!"#$"
%'&)(*&)+,.- /10.2*&4365879&4/1:.+58;.2*<>=?5.@A2*3B;.- C)D 5.,.5FE)5.G.+&4- (IHJ&?,.+/?<>=)5.KA:.+5MLN&OHJ5F&4E)2*EOHJ&)(IHJ/)G.- D - ;./);.&
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
AGLOMERAÇÃO PRODUTIVA DE
MPME’S COMO VETOR DE
DESENVOLVIMENTO LOCAL: ESTUDO
EXPLORATÓRIO EM UM DISTRITO
INDUSTRIAL MADEIREIRO
Leozenir Mendes Betim (SESP)
[email protected]
Luiz Mauricio Resende (SESP)
[email protected]
Magda Lauri Gomes Leite (SESP)
[email protected]
O presente artigo tem por objetivo analisar as principais
características do Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba/PR,
apontado pelo governo estadual como um aglomerado do tipo Vetor de
Desenvolvimento Local (VDL). Na busca desse objetivo,, duas fases de
pesquisa foram contempladas. Na primeira realizou-se um
levantamento bibliográfico sobre os principais conceitos,
características e tipologia das aglomerações produtivas. A outra etapa
constou de uma pesquisa de campo, considerando um universo de 43
MPME’s, pertencentes ao Distrito Industrial do município. Utilizou-se
como instrumento de coleta de dados uma entrevista estruturada com
suporte de um questionário com questões fechadas e anotadas
sequencialmente. Os principais resultados apontam que o Aglomerado
Produtivo caracteriza-se pela formação de um cluster em potencial,
onde um dos maiores desafios das empresas integrantes está centrado
na capacidade de buscar novas tecnologias, novos mercados e métodos
de integração com clientes e fornecedores, maior união e sinergia
entre os empresários para ampliar sua capacidade econômica e
competitiva.
Palavras-chaves: Aglomerações Produtivas; Desenvolvimento Local;
Competitividade
PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h
l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
1. Introdução
Nota-se atualmente que inúmeros são os autores que tem lançado mão da idéia do
entrelaçamento entre empresas, principalmente entre MPME’s (Micro, Pequenas e Médias
empresas), buscando um quadro mais favorável para suas operações no mercado, alinhadas
com uma realidade dinâmica e em constante mudança.
A idéia central difundida por pesquisadores, segundo Lastres (2004) é que um arranjo é um
sistema que pode se encontrar fragmentado (faltando elementos) e desarticulado (faltando
interação). Sistemas e arranjos variarão desde aqueles mais complexos e articulados aqueles
mais simples. Independente da forma que a aglomeração assuma, várias são as abordagens
que preconizam que esta forma de organização da produção tem auxiliado empresas dos mais
variados tamanhos e, particularmente as pequenas e médias empresas, a superarem barreiras
ao seu crescimento.
Com intuito de desenvolvimento de políticas públicas de apoio e implementação, o governo
do estado do Paraná mediante a Secretaria do Estado e Planejamento (SEPL) e do Instituto
Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) identificou no ano de 2005
as aglomerações de empresas paranaenses. Nesse contexto, o presente artigo tem por objetivo
analisar as principais características do Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba/PR,
apontado pelo governo estadual como um aglomerado do tipo Vetor de Desenvolvimento
Local (VDL). Para tanto, realizou-se uma pesquisa com 43 MPME’s, localizadas em sua
maioria no Distrito Industrial do município.
2. Aglomeração produtiva: conceitos e principais características
Britto (2000) define os aglomerados ou arranjos produtivos locais como concentrações
geográficas de atividades econômicas similares e/ou fortemente inter-relacionadas ou
interdependentes. Esta aglomeração espacial econômica já formulada por Marshall em 1920,
originalmente costumava ser caracterizada a partir dos desdobramentos da análise dos
Distritos Industriais.
