1
Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial
Antonio Carlos Alves da Silva
Dimensões e características das ações da
responsabilidade social empresarial
nas indústrias da panificação do Grande Recife,
segundo o modelo de Quazi e O’Brien (2000).
Recife, 2012
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Antonio Carlos Alves da Silva
Dimensões e características das ações da
responsabilidade social empresarial
nas indústrias da panificação do Grande Recife,
segundo o modelo de Quazi e O’Brien (2000).
Orientadora: Profª. Lucia Maria Barbosa de Oliveira, Ph.D.
Dissertação
apresentada
como
requisito
complementar para obtenção do grau de Mestre
em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e
Pós-Graduação em Administração – CPPA da
Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil
Recife, 2012
3
A Maria de Moraes Andrade Lima, minha avó,
(in memorian) pelos ensinamentos éticos de toda
sua vida e por ter sido a base educacional de
minha família. Educação fornecida no mais
amplo sentido da palavra.
4
“Tu és o desejo profundo que te
impulsiona.
Tal como é o teu desejo, é a tua
vontade.
Tal como é a tua vontade, são
os teus atos.
Tal como são os teus atos, é teu
destino”
Brihadaranyaka Upanishad
5
Agradecimentos
A Deus pela sua infinita bondade e por sempre iluminar meus caminhos.
Agradeço aos meus pais, Tarcísio Fagundes e Albertina Alves pelo carinho, amor
incondicional e constante incentivo aos estudos. Aos quais dedico todas as minhas conquistas.
Agradeço em especial, a minha esposa Tatiene C. de Souza, pelo zelo, apoio, compreensão,
companheirismo e conselhos pertinentes. Tati, meu amor, obrigado por estar presente em
todos os momentos.
A Hélio Tavares de Souza e em particular sua esposa Maria de Fátima Correia Viana, minha
sogra, por ter me apresentado ao SINDIPÃO como pesquisador, proporcionando viabilidade
para o êxito de meus estudos. Muito obrigado pelo carinho, apoio e disponibilidade.
A Thuany Vitória (nina) pelo incentivo, mesmo de maneira inconsciente, quando perguntava
pelo término deste estudo para poder acompanhá-la durante seu recesso escolar.
Agradeço ao SINDIPÃO pelo apoio, compreensão e confiança.
A secretária do Sindicato dos panificadores e das Entidades da panificação de Pernambuco, a
senhora Ana Abrantes, pela presteza no atendimento em todas as oportunidades.
Meus sinceros agradecimentos aos professores Augusto César, Olímpio Galvão, Sônia
Calado, Raimundo Vergolino e Maria Auxiliadora (Dorinha) pelas valiosas contribuições.
Aos professores James Falk e Mônica Gueiros, membros da banca examinadora, pelas
sugestões pertinentes e sábias.
Aos colegas do mestrado (Turma 6) pelos bons momentos e experiências compartilhadas
durante todo o curso.
Por último, não menos importante, agradeço imensamente a professora Lúcia Maria Barbosa
de Oliveira, minha orientadora, pela ajuda intelectual, sinceridade, confiança e estímulo
constante ao aprofundamento dos meus estudos e de minha qualificação profissional.
6
Resumo
A responsabilidade social das organizações está em evidência, e cada vez mais as empresas
estão admitindo responsabilidades que transcendem as exigidas por leis e regulamentos. Esta
pesquisa consiste em identificar as dimensões que caracterizam as ações da Responsabilidade
Social Empresarial (RSE) nas indústrias da panificação do Grande Recife pertencentes ao
Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado de Pernambuco, as quais
totalizam 123 indústrias listadas na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco. Deste
universo de indústrias, foram selecionadas 30 empresas que fizeram parte da amostra. Como
instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário desenvolvido a partir do modelo
bidimensional de RSE de Quazi & O’Brien (2000). Tal modelo foi escolhido em função de
sua aplicação e das dimensões sobre a temática no cotidiano das empresas. As técnicas
utilizadas para aplicação do modelo e obtenção dos resultados foram as análises de conteúdo,
fatorial e de cluster, utilizando-se o software estatístico R. Os resultados obtidos a partir da
amostra das indústrias de panificação ratificam o entendimento por parte do grupo analisado
de que a RSE traz benefícios mútuos para os negócios e a sociedade, enquadrando, dessa
forma, o setor de panificação na visão socioeconômica, dimensão estreita da responsabilidade
social empresarial. Os gestores das indústrias pesquisadas praticam ações de RSE voltadas
principalmente para a consciência e preservação do meio ambiente, saúde dos funcionários,
doações, cidadania e qualificação profissional. Destaca-se, ainda, que a maior parte dos
respondentes praticam ações que remetem a filantropia empresarial.
Palavras-chave: Análise fatorial, clusters, indústrias de panificação, responsabilidade social
empresarial.
7
Abstract
The social responsibility of organizations is in evidence, and more and more companies are
admitting responsibilities that transcend those required by laws and regulations. This study is
to identify the dimensions that characterize the actions of Corporate Social Responsibility
(CSR) in the baking industry of the Greater Recife belonging to the Union of Bakery and
Confectionery Industries of the State of Pernambuco, which total 123 industries listed in the
Federation of Industries the state of Pernambuco. In this universe of industries were selected
30 companies that comprised the sample. A questionnaire developed from the twodimensional model of CSR Quazi & O'Brien (2000) was used as a data collection instrument.
This model was chosen because of its application and the dimensions on the theme in the
daily life of company. The techniques used for applying the model and obtaining the results
were the content analysis, factorial and cluster, analysis by of the statistical software R. The
results obtained from the sample of the bakery industries ratify the comprehension by the
group analyzed that CSR brings mutual benefits for business and society, thus, framing, the
bakery sector in the socioeconomic view of the narrow dimension of social business
responsibility. The managers of the industries investigated practicing CSR activities were
especially oriented towards the conscientiousness and preservation of the environment, health
of the employees, donations, citizenship and professional qualification. It should be noted also
that the majority of respondents practice actions that refer to corporate philanthropy.
Keywords: Factor analysis, cluster, bakeries industries, corporate social responsibility.
8
Lista de Figuras
Figura 1 – Evolução do setor de panificação em 2011.....................................................
16
Figura 2 – Modelo bidimensional de RSE........................................................................
24
Figura 3 – O papel da ética no desempenho das empresas................................................
28
Figura 4 – A pirâmide da responsabilidade social............................................................
34
Figura 5 – Modelo dos três domínios da RSE..................................................................
38
Figura 6 – Modelo dos três domínios da RSE: Domínio legal..........................................
39
Figura 7 – Número de componentes versus autovalores...................................................
62
Figura 8 – Localização dos clusters das empresas pesquisadas.........................................
70
Figura 9 – Enquadramento das ações de RSE no modelo de Quazi e O’Brien (2000).....
74
9
Lista de Quadros
Quadro 1 – Duas doutrinas sobre a responsabilidade social das empresas.......................
31
Quadro 2 – O modelo de desempenho social empresarial.................................................
33
Quadro 3 – Modelo de desempenho social empresarial....................................................
37
Quadro 4 – Similaridades, diferenças e complementaridades entre os modelos de RSE..
41
Quadro 5 – Plano estrutural de investigação da pesquisa..................................................
44
Quadro 6 – Descrições das declarações de Quazi e O’Brein.............................................
53
10
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Quantidade e percentual dos entrevistados em relação ao grau de
concordância das declarações A1, A2, A3, A4 e A5............................................................
55
Tabela 2 – Quantidade e percentual dos entrevistados em relação ao grau de
concordância das declarações A6, A7, A8, A9 e A10..........................................................
56
Tabela 3 – Quantidade e percentual dos entrevistados em relação ao grau de
concordância das declarações A11, A12, A13, A14 e 15.....................................................
57
Tabela 4 – Quantidade e percentual dos entrevistados em relação ao grau de
concordância das declarações A16, A17, A18, A19 e A20..................................................
58
Tabela 5 – Quantidade e percentual dos entrevistados em relação ao grau de
concordância das declarações A21, A22, A23, A24 e A25..................................................
59
Tabela 6 – Medidas descritivas das vinte cinco variáveis que fizeram parte do
questionário aplicado nas indústrias de panificação.............................................................
60
Tabela 7 – Matriz de correlação obtida a partir do método de rotação varimax..................
64
Tabela 8a – Identificação e denominação dos fatores de 1 a 4............................................. 66
Tabela 8b – Identificação e denominação dos fatores de 5 a 9............................................. 67
Tabela 9 – Autovalores, percentual da variância explicada (% VarExp) e o percentual da
variância explicada acumulada (%Acum.) dos nove fatores................................................
68
Tabela 10 – Quantidade (n) e percentual (%) observações em cada cluster......................... 69
Tabela 11 – Centróides dos clusters, estatística F e p-valor ................................................
71
Tabela 12 – Foco de atuação, ações de RSE, quantidade (n) e percentual (%) de
respondentes.......................................................................................................................... 73
Tabela 13 – Distribuição dos entrevistados em relação aos dados demográficos................
75
11
Lista de Abreviaturas e Siglas
ABIP
Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria
CPRH
Agência Estadual de Meio Ambiente
CSR
Corporate Social Responsibility
DSE
Desempenho Social Empresarial
EPÃO
Entidades da Panificação de Pernambuco
FIEPE
Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco
PROPAN
Programa de Apoio à Panificação
RSE
Responsabilidade Social Empresarial
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SINDIPÃO
Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado de Pernambuco
12
Sumário
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................
1.1 Objetivos da pesquisa................................................................................................
1.1.1 Objetivo geral.........................................................................................................
1.1.2 Objetivos específicos.............................................................................................
1.2 Justificativas..............................................................................................................
1.2.1 Justificativas teóricas.............................................................................................
1.2.2 Justificativas práticas.............................................................................................
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................
2.1 Modelo bidimensional de RSE de Quazi e O’Brien (2000)......................................
2.2 Ética nos Negócios....................................................................................................
2.3 A Responsabilidade Social Empresarial...................................................................
2.4 Principais modelos conceituais de RSE....................................................................
3 METODOLOGIA.........................................................................................................
3.1 Delineamento da pesquisa.........................................................................................
3.2 Tipo de pesquisa........................................................................................................
3.3 População e amostra..................................................................................................
3.4 Instrumento de coleta de dados.................................................................................
3.5 Métodos de análises e interpretações dos dados.......................................................
3.5.1 Plataforma R...........................................................................................................
3.6 Limitações e limites...................................................................................................
4 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS..................................................................
4.1 Análise exploratória e descritiva das variáveis..........................................................
4.2 Análise fatorial...........................................................................................................
4.3 Análise de Cluster.....................................................................................................
4.4 Análise de Conteúdo..................................................................................................
4.5 Dados demográficos dos participantes......................................................................
5 CONCLUSÕES..............................................................................................................
5.1 Recomendações para pesquisas futuras.....................................................................
REFERÊNCIAS..............................................................................................................
APÊNDICE......................................................................................................................
ANEXO...........................................................................................................................
13
20
20
20
20
21
21
23
23
25
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42
42
44
45
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49
50
52
52
61
68
71
74
76
79
80
86
96
13
1 Introdução
A responsabilidade social das organizações está em evidência e cada vez mais as
empresas estão admitindo responsabilidades que transcendem as exigidas por leis e
regulamentos. Três são as fontes de responsabilização: a degradação resultante do incremento
do esforço produtivo; a incapacidade do governo na realização de suas tarefas básicas: regular
a vida social e a economia e prover bens públicos; a educação e a facilidade de acesso às
informações que fizeram crescer a influência dos juízos sociais sobre os investidores e
consumidores (THIRY-CHERQUES, 2008).
Atualmente, não se pode pegar um jornal, uma revista, sem encontrar alguma
discussão sobre a Responsabilidade Social Empresarial (RSE), alguns exemplos recentes e
inovadores do que as empresas estão pensando ou fazendo sobre o tema, ou alguma nova
conferência que está sendo realizada. O conceito de RSE está sendo divulgado através dos
mais diversos canais de comunicação: periódicos específicos, revistas, livros, dicionários,
enciclopédias, websites, listas de discussão e blogs. Diante de tantas divulgações, o termo
Responsabilidade Social ainda está em evolução, apesar de concorrentes, complementares e
sobreposição de entendimentos como Cidadania Corporativa, Gerenciamento de Stakeholders,
Ética nos Negócios e Sustentabilidade (CARROL E SHABANA, 2010).
Afirmando que a RSE faz parte do dia-a-dia dos negócios, o Instituto Ethos de
Empresas e Responsabilidade Social, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de
Panificação e Confeitaria (ABIP) e com o apoio do Instituto Souza Cruz, promoveu a
elaboração do Guia conceitual e prático para o setor de panificação, apresentando as seguintes
motivações para que os empresários do setor se engajem pela adoção da prática da RSE como
uma diretriz que interliga todas as suas ações. As motivações são as seguintes:
14
 Expectativa da sociedade em relação à postura ética das empresas:
atualmente existe cobrança por uma atuação responsável, como retribuição
pelos lucros obtidos através da oferta de produtos e serviços.
 Amadurecimento para a democracia: as pessoas passam a exercitar o seu
papel de cidadãos, estabelecendo uma relação mais igualitária tanto com os
governantes como com todos à sua volta.
 Conscientização social: crescimento da consciência de que uma sociedade
somente será cidadã se seus membros forem atuantes na área social. É preciso
participar.
 Presença da marca / nome da empresa: ainda que a intenção não seja fazer
da responsabilidade social um instrumento de marketing, empresas socialmente
responsáveis têm mais espaço na mídia e são mais aceitáveis pela sociedade.
 Poderoso instrumento de desenvolvimento: pessoas conscientes de sua
responsabilidade social tornam-se melhores como colegas de trabalho,
gerentes, colaboradores, pais, membros da sociedade.
 Ampliação de propósito: o lucro não é mais visto como a única razão de ser
de um negócio, mas trata-se do resultado da produção de um bem ou serviço
necessário.
 Mudança da relação empresa x sociedade: a produção de um bem ou serviço
não pode causar danos aos cidadãos. Não se aceita mais, contratar pessoas
sadias para trabalhar na empresa e devolvê-las doentes à comunidade; utilizar
recursos da natureza e provocar depredações ao meio ambiente; oferecer um
produto de alta tecnologia ao mercado e no ambiente de trabalho manter um
clima de pressão sobre a sua equipe; obter altos lucros e, ao mesmo tempo,
remunerar mal os colaboradores.
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 Valorização da imagem empresarial: uma postura de respeito ao homem e à
natureza dá mais credibilidade a seu negócio, atrai investidores, melhora o
desempenho dos empregados e projeta a empresa no mercado, valorizando sua
imagem, seus produtos ou serviços.
De acordo com Srour (1998) a responsabilidade social deve fazer parte do conjunto
das estratégias empresariais, considerando múltiplas exigências, tais como as relações de
parceria entre clientes e fornecedores; a contribuição para o desenvolvimento da comunidade;
os investimentos em pesquisas tecnológicas; a preservação do meio ambiente; o respeito aos
direitos dos cidadãos; a não discriminação de gênero, raça, idade, etnia, religião, ocupação e
preferência sexual; e os investimentos em segurança do trabalho e em desenvolvimento
profissional.
Todos os setores da economia devem repensar sua atuação e pensar o futuro de seu
negócio de forma sustentável, agindo de maneira economicamente viável, socialmente justa e
ecologicamente correta. O segmento da panificação brasileira, por exemplo, vem
incorporando a RSE como estratégia e utilizando seu potencial de comunicação para divulgar
suas ações de responsabilidade social, conforme informação da Associação Brasileira da
Indústria da Panificação e Confeitaria – ABIP. O setor merece destaque, pois registrou vendas
de 62,99 bilhões em 2011, o que representa um crescimento de 11,9% em relação aos 56,3
bilhões faturados em 2010 (BRANCO E TAVARES, 2012).
Conforme informações publicadas no endereço eletrônico institucional do Programa
de Apoio à Panificação – PROPAN/2012, o segmento é composto por mais de 63 mil
panificadoras em todo o país, as quais contrataram 21 mil funcionários e receberam em seus
estabelecimentos cerca de 43,23 milhões de clientes em 2011. O setor gera cerca de 758 mil
empregos diretos e 1,8 milhão de forma indireta.
