!"#$" %'&)(*&)+,.- /10.2*&4365879&4/1:.+58;.2*<>=?5.@A2*3B;.- C)D 5.,.5FE)5.G.+&4- (IHJ&?,.+/?<>=)5.KA:.+5MLN&OHJ5F&4E)2*EOHJ&)(IHJ/)G.- D - ;./);.& Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 AGLOMERAÇÃO PRODUTIVA DE MPME’S COMO VETOR DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: ESTUDO EXPLORATÓRIO EM UM DISTRITO INDUSTRIAL MADEIREIRO Leozenir Mendes Betim (SESP) [email protected] Luiz Mauricio Resende (SESP) [email protected] Magda Lauri Gomes Leite (SESP) [email protected] O presente artigo tem por objetivo analisar as principais características do Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba/PR, apontado pelo governo estadual como um aglomerado do tipo Vetor de Desenvolvimento Local (VDL). Na busca desse objetivo,, duas fases de pesquisa foram contempladas. Na primeira realizou-se um levantamento bibliográfico sobre os principais conceitos, características e tipologia das aglomerações produtivas. A outra etapa constou de uma pesquisa de campo, considerando um universo de 43 MPME’s, pertencentes ao Distrito Industrial do município. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados uma entrevista estruturada com suporte de um questionário com questões fechadas e anotadas sequencialmente. Os principais resultados apontam que o Aglomerado Produtivo caracteriza-se pela formação de um cluster em potencial, onde um dos maiores desafios das empresas integrantes está centrado na capacidade de buscar novas tecnologias, novos mercados e métodos de integração com clientes e fornecedores, maior união e sinergia entre os empresários para ampliar sua capacidade econômica e competitiva. Palavras-chaves: Aglomerações Produtivas; Desenvolvimento Local; Competitividade PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 1. Introdução Nota-se atualmente que inúmeros são os autores que tem lançado mão da idéia do entrelaçamento entre empresas, principalmente entre MPME’s (Micro, Pequenas e Médias empresas), buscando um quadro mais favorável para suas operações no mercado, alinhadas com uma realidade dinâmica e em constante mudança. A idéia central difundida por pesquisadores, segundo Lastres (2004) é que um arranjo é um sistema que pode se encontrar fragmentado (faltando elementos) e desarticulado (faltando interação). Sistemas e arranjos variarão desde aqueles mais complexos e articulados aqueles mais simples. Independente da forma que a aglomeração assuma, várias são as abordagens que preconizam que esta forma de organização da produção tem auxiliado empresas dos mais variados tamanhos e, particularmente as pequenas e médias empresas, a superarem barreiras ao seu crescimento. Com intuito de desenvolvimento de políticas públicas de apoio e implementação, o governo do estado do Paraná mediante a Secretaria do Estado e Planejamento (SEPL) e do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) identificou no ano de 2005 as aglomerações de empresas paranaenses. Nesse contexto, o presente artigo tem por objetivo analisar as principais características do Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba/PR, apontado pelo governo estadual como um aglomerado do tipo Vetor de Desenvolvimento Local (VDL). Para tanto, realizou-se uma pesquisa com 43 MPME’s, localizadas em sua maioria no Distrito Industrial do município. 2. Aglomeração produtiva: conceitos e principais características Britto (2000) define os aglomerados ou arranjos produtivos locais como concentrações geográficas de atividades econômicas similares e/ou fortemente inter-relacionadas ou interdependentes. Esta aglomeração espacial econômica já formulada por Marshall em 1920, originalmente costumava ser caracterizada a partir dos desdobramentos da análise dos Distritos Industriais. Schmitz & Nadvi (1999) apresentam uma definição simples e operacional ao termo aglomerados produtivos (clusters), como sendo apenas uma concentração setorial e espacial de firmas com ênfase em uma visão de empresas com entidades conectadas nos fatores locais para a competição nos mercados globais. Diante dessa afirmação, Amato Neto (2000) complementa que os “clusters” já podem ser considerados como formas mais estruturadas de aglomeração de empresas, envolvendo também fornecedores de matéria-prima e equipamentos, canais de distribuição e de assistência a seus produtos. Para Haddad (2001) não faz sentido falar de um aglomerado produtivo (cluster), sem contextualizá-lo espacialmente. Isto é, um cluster numa região X é diferente de um cluster na região Y. Entre os motivos dessa diferenciação, o autor aponta o nível organizacional dos produtos, a qualidade da mão-de-obra, a logística de transporte, os indicadores de desenvolvimento sustentável, os insumos, os conhecimentos científicos e tecnológicos, etc. Verifica-se que a grande diferença existente entre o que é definido por aglomerado ou cluster em um simples agrupamento de empresas em um mesmo local, diz respeito à dedicação das empresas para uma mesma linha de produtos e a existência de sinergia entre as mesmas. Entre os benefícios decorrentes da proximidade geográfica entre clientes e fornecedores, Gianesi & Correa (1996) citam a otimização da utilização de equipamentos e insumos através 2 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 de aconselhamento informal pelo fornecedor do mesmo, treinamento formal e informal de funcionários, redução do tempo de espera de assistência técnica e maior personalização no atendimento. Outro aspecto considerado por McCormick (1999 apud Debiasi, 2001) é que os clusters facilitam a criação de mão-de-obra especializada na região, visto que esta mão-deobra especializada e experiente traz uma série de vantagens tanto para os trabalhadores como para as empresas. Segundo Porter (1999) uma característica muito favorável dos clusters é o acesso às informações, pois essas informações quando utilizadas de maneira correta, podem determinar o sucesso das empresas, pois através delas é possível aumentar a produtividade da empresa, acelerar as inovações, acelerar a transferência de know-how entre as empresas e atender melhor e mais rapidamente as necessidades dos clientes. Suzigan (2004) ao referir-se a aglomerados de empresas como um Arranjo Produtivo Local (APL) considera a cooperação como um dos princípios básicos de funcionamento de um arranjo, cujo sucesso pressupõe a valorização dos aspectos sócio-culturais da região e a disponibilidade de apoio técnico e econômico, porém não se deve considerar que as empresas locais não tenham ou não desejem competir entre si para a conquista de posições mais expressivas no mercado, que é uma das regras do sistema capitalista em que estão inseridas. Outro aspecto considerado é que a concentração de empresas afins em uma determinada região favorece o marketing coletivo. Este acontece através não só da publicidade em si, mas através de feiras, revistas especializadas e entre outros meios (PORTER, 1999). Na visão do mesmo autor, um cluster será, então, tão mais completo quanto mais atender às características anteriormente mencionadas. Porém, mesmo incompletos, os clusters já apresentam vantagens com relação as empresas competindo isoladamente. 3. Tipologia das aglomerações produtivas no Paraná SEPL & IPARDES (2005) estabeleceram conjuntamente a partir de um trabalho estatístico de mapeamento e caracterização estrutural dos aglomerados produtivos no Estado do Paraná, quatro tipos básicos de aglomerações produtivas segundo sua importância para a economia local (medida pelo Quociente Locacional - QL da atividade principal) e sua importância para o respectivo setor (medida pela participação percentual no total do emprego da atividade no Estado). Esses quatro tipos básicos de aglomerados produtivos têm seus determinantes resumidos na Figura 1. Importