BALANÇO SOCIAL: MAPEAMENTO DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS REALIZADAS NO BRASIL Sara Abreu Henn Mestranda em Administração da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – Brasil Email: [email protected] Ademar Dutra Professor do Programa de Mestrado em Administração da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – Brasil E-mail: [email protected] Taisa Dias Professora do Programa de Mestrado em Administração da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – Brasil E-mail: [email protected] Vicente Mateo Ripoll-Feliu Professor Titular da Universidade de Valencia - Espanha E-mail: [email protected] ÁREA TEMÁTICA: A10) Responsabilidade Social Corporativa PALAVRAS-CHAVE: Balanço Social, Responsabilidade Social, Transparência. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO USADA: Outras não especificadas Trata-se de uma pesquisa bibliométrica, a partir de um estudo descritivo, envolvendo abordagem quantitativa de dados secundários. RESUMO: As organizações vêm reafirmando seu compromisso para com a sociedade, no sentido de buscar esforços para contribuir com o desenvolvimento da comunidade em que estão inseridas e cumprirem com o seu papel social. A Responsabilidade Social das organizações está também associada à melhoria da qualidade de vida das partes relacionadas com a organização, no sentido de atendimento às suas necessidades. Neste contexto, o Balanço Social passa a ser utilizado como uma demonstração voltada à prestação de contas para com a sociedade e o tema vem sendo abordado em diversas pesquisas científicas, a fim de discutir o conceito e aplicabilidade deste importante instrumento de informações endereçadas à comunidade e aos demais stakholders da organização. O presente estudo tem como objetivo identificar as principais características das publicações sobre o tema Balanço Social até o ano de 2013, no Brasil, realizadas na base Scielo e nos anais do ENANPAD Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Trata-se de uma pesquisa bibliométrica, a partir de um estudo descritivo, envolvendo abordagem quantitativa dos dados. A amostra compreendeu o total de 12 artigos, por meio dos quais se destacam algumas conclusões: (i) a maior parte dos artigos analisados, 75%, possui autoria de mais de um pesquisador, (ii) as Universidades UNISINOS e UFRJ são as instituições que possuem maior número de pesquisadores em Balanço Social, com 21,43% dos autores da amostra em cada das instituições, seguidas da Fundação Carlos Chagas com 14,29%. (iii) 83,33% das pesquisas possuem evidências empíricas, o que demonstra uma forte tendência em pesquisas aplicadas em relação ao tema Balanço Social. (iv) o pesquisador Tinoco foi o autor mais citado acerca do tema Balanço Social em 75% dos artigos da amostra. Palavras-chave: Balanço Social, Responsabilidade Social, Transparência. 1.INTRODUÇÃO A prática da gestão das organizações com ênfase na responsabilidade social vem se tornando uma prática comum, com o intuito de as empresas afirmarem seu compromisso para com a sociedade e contribuírem com o desenvolvimento da comunidade em que estão inseridas. O Balanço Social torna-se, portanto, uma importante ferramenta para as organizações, no que tange a divulgação de ações voltadas ao desenvolvimento da sociedade. O Balanço Social é um instrumento de gestão e de informação que visa evidenciar, da forma mais transparente possível, informações econômicas, financeiras e sociais do desempenho das entidades aos mais diferenciados usuários da informação (TINOCO, 2001). Considerando a tendência das organizações em utilizarem o Balanço Social como instrumento de gestão e prestações de contas à sociedade, surge a necessidade da busca por conhecimento e informações do que vem se pesquisando no Brasil, em relação ao tema. Assim, tem-se a seguinte pergunta de pesquisa: Quais as principais características das publicações científicas sobre o tema Balanço Social realizadas até ano de 2013? Para responder a esta pergunta de pesquisa, determinou-se como objetivo geral identificar as principais características das publicações científicas sobre o tema Balanço Social até o ano de 2013, realizadas na base Scielo e nos anais do ENANPAD. Com