Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios Presidente do banco mau já detectou possíveis crimes no BES Diogo Cavaleiro - [email protected] O raio-x ao banco mau - um nome que o seu presidente rejeita - deverá ser revelado dentro de 15 dias. Sabe-se já que tem oito milhões em depósitos de gestores do BES. "Um valor residual no meio disto tudo". O Banco Espírito Santo, SÁ é a entidade que, desde 3 de Agosto, tem os activos e passivos considerados tóxicos do histórico banco português com aquele nome. E foi aí que Luís Máximo dos Santos, o gestor que ficou responsável por assegurar a sua administração, encontrou elementos que podem constituir crimes. "Todos os elementos que, evidentemente, constituam indícios de matéria susceptível de constituir ilícito de natureza criminal por lesarem o BES, considero ser meu dever fiduciário [comunicá-los]. Já o fiz, efectivamente. Mas não vou estar a particularizar", disse Máximo dos Santos na sua audição da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES. Aos deputados, o também responsável pela comissão liquidatária do BPP afirmou que irá remeter para as autoridades quaisquer indícios de gestão danosa que venha ainda a enfrentar. E irá tirar conclusões de auditorias forenses e ou trás investigações sobre responsabilidades individuais que conduzissem o BES à actual situação. Sobre questões judiciais, o presidente do BES admitiu ainda que poderá vir a impugnar o fim da garantia do Estado angolano ao BES Angola. Contudo, neste momento, não há ainda qualquer decisão sobre a matéria. O que se espera que aconteça em breve, revelou Máximo dos Santos, é a divulgação do balanço desta entidade que, apesar de ter licença bancária, não pode conceder créditos nem receber depósitos. O banco “mau” tem uma situação em que o capital próprio será claramente negativo", naquele que será um "valor muito significativo", disse. Não revelou números mas afirmou que, dentro de 15 dias, se deverá ficar, finalmente, a conhecer a situação patrimonial da instituição. O atraso na divulgação, que deveria ter acontecido em Dezembro e ao mesmo tempo que a do Novo Banco, deveu-se a discordância entre auditoras (PwC, que fez o balanço a 3 de Agosto, e a KPMG, actual auditora) e o próprio Banco de Portugal. Rejeitando que se está perante um banco "mau" - ideia que recusa em "respeito" pelas pessoas que trabalham naquela entidade - Luís Máximo dos Santos afirmou que o grau de recuperabilidade de créditos do GES, numa exposição que será de 1.100 milhões de euros, "é baixo". Sobre o banco, ficou a saber-se que os depósitos congelados de administradores, gestores e outros responsáveis do BES que tenham tido alguma responsabilidade para a situação do banco somam cerca de oito milhões de euros. "É um valor residual no meio disto tudo", comentou o responsável. Na sua audição, o presidente do banco mau - o BES terá de ser liquidado até Dezembro de 2016 - afirmou que é necessário fazer alterações na legislação sobre a resolução, - implementada na sequência do resgate antes de um regime a nível comunitário. "A aplicação da legislação sobre a resolução bancária permitiu evidenciar algumas lacunas importantes", disse, especificando o facto de não se saber como se proceder em processos judiciais. A transposição final da legislação comunitária está, neste momento, a ser tratada. E, para Máximo dos Santos, "será uma excelente oportunidade para melhorar o ordenamento jurídico, mesmo não sendo desejável ter de voltar a aplicar medidas de resolução". 2015-02-06