16
A Figura 1 mostra o crescimento do setor da panificação em 2011.
Figura 1: Evolução do setor da panificação em 2011.
Fonte: Propan, 2012.
A indústria da panificação do estado de Pernambuco, através das Entidades da
Panificação de Pernambuco – EPÃO com o auxílio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas - SEBRAE, instituiu o Fórum de Sustentabilidade e Ecoeficiência da
Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado de Pernambuco. Espaço onde se discuti
temas relativos à reciclagem, redução de gastos operacionais, profissionalização de jovens
carentes, combate à informalidade, parceria com a Universidade Federal de Pernambuco e
gestão ambiental rentável. Ambiente criado para os empresários da panificação discutirem os
problemas das operações e dos impactos ambientais e sociais onde o setor é protagonista
(EPÃO, 2009).
Segundo Drucker (2010) os problemas sociais foram definidos como sendo disfunções
da sociedade, doenças degenerativas do organismo político. Para a administração das
17
instituições e de negócios, esses problemas são grandes fontes de oportunidades e representam
desafios. A função dos negócios é satisfazer a necessidade social, transformando a resolução
de um problema social em uma oportunidade de negócios.
Porter e Kramer (2006) enfatizam que as empresas devem convergir interesses sociais
e empresariais e reconhecer que seus esforços de responsabilidade social são benéficos para
sociedade.
Existem empresas que procuram ressaltar a sinergia entre o negócio e a atuação social,
conduzindo a organização a uma otimização do emprego de recursos próprios em seus
projetos sociais, destacando nesse processo a importância do papel dos gestores em propiciar
e desenvolver uma cultura de cidadania organizacional (FISCHER, 2002).
A mesma autora esclarece que essa mudança cultural é um desafio para os líderes e
principalmente para os influenciadores de cultura organizacional, os gestores de pessoas, os
quais deverão encontrar um caminho, escutando, influenciando e comunicando aos
funcionários a mensagem da empresa, pois as tendências apontam para um futuro, muito
próximo, em que as pessoas desejarão sentirem-se cidadãs em cada papel que
desempenharem, em cada contexto organizacional a que estiverem vinculadas.
Ashley (2002) afirma que as empresas, como ponto de impacto na sociedade, tem se
deparado com a equação lucro versus função social. A equação empresarial da atualidade está
relacionada ao como potencializar o desenvolvimento dos negócios levando em consideração
a intervenção da organização no meio.
A resposta para esse questionamento é gerir a empresa de forma socialmente
responsável, introduzindo programas, projetos e ações que venham a melhorar a vida das
pessoas que são afetadas pela gestão. No anexo C, encontra-se um guia teórico e prático
elaborado pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, em parceria com a
18
Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP) e com o apoio do
Instituto Souza Cruz, de como aplicar a RSE nas indústrias da panificação.
Administrar com essa nova agenda de responsabilidades, segundo Karkotli e Aragão
(2004), e manter-se no mercado altamente competitivo tem representado um desafio à gestão
de empresas, pois necessitam de planejamentos estratégicos que levem em conta a melhoria
da qualidade de vida, a valorização do potencial humano, o equilíbrio ecológico e a equidade
social.
A questão da responsabilidade social empresarial é um tema muito polêmico e
dinâmico, conforme Gomes e Moretti (2007) envolve desde a geração de lucros pelos
empresários, visão bastante simplória, até a implementação de ações que contemplam os
interesses da sociedade, contexto mais abrangente, conforme os autores. Trata-se de duas
visões opostas do sistema econômico e social. A primeira linha, a mais tradicional é
fortemente apoiada no aspecto legal, que garante os direitos dos acionistas em retirar o lucro
das operações após o recolhimento dos impostos, direitos patrimoniais e legais. A segunda
prega que as empresas devem se envolver com a responsabilidade social, por diversas razões,
sendo suas variantes: a estratégia, que vê oportunidades de negócios no processo; a ética dos
negócios, que percebe as empresas como agentes morais e portadoras de uma ética
empresarial; a sistêmica, a qual postula o envolvimento das empresas com os diversos
públicos de interesse, os stakeholderes.
Segundo Barbieri e Cajazeira (2009) a palavra Corporate é um adjetivo de
corporation, que se refere a uma empresa constituída na forma de sociedade anônima de
capital aberto, onde a administração é separada da propriedade. Como as preocupações com a
responsabilidade social nos Estados Unidos iniciaram em função das corporations, devido em
grande parte às questões da separação entre a propriedade e a administração, o termo
19
corporate foi justaposto à expressão social responsibility até o presente. A rigor a
responsabilidade social corporativa relaciona-se apenas com essas empresas.
O presente estudo abordou o tema da responsabilidade social utilizando a expressão
Responsabilidade Social Empresarial (RSE).
O modelo de RSE proposto por Quazi e O’Brien (2000) escolhido para elaboração
deste estudo foi baseado a partir do modelo de Archie B. Carroll (1979, p. 500), que o definiu
da seguinte maneira: “A responsabilidade social dos negócios engloba os campos econômico,
legal, ético e discricionário expectativas que a sociedade tem em relação às organizações em
dado período”. Posteriormente, a palavra discricionário foi substituída por filantrópica.
O modelo conceitual das quatro dimensões tornou-se a base de muitos programas e
formas de gestão da responsabilidade social, como afirmam os autores Barbieri e Cajazeira
(2009, p. 53):
“Qualquer que seja a teoria que venha a orientar as práticas de
Responsabilidade Social Empresarial, sempre haverá dificuldades para
implementá-las e as razões são muitas, começando pelo fato de envolver
uma diversidade de questões que traduzem direitos, obrigações e expectativa
de diferentes públicos, internos e externos à empresa. [...] um modo
tradicionalmente bem sucedido de enfrentar uma situação complexa é por
meio da desagregação de seus componentes. Esse é o esquema usado por
Carroll, [...] cuja obra tem sido uma fonte inesgotável de inspiração”.
O modelo de RSE desenvolvido por Quazi e O’Brien (2000) foi escolhido em função
das dimensões e de sua aplicação, as quais se instalam em todas as esferas da sociedade.
Nesse sentido, a fim de conhecer o real entendimento sobre a RSE, por parte dos
gestores das indústrias da panificação, localizadas na região metropolitana do Recife, este
trabalho propôs a seguinte pergunta de pesquisa: Que dimensões caracterizam as ações da
responsabilidade social empresarial nas indústrias da panificação do Grande Recife,
segundo o modelo desenvolvido por Quazi e O’Brien (2000)?
20
1.1 Objetivos da pesquisa
1.1.1 Objetivo geral
Identificar as dimensões que caracterizam as ações da responsabilidade social
empresarial nas indústrias da panificação do Grande Recife, segundo o modelo desenvolvido
por Quazi e O’Brien (2000).
1.1.2 Objetivos específicos
 Identificar as visões da RSE (visão clássica, visão socioeconômica, visão
filantrópica e visão moderna) que orientam as ações nas indústrias da
panificação localizadas na região metropolitana do Recife;
 Avaliar a aplicabilidade do modelo bidimensional de RSE desenvolvido por
Quazi e O’Brien (2000) para as empresas pesquisadas.
 Analisar e categorizar as ações de RSE praticadas pelos gestores da
panificação;
1.2 Justificativas
Esta seção apresenta as contribuições que a pesquisa trará para a academia e abordará
a relevância do conhecimento sobre a Responsabilidade Social Empresarial na prática, no
âmbito do setor de panificação.
21
1.2.1 Justificativas teóricas
Inúmeras são as questões não resolvidas teóricas e empíricas relativas à definição e
implicações da RSE, a saber: diferenças nas práticas de RSE entre países, determinação das
motivações estratégicas, efeitos na vida das empresas e das partes interessadas, cultura
corporativa e avaliação da demanda e custos de implantação. O conceito de RSE e suas
dimensões encontram-se em formação remetendo em alguns casos, a dúvidas e contradições
quanto ao significado da expressão (MCWILLIAMS; SIEGEL; WRIGHT, 2006).
Dessa forma, a pesquisa poderá proporcionar esclarecimentos sobre a RSE, quanto às
suas dimensões e características, junto às indústrias da panificação, localizadas na região
metropolitana do Recife. Se os negócios têm dimensão singular de maximizar lucros, ou
multidimensional, de servir aos interesses da sociedade (QUAZI; O`BRIEN, 2000).
As dimensões da RSE propostas pelos pesquisadores supracitados e abordadas neste
trabalho poderão contribuir para pesquisas acadêmicas futuras nas mais diversas áreas do
conhecimento, como Direito, Sociologia, Ciência Política, Economia e Administração de
Empresas.
1.2.2 Justificativas práticas
Do ponto de vista prático, os resultados dessa pesquisa demonstrarão as principais
visões da RSE por parte das Indústrias da Panificação, localizadas na região metropolitana do
Recife. Dessa forma, subsidiarão não só as empresas na formulação de políticas de
responsabilidade social que façam sentido para os objetivos estratégicos, como também, o
Fórum de Sustentabilidade e Ecoeficiência e as Entidades da Panificação de Pernambuco –
22
EPÃO, este que tem a missão de representar, unir e defender os interesses das indústrias da
panificação e confeitaria do estado de Pernambuco, com responsabilidade socioambiental e
política, disseminando a cultura associativista em prol do desenvolvimento do setor.
Existem várias discussões sobre o alinhamento da RSE, estratégia empresarial e
vantagem competitiva por parte das empresas. Essas estão agregando valor e tornaram-se
competitivas, através da atuação socialmente responsável (HUSTED E ALLEN, 2000;
PORTER E KRAMER, 2002; MOLTENI, 2006).
Os gestores das empresas envolvidas na pesquisa poderão ter ao fim deste estudo,
informações necessárias para decidir sobre qual estratégia seguir para tornarem-se
competitivas e quais ações planejarem para melhorar a vida das pessoas que são afetadas pela
gestão, a partir do exercício da responsabilidade social.
Assim, categorizando as dimensões da RSE, através de literatura específica, o presente
estudo poderá ajudar os gestores na identificação e escolha da literatura relevante para seus
interesses, no entanto, adequadas para disseminar uma cultura baseada em valores,
incentivando seus funcionários a agir de forma responsável na produção de bens e serviços
inovadores que contribuam para o bem estar da sociedade e melhorem a qualidade de vida no
trabalho.
Além deste capítulo introdutório, essa dissertação de mestrado contém mais quatro
capítulos, a saber: fundamentação teórica, metodologia, resultados e análise de dados, e por
fim, conclusões.
O capítulo seguinte abordará a fundamentação teórica do presente estudo.
23
2 Fundamentação Teórica
Este capítulo apresentará a revisão da literatura e estabelecerá as bases teóricas que
darão sustentação ao presente trabalho de pesquisa, distribuídas em quatro seções. A primeira
seção mostra o modelo bidimensional da RSE proposto pelos pesquisadores Quazi e O’Brien
(2000) e suas visões: clássica, socioeconômica, filantrópica e moderna. Modelo escolhido
como base teórica para o presente estudo.
A segunda seção trata sobre definições conceituais e implicações da Ética nos
Negócios como princípio básico para haja a responsabilidade social empresarial. A terceira
seção aborda a responsabilidade social empresarial em termos de conceitos e doutrinas,
buscando dessa forma melhor entendimento sobre a temática. Por último, a quarta seção
apresenta os principais modelos conceituais de RSE quanto a seus surgimentos, seus
desempenhos e suas evoluções ao longo do tempo.
2.1 Modelo Bidimensional de RSE de Quazi e O’Brien (2000)
O modelo de RSE desenvolvido por Quazi e O`Brien (2000), ilustrado na Figura 2, a
seguir, apresenta duas dimensões: no eixo horizontal (primeira dimensão), representa os
extremos das visões, as quais podem ser ampla e restrita. A visão ampla envolve as atividades
de RSE que vão além da visão clássica e econômica, provendo às expectativas da sociedade,
localiza-se no ponto extremo esquerdo da figura. A visão restrita limita-se a promover
resultados e maximizar lucros, localiza-se no ponto extremo direito. O eixo vertical (segunda
dimensão) retrata os extremos das percepções sobre as consequências das ações sociais
24
relacionadas aos custos e benefícios para as empresas. O extremo inferior, lado negativo do
envolvimento social para empresa, na medida em que caracteriza a criação de uma rede de
custos, o extremo superior com o envolvimento social representa a criação de uma rede de
benefícios para a própria empresa.
O modelo em questão possui quatro quadrantes distintos, categorizados da seguinte
forma: visão clássica, visão socioeconômica, visão filantrópica e visão moderna.
Figura 2. Modelo bidimensional de RSE
Fonte: Quazi e O`Brien (2000, p. 36)
Para Quazi e O`Brien (2000), a visão clássica diz respeito à maximização do lucro por
parte dos acionistas, uma vez que as ações sociais geram custos líquidos para empresa. A
visão socioeconômica, representando ainda uma visão limitada da responsabilidade social,
aceita que a adoção de algum grau de RSE levará a benefício líquido para empresa ajudando a
construir bons relacionamentos com os clientes e fornecedores. As empresas podem
25
simultaneamente realizar a dupla função de maximização do lucro e servir a demanda social.
Em sentido oposto, a visão filantrópica retrata a visão ampliada da RSE e representa a
participação das empresas em ações de caridade como resultado de sentimentos éticos em
relação à sociedade. A visão moderna considera que as empresas devem manter relação com a
matriz social, especialmente os stakeholders, e que as ações de RSE praticadas pela empresa
geram benefícios a curto e longo prazo.
O modelo de RSE supracitado e utilizado como base deste estudo foi testado e
validado em duas cidades da Austrália e em Bangladesh entre empresários dos setores de
têxtil e de alimentação, a fim de verificar as percepções dos gestores sobre a responsabilidade
social empresarial em culturas diferentes (QUAZI E O`BRIEN, 2000, p. 37).
A próxima seção trata da ética empresarial, abordando o tema quanto a sua origem,
conceitos e implicações.
2.2 Ética nos Negócios
Ética em sua etimologia provém do vocábulo grego ethos, significa costume, maneira
habitual de agir, índole. Em geral possui sentido semelhante à expressão latina mos, moris, da
qual deriva a palavra moral. Como definição é a parte da filosofia que estuda a moralidade
dos atos humanos, sobre o que é bem e o mal, ou por que tal ação é boa ou má (ARRUDA;
WHITAKER; RAMOS, 2003).
Segundo Zenone (2006) a ética é um guia que dirige nossos passos, significa respeito
às pessoas. Ela nos mostra o que pode ferir os direitos e a liberdade dos outros. O autor afirma
que a ética possui valores irrenunciáveis: a boa qualidade dos produtos e serviços; a honradez
em suas práticas comerciais; o respeito mútuo nas relações internas e externas da empresa; a
26
solidariedade; a criatividade; a iniciativa e avaliação das consequências e a maximização dos
benefícios.
Ainda Zenone (2006, p. 19) enfatiza que “sem a ética empresarial é impossível a
responsabilidade social” destacando que:
“a incorporação da ética nas empresas não é mera exigência externa, mas um
requisito interno da própria empresa, uma vez que ela é um espaço social
onde se produzem e compartilham valores, um lugar de aprendizado técnico
e ético, ao mesmo tempo. Uma empresa, portanto, atua de forma ética
quando persegue seus objetivos e metas, respeitando os valores e os direitos,
e assegurando o bem comum por meio da observação de procedimentos
idôneos e de fomento à cooperação, solidariedade e co-responsabilidade”.
Para Certo (2003, p. 66) nos negócios, a Ética pode ser definida como:
“a capacidade de refletir sobre os valores do processo de tomada de decisões
da empresa, de determinar a maneira como esses valores e decisões vão
afetar vários grupos de interesse e estabelecer como os gerentes poderão
utilizar essas observações na administração diária de uma empresa”.
A Ética nos negócios trata da verdade e da justiça relacionadas com os aspectos da
concorrência leal, das expectativas da sociedade, da publicidade, das relações públicas, da
responsabilidade social, da autonomia do consumidor e o comportamento corporativo
(KOONTZ; WEIHRICH; CANNICE, 2009).
Pensar em responsabilidade social é pensar em ética. Implica compromisso com a
humanidade, respeitando os
direitos
humanos,
justiça e dignidade. Portanto, a
responsabilidade é “uma atitude humana que exige escolha, opção livre e consciente. As
pessoas precisam tomar consciência da dimensão de seus atos, a quem eles poderão ser úteis
ou prejudiciais e se posicionarem de forma transparente e consequente” (PASSOS, 2009).
Não se deve perder de vista que a RSE e a conduta ética das empresas se concentram
em boa parte no gestor de recursos humanos, o qual é responsável por definir e implantar a
27
estratégia de recursos humanos da empresa, adaptando as necessidades individuais com os
requisitos organizacionais, para que tanto os acionistas como os trabalhadores sejam
considerados nos mesmos padrões de igualdade e equidade (PINEDA E CÁRDENAS, 2008).
Benedicto (2010) afirma que a sociedade brasileira não suporta mais o “jeitinho”, a
corrupção, o erro, a malícia. A ética deve nortear as ações empresariais na condução dos
negócios. Certamente, a prática da ética tornará o ambiente de trabalho mais respeitável e
pode levar a excelência dos produtos ou serviços prestados para a sociedade.
Para Ferrell et al. (2001, p. 215) as empresas e seus stakeholders estão sendo
desafiados por um ambiente dinâmico e complexo, em que a atenção está voltada para o elo
entre a ética e os bons negócios. Esse desafio consiste em “aumentar ininterruptamente a
dependência do cliente do fornecimento de produtos e serviços pela empresa, em um
ambiente de respeito mútuo e equidade”. Criar essa relação de troca mutuamente benéficas
com os clientes e funcionários implica que as partes trabalhem juntas para compreender suas
necessidades e desenvolver confiança.
A Figura 3 apresenta uma ideia geral de como a conduta ética por parte da empresa
implica no seu desempenho.
28
Confiança de
clientes e
funcionár ios
Compr omisso dos
empr egados par a
com a empr esa
Ambiente
ético
L ucros
Satisfação do
Cliente
Qualidade da
empr esa
Figura 3: O papel da ética no desempenho da empresa.
Fonte: Ferrell et al. (2001, p. 215).
Os autores afirmam que a confiança é a cola que mantém a empresa unida, permitindo
a concentração na eficiência, na produtividade e nos lucros. Sua manutenção entre
empregador e empregado garante a sobrevivência da empresa e seu sucesso em longo prazo.
As empresas que proporcionam um clima de trabalho digno de confiança tornam os
trabalhadores mais dispostos a confiar e agir com base nas decisões e ações de seus pares, ou
seja, tornam-se comprometidos com a empresa e consigo mesmos atingindo padrões de alta
qualidade nos trabalhos diários.
Para Ferrell et al. (2001, p. 219):
“A filosofia predominante no mundo dos negócios sobre relações com
cliente é que a empresa deve esforçar-se por fornecer produtos que
satisfaçam as necessidades do cliente, mediante um trabalho coordenado que
lhes permita também alcançar suas metas próprias. Aceita-se em geral que a
satisfação do cliente é um dos fatores mais importantes no sucesso da
estratégia da empresa. Enquanto continua a desenvolver, alterar e adaptar
produtos para acompanhar os desejos e preferências mutáveis dos clientes, a
empresa também procurar desenvolver relações de longo prazo com eles”.
29
Ainda Ferrell et al. (2001), o desempenho superior no nível da empresa é medido em
forma de lucros, rentabilidade por ação, retorno de investimentos e valorização do capital. As
empresas precisam atingir certo nível de resultados para reinvestir nas instituições da
sociedade, as quais permitem suas existências.
No intuito de melhor entender a temática da RSE, a próxima seção aborda os mais
diversos conceitos e implicações.
2.3 A Responsabilidade Social Empresarial
O termo e noção de responsabilidade associados ao papel dos governantes nas
sociedades democráticas apareceu pela primeira vez em 1787 no livro de Alexandre
Hamilton, The Federalist, um dos líderes da independência dos Estados Unidos
(RESPONSABILIDADE, 2007, p. 1009).
Segundo Araujo, et. al (2005), as primeiras manifestações sobre o tema, surgiram
através dos trabalhos de Charles Eliot (1906), Arthur Hakley (1907) e Jonh Clarck (1916). No
entanto, tais manifestações foram consideradas de cunho socialistas e por isso não receberam
apoio.
Bowen (1953) foi um dos primeiros estudiosos a definir o conceito de RSE como a
obrigação do homem de negócios de adotar orientações, tomar decisões ou seguir linhas de
ação que sejam compatíveis em termos de objetivos e valores da sociedade (BOWEN, 1953
apud TURKEY, 2009).
De acordo com Carroll (1999) referências e preocupações com a responsabilidade
social apareceram durante a década de 1930 e 1940, porém o início da década de 1950 ficou
marcado como a era moderna da RSE. Período em que o corpo literário sobre o tema foi
30
enriquecido consideravelmente, principalmente nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, no
entanto, deve-se reconhecer que em outros países, as noções de RSE teóricas e práticas podem
ter sido desenvolvidas em épocas diferentes.
O autor acima relata que a doutrina da responsabilidade social abordada por Bowen
em 1953, através do livro Social Responsibilities of the Businessman representou a literatura
mais notável a partir daquela década. Por isso, Howard Bowen deveria ser chamado de Pai da
Responsabilidade Social Empresarial.
Na década de 1960, na Europa, as ideias sobre responsabilidade social se
multiplicaram através de artigos e notícias de jornais que refletiam a novidade oriunda dos
Estados Unidos. Os autores europeus Kenneth Galbraith, Vance Packard e Rachel Carson se
destacaram, apresentando problemas sociais e suas possíveis soluções (DE BENEDICTO et
al., 2010).
Maximiano
(2008)
considera
que
existem
duas
correntes
a
respeito
da
responsabilidade social, cada uma delas com argumentos muito fortes: a doutrina da
responsabilidade social e a doutrina do interesse do acionista. A primeira corrente baseia-se
na premissa de que as empresas são instituições sociais que existem com autorização da
sociedade, utilizam os seus recursos e afetam a qualidade de vida da sociedade. Visão
paternalista do papel do empresário em relação aos empregados e aos clientes. A corrente
alternativa da responsabilidade social propõe que as empresas tenham obrigações
primordialmente com seus acionistas, cabendo ao Governo e as pessoas envolvidas com os
problemas sociais encontrarem a solução. O Quadro 1 apresenta a definição das duas
doutrinas sobre a responsabilidade social das empresas.
31
Quadro 1: Duas doutrinas sobre a responsabilidade social das empresas
Doutrina da Responsabilidade Social
Doutrina do Interesse do Acionista
As organizações são instituições que usam
recursos da sociedade.
As organizações são responsáveis perante seus
acionistas apenas.
Portanto, tem responsabilidades com a
sociedade.
O objetivo é maximizar o lucro do acionista.
O papel da empresa é aumentar a riqueza da
sociedade.
A responsabilidade pelos problemas da sociedade
é do governo e dos cidadãos.
Fonte: Maximiano (2008, p. 279)
Na defesa da doutrina do acionista, destaca-se Friedman (1970), o qual afirma
categoricamente que a responsabilidade social empresarial é gerar lucros dentro da lei. Se a
empresa está tendo lucro dentro da lei é porque está produzindo um bem ou serviço
socialmente importante, com isso, ela está gerando renda para sociedade e impostos para os
governos, estes sim, devem aplicá-los para resolver os problemas sociais.
Friedman (1970) enfatiza que os dirigentes e acionistas que quiserem contribuir para
resolver problemas sociais devem usar seu próprio dinheiro e não o da empresa. E que a
função desses dirigentes é a maximização do lucro da empresa.
Essa teoria pode ser contestada com propriedade argumentando que maximizar o lucro
para o acionista agindo dentro da lei é insuficiente, pois não atende às expectativas da
sociedade em relação às empresas. E que os acionistas não são os únicos interessados nas
organizações, as outras partes interessadas podem manifestar interesses que não sejam apenas
o lucro e os benefícios econômico-financeiros (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009).
Carroll (1979; 1991; 1999), Wood (1991) e Schwartz e Carroll (2003; 2007) defendem
a lucratividade das empresas e a geração de empregos, porém, de forma ética e legal, através
de ações que atendam as demandas sociais. Portanto, corroboram a doutrina da
responsabilidade social.
32
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, de maneira aprofundada,
define RSE da seguinte forma:
“Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela
relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais
ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que
impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando
recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a
diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais
(INSTITUTO ETHOS..., 2012)”.
Ashley (2005) comenta que os investidores e os clientes estão preocupados com o
posicionamento ético das empresas e, que a reputação e a imagem das mesmas estão
relacionadas com a forma que os funcionários são tratados e como ela se relaciona com a
sociedade.
A próxima seção apresenta os principais modelos conceituais da RSE quanto as
origens, desempenhos e evoluções ao longo do tempo.
2.4 Principais modelos conceituais de RSE
Os debates em relação à criação de modelos sobre a responsabilidade social
empresarial ganharam notoriedade e profundidade, a partir da explicação de que a RSE inclui
as expectativas da sociedade em relação às organizações, nos aspectos econômico, legal, ético
e discricionário, em dado momento no tempo (CARROLL, 1979).
O presente estudo inicia-se pela demonstração e explanação do modelo tridimensional
conceitual do desempenho das empresas em responsabilidade social. O mesmo considera que
para entender a complexidade da RSE atual, faz-se necessário agregar uma visão mais ampla
33
da sociedade considerando o macro ambiente. Em outras palavras visa avaliar a RSE,
identificar e responder as questões sociais.
De acordo com Carroll (1979) a responsabilidade econômica é a primeira e principal
responsabilidade social da empresa, pois antes de qualquer coisa, ela é a unidade econômica
básica da sociedade. Em seguida vem à responsabilidade legal onde as empresas além de
perseguir o lucro devem cumprir as leis e regulamentos estabelecidos pelo governo. A
responsabilidade ética refere-se à obrigação de fazer o que é certo e justo, evitando ou
minimizando causar danos à sociedade. Quanto à responsabilidade discricionária ou volitiva,
diferente das demais, ocorreu sem sinalização precisa da sociedade, ficando a cargo de
escolhas e julgamentos individuais. Por isso, o autor manifestou dúvidas se era correto
entendê-la como uma responsabilidade das empresas.
O modelo de desempenho social empresarial (DSE) elaborado por Wartick e Cochran
(1985) é uma versão superior ao modelo de Carroll (1979) que priorizou a responsividade em
nível interno, conforme ilustrado no Quadro 2.
Quadro 2: O modelo de desempenho social empresarial
Princípios
Processos
Responsabilidade Social
Responsividade Social Empresarial
Empresarial
1. Econômica
1. Reativa
2. Legal
2. Defensiva
3. Ética
3. Acomodação
4. Discricionária
4. Proativa
Direcionado a:
Direcionado a:
(1) Contrato Social dos
(1) Capacidade de Responder às
Negócios
Demandas por Mudanças Sociais
(2) Negócios como um
(2) Abordagens Gerenciais para
Agente Moral
Resposta em Desenvolvimento
Orientação Filosófica
Orientação Institucional
Fonte: Wartick e Cochran (1985, p.767)
Políticas
Gestão de questões
Sociais
1. Identificação de Questões
2. Análise das Questões
3. Desenvolvimento de
Respostas
Direcionado a:
(1) Minimizar “Surpresas”
(2) Determinação de Políticas
Sociais Empresariais Efetivas
Orientação Organizacional
34
O modelo ilustrado no Quadro 2,
descreve a interação entre os princípios da
responsabilidade social, o processo da capacidade de resposta social e as políticas
desenvolvidas para tratar de questões sociais. Os autores afirmam existir um contrato entre a
organização e a sociedade.
Com a continuidade de suas pesquisas, Carroll (1991) concebeu as dimensões da RSE
como seções de uma pirâmide e denominou a quarta responsabilidade social de filantrópica
abrangendo ações em resposta às expectativas da sociedade, conforme Figura 4.
Figura 4: A pirâmide da responsabilidade social
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Carroll (1991, p. 42)
35
Jones (2001) afirma que Carroll no ano de 1991 na tentativa de reconciliar a
orientação econômica empresarial com a orientação social, postulou o modelo da Pirâmide da
responsabilidade social. O modelo apresenta a responsabilidade econômica em sua base. Na
sequência possui a camada de responsabilidades legais, depois, há uma camada de
responsabilidades éticas - normas ou expectativas que refletem numa preocupação com o que
os consumidores, empregadores, acionistas e a comunidade respeita como justo ou de acordo
com a proteção da moral das partes interessadas. Finalmente, há responsabilidades
filantrópicas - ações das empresas que agem em resposta à expectativa da sociedade.
Ainda segundo Jones (2001) Carroll (1991) reconhece que, embora as camadas da
pirâmide são tratadas como conceitos separados para fins de discussão, eles não são
mutuamente exclusivos.
Segundo Claydon (2009) com a construção da pirâmide todas as responsabilidades dos
negócios foram atribuídas sobre sua fundação, a responsabilidade econômica, a raison d'être
da empresa, que é criar lucro para seus acionistas e atender as demandas da sociedade
(Friedman, 1970). Com isso, todas as outras responsabilidades devem ocorrer após este
princípio fundamental for satisfeito.
Esse modelo é um dos primeiros exemplos de como a estrutura de responsabilidades
deve sentar-se dentro de uma corporação, e ainda é amplamente usado. No entanto, tem
enfrentado muitas críticas pelo fato da afirmação de que a raiz empresarial é maximizar o
lucro e agir em nome dos interesses de seus acionistas, o que pode impedir a participação de
empresas atuarem de forma socialmente responsável (CLAYDON, 2009).
Campbell
(2007)
argumenta
que
as
empresas
que
estão
em
momentos
economicamente desfavoráveis são menos propensas a se envolver em atos de
responsabilidade social, pois têm menos recursos para investir tempo, esforço e dinheiro.
Portanto, essas empresas não são susceptíveis de atingir o patamar de comportamento
36
socialmente responsável. Ele afirma ainda que caso se revele dificuldade para a empresa
obter
lucro em curto prazo, elas não apresentarão predisposição em agir de maneira
socialmente responsável.
Garriga e Mele (2004) relata que foi através do modelo de governança corporativa de
desempenho social, desenvolvido por Wood em 1991, que surgiu um novo desenvolvimento
da RSE. O modelo é composto por princípios de responsabilidade social, processos de
responsividade social corporativa e resultados do comportamento empresarial. Os princípios
da RSE são compreendidos como formas de análise a serem preenchidas com conteúdo de
valor que é operacionalizado. Eles incluem: princípios de responsabilidade social, expressa
nas empresas, níveis organizacionais e individuais; processos de capacidade de resposta social
da empresa, como ambiental, gestão e questões das partes interessadas e resultados da
empresa, incluindo os impactos sociais, programas sociais e políticas sociais.
Wood (1991) consolidou os trabalhos teóricos anteriores, Carrol (1979) e Wartick e
Cochran (1985) e desenvolveu um modelo de Desempenho Social Empresarial, demonstrado
no Quadro 3, constando três dimensões que agregam elementos norteadores para avaliar o
perfil de responsabilidade social empresarial.
37
Quadro 3: Modelo de desempenho social empresarial
Dimensão 1: Princípios de RSE
Legitimidade: Princípio institucional
Responsabilidade pública: Princípio organizacional
Arbítrio dos executivos: Princípio individual
Dimensão 2: Processos de RSE
Avaliação do ambiente
Gerenciamento dos stakeholders
Gerenciamento das questões
Dimensão 3: Resultados da ações de RSE
Impactos sociais
Programas sociais
Políticas sociais
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Wood (1991)
Pineda e Cárdenas (2008) afirmam que é possível aplicar um modelo de
comportamento social de três fases, onde cada uma das quais se definem alguns objetivos que
servem de vínculo com a fase seguinte e dão coerência ao conjunto. Dessa maneira, a RSE
fica caracterizada por objetivos congruentes com as particularidades da empresa e o ambiente
social em que se estabelece, adquirindo um sentido prático e acessível para qualquer
organização.
Ainda segundo os autores, a avaliação do desempenho social empresarial só estará
completa quando da elaboração e divulgação de um relatório, que consiste no reconhecimento
do direito do público, a saber, como a empresa se responsabiliza pelas expectativas sociais e
como atua em consequência.
Schwartz e Carroll (2003) afirmam que o modelo de Carroll (1991), a pirâmide da
RSE, tende a ser um paradigma de RSE na área da Administração e que a tendência em criar
modelos baseados nos anteriores acentuou-se e pode ser verificada em Wood (1991), que se
apoiou em Carroll (1979).
38
Os mesmos autores não satisfeitos com o modelo das quatro responsabilidades e
percebendo que o uso da pirâmide mostrada na Figura 4, poderia gerar confusões ou formas
inadequadas de uso, criaram um novo modelo usando círculos para indicar os três campos ou
domínios da RSE: o domínio econômico, o legal e o ético, como mostra a Figura 5.
Figura 5: Modelo dos três domínios da RSE
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Schwartz e Carroll, 2003, p. 509.
No modelo dos três domínios da RSE, a filantropia deixou de ser uma dimensão
específica, porque os autores entendem que além de ser difícil distinguir entre atividades
éticas e filantrópicas, a filantropia pode estar sendo praticada apenas por interesses
econômicos (SCHWARTZ E CARROLL, 2003).
O campo exclusivamente econômico refere-se às atividades que proporcionam
benefícios econômicos positivos, diretos e indiretos. Entende-se como a maximização do
39
lucro ou do valor das ações. O campo denominado exclusivamente legal, os autores
compreendem como sendo ações empresariais que não oferecem nenhum benefício
econômico direto ou indireto. Essa categoria, representada pela Figura 6 resume as diferentes
formas de responder as questões legais.
Figura 6: Modelo dos três domínios da RSE: Domínio legal.
Fonte: Schwartz e Carroll, 2003, p. 509-510 apud Barbieri e Cajazeiras, 2009, p. 58.
O domínio exclusivamente ético refere-se às responsabilidades da empresa baseadas
nos princípios morais. As ações empresariais não possuem nenhuma implicação econômica
ou legal direta ou indireta. Schwartz e Carroll (2003) consideram pertencentes a esse campo
atividades filantrópicas praticadas sem interesses econômicos.
A grande novidade desse modelo é a sobreposição de domínios da RSE, formando sete
segmentos ou categorias. A superposição ideal encontra-se na interseção dos três domínios
40
exclusivos, ou seja, onde os três campos da RSE estão presentes simultaneamente em
equilíbrio (BARBIERI E CAJAZEIRAS, 2009).
Como forma de mostrar as características, similaridades e complementaridades entre
os principais modelos da RSE, Freire e Souza (2010) apresentam de forma resumida os
principais aspectos dos modelos, através do Quadro 4.
O terceiro capítulo do presente estudo, na página 42, apresenta a metodologia e as
técnicas utilizadas para obtenção dos resultados.
41
Quadro 4: Similaridades, diferenças e complementaridades entre os modelos de RSE.
Autor modelo
Carroll
(1979)
Wartick e
Cochran
(1985)
Carroll
(1991)
Wood (1991)
Quazi e O’Brien
(2000)
Schwartz e
Carroll (2003)
DSE
DSE
RSE
DSE
RSE
RSE
Dimensões
do modelo
Econômica,
legal, ética e
discricionária
Econômica, legal,
ética e
discricionária
Econômica,
legal, ética e
discricionária
Econômica,
legal, ética e
discricionária
Restrita e Ampla
Econômica,
legal e ética
Elementos
do modelo
Questões
sociais
envolvidas e
filosofia de
responsividade
social
Princípios,
processos e
políticas
Categorias
econômica,
legal, ética e
discricionária
Princípios,
processos e
resultados
Visões
Clássica,
socioeconômica,
Filantrópica e
moderna
Categorias
econômica, legal, ética,
econômico-ética,
econômico-legal,
legal-ética e econômicolegal-ética
Nível de análise
Institucional e
organizacional.
(predomínio
externo)
Institucional,
organizacional e
individual
(externo e
interno)
Institucional,
organizacional e
individual.
(externo e interno)
Institucional,
organizacional
e individual.
(externo e interno)
Institucional,
organizacional e
individual
(externo e
interno)
Institucional,
organizacional e
individual (externo e
interno)
Dimensões da
RSE, inseridas nos
princípios
institucional,
organizacional e
individual motivam
processos e
resultados de ações
corporativas
Duas dimensões
da RSE analisadas
em quatro
percepções
quanto a seus
benefícios e/ou
custos
Três dimensões centrais
da RSE e suas
interseções são
configuradas para ajudar
a empresa a melhor
classificar suas
atividades
Aspectos
significativos
Foco de discussão
Dimensões da
RSE orientam
Dimensões da
Dimensões da RSE
áreas da
RSE influenciam
são diretrizes que
administração
processos,
se integram, mas
relacionadas a
vinculados à
não se excluem,
Abordagem
questões
capacidade de
auxiliando os
sociais,
respostas e
executivos em suas
determinando
políticas sociais
tomadas de
a filosofia de
da empresa
decisões
resposta social
a ser adotada
Fonte: Adaptado pelo autor com base em Freire e Souza, 2010, p. 19.
42
3 Metodologia
Neste capítulo serão detalhadas as opções metodológicas do presente estudo: o
planejamento da pesquisa, a população e amostra, a coleta de dados (questionário) e os
métodos de análise dos dados.
Tendo como base teórica o modelo bidimensional de RSE desenvolvido por Quazi e
O’Brien (2000) objetivou-se conhecer as dimensões conceituais que caracterizam as ações de
RSE nas indústrias da panificação localizadas na região metropolitana do Recife.
Para melhor compreender e atingir o objetivo central da pesquisa foram estabelecidos
objetivos específicos, a saber: identificação das visões da RSE que orientam as ações RSE nas
indústrias da panificação localizadas na região metropolitana do Recife; Análise e
categorização das ações de RSE praticadas pelos gestores das indústrias e avaliação da
aplicabilidade do modelo bidimensional de RSE desenvolvido por Quazi e O’Brien (2000).
3.1 Delineamento da pesquisa
A pesquisa foi estruturada para desenhar a forma de coleta, mensuração e análise de
dados, definido como o “plano e a estrutura de investigação concebida de forma a obter
respostas para as questões de pesquisa” (COOPER; SCHINDLER, 2003, p. 128).
O delineamento ou planejamento da pesquisa foi necessário para confrontar a visão
teórica do problema, com os dados da realidade. Constitui a etapa em que o pesquisador passa
a utilizar os chamados métodos particulares, já que estará preocupado fundamentalmente com
os meios técnicos da investigação, afirma Gil (1989).
43
A pesquisa foi realizada segundo os métodos quantitativo e qualitativo. O método
quantitativo é amplamente utilizado quando da intenção de garantir a precisão dos resultados,
evitando distorções de análise e interpretação possibilitando uma margem de segurança
quanto às inferências. Quanto ao método qualitativo, este é empregado para descrever a
complexidade de um determinado problema, compreender e classificar processos dinâmicos
vividos por grupos sociais, possibilitando o entendimento em maior profundidade das
particularidades do comportamento dos indivíduos (RICHARDSON ET COL. 2009).
O plano estrutural de investigação desta pesquisa fundamenta-se nas proposições dos
autores Cooper e Schindler (2003), conforme Quadro 5.
44
Quadro 5: Plano estrutural de investigação da pesquisa.
Questionamento sistemático que fornece
informações para solução de problemas de
administração.
Busca da informação complementar, porém
Construção dos
Objetivos da pesquisa
necessária para tomar uma decisão em
objetivos
relação ao problema de pesquisa.
Desenvolve questões para futuras tarefas de
Estudo Exploratório
pesquisa, de forma mais clara, melhorando
o planejamento final.
O pesquisador não possui controle sobre as
variáveis. Limita-se por manipulação
Planejamento ex post facto
estatística dos resultados.
Determinação
Apenas relata o que aconteceu ou o que está
do tipo de
acontecendo.
pesquisa e
O pesquisador não tem preocupação em
elaboração das
saber “por que”.
estratégias de
Descritivo
Não explica relações mudanças entre
coleta dos dados
variáveis.
Trabalho realizado uma vez, representando
Processo transversal
um instantâneo de um determinado
momento.
O planejamento da pesquisa realiza-se sob
Ambiente de campo
condições ambientais reais.
Optou-se pelo questionário contento
Coleta de dados Instrumento de coleta de dados
questões fechadas e abertas
Redução a um número administrável as
Análise quantitativa
muitas variáveis que formam um grupo,
Análise e
(Análise fatorial e cluster)
identificando agrupamentos homogêneos.
interpretação
dos resultados
Análise qualitativa
Aplicada para medir o conteúdo semântico
(Análise de Conteúdo)
ou o aspecto da comunicação.
Formulação da pesquisa de forma escrita,
Redação da
Desenvolvimento final do
contemplando todo o processo para
dissertação
estudo
obtenção dos resultados, conclusões e
recomendações.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Cooper e Schindler, 2003.
Formulação do
problema
Problema de pesquisa
3.2 Tipo de pesquisa
A pesquisa possui caráter exploratório e descritivo. Segundo Gil (1994) pesquisa
exploratória é desenvolvida com o objetivo de proporcionar visão geral, acerca de
determinado fato; desenvolvendo, esclarecendo e modificando conceitos e ideias para estudos
45
posteriores. Enquanto que a pesquisa descritiva tem como objetivo principal a descrição das
características de determinada população ou fenômeno.
Para Cervo e Bervian (2007) a pesquisa exploratória não requer a elaboração de
hipóteses a serem testadas, restringe-se a definir objetivos e buscar informações sobre
determinado assunto. A pesquisa descritiva visa conhecer as diversas situações e relações que
ocorrem na vida social.
3.3 População e amostra
Bolfarine e Sandoval (2001) definem população como o conjunto de valores de uma
característica associada a uma coleção de indivíduos ou objetos de interesse, qualquer parte
(ou subconjunto) de uma população é denominada de amostra.
Antes da definição da população e amostra, cabe aqui um registro. O termo região
metropolitana de Recife ou simplesmente, Grande Recife, foi instituído através da Lei
complementar da Presidência da República, nº 14 no dia 8 de junho de 1973. A lei em questão
sancionou que os municípios de Recife, Cabo, Igarassu, Itamaracá, Jaboatão, Moreno, Olinda,
Paulista e São Lourenço da Mata fazem parte de sua composição.
Como objetivo principal da pesquisa é identificar as dimensões conceituais que
caracterizam as ações de responsabilidade social empresarial nas indústrias da panificação
localizadas na região do Grande Recife e pertencentes ao Sindicato da Indústria de
Panificação e Confeitaria do Estado de Pernambuco – SINDIPÃO, as quais totalizam 123
empresas, listadas de acordo com o site oficial, www.fiepe.org.br, da Federação das Indústrias
46
do Estado de Pernambuco – FIEPE, (ANEXO A). Essas 123 indústrias serão consideradas
como a população do presente estudo.
O tamanho amostral considerado foi de 30 indústrias de panificação, o que assegura
uma confiabilidade de 97% de confiança e um erro amostral de 0,03. O cálculo para
determinação do tamanho da amostra (n) com base na estimativa da proporção populacional é
dado por:
𝑛=
𝑁𝑝 1 − 𝑝 𝑍𝛼2
2
𝑁 − 1 𝐸 2 + 𝑝𝑞 𝑍𝛼2
,
2
Em que, 𝑁: tamanho da população;
𝑍𝛼2 2 : valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado;
𝐸 : margem de erro que identifica a diferença máxima entre a proporção amostral e a
verdadeira proporção populacional;
𝑝: estimativa da proporção populacional e 𝑞=1-𝑝
.
3.4 Instrumento de coleta de dados
O questionário é a uma técnica muito utilizada para coleta dos dados na sociedade
contemporânea. Como qualidade dessa abordagem é que os dados se prestam à análise
estatística, podendo ajudar na análise de tendências (BOWDITCH E BUONO, 2000).
O presente estudo visando uma melhor compreensão da temática da responsabilidade
social nas indústrias da panificação localizadas na região metropolitana do Recife, num
processo transversal, aplicou um questionário (APÊNDICE A) no setor de panificação entre
47
os associados ao Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado de
Pernambuco – SINDIPÃO.
Tal instrumento de coleta foi divido em três partes. Na primeira parte foram
apresentadas vinte e cinco declarações relacionadas à RSE, constando as declarações de Quazi
e O’Brien (2000) que foi traduzido e aplicado por Cavalcanti (2007, p. 48) de acordo com
declaração abaixo:
“No processo de tradução para o português, o instrumento foi aplicado a um
grupo de estudantes e pesquisadores com pleno domínio dos idiomas inglês e
português. Num primeiro momento em inglês, e posteriormente em
português, revelando idêntica percepção do instrumento em inglês e
português. Os respondentes foram solicitados a indicar o grau de
concordância para cada declaração apresentada”.
Na primeira parte foram apresentadas vinte e cinco declarações relacionadas à
responsabilidade social empresarial. O objetivo nessa etapa foi avaliar o grau de concordância
dos entrevistados os quais tinham cinco opções de respostas: concordo totalmente (CT),
concordo (C), indeciso (I), discordo (D) e discordo totalmente (DT). Os dados obtidos nesta
parte, foram avaliados em três diferentes etapas, são elas: análise exploratória e descritiva das
variáveis, análise fatorial e por fim, análise de cluster.
Na segunda parte do instrumento de coleta de dados foi perguntado: “Que ações de
responsabilidade social empresarial sua indústria pratica?”. Tal questionamento consistiu em
avaliar e categorizar as ações de responsabilidade social empresarial praticadas pelos gestores
das indústrias de panificação, confrontando com as declarações obtidas na primeira etapa. Na
última seção do questionário foram realizadas cinco perguntas de caráter demográfico, cuja
finalidade foi conhecer o perfil demográfico dos respondentes. Vale ressaltar que todas as
análises estatísticas foram realizadas no software estatístico R.
48
3.5 Métodos de análises e interpretação dos dados
Esse estudo visa à identificação e classificação das dimensões da Responsabilidade
Social Empresarial, conforme a metodologia utilizada por Quazi e O`Brien (2000), através do
teste empírico do modelo de duas dimensões da Responsabilidade Social Empresarial (RSE).
O estudo contempla a mensuração das características dos respondentes e as formas de
respostas através da escala de classificação – Likert.
A análise dos resultados foi realizada em três diferentes etapas. Na primeira etapa,
foram avaliados os graus de concordância em relação às vinte cinco declarações que estão
apresentadas na primeira parte do no questionário. A técnica de análise fatorial foi aplicada
objetivando condensar a informação contida nas variáveis com a finalidade de estudar as
relações existentes entre elas.
A utilização da análise fatorial visa confirmar ou não o teste empírico do modelo de
RSE proposto por Quazi e O’Brien (2000), visto que há necessidade de validação em outros
contextos e culturas. Posteriormente, os dados foram agrupados em clusters - técnica
multivariada que consiste em agregar objetos com base nas características que eles possuem.
A segunda etapa consistiu em confrontar a percepção dos entrevistados em relação à
RSE com a prática de ações sociais. Para tal, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo que
mede a semântica ou o aspecto “o que” da mensagem. Sua amplitude faz dela uma ferramenta
flexível e vasta, que pode ser usada como uma metodologia ou como uma técnica para um
problema específico (COOPER E SCHINDLER, 2003).
Para Vergara (2010, p. 7) “a análise de conteúdo é considerada uma técnica para o
tratamento de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado
tema”.
49
A técnica de Análise de Conteúdo, segundo Bardin (1979, p. 42) constitui:
“Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando a obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas
mensagens”.
A análise de conteúdo dividi-se cronologicamente em três diferentes fases: a préanálise, fase de organização propriamente dita, período de operacionalização das ideias
iniciais; na sequência vem à aplicação sistemática das decisões tomadas, chamada de
exploração do material e por último, apresenta-se o tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação (BARDIN, 2011).
A terceira etapa da análise avaliou os dados demográficos referentes ao perfil dos
entrevistados.
3.5.1 A Plataforma R
As análises dos dados do presente estudo foram realizadas através de um software
estatístico livre: conjunto integrado de instalações de software para manipulação de dados,
cálculo e apresentação gráfica, denominado R. O software é uma linguagem orientada a
objetos, criada em 1996 por Ross Ihaka e Robert Gentleman. Fornece uma ampla variedade
de estatísticas (modelagem linear e não linear, testes estatísticos clássicos, análise de séries
temporais, classificação, clustering) e técnicas gráficas, e é altamente extensível
(PETERNELLI E MELLO, 2011). O software estatístico R está disponível no site
http://www.r-project.org/.
