O USO DA TECNOLOGIA NAS TRADIÇÕES POPULARES Rúbia Lóssio Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco e Coordenadora do Centro de Estudos Folclóricos Mário Souto Maior As tradições populares na conteporaneidade utilizam diversas maneiras de adaptação para sobreviverem no contexto capitalista. Com a globalização, a abertura de mercados, a cultura passou a ser produto de exportação. A cultura popular cria e inventa formas de vida em seu cotidiano. Há de se considerar que, na busca de suas necessidades imediatas, a cultura popular se apropria do real reproduzindo-o de maneira simbólica diante das suas condições de trabalho e de vida. É o que afirma Nestor Garcia Canclini para explicar as culturas populares no capitalismo: “Culturas populares se constituem por um processo de apropriação desigual dos bens econômicos e culturais de uma nação ou etnia, por parte dos seus setores subalternos, e pela compreensão, reprodução e transformação real e simbólica das condições gerais e específicas do trabalho e da vida”.1 Com o aparecimento da tecnologia da informação, as culturas populares no capitalismo sofreram e sofrem transformações para se adequar às exigências de mercado. Muitos empreendimentos hoje em dia ocorrem na área das artes e da cultura. Segundo Carlos Aberto Fernandes, “A nova cultura do prazer, envolvendo o corpo, as artes, a cultura e o lazer, entre outros, já demonstra a ocorrência de sinais de transição da sociedade industrial para a chamada sociedade pós-industrial”.2 1 2 CANCLINI, Néstor Gárcia. As Culturas Populares no Capitalismo. São Paulo: Brasiliense.1995. p.12 Retirado da revista Continente Multicultural, Ano IV – nº 38, fevereiro/2004, p 7 Porém, as tradições populares ou folclore são “o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas, individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade.”3. Hoje em dia a cultura popular ou folclore já não é mais identificada pelo anonimato, mas vista através de sua capacidade de sobrevivência diante do paradigma capitalista. Assim, a cultura de massa envolvida no contexto urbano-industrial, apropria-se das mensagens dos meios de comunicação de massa para demonstrar sua existência. Como explicação temos o kitch, que define o exagero da cultura massiva. Os produtos fabricados em série atingem o povo mediante o consumo. O povo, por sua vez, torna-se híbrido. A hibridização é entendida como uma mistura de elementos de diversas culturas. Entretanto, basta irmos ao metrô, à feira, ou andar de ônibus, para encontramos a influência dos meios de comunicação de massa no dia-a-dia das pessoas. Podemos observar, também, que as influências de outras culturas chegam avassaladoras e contagiam os jovens, adultos, crianças e idosos por diferentes meios. Hoje, a Indústria Cultural vem assumindo novas funções. Estas, ao mesmo tempo em que prejudicam a vida das culturas de massa também trazem lucro incomensurável ao empresário, o que é, sem dúvida, uma forma de poder e manipulação. Este fenômeno, conhecido como “Massificação da Indústria Cultural, atinge todas as formas de expressão artística e iniciou-se, segundo Francisco Rüdiger, após a segunda revolução industrial: “As transformações na sociedade, com a ascensão do capitalismo do monopólio e do estadismo burocrático, produziam melhorias na situação de vida das massas, mas no sentido de aumentar seu poder de consumo. As grandes corporações permitiram, simultaneamente, um aumento da produtividade e uma expansão dos salários, cujo resultado foi a explosão da produção e do consumo em massa. A arte, não escapou desse processo, perdeu seu caráter estilista e se massificou através dos meios de reprodução técnica” (RÜDIGER, 1990, p. 32). Ou seja, a arte que era uma mercadoria exclusiva das classes mais 3 Congresso Brasileiro de Folclore (8 :1995: Salvador, BA). Anais. Rio de Janeiro: UNESCO, Comissão Nacional de Folclore, 1999, p. 197. privilegiadas, passou a fazer parte dos produtos disponíveis para as massas no mercado mundial.”4 Ressaltamos que, segundo Gabriela Willig “O público conhece apenas uma pequena porção das expressões artísticas existentes. Quando se decidem por comprar determinado CD, ver um filme no cinema ou escolher uma roupa, não seguem somente o critério do que mais gostam para escolher, mas também o critério que a indústria cultural impõe. Somente os conhecedores sabem encontrar aquelas tendências que não são encontradas