o intuito de atingir ao objetivo principal, estabeleceu-se como objetivos específicos: (a) identificar os autores mais prolíficos (b) verificar a quantidade de autores que publicam por artigo (c) realizar um levantamento das instituições de origem dos autores que compõem os artigos da amostra (d) observar as modalidades das pesquisas analisadas (teórico/empírica) (e) avaliar a origem das organizações exploradas pelos artigos (pública/privada) (f) identificar os autores mais citados no referencial teórico dos artigos analisados. A relevância do estudo justifica-se na medida em que contribui para a evidenciação das principais características em publicações sobre Balanço Social, possibilitando uma reflexão sobre a produção de conhecimento existente, dando assim, continuidade e consolidação a esta área do conhecimento. A presente pesquisa demilita-se em artigos publicados nas bases Scientific Electronic Library Online (SciELO) e na Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD), até o ano de 2013. O artigo está dividido em cinco partes, iniciando com esta introdução, seguido do referencial teórico, dos procedimentos metodológicos, da análise dos dados levantados e, por fim, as considerações finais da pesquisa. 2. REFERENCIAL TEÓRICO O tema Responsabilidade Social começou a ser discutido devido aos esforços do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que trouxe para o Brasil a campanha contra a fome e a miséria. No início da década de 1980, fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), para se dedicar à democratização da informação sobre as realidades econômicas, políticas e sociais no Brasil (IBASE, 1998). No entanto, a divulgação de uma demonstração que evidenciasse informações e ações voltadas ao desenvolvimento social, veio somente em 1997, no Brasil. O sociólogo Betinho, juntamente com o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE, lançaram uma campanha em prol da publicação anual do Balanço Social, alegando ser “o primeiro passo para uma empresa tornar-se uma verdadeira empresa cidadã”. Assim, foi lançado o selo Balanço Social IBASE/BETINHO, que é conferido anualmente a todas as empresas que publicam o Balanço Social nos moldes propostos pelo IBASE. (MARTINS e BERNARDO, 2003). Portanto, ainda é recente a publicação do Balanço Social no Brasil e não há uma padronização para divulgação das informações que devem constar na demonstração. No entanto, as organizações vêm reafirmando seu compromisso para com a sociedade, no sentido de buscar esforços para publicar relatórios que elucidem o cumprimento com seu papel social. Para Ashley (2003) a Responsabilidade Social é um compromisso da organização com a sociedade, expresso em atitudes que a afetam positivamente, de modo amplo. As organizações, ao agirem pró - ativamente e com coerência no que tange a seu papel na sociedade, prestam contas a ela. Enfim, entende-se que a Responsabilidade Social está relacionada com todas as ações organizacionais que contribuem para a melhoria da qualidade de vida de seus públicos-alvos, ou seja, de seus stakeholders. Conforme Oliveira (2002, p. 205), “responsabilidade social é o objetivo social da empresa somado à sua atuação econômica. É a inserção da organização na sociedade como agente social e não somente econômico”. Neste sentido, as organizações passam a ter como foco não somente os resultados decorrentes de suas atividades, mas também ações que contribuam ao desenvolvimento da sociedade. A responsabilidade social pressupõe o reconhecimento da comunidade e da sociedade como partes interessadas da organização, com necessidades que precisam ser atendidas. Significa, ainda, a responsabilidade pública, ou seja, o cumprimento e a superação das obrigações legais decorrentes das próprias atividades e produtos da organização. E também o exercício de sua consciência moral e cívica, advém da ampla compreensão de seu papel no desenvolvimento da sociedade. Tinoco (2001, p.116). Neste sentido, Vergara e Branco (2001, p. 22) destacam que “a empresa socialmente responsável é aquela que está voltada para seus empregados e para seu ambiente, procurando agregação de valores humanos, além de lucros e retornos a seus acionistas”. Assim, uma empresa socialmente responsável é aquela que tem como objetivos não somente os resultados econômicos, mas também o desenvolvimento humano e social. Ter responsabilidade social é ser uma empresa que cumpre seus deveres, busca seus direitos e divide com o Estado a função de promover o desenvolvimento da comunidade; enfim, é ser uma empresa cidadã que se preocupa com a qualidade de vida do homem na sua totalidade. (OLIVEIRA, 2002, p. 205). É neste contexto de desenvolvimento social e de prestação de contas das atividades desenvolvidas, que o Balanço Social torna-se uma importante ferramenta de transparência para as organizações. Para Iudícibus et al. (2000, p. 31), “o Balanço Social busca demonstrar o grau de responsabilidade social assumido pela empresa e assim prestar contas à sociedade pelo uso do patrimônio público, constituído dos recursos naturais, humanos e o direito de conviver e usufruir dos benefícios da sociedade em que atua”. Conforme Vasconcelos (2001, p. 83) “o Balanço Social visa, aprioristicamente, demonstrar ou simplesmente mostrar (relatar) o quão a empresa, célula social, cria, influencia e transforma a realidade social”. Para Iudícibus e Marion (2001, p. 25), o Balanço Social é um “relatório que contém dados, os quais permitem identificar o perfil da atuação social da empresa durante o ano, a qualidade de suas relações com os seus empregados, a participação dos empregados nos resultados econômicos da empresa e as possibilidades de desenvolvimento pessoal, bem como a forma de sua interação com a comunidade e sua relação com o meio ambiente”. Além disso, Sucupira (2001) destaca que o Balanço Social é um conjunto de informações sobre as atividades desenvolvidas por uma empresa, em promoção humana e social, dirigidas a seus empregados e à comunidade onde está inserida. Portanto, o Balanço Social configura-se como uma importante ferramenta para prestar contas à sociedade de ações desenvolvidas pela empresa. No entanto, o Balanço Social pode também ser entendido como uma demonstração que engloba tanto informações sociais, como também dados econômicos, permitindo maior evidenciação de informações gerenciais. Segundo Freire & Rebouças (2001, p. 69), o Balanço Social pode ser “considerado como uma demonstração técnico-gerencial que engloba um conjunto de informações sociais da empresa, permitindo que os agentes econômicos visualizem suas ações em programas sociais para os empregados (salários e benefícios), entidades de classe (associações, sindicatos), governo (impostos) e cidadania (parques, praças, meio ambiente etc.)”. Neste sentido, Kroetz (1999) destaca que o Balanço Social, antes de ser uma demonstração endereçada à sociedade, é considerado uma ferramenta gerencial, pois reúne dados qualitativos e quantitativos sobre as políticas administrativas e sobre as relações entidade/ambiente que podem ser comparados e analisados por usuários internos, para fins de controle, de auxílio para a tomada de decisões e de adoção de estratégias. Além disso, sob a ótica gerencial, Tinoco (2001) destaca ainda que é possível extrair uma vasta gama de indicadores, tanto de ordem quantitativa como de ordem qualitativa do Balanço Social e obter indicadores de ordem econômica e social. Portanto, o Balanço Social além de ser uma importante demonstração para divulgação de ações sociais, é também um instrumento de apoio à gestão, no sentido de evidenciar dados que podem servir de base à tomada de decisão. Segundo Koetz (2001), antes de ser uma demonstração que procura evidenciar a transparência da gestão, é na verdade, um grande instrumento de apoio à gestão. O Balanço Social agrupa um grande número de informações que servem de suporte para análise da realidade organizacional, consequentemente, gerando subsídios para o processo de controle, planejamento e tomada de decisão. Portanto, o Balanço Social complementa o sistema de informação contábil, permite aos usuários conhecer a atuação social da empresa, seu posicionamento perante a comunidade e o meio ambiente, bem como o seu relacionamento com os empregados. Para tanto, o Balanço Social possui quatro vertentes que ao atuarem de forma complementar, deverão evidenciar as informações necessárias ao entendimento de como a empresa está se relacionando com a sociedade e o meio ambiente. Estas vertentes são: (i) o Balanço Ambiental, que se refere a todos os gastos e investimentos que envolvam recursos naturais ou estejam voltados para está área, (ii) o Balanço de Recursos Humanos, que demonstra o perfil da força de trabalho, remuneração e benefícios concedidos, bem como gastos com a comunidade que cerca a organização, (iii) a Demonstração do Valor Adicionado – DVA – que visa demonstrar o valor da riqueza gerada pela organização e como ela foi distribuída a sociedade, (iv) os Benefícios e Contribuição à Sociedade em geral, que evidencia o que a organização tem feito em termos de benefícios sociais. (IUDÍCIBUS, MARTINS E GELBCKE, 2003). Tinoco (2001, p. 43) ressalta ainda que “a inserção das questões econômicas, ambientais e de cidadania às sociais ampliaram o escopo do Balanço Social, denominando-o de Balanço Social em sentido amplo”. Para o autor, o relatório envolve o desenvolvimento de quatro vértices: “o Balanço Social em sentido restrito (balanço das pessoas); demonstração do valor adicionado; o balanço ecológico e a responsabilidade social da empresa”. Neste sentido, Iudícibus et al. (2000, p. 32), complementa que o Balanço Social tem por objetivo a “evidenciação do que a empresa faz em termos de benefícios sociais como contribuições a entidades assistenciais e filantrópicas, preservação de bens culturais, educação de necessitados etc.” Assim, o Balanço Social reúne informações econômicas e sociais, configurando-se como uma importante ferramenta de apoio à gestão, bem como instrumento de transparência. Para Tinoco (2001), o Balanço Social é um instrumento de gestão e de informação que visa evidenciar, da forma mais transparente possível, informações socioeconômicas do desempenho das entidades aos mais diferenciados usuários. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Nesta seção apresenta-se o que se entende por bibliometria, o enquadramento metodológico da pesquisa e os procedimentos da pesquisa. 3.1 Bibliometria Segundo Araújo (2006) a bibliometria consiste na aplicação de técnicas estatísticas e matemáticas para descrever aspectos da literatura e outros meios de comunicação (análise quantitativa da informação). Assim sendo, a bibliometria utiliza métodos estatísticos e matemáticos, a fim de quantificar e verificar características das publicações acerca de um dado assunto. A bibliometria, enquanto método quantitativo de investigação da ciência utiliza a análise de citações como uma de suas ferramentas, a fim de medir o impacto e a visibilidade de determinados autores dentro de uma comunidade científica, verificando quais “escolas” do pensamento vigoram dentro das mesmas (VANZ; CAREGNATO, 2003). Além disso Figueiredo (1998, p. 79) conceitua bibliometria como sendo a “análise estatística dos processos de comunicação escrita, tratamento quantitativo (matemático e estatístico) das propriedades e do comportamento da informação registrada” Dessa forma, a bibliometria contribui ao avanço do conhecimento acerca do tema analisado, visto que permite a reflexão do que se publicou até o momento na área e de que forma a pesquisa ainda pode ser explorada. 3.2 Enquadramento Metodológico A natureza desde estudo é descritiva, dado que segundo Cervo et al. (2007, p. 61) "a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los". Neste sentido, Andrade (2005, p. 124) afirma que nas pesquisas descritivas “os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles” Quanto à coleta de dados, o estudo configura-se como um levantamento de dados secundários, por meio das bases: Scientific Electronic Library Online (SciELO) e nos anais do ENANPAD - Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Já em relação à abordagem, a pesquisa caracteriza-se como quantitativa, uma vez que utiliza ferramentas estatísticas para coletar e analisar os dados. Segundo Richardson (1999), os estudos quantitativos empregam instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados. 3.2 Procedimentos da Pesquisa Primeiramente foram escolhidas as seguintes bases de dados para a pesquisa: Scientific Electronic Library Online (SciELO) e os anais do ENANPAD - Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. A partir dos termos “balanço social”, “responsabilidade social” e “transparência”, foi realizada uma pesquisa no título dos artigos. Na base de dados SciELO, encontrou-se 7 artigos, dos quais 4 foram selecionados. Destaca-se que os artigos foram analisados e, em função do alinhamento com a pesquisa, fez-se a seleção de apenas 4. Posteriormente, foram levantadas as publicações, a partir dos mesmos procedimentos de busca, nos anais do ENANPAD, cujo resultado foi um total de 10 artigos, dos quais todos foram selecionados. No entanto, 2 não estavam disponíveis para acesso. Portanto, com base nesta estrutura, foram selecionados para análise 12 artigos alinhados com o foco deste estudo, acerca do tema Balanço Social. P esquisa de pa la vra s cha ve no título das publica çõe s - P esquisa na ba se de da dos S cielo; - 7 a rtigo s e ncontrado s, dos quais 4 a linha dos c om a pe squisa. - P esquisa nos anais do ENAM PA D; - 10 a rtigos encontra dos, dos quais 2 não disponíveis para downloa d. Am ostra Fina l (12 ar tigos) Figura 1: Design da pesquisa Fonte: Elaborado pelos autores, 2013 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS Após o processo de coleta e seleção de dados que resultou em uma amostra final composta por 12 artigos, serão apresentados nesta seção: (a) os autores mais prolíficos (b) a quantidade de autores que publicam por artigo (c) instituições de origem dos autores dos artigos analisados (d) modalidade da pesquisa (teórico/empírica) (e) origem das organizações (pública/privada) pesquisadas (f) autores mais citados no referencial teórico dos artigos. Autores mais prolíficos De acordo com dados levantados pela pesquisa, percebeu-se que não há nenhuma relevância considerável quanto aos autores que mais publicam na área, conforme demonstra o quadro a seguir: AUTORES QUANTIDADE José Ricardo Maia de Siqueira 2 Anacleto Laurino Pinto 1 Maisa de Souza Ribeiro 1 Fernando Augusto Trevisan 1 José Antônio Puppim de Oliveira 1 Elvira Cruvinel Ferreira Ventura 1 Mariangela Kretzer Martins 1 Elaine Ferreira 1 Max Gondim de Albuquerque 1 Alzenir Morais Ferreira 1 Mônica Valesca Veras Machado 1 Aline Bonatto 1 Cézar Volnei Mauss 1 Juliano Machado de Magalhães 1 Lidiane Nazaré da Silva Dias 1 Monica Zaidan Gomes Rossi 1 Alessandra Mello da Costa 1 Carla Danielle Coloia de Carvalho 1 Thiago Maximiano de Oliveira da Silva 1 Sady Mazzioni 1 Antonio Benedito Silva Oliveira 1 João Eduardo Prudencio Tinoco 1 Fernando Caputo Zanella 1 Afonso Rodrigo de David 1 Silvane Maria Taiarol 1 Simone Letícia Raimundini 1 Ariel Behr 1 TOTAL 28 Quadro 1: Autores mais prolíficos Fonte: Elaborado pelos autores Destaca-se o autor José Ricardo Maia de Siqueira, com publicação de dois artigos do total da amostra, correspondendo a 16,67% do total dos artigos explorados. Tal resultado pode ser decorrente do fato de que o tema Balanço Social ainda é recente no contexto organizacional e, portanto, não há autores com considerável predominância em publicações sobre o tema. Quantidade de autores por publicação Quanto à quantidade de autores por publicação, nota-se que apenas 25% dos artigos da amostra possuem somente um autor, prevalecendo a publicação em conjunto, com dois autores ou mais. AUTORES QUANTIDADE José R. M. de Siqueira, Alessandra M. da Costa, Carla D. C. de Carvalho e Thiago M. de O. da Silva 4 Max G.de Albuquerque, Alzenir M. Ferreira e Mônica V. V. Machado 3 Aline Bonatto, Cézar V. Mauss e Juliano M. de Magalhães 3 Lidiane N. da S. Dias, José R. M. de Siqueira e Monica Zaidan Gomes Rossi 3 Sady Mazzioni, Antonio B. S. Oliveira e João E. P. Tinoco 3 Silvane Maria Taiarol, Simone Letícia Raimundini e Ariel Behr 3 Anacleto Laurino Pinto e Maisa de Souza Ribeiro 2 Mariangela Kretzer Martins e Elaine Ferreira 2 Fernando Caputo Zanella e Afonso Rodrigo de David 2 Fernando Augusto Trevisan 1 José Antônio Puppim de Oliveira 1 Elvira Cruvinel Ferreira Ventura 1 TOTAL 28 Quadro 2: Quantidade de autores por publicação Fonte: Elaborado pelos autores, 2013 Pode-se destacar ainda que, dos artigos analisados, 41,67% correspondem a publicações com três autores, 25% referem-se a publicações com duas autorias e, apenas 8,33% possuem quatro