Schmitz & Nadvi (1999) apresentam uma definição simples e operacional ao termo
aglomerados produtivos (clusters), como sendo apenas uma concentração setorial e espacial
de firmas com ênfase em uma visão de empresas com entidades conectadas nos fatores locais
para a competição nos mercados globais. Diante dessa afirmação, Amato Neto (2000)
complementa que os “clusters” já podem ser considerados como formas mais estruturadas de
aglomeração de empresas, envolvendo também fornecedores de matéria-prima e
equipamentos, canais de distribuição e de assistência a seus produtos.
Para Haddad (2001) não faz sentido falar de um aglomerado produtivo (cluster), sem
contextualizá-lo espacialmente. Isto é, um cluster numa região X é diferente de um cluster na
região Y. Entre os motivos dessa diferenciação, o autor aponta o nível organizacional dos
produtos, a qualidade da mão-de-obra, a logística de transporte, os indicadores de
desenvolvimento sustentável, os insumos, os conhecimentos científicos e tecnológicos, etc.
Verifica-se que a grande diferença existente entre o que é definido por aglomerado ou cluster
em um simples agrupamento de empresas em um mesmo local, diz respeito à dedicação das
empresas para uma mesma linha de produtos e a existência de sinergia entre as mesmas.
Entre os benefícios decorrentes da proximidade geográfica entre clientes e fornecedores,
Gianesi & Correa (1996) citam a otimização da utilização de equipamentos e insumos através
2
PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h
l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
de aconselhamento informal pelo fornecedor do mesmo, treinamento formal e informal de
funcionários, redução do tempo de espera de assistência técnica e maior personalização no
atendimento. Outro aspecto considerado por McCormick (1999 apud Debiasi, 2001) é que os
clusters facilitam a criação de mão-de-obra especializada na região, visto que esta mão-deobra especializada e experiente traz uma série de vantagens tanto para os trabalhadores como
para as empresas.
Segundo Porter (1999) uma característica muito favorável dos clusters é o acesso às
informações, pois essas informações quando utilizadas de maneira correta, podem determinar
o sucesso das empresas, pois através delas é possível aumentar a produtividade da empresa,
acelerar as inovações, acelerar a transferência de know-how entre as empresas e atender
melhor e mais rapidamente as necessidades dos clientes.
Suzigan (2004) ao referir-se a aglomerados de empresas como um Arranjo Produtivo Local
(APL) considera a cooperação como um dos princípios básicos de funcionamento de um
arranjo, cujo sucesso pressupõe a valorização dos aspectos sócio-culturais da região e a
disponibilidade de apoio técnico e econômico, porém não se deve considerar que as empresas
locais não tenham ou não desejem competir entre si para a conquista de posições mais
expressivas no mercado, que é uma das regras do sistema capitalista em que estão inseridas.
Outro aspecto considerado é que a concentração de empresas afins em uma determinada
região favorece o marketing coletivo. Este acontece através não só da publicidade em si, mas
através de feiras, revistas especializadas e entre outros meios (PORTER, 1999). Na visão do
mesmo autor, um cluster será, então, tão mais completo quanto mais atender às características
anteriormente mencionadas. Porém, mesmo incompletos, os clusters já apresentam vantagens
com relação as empresas competindo isoladamente.
3. Tipologia das aglomerações produtivas no Paraná
SEPL & IPARDES (2005) estabeleceram conjuntamente a partir de um trabalho estatístico de
mapeamento e caracterização estrutural dos aglomerados produtivos no Estado do Paraná,
quatro tipos básicos de aglomerações produtivas segundo sua importância para a economia
local (medida pelo Quociente Locacional - QL da atividade principal) e sua importância para
o respectivo setor (medida pela participação percentual no total do emprego da atividade no
Estado). Esses quatro tipos básicos de aglomerados produtivos têm seus determinantes
resumidos na Figura 1.