em qualquer lugar, que incentivam o pensamento crítico, mas que a indústria não aceita como uma mercadoria disponível às massas”.5 Portanto, as classes menos favorecidas economicamente redimensionam as informações de maneira desastrosa fazendo com que, muitas vezes, acabem por danificar ou até mesmo eliminar certas expressões populares ou produtos que faziam parte daquele ritual, celebração ou até mesmo do seu próprio modo de vida. Questionamos então: como é possível entender a identidade da cultura brasileira na era da globalização? Como sobrevivem as tradições populares no dias atuais? É uma novidade o fato de que as tradições populares utilizam e transformam os seus investimentos com o uso da tecnologia na era pós-indústrial, no mundo da tecnologia da informação. De certa forma, “A irrupção das novas tecnologias na economia mundial está transformando radicalmente a maneira de criar, produzir, distribuir e consumir os produtos culturais. As telecomunicações e a sua aplicação comercial nas empresas estão originando o nascimento de novos setores industriais que obrigam a uma revisão da definição clássica do produto cultural”.6 4 Retirado do site http://www.mundojovem.pucrs.br/artigo15.htm no dia 1 de outubro de 2004 às 11:23. Retirado do site Retirado do site http://www.mundojovem.pucrs.br/artigo15.htm no dia 1 de outubro de 2004 às 11:23. 6 MONTIEL, Edgar.Políticas Culturais para o Desenvolvimento: uma base de dados para a cultura. Brasília: UNESCO Brasil, 2003.p.159. 5 Porém, “Essa globalização das comunicações, facilitada pelo desenvolvimento espetacular das tecnologias da informação e a criação de redes mundiais, tem potenciado enormemente os intercâmbios de bens culturais. Esse fenômeno fez com que o setor dos bens culturais se tornasse um dos ramos de maior crescimento da economia mundial”.7 Quando ocorrem mudanças no cotidiano das pessoas, e quando mudamos de hábitos é o paradigma da sociedade pós-industrial que bate à porta e vai entrar, queiramos ou não. De uma certa forma, estamos cada vez mais envolvidos com as máquinas, passamos horas no computador, a televisão deixou de ser um lazer para ser um hábito. A nossa qualidade de vida é hoje estudado e comentado no mundo inteiro. Quando começamos a mudar os hábitos alimentares, o retorno ao passado é sempre resgatado nas festas populares. Na era da tecnologia da informação as tradições populares tornam-se atrativos para o setor econômico, a cultura passa a ser produto. A informação cultural é um lugar de encontro virtual onde os seus indicadores são importantes nos tempos de desencanto. Para enaltecer a cultura, encontramos como indicadores as manifestações populares como forma de evitar a violência em certas capitais e cidades, favorecendo à inclusão social. A participação da cultura popular nos folguedos representa uma grande alternativa contra a ociosidade dos adolescentes. Pertencer ao grupo social na área cultural, é estar inserido no contexto pós-indústrial onde tudo é produto. Pode-se dizer que a tradição popular vem se refuncionalizando e se transformando para sobreviver em tempos de concorrência. Como isso ocorre? Há de se questionar que hoje, nas tradições populares, encontramos vários fatores que modificam e modificaram a estrutura, a vestimenta e as músicas dos grupos folclóricos, entre outros elementos. 7 MONTIEL, Edgar. 2003 p. 159 e 160. Tomamos como exemplo o fato de que na apresentação do Bumba-meu-boi em São Luís do Maranhão, encontramos motivos do contexto massivo, como o Bumba-meu-boi vestido com roupa da copa do mundo ou relacionado a diversos temas das novelas do momento. Também encontramos no Boi Garantido e Caprichoso de Parintins/AM uma espetacularização avassaladora, que mostra a invasão de patrocinadores de multinacionais numa festa “folclórica”. A tecnologia da informação trouxe para a cidade de Caruaru, em Pernambuco, conhecida como a capital do forró, inovações como a gaydrilha, a machadrilha, a babydrilha, e outras drilhas, além de outras atrações espetacularizadas. Assim encontramos nas home pages a afirmação de que Caruaru é a Disneilândia do forró. O impressionante é que a cultura passou a ser um produto e como produto ela precisa se reciclar ou se inovar. Um exemplo disso é o Coco de Arcoverde, de seu Calixto, que tem CD e até uma home page. No ritual de amassar o barro destinado à construção de casas de taipa de parentes e amigos, deu aos pés dos