autores. Instituições dos autores que publicam Em relação à Instituição de origem dos autores da amostra, há destaque para as Universidades UNISINOS e UFRJ, com o maior número de autores pesquisados, conforme apresentado abaixo: INSTITUIÇÕES QUANTIDADE UNISINOS 6 UFRJ 6 FGV 4 UFC 3 UFRGS 3 UNIVALI 2 USP 1 UFSC 1 PUC/SP 1 FURB 1 TOTAL 28 Quadro 3: Instituições dos autores que publicam Fonte: Elaborado pelos autores, 2013 Pode-se destacar que as Instituições com o maior número de autores correspondem a 21,43% dos autores da amostra, seguida da Fundação Getúlio Vargas, com 14,29% dos pesquisadores Apresentam ainda um percentual relevante as Universidades UFC e UFRGS, correspondendo a 10,71%. Modalidade das pesquisas (teórico/empírica) Neste item, analisou-se a classificação das pesquisas em relação à modalidade empírica ou teórica. Para fins de análise, se considerou como evidências empíricas artigos que abordaram estudos de casos e/ou análises de instituições em relação a uma dada característica. Foram classificadas como pesquisas teóricas, publicações que realizaram uma discussão em relação a conceitos e revisões bibliográficas acerca do tema Balanço Social. TEÓRICA TEÓRICA/EMPÍRICA TOTAL 2 10 12 Quadro 4: Modalidade das pesquisas (teórico/empírica) Fonte: Elaborado pelos autores, 2013 Percebe-se que 83,33% das publicações são relativas a estudos de casos e pesquisas empíricas, em contraponto com apenas 16,67% que se configuram como uma revisão teórica acerca do tema Balanço Social. Origem das Organizações (público/privadas) A fim de verificar se há alguma predominância em relação à origem das organizações pesquisadas, acerca do tema Balanço Social, fez-se a distinção em organizações de origem pública ou privada. Pública Privada Pública/Privada Não se aplica TOTAL 4 4 2 2 12 Quadro 5: Origem das Organizações (público/privadas) Fonte: Elaborado pelos autores, 2013 Com base na amostra da pesquisa, se verificou que não há predominância em relação à origem das organizações em pesquisas em Balanço Social. Evidencia-se um percentual de 33,33% para ambas as origens, públicas ou privadas. Cabe ressaltar que foram classificados como de origem pública/privada, os artigos que exploram um levantamento de dados em instituições de ambas as origens (públicas e privadas). Observa-se ainda que os artigos que evidenciam este tipo de análise são do setor bancário, perfazendo um percentual de 16,67%. Destaca-se ainda, que os artigos que desenvolveram pesquisas na modalidade teórica, não fizeram distinção quanto à origem das organizações ao discutir e analisar o tema Balanço Social. Autores mais citados no Referencial Teórico Com o intuito de verificar quais os autores mais referenciados acerca dos termos adotados para este estudo, foram examinados os autores mais citados no referencial teórico dos artigos da pesquisa. A partir das palavras chaves “balanço social”, “responsabilidade social” e “transparência”, se observou a quantidade de citações de cada autor por artigo, em cada um dos termos citados. Apresenta-se a seguir, os dados mais relevantes acerca de cada termo selecionado. Assim sendo, são apresentados os seguintes resultados em relação ao termo “Balanço Social”. Autor Número de artigos Total de Citações Tinoco 9 29 Kroetz 7 13 IBASE 8 8 De Luca 5 8 Vasconcelos 2 7 Siqueira e Vidal 4 7 Freire e Rebouças 4 6 Sucupira 3 5 Santos 3 4 Iudícibus 3 3 Quadro 6: Autores mais citados no Referencial Teórico em Balanço Social Fonte: Elaborado pelos autores, 2013 De acordo com os dados acima, destaca-se Tinoco, citado em 75% da amostra, com um total de 29 citações nos 9 artigos em que foi referenciado. Em seguida, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), com 66,67% dos artigos selecionados. Destaca-se ainda o autor Kroetz citado em 58,33% dos artigos analisados. Outro dado interessante a ser discutido é a predominância de autores brasileiros como referências em relação ao tema Balanço Social. No que tange a publicações acerca do tema Responsabilidade Social, na amostra analisada não houve predominância de nenhum autor em relação aos demais. Foram selecionados os autores mais citados em relação a frequência em número de artigos, dos quais Tinoco e Melo Neto