Importância
local
Importância para o Setor
Elevada
(QL ‰ 5)
Reduzida
(< 20% no emprego da classe no
Estado)
Vetor de Desenvolvimento Local
(VDL)
Embrião de Aglomerado Produtivo
Local
(E)
Fonte: Adaptado de SEPL & IPARDES (2005)
Reduzida
(1< QL < 5)
Elevada
(‰ 20% no emprego de classe no
Estado)
Núcleo de Desenvolvimento
Setorial - Regional
(NDSR)
Vetor Avançado
(VA)
Figura 1 – Tipologia das aglomerações produtivas
Segundo SEPL & IPARDES (2005) dos quatro tipos básicos, o primeiro corresponde aos
aglomerados produtivos que se destacam pela grande importância para a economia local e
3
PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h
l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
para o setor de atividade econômica em torno do qual as suas atividades estão nucleadas. Esta
dupla importância do aglomerado produtivo para a região e o setor a que pertence torna-se o
“núcleo de desenvolvimento setorial - regional”.
Os aglomerados produtivos do segundo tipo são aqueles que possuem importância para o
setor (traduzida pela participação no total do emprego), os que estão diluídos num tecido
econômico muito maior e mais diversificado, ou seja, são importantes para o setor, mas o
desenvolvimento econômico local ou regional não depende deles de forma tão pronunciada.
Os aglomerados produtivos deste tipo podem ser considerados muito desenvolvidos, inclusive
por disporem de recursos locais completamente significativos, e podem ser designados pela
expressão “vetores avançados”.
O terceiro tipo de aglomerado produtivo é composto por aqueles que estão exatamente na
condição oposta à dos vetores avançados: são importantes para a economia local mas não têm
participação expressiva na atividade principal a que estão vinculados. Esta configuração
representa sobretudo um “vetor de desenvolvimento local”.
O quarto tipo de aglomerado produtivo é composto por aqueles que possuem pouca
importância para o respectivo setor e convivem, na economia local, com outras atividades
econômicas. Entretanto, pelas características estruturais observadas e pelo seu potencial, esses
constituem como “embriões de aglomerado produtivo local”, sendo por sua vez o tipo de
aglomerado produtivo mais carente de ações por parte das politicas públicas.
3.1. Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba - PR
Entre os quatro tipos básicos de aglomerações produtivas apontadas pelo SEPL & IPARDES
(2005), o Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba, localizado na região centro-oriental do
Paraná, foi identificado e classificado como Vetor de Desenvolvimento Local (VDL).
A capacidade de fomento florestal da KLABIN S.A, juntamente com a prefeitura do
município e parcerias de outros agentes locais foi de extrema importância para a formação do
aglomerado produtivo madeireiro de 1995 a 2001, gerando por sua vez emprego e renda na
região e garantindo melhores perspectivas de sobrevivência das empresas madeireiras no
mercado, especialmente das micro e pequenas empresas.
4. Metodologia e procedimentos
A pesquisa de campo contemplou um universo de 43 empresas madeireiras, sendo 46% que
atuam no segmento de desdobramento de madeira (produção de madeira serrada); 12% que
atuam no segmento de fabricação de madeira laminada e de chapas de madeira compensada;
25% que atuam no segmento de fabricação de artefatos diversos de madeira; 12% que atuam
no segmento de fabricação de móveis sob medida (residencial e escritório) e 5% que atuam
somente com prestação de serviços de secagem e beneficiamento da madeira.
A abordagem metodológica adotada para a pesquisa é qualitativa de natureza interpretativa,
sendo classificada como descritiva, com caráter exploratório. Em função dos procedimentos
técnicos adotados, classifica-se como levantamento (survey), envolvendo a interrogação direta
do proprietário, gerente de produção ou gerente/coordenador administrativo da empresa.
Utilizou-se como instrumento de coleta de dados uma entrevista estruturada com suporte de
um questionário.
5. Descrição e análise dos resultados
Serão apresentados e analisados a partir desse ponto os resultados obtidos através dos
4
PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h
l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
questionários e comentários sobre o elemento central do estudo que busca analisar as
principais características do Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba/PR.
