas, embora tenha sido acautelada no pré-teste, pode apesar de isso ser uma condicionante para os resultados obtidos. A deficiente compreensão da terminologia estratégica, por parte dos dirigentes, pode ser uma razão factual. Embora os itens que foram colocados nas variáveis independentes, referentes ao dinamismo e à complexidade, tenham seguido o formato utilizado por CARVALHO (2011), oferecendo assim garantias complementares de clareza e precisão. Os itens definidores do factor obtido para o dinamismo dizem respeito à tecnologia, enquanto os itens da complexidade se repartirem, entre: a “dificuldade da obtenção de informação sobre os segmentos”, na “necessidade de avaliar factores externos para decidir”, na “necessidade de despender maiores esforços para entender os factores externos”, e da “existência de diferentes produtos/serviços a serem oferecidos possuírem características similares”. Estes factores não nos parecerem oferecer dúvidas de interpretação, ou da ausência de clareza. O mesmo ocorreu nos itens definidores das decisões estratégicas, os quais foram traduzidos por frases curtas, claras e bastante objectivas. As questões referentes às lógicas estratégicas, integraram itens alternados representativos de cada dimensão das lógicas estratégicas. Nomeadamente quanto ao, inicio do processo, ao fundamento, e à protecção da vantagem competitiva. Embora se tenha utilizado o formato proposto por BINGHAM e EISENHARDT (2008), é admissível que Carlos Alberto da Costa Martins 194 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas a compreensão e a correcta interpretação nem sempre se tenham verificado. Esta problemática, sugere que quanto a este ultimo grupo de questões, se optasse por considerar uma pergunta de filtro, que obrigasse a forçar uma escolha em termos do que seria a lógica estratégica escolhida por cada organização. Contudo, convem referir que ao obrigar todos os inquiridos a responder integralmente ao último bloco de perguntas, evidenciou a falta de clareza no processo de formulação da estratégia. Isto porque, seria expectável que um dirigente ao ter uma lógica estratégica clara, os valores respondidos nessas questões fossem os mais elevados numa das lógicas, enquanto nos restantes dois blocos as respostas corresponderiam aos valores mínimos da escala. Esta difusão nas respostas, revela, ou, uma falta de conhecimento sobre os modelos de concepção da estratégia, ou a sua inadequação à pràtica empresarial. Na prática, a teoria pode ser outra. Para além do apontado anteriormente, consideram-se pertinentes que no domínio da amplitude das questões colocadas, possam ser exploradas novas dimensões. Na dimensão das decisões estratégicas, devem ser considerados outros itens respeitantes aos recursos e capacidades, ou ainda introduzir-se um construto que permitisse avaliar o grau de importância do sistema de actividades. Esta análise permitirá no futuro confirmar o grau de interligação entre os recursos, e a sua ligação com as lógicas estratégicas. Outra área complementar, representa a importância e o modo, como as capacidades dinâmicas, se relacionam com as lógicas estratégicas. Esta discussão, ou aprofundamento futuro não pode deixar de tratar a temática da sustentabilidade, da transitoriedade, ou instantaneidade da vantagem competitiva, também ela associada teoricamente, de modo diferente com cada uma das lógicas estratégicas aqui apresentadas. Como variáveis de mediação poderá ainda ser futuramente testados, aspectos respeitantes à forma como decorre o processo de desenvolvimento da lógica estratégica. È de considerar que este possa ser deliberado, ou emergente, ou ainda que possa contar no seu desenvolvimento com equipas mais reduzidas, ou grupos colectivos. Apesar de toda a literatura e trabalho cientifico produzido, não podemos deixar de lado, ou excluir a necessidade duma nova tipologia de lógicas estratégicas. Um segundo tipo de justificações, pode ser de caracter metodológico. Esta pode centrar se no método de recolha de informação. A recolha da informação com base num entrevistador, recorrendo ao questionário, deverá ser complementada, neste domínio particular da gestão, com entrevistas semi-estruturadas, ou a observação directa. Deverá ainda ser colocada a possibilidade, nalguns casos, de se utilizar o método do estudo de casos, como forma de esclarecer duvidas e, aprofundar e compreender melhor, os modelos mentais dos dirigentes, Carlos Alberto da Costa Martins 195 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas e as suas práticas reais de gestão. Contudo a dificuldade prática, a morosidade, e até os custos associados, podem limitar estas possibilidades. Finalmente um conjunto de razões, agora de caracter não metodológico referente ao suporte teórico e científico. O estudo da incerteza, pode contemplar a introdução doutras dimensões ambientais, para lá da complexidade e do dinamismo, e por outro lado, serem considerados outros níveis para cada dimensão. Isto implicaria uma nova tipologia ambiental, e a consequente reconceptualização das lógicas estratégicas. 5.3. CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO As contribuições futuras podem agora passar pela junção de novo conhecimento no âmbito organizacional, ou na redefinição das propostas respeitantes ao ambiente. Os conceitos de dinamismo e da complexidade permanecem dimensões relevantes no estudo do ambiente. Assim, o dinamismo pode ser caracterizado através do ritmo de variação dalguns elementos ambientais. Estas mudanças exigem alterações na estratégia, caso contrário estaremos perante um “misfit”. As mudanças transformam o novo em velho, o actual em antigo. Para minimizar este risco de obsolescência as organizações tem de se ajustar e adaptar. Criando e desenvolvendo novas soluções e opções. Da mesma forma, a complexidade reflecte a proliferação e a diversidade de factores, que se traduzem em ambiguidade e dificuldade na compreensão do ambiente. Quanto maior for o número de elementos ambientais e maior forem as suas variações maior é a complexidade. Estas modificações ambientais, sugerem que devem existir decisões estratégicas, e lógicas estratégicas mais ajustadas, consoante estas variações sejam maiores ou, menores. Para que ocorra esta conformidade deverão existir cuidados, nas escolhas dos conteúdos e processos de concepção das lógicas estratégicas. O processo de escolha das lógicas estratégicas deve remeter no futuro, para as questões internas do tipo “como” e “quem” estão envolvidos no processo (HARRINGTON, 2005). O processo de concepção estratégico pode ser classificado como deliberado ou emergente (MINTZBERG e WATERS, 1985). Esta escolha deverá estar subordinada ao grau de mudança observado. Na escolha das lógicas estratégicas é reconhecido que o processo de concepção da estratégia pode integrar a dimensão deliberado-emergente (como), e, uma dimensão colectivo-individual (quem) (FARJOUN, 2002). Daqui resulta uma tipologia genérica de tipos ideais, de formulação das lógicas estratégicas. Carlos Alberto da Costa Martins 196 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Segundo esta tipologia de HARRINGTON (2005), a complexidade apresenta um efeito directo, no processo de envolvimento, individual-colectivo. Destacam-se nesta dimensão (who), dois tipos básicos: o nível de envolvimento colectivo e a profundidade do envolvimento colectivo. O dinamismo, por seu lado, tem um maior efeito directo no processo de concepção (emergente-deliberado). Em conformidade são apresentados por HARRINGTON (2005) quatro tipos ideais de processos para a concepção da estratégia: o linear, o empreendedor, o integrativo, e o adaptativo. Subjacente a esta proposta, encontrase o pressuposto, de que a existência dum ajustamento (“co-alignment”) entre o ambiente, e as duas dimensões restantes, se traduz numa melhor performance. A abordagem do modelo linear é concebida numa dupla perspectiva, individualista, e deliberada. Na componente individualista isso corresponde ao modelo hierárquico “topdown”, enquanto a vertente deliberada corresponde a um método sistemático, onde as decisões estratégicas são decididas previamente (CHAFFEE,1985; MINTZBERG e WATERS, 1985) e orientadas pelo topo. Esta abordagem parece a mais adequada sempre que o ambiente é relativamente previsível (MINTZBERG e WATERS, 1985). A abordagem deliberada e individual corresponde ao melhor enfoque sempre que o topo domina toda a informação relevante, possuiu todo o conhecimento relevante, e a interacção é estável. Esta concepção é coincidente com a proposta da lógica de posicionamento, entendendo que para ambientes estáveis, o processo de formação da estratégia deve corresponder a modelos mais racionais e, com formato “top down”. O modelo integrativo (deliberado e colectivo) remete para um tipo de ambiente que se pode apresentar de forma variada, em termos de complexidade e dinamismo. NONAKA (1988) descreve este ambiente como de grande incerteza, e a proposta de abordagem colectiva ao problema sugere que estamos perante um ambiente de elevada complexidade (HARRINGTON, 2005). Refere ainda, que a reduzida pressão temporal (“time pressure”) induz a um reduzido dinamismo. A abordagem colectiva aos problemas deve ser a utilizada para avaliar informação e conhecimento, e, executar as decisões estratégicas. Modelo empreendedor (emergente e individualista) corresponde na proposta de (HARRINGTON, 2005) a um processo centralizado e individualista. SCHUMPETER (1950) descreve este processo como intuitivo e oportunista onde as mudanças são drásticas. O ambiente é considerado dinâmico, mas menos complexo. A menor complexidade deriva da actuação da empresa se concentrar em nichos que controla. O espirito empreendedor está associado a este modelo, em resultado duma menor complexidade, e duma maior capacidade de reacção a mudanças ambientais (MINTZBERG, 1979). HART (1992) e Carlos Alberto da Costa Martins 197 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas ANSOFF (1987) descrevem esta abordagem de formulação da estratégia como incrementalista, orientada por um ambiente dinâmico, mas, com baixa complexidade. Uma pequena equipa pode tomar decisões e adaptar-se mais adequadamente em ambientes dinâmicos. Esta divisão apresentada nos dois modelos anteriores (integrativo e empreendedor) afastase da proposta de BINGHAM e EISENHARDT (2008) e BINGHAM et al. (2011) dado considerarem que a lógica de alavancagem, se aplicava a contextos meramente com dinâmicas moderadas. Esta contribuição parece mais adequada, suscitando processos de forma, e de envolvimento diferente no processo de concepção da logica estratégica. O modelo adaptativo (emergente e colectivo) aplica-se a ambientes instáveis e de alta velocidade. Estes ambientes são caracterizados por uma alta complexidade, incerteza e dinamismo (CHAFFER, 1985; HART,1992; NONAKA, 1988; HARRINGTON, 2005). O termo adaptativo reflecte, a capacidade de ajustamento às