ANAIS INOVAÇÃO NAS EMPRESAS MINEIRAS: ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO, APOIO DO GOVERNO E REDES DE INTERAÇÃO RAFAEL MORAIS PEREIRA ( [email protected] , [email protected] ) UFV - Universidade Federal de Viçosa HUMBERTO RODRIGUES MARQUES ( [email protected] , [email protected] ) UFV - Universidade Federal de Viçosa RODRIGO GAVA ( [email protected] , [email protected] ) UFV - Universidade Federal de Viçosa RESUMO O objetivo geral deste artigo foi analisar a estrutura de financiamento das empresas mineiras para a promoção da inovação, destacando as interações com outras organizações do sistema de inovação. Metodologicamente, utilizou-se uma abordagem quali-quantitativa, de caráter descritivo e pesquisa documental. Os resultados demonstraram que o financiamento das empresas mineiras é caracterizado, primordialmente, por capital próprio e, dentre as fontes de terceiros, se destaca o crédito público. Além disso, constatou-se que as empresas estão estabelecendo relações com outras organizações para promover a inovação, contudo, a relação com as universidades e institutos de pesquisa ainda são incipientes, carecendo de resultados mais satisfatórios. PALAVRAS-CHAVE: Inovação. Financiamento. Sistemas de Inovação. Minas Gerais. 1. INTRODUÇÃO As discussões acerca da inovação, ao longo das últimas décadas, evoluíram para além da importância desse fenômeno no desenvolvimento econômico e da concepção de inovação como um processo interno das empresas. A emergência dos sistemas de inovação (SIs) evidenciou outro aspecto importante nesse contexto, a necessidade de interação entre diferentes agentes. Nesse sentido, nos “sistemas nacionais de inovação, os atores econômicos, sociais e as relações entre eles determinam, em grande medida, a capacidade de aprendizado de um país ou região, assim como a experiência histórica e cultural, a educação e o desenvolvimento tecnológico” (RIBEIRO; ANDRADE; ZAMBALDE, 2005, p. 3). Os resultados do processo inovativo nas empresas se tornam, portanto, consequências das relações entre estas e outras organizações, o que caracteriza e sintetiza a inovação como dinâmica e colaborativa. Na literatura da área, o modelo Hélice Tríplice, desenvolvido por Etzkowitz e Leydesdorff em 1996, é referência na análise dos SIs. Esse modelo identifica como protagonistas dos SIs três atores, o governo, a universidade e a empresa, que mesmo apresentando suas responsabilidades e limitações específicas se interagem, assumindo algumas vezes as competências um do outro, visando à estruturação e à organização do sistema para a consecução dos resultados almejados. Dentre as dimensões mais relevantes dos SIs está a financeira, responsável por subsidiar as mais diversas fases do processo inovativo, pois, como enfatizado por Santana e Gonçalves (2014, p. 25), “desde a fase de P&D até a fase de colocação do produto/serviço no 1/17 ANAIS mercado, a demanda por crédito é substancial em qualquer processo de inovação”. Contudo, reconhece-se que a importância do financiamento para inovação, ainda, tem sido considerada uma deficiência estrutural em muitos países, mesmo com a criação de diversos mecanismos e instrumentos de apoio (RAPINI, 2010). No Brasil, o maior avanço na história dos incentivos à inovação ocorreu com a Lei de Inovação (nº 10.793/2004), que representou um novo modelo para atuação dos agentes de inovação no sistema nacional de inovação. No poder executivo destaca-se, principalmente, o papel do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), criado em 15 de março de 1985. Constata-se, então, que somente a partir dos anos 2000, o país passou efetivamente a considerar a agenda da inovação como foco de suas políticas governamentais. Alguns estados brasileiros já implementaram uma legislação que direciona esforços para promover a inovação tecnológica. Em Minas Gerais a inovação ganhou contexto na agenda pública, de modo que o estado se diferencia por ser um dos poucos que estão estruturando um ambiente favorável à inovação (SANTANA; GONÇALVES, 2014). A principal ação foi a instituição da Lei n° 17.348/2008, conhecida como Lei Mineira de Inovação, que dispõe sobre o incentivo à inovação tecnológica no estado. Além disso, destaca-se as ações mais consistentes de alguns atores, como a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES), a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). O contexto mineiro se destaca também quanto aos investimentos realizados em inovação. Em relação aos dispêndios em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o governo mineiro elevou seus gastos em 7,7 vezes durante o período de 2000 a 2011, taxa de aumento maior que a do país, que foi de 2,9 vezes. No que tange aos investimentos em Ciência e Tecnologia (C&T), o aumento foi ainda maior, atingindo valores superiores a 600 milhões de reais, em 2011, crescimento de 9,9 vezes em relação a 2001(MCTI, 2013). Partindo do pressuposto de que o desenvolvimento das empresas mineiras, assim como do estado, é resultado de ações que criem um ambiente propício para a inovação, sendo as fontes de financiamento um componente determinante nesse processo, indagou-se: como as empresas mineiras têm estruturado as suas fontes de financiamento para a inovação? A fim de responder essa questão, definiu-se como objetivo final deste artigo analisar a estrutura de financiamento das empresas mineiras para a promoção da inovação, destacando as interações com o governo e com outras organizações componentes do sistema de inovação estadual. Como objetivos intermediários, delineou-se, numa análise descritiva, as fontes de financiamento e o apoio do governo para a promoção da inovação e analisou-se, estatisticamente, a influência do apoio do governo, das relações com outras organizações e das relações com universidades e institutos de pesquisa sobre as empresas que inovam. Este artigo contempla além desta introdução mais cinco seções. Inicialmente, apresenta-se a revisão teórica, baseada em autores mais relevantes nos temas abordados. Na sequência, apresenta-se os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa, com detalhamento dos métodos adotados. A análise e discussão dos resultados, à luz da revisão teórica, bem como as considerações finais e referências, são apresentados posteriormente. 2. REFERENCIAL TEÓRICO As principais frentes teóricas que embasaram este artigo são apresentadas nesta seção, contemplando, primeiramente, a abordagem sistêmica da inovação e, em seguida, disserta-se sobre as ações do governo direcionadas ao processo de inovação no Brasil e em Minas Gerais. 2.1 ABORDAGEM SISTÊMICA DA INOVAÇÃO 2/17 ANAIS O papel do processo de inovação tecnológica, enquanto fomentador e necessário para o desenvolvimento em suas diversas faces, é reconhecido como importante por diversos autores da área (SCHUMPETER, 1982; RIBEIRO; ANDRADE; ZAMBALDE, 2005; CASSIOLATO; LASTRES, 2005; CASSIOLATO; LASTRES, 2007; YANG, 2010; CALMANOVICI, 2011). Nesse contexto, Cassiolato e Lastres (2005, p. 34) destacam que “num período marcado pela crescente incorporação de conhecimentos nas atividades produtivas, a inovação passou a ser entendida como variável ainda mais estratégica para a competitividade de organizações e países”. Ademais, alinhando a dinâmica da inovação como insumo à competitividade e, posteriormente, ao desenvolvimento socioeconômico, Calmanovici (2011, p. 193) reitera que “a adoção de uma política industrial de longo prazo na qual a inovação tenha destaque é fundamental para garantir o desenvolvimento econômico e social. Complementa, ainda, que diante de um cenário permeado pelas relações internacionais, “a capacidade de inovar é determinante para a competitividade das empresas e das nações em um mundo cada vez mais globalizado” (CALMANOVICI, 2011, p. 193). As origens das definições de inovação remontam os estudos de Schumpeter (1982), no entanto, uma importante referência atual é o conceito de inovação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2005, p. 55), que a define como “um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas”. No escopo conceitual das especificidades da inovação, que está em vigor, destaca-se a perspectiva do fenômeno da inovação como um processo interativo, que ultrapassa as barreiras internas da empresas. Nessa perspectiva, Cassiolato e Lastres (2007, p. 154) asseveram que “a inovação passou a ser vista, não mais como um ato isolado, mas sim como um processo de aprendizado interativo, não-linear, cumulativo, específico da localidade e dificilmente replicável”. Os autores reiteram, ainda, que as inovações devem ser compreendidas como resultantes do conjunto de atividades interligadas, compreendendo principalmente sua assimilação, uso e difusão. A análise do processo inovativo passa a se concentrar nas estruturas subjacentes a tais conexões. Reconheceu-se, por exemplo, que apesar de o processo de acumulação de conhecimentos ser essencialmente específico da empresa ele é fundamentalmente influenciado por constantes relações entre firmas e demais organizações (CASSIOLATO; LASTRES, 2007, p. 154). Em função dessa nova dinâmica da inovação tecnológica, que, segundo Ribeiro, Andrade e Zambalde (2005, p. 3), “assume características específicas, dependendo da região, do nível das instituições que o comportam e do próprio processo de articulação entre os atores da inovação”, ganhou destaque a ótica dos sistemas de inovação (SIs). Os SIs nacionais, regionais ou locais se caracterizam como uma rede de instituições distintas que interagem visando ao desenvolvimento científico e/ou tecnológico. Os atores que se interagem nos SIs são representantes tanto do setor público, como órgãos do governo, agências de fomento, universidades e institutos de pesquisa, empresas estatais, entre outros, quanto do setor privado, como empresas, organizações não-governamentais, associações empresariais, sindicatos, entre outros (CASSIOLATO; LASTRES, 2005; RIBEIRO; ANDRADE; ZAMBALDE, 2005; RAPINI, 2010). 3/17 ANAIS Na perspectiva dos SIs, ressalta-se o modelo proposto por Etzkowitz e Leydesdorff em 1996, denominado Hélice Tríplice, o qual destaca a importância da interação entre três atores principais no processo de inovação, que são a universidade, o governo e a indústria (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 2000). Assim, dada a característica interativa da abordagem sistêmica da inovação, Lage (2013, p. 10), destaca que “isoladamente, [...] os atores não inovam, porque, independentemente das responsabilidades, eles possuem limitações”. Nesse sentido, Abdalla, Calvosa e Batista (2013) apresentam as principais responsabilidades e limitações desses atores, conforme Quadro 1. Quadro 1 – Responsabilidades e Limitações dos atores da Hélice Tríplice. Ator Responsabilidades • Promover o desenvolvimento econômico e social através de novas estruturas organizacionais; • Possuir planos políticos com metas Governo governamentais claras voltadas para inovação e conhecimento; • Interagir entre as diversas esferas políticas; • Promover benefícios à população. • Desenvolver de produtos e serviços inovadores; Iniciativa • Promover a interação com os centros de Privada transferência de tecnologia da comunidade científica; • Liderar os processos de mudança. • Criar fontes de novos conhecimentos e tecnologias; • Estabelecer relações com as empresas e os Universidade governos; • Criar novas áreas de atuação; • Liderar os processos de mudança. Limitações • Burocratização excessiva e falta de flexibilização para implementação de projetos em parceria; • Necessidade de gerenciamento público profissional e participativo. • Pouca capacidade de investimentos em Inovação e desenvolvimento de tecnologias; • Despreparo acadêmico e tecnológico para a condução de pesquisas. • Dependência de órgãos de fomento para realização de pesquisas; • Visão míope de capacitação profissional e formação de mão de obra; • Vínculos fracos com a sociedade e com a iniciativa privada. Fonte: ABDALLA; CALVOSA; BATISTA (2013). Diante dessas responsabilidades e limitações dos agentes da inovação, alguns pontos suscitam algumas discussões na literatura da área, dentre os quais se destacam a interatividade do sistema, sobretudo a relação entre universidade e empresa, e o financiamento para inovação, circunstanciando principalmente as ações do governo. Em relação ao primeiro aspecto, destaca-se que há avanços na promoção das interações para a inovação, pois como argumentam Cassiolato e Lastres (2005, p. 39) “as novas políticas centradas na promoção de sistemas de inovação e nas relações entre empresas e demais atores diferem das políticas baseadas nas antigas visões dicotômicas e lineares da inovação”. Corroborando com essa visão, mais especificamente sobre as interações entre universidade e empresa, Calmanovici (2011, p. 200) sustenta que “não representam mais barreira importante para o trabalho conjunto, direto e objetivo entre ICTs (instituições de ciência e tecnologia) e empresas. Os interesses, os focos e os ritmos, seguramente, são diferentes, mas já estamos aprendendo a conviver com as diferenças.” O autor ressalva que há, ainda, alguns pontos críticos nesse processo, sobretudo, relacionados à divisão da propriedade intelectual das tecnologias desenvolvidas, mas que são superados no processo de negociação. Assim conclui que “é inegável, hoje, que empresa e universidade se conhecem 4/17 ANAIS mutuamente e o exercício da negociação entre ambas torna-se, cada vez mais, prática corrente” (CALAMANOVICI, 2011, p. 200). O financiamento à inovação é outro aspecto relevante para as discussões sobre essa temática, porém, segundo Rapini (2010, p. 17), os estudos sobre os SIs, em geral, “focam no papel das instituições e nos processo interativos de aprendizado e de geração de conhecimento nas empresas. Porém poucos têm sido os esforços de incorporar a dimensão financeira, e o insumo financeiro vem recebendo pouca atenção no processo inovativo”. Complementa, ainda, que “a importância do financiamento aos investimentos em inovação é apontada como um significativo gargalo estrutural ainda não solucionado pelos instrumentos e mecanismos de apoio recentemente criados em vários países” (RAPINI, 2010, p. 17). Uma vez que o financiamento à inovação deve ser incorporado a um conjunto de políticas mais amplas do governo, reitera-se o papel que esse ator desempenha nos SIs. Para Santana e Gonçalves (2014, p. 26) “em termos de sugestões de políticas públicas, propõe-se uma agenda, a fim de estreitar a relação entre as empresas e os órgãos públicos de fomento. As empresas devem ter suporte gerencial e de planejamento organizacional antes de pleitear o crédito”. Ademais, as questões que versem sobre a atuação governamental no processo de inovação, segundo Ribeiro, Andrade e Zambalde (2005), devem considerar dois aspectos principais: o papel desenvolvido pelos empreendedores e os resultados das ações governamentais de apoio, seja no fomento direto ou indireto. Este último aspecto é discutido na seção seguinte, na qual discorre-se sobre as ações do governo brasileiro para a inovação. 2.2 AÇÕES DO GOVERNO PARA A PROMOÇÃO DA INOVAÇÃO As políticas de inovação no Brasil tiveram seu marco inicial durante a década de 50, com a criação do então Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O primeiro, instituído em 15 de janeiro de 1951, tinha o objetivo de coordenar e estimular a pesquisa científica no país e, o segundo, legalizado em 11 de julho de 1951, propunha assegurar a existência de pessoal especializado para atender às necessidades de empreendimentos públicos e privados que visavam ao desenvolvimento do país (CUNHA, 2010; SOUZA, 2010). Outro fato importante para a inovação no país foi a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) em 15 de março de 1985. As competências do atual MCTI compreendem a política nacional de pesquisa científica, tecnológica e inovação; planejamento, coordenação, supervisão e controle das atividades da ciência e tecnologia; política de desenvolvimento de informática e automação; política nacional de biossegurança; política espacial e a política nuclear e controle da exportação de bens e serviços sensíveis (MCTI, 2013). O maior avanço na história dos incentivos à inovação no contexto nacional ocorreu com a Lei de Inovação nº 10.793 que entrou em vigor em outubro de 2005. Tal legislação “representou um novo paradigma e passou a garantir uma maior participação do setor empresarial nos recursos alocados, no País, para ciência e tecnologia” (CUNHA, 2010, p. 64). Essa lei tem como objetivo principal estabelecer medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do país (BRASIL, 2004). Para tanto, a lei se organiza em três eixos estruturadores principais, que são os seguintes: o estímulo à construção de ambientes especializados e cooperativos de inovação, o estímulo à participação das Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) no processo de inovação e o estímulo à inovação nas empresas. O primeiro eixo contempla vários 5/17 ANAIS instrumentos de apoio e estímulo à constituição de alianças estratégicas e ao desenvolvimento de projetos cooperativos entre universidades, institutos tecnológicos e empresas nacionais. No segundo eixo, a Lei permite às ICTs transferir tecnologia e determina que cada ICT constitua um Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) próprio ou em associação com outras ICTs, viabilizando a gestão da política de inovação dentro da instituição (BRASIL, 2004). Por fim, a lei determina que a União, as ICTs e as agências de fomento devem conceder recursos às empresas nacionais envolvidas em atividades de P&D, atendendo a política industrial do país. Para Oliveira et al. (2011, p. 174), essa questão “diz respeito à ordem econômica, abrindo espaço para o controle estatal, já que as atividades de pesquisa e desenvolvimento deverão atender às prioridades da política industrial e tecnológica nacional”. Concomitante aos reflexos da Lei de Inovação e de outras legislações específicas, tem se constituído no país uma estrutura de financiamento à inovação, incorporando diferentes fontes, como programas de incentivo a P&D através de empréstimos, recursos nãoreembolsáveis e incentivos fiscais; recursos para o financiamento de P&D através de programas de compras governamentais e suporte para o estabelecimento de infraestrutura de P&D para o desenvolvimento industrial (RAPINI, 2010). Nesse sentido, dada a importância do financiamento para a inovação, Rapini (2010) relacionou as fontes existentes no país com as etapas do processo inovativo, conforme apresentado no Quadro 2. Quadro 2 - Programas de suporte financeiro do governo nos diferentes estágios do processo de inovação, do nível Federal. PROGRAMA Ideia ESTÁGIOS DO PROCESSO DE INOVAÇÃO Pesq. Desenv. Desenv. Pesq. Estudo de Prod Comerci Desenv. Aplic Tecno Produto/ Básica Viabilidade ução alização Mercado ada lógico Processo Reembolsável Não reembolsável Incentivo Fiscal RHAE (CNPq) FAPPE (Finep/ Faps) PATME (Sebrae/ MCTI) Subven ção/ Finep Subven ção/ Pes quisador Finep Inova Brasil Juro Zero Finep Prosoft/ Profarma Inovação Tecnológi 6/17 ANAIS ca/Bndes Capital Inovador/ Bndes Fonte: Rapini (2010). Como representando no Quadro 2, há uma considerável gama de fontes de financiamento, que englobam diversas fases do processo de inovação. Contudo, verifica-se que as etapas finais do processo inovativo, como produção, comercialização e desenvolvimento de mercado, ainda carecem de alternativas de recursos governamentais para o financiamento dessas atividades. Ademais, para Rapini (2010, p. 97), há “uma pulverização dos instrumentos existentes entre a FINEP, BNDES e CNPq, sendo alguns deles concorrentes entre si, e a maioria focada nas atividades P&D (e consequentemente voltados para minimizar o risco tecnológico)”. Além do esforço do governo federal, alguns estados brasileiros já desenvolveram legislação específica para promover P&D tecnológico. Em Minas Gerais, a Lei n° 17.348, conhecida como Lei Mineira de Inovação, foi instituída em 17 de janeiro de 2008. Dentre as principais condições estabelecidas pela lei, estão as medidas de incentivo à pesquisa científica e tecnológica nas atividades produtivas, melhores condições para que as instituições científicas e tecnológicas do estado de Minas Gerais (ICTMGs) possam estabelecer parcerias com empresas de base tecnológica (EBTs) e propõe, ainda, a implantação de núcleos de inovação tecnológicos nas ICTMGs (MINAS GERAIS, 2008). Cunha (2010) destaca outros pontos da lei, referentes aos incentivos às empresas para a indução da inovação, como a concessão de incentivos financeiros às empresas para inovação tecnológica no estado, por meio do Fundo Estadual de Incentivo à Inovação Tecnológica (FIIT); o apoio à criação de incubadoras de EBTs, parques tecnológicos, redes cooperativas para inovação e centros de P&D nas empresas (CUNHA, 2010, p. 90). A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES) e a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) são dois agentes importantes na política mineira. A SECTES foi criada em 1976 e tem como missão “promover, de forma articulada, a ciência, a tecnologia, a inovação e o ensino superior, visando ao desenvolvimento sustentável e à melhoria da qualidade de vida em Minas Gerais” (SECTES, 2013). Já a FAPEMIG, que foi instituída pela Lei nº 10, de 28 de agosto de 1985, é a única agência de fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico do estado. Ela atua no financiamento de projetos de pesquisa científica e tecnológica, na capacitação de recursos humanos para C&T, na promoção da integração entre o setor produtivo e instituições de P&D, entre outras funções (FAPEMIG, 2014). Suzuki (2012) salienta, ainda, que a Lei Mineira de Inovação, assim como a lei federal, concentra suas medidas de incentivo à pesquisa científica e tecnológica no desenvolvimento industrial do estado, necessitando, assim, da atuação da FAPEMIG, no que tange a investimentos. Desse modo, a FAPEMIG atua na concessão de recursos financeiros de três formas, subvenção econômica, financiamento ou participação societária, para garantir o desenvolvimento dos processos de inovação. Uma vez elucidado os contextos nacional e mineiro para financiamento da inovação, na seção seguinte, apresenta-se os procedimentos metodológicos adotados. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 7/17 ANAIS A pesquisa apresentou uma abordagem quali-quantitativa, a fim de elucidar o fenômeno do financiamento às empresas mineiras e as interações para a inovação. Por sua finalidade, tratou-se de uma pesquisa descritiva, por expor e estudar as características de determinado fenômeno (GIL, 1999), no caso o processo de inovação no estado mineiro. O levantamento de dados foi realizado por meio da pesquisa documental, que, segundo Vergara (2005, p. 48), consiste na utilização de “documentos conservados em órgãos públicos e privados de qualquer natureza ou com pessoas”. Nesse sentido, a fonte de dados foi a Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), desenvolvida pelo IBGE, que contempla diferentes informações sobre as atividades inovativas realizadas pelas empresas industriais brasileiras, referentes aos anos 2000, 2003, 2005, 2008 e 2011. Ademais, devido ao caráter abrangente, a PINTEC se configura como uma importante fonte de informação para se compreender a inovação no país, visto que é “construída a partir da concepção da inovação como um processo interativo, abrangendo a interdependência entre os diversos atores, e o ambiente institucional e econômico no qual estão inseridos” (RAPINI, 2010, p. 98). Desse modo, as variáveis da PINTEC analisadas, que corroboraram para a consecução dos objetivos do artigo, foram as fontes de financiamento, o suporte do governo e as relações de cooperação para a inovação, sendo que as duas últimas variáveis foram analisadas também estatisticamente, além da perspectiva descritiva. A fim de analisar o impacto das interações para a promoção de inovação, realizou-se duas regressões, a partir do programa estatístico Stata® Statistics/Data Analysis 11.2, sendo que as variáveis, expostas a seguir, correspondem a cada ano da PINTEC. A primeira, Regressão Linear Múltipla (RLM), objetivou mensurar a relação funcional entre as variáveis independentes Número de empresas que implementaram inovações com o suporte do governo (ApoGov) e Número de empresas que implementaram inovações em cooperação com outras organizações (CoopOrg) e a variável dependente Número de empresas mineiras que implementaram inovações (EmpInov). A equação da RLM proposta é expressa a seguir (1) (1) EmpÎnov = α + β1.ApoGov + β2.CoopOrg + ɛ Onde EmpÎnov é o Nº de empresas mineiras que implementaram inovações, α é o coeficiente linear, β1 é o coeficiente angular da variável ApoGov, ApoGov é o Nº de empresas que implementaram inovações com o suporte do governo, Β2 é o coeficiente angular da variável CoopOrg, CoopOrg é o Nº de empresas que implementaram inovações em cooperação com outras organizações e ɛ é o erro aleatório. Já a segunda regressão, Regressão Linear Simples (RLS), teve como finalidade analisar a relação entre a variável independente Número de empresas que implementaram inovações em cooperação com universidade e institutos de pesquisa (CoopUniv) e a variável dependente Número de empresas mineiras que implementaram inovações (EmpInov). Nesse sentido, a equação da RLS pode ser expressa da seguinte forma (2) EmpÎnov = α + β.CoopUniv + ɛ (2) Onde EmpÎnov é o Nº de empresas mineiras que implementaram inovações, α é o coeficiente linear, β é o coeficiente angular da variável CoopUniv, CoopUniv é o Nº de empresas que implementaram inovações com universidade e institutos de pesquisa e ɛ é o erro aleatório. Os modelos de RLM e RLS foram estimados a partir do Método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), que visa à minimização das diferenças entre os valores estimados e os valores reais. Quanto à significância dos modelos, realizou-se o teste P-valor, 8/17 ANAIS para avaliar os coeficientes estimados isoladamente, e o teste F, para avaliar o poder de explicação geral das equações. equações 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nesta seção são apresentados os o principais resultados obtidos,, compreendendo duas subseções. A primeira delineia, deline a, a partir de uma análise descritiva, as fontes de financiamento e o apoio do governo para a promoção da inovação. Naa segunda subseção, complementa-se complementa a perspectiva da primeira, ao analisar-se, analisar se, de forma estatística, a influência do apoio do governo, das relações com outras organizações e das relações com universidades e institutos i de pesquisa sobre o número de empresas que implementam inovações. 4.1. INOVAÇÃO NAS AS EMPRESAS MINEIRAS: MINEIRAS: FONTES FINANCIAMENTO A inovação durante o período analisado pelas edições da PINTEC ganhou crescente notoriedade no escopo de desenvolvimento de novos vos produtos e processos pelas empresas brasileiras, visto que o número de empresas que implementaram inovações no país passou de 22.698 empresas, em 2000, para 41.470 empresas, em 2011, 2011, crescimento de 1,8 vezes. Na perspectiva do cenário mineiro, mineiro evidencia-se, ainda, um desempenho melhor à média nacional, pois o número de empresas que desenvolveram inovações evoluiu de 2.303 empresas, em 2000, para 5.841, em 2011, 2011 crescimento de 2,5 vezes entre os anos analisados. analisados Esses resultados ados favoráveis aos contextos de inovação nacional e mineiro tornam-se tornam reflexos das práticas mais consistentes adotadas pelas empresas brasileiras, que têm considerando o processo inovativo como determinante para a competitividade em diversos mercados. Portanto, com esse novo direcionamento, direcionamento, por parte das empresas, tem-se tem à vista um progresso na consolidação da estrutura de inovação no país, pois,, como sustenta Calmanovici (2011, p. 196), “o desenvolvimento da inovação nas empresas é a única forma sustentável de seguir fazendo P&D de qualidade alidade no Brasil com resultados efetivos e com a consolidação de uma forte cultura de inovação na sociedade”. Na análise das