50
Para Loureiro (2005) uma grande vantagem da plataforma R é a sua flexibilidade
permitindo que o usuário programe extensões das funções pré-instaladas. O R fornece uma
linguagem de programação de fácil depuração de programas e uma variedade de rotinas para
cômputos estatísticos. A autora afirma que dentre outras finalidades, o R possui as seguintes
características:
 Manipulação efetiva de dados e facilidade de armazenamento;
 Um conjunto de operadores para cálculos em matrizes multidimensionais;
 Uma grande, coerente e integrada coleção de ferramentas para análise de dados;
 Facilidades gráficas para análise de dados e visualização tanto na tela quanto nos mais
variados dispositivos de saída;
 Uma linguagem de programação bem desenvolvida, simples e eficaz que inclui
condições, laços e funções recursivas definidas pelo usuário e facilidades para entrada
e saída de dados.
Os comandos necessários para análise dos dados do presente estudo encontram-se
detalhados no APÊNDICE C.
3.6 Limitações e limites
Uma das dificuldades encontradas na presente pesquisa deve-se ao fato de que os
endereços eletrônicos das indústrias de panificação filiadas ao Sindicato da categoria não
constam disponíveis no cadastro da Federação das Indústrias de Pernambuco. Diante do
exposto, este pesquisador compareceu à Sede do SINDIPÃO e solicitou através de carta de
51
apresentação (APÊNDICE B) autorização para pesquisar junto às empresas associadas do
setor.
Outro ponto que deve ser destacado é que o modelo escolhido de responsabilidade
social empresarial não foca especificamente na gestão ambiental, mesmo possuindo a visão
moderna em um dos seus quadrantes. Outra limitação do modelo teórico escolhido, segundo
Quazi e O’Brien (2000), deve-se ao fato do modelo ser baseado em experiências ocidentais,
podendo gerar discrepâncias culturais quando aplicado em outros mercados com percepções
éticas divergentes.
Devido ao fato da obtenção da amostra ter sido realizada por acessibilidade, optou-se
por estabelecer como limite geográfico da pesquisa a Região Metropolitana do Recife (RMR).
Como a amostra foi obtida por acessibilidade, consequentemente o poder de generalização do
presente estudo fica reduzido.
Finalizando as limitações encontradas na pesquisa, ressalta-se que apenas 53% dos
entrevistados responderam a questão aberta do questionário, informando que praticam ações
de responsabilidade social empresarial.
Como limite, as indústrias precisavam ser filiadas ao Sindicato da Indústria de
Panificação e Confeitaria do Estado de Pernambuco. Vale ressaltar que apenas cento de vinte
três indústrias de panificação são filiadas ao sindicato da categoria como mostra o ANEXO A
atualizado em 03/02/2012.
O próximo capítulo apresenta os resultados e análise dos dados obtidos por esta
pesquisa.
52
4 Resultados e Análise de dados
Este capítulo apresenta os resultados obtidos a partir da amostra baseada em trinta
indústrias de panificação extraídas de uma população de cento e vinte três indústrias de
panificação que constam na listagem do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do
Estado de Pernambuco conforme apresentado no ANEXO A. Tais indústrias estão localizadas
na região metropolitana do Recife.
O presente capítulo encontra-se divido em cinco seções. Nas três primeiras seções
estão apresentados os resultados referentes às vinte e cinco declarações relacionadas à RSE.
As demais se referem aos resultados das ações praticadas pelas indústrias de panificação e ao
perfil dos respondentes.
4.1
Análise exploratória e descritiva das variáveis
Análise exploratória de dados pode ser definida como a parte da estatística que trata da
organização, apresentação, resumo e descrição dos dados. Permite ao pesquisador adquirir
senso crítico sobre os dados observados para responder os objetivos da pesquisa
(ANDRADE E OGLIARI, 2010). O Quadro 6 a seguir, apresenta a descrição das
declarações de Quazi e O’Brien (2000) sobre responsabilidade social empresarial.
53
Quadro 6: Descrições das declarações de Quazi e O’Brien sobre RSE.
Item
1
Declarações
As empresas podem evitar mais controle governamental pela adoção de programas de
responsabilidade social. (A1)
2
O envolvimento crescente das empresas em responsabilidade social pode levar ao crescimento
das expectativas da sociedade à contribuição das empresas. (A2)
3
Responsabilidade social é um fundamento sólido para aumento da competitividade. (A3)
4
Empresas devem compreender que são parte da sociedade e por isso devem responder pelas
questões sociais. (A4)
5
Como a legislação social já tem regulado o comportamento das empresas é desnecessário para
as empresas se envolverem com programas de responsabilidade social. (A5)
6
A contribuição empresarial para a solução dos problemas sociais pode ser lucrativa para as
empresas. (A6)
7
A legislação não é suficiente para assegurar o comportamento organizacional socialmente
responsável. (A7)
8
Considerando que as instituições sociais têm falhado na solução dos problemas sociais, então
agora as empresas precisam tentar. (A8)
9
As empresas devem tratar os problemas sociais que forem criados pelas suas próprias ações.
(A9)
10
Os programas de responsabilidade social de uma empresa podem se prestar para encorajar o
comportamento responsável de outras. (A10)
11
As empresas já têm muita coisa para fazer e não podem assumir outras responsabilidades.
(A11)
12
As empresas têm dinheiro e talento necessários para se engajarem em ações sociais. (A12)
13
A sociedade espera que as empresas possam ajudar a resolver os problemas sociais, e também
produzam bens e serviços. (A13)
14
A empresa é principalmente uma instituição econômica e é mais socialmente responsável
quando atende estritamente aos interesses econômicos. (A14)
15
Programas de ações sociais podem ajudar a construir uma imagem favorável para a empresa.
(A15)
16
As empresas têm responsabilidade definida para com a sociedade, além de perseguirem o lucro.
(A16)
17
Os gerentes corporativos precisam também ser treinados para que possam efetivamente
participar da solução dos problemas da sociedade. (A17)
18
A empresa que não pratica responsabilidade social pode ter uma vantagem em relação aos
custos, comparando-se com as que praticam. (A18)
19
É injusto pedir a empresa para se envolver em programas de responsabilidade social por que ela
cumpre com a legislação social. (A19)
20
O envolvimento social por ser “suicídio” para as pequenas empresas, por que os altos custos
envolvidos podem jogá-las para fora do mercado. (A20)
21
As empresas poderiam usar recursos e talentos para promover seu próprio crescimento e
assegurar serviços melhores para a sociedade. (A21)
22
A sociedade espera que as empresas contribuam para a promoção do crescimento da economia
como sua única preocupação. (A22)
23
Transferindo o custo do envolvimento social para a sociedade, a empresa pode enfraquecer sua
imagem com o público. (A23)
24
Pedindo à empresa para se envolver em qualquer atividade, que não seja aquela de ter lucros,
provavelmente transformará a sociedade em uma sociedade pior e não melhor. (A24)
25
É uma tolice pedir às empresas para resolver os problemas sociais criados por outros e que
trazem lucro potencial. (A25)
Fonte: Quazi e O’Brien, 2000, apud Cavalcanti, 2007, p. 57.
54
A finalidade da apresentação do Quadro 6 consiste em facilitar a compreensão das
declarações apresentadas nas tabelas seguintes, as quais serão apresentadas, agrupadas e
comentadas de cinco em cinco declarações. Dessa forma, as declarações puderam ser melhor
compreendidas e analisadas.
As Tabelas 1, 2, 3, 4 e 5 apresentam a quantidade (n) e o percentual (%) de
respondentes em relação aos cinco graus de concordância considerados, são eles: concordo
totalmente (CT), concordo (C), indeciso (I), discordo (D) e discordo totalmente (DT).
Observa-se que nas declarações A3 e A4 aproximadamente 47% dos entrevistados concordam
totalmente que a responsabilidade social é um fundamento sólido para o aumento da
competitividade e que as empresas devem compreender que são parte da sociedade e por isso
devem responder pelas questões sociais, respectivamente, enquanto que na declaração A5
nenhum dos entrevistados concordou totalmente que é desnecessário para as empresas se
envolverem com programas de responsabilidade social, pois a legislação social já tem
regulado esse comportamento (ver Tabela 1). Em relação às declarações A1 e A2, 53% e 67%
dos entrevistados, respectivamente, concordaram que as empresas podem evitar maior
controle governamental se adotarem programa de responsabilidade social e que o
envolvimento crescente das empresas pode levar ao crescimento das expectativas da
sociedade em relação a sua contribuição.
55
Tabela 1: Quantidade e percentual dos entrevistados em relação ao grau de concordância das
declarações A1, A2, A3, A4 e A5.
Classificação
Grau de
Concordância
Declarações
A3
A1
A2
As empresas
podem evitar
controle
governamental
com adoção de
RS
Envolvimento
crescente em
RS leva ao
crescimento das
expectativas da
sociedade
n
%
5
16,67
CT
16
53,33
C
1
3,33
I
4
26,67
D
DT
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
n
9
20
1
-
%
30,00
66,67
3,33
-
A RS é um
fundamento
Sólido para
competitividade
n
14
13
1
2
-
%
46,67
43,33
3,33
6,67
-
A4
A5
As empresas
devem
compreender
que são parte
da sociedade
e devem
responder
por questões
sociais
As leis já
regulam o
comportamento
das empresas
não sendo
necessário se
envolver em
questões de RS
n
14
12
3
1
-
%
46,67
40,00
10,00
3,33
-
n
5
2
13
10
%
16,67
6,67
43,33
33,33
Legenda: CT = concordo totalmente C = concordo I = indeciso D = discordo DT = discordo totalmente
A Tabela 2 apresenta as seguintes questões: a contribuição empresarial para a solução
dos problemas sociais pode ser lucrativa para as empresas (A6); a legislação não é suficiente
para assegurar o comportamento organizacional socialmente responsável (A7); dado que as
instituições sociais têm falhado na solução dos problemas sociais, portanto as empresas
precisam se envolver na solução de tais problemas (A8); os problemas sociais que forem
criados por ações das empresas devem ser tratados pelas mesmas (A9); as boas práticas
sociais empresariais podem encorajar o comportamento de responsabilidade de outras
empresas
(A10).
Os
percentuais
de
concordância
em
tais
declarações
foram
aproximadamente: 77%, 63%, 53%, 67% e 50%, respectivamente. Dessa forma, afirma-se que
há homogeneidade nas respostas em relação a tais declarações, concordando com o
pensamento de Drucker (2010) quando afirma que a organização moderna está na
comunidade, existe para prover um serviço específico para sociedade e realiza seu trabalho
dentro de um cenário social.
56
Tabela 2: Quantidade e percentual dos entrevistados em relação ao grau de concordância das
declarações A6, A7, A8, A9 e A10.
Classificação
Grau de
Concordância
Declarações
A8
A6
A7
A contribuição
social para
solução de
problemas
sociais é
lucrativa
As leis não são
suficientes para
assegurar o
comportamento
social das
empresa
n
%
5
16,67
CT
23
76,67
C
I
2
6,66
D
DT
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
n
6
19
2
3
-
%
20,00
63,33
6,67
10,00
-
Considerando
falhas das
instituições
sociais as
empresas
devem tentar
resolver
n
5
16
3
6
-
%
16,67
53,33
10,00
20,00
-
A9
A10
As empresas
devem tratar
os problemas
sociais por
elas criados
Os programas
de RS
encorajam o
comportamento
social de outras
empresas
n
7
20
1
2
-
%
23,33
66,67
3,33
6,67
-
n
13
15
2
-
%
43,33
50,00
6,67
-
Legenda: CT = concordo totalmente C = concordo I = indeciso D = discordo DT = discordo totalmente
Há um grande percentual de discordância que as empresas já tem muita coisa para fazer
e não podem assumir outras responsabilidades (A11); as empresas têm dinheiro e talento
necessários para se engajarem em ações sociais (A12); a sociedade espera que as empresas
ajudem a resolver os problemas sociais e também produzam bens e serviços (A13) e as
empresas são mais socialmente responsáveis quando atendem exclusivamente aos interesses
econômicos (A14). Tal entendimento sugere que o grupo analisado reconhece a importância
da prática da RSE em suas atividades de gestão. Em termos percentuais esses valores são
aproximadamente: 57%, 47%, 43% e 53%, respectivamente. Vale ressaltar que o maior
número de indecisos foi observado na declaração A12. Na declaração A15 não há indecisos e
não existe total discordância que programas de ações sociais ajudam a construir uma imagem
favorável para empresa, conforme ilustra a Tabela 3. Os respondentes concordam que a
prática da responsabilidade social fortalece a imagem corporativa, tornando a empresa
reconhecida, levando a uma maior fidelização dos consumidores (ZENONE, 2006).
57
Tabela 3: Quantidade e percentual dos entrevistados em relação ao grau de concordância das
declarações A11, A12, A13, A14 e A15.
Classificação
Grau de
Concordância
A11
A12
A RS é
responsabilidade
extra para as
empresas
As empresas
têm recursos e
talentos para
atuar em RS
n
%
1
3,33
CT
1
3,33
C
3
10,00
I
17
56,67
D
8
26,67
DT
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
n
2
5
6
14
3
Declarações
A13
%
6,66
16,67
20,00
46,67
10,00
A sociedade
espera que as
empresas
ajudem a
resolver os
problemas
sociais
n
15
2
13
-
%
50,00
6,67
43,33
-
A14
A15
A empresa é
uma
instituição
econômica e
é mais RS
atendendo a
economia
Programas de
RS podem
ajudar a
construir
imagem
favorável para
empresa
n
1
9
3
16
1
n
14
15
1
-
%
3,33
30,00
10,00
53,34
3,33
%
46,67
50,00
3,33
-
Legenda: CT = concordo totalmente C = concordo I = indeciso D = discordo DT = discordo totalmente
De acordo com a Tabela 4, a declaração em que as empresas que não praticam
responsabilidade social podem ter uma vantagem em relação aos custos, comparando-se com
as que praticam (A18), os entrevistados discordaram em 47%. Em relação à declaração A19,
percebe-se o maior percentual de discordância (63%), ou seja, os entrevistados discordaram
que é injusto pedir as empresas para se envolver em problemas sociais porque as mesmas já
cumprem a legislação social. Um alto percentual de discordância (57%) foi observado na
declaração A20 que se refere aos altos custos envolvidos em programas sociais. A maioria dos
entrevistados concordou que as empresas têm responsabilidade com a sociedade além de
buscar o lucro (A16) e que os gerentes precisam ser treinados (A17) pelos gestores de
recursos humanos das empresas para lhe dar com problemas sociais, como afirmam Pineda e
Cárdenas (2008).
58
Tabela 4: Quantidade e percentual dos entrevistados em relação ao grau de
concordância das declarações A16, A17, A18, A19 e A20.
Classificação
Grau de
Concordância
A16
A17
As empresas têm
responsabilidade
com a sociedade
além do lucro
Necessidade de
treinar os
gerentes
coorporativos
para resolver
questões sociais
n
%
8
26,67
CT
14
46,66
C
I
6
20,00
D
2
6,67
DT
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
n
2
16
2
10
-
Declarações
A18
%
6,67
53,33
6,67
33,33
-
Empresa que
não pratica
RS tem
vantagens
em relação
aos custos
n
3
3
5
14
5
%
10,00
10,00
16,67
46,66
16,67
A19
A20
A empresa já
cumpri com
as leis
sociais é
injusto pedir
RS
Envolvimento
social é
inviável para as
pequenas
empresas
n
5
1
19
5
%
16,67
3,33
63,33
16,67
n
7
2
17
4
%
23,33
6,67
56,67
13,33
Legenda: CT = concordo totalmente C = concordo I = indeciso D = discordo DT = discordo totalmente
Grande parte dos entrevistados discordou que a única preocupação da sociedade é que
as empresas contribuam para o crescente desenvolvimento econômico (A22); o envolvimento
em qualquer atividade empresarial que não seja a de ter lucros, provavelmente transformará a
sociedade em uma sociedade pior e não melhor (A24) e não é recomendado pedir as empresas
para resolver os problemas sociais que não trazem lucro potencial (A25), em termos
percentuais, têm-se aproximadamente 63%, 47% e 43%, respectivamente. Os entrevistados
discordaram das afirmações de Friedman (1970). Metade dos entrevistados concordou que as
empresas poderiam usar recursos e talentos para promover seu próprio crescimento e
assegurar serviços melhores para sociedade e que a empresa pode ter sua imagem
enfraquecida perante o público se transferir o custo do envolvimento social para a sociedade
(A23) conforme pode ser visto na Tabela 5.