antigos habitantes de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, a 256 quilômetros do Recife, uma habilidade singular. Ultrapassando fronteiras, o Samba de Coco Raízes de Arcoverde, das famílias de seu Calixto e Seu Gomes, possui 23 integrantes e dois CDs gravados, que foram idealizados pelo cantor e compositor Lula Calixto, que assim concretizou sonho antigo em 1999, ano de seu falecimento. Os passos ritmados e cheios de energia, dançados ao som dos tamancos, ainda guardam a poeira do barro, na pisada acelerada batizada de trupé, animando o povo que resolve se envolver com esse bailado. Seu Cícero Gomes, de 48 anos, conta ter sido “arrumado” pelos pais no meio das antigas festas de coco, e que as cerimônias de dança e cantoria nos quintais eram feitas às escondidas. “Hoje, a tradição não é só dos meus filhos e netos, mas também de filhos e netos de vizinhos. Antigamente, as festas eram para poucas pessoas da família, e quem era de fora chamava a gente de xangozeiro. Muitos não entendiam aquele som diferente”, explica. 8 8 A esse respeito ver: Revista EIXO. Ano I. Número I. AESO, p.56 a 61, 2004 Unir tradição e tecnologia era o pensamento do folclorista Mário Souto Maior, que gostava de misturar o novo para resgatar e divulgar as tradições populares. A prova disso são os museus utilizando sistemas e softwares avançados na recuperação de objetos, fotografias e arquivos da cultura popular que, graças a essas inovações, conseguem suportar o tempo para que várias gerações possam conhecer e valorizar os objetos das nossas tradições. Encontramos, também, os brinquedos populares ganhando uma nova roupagem. É o caso do bodoque, um brinquedo também chamado de “atiradeira, tiradeira, estilingue, funda, setra, baladeira, badoque.. São duas tiras de borracha de câmara de ar de automóvel amarradas nas extremidades de uma pequena forquilha e que vão ser fixadas num pequeno pedaço de couro onde é colocada uma pedrinha. Pegando-se a forquilha com a mão esquerda e, com a mão direita, esticando-se as tiras de borracha, a pedrinha é arremessada até certa distância. A baladeira serve para caçar passarinhos”.9 Recentemente encontramos à venda o bodoque já modificado: em vez de amarrado com tiras de borracha de câmara de ar era atado com tiras de borracha usadas em hospitais e que servem para coletar sangue para exame dos pacientes. Também encontramos objetos como o candeeiro que é vendido nas feiras, utilizando latas de milho verde e de ervilhas vendidos nos supermercados. Além do candeeiro de lata, exploram-se as plantas e as ervas da medicina popular, como remédios que atualmente são engarrafados com rótulos sugestivos, estimulado pelo marketing. É o caso do xarope sete ervas, do remédio da mulher e do homem, que cura a impotência sexual, e outros males, competindo com os remédios industrializados. Ocupando um espaço importante no mercado, a medicina popular vem ganhando credibilidade na era da tecnologia da informação. Outra novidade é a culinária regional nas home pages da internet. São as comidas do povo chegando na tela do computador, invadindo os lares do mundo. Podemos ter acesso virtual do cuscuz com carne seca, na Alemanha, ou a galinha de cabidela, no Japão, tudo isso ganha um gosto especial de que, com a ajuda da tecnologia da informação, as comidas típicas 9 A esse respeito ver: MAIOR, Mário Souto. LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2004. invadiram as fronteiras de outras culturas. Com essa abertura, o alcance às novas formas de vida e de cultura facilitou a valorização dos produtos e receitas locais. Hoje temos como novidade os pratos regionais, e a cada dia, novos restaurantes são abertos para venderem comidas típicas. Por sua vez as nossas danças e folguedos se tornaram alvo de exportação, e para sobreviverem no contexto do capitalismo, criam e recriam novas formas de adaptação. O aparecimento de grupos para-folclóricos ou chamados grupos alternativos invadem a classe média e a elite. Esses folguedos e danças, que antes eram vistos com preconceito, agora são valorizados e reconhecidos pelas pessoas. O maracatu rural ou nação, o caboclinho, o congo, o bumba-meu-boi, a folia de reis, a cavalhada entre outros, ganharam espaço na mídia, atraem pesquisadores em teses de doutorado e mestrado que estudam, desde a sobrevivência até as manifestações populares nos dias atuais, analisando o que mudou e o que não mudou e como