fontes de financiamento para atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) das empresas que implementaram inovações, constatou-se constatou e que o financiamento é primordialmente de caráter próprio, tanto no país quanto no contexto mineiro (Figura 1). Brasil Minas Gerais 100% 50% 14% 86% 32% 31% 41% 68% 69% 59% 3% 100% 12% 11% 8% 13% 14% 97% 50% 88% 89% 92% 87% 86% 0% 0% 2000 2003 Próprias 2005 2008 2011 2000 De terceiros 2003 Próprias 2005 2008 2011 De terceiros Figura 1 – Estrutura do Financiamento das atividades de Pesquisa e Desenvolvimento. Fonte: PINTEC (IBGE, 2013). Destarte, ressalta-se se que a participação de terceiros nas fontes de financiamento para as empresas mineiras estiveram em uma crescente até 2008, mas essa evolução foi interrompida no período de análise seguinte, quando a participação de terceiros foi reduzida a 3%, menor que a média nacional. 9/17 ANAIS Em relação à composição das fontes de financiamento de terceiros, considerando o período analisado,, constatou-se constatou se uma predominância de capital público sobre o privado para empresas brasileiras como um todo, assim como para as empresas mineiras. mineiras Essa maior participação do capital público em relação ao privado como fonte de financiamento para atividades de inovação é reflexo do novo posicionamento do governo brasileiro diante do processo de inovação. O governo enquanto ator essencial da dinâmica inovativa inov tem buscado meios de apoio a empresas inovadoras, conforme enfatizado por Yang (2010, p. 41), ele “está, agora, mais preocupado com políticas públicas de inovação e começou a oferecer alguns benefícios fiscais e incentivos para as empresas que inovarem, inovarem, preferencialmente através de projetos de cooperação com universidades públicas e institutos de pesquisa”. pesquisa Nesse sentido, o número de empresas que receberam apoio do governo para a implementação de inovação evoluiu consideravelmente no período analisado, analisad com elevação de 2,7 vezes, para a média nacional, e de 2,3 vezes para o estado mineiro, mineir como representado na Figura 2, a seguir. 14356 15000 8730 10000 5817 5233 5000 837 1961 1407 596 0 2003 2005 Brasil 2008 2011 Minas Gerais Figura 2 – Total de empresas que receberam apoio do governo. Fonte: PINTEC (IBGE, 2013). Dentre os tipos de programas de apoio à inovação realizados no país, destaca-se destaca o incentivo fiscal, o financiamento e outros programas de apoio. O financiamento é a fonte mais utilizada pelas empresas para o desenvolvimento de suas atividades inovativas, tanto t em nível nacional quanto em Minas Gerais, seguido por outros programas de apoio, apoio que abrangem bolsas do CNPq oferecidas a pesquisadores nas empresas e aporte de capital de risco, risco e, por fim, o incentivo fiscal. No escopo de abrangência abrangênci do financiamento estão inclusass as empresas que receberam recursos para P&D e inovação tecnológica em parceria com universidades e institutos de pesquisas e empresas que receberam crédito governamental para compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar. Como exposto na Figura 3,, a seguir, considerando ambos os cenários analisados, a maior parcela dos tipos de financiamentos concedidos se referem a recursos destinados à compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar. 10/17 ANAIS Brasil Minas Gerais 100% 100% 50% 94% 91% 99% 97% 50% 0% 6% 9% 1% 3% 0% 2003 2005 2008 2011 91% 91% 94% 97% 9% 9% 6% 3% 2003 2005 2008 2011 A projetos de pesquisa em parceria com universidades e institutos de pesquisa A projetos de pesquisa em parceria com universidades e institutos de pesquisa À compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar À compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar Figura 3 – Tipos de Financiamento to concedidos. Fonte: PINTEC (IBGE, 2013). Esse fato aponta uma característica mais conservadora dos meios de financiamento públicos disponíveis às empresas, visto que, como reiterado por Santana e Gonçalves (2014, p. 18), “o crédito público ainda está mais mais direcionado às fases da inovação que apresentam menor risco e incerteza”, ou seja, as fases iniciais, em que são construídos os ambientes para pa inovação dentro das empresas, pois a compra de máquinas e equipamentos “não “ apresentam riscos e incerteza como o P&D, ademais de constituírem-se constituírem se em si mesmos garantias para o financiamento” (RAPINI, RAPINI, 2010, p. 103). No que diz respeito aos tipos de incentivo fiscal concedidos, até a PINTEC de 2008, tanto no contexto nacional quanto mineiro, o percentual de empresas que receberam incentivo fiscal à pesquisa e desenvolvimento (P&D) foi inferior aos incentivos fiscais por po meio da Lei de Informática, quadro que foi revertido no ano de 2011(Figura 4). Minas Gerais Brasil 100% 80% 100% 42% 69% 63% 80% 65% 60% 61% 62% 46% 39% 38% 60% 40% 20% 37% 54% 40% 58% 31% 37% 35% 20% 0% 63% 0% 2003 2005 2008 2011 À Pesquisa e Lei da informática Desenvolvimento 2003 2005 À Pesquisa e Desenvolvimento 2008 2011 Lei da informática Figura 4 – Tipos de Incentivo Fiscal concedidos. Fonte: PINTEC (IBGE, 2013). Essa alteração na dinâmica dos tipos de incentivos está relacionada ao perfil das empresas que utilizam os incentivos fiscais (RAPINI, 2010). Assim, as empresas de grande porte recebem mais incentivos fiscais à P&D, pois estão mais habilitadas a obter este tipo de incentivo que exige contrapartida financeira. Desse modo, a representação significativa significativ dessas empresas na PINTEC, no ano de 2011, justifica a maior ocorrência de incentivo fiscal à P&D. Por outro lado, o percentual maior de incentivos fiscais por meio da Lei da informática, ao 11/17 ANAIS longo dos anos de 2003 a 2008, é reflexo da grande participação de pequenas e médias empresas na pesquisa, visto que estas usufruem deste tipo de apoio de menor risco. 