MOVEU-SE DE ÍNTIMA COMPAIXÃO Monitorar políticas públicas é uma das maneiras da igreja ajudar o povo que sofre Geter Borges de Sousa Ação Social da Convenção Batista do Distrito Federal Lembrando a parábola do bom samaritano (Lucas 10.25-37), podemos nos perguntar como contextualizar tal mensagem para os nossos dias. Hoje os caídos na estrada podem ser aqueles que morrem em filas de hospitais públicos, se drogam nas ruas, não conseguem emprego por que não tiveram educação adequada ou são vítimas de um modelo econômico excludente. A tendência denunciada a 2000 anos ainda é atual. Os sacerdotes e os levitas continuam passando ao largo dos caídos nas estradas. Entretanto, Jesus Cristo convida a sua igreja a “mover-se de íntima compaixão” (Lucas 10.33). Diferente da época de Cristo, hoje existe um Estado que, organizado de forma democrática, tem por obrigação administrar os recursos públicos e prover atendimentos básicos para a população. Infelizmente, entre muitas outras acusações, pesa a de defender os interesses de uma pequena minoria que detém o poder econômico, prejudicando a população. Podemos e devemos mobilizar nossos próprios recursos para atender as necessidades de algumas poucas pessoas. Entretanto, temos um grande potencial de contribuir de forma mais significativa cobrando que o Estado cumpra com suas obrigações. Trata-se de uma proposta lamentavelmente ainda distante da realidade da maioria das igrejas, pois estas não têm refletido sobre o exemplo do bom samaritano. Contudo, se não enfrentarmos os problemas relacionados ao Estado, não estaremos cumprindo com nossas obrigações enquanto igreja perante as vítimas de injustiças. Fortalecendo-nos com o amor que vem de Deus teremos força para nos mover de íntima compaixão e ajudar ainda mais o povo que sofre. Muitos invertem as orientações de Cristo e defendem que as igrejas devem se concentrar nas tarefas sacerdotais e levíticas, e não dividir as atenções com os caídos nas estradas. A grande maioria entende que a missão da igreja deve girar exclusivamente em torno do objetivo de “ganhar almas”, mas somos desafiados a ser sal da terra e luz no mundo. As tarefas desenvolvidas pelo samaritano não eram de natureza religiosa e não possuíam condicionantes religiosos. Ele foi um instrumento do amor incondicional de Deus ao ser humano. Sem a perspectiva de ajudar o povo que sofre por amor, não saberemos contribuir em relação ao Estado para o qual defendemos que seja laico. Uma das possibilidades de ação é colaborar com a organização de núcleos laicos de monitoramento de políticas públicas. Temos tido apoio da Visão Mundial que já organiza uma rede, disponibilizou texto de orientação (http://batistas.com/acao_social/monitoramento_comunitario_de_politicas_e_servicos_p ublicos.pdf) e pode ajudar com treinamentos através de conferencias virtuais. Atualmente não temos disponibilidade de recursos financeiros, mas essa tem sido uma tarefa em andamento. Estamos sugerindo que núcleos espontâneos sejam organizados, o que fortalece a tentativa de mobilizar recursos. Um exemplo interessante foi vivenciado por um núcleo em uma comunidade no Rio de Janeiro. Os moradores foram consultados e indicaram o problema de falta de água como um dos principais. O núcleo pesquisou a causa e descobriu uma bomba quebrada que impedia a água de chegar às casas quando a força da gravidade não era suficiente. Procurou-se então saber que órgão era responsável pela manutenção e depois de cobranças o problema foi resolvido. Existem vários outros exemplos de bons resultados práticos promovidos por núcleos de monitoramento de políticas públicas e nossas igrejas podem abençoar a muitos somando com esse trabalho. Assim como o Samaritano se moveu de íntima c ompaixão, Jesus Cristo conc la ma a sua igreja a fazer o mesmo. Que a Esperança em Deus seja grande, o Seu Amor nos fortaleça e Seu Espírito nos Oriente.