F.3.2 - Economia Regional e Urbana O POVO BRASILEIRO – BRASIL SERTANEJO E BRASIL CAIPIRA Sirlone Lopes da S. Junior1, André Luiz de O. Sacani2 1. Graduando em Ciências Econômicas da Universidade federal do Espírito Santo - UFES; *[email protected] 2. Graduando em Ciências Econômicas da Universidade federal do Espírito Santo - UFES Palavras Chave: Darcy Ribeiro, Sertanejo, Caipira Introdução Este trabalho tem por objetivo analisar a obra O povo brasileiro - A formação e o sentido do Brasil de Darcy Ribeiro, no que diz respeito a um estudo histórico antropológico, trabalhando as perspectivas do Brasil e dos brasileiros por uma visão de sua formação. Um povo que tem traços diferentes em seus fenótipos mas que surge a partir da base de 3 matrizes genéticas: O nativo (índios), os pretos (africanos) e os brancos (europeus). Outros textos como Teresa Schorer Petrone, Sérgio Buarque de Holanda, Francisco Iglésias e Rogério Naques Faleiros, ofereceram, através de leituras complementares, subsídios para a preparação do trabalho, proporcionando uma visão mais crítica da obra de Darcy. Deste modo, o artigo em questão, foi estruturado da seguinte forma: um breve resumo do livro de Ribeiro, onde são levantados os principais pontos destacados pelo autor; o complemento desses autores acima relacionados, com visões alternativas a respeito do tema abordado; e por fim uma resenha crítica analisando a partir de nossas considerações finais. Resultados e Discussão O presente texto possui um caráter histórico antropológico e trabalha as perspectivas do Brasil e dos brasileiros por uma visão de sua formação. A regência de um modelo para o qual se desenvolve o perfil que caracteriza todos os indivíduos brasileiros é movida por fatores que se ligam inteiramente a uma visão nova do que é ser esse povo que se distancia em certos aspectos endêmicos de suas regiões, mas que, constitui uma identidade nacional forte, e desse modo, uma peculiaridade que identificam células capazes de ligar norte a sul desse imenso País. No que tange ao “Brasil sertanejo” fica evidente a compreensão de um povo formado essencialmente por uma matriz do índio nativo com o branco europeu, em uma saída de parte da população do litoral nordestino que migra para o interior do País em busca de uma nova atividade que se torna rentável a época, a criação pastoril. Um tipo de negócio altamente dependente do fator dinamizador da economia brasileira desse período, o ciclo do açúcar, e majoritariamente voltado para o setor interno, no qual, o desenvolvimento da produção e dos tipos de produtos fará com que se desenvolva um pequeno mercado exportador, como no caso do couro que foi bastante utilizado no o comércio com os portugueses. O ambiente em que essa nova subcultura está inserida se caracteriza por um clima seco e quente com escassez de chuva, o sertão nordestino. Apesar de que, essa cultura se espalha pelo Brasil, atingindo alguns estados como Goiás, Mato grosso, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Esses aspectos trarão grandes consequências para o modo de vida do sertanejo. Essa população encontrará bastantes dificuldades para sobreviver em meio a esse local, frente a grandes empecilhos que a natureza os proporciona. Desta maneira, exigirá medidas públicas particulares a essa região, visto amenizar tais situações. Apesar de “algum esforço”, nada trará resultados tão satisfatórios, visto que o dinheiro público ressaltado em questão será mal utilizado, e irá para a classe de que menos necessita de tais ajudas. De certa forma, serão desviados para os “coronéis” do Nordeste, os “controladores” dessa imensa região. Assim, o autor utiliza um termo para descrever esse cenário como a “Indústria da seca”, mas, que fica muito claro que o termo é utilizado de forma pejorativa, e não, como um ramo produtivo desse território. Darcy Ribeiro escreve como poucos a respeito do povo caipira, buscando abarcar em sua visão diversos fatores, tanto econômico quanto político, para mostrar a formação de cada povo. Diferentemente de outros livros de história, O Povo Brasileiro, mostra na essência a verdadeira formação deste povo e a penúria por que passou o caipira, desde sua gênese, os paulistas, como descreve Darcy Ribeiro, “Todos andavam descalços ou usando simples chinelas ou alpercatas. Apenas cobriam o corpo que os índios antes deixavam à mostra, sem pudor, mas com a faceirice das pinturas de urucum e jenipapo.” Com sua veia de antropólogo, estudou toda transfiguração étnica ocorrida para que se chegasse aos estereótipos do caipira. A miscigenação entre o português e o índio, com a predominância do primeiro, dando origem aos mamelucos, um choque de culturas que resultou em uma nova, como coloca o autor, “As contribuições fundamentais do paulista a esses núcleos eram o disciplinamento militar superior ao tribal e as motivações mercantis também mais bem ajustadas às circunstâncias.”. Esta obra se fez diferente pelos seus detalhes, por exemplo, ao discriminar toda a composição da sociedade mineira, durante o ciclo do ouro e a formação da vida urbana. Conclusões Como todo grande nome, reconhecendo sua importância para a formação do pensamento social de sua época, Ribeiro também deixa sua crítica à história brasileira e contribui apontando prováveis causa e explicações no processo de formação social histórica do Brasil, que permitiram tamanha desigualdade e pobreza, esse contraste social visto na sociedade brasileira até os dias de hoje. Por fim, o autor nos força pensar a respeito de uma das piores heranças da história da sociedade brasileira, o racismo, questão pela qual defendeu e lutou durante toda sua vida, ao despejar nos imigrantes e seus descendentes, cujo respeito à terra onde vivem não o tem e muito menos aos povos que ajudaram a construir e constituir esse país tão rico, tal responsabilidade. Com isso é possível refletir e perceber o quão contemporâneo é tal pensamento de Darcy. Darcy Ribeiro escreveu uma obra grandiosa e completa que, com uma imensa riqueza de detalhes, junto com uma visão diferenciada e senso crítico imponente, destacando a essência e importância de cada etnia no processo de formação desse Brasil, o coloca como um dos nossos grandes intérpretes da história. 67ª Reunião Anual da SBPC