59
Tabela 5: Quantidade e percentual dos entrevistados em relação ao grau de concordância das
declarações A21, A22, A23, A24 e A25.
Classificação
Grau de
Concordância
A21
A22
Utilização de
recursos e
talentos para
promover e
melhorar o
crescimento da
sociedade
A sociedade
espera que as
empresas
contribuam para
o crescimento
econômico
como sua única
preocupação
n
%
9
30,00
CT
15
50,00
C
1
3,33
I
5
16,67
D
DT
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
n
1
1
5
19
4
%
3,33
3,33
16,67
63,34
13,33
Declarações
A23
A24
A25
Transferindo
os custos das
ações
sociais, a
empresa
enfraquece
sua imagem
O
envolvimento
da empresa
em atividade
diferente de
obter lucros
não melhora
a sociedade
Não é
recomendado
pedir as
empresas para
resolver os
problemas
sociais criados
por outros.
n
15
6
9
-
n
1
1
3
14
11
n
2
3
3
13
9
%
50,00
20,00
30,00
-
%
3,33
3,33
10,00
46,67
36,67
%
6,67
10,00
10,00
43,33
30,00
Legenda: CT = concordo totalmente C = concordo I = indeciso D = discordo DT = discordo totalmente
A Tabela 6 na página 53 apresenta o mínimo, a média, o máximo e o desvio-padrão
(DP) das vinte cinco variáveis que fizeram parte do questionário aplicado nas indústrias de
panificação do Grande Recife. Conforme dito anteriormente, o grau de concordância varia em
uma escala de 1 a 5, em que o desvio padrão é a raiz quadrada da variância, ou seja, raiz
quadrada da medida da variabilidade.
Algumas considerações relevantes podem ser extraídas da Tabela 6. Entre as indústrias
da panificação pesquisadas, nenhuma delas concordou totalmente com as seguintes
afirmações: as empresas não precisam se envolver em ações sociais porque a legislação é
suficiente (A5); a sociedade espera que as empresas ajudem a resolver os problemas sociais e
também produzam bens e serviços (A13); a legislação social já exige bastante da
responsabilidade social (A19); os altos no envolvimento social pode inibir a competitividade
das pequenas empresa (A20) e empresa pode ter sua imagem enfraquecida perante o público
se transferir o custo do envolvimento social para a sociedade (A23).
Outra constatação que merece destaque na Tabela 6 é que nenhum dos entrevistados
respondeu que discorda (D=4) ou discorda totalmente (DT=5) de que o envolvimento
60
crescente das empresas em responsabilidade social pode levar ao crescimento das expectativas
da sociedade (A2). Adicionalmente, vale destacar que a maior variabilidade entre as respostas
obtidas foi registrada em relação à declaração de que as empresas têm responsabilidade
definida para com a sociedade (A16), e a menor variabilidade, na declaração A2. Por fim, a
maior média foi registrada na declaração A11 que se refere à disponibilidade de recursos, vale
ressaltar que nessa declaração aproximadamente 57% dos entrevistados discordaram (ver
Tabela 3) por isso, sua média foi 4,0.
Tabela 6: Medidas descritivas – o mínimo, a média, o máximo e o desvio-padrão (DP) das
vinte cinco variáveis que fizeram parte do questionário aplicado nas indústrias de panificação.
Variáveis
Mínimo
A1
1
A2
1
A3
1
A4
1
A5
2
A6
1
A7
1
A8
1
A9
1
A10
1
A11
1
A12
1
A13
2
A14
1
A15
1
A16
1
A17
1
A18
1
A19
2
A20
2
A21
1
A22
1
A23
2
A24
1
A25
1
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
Média
2,40
1,73
1,70
1,70
3,93
1,97
2,07
2,33
1,93
1,70
4,00
3,37
2,93
3,23
1,60
2,33
2,67
3,50
3,80
3,60
2,07
3,80
2,80
4,10
3,80
Máximo
4
3
4
4
5
4
4
4
4
4
5
5
4
5
4
5
4
5
5
5
4
5
4
5
5
DP
1,07
0,52
0,84
0,80
1,05
0,67
0,83
0,99
0,74
0,80
0,91
1,10
0,98
1,04
0,67
1,27
1,02
1,20
0,92
1,00
1,01
0,85
0,89
0,96
1,19
61
4.2 Análise fatorial
A análise fatorial é uma técnica multivariada de interdependência em que todas as
variáveis são simultaneamente consideradas, cada uma relacionada com as demais. O objetivo
dessa técnica é condensar a informação contida nas variáveis com a finalidade de estudar as
relações existentes entre elas (RODRIGUES E PAULO, 2007).
A análise fatorial busca através da avaliação de um conjunto de variáveis, a
identificação de dimensões de variabilidade comuns existentes em um conjunto de
fenômenos. O objetivo é desvendar estruturas existentes, mas que não são observáveis
diretamente. Cada uma dessas dimensões de variabilidade comum recebe o nome de fator
(BEZERRA, 2007). Em outras palavras a análise fatorial tem como um dos seus principais
objetivos tentar descrever um conjunto de variáveis originais através da criação de um número
menor de dimensões ou fatores. O autor afirma que a análise fatorial pressupõe que altas
correlações entre variáveis geram agrupamentos que configuram os fatores.
A escolha do número de fatores é um ponto fundamental na elaboração da análise
fatorial. Dessa forma a escolha do número de fatores determinará a capacidade de
extrapolação das inferências que serão realizadas pela análise dos fatores. Dentre várias
técnicas existentes para escolha do número de fatores, o presente trabalho adotou o critério do
autovalor também denominado critério Kaiser que consiste em considerar apenas os fatores
com autovalores maiores do que um. O autovalor corresponde quanto o fator consegue
explicar da variância, ou seja, quanto à variância total dos dados pode ser associada ao fator
(BEZERRA, 2007).
62
A Figura 7 apresenta o número de componentes e os autovalores. Baseado no critério
Kaiser observa-se que há nove autovalores maiores do que um, portanto, o número de fatores
a serem considerados são nove.
Figura 7: Número de componentes versus autovalores.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
Bezerra (2007) relata que existem casos em que mais de um dos fatores explicam o
comportamento de uma das variáveis do problema analisado. Nestas situações, buscam-se
soluções que expliquem o mesmo grau de variância total, mas que gerem resultados melhores
em relação à sua interpretação. Isso é feito através da rotação dos fatores. Dentre os métodos
de rotação dos fatores existentes, esta pesquisa utilizou o método de rotação Varimax. Tal
método é um tipo de rotação ortogonal, ou seja, mantém os fatores perpendiculares entre si. É
o tipo de rotação mais utilizado e que tem como característica o fato de minimizar a
possibilidade de uma variável possuir altas cargas fatoriais para diferentes fatores.
63
As cargas fatoriais são valores que medem o grau de correlação entre a variável
original e os fatores. O quadrado da carga fatorial representa o quanto do percentual da
variação de uma variável é explicado pelo fator. Os autovalores são a soma das variâncias
dos valores do fator (BEZERRA, 2007).
A Tabela 7 apresenta a matriz de correlação obtida a partir do método de rotação
Varimax. Conforme dito anteriormente, foram necessários nove fatores para agrupar as
variáveis (declarações) estudadas. O critério universalmente adotado para seleção das
variáveis que fazem parte de cada fator foi baseado no ponto de corte de 0,5. Vale ressaltar
que apenas a variável que afirma não ser recomendado pedir as empresas para resolver os
problemas sociais criados por outros e que não trazem lucro potencial (A25) não apresenta
carga significativa para análise, revelando dessa forma que a variável não faz sentido para o
conjunto de dados estudados.
64
Tabela 7: Matriz de correlação obtida a partir do método de rotação Varimax.
Variáveis
1
2
A1
-0,02
0,04
A2
0,32
0,31
A3
0,22
0,04
A4
0,14
0,90
A5
-0,15
-0,24
A6
-0,01
0,84
A7
0,08
0,11
A8
-0,26
0,39
A9
0,45
0,26
A10
0,19
0,85
A11
-0,20
-0,55
A12
0,22
-0,07
A13
0,07
-0,02
A14
-0,19
0,12
A15
0,24
0,80
A16
-0,02
0,19
A17
-0,01
0,27
A18
0,06
0,01
A19
0,11
-0,36
A20
-0,25
0,16
A21
0,09
0,80
A22
0,24
-0,49
A23
0,19
-0,15
A24
0,07
0,15
A25
-0,48
0,12
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
3
0,08
0,24
-0,38
0,02
0,41
-0,10
-0,16
-0,11
0,05
-0,01
0,30
-0,01
0,10
0,82
0,07
0,06
0,12
0,18
0,33
0,10
0,11
0,55
-0,20
0,56
0,30
4
-0,02
-0,06
0,00
-0,04
0,13
0,10
0,59
0,05
-0,38
-0,13
0,46
0,03
-0,13
0,15
0,07
-0,17
0,11
0,08
0,69
0,86
-0,07
0,11
0,03
0,00
0,15
Fatores
5
0,20
0,21
0,14
0,14
-0,19
0,15
-0,10
-0,38
-0,11
-0,05
-0,06
0,88
0,08
0,06
-0,13
0,72
0,27
0,16
-0,21
0,08
0,14
0,18
0,10
-0,45
0,03
6
0,20
0,55
0,79
0,00
0,08
-0,07
-0,17
-0,05
-0,50
0,02
-0,01
-0,05
-0,02
-0,02
0,24
0,41
0,29
-0,01
0,17
-0,03
0,08
-0,01
-0,57
0,00
-0,07
7
0,08
0,36
-0,04
-0,01
-0,10
0,16
-0,18
-0,05
0,18
0,19
0,07
0,03
-0,03
0,18
-0,11
0,18
-0,61
0,90
0,05
0,08
-0,21
-0,01
0,16
-0,52
0,20
8
0,81
0,19
0,15
0,03
0,61
-0,05
0,53
0,22
0,17
0,10
-0,04
0,28
0.06
0,15
-0,11
-0,30
0,31
0,07
0,04
0,02
-0,12
-0,05
-0,10
0,15
0.09
9
0,19
0,11
0,14
0,05
-0,13
-0,11
0,06
0,64
-0,13
-0,01
-0,22
-0,07
0,88
0,04
0,06
0,08
0,29
0,02
-0,15
-0,07
0,04
0,26
0,23
-0,10
-0,35
As Tabelas 8a e 8b apresentam a identificação e a denominação dos nove fatores e os
itens que integram cada fator. O primeiro fator reúne as declarações em que a
responsabilidade social traz benefícios para os negócios. É o fator de maior poder de
explicação. O segundo fator agrupa as declarações A4 e A15. Esse fator pode ser denominado
RSE eleva as expectativas da sociedade. As declarações A14, A22 e A24 pertencem ao
terceiro fator que representa a visão clássica em que as empresas são essencialmente
instituições econômicas. O quarto fator reúne as declarações que afirmam que transferindo os
custos de se envolver em ações sociais podem enfraquecer a imagem da empresa (ver Tabela
8a).
65
O quinto fator remete que as empresas têm recursos e talentos necessários para se
envolver em atividades sociais, além de perseguirem o lucro. O sexto fator agrupa as
declarações A2, A3, A9 e A23 que remetem que responsabilidade sociedade empresarial é
boa por si só. No sétimo fator estão as declarações A17 e A18 relacionadas aos custos da
responsabilidade social. As declarações A1 e A5 estão presentes no oitavo fator assegurando
que a legislação não é suficiente para regular o comportamento social das empresas. Por fim,
o nono fator agrupou as declarações A8 e A13 que apoiam a necessidade de maior
envolvimento em responsabilidade por parte das empresas, conforme apresenta a Tabela 8b.
66
Tabela 8a: Identificação e denominação dos fatores de 1 a 4.
Declarações
Fator 1: RSE traz benefícios mútuos
A contribuição empresarial para a solução dos problemas sociais pode ser lucrativa
para as empresas (A6).
Os programas de responsabilidade social de uma empresa podem se prestar para
encorajar o comportamento responsável de outras (A10).
As empresas já têm muita coisa para fazer e não podem assumir outras
responsabilidades (A11).
As empresas poderiam usar recursos e talentos para promover seu próprio crescimento
e assegurar serviços melhores para a sociedade (A21).
Fator 2: RSE eleva as expectativas da sociedade.
Empresas devem compreender que são parte da sociedade e por isso devem responder
pelas questões sociais (A4).
Programas de ações sociais podem ajudar a construir uma imagem favorável para a
empresa (A15).
Fator 3: Negócio é negócio
A empresa é principalmente uma instituição econômica e é mais socialmente
responsável quando atende estritamente aos interesses econômicos (A14).
A sociedade espera que as empresas contribuam para a promoção do crescimento da
economia como sua única preocupação (A22).
Pedindo à empresa para se envolver em qualquer atividade, que não seja aquela de ter
lucros, provavelmente transformará a sociedade em uma sociedade pior e não melhor
(A24).
Fator 4: Transferência de custos enfraquecem a imagem da empresa
A legislação não é suficiente para assegurar o comportamento organizacional
socialmente responsável (A7).
É injusto pedir a empresa para se envolver em programas de responsabilidade social
por que ela cumpre com a legislação social (A19).
O envolvimento social por ser “suicídio” para as pequenas empresas, por que os altos
custos envolvidos podem jogá-las para fora do mercado (A20).
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
*Legenda: C – maioria concorda; D – maioria discorda
C/D*
Fator
C
0,84
C
0,85
D
-0,55
C
0,80
C
0,90
C
0,80
D
0,82
D
0,55
D
0,56
C
0,59
D
0,69
D
0,86
67
Tabela 8b: Identificação e denominação dos fatores de 5 a 9.
Declarações
Fator 5: Empresas têm os recursos necessários
As empresas têm dinheiro e talento necessários para se engajarem em ações sociais
(A12)
As empresas têm responsabilidade definida para com a sociedade, além de
perseguirem o lucro (A16)
Fator 6: A RSE é boa por si só
O envolvimento crescente das empresas em responsabilidade social pode levar ao
crescimento das expectativas da sociedade à contribuição das empresas (A2).
Responsabilidade social é um fundamento sólido para aumento da competitividade
(A3).
As empresas devem tratar os problemas sociais que forem criados pelas suas próprias
ações (A9).
Transferindo o custo do envolvimento social para a sociedade, a empresa pode
enfraquecer sua imagem com o público (A23).
Fator 7: Custos da responsabilidade social
Os gerentes corporativos precisam também ser treinados para que possam efetivamente
participar da solução dos problemas da sociedade (A17)
A empresa que não pratica responsabilidade social pode ter uma vantagem em relação
aos custos, comparando-se com as que praticam (A18).
Fator 8: Legislação não assegura o comportamento socialmente responsável
As empresas podem evitar mais controle governamental pela adoção de programas de
responsabilidade social (A1).
Como a legislação social já tem regulado o comportamento das empresas é
desnecessário para as empresas se envolverem com programas de RSE (A5).
Fator 9: As empresas devem se envolver mais
Considerando que as instituições sociais têm falhado na solução dos problemas sociais,
então agora as empresas precisam tentar (A8).
A sociedade espera que as empresas possam ajudar a resolver os problemas sociais, e
também produzam bens e serviços. (A13)
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
C/D*
Fator
D
0,88
C
0,72
C
0,55
C
0,79
C
-0,50
C
-0,57
C
-0,61
D
0,90
C
0,81
D
0,61
C
0,64
C
0,88
*Legenda: C – maioria concorda; D – maioria discorda
A Tabela 9 apresenta os autovalores, o percentual da variância explicada e o percentual
acumulado da variância explicada dos nove fatores. A variância total explicada pelos nove
fatores (extraídos pelo critério Kaiser) é de 79%.