mudanças externas, integrando-se na linha da escola da aprendizagem, enquanto o processo de formulação da estratégia é visto como um processo informal e emergente (MINTZBERG e WATERS, 1985). CHAFFEE (1985) considera este modelo de lógica, como de monitorização proactiva, enquanto MINTZBERG (1979) considera que este tipo de formulação é pouco claro, sem objectivos, e reactivo. Harrington (2005:382) refere, que, “in this environment, a great number of conceivable solutions and outcomes are possible. Because of this, firm’s with have a tendency to “keep their options open”. In other words, firms in as unstable environment are likely to develop and pursue more strategic ends (means with the understanding that many will be dropped, replaced, added or significantly modified)”. Como já referimos anteriormente, estes ambientes turbulentos representam ambientes descontínuos, onde melhorias contínuas não são mais capazes de gerar resultados acima da média. Como propõe MARKIDES (1999) só a inovação é capaz de gerar riqueza. Será a multiplicidade de ideias, e a reinvenção que podem dar origem a performances superiores. A busca contínua de novas ideias e identificação de oportunidades é fundamental. A geração de riqueza segundo SCHUMPETER (1934) dá-se através da destruição criativa, que baseando-se em rupturas radicais dá origem a novos mercados. Estes processos são habitualmente desordenados, e as empresas não têm forma de lidar com eles. As regras de jogo alteram-se e transformam-se. SUTTON e HARGADON (2000) entendem que os líderes devem promover e fomentar novas culturas organizacionais que estimulem a inovação. As inovações radicais originam alterações substanciais nos mercados, dando origem a novos produtos ou serviços, o que deixa as empresas sem processos para lidarem com as Carlos Alberto da Costa Martins 198 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas alterações. Estas inovações radicais provocam mudanças substanciais nos relacionamentos com clientes, fornecedores e restantes agentes, contudo somente esta tipologia de inovação garante o crescimento de longo prazo. Ilustração 32 - Modelos de Lógicas Estratégicas Nestes mercados a lógica de oportunidade corresponde a ambientes onde a emergência e a tendência para o caos ocorrem. A estratégia utiliza regras simples, e poucos processos como forma de aproveitar os fluxos de oportunidades mais atraentes e vantajosas. REVILLA et al. (2008) sugerem que a estratégia de conhecimento (“knowledge strategy”) representa, uma outra escolha estratégica de gestão, relacionada com o ambiente. Dado que o ambiente pode ter múltiplos graus de incerteza, o desenvolvimento de produtos ou serviços pode ser a única forma de garantir a sobrevivência (MALLICK e SCHROEDER, 2005). A estratégia do conhecimento é representada pelas escolhas de criação (“exploration”) e desenvolvimento de conhecimento (“exploitation”) as quais são efectuadas para darem forma ao processo de aprendizagem organizacional. Alguns trabalhos entendem que estas duas actividades são exclusivas entre si – exigem “trade-offs” (GHEMAWAT e COSTA 1993; BIERLEY e CHAKRAVARTY, 1996), enquanto outros os consideram actividades complementares (TUSHMAN e O’REILLY, 1996; EISENHARDT e MARTIN, 2000; KATILA e AHUJA 2002; AUH e MENGUC, 2005). Uma estratégia de conhecimento exige um equilíbrio Carlos Alberto da Costa Martins 199 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas entre ambas as actividades definindo que conhecimento deve ser desenvolvido ou adquirido (VERA e CROSSON, 2003). O sucesso no desenvolvimento de novos produtos exige, a aplicação do conhecimento e competências actuais, e, em simultâneo a exploração de novos conhecimentos (“exploration”) evitando a rigidez disfuncional (LEONARD-BURTON, 1992). GUPTA et al. (2006) introduz o termo ambidestro (sincronia entre “exploitation – exploration”) e, de equilíbrio pontuado (ciclos de “exploration e explotation”), realçando que as diferenças nos contextos ambientais (dinamismo, e complexidade) exigem diferentes tipos de combinações, de novos conhecimentos, e de conhecimento existente. Ilustração 33 - Estratégias de Conhecimento face à Incerteza Nesta sequência, a logica linear e de posicionamento, como se encontra associada a ambientes estáveis, sugerem formas de aprendizagem que utilizem e ampliem capacidades e conhecimentos existentes. Nos ambientes moderadamente dinâmicos e complexos, as combinações de conhecimento existente, e de, novo conhecimento será variável. A sua coexistência é defendida (ambidestro), propondo REVILLA et al. (2008) que consoante o ambiente seja mais dinâmico, maior deverá ser a enfase nos novos conhecimentos (modelo empreendedor), enquanto se o ambiente for mais complexo, esta enfâse deve recair numa abordagem de alavancagem do conhecimento existente (modelo integrativo) baseado em contribuições colectivas e de equipas. O processo variaria entre um formato mais formal nos casos, em que o predomínio seja o conhecimento existente, para um mais informal quando o contexto seja mais dinâmico. Em ambientes altamente incertos e turbulentos, é sugerida uma combinação de ambos os tipos de conhecimento, salientando-se, que deve ser dada prioridade ao novo conhecimento, baseado em participações colectivas e informais. A lógica de oportunidade enquadra estas contribuições. Carlos Alberto da Costa Martins 200 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Outro contributo, foi dado por BRYANT (2011) introduzindo o conceito de inteligência adaptativa (“adaptive inteligence”). Para BRYANT (2011) a estratégia preocupa-se em conhecer as condições em que as empresas podem melhorar as possibilidades de sobrevivência, e de sucesso, num determinado contexto ambiental. Duas abordagens procuram explicar este problema: a abordagem da aprendizagem evolucionista, assente no desenvolvimento das capacidades cognitivas e comportamentais (HELFAT, 2000) e, a abordagem do posicionamento suportado por um conjunto de actividades que permitem alcançar um desempenho superior (PORTER, 1980, 1996). A síntese destas abordagens é traduzida na dinâmica evolucionista dos ambientes industriais, e da, inteligência adaptativa ao nível da organização (BRYANT, 2011). As diferentes formas de selecção conduzem, a distintos tipos de comportamentos estratégicos, e de, inteligência adaptativa (MARCH, 2006). BRYANT (2011) propõem um novo modelo que relaciona quatro tipos de logica estratégicas, com base em mecanismos de selecção evolucionistas e, em modalidades de inteligência adaptativa. Considera que num dado contexto (ecossistema industrial) os recursos podem ser mais ou menos fáceis de acumular (escassez de recursos) (DIERICKX e COOL,1989) e, o seu potencial valor podem ser, mais ou menos, certos e específicos (incerteza de recursos) (BECERRA,2008). Estas configurações de recursos determinam os mecanismos de selecção evolucionista que condicionam um ecossistema industrial. BRYANT (2011:6) enquadra o conceito de logica estratégica do seguinte modo, “formally stated, strategies are logics of action to achieve organizational goals. They model the principles or rules by which firms can understand and respond to their environment”. Referindo a proposta de BINGHAM e EISENHARDT (2008) relativo às tipologias de lógicas estratégicas, BRYANT (2011) introduz uma variante quanto á logica da alavancagem. Considerando que a incerteza de recursos, e a sua escassez, são novas modalidades neste tipo de lógica, distinguem-se, a alavancagem de recursos e de conhecimento, como duas modalidades distintas de alavancagem. Ainda segundo BRYANT (2011), para que se utilize a lógica estratégica, a inteligência é um requisito. Daí que as teorias comportamentais da empresa se encontrem fundadas na racionalidade limitada, e, nas suas consequências (GAVETTI, 2012). Na psicologia encontram-se dois tipos de inteligência: o pensamento associativo (“associative thinking”), e, o pensamento com base em regras (“rule – based thinking”). No primeiro tipo, são recuperadas experiencias passadas com problemas similares, efectuando-se analogias e Carlos Alberto da Costa Martins 201 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas intuições que condicionam posteriormente todo o processo de decisão (GAVETTI, 2012). BRYANT (2011:7) explica: “associative thinking is typically employed when the problems entail relatively high complexity and/or ambiguity, which require extensive cognitive resources and thereby entail conditions of high boundedness”. Pensamento baseado em regras, exige a utilização sistemática das capacidades cognitivas na organização, e recorre à análise da informação para se procederem a decisões. BRYANT (2011:7) esclarece este tipo de inteligência, “is typically employed when the problem entail relatively low complexity, ambiguity and absence of time pressure implying moderate conditions of boundedness”. Ambos os tipos de inteligência podem coexistir para responderem a necessidades ambientais (DUNWOODY et al., 2000). O pensamento com regras encontra-se atribuído a ambientes estáveis e produtivos, enquanto o pensamento associativo está associado a contextos instáveis e imprevisíveis (GIGERENZER, 2000). Ilustração 34 - Lógicas Estratégicas (Modelo de Bryant) Os fundamentos da lógica de posicionamento, para BRYANT (2011) são baseados nos princípios da selecção evolucionista, os quais pressupõem a extinção do mais fraco, e utiliza a inteligência adaptativa recorrendo a regras. Na lógica de alavancagem a, sobrevivência realiza-se através do melhor ajustamento ao ambiente, utilizando os recursos e o conhecimento, ambos baseados em regras, ou no pensamento associativo. Quando a incerteza e a escassez de recursos são elevadas, a selecção e a sobrevivência processa se em função do ajustamento ao ambiente baseado numa lógica de oportunidade e da utilização de modalidades associativas de inteligência adaptativa. Carlos Alberto da Costa Martins 202 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Do exposto, apontam-se como contributos relevantes, as decisões dos dirigentes que em função da percepção ambiental, determinam se a organização se encontra num ambiente estável, moderadamente dinâmico ou dinâmico. Para ambiente estáveis a escolha duma posição única e valiosa, impõe a escolha de actividades fortemente relacionadas entre si, podendo o processo desta lógica de posicionamento ser executado individualmente e de forma deliberada (“top-down”), aproveitando e potenciando o conhecimento existente. A monitorização do ambiente pode ser feita duma forma mais passiva e condicionada. Em ambientes moderados, em dinamismo e complexidade, a incerteza é percepcionada de modo diferente. A escolha estratégica (“strategic choice”) dos recursos críticos, é fundamental na logica da alavancagem. O ajustamento requerido entre eles é mediano, podendo exigir modalidades distintas (deliberadas ou emergentes) da configuração da lógica estratégica. Contrariamente a BINGHAM e EINSEHARDT (2008), BRYANT (2011) propõe uma divisão entre uma lógica baseada em recursos e, uma lógica baseada no conhecimento, em função da variabilidade da incerteza. Para ambientes com maior complexidade e, menor dinamismo, o modelo integracionista (BRYANT, 2011) recomenda processos mais formais de concepção estratégica, e decisões colectivas baseadas em equipas. A utilização e o aproveitamento do conhecimento existente é o desejável, embora deva coexistir com novo conhecimento (“knowledge strategy”). Para ambientes com menor complexidade, e maior dinamismo, o modelo empreendedor, recomenda a utilização de processos mais informais e emergentes, baseados em participações individuais, ou de pequenas equipas. A estratégia de conhecimento, deve basear-se predominantemente em novo conhecimento, e em, menor grau no conhecimento existente (“knowledge strategy”). Estes ambientes moderadamente dinâmicos, suscitam posturas de inovação contínua, e modalidades de inteligência adaptativa, ora baseados em regras, ora em modos associativos. Os ambientes instáveis e turbulentos, exigem se capacidades de identificar e capturar oportunidades emergentes, que requerem um reduzido conjunto de processos criticos, e improvisação em tempo real. A escolha estratégica consiste num limitado conjunto de regras simples utilizando este modelo adaptativo, processos emergentes e de envolvimento colectivo de formulação da estratégia. A inovação radical, e a exploração de novos conhecimentos devem basear-se em processos associativos de inteligência adaptativa, e utilizando se modalidades activas de monitorização ambiental (“search e enacting”). Carlos Alberto da Costa Martins 203 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas As contribuições respeitantes à tipologia ambiental, pode igualmente sofrer melhorias no futuro. Segundo CHAKRAVARTY (1997) as várias abordagens estratégicas podem ser descritas segundo vários autores de acordo com várias dimensões. Das várias dimensões citadas a dimensão contextual (“industry context”) distinguia vários graus de complexidade e do ritmo de mudança. Nesta proposta enquadravam-se alguns dos principais referenciais académicos desta área científica (PORTER, 1980, 1996; HAMEL e PRAHALAD, 1989, 1990, 1994; D’AVENI, 1994), que abordaram a estratégia associada ao ambiente, em termos de complexidade, e ritmo de mudança. Para ambientes de baixa complexidade e estáticos, a lógica subjacente seria a proposta de PORTER (1980, 1985). A estratégia deveria representar o conjunto de decisões que melhor se ajustassem (fit) á estrutura da indústria. HAMEL e PRAHALAD (1989; 1990; 1994) entendem que o papel da estratégia, não deverá ser o de efectuar escolhas que melhor se ajustem à estrutura do sector, mas antes, devem procurar modificar e mudar as regras de jogo. A base da vantagem competitiva, deixando de ser as barreiras de entrada, e de mobilidade, como na orientação Porteriana, passam a ser as competências centrais. Nestas circunstâncias, esta lógica estratégica seria recomendável para ambientes com baixa complexidade, e moderado dinamismo. A proposta de D’AVENI (1994) considera que face ao desaparecimento gradual de barreiras de entrada, de mobilidade e, ao aumento da inovação, a vantagem competitiva das organizações entra facilmente em erosão, fruto da interacção estratégica das áreas de custo-qualidade, conhecimento, “strongholds” e “deep pockets”. O autor propõe, uma mudança contínua das regras do jogo, através da surpresa e da velocidade. Esta lógica deverá ser utilizada, em ambientes descritos como de baixa complexidade e de elevado dinamismo. CHAKRAVARTHY (1997) adianta uma reconceptualização do conceito de estratégia. Como já se referiu anteriormente, esta redefinição sugere como decisões fundamentais, repetir o “first mover”, gerir os efeitos de rede e, acompanhar o fluxo. Os restantes dois elementos propostos consistem na partilha de responsabilidade da estratégia, e a concentração nas capacidades organizacionais. Esta abordagem considera-se adequada para ambientes altamente dinâmicos e complexos. Carlos Alberto da Costa Martins 204 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Ilustração 35 - Proposta de Tipologia Ambiental Tomando como referência esta proposta de CHAKRAVARTHY (1997), pode avançar-se que uma nova tipificação do ambiente e da incerteza poderá ser possivel. A consideração do dinamismo e da complexidade, como condicionantes determinantes da incerteza, podem agora ter uma nova categorização. Uma distinção adicional no grau do dinamismo e da incerteza, levaria a considerar-se que estes podiam ser avaliados num “continuum” de baixo, moderado e elevado. Desta forma, considerando-se somente estas duas dimensões, ou acrescendo a munificência, as futuras pesquisas, tratariam de validar a pertinência da distinção, e consolidar teórica e empiricamente tal proposta. Donde as contribuições anteriores possam merecer revisões e reactualizações. Esta possibilidade pode ser antecipada pela proposta de SUAREZ e OLIVA (2005), os quais referem que diferentes tipos de mudanças ambientais requerem diferentes respostas organizacionais. Estas mudanças podem ser reconhecidas perante as variações de quatro dimensões: frequência, amplitude, velocidade e âmbito (tabela 59). Tabela 59 - Tipos de mudanças ambientais Frequência Amplitude Velocidade Ambito Baixa Alta Baixa Baixa Baixa Alto Baixa Baixa Tipo de mudança ambiental Regular Hiperturbulento Baixa Alto Alto Baixa Specif shock Baixa Baixa Alto Alto Baixa Alto Baixa Alto Disruptivo Avalanche Fonte: Suarez e Oliva, 2005 Carlos Alberto da Costa Martins 205 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Este trabalho complementa o de WHOLEY e BRITTAIN (1989), sugerindo agora cinco tipos de mudança ambiental. Estas hipóteses podem vir a exigir o abandono convencional da perspectiva bidimensional maioritariamente utilizada em estratégia, para uma visão tridimensional, ou ainda multidimensional desta problemática. A contribuição no domínio da teoria organizacional tem vindo igualmente a ser desenvolvida nos últimos anos. As abordagens tradicionais das funções da estratégia concordam com a concentração de esforços e senso de direcção. A base económica explicativa tem uma orientação racionalista, não explicam nem contemplam as descontinuidades tecnológicas que incidem sobre os sectores. O carácter de imprevisibilidade está ausente. Com as alterações contínuas dos clientes, das tecnologias dos processos competitivos, a noção de estratégia consoante PORTER (1980; 1985; 1996), necessita de ser complementada. Aos momentos de alguma estabilidade e evolutivos, sucedem-se momentos onde há necessidade de alterações, ou rupturas estratégicas (inovação). De acordo com MARKIDES (1997) mesmo quando não há modificações ambientais, deve existir o espírito de desenvolver e estimular crises positivas internas, que obriguem a empresa a encontrar novas soluções. Para tal, é necessário um novo modelo, mental e cultural que estimule a experimentação e a inferência ambiental. Desta forma não existirá um modelo estratégico combinatório ideal, mas sim, sucessões de novas combinações que podem emergir, gerando um dinamismo que faça com que as opções antigas se tornem obsoletas. Estas novas posturas estratégicas serão então o garante do sucesso futuro. É uma corrida sem fim, questionando sistematicamente os pressupostos anteriores. A estratégia é um alvo em movimento. O processo estratégico é semelhante ao processo de sobrevivência das espécies (BEINHOCKER, 1999b). Tal como estas, também as estratégias precisam agora de se desenvolverem. Só é possível garantir este desenvolvimento se forem promovidas experimentações, para além disso é necessário o que BEINHOCKER (2006) sugere de paralelismo. Nem todos na organização devem seguir o mesmo caminho. Em vez da busca dum posicionamento, é proposto o conceito de “patching” que representa a necessidade de novos reajustamentos em função de novas oportunidades. Aqui é impossível prever acontecimentos. As oportunidades surgem fora do alinhamento original. Além das exigências anteriores é necessária diversidade e agilidade. Como processo estratégico, obriga a decisões, e à inclusão de opiniões distintas e diferentes, estas são determinantes para a inovação estratégica. Finalmente a adaptação a estes contextos é um processo de aprendizagem organizacional. Carlos Alberto da Costa Martins 206 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas A mudança gerará incerteza, em graus e períodos diferentes, no contexto, conteúdos e nos processos. A mudança estratégica pode ser interpretada como uma forma de reacção da organização em relação ao contexto (GOHR e SANTOS, 2006). MARCH (1991) entende que existem outras maneiras de explicar o conteúdo da mudança estratégica das empresas, nomeadamente, mediante o conceito de (“exploration”) e de (“exploitation”). A exploração resulta do aproveitamento de novas oportunidades autónomas, enquanto a “exploitation”, traduz a exploração induzida de velhas certezas, o que para BURGELMAN (2002), FLIER (2003), VOLBERDA e LEWIN (2003), representam elementos integrantes de qualquer processo de mudança. A mudança que decorre dum processo de planeamento, é deliberada, enquanto aquela que decorre das mudanças contínuas do ambiente, considera-se emergente. A mudança ocorre, assim, forçada pelas decisões das equipas de gestão, ou pelas alterações ambientais e institucionais. Para GOHR (2005), a mudança estratégica pode ocorrer em diferentes níveis organizacionais, tal como, pode ser condicionada segundo forças externas ou internas da organização. FLIER (2003) define a mudança estratégica, como um conceito dinâmico, que requer um equilíbrio, e daí a necessidade da organização procurar manter o ajustamento com o ambiente. Portanto, a mudança, entende o alinhamento, como uma forma de manter o equilíbrio entre a organização e o ambiente. A abordagem evolucionista interpreta o fenómeno da mudança estratégica como um resultado interdependente de opções de gestão, e dos efeitos ambientais e institucionais (LEWIN e VOLBERDA, 1999). A coevoluçao procura integrar, a ideia de que enquanto na abordagem determinística, a organização se ajusta continuamente ao meio como forma de garantir a sua sobrevivência, na abordagem voluntarista são as organizações que em função das suas escolhas determinam o ambiente. É com base neste pressuposto que surge a coevolução entre organização (escolha estratégica) e o ambiente (determinismo) (GOHR e SANTOS, 2006). A coevolução pode ocorrer a vários níveis (GOHR, 2005). VOLBERDA e LEWIN (2003) classificaram as abordagens da escolha estratégica, e da selecção ambiental em três níveis. Ao nível da organização, que relaciona a organização às suas capacidades e estratégias para a adaptação e consequente sobrevivência. Quando ocorre dentro das empresas designa-se por microevolução, sendo resultante