FREITAS, V.S.; GONÇALVES, G.M.C.; SOUSA, A.M.C.B.; SOUSA, P.A.; ASSUNÇÃO NETO, W.V.; LOPES, A.C.A.; GOMES, R.L.F. Avaliação de variedades crioulas de feijão-fava (Phaseolus lunatus L.) destinadas à agricultura familiar. In: II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste, 2015, Fortaleza. Anais do II Simpósio da RGV Nordeste. Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2015 (R 257). Avaliação de variedades crioulas de feijão-fava (Phaseolus lunatus L.) destinadas à agricultura familiar Vinicius Santos Freitas1, Gabriel de Moraes Cunha Gonçalves¹; Antônia Maria de Cássia Batista de Sousa1; Pablo Alves de Sousa1; Wilson Vitorino de Assunção Neto1; Ângela Celis de Almeida Lopes2; Regina Lucia Ferreira Gomes2 1 Graduando em Engenharia Agronômica. Universidade Federal do Piauí (UFPI), Centro de Ciências Agrárias (CCA). CEP: 64.049-550, Teresina, PI. [email protected]; [email protected]; 2 [email protected]; [email protected]; [email protected]. Docente. UFPI/CCA. [email protected]; [email protected]. Palavras-chave: caracterização agronômica, pré-melhoramento, produtividade de grãos. Introdução O feijão-fava (Phaseolus lunatus L.) é cultivado em quase todo o território nacional, atingindo relativa importância econômica em alguns estados e apresentando potencial para fornecer proteína vegetal à população, como fonte alternativa de alimento e renda, em vários municípios do Nordeste do Brasil (SANTOS et al., 2002). O desenvolvimento de uma cultivar melhorada requer a caracterização agromorfológica dos acessos disponíveis nos bancos de germoplasma. Essa caracterização permite o conhecimento do germoplasma e da sua futura utilidade potencial (Silva Neto, 2010). Nesse sentido, objetivou-se realizar a avaliação agronômica de oito variedades crioulas de feijão-fava para os caracteres de importância econômica e identificar as mais promissoras. Materiais e Métodos Foram avaliadas oito variedades crioulas do Banco de Germoplasma de Feijão-fava da Universidade Federal do Piauí, situada no município de Teresina – PI, na latitude 05º 05’ S, longitude 42º 48’ W e com altitude média de 72 m. O delineamento utilizando foi em blocos casualizados, com quatro repetições, sendo a parcela constituída de quatro linhas de 5,0 m, espaçadas 0,80 m x 0,70 m. O material avaliado apresenta hábito de crescimento indeterminado, dessa forma foi utilizado o plantio consorciado com milho (AL Piratininga), que serviu de tutor. Foram avaliados os seguintes caracteres: comprimento da vagem (CV), largura da vagem (LV), espessura da vagem (EV), número de sementes por vagem (NSV), aferidos em 10 vagens maduras, tomadas ao acaso; peso de cem sementes (P100), em gramas; produtividade de grãos (PROD), expresso em quilogramas por hectare, após transformação da pesagem em gramas do total dos grãos da parcela. As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do aplicativo computacional Genes (Cruz, 2013) Resultados e Discussões O número de dias para maturação das variedades crioulas de feijão-fava ocorreu entre 130 e 146 dias após a emergência, com duração média de 136 dias, indicando um ciclo longo. Segundo Trani et al. (2015), o ciclo de maturação do feijão-fava, em regime de sequeiro, dura em média 120 dias. Contudo, a diferença no ciclo de maturação pode ser atribuída ao ambiente no qual os genótipos são cultivados. Para os caracteres largura de vagem, espessura de vagem, número de semente por vagem, peso de 100 sementes e produtividade de grãos, houve diferenças significativas entre as variedades (Tabela 1). Isso indica que existe variabilidade genética entre as mesmas e a possibilidade de selecionar genótipos com caracteres desejáveis. O comprimento da vagem não foi um descritor que diferenciou as variedades. Quanto à largura da vagem, a variação observada foi de 13,82 (UFPI 817) a 18,65 mm (UFPI 806), sendo que UFPI 791, UFPI 797, UFPI 798, UFPI 806 e UFPI 815 apresentaram, em média, vagens com larguras superiores à média geral, que foi de 16,07 mm. Para a espessura da vagem, a variação foi de 8,97 mm (UFPI 791) a 11,87 mm (UFPI 797), com cinco variedades (UFPI 797, UFPI 798, UFPI 799, UFPI 806 e UFPI 8150) apresentando médias de espessura acima da média geral (10,24 mm). Com relação ao número de sementes por vagem, as variedades apresentaram de duas a quatro sementes, com média geral de três. Oliveira et al (2011), trabalhando na caracterização de feijão-fava, observaram número constante de duas sementes por vagem; enquanto Santos et al. (2002) verificaram variação de duas a seis sementes por vagem. Tal fato expressa a variabilidade genética disponível no feijão-fava. Quanto ao peso de 100 sementes, as variedades foram classificados como tendo sementes grandes (> 60 g), normais (40 a 59.9 g) e média (< 40 g). Segundo Silva e Freitas (1996), número de sementes por vagem e peso de 100 sementes são de grande importância para a seleção de materiais mais produtivos. II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015 Valorização e Uso das Plantas da Caatinga Um dos objetivos de maior importância no melhoramento genético do feijão-fava é o aumento da produtividade de grãos, visto que a média nacional foi de 339 kg/ha, em 2012 (IBGE, 2013). Nesse trabalho, obteve-se produtividade de 545,47 kg/ha, com destaque para UFPI 797, UFPI 798, UFPI 806 e UFPI 815, que apresentaram produtividade média de 935,18 kg/ha. Tal produtividade poderia ter sido maior se fosse em monocultivo, visto que no cultivo consorciado, a produtividade é menor devido a maior competitividade por nutrientes e recursos naturais. 1 Tabela 1 Média dos caracteres comprimento de vagem (CV), largura de vagem (LV), espessura de vagem (EV), número de semente por vagem (NSV), peso de 100 sementes (P100S) e produtividade de grãos (PROD), avaliados em oito variedades crioulas de feijão-fava. Teresina - Piauí, 2015. Variedades Fava branca Fava branca Fava branca Fava branca CV (mm) 78,49 a 75,13 a 73,96 a 74,26 a 80,67 a 75,05 a 74,85 a 70,83 a 75,41 20,21 LV (mm) 16,79 b 17,27 ab 17,28 ab 14,11 c 18,65 a 16,55 b 13,82 c 14,06 c 16,07 4,49 EV (mm) 8,97 b 11,87 a 11,60 a 10,26 ab 10,36 ab 10,35 ab 9,32 b 9,19 b 10,24 7,43 NSV P100S (g) 2,25 2,70 abc 2,82 ab 2,67 abc 2,67 abc 2,92 a 2,33 bc 2,37 bc 2,59 8,69 64,13 bc 84,31 a 73,97 ab 54,60 cd Boca de moça 76,49 ab Fava branca 64,38 bc Cara larga 39,60 d Rosinha 42,40 d Média geral 62,49 CV (%) 11,40 1 Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente pelo Teste Tukey (P<0,05). PROD (kg/ha) 166,25 cd 1196,00 a 941,50 ab 327,25 bcd 790,25 abc 813,00 abc 93,00 d 36,50 d 545,47 50,80 Conclusão As variedades Fava branca (UFPI 797), Fava branca (UFPI 798), Boca de moça (UFPI 806) e Fava branca (UFPI 815) destacaram-se quanto aos componentes de produção e produtividade de grãos, mostrando-se promissoras para recomendação aos produtores. Agradecimento Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo financiamento da pesquisa com o feijão-fava e concessão de bolsas. Referências CRUZ, C. D. GENES - a software package for analysis in experimental statistics and quantitative genetics. Acta Scientiarum Agronomy, v. 35, p. 271-276, 2013. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Banco de dados agregados: Produção agrícola municipal, Rio de Janeiro, v, 40, p,1-102, 2013. SANTOS, D, et al, Produtividade e morfologia de vagens e sementes de variedades de fava no Estado da Paraíba, Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 37, n. 10, p.1470 – 1412, 2002. SILVA NETO, J, R, 2010, Caracterização morfo-agronômica e avaliação da resistência em acessos de fava ao mosaico dourado e à antracnose, Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal de Alagoas, Rio Largo -AL, 93 p. SILVA, P, S, L; FREITAS, C, J, Rendimentos de grãos verdes de milho e caupi em cultivos puros e consorciados, Revista Ceres, Viçosa, MG, v. 43, n. 245, p, 28-38, 1996. TRANI, P, E.; PASSOS, F, A.; PEREIRA, J, E.; SEMIS, J, B, Calagem e adubação do feijão-vagem, feijãofava (ou fava-italiana), feijão-de-lima e ervilha torta (ou ervilha-de-vagem), Instituto Agronômico, Centro de Horticultura, Campinas, São Paulo, 2015, 15 p, II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015