enfrentam as demandas na era globalizada, produzindo desde CDs, home-pages, produtos reciclados, até compras de celulares, computadores entre outros. Nesse caso, o turismo contribui com a cultura incentivando o resgate das tradições populares, com o incentivo na arquitetura e na recuperação de vários centros históricos. Dessa maneira, a cultura popular é motivo para programas políticos como alternativa no combate à violência. Há de se considerar que é preciso compreender que projetos de políticas culturais devem ter como base o desenvolvimento local. Segundo Cristiano Braga, “O fenômeno da Globalização, apesar de massificante, enaltece os valores socioculturais regionais, que podem ser difundidos e consolidados como produtos típicos e geradores de receita”.10 Porém, as empresas têm se preocupado em mapear dados culturais, traçar um perfil cultural da região e trabalhar com o contexto da cultura local. Ainda nesse contexto, encontramos o desempenho da folkcomunicação na divulgação e transmissão da cultura popular. De acordo com Luís Beltrão: “é um processo de intercâmbio de informações e manifestações de opiniões, idéias e atitudes da massa através de agentes e meios ligados direta ou indiretamente ao folclore” (Beltrão, 1967; apud Benjamim, 2001:12).11 10 A esse respeito ver: BRAGA, Cristiano. Políticas Culturais para o Desenvolvimento: uma base de dados para a cultura. Brasília: UNESCO Brasil, 2003, p. 55 11 Segundo Luiz Beltrão, “A vinculação estreita entre folclore e comunicação popular, registrada na colheita dos dados inspirou o autor na nomenclatura desse tipo cismático de transmissão de notícias e expressão do Os grandes pesquisadores como “Luis da Câmara Cascudo, sobre linguagem e comunicação gestual, Roberto da Matta sobre rituais de procissões, Jerusa Pires Ferreira sobre sociologia e semiologia da cultura popular, Braúlio do Nascimento sobre literatura popular, Neuma Fecchine Borges sobre literatura de cordel, Carlos Rodrigues Brandão, Oswald Barroso sobre folguedos e Juan Diaz-Bordenave sobre difusão de inovações, contribuem e contribuíram nos estudos e divulgação da cultura popular”.12 Roberto Benjamin afirma ainda que “os seus continuadores procuram expandir a conceituação e estabelecer a relação entre as manifestações da cultura popular e a comunicação de massa, incluindo em seus estudos a mediação realizada pelas manifestações populares na recepção da comunicação de massa, a apropriação da tradição popular pelos mass media e a apropriação pela cultura de aspectos da cultura de massa”. 13 Na perspectiva da interdisciplinaridade as contribuições dos estudos da folkcomunicação vêm ampliando e divulgando o uso da tecnologia nas tradições populares. Como exemplo, temos as lendas e mitos divulgados na internet, onde pessoas de várias culturas têm acesso ao imaginário do povo. Então, o jornalista Roberto Beltrão elaborou o site chamado Recife Assombrado, que contém várias estórias de mitos e lendas urbanas da cidade do Recife, Pernambuco. Desse modo, “O inventário dos mitos cuja permanência ou divulgação está sendo realizada pelos meios de comunicação de massa, em paralelo às formas tradicionais de sua transmissão, constitui parte do estudo da Folkcomunicação, tanto no âmbito da apropriação de elementos da cultura folk pela cultura de massas, como no âmbito da recepção da cultura folk, dos elementos de sua própria cultura, reprocessada pela cultura de massa”. Assim, a cultura de massa, envolvida num processo do contexto urbano-industrial, reprocessa a cultura através da tecnologia da informação, resultando em uma nova maneira de enxergar a cultura. pensamento e das indicações coletivas” Folkcomunicação – é um estudo dos agentes e dos meios populares de informação de fatos e expressão de idéias. Tese de Doutoramento, Brasília: UNB. 1967), apud, BENJAMIM, Roberto Emerson Câmara. Folkcomunicação no contexto da massa. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, Editora Universitária/UFRN,P.11, 2001. 12 BENJAMIM, Roberto Emerson Câmara. Folkcomunicação no contexto da massa. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, Editora Universitária/UFRN,P.15, 2001. 13 BENJAMIM, Roberto Emerson Câmara. Folkcomunicação no contexto da massa. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, Editora Universitária/UFRN,p..15, 2001 Essa tendência avassaladora, com uma dinâmica exagerada de informação revela a preocupação com os novos tempos e com os novos consumidores. Como serão os consumidores do futuro? O filósofo afirma que: “O público não experiencia nada de novo verdadeiramente, mas apenas sua aparência; a mudança superficial de assuntos encobre um esqueleto fixo que não muda os modos de fruição cristalizados na mentalidade das massas”. (ADORNO, 1987, p.97). Com isso, evidenciamos uma nova leitura no uso da tecnologia envolvendo as tradições populares. Essa leitura é feita a partir da tecnologia da informação, que compreende os aspectos prós e contras. Benefícios do uso da tecnologia nas tradições populares: O incentivo à divulgação das tradições populares pelos meios de comunicação de massa (televisão, rádio, jornal, revista, celular, internet, e-mail, autdoor entre outros). Facilita a comunicação e o acesso ao maior número de pessoas Resgata os produtos e objetos da cultura popular que foram danificados Serve como subsídio em projetos educacionais e políticos O surgimento de um novo olhar sobre as culturas populares O aumento da criatividade do povo, que faz surgir grupos alternativos de folguedos e danças populares Possibilita a sobrevivência de certos grupos que estavam fadados a desaparecer Malefícios do uso da tecnologia nas tradições populares: A deformação e a deturpação exercidas pelos meios de comunicação de massa. A estilização do produto e objetos. A espetacularização dos folguedos e das danças. A padronização do produto, que faz perder a qualidade nas manifestações populares. Aceleração do processo de desaparecimento de certos grupos das tradições populares que não acompanham a dinâmica da informação. Há de se considerar que, na busca de compreendermos o avanço da tecnologia nas tradições populares, precisamos, não só analisar a cultura de massa, a cultura popular, como também as influências desse novo contexto que vivenciamos. A globalização, Softwares avançados, novos ships para celulares, a quebra das fronteiras desencadeiam um processo de transformação nas tradições populares. Com isso, encontramos como saída a refuncionalização nos produtos das tradições populares para sobreviverem no mundo da concorrência, automação e tecnologia da informação. Pretendemos analisar a cultura popular e, para isso, enfatizaremos a melhor maneira de resgatar tradições cansadas e incompreendidas. Para isso, na busca de retomar através da história oral as tradições populares no contexto capitalista, teremos que utilizar a tecnologia como maneira de aprimorar, resgatar e facilitar a vida do povo. E como se faz isso? É preciso incrementar a arte moderna de modo geral, as tradições que poucos sabem de onde vêm. A exemplo disso, temos: o trabalho musical Bate o Mancá do cantor, pedagogo e compositor Silvério Pessoa, o uso do cordel na mídia, como mostra o cantor e compositor Lirinha, do grupo Cordel do Fogo Encantado, de Arcoverde e o sempre lembrado Chico Science, do movimento Manguebeat, entre outros. Também utilizando a tecnologia como veículo de acesso e divulgação do seu trabalho, as bordadeiras do município de Passira, em Pernambuco, exportam seu produto para outros países. Costumes, como cadeiras nas calçadas, brincadeiras de roda, e outros costumes serão divulgados em livro ou com o apoio tecnológico. Sendo assim, podemos ver na tela do computador o que as pessoas faziam num tempo antes de nossa existência. São esses argumentos que fazem com que a gente acredite na união perfeita entre as tradições populares e a tecnologia. Referências Bibliográficas BRAGA, Cristiano. Políticas Culturais para o Desenvolvimento: uma base de dados para a cultura. Brasília: UNESCO Brasil, 2003, p. 55 BENJAMIM, Roberto Emerson Câmara. Folkcomunicação no contexto da massa. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, Editora Universitária/UFRN, p..11, 2001. CANCLINI, Néstor Garcia. As Culturas Populares no Capitalismo. São Paulo: Brasiliense.1995. p.12. Congresso Brasileiro de Folclore (8 :1995 Salvador, BA). Anais. Rio de Janeiro: UNESCO, Comissão Nacional de Folclore, 1999. Continente Multicultural, Ano IV – nº 38, fevereiro/2004, p. 7. EIXO. Ano I. Número I. AESO, p.56 - 61, 2004. MAIOR, Mário Souto. LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2004. MONTIEL, Edgar.Políticas Culturais para o Desenvolvimento: uma base de dados para a cultura. Brasília: UNESCO Brasil, 2003. site http://www.mundojovem.pucrs.br/artigo15.htm no dia 1 de outubro de 2004 às 11:23