68
Tabela 9: Autovalores, percentual da variância explicada (% VarExp) e o percentual da
variância explicada acumulada (%Acum.) dos nove fatores.
Fator
Autovalor
1
3,39
2
2,53
3
2,13
4
2,12
5
2,08
6
1,94
7
1,92
8
1,82
9
1,73
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
% VarExp
14
10
9
8
8
8
8
7
7
% Acum
14
24
33
41
49
57
65
72
79
4.3 Análise de cluster
A análise de cluster (conglomerados ou agrupamento) é o nome dado ao grupo de
técnicas multivariadas cuja primeira finalidade é agregar objetos com base nas características
que eles possuem. Dessa forma, designa uma série de procedimentos estatísticos que podem
ser usados para classificar objetos e/ou pessoas sem pré-julgamento, isto é, observando apenas
as semelhanças ou diferenças entre eles, sem definir previamente critérios de inclusão em
qualquer agrupamento (RODRIGUES E PAULO, 2007).
A análise de agrupamento é uma técnica importante na análise de informações. Esta
consiste em agrupar objetos baseado no princípio de maximização de similaridade intraclasses
e minimização de similaridade interclasses. A análise de agrupamento é empregada quando
desejamos reduzir o número de objetos (LOUREIRO, 2005).
Loureiro (2005) afirma que existem alguns métodos de agrupamento por partição,
dentre eles destaca-se o algoritmo K-means foi apresentado originalmente por McQueen
(1967), e utiliza os centróides de cada grupo como seus pontos representantes.
69
A Tabela 10 apresenta os dois clusters que agruparam as trinta indústrias de panificação
pesquisadas, em que 67% foram enquadradas no cluster 1 e as demais no cluster 2.
Tabela 10: Quantidade (n) e o percentual (%) de observações em que cada cluster.
Cluster
1
2
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
n
20
10
%
67
33
O principal objetivo na análise de cluster consiste em avaliar se as médias de cada uma
das variáveis (declarações) são iguais ou diferentes, ou seja, há duas hipóteses a serem
testadas. A primeira hipótese – hipótese nula - afirma que as médias (centróides) das variáveis
são iguais nos dois clusters, e a segunda hipótese – hipótese alternativa - afirma que as médias
são diferentes. A conclusão do teste é baseada no p-valor que é definido como o menor nível
de significância em que a hipótese nula é rejeitada, quando um procedimento de teste
específico é usado em um determinado conjunto de dados (DEVORE 2011).
A conclusão foi baseada na comparação com o nível de significância de 10%. Se o pvalor for menor ou igual a 10%, implica rejeição da hipótese nula.
A Tabela 11 na página 62 apresenta os valores dos centróides das variáveis em dois
clusters, o valor da estatística F e o p-valor. Ao nível de significância de 10%, há doze médias
que diferenciam no cluster 1 e 2, pois o p-valor é menor ou igual a 0,10.
O primeiro cluster reúne as sentenças A5, A11, A14, A19, A20, A24 e A25. Em tais
declarações houve alto grau de discordância por parte dos entrevistados. Sugerindo dessa
forma, abandono da visão clássica da RSE. Portanto, os entrevistados discordam do
pensamento clássico de Friedman (1970) o qual afirma que a responsabilidade social
empresarial é gerar lucros dentro da lei, enfatizando que os gestores e acionistas que quiserem
70
contribuir para resolver problemas sociais devem usar seu próprio dinheiro e não o da
empresa. E que a função desses gestores é a maximização do lucro da empresa.
O segundo cluster é agrupado pelas sentenças A3, A6, A10, A16 e A21. Em relação às
declarações alocadas neste cluster, os resultados revelam que houve alto grau de concordância
por parte dos entrevistados, sugerindo dessa forma, convergência para visão socioeconômica
da RSE.
A Figura 8 apresenta a localização dos clusters baseado no modelo RSE de Quazi e
O’Brien, 2000. O retângulo inscrito em negrito no quadrante da visão clássica simboliza por
parte dos respondentes, o abandono da dimensão restrita da responsabilidade social
empresarial. Os resultados obtidos através da amostra baseada em trinta indústrias de
panificação sugerem a localização do cluster no quadrante da visão socioeconômica da RSE.
Figura 8: Localização dos clusters das empresas pesquisadas
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
71
Tabela 11: Centróides dos clusters, estatística F e p-valor.
Variáveis
Centróides
1
A1
2,45
A2
1,70
A3
1,45
A4
1,65
A5
4,30
A6
1,75
A7
2,20
A8
2,30
A9
1,90
A10
1,45
A11
4,35
A12
3,20
A13
2,85
A14
3,65
A15
1,55
A16
1,95
A17
2,70
A18
3,45
A19
4,10
A20
3,85
A21
1,80
A22
3,90
A23
2,70
A24
4,45
A25
4,25
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
2
2,30
1,80
2,20
1,80
3,20
2,40
1,80
2,40
2,00
2,20
3,30
3,70
3,10
2,40
1,70
3,10
2,60
3,60
3,20
3,10
2,60
3,60
3,00
3,40
2,90
F
p-valor
0,14
0,29
4,50
0,21
7,52
5,22
2,54
0,07
0,09
4,70
7,53
1,44
0,42
12,36
0,22
5,09
0,07
0,11
5,42
3,19
4,11
0,46
0,72
6,37
8,33
0,71
0,59
0,04
0,66
0,02
0,04
0,12
0,80
0,77
0,04
0,02
0,24
0,52
<0,01
0,65
0,04
0,80
0,74
0,04
0,10
0,06
0,51
0,41
0,03
0,01
A próxima seção refere-se à metodologia escolhida pelo pesquisador com o intuito de
confrontar a percepção dos entrevistados em relação à RSE com a prática de ações sociais.
4.4 Análise de conteúdo
Dos trinta entrevistados apenas dezesseis responderam que praticam ações de
responsabilidade social empresarial, tais ações, foco de atuação, quantidade e percentual de
respondentes estão apresentados na Tabela 12. Foram observados sete focos de atuação:
preocupação com o meio ambiente, saúde dos funcionários, caridade, cidadania, educação
72
profissional, segurança no trabalho e ética. Vale ressaltar que foram detectadas mais ações
dirigidas ao meio ambiente. Na ação doação de pães e lanches (caridade) concentra-se o maior
percentual dos entrevistados.
Confrontando os focos de atuação com as quatro visões de responsabilidade social
empresarial apresentadas no modelo de RSE de Quazi e O’Brien (2000), as ações listadas na
Tabela 12 concentram-se em duas visões: filantrópica e socioeconômica. Pode-se afirmar que
na visão filantrópica está a ação de doar pães e lanches para instituições de caridade e igrejas,
foi enquadrada no foco de atuação - caridade. Na visão socioeconômica estão as demais ações
que contemplam uma relação com o ambiente interno e externo organizacional. Pode-se
destacar como ações do ambiente interno, a constante preocupação com a saúde e bem-estar
dos funcionários, tais como: adaptação das alturas das bancadas ao padrão de seus usuários e
a climatização do ambiente de trabalho. Ressalta-se também à oferta de cursos
profissionalizantes/qualificação e a inserção para a cidadania, quando da oferta do primeiro
emprego. Quanto ao ambiente externo, merece destaque o uso da caixa de fumaça por parte
daquelas indústrias que possuem fornos a lenha. Caixa de fumaça que foi desenvolvida pela
Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH, para reduzir a emissão de gases na atmosfera.
Todas essas ações estão direcionadas para a dimensão restrita da RSE.
73
Tabela 12: Foco de atuação, ações de RSE, quantidade (n) e percentual (%) de respondentes.
Foco de atuação
Ações
Coleta seletiva de óleo de cozinha.
Coleta seletiva de resíduos secos e molhados.
Uso da sacola de papel.
Uso da caixa de fumaça.
Meio ambiente
Utilização de lenha de eucalipto reflorestado.
Utilização de produtos de limpeza
biodegradáveis.
Racionalização do uso da água.
Fornecimento de produtos de qualidade
Saúde
Investimento na saúde dos funcionários
Convênio com farmácias
Caridade
Doação de pães e lanches
Apoio ao primeiro emprego
Cidadania
Remuneração diferenciada em relação ao
mercado
Educação profissional
Promoção de cursos profissionalizantes
Fornecimento de utensílios de segurança no
Segurança no trabalho
trabalho
Ética
Transparência nas negociações
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
5
1
3
3
1
n (%)
(31,25)
(6,25)
(18,75)
(18,75)
(6,25)
1 (6,25)
1 (6,25)
5 (31,25)
2 (12,5)
1 (6,25)
10 (62,5)
4 (25,0)
1 (6,25)
6 (37,5)
2 (12,5)
2 (12,5)
As informações contidas na Tabela 12 corroboram os dados obtidos na análise fatorial e
de cluster, pois as ações praticadas de RSE não remetem exclusivamente ao lucro, as
empresas têm consciência da importância das práticas sociais para o meio ambiente e que
agindo socialmente responsável, elas podem encorajar outras a se envolverem em questões
sociais. Portanto, como afirmam Porter e Kramer (2006) às empresas estão convergindo os
interesses sociais e empresariais e reconhecendo que seus esforços em responsabilidade social
são benéficos para sociedade.
A Figura 9 sugere o enquadramento das ações reveladas pelos gestores das indústrias
pesquisadas e as dimensões propostas por Quazi e O’Brien (2000):
74
Figura 9: Enquadramento das ações de RSE no modelo de Quazi e O’Brien (2000)
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
4.5 Dados demográficos dos participantes
Algumas variáveis de caráter demográfico, entre elas: idade, nível de escolaridade,
formação acadêmica, cargo, tempo de ocupação do cargo e tempo que trabalha na empresa,
fizeram parte do questionário aplicado nas indústrias de panificação. A Tabela 13 apresenta a
distribuição dos entrevistados em relação aos dados demográficos. Observou-se que 24% dos
entrevistados pertencem a Geração Y, ou seja, nasceram na década de 1980. Segundo Oliveira
(2010) as pessoas dessa geração apresentam necessidade constante de reconhecimento;
planejam projetos de curtos prazos e muitas vezes, imediatos; necessitam de constante
reconhecimento e comunicam-se incessantemente. Em relação ao nível de escolaridade, tem-
75
se que 30% dos entrevistados possuem nível superior completo. O questionário foi respondido
em sua grande maioria (74%) pelos que ocupam cargo de direção. Por fim, observa-se que em
torno de 40% dos entrevistados apresentam tempo de ocupação do cargo e tempo de empresa
menor do que 10 anos.
Tabela 13: Distribuição dos entrevistados em relação aos dados demográficos.
Dados dos entrevistados
Quantidade de entrevistados
Percentual
Idade (anos)
<33
7
24
33|-- 49
12
41
≥ 49
10
35
Nível de escolaridade
Até nível médio
8
27
Nível superior incompleto
9
30
Nível superior completo
9
30
Pós-graduação
4
13
Cargo que ocupa na empresa
Gerência
3
10
Direção
22
74
Técnico
1
3
Administrativo
4
13
Tempo que ocupa o cargo
<10
12
40
10|--20
7
23
20|--30
7
23
≥30
4
14
Tempo que trabalha na empresa
<10
12
41
10|--20
7
24
20|--30
6
21
≥30
4
14
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
As variáveis: idade e tempo que trabalha na empresa foram baseados em 29 observações.
76
5 Conclusões
Com base no estudo apresentado até aqui, este capítulo apresenta as conclusões e
recomendações para pesquisas futuras.
O objetivo principal desta dissertação consistiu na identificação das dimensões que
caracterizam as ações da responsabilidade social empresarial nas indústrias da panificação do
Grande Recife.
Para atingir tal objetivo foi adotado o modelo bidimensional de
responsabilidade social empresarial desenvolvido por Quazi e O’Brien (2000). Vale ressaltar
que esse modelo foi adotado por causa de sua aplicação em todas as esferas da sociedade.
Os resultados e conclusões obtidos nesta pesquisa são baseados em uma amostra de
trinta indústrias de panificação extraídas de uma população de cento e vinte três cadastradas
no Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado de Pernambuco –
SINDIPÃO. É importante destacar que as indústrias que fizeram parte da amostra foram
selecionadas por conveniência.
Os resultados referentes às vinte cinco declarações foram avaliados através da análise
descritiva e exploratória dos dados, análise fatorial e análise de cluster. Dentre as conclusões
obtidas nesta pesquisa, destaca-se que houve um alto percentual de discordância em algumas
sentenças, entre elas as que afirmam: a legislação social já tem regulado o comportamento das
empresas dessa maneira é desnecessário para as empresas se envolver com programas de
responsabilidade social (76,66%); as empresas já têm muita coisa para fazer e não podem
assumir outras responsabilidades (83,34%); a empresa é mais socialmente responsável quando
atende estritamente aos interesses econômicos (56,67%); a legislação social já exige bastante
da responsabilidade social (80,00%); o envolvimento em qualquer atividade empresarial que
não seja a de ter lucros, provavelmente transformará a sociedade em uma sociedade pior e não
77
melhor (83,34%); não é correto pedir as empresas para resolver os problemas sociais que não
trazem lucro potencial (73,33%). Tais discordâncias remetem o entendimento do setor da
indústria de panificação, que fizeram parte da amostra desse estudo, ao abandono da visão
clássica da RSE. Dessa maneira, discordam categoricamente da visão clássica da RSE e de
seu principal defensor, Milton Friedman (1970).
Por outro lado, houve um alto percentual de concordância nas sentenças que remetem
a visão socioeconômica da RSE, a qual considera que a adoção de algum grau de RSE levará
a benefício líquido para empresa ajudando a construir bons relacionamentos com os clientes e
fornecedores e que as empresas podem simultaneamente realizar a dupla função de
maximização do lucro e servir a demanda social (QUAZI E O’BRIEN, 2000). Tais sentenças
são: a responsabilidade social é um fundamento sólido para o aumento da competitividade
(90,00%); a contribuição empresarial para a solução dos problemas sociais pode ser lucrativa
para as empresas (93,34%); as boas práticas sociais empresariais podem encorajar o
comportamento de responsabilidade de outras empresas (93,33%); e a maioria dos
entrevistados concordou que as empresas têm responsabilidade com a sociedade além de
buscar o lucro (73,33%).
Através da análise fatorial foi possível descrever o conjunto das vinte e cinco variáveis
(declarações), através da criação de nove fatores que de forma clara ratificou o entendimento
por parte do grupo analisado de que a visão clássica está abolida e que dessa maneira o
entendimento sobre a temática é que a responsabilidade social empresarial traz benefícios
mútuos para os negócios e a sociedade. Adicionalmente, com a criação desses nove fatores foi
possível explicar 79% da variância dos dados originais.
Com o intuito de identificar e categorizar as visões conceituais do modelo de RSE
(Quazi e O’Brien, 2000), os resultados dessa pesquisa mostraram as práticas de atuação por
78
parte dos entrevistados, a saber: preocupação com o meio ambiente, saúde dos funcionários,
caridade, cidadania, educação profissional, segurança no trabalho e ética. Vale ressaltar que
foram detectadas mais ações no foco meio ambiente e caridade (doações). Das visões
apresentadas no modelo supracitado, as ações relatadas concentram-se em duas visões: a
filantrópica e a socioeconômica. Na visão filantrópica está a ação de doar de pães e lanches
mesmo que representando a criação de custos para indústria. Na visão socioeconômica - visão
estreita ou restrita da responsabilidade social empresarial - estão as demais ações que
contemplam uma relação com a sociedade. Diante desta conclusão e norteado pelo Guia
conceitual e prático para o setor de panificação do Instituto Ethos (ANEXO C), sugere-se ao
SINDIPÃO, através do Fórum de Sustentabilidade e Ecoeficiência da Indústria da Panificação
e Confeitaria do Estado de Pernambuco que elabore mecanismos ou diretrizes para alinhar as
ações de RSE praticadas pelas panificadoras com o planejamento estratégico sustentável das
mesmas, respeitando suas particularidades. Podem ser criados programas sérios, permanentes
e estruturados com objetivos voltados para minimizar o impacto ambiental, satisfazendo os
interesses das indústrias de panificação e ao mesmo tempo, melhorando a comunidade onde
elas atuam. Tais programas devem ser difundidos para todas as indústrias da panificação do
estado pernambucano e não só para as sindicalizadas.