e Froes aparecem em 16,67%. Autor Número de artigos Total de Citações Melo Neto e Froes 2 5 Tinoco 2 2 Quadro 7: Autores mais citados no Referencial Teórico em Responsabilidade Social Fonte: Elaborado pelos autores, 2013 Já quanto a referências acerca do tema Transparência, percebe-se que também não há destaque em relação a nenhum autor em relação aos demais, sendo que cada autor corresponde a 8,33% dos artigos explorados por este estudo. Autor Número de artigos Total de Citações Siqueira e Vidal 1 2 David e Ott 1 1 Pinto e Ribeiro 1 1 Grau 1 1 Quairel 1 1 Beets e Souther 1 1 Reis e Medeiros 1 1 Quadro 8: Autores mais citados no Referencial Teórico em Transparência Fonte: Elaborado pelos autores, 2013 Conforme discutido em seções anteriores, ainda é recente no Brasil a publicação e a utilização de Balanços Sociais. Dessa forma, a pesquisa sobre o tema ainda é um campo a ser explorado, visto que, com base nos dados levantados pela pesquisa, não se identificou uma relevante predominância de autores que publiquem na área. Cabe ressaltar ainda, que a maior parte das publicações analisadas refere-se a pesquisas empíricas- 83,33% -, evidenciando que há carências em pesquisas teóricas acerca do tema, podendo ser um campo a ser desenvolvido, com o intuito de contribuir para a evolução do conhecimento na área. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve como objetivo identificar as principais características das publicações em Balanço Social até o ano de 2013. Pode-se destacar que uma limitação encontrada na presente pesquisa foi a falta de acesso a dois artigos, restringindo os dados levantados. Assim sendo, de acordo com os dados anteriormente elucidados, pôde-se chegar a algumas conclusões que serão por hora elucidadas. Quanto aos autores mais prolíficos, não há nenhum autor predominante em publicações acerca do tema Balanço Social até o ano de 2013. Já em relação à quantidade de autores por publicação, observou-se que 75% das publicações possuem mais de um autor, enquanto que 25% dos artigos da amostra são de autoria individual. Além disso, as Universidades UNISINOS e UFRJ são as instituições que possuem maior número de pesquisadores em Balanço Social, com 21,43% e, em seguida a Fundação Carlos Chagas com 14,29%. No que tange às modalidades de pesquisas publicadas, se verificou 83,33% das pesquisas possuem evidências empíricas, o que demonstra uma forte tendência em pesquisas aplicadas em relação à utilização do Balanço Social como ferramenta. Quanto à origem das organizações abordadas, se percebeu que há pesquisas publicadas com base na utilização do Balanço Social, tanto em instituições públicas quanto em instituições privadas, não havendo prevalência quanto a sua origem, correspondendo a 33,33% para cada uma das organizações. As referências mais utilizadas em relação ao tema Balanço Social são: Tinoco, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) e Kroetz, com 75%, 66,67% e 58,33%, respectivamente, em relação a número de artigos citados do total da amostra. Já quanto ao tema Responsabilidade Social e Transparência, não houve predomínio de nenhum autor, dentre os artigos analisados na presente pesquisa. Portanto, são destacados alguns aspectos que visam contribuir para próximas pesquisas acerca do tema abordado. A maior parte das pesquisas publicadas em Balanço Social apresentam evidências empíricas, podendo existir novas publicações que discutam teorias e reflexões bibliográficas, a fim de avançar neste campo ainda em construção. Observa-se ainda oportunidades de universidades e autores investirem em pesquisas sobre este tema, visando aprimorar ainda mais os conhecimentos na área. REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2005. ARAÚJO, Carlos Alberto. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em Questão, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 11-32, jan./jun. 2006. ASHLEY, P. A. Responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2003. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; DA SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Desenvolvimento e avaliação de coleções. 2. ed. rev. e atual. Brasília: Thesaurus, 1998. 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