4.2. INOVAÇÃO NAS AS EMPRESAS MINEIRAS: MINEIRAS INTERAÇÕES PARA A INOVAÇÃO Além lém da atuação do governo como financiador de atividades inovativas, o processo de inovação é permeado, também, por interações de empresas com outras instituições, caracterizando oss sistemas de inovação. inovação Considerando essa perspectiva e os dados da PINTEC, constatou-se se uma considerável evolução do número de empresas que implementaram inovações com com cooperação de outras organizações, tanto em âmbito nacional, nacional aumento de 2,6 vezes, quanto no n cenário mineiro,, com crescimento de 2,2 2, vezes no período analisado (Figura 5). 8000 6599 6000 3865 4000 2000 2505 2194 235 1053 134 591 112 525 0 2000 2003 Brasil 2005 2008 2011 Minas Gerais Figura 5 – Número de empresas que implementaram inovações com cooperação. Fonte: PINTEC (IBGE, 2013). No âmbito de um sistema de inovação, diversos são os atores atuantes, como outras empresas, centros de pesquisa, órgãos governamentais, instituições de ensino, parques pa tecnológicos, entres outros (CASSIOLATO; ( LASTRES, 2005; CUNHA, 2010; RIBEIRO; ANDRADE; ZAMBALDE, 2005). Desse modo, caracterizar com quais instituições as empresas estão se relacionando para promover desenvolvimento tecnológico torna-se necessário para ra compreender as articulações e o perfil do sistema. sistema. As organizações que se relacionaram com as empresas mineiras para a promoção de inovação, inovação segundo a PINTEC 2011, são apresentadas na Figura 6, a seguir. 12/17 ANAIS Fornecedores 25% 9% 5% Clientes ou consumidores 9% Centros de capacitação e assistência técnica Universidades e institutos de pesquisa Empresas de consultoria 10% 18% 23% Concorrentes Outras empresas do grupo Figura 6 – Organizações parceiras das empresas que implementaram inovações. inovações Fonte: PINTEC (IBGE, 2013). Os principais parceiros das empresas para a promoção da inovação, conforme exposto na figura, são os fornecedores, os clientes e os centros de capacitação e assistência ass técnica. Em seguida, estão as universidades e institutos de pesquisa, que se relacionaram com 155 empresas, no ano de 2011, para a promoção de inovação. Esse número ainda é insatisfatório, haja vista que a Lei de Inovação no país já completou 7 anos em 2011 e um dos seus principais cipais objetivos, o fortalecimento da relação entre empresas e instituições de ensino e pesquisa para o desenvolvimento da inovação, ainda carece de resultados mais convincentes, conforme reiteram Oliveira et al. (2011, p. 173) a despeito de todo o avanço trazido pela Lei da Inovação, [...], ela ainda é pouco conhecida e pouco utilizada, restando ainda algumas dificuldades a serem superadas. A primeira delas se refere ao grande equívoco de alguns que entendem que somente às universidades caberia a responsabilidade responsab pelo desenvolvimento científico e tecnológico, e aos setores produtivos caberia usufruir do conhecimento gerado. Outra dificuldade diz respeito à comercialização das tecnologias desenvolvidas pelas ICT’s, que ainda não ocorrem com frequência, incluindo-se inclu se também a questão da negociação da propriedade intelectual resultante das parcerias com empresas. Diante do contexo apresentado pelos resultados descritos anteriormente, anterior analisou-se estatisticamente as influências das interações para a promoção da inovação nas empresas. Inicialmente, realizou-se se uma análise de RLM,, com o objetivo de verificar se o Número de empresas que implementaram inovações com o suporte do governo (ApoGov) e Número de empresas que implementaram inovações em cooperação com outras outras organizações (CoopOrg), enquanto variáveis independentes, estão associadas à variável dependente, Número de empresas mineiras que implementaram inovações (EmpInov). Os resultados da regressão estimada estimada são apresentados na Tabela 1. 1 Tabela 1 – Modelo de Regressão Linear Múltipla. Modelo - EmpInov Coeficiente 2145.243 Constante 1.346048 ApoGov 1.990934 CoopOrg 0.9985 R² Ajustado Fonte: Dados da pesquisa. pesquisa Erro Padrão 66.01769 0.0979358 0.2366036 Est. F Est. T 32.49 13.74 8.41 0.0225 P valor 0.020 0.046 0.075 De posse dos dados da regressão, apresentados acima, a equação de regressão linear múltipla pode ser representada da seguinte forma: 13/17 ANAIS EmpÎnov = 2145,243 + 1,346048.ApoGov + 1,990934.CoopOrg A equação demonstra que as variáveis consideradas apresentam um relação direta com o número de empresas mineiras que desenvolvem inovações e, além disso, dado os coeficientes superiores a uma unidade estimados, referenda-se que as relações com o governo e com outras organizações para a promoção da inovação tem um efeito proporcional maior sobre as empresas inovadoras. Destarte, ressalta-se que os coeficientes estimados para as variáveis ApoGov e CoopOrg são estatisticamente significativos, ao níves de confiança de 95% e 90%, respectivamente, conforme apresentado na Tabela 1. Em relação ao poder de explicação dessas variáveis, aferiu-se um coeficiente de determinação ajustado (R2 Ajustado) igual a 0,9985, ou seja, 99,85% das variações no EmpInov são explicadas pelas variações no ApoGov e CoopOrg. No tocante à significância estatística conjunta das variáveis, após a aplicação do teste F, considerou-se a equação estatisticamente significante a um nível de confiança de 95%. No tocante à RLS, que objetivou analisar um relação mais específica, entre empresas mineiras inovadoras (EmpInov) e cooperação com universidades e institutos de pesquisa para a promoção da inovação (CoopUniv), obteve-se os seguintes resultados (Tabela 2). Tabela 2 – Modelo de Regressão Linear Simples. Modelo - EmpInov Constante CoopUniv R² Coeficiente Erro Padrão 1349.441 302.2092 29.92067 2.756168 0.9833 Est. F Fonte: Dados da pesquisa. Est. T 4.47 10.86 0.0084 P valor 0.047 0.008 A equação de regressão linear simples pode ser representada da seguinte forma: EmpÎnov = 1349,441 + 29,92067.CoopUniv Como verificado, a variável independente Número de empresas que implementaram inovações em cooperação com universidade e institutos de pesquisa (CoopUniv) tem uma relação direta com o número de empresas que implementaram inovações (EmpInov), de modo que o aumento de uma unidade no CoopUniv, resulta em um aumento de 29,92 no EmpInov. Esse impacto de 29,92 sobre o número de empresas inovadoras é considerável, referendando a importância da relação entre empresas e instituições de ensino e pequisa para a promoção da inovação, que vem sendo muito discutida na literatura da área e no âmbito governamental (CALMANOVICI, 2011; ABDALLA; CALVOSA; BATISTA, 2013; CASSIOLATO; LASTRES, 2005), mas ainda necessita, em termos práticos, de melhores resultados. O coeficiente estimado para o CoopUniv, do ponto de vista estatístico, foi considerado significativo a um nível de confiança de 99%, como demonstrado na Tabela 2. Em relação ao poder de explicação da variável independente (CoopUniv), constatou-se um coeficiente de determinação (R2) igual a 0,9833, ou seja, 98,33% das variações em EmpInov podem ser explicadas pelas variações na variável CoopUniv. A significância estatística do modelo como um todo também foi verificada pela aplicação do teste F, que considerou-se a equação estatisticamente significante a um nível de confiança de 99%. Portanto, considerando a abordagem sistêmica da inovação e os resultados dos modelos RLM e RLS estimados, corrobora-se com a visão de Cassiolato e Lastres (2005, p. 40) de que “na Era do Conhecimento, torna-se ainda mais fundamental o fortalecimento das instituições de ensino e pesquisa, dentro de uma estratégia orquestrada de planejamento de longo prazo”. Os autores complementam, ainda, que “as novas políticas, além de reforçarem as instituições científicas e tecnológicas, enfatizam a importância da interação entre diferentes 14/17 ANAIS atores, apostando que a geração, aquisição e difusão de conhecimentos constituem, de fato, processos interativos e simultâneos (CASSIOLATO; LASTRES, 2005, p. 40). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A dinâmica competitiva mundial impulsiona a preocupação de empresas e de diversos países para o fenômeno da inovação tecnológica. As acepções de sustentabilidade, financeira, econômica ou social, estão diretamente interligadas à construção institucional-legal de ambientes propícios e sistematizados para o desenvolvimento tecnológico. O desenvolvimento de determinada região está condicionado ao resultado dessas ações, que devem ser concebidas por diferentes atores, de forma integrada, para a constituição de sistemas de inovação coerentes e consistentes. A importância dada à inovação pelos diversos atores que compõem os sistemas de inovação é inegável, de modo que o aumento das empresas que desenvolvem essa atividade foi evidenciado pelos resultados do estudo. As atenções tem se voltado, também, às fontes de financiamento para a sustentabilidade dessas atividades, visto que os investimentos devem sem realizados em todas as fases do processo inovativo. Desse modo, o contexto mineiro, e nacional, para o financiamento das empresas é caracterizado, primordialmente, por capital próprio e, dentre as fontes de terceiros, se destaca o crédito público, sobretudo, para compra de máquinas e equipamentos para inovar, que são ações de menor risco, revelando um conservadorismo das empresas, dada a aversão aos créditos de maior risco. Além disso, tendo como referência o desenvolvimento tecnológico como um processo interativo, capaz de aglutinar ações de diferentes agentes, constatou-se que, na prática, as empresas estudadas estão estabelecendo relações com outras organizações para inovar. Porém, tal fato deve ser realizado de forma sustentável, haja vista que, com a RLM estimada, tanto o apoio do governo quanto a cooperação como outras organizações apresentam um relação direta com o número de empresas que desenvolvem inovações. Na análise do perfil das organizações parceiras, predomina os fornecedores, os clientes e consumidores e os centros de capacitação e assistência e, somente na quarta posição, as universidades e institutos de pesquisa. Essa relação incipiente constatada reflete a necessidade do fortalecimento desse processo de interação, que mesmo evocado no discurso governamental, ainda carece de resultados mais satisfatórios, pois, com a RLS estimada, demonstrou-se a relevância da atuação conjunta desses atores, empresas e universidades, para a dinâmica tecnológica. Como limitação do estudo, considerou-se a utilização de apenas dados secundários, contudo, em função dos dados coletados, os resultados obtidos permitiram atingir os objetivos propostos, de modo que as conclusões realizadas contribuem para os estudos da área, sobretudo, no contexto mineiro. Para futuras pesquisas, sugere-se análises que investiguem a percepção dos diversos atores membros do sistema estadual de inovação, que permitirão aprofundar e complementar as análises realizadas, a partir de novos olhares e perspectivas. REFERÊNCIAS ABDALLA, M. M.; CALVOSA, M. V. D.; BATISTA, L. G. 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