Não se pode perder mais tempo diante de tantos problemas socioambientais. As boas
práticas ambientais e sociais responsáveis devem ser disseminadas e ampliadas em toda
cadeia de valor, envolvendo todos os stakeholders.
Em relação ao perfil demográfico dos entrevistados, constatou-se que 24% dos
entrevistados apresentam idade menor do que 33 anos de idade. Em relação ao nível de
escolaridade, tem-se que 30% dos entrevistados possuem nível superior completo. Os
questionários foram respondidos em sua grande maioria pelos gestores das indústrias.
79
Por fim, pode-se concluir que adotado o modelo de RSE (Quazi e O’Brien, 2000), os
resultados obtidos a partir da amostra das indústrias de panificação, através da análise fatorial
e de conteúdo, confirmam o entendimento e que as ações de RSE estão voltadas para melhoria
da sociedade e do bem estar de seus colaboradores, sugerindo o enquadramento do setor de
panificação pesquisado no quadrante da visão socioeconômica, dimensão estreita da
responsabilidade social empresarial.
5.1 Recomendações para pesquisas futuras
Como recomendações para futuros trabalhos, seriam relevantes:
 Obter a percepção dos funcionários das indústrias de panificação sobre o entendimento
do tema abordado;
 Conhecer as estratégias utilizadas pelas panificadoras em relação à gestão ambiental;
 Realizar estudo longitudinal em que os gestores da panificação forneceriam dados para
confirmar ou não o entendimento sobre responsabilidade social empresarial diante das
pressões exercidas pelo mercado ao longo do tempo.
 Realizar estudo adotando o modelo dos três domínios da RSE elaborado pelos autores
Schwartz e Carroll (2003) por se tratar de um dos modelos mais recentes.
80
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86
APÊNDICE A – Questionário aplicado nas indústrias de
panificação
87
Responsabilidade Social Empresarial
EMPRESA:
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO
O questionário é composto por 31 perguntas a respeito da temática da responsabilidade social
empresarial. Algumas instruções específicas são dadas no início da seção. Leia-as atentamente. As
questões foram elaboradas para obter a sua percepção sobre o que é responsabilidade social e sobre as
práticas da sua indústria.
O preenchimento do questionário não levará mais que 15 minutos e as respostas serão mantidas em
sigilo absoluto.
Parte I - Nesta seção são apresentadas 25 declarações relacionadas à responsabilidade social empresarial.
Por favor, opine sobre cada uma das declarações indicando a sua concordância ou discordância com
relação a cada afirmativa, assinalando apenas uma alternativa para cada questão.
1. As empresas podem evitar mais controle governamental pela adoção de
programas de responsabilidade social.
2. O envolvimento crescente das empresas em responsabilidade social pode
levar ao crescimento das expectativas da sociedade em relação à contribuição
das empresas.
3. Responsabilidade social é um fundamento sólido para o aumento da
competitividade.
4. Empresas devem compreender que são parte da sociedade e por isso devem
responder pelas questões sociais.
5. Como a legislação social já tem regulado o comportamento das empresas é
desnecessário para as empresas se envolver com programas de
responsabilidade social.
6. A contribuição empresarial para a solução dos problemas sociais pode ser
lucrativa para as empresas.
7. A legislação não é suficiente para assegurar o comportamento
organizacional socialmente responsável.
8. Considerando que as instituições sociais tem falhado na solução dos
problemas sociais, então, agora as empresas precisam tentar.
9. As empresas devem tratar os problemas sociais que forem criados pelas suas
próprias ações.
10. Os programas de responsabilidade social de uma empresa podem se prestar
para encorajar o comportamento de responsabilidade de outras.
Discordo
Totalmente
Discordo
Indeciso
Concordo
Concordo
Totalmente
Baseado em An Empirical Test of a Cross-national Model
of Corparate Social Responsibility Quazi e O'Brien 2000
11. As empresas já têm muita coisa para fazer e não podem assumir outras
responsabilidades.
12. As empresas têm dinheiro e talento necessários para se engajarem em ações
sociais.
13. A sociedade espera que as empresas possam resolver os problemas sociais,
e que também produzam bens e serviços.
14. A empresa é principalmente uma instituição econômica e é mais
socialmente responsável quando atende estritamente aos interesses
econômicos.
15. Programas de ações sociais podem ajudar a construir uma imagem
favorável para a empresa.
16. As empresas têm responsabilidade definida para com a sociedade, além de
perseguirem o lucro.
17. Os gerentes corporativos precisam também ser treinados para que possam
efetivamente resolver os problemas da sociedade.
18. A empresa que não pratica a responsabilidade social pode ter vantagem em
relação aos custos, comparando-se com as que praticam.
19. É injusto pedir a empresa para se envolver em programas de
responsabilidade sociais por que ela já cumpre com a legislação social.
20. O envolvimento social pode ser "suicídio" para as pequenas empresas, por
que os altos custos envolvidos podem jogá-las para fora do mercado.
21. As empresas poderiam usar recursos e talentos para promover o seu próprio
crescimento e assegurar serviços melhores para a sociedade.
22. A sociedade espera que as empresas contribuam para a promoção do
crescimento da economia como sua única preocupação.
23. Transferindo o custo do envolvimento social para a sociedade, a empresa
pode enfraquecer sua imagem com o público.
24. Pedindo à empresa para se envolver em qualquer atividade, que não seja
aquela de ter lucros, provavelmente transformará a sociedade em uma
sociedade pior e não melhor.
25. É uma tolice pedir às empresas para resolver os problemas sociais criados
por outros e que não trazem lucro potencial.
Discordo
Totalmente
Discordo
Indeciso
Concordo
Concordo
Totalmente
88
89
Parte II – Nesta seção tratará de ações de responsabilidade social praticada pela indústria de panificação
26. Que ações de Responsabilidade Social Empresarial sua empresa pratica?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Parte III - Dados demográficos do respondente
27. Data de nascimento: mês ___________________ e ano ______________.
28. Qual seu nível de escolaridade?
Até nível médio
Nível superior incompleto
Nível superior completo, neste caso qual a sua formação acadêmica? ____________________
Pós-graduação?
Sim
Não
29. Qual o cargo que o senhor (a) ocupa na empresa?
Gerência
Direção
Técnico especializado
Administrativo e de apoio
Outro, especificar: ____________________________
30. Quanto tempo o Senhor (a) ocupa esse cargo? __________________________________
31. Quanto tempo o Senhor (a) trabalha na empresa? ________________________
O Senhor (a) deseja receber um resumo dos resultados desta pesquisa?
Sim
Não
Favor enviar resposta para o email: [email protected]
90
APÊNDICE B – Carta de apresentação ao Sindicato da
Indústria dos Panificadores (SINDIPÃO)
Recife, 30 de abril de 2012
Carta de apresentação do mestrando
À EPÃO - Entidades da Panificação de Pernambuco
Prezados Senhores,
Atualmente sou aluno de Programa de Pós-Graduação da Faculdade Boa Viagem (FBV),
mestrando do Curso de Gestão Empresarial.
O tema da pesquisa que estou desenvolvendo sob orientação da Professora Ph.D Lúcia Maria
Barbosa de Oliveira é Responsabilidade Social Empresarial no Setor da Panificação em Pernambuco
cujo objetivo é conhecer a percepção dos gestores da panificação em relação a temática da
responsabilidade social. Para tal cumprimento do objetivo é necessário à coleta de informação
através de um questionário que preservará a privacidade e particularidade de cada empresa
participante.
Diante do exposto, gostaria de lhes pedir autorização para pesquisar junto às empresas
associadas ao sindicato do setor de panificação de Pernambuco e adicionalmente, fazer uso do
logotipo dessa Entidade (EPÃO) nos questionários que serão enviados aos associados.
Desde já agradeço toda atenção e me coloco a disposição para quaisquer esclarecimentos,
através do endereço eletrônico: [email protected].
Atenciosamente,
Antonio Carlos Alves da Silva
Mestrando em Gestão Empresarial - FBV
91
APÊNDICE C – Comandos do software estatístico R
Para obtenção dos resultados apresentados no Capítulo 4 desta dissertação, foi
utilizado o software estatístico R versão 2.14.1. Neste apêndice estão apresentados os
principais comandos utilizados para obtenção de tais resultados. A Figura abaixo ilustra o
ambiente de trabalho do R. O símbolo “#” apresentado em várias linhas abaixo indica
comentário no software estatístico R.
# O primeiro passo é ler os dados e armazená-los em um objeto dentro do ambiente R.
> dados<-read.table("dadosPadaria.txt",header=TRUE)
# Atribuir a um objeto chamado dados as 25 colunas em que estão as respostas das
declarações excluindo a primeira coluna em que identifica as indústrias de panificação.
> dados = dados[,2:26]
# Listar o nome de todos os objetos que estão dentro do objeto dados.
> names(dados)
[1] "A1" "A2" "A3" "A4" "A5" "A6" "A7" "A8" "A9" "A10" "A11" "A12"
[13] "A13" "A14" "A15" "A16" "A17" "A18" "A19" "A20" "A21" "A22" "A23" "A24"
[25] "A25"
92
# Frequência da variável A1, ou seja, na declaração A1 que está no objeto dados$A1, cinco
dos entrevistados responderam 1, dezesseis dos entrevistados responderam 2, um dos
entrevistados responderam 3 e por fim, oito dos entrevistados responderam 4. Esta mesma
função table foi utilizada nas demais variáveis.
> table(dados$A1)
1 2 3 4
5 16 1 8
# Estatísticas descritivas em cada uma das variáveis. O menor valor que a variável assumiu
foi 1, o maior foi 4, a mediana igual a 2, o primeiro e terceiro quartis foram iguais a 2 e
3,75, respectivamente. Esta mesma função summary foi utilizada nas demais variáveis.
> summary(dados$A1)
Min. 1st Qu. Median
1.00
2.00
2.00
Mean 3rd Qu.
2.40
3.75
Max.
4.00
# Correlação entre as variáveis.
> R<-cor(dados)
# Autovalores
> t = eigen(R)
# Análise fatorial encontra-se implementada no pacote nFactors
> library(nFactors)
# Gráfico do número de componentes versus autovalores
> plot(seq(1:25),t$values, xlab="Número de componentes", ylab="Autovalores")
# Linha horizontal
> abline(1,0)
# Análise fatorial considerando nove fatores – rotação varimax
> saida<-principal(R, nfactors = 9, residuals = FALSE,rotate="varimax",n.obs=NA,
scores=FALSE)
# Correlação nos noves fatores, autovalores, proporção da variância explicada e proporção da
variância explicada acumulada.
> saida
93
Principal Components Analysis
Call: principal(r = R, nfactors = 9, residuals = FALSE, rotate = "varimax",
n.obs = NA, scores = FALSE)
Standardized loadings based upon correlation matrix
RC1 RC5 RC3 RC7 RC8 RC9 RC2 RC4 RC6 h2 u2
A1 -0.02 0.04 0.08 -0.02 0.20 0.20 0.08 0.81 0.19 0.79 0.21
A2 0.32 0.31 0.24 -0.06 0.21 0.55 0.36 0.19 0.11 0.78 0.22
A3 0.22 0.04 -0.38 0.00 0.14 0.79 -0.04 0.15 0.14 0.88 0.12
A4 0.14 0.90 0.02 -0.04 0.14 0.00 -0.01 0.03 0.05 0.86 0.14
A5 -0.15 -0.24 0.41 0.13 -0.19 0.08 -0.10 0.61 -0.13 0.70 0.30
A6 0.84 -0.01 -0.10 0.10 0.15 -0.07 0.16 -0.05 -0.11 0.80 0.20
A7 0.08 0.11 -0.16 0.59 -0.10 -0.17 -0.18 0.53 0.06 0.74 0.26
A8 -0.26 0.39 -0.11 0.05 -0.38 0.05 0.05 0.22 0.64 0.85 0.15
A9 0.45 0.26 0.05 -0.38 -0.11 -0.50 0.18 0.17 -0.13 0.75 0.25
A10 0.85 0.19 -0.01 -0.13 -0.05 0.02 0.19 0.10 -0.01 0.83 0.17
A11 -0.55 -0.20 0.30 0.46 -0.06 -0.01 0.07 -0.04 -0.22 0.70 0.30
A12 0.22 -0.07 -0.01 0.03 0.88 -0.05 0.03 0.28 -0.07 0.91 0.09
A13 0.07 -0.02 0.10 -0.13 0.08 -0.02 -0.03 0.06 0.88 0.81 0.19
A14 -0.19 0.12 0.82 0.15 0.06 -0.02 0.18 0.15 0.04 0.81 0.19
A15 0.24 0.80 0.07 0.07 -0.13 0.24 -0.11 -0.11 0.06 0.81 0.19
A16 -0.02 0.19 0.06 -0.17 0.72 0.41 0.18 -0.30 0.08 0.88 0.12
A17 -0.01 0.27 0.12 0.11 0.27 0.29 -0.61 0.31 0.29 0.80 0.20
A18 0.06 0.01 0.18 0.08 0.16 -0.01 0.90 0.07 0.02 0.87 0.13
A19 0.11 -0.36 0.33 0.69 -0.21 0.17 0.05 0.04 -0.15 0.82 0.18
A20 -0.25 0.16 0.10 0.86 0.08 -0.03 0.08 0.02 -0.07 0.86 0.14
A21 0.80 0.09 0.11 -0.07 0.14 0.08 -0.21 -0.12 0.04 0.75 0.25
A22 0.24 -0.49 0.55 0.11 0.18 -0.01 -0.01 -0.05 0.26 0.72 0.28
94
A23 0.19 -0.15 -0.20 0.03 0.10 -0.57 0.16 -0.10 0.23 0.52 0.48
A24 0.07 0.15 0.56 0.00 -0.45 0.00 -0.52 0.15 -0.10 0.85 0.15
A25 -0.48 0.12 0.30 0.15 0.03 -0.07 0.20 0.09 -0.35 0.54 0.46
RC1 RC5 RC3 RC7 RC8 RC9 RC2 RC4 RC6
SS loadings
3.39 2.53 2.13 2.12 2.08 1.94 1.92 1.82 1.73
Proportion Var 0.14 0.10 0.09 0.08 0.08 0.08 0.08 0.07 0.07
Cumulative Var 0.14 0.24 0.32 0.41 0.49 0.57 0.64 0.72 0.79
Test of the hypothesis that 9 factors are sufficient.
The degrees of freedom for the null model are 300 and the objective function was
21.97
The degrees of freedom for the model are 111 and the objective function was 10.99
# Análise de cluster considerando o método k-means – 2 clusters
> cl=kmeans(dados,2)
# Média em cada cluster
> cl
K-means clustering with 2 clusters of sizes 14, 16
Cluster means:
A1
A2
A3
A4
A5
A6
A7
A8
1 2.214286 1.785714 1.928571 1.785714 3.285714 2.285714 1.857143 2.142857
2 2.562500 1.687500 1.500000 1.625000 4.500000 1.687500 2.250000 2.500000
A9
A10
A11
A12
A13
A14
A15
A16
1 2.142857 2.0000 3.571429 3.785714 2.928571 2.714286 1.714286 2.857143
2 1.750000 1.4375 4.375000 3.000000 2.937500 3.687500 1.500000 1.875000
A17
A18
A19
A20
A21
A22
A23
A24
1 2.428571 3.714286 3.428571 3.214286 2.5000 3.642857 3.142857 3.571429
2 2.875000 3.312500 4.125000 3.937500 1.6875 3.937500 2.500000 4.562500
A25
95
1 3.142857
2 4.375000
Clustering vector:
[1] 1 2 1 2 1 1 2 1 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 2 2 1 1 1 2 1 1 2
Within cluster sum of squares by cluster:
[1] 312.6429 256.3125
# Testando se as medias dos clusters são iguais ou diferentes
> oneway.test(dados$A1~cl$cluster)
One-way analysis of means (not assuming equal variances)
data: dados$A1 and cl$cluster
F = 0.8175, num df = 1.000, denom df = 27.287, p-value = 0.3738
96
ANEXO A – Lista das indústrias de panificação
FIEPE/SINDIPÃO
97
98
ANEXO B – Autorização de utilização da
logomarca da EPÃO
99
100
ANEXO C – Como implantar a RSE nas padarias
101
102
103
104
105
106
107
108
109
110
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Dimensões e características das ações da