dos efeitos dos recursos e capacidades dinâmicas. Num segundo nível, relaciona a organização ao ambiente sectorial, e finalmente, o nível que relaciona a organização ao macro ambiente. Quando surge entre empresas Carlos Alberto da Costa Martins 207 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas (população) estamos perante uma macroevolução. Assim a teoria coevolucionista íntegra a questão da adaptação das organizações, a sua dinâmica competitiva e a dinâmica do sistema institucional no qual as empresas e as indústrias se encontram (LEWIN e VOLBERDA 1999). LEWIN e VOLBERDA (1999), e MCKELVEY (1999) entendem o processo de variação, selecção e retenção, que ocorre entre as organizações (população) e o seu ambiente geram efeitos coevolucionistas que ocorrem em múltiplas direcções, dentro e entre empresas do ecossistema, e do seu ambiente. Resultam daqui, efeitos não lineares de causa efeito, dada uma alteração numa variável poder originar múltiplos efeitos noutras variáveis. Estas interacções mútuas são o que caracterizam o feedback positivo. Finalmente, a adaptação é condicionada por factores históricos, ou acções estratégicas concretizadas pelas organizações. A contribuição da abordagem coevolucionista, assenta no principio da reciprocidade, e dos efeitos simultâneos e multidireccionais do ambiente, e das, escolhas individuais nos processos de mudança. O ambiente determina as estratégias emergentes, enquanto as decisões individuais reflectem as estratégias deliberadas. A contribuição unificadora do construcionismo, considera a necessidade de integrar os elementos ambientais, a influência dos indivíduos, e os processos que conduzem ao processo de interacção. É este processo dualista de interacção, que interessa igualmente ao enfoque construcionista (BERNANDES e SÁ, 2009). De modo semelhante, o modelo de HREBINIAK e JOYCE (1985) entende, que nem o voluntarismo, nem o determinismo pode explicar o processo adaptativo. A proposta dum modelo condicionado por variações no determinismo ambiental e, na escolha estratégica, pretende explicar o processo de adaptação, através de diferentes graus de escolha e de, restrições ambientais. Estes diferentes níveis originam processos de escolha e adaptação, de escolha mínima por exclusão, ou por escolha diferenciada por restrições, ou por escolha incremental por acaso, ou ainda, por escolha estratégica por vontade (CARVALHO et al., 2011). O estudo de CARVALHO et al. (2011) concluiu que não é possível compreender o processo adaptativo numa única perspectiva. A períodos, onde pode ser clara uma destas opções, ocorrem outros, em que é necessário utilizar ambas as argumentações. A mudança e a incerteza, resultam assim, duma sequência de eventos, resultante de intenções deliberadas dos dirigentes, e da, pressão ambiental. Carlos Alberto da Costa Martins 208 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Com base nestas observações, confirma-se o referido anteriormente nas conclusões - o ambiente dá forma, e é formado pelas escolhas organizacionais, e estas escolhas dão forma às estruturas, e condicionam a estratégia e o desempenho. Carlos Alberto da Costa Martins 209 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Carlos Alberto da Costa Martins 210 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas REFERÊNCIAS AAKER, David A.; BAGOZZI, Richard P. - Unobservable Variables in Structural Equation Models with an Application in Industrial Selling. Journal of Marketing Research. Vol. 16 (1979), p. 147-158. AAKER, David A.; KUMAR, V.; DAY, George S. - Pesquisa de marketing. São Paulo: Atlas, 2001. ABELL, Derek F. - Defining the business: the starting point of strategic planning. New Jersey: Prentice-Hall, 1980. ISBN 978-0131978140 ADNER, Ron; HELFAT, Constance E. - Corporate effects and dynamic managerial capabilities. Strategic Management Journal. Vol. 24, nº 10 (2003), p. 1011–1025. AGLE, Bradley R. [et al.] - Does CEO charisma matter? 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Carlos Alberto da Costa Martins 243 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Carlos Alberto da Costa Martins 244 ANEXOS A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas LISTA DE ANEXOS Anexo A - Inquérito Anexo B - Carta enviada às empresas Carlos Alberto da Costa Martins 247 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Carlos Alberto da Costa Martins 248 ANEXO A Inquérito A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Anexo:1 Questionário Este questionário, aborda somente questões relativas às percepções que os gestores têm do seu ambiente competitivo, e ao modo como concebem as suas lógicas estratégicas. Pretende se avaliar, em que medida o ambiente específico, influencia a escolha das logicas estratégicas. Procure responder com a maior precisão às questões colocadas. 1. Identificação Nome da Empresa: Responsavel:_______________ Sector:_______________________________________________________________ 2. Indique o seu grau de concordância ou discordância, com as seguintes afirmações, relativamente ao seu ambiente competitivo: (a escala varia de total discordância (1) a concordância total (5) 2 Dinamismo Total Concordância discordância Total 2.1 O grau de correcção de anteriores previsões tem mudado ①②③④⑤ muito nos últimos 3 anos 2.2 O poder do cliente tem mudado muito nos últimos 3 anos ①②③④⑤ 2.3 Têm surgido novos produtos/serviços com frequência nos últimos 3 anos ①②③④⑤ 2.4 Quando ocorrem mudanças na oferta de produtos/serviços são radicais ①②③④⑤ 2.5 As condições económicas globais têm influenciado o mercado nos últimos 3 anos ①②③④⑤ 2.6 As necessidades dos nossos potenciais clientes têm mudado muito nos últimos 3 anos Quando ocorrem mudanças nas necessidades dos clientes essas são radicais ①②③④⑤ A agressividade dos nossos concorrentes tem mudado com frequência nos últimos 3 anos 2.9 Os nossos parceiros e fornecedores têm mudado muito de actuação nos últimos 3 anos A regulamentação do sector tem mudado com frequência 2.10 nos últimos 3 anos ①②③④⑤ 2.11 Quando ocorrem mudanças na legislação são radicais ①②③④⑤ 2.12 A tecnologia envolvida com as nossas actividades tem mudado muito nos últimos 3 anos 2.13 As mudanças tecnológicas têm sido muito radicais ①②③④⑤ 2.14 Os aspectos sociais e culturais que influenciam o nosso mercado têm mudado muito nos últimos 3 anos ①②③④⑤ 2.7 2.8 Carlos Alberto da Costa Martins ①②③④⑤ ①②③④⑤ ①②③④⑤ ①②③④⑤ 251 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas 3. Em relação á complexidade do seu ambiente competitivo indique o seu grau de concordância ou discordância, com as seguintes afirmações (a escala varia de total discordância (1) a concordância total (5) 3 Complexidade Total Concordância discordância Total ①②③④⑤ 3.1 A diversidade de fornecedores e das suas ofertas tem aumentado 3.2 Existe uma grande diversidade de oferta de produtos substitutos ①②③④⑤ 3.3 A evolução da tecnologia no sector exige elevadas capacidades técnicas e intelectuais Uma decisão no nosso mercado influencia um variado número de factores ①②③④⑤ É difícil entender como evoluem as necessidades e interesses dos nossos clientes É difícil obter informações sobre os nossos segmentos para tomar decisões ①②③④⑤ É necessário avaliar mais factores externos para se tomar uma decisão estratégica 3.8 Precisamos sempre de despender grandes esforços para entender os factores externos que influenciam a nossa empresa 3.9 No nosso mercado há muitos e diferentes produtos/serviços a serem oferecidos com características e preços diferenciados 3.10 Muitas vezes precisamos de tomar decisões sem saber que resposta se irá receber dos clientes, concorrentes 3.11 Factores importantes para a tomada de decisão estão muito dispersos (grande numero de concorrentes, fornecedores, e tipos de clientes) ①②③④⑤ 3.4 3.5 3.6 3.7 ①②③④⑤ ①②③④⑤ ①②③④⑤ ①②③④⑤ ①②③④⑤ ①②③④⑤ 4. Indique como se caracterizam algumas das suas decisões estratégicas fundamentais (assinale uma posição que melhor traduza o seu caso, numa escala que varia de (1) discordo, pouco importante, ou fraco, a (5) concordo, muito importante, ou forte). 4 Decisões estratégicas Discordo Concordo Totalmente Totalmente 4.1 Tem entrado em novos segmentos ①②③④⑤ 4.2 Têm ocorrido muitas alterações nas necessidades dos ①②③④⑤ Carlos Alberto da Costa Martins 252 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas clientes 4.3 Tem alterado muito a sua carteira de produtos/serviços ①②③④⑤ 4.4 Tem aumentado a variedade de oferta de produtos/serviços ①②③④⑤ 5. Indique o seu grau de concordância ou discordância, com o processo estratégico da sua empresa: (tenha em atenção que a escala varia de (1) total discordância a (5) concordância total) 5 Processo estratégico Total Concordância discordância Total 5.1 5.2 Inicio o processo, estudando o ambiente externo e os sectores Inicio o processo, analisando e concentrando-se nos ①②③④⑤ recursos internos da empresa 5.3 Inicio o processo, explorando a confusão dos mercados 5.4 ①②③④⑤ Fundamento a vantagem competitiva através da, escolha ①②③④⑤ ①②③④⑤ duma posição atraente no sector Fundamento a vantagem competitiva, alavancando os ①②③④⑤ 5.5 recursos e capacidades existentes a outros mercados ou produtos 5.6 Fundamento a vantagem competitiva na, exploração das ①②③④⑤ oportunidades emergentes A protecção da vantagem competitiva, concretiza se, ①②③④⑤ 5.7 através da, defesa e fortificação do posicionamento escolhido A protecção da vantagem competitiva, concretiza se, ①②③④⑤ 5.8 mediante a concentração nos recursos e capacidades, escassos, raros e difíceis de imitar A protecção da vantagem competitiva, concretiza se, ①②③④⑤ 5.9 através da promoção contínua de movimentos rápidos e da experimentação Carlos Alberto da Costa Martins 253 A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Carlos Alberto da Costa Martins 254 ANEXO B Carta enviada às empresas A influência da incerteza ambiental na escolha das lógicas estratégicas Exmo Senhor Administrador/Presidente/Gerente Venho solicitar a sua resposta ao questionário em anexo, que faz do projecto de Doutoramento em Gestão, “ A Influência da Incerteza Ambiental na Escolha das Lógicas Estratégicas”a realizar na Universidade Lusíada de Lisboa. Neste sentido gostaríamos de contar com a sua participação no seu preenchimento. Os resultados do questionário serão totalmente confidenciais, abordando somente questões relativas às percepções que os gestores têm do seu ambiente competitivo, e às escolhas estratégicas efectuadas pela sua empresa. Os dados obtidos são sigilosos e destinam se exclusivamente para efeitos meramente académicos. Certo de poder contar com a sua valiosa colaboração, disponibilizo me para qualquer contacto que entenda necessário (mail: [email protected]; Tlm: 96.308.2128). Atenciosamente Carlos A.C. Martins (Doutorando – docente na Universidade Lusíada-Porto) Paula Rodrigues, Professora Doutora (Orientadora – docente na Universidade Lusíada-Porto) Carlos Alberto da Costa Martins 257