5.1. Mão-de-obra empregada
Quanto ao número de funcionários empregados nos segmentos econômicos do setor,
constatou-se que do total de 43 empresas entrevistadas, 65% das empresas possuem de 1 a 40
funcionários, 5% das empresas possuem entre 41 e 60 funcionários e 30% das empresas
possuem mais de 60 funcionários. Verificou-se que 96% dos funcionários são do próprio
município, enquanto 4% são dos municípios vizinhos. Em termos de rotatividade dessa mãode-obra, 47% consideram a mesma alta, 25% como média e 28% como baixa.
Quanto à realização de atividades de qualificação e/ou capacitação da mão-de-obra voltada a
área de produção, 30% das empresas as realizam na empresa e 40% das empresas realizam
treinamento fora da empresa.
Constatou-se que 60% das empresas mencionaram que os funcionários são orientados e
treinados na própria empresa em serviço pelo próprio proprietário, gerente ou supervisor de
produção e 14% das empresas mencionaram que seus funcionários não realizam nenhum
treinamento, sendo considerada somente a experiência do funcionário para a função.
Em relação ao grau de escolaridade requerida no nível operacional (chão de fábrica), 60%
salientaram não exigir nenhuma escolaridade, 21% exigem ensino fundamental completo e
19% exigem ensino médio completo. Embora se verifique uma concentração alta em nenhuma
escolaridade exigida pelas empresas, os entrevistados em sua maioria citaram o conhecimento
prático na produção, disciplina, capacidade para aprender novas qualificações e iniciativa na
resolução de problemas como fatores importantes na contratação de mão-de-obra.
Quanto ao grau de escolaridade do proprietário/diretor/gerente/sócio majoritário observou-se
que 83% das empresas possuem nível de escolaridade igual ou superior ao ensino médio
completo. Em relação ao grau de escolaridade requerida no nível gerencial (encarregados e
chefes de setor/departamento), 93% das empresas requer nível de escolaridade igual ou
superior ao ensino médio, sendo que 5% dessas empresas salientaram não exigirem nenhuma
escolaridade, mas sim a experiência e somente 2% preferem que os candidatos tenham o
ensino fundamental como pré-requisito.
5.2. Ambiente empresarial
Em relação as estratégias utilizadas pelas empresas, verificou-se que as empresas
entrevistadas utilizam mais de uma estratégia para tornarem-se competitivas. Dentre essas,
32% das empresas consideram a estratégia de qualidade melhor em seus produtos oferecidos,
25% a entrega rápida dos produtos, 13% o atendimento personalizado, 10% consideram as
condições de pagamento e 7% a estratégia de preço menor.
Quando questionados sobre o mercado em que atuam, 58% das empresas consideram o
mercado em que atuam muito competitivo, devido a forte concorrência com empresas
localizadas regionalmente que nos últimos anos estão inovando em processos e equipamentos.
Verificou-se que 33% presumem atuar em um mercado de média competitividade e 9%
mencionaram estarem em um mercado de pouca competitividade.
Em relação ao posicionamento das empresas no mercado, 28% das empresas consideram que
sua empresa está entre as pequenas do setor madeireiro, 23% entre as líderes, 23% entre as
médias e 26% não sabem em que posição a sua empresa está no mercado.
5
PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h
l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
5.3. Logística
Neste ponto, observou-se que a estratégia de produção da maioria das empresas (47%) é
traçada a partir da carteira de pedidos dos clientes e programada conforme a disponibilização
de oferta de madeira pela KLABIN S.A e condições de operação de seus equipamentos. Em
termos de estocagem de produtos, observou que 53% trabalham com estoque de produto
semi-acabado, enquanto 35% com estoque de produto acabado.
Quanto aos clientes potenciais das empresas, 19% das empresas possuem clientes no próprio
estado, 9% dentro do país e 37% com clientes localizados na própria região. Ainda, 35% das
empresas mencionaram que seus clientes localizam-se no exterior em países como Indonésia,
Canadá, China, Estados Unidos, Vietnã e países da Europa.
Em relação a intenção de ampliar mercado e quantidade de clientes, 14% tem a intenção de
ampliar mercado somente no estado, 16% somente no país e 47% no exterior. As empresas
que já exportam, salientaram o desejo de maior fidelização com seus clientes externos. Entre
as empresas que tem a intenção de ampliar mercado somente na região, 23% declararam
estarem satisfeitas com seus clientes locais.
5.4. Interação com fornecedores
86% da empresas mencionaram comprarem madeira na região apenas, sendo citada a
KLABIN S.A como principal fornecedora das seguintes espécies de madeira: Eucaliptus
Grandis, Eucaliptus Saligna, Pinus Taeda, Pinus Elliotti e Araucária. Em termos de
dificuldades no fornecimento de matéria-prima, 33% das empresas citaram a oferta
insuficiente de madeira e 30% das empresas citaram a exigência de pagamento a vista e até
mesmo antecipado de mais ou menos 10 dias.
No que se refere aos fornecedores de outros bens e serviços, 53% das empresas mencionaram
que seus fornecedores estão localizados na região, onde citaram a dificuldade do munícipio
em ofertar os componentes essenciais para a produção e a ausência de serviços especializados
em máquinas e equipamentos. Verificou-se que 47% das empresas possuem fornecedores no
próprio estado.
Quando questionados sobre as formas de interação e/ou cooperação que esses fornecedores de
bens e serviços mantém com a empresa, 70% responderam que os fornecedores apoiam,
colaboram e oferecem informações para melhoria e diferenciação dos produtos finais; 72%
responderam que seus fornecedores oferecem apoio e colaboração para a solução de
problemas decorrentes de produtos e insumos fornecidos; 51% responderam que os
fornecedores solicitam sugestões de como melhorar os produtos e insumos fornecidos; 81%
responderam que os fornecedores explicam as características dos produtos e insumos
fornecidos e 81% responderam que são convidados pelos fornecedores para participarem de
feiras e exposição de equipamentos. Entre outras formas de interação e cooperação foram
citadas por um dos entrevistados: as sugestões do proprietário da empresa para com o
fornecedor na questão de melhoria e disposição dos produtos, considerando aspectos
ambientais e a participação em eventos internos da empresa, como a Semana Interna de
Prevenção de Acidentes (SIPAT).
5.5. Interação com outras empresas do setor
Uma característica favorável das aglomerações produtivas é o acesso e compartilhamento de
informações entre as empresas. Nesse sentido, procurou-se averiguar a questão da interação
entre as 43 empresas pesquisadas, conforme pode ser observado através da Tabela 1 .
6
PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h
l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
Freq.
(%)
SIM
Tipo de interação
Relacionamento extra-profissional
Relacionamento empresarial
Troca informal de informações
Troca formal de informações
Fonte: elaboração própria
95%
98%
98%
49%
2Š 4
5%
36%
17%
52%
Nº de empresários
4 Š 8 8 Š 12 12 Š 16 16 Š 20 20 Š 24 24 Š 28 28 Š 32
56% 15%
5%
0%
7%
2%
10%
36% 24%
2%
0%
2%
0%
0%
57% 19%
2%
0%
2%
2%
0%
33% 14%
0%
0%
0%
0%
0%
Tabela 1 – Interação com outras empresas do setor
Constatou-se que é acima de 90% os entrevistados que responderam que possuem
relacionamento extra-profissional, (como amizade e interação social caracterizada por
encontros informais com outros empresários), relacionamento empresarial e praticam troca
informal de informações (envolvendo em alguns casos aspectos relacionados a novas
tecnologias do mercado, disponibilidade de créditos, concorrência, qualidade e especificação
do produto, máquinas e equipamentos). Porém, esse universo de relacionamento se restringe a
não mais que 16 empresários. Comparativamente, verifica-se que a troca de informações
formais acontecem com menor frequência, sendo que 49% dos entrevistados responderam
trocar informações formais principalmente com empresários do mesmo segmento a respeito
de questões que envolve: a aquisição e transporte da madeira, canais comuns de distribuição,
exportação e outras que exigem um grau maior de discussão e formalidade.
5.6. Formas gerais de compartilhamento
Considerando a cooperação como um dos princípios básicos de funcionamento de um
aglomerado produtivo, verificou-se a opinião dos entrevistados quanto à possibilidade de
execução de atividades administrativas, comerciais e organizacionais de forma cooperativa.
As respostas são evidenciadas na Tabela 2.
Ações coletivas
Contratação e treinamento de pessoal
Desenvolvimento conjunto de novas
tecnologias
Compartilhamento de instalações
Compartilhamento de publicidade de
produtos
Compartilhamento de promoção de
novos produtos
Manutenção de um escritório de vendas
para o mercado externo
Compra compartilhada de suprimentos
e matéria-prima
Total
Frequência
Fonte: elaboração própria
Concorda
Plenamente
27 (63%)
Concorda
Parcialmente
10 (23%)
Prefere Discorda Discorda
não opinar
Totalmente
0 (0%)
1 (2%)
5 (12%)
19 (44%)
4 (9%)
16 (37%)
10 (23%)
0 (0%)
1 (2%)
6 (14%)
5 (12%)
2 (5%)
23 (54%)
21 (49%)
8 (19%)
3 (7%)
0 (0%)
11 (25%)
15 (35%)
12 (28%)
4 (9%)
5 (12%)
7 (16%)
20 (47%)
7 (16%)
3 (7%)
3 (7%)
10 (23%)
18 (42%)
124
41%
4 (9%)
67
22%
2 (5%)
13
5%
5 (12%)
25
8%
14 (32%)
72
24%
Tabela 2 – Ações coletivas versus opiniões dos empresários
Os entrevistados em sua maioria abordaram a dificuldade na obtenção de mão-de-obra
qualificada na região para determinadas funções do processo produtivo, citando o Serviço
7
PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h
l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
Nacional de Emprego (SINE) como um dos órgãos que disponibiliza consulta para
preenchimento de vagas. Dessa forma, 86% concordam que esta atividade possa ser realizada
de forma cooperativa à medida que auxiliaria na demanda de funções comuns aos segmentos.
Quanto ao desenvolvimento conjunto de novas tecnologias, o índice de concordância foi de
81%. Nestes termos, presumem que essa forma de atividade seja possível, porém de forma
que a tecnologia seja desenvolvida conforme as necessidades específicas de cada segmento.
No que se refere ao compartilhamento de instalações, houve uma discordância de 66%, pois
salientaram a importância de cada empresa possuir seu próprio espaço de trabalho. Houve por
sua vez, 32% que concordam com o compartilhamento de instalações. Um dos entrevistados
mencionou a importância do vínculo de amizade nessa forma de cooperação.
Quanto ao compartilhamento de publicidade de produtos, o índice de concordância foi de
68%, onde mencionaram que seus produtos seriam mais conhecidos tanto no mercado interno
como externo. Verificou-se que 25% discordam, pois julgam que essa forma de cooperação
não daria certo devido aos diferentes produtos e particularidades de cada empresa.
Cerca de 63% dos entrevistados concordam com a promoção de novos produtos.
Mencionaram a importância do compartilhamento do conhecimento para a criação de novos
produtos com maior valor agregado para o mercado interno e externo.
Quando abordados sobre a possibilidade de manutenção de um escritório de vendas para o
mercado externo, 63% concordam com essa forma de cooperação. Neste aspecto, consideram
a importância de um agente externo para cada segmento, visto que a demanda externa está
direcionada a produtos diferentes. Dos 30% dos entrevistados que discordam, estão presentes
aqueles que estão focados mais para a o mercado interno.
Em termos de compra compartilhada de suprimentos e matéria-prima, 55% concordaram com
essa forma de cooperação, salientando que isso deva ser feito somente entre os empresários do
mesmo segmento. Houve 44% que discordaram com essa prática, pois consideram que os
insumos são diferentes em cada segmento. Em relação à matéria-prima, salientaram que a
KLABIN S.A já oferece uma cota específica de madeira, atendendo a demanda de cada
empresa.
6. Conclusão
Entre as principais vantagens competitivas do Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba/PR,
destaca-se a presença da KLABIN S.A como agente centralizador no fornecimento da
matéria-prima, proporcionando alternativas de sobrevivência e competitividade às MPME’s.
Quando se constatou que 96% da mão-de-obra é do próprio município, verifica-se a
relevância do aglomerado como um vetor de desenvolvimento e sua participação na economia
local, gerando emprego e renda na região.
Uma das principais deficiências apontadas pela maioria dos entrevistados está na dificuldade
em obter mão-de-obra qualificada na região para determinadas funções específicas do
processo produtivo, o que acaba constituindo-se em um fator de entrave ao crescimento,
desenvolvimento e competitividade das empresas locais.
Nota-se ainda que a cooperação horizontal realizada entre as empresas é ainda incipiente,
ocorrendo na maioria dos casos de forma isolada entre empresários do mesmo segmento.
Dessa forma, considerando um índice de concordância nas formas de compartilhamento de
63%, sendo 41% de concordância total e 22% de concordância parcial, verifica-se a
possibilidade de uma melhor articulação entre empresas para identificar problemas e gerar
8
PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h
l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
soluções. Nesse intuito, torna-se fundamental que outros agentes locais como instituições de
ensino e outras organizações tornem-se parceiros do aglomerado e trabalhem em busca de
objetivos comuns as empresas locais.
Verifica-se que o Aglomerado Produtivo estudado caracteriza-se pela formação de um cluster
em potencial, onde um dos maiores desafios das empresas integrantes está centrado na
capacidade de buscar novas tecnologias, novos mercados e métodos de integração com
clientes e fornecedores, maior união e sinergia entre os empresários para ampliar a capacidade
econômica e competititiva.
Referências
AMATO NETO, J. Redes de Cooperação Produtiva e Clusters Regionais: Oportunidades para as pequenas e
médias empresas. São Paulo: Atlas, 2000.
BRITO, J. Características Estruturais dos Clusters Industriais na Economia Brasileira. Rio de Janeiro:
UFRJ/IE, 2000. (Nota técnica, 29/00). Disponível em http://www.ie.ufrj.br/redesist/P2/textos/NT29.PDF. Acesso
em: 08 fev.2005.
DEBIASI, F. Modelo de Identificação e Mapeamento de Clusters para Elaboração de Propostas de
Desenvolvimento Regional. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – UFSC/Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.
GIANESI, I.G. & CORRÊA, H.L. Administração Estratégica de Serviços: Operações para a Satisfação dos
Clientes. São Paulo: Atlas, 1996.
HADDAD, P.R. Cluster e Desenvolvimento Regional no Brasil. Revista Brasileira de Competitividade. Belo
horizonte: Instituto Metas, ano 1, nº 2, Agost/Set.2001
LATRES, H.M.M. Casamento arranjado. Revista Empreendedor: Inovação e valor aos negócios. São Paulo,
ano 10, n.112, p.42-51, Fevereiro/2004.
PORTER, M.E. Competição: Estratégias Competitivas Essenciais. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
SCHMITZ, H. & NADVI, K. Clustering and Industrialization: Introduction. World Development. UK, v. 27,
n. 9, p.1503-1514, 1999.
SEPL, Secretaria do Estado do Planejamento & Coordenação Geral; IPARDES, Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social. Identificação, caracterização, construção de tipologia e apoio na
formulação de políticas para os Arranjos Produtivos Locais (APLs) do Estado do Paraná. Curitiba: IPARDES,
2005.
SUZIGAN, W. APLs Geram Desenvolvimento. Revista Tecnicouro. Rio Grande do Sul, n.9, v.25, p.64 - 72,
Nov./Dez.2004.
9
Download

AGLOMERAÇÃO PRODUTIVA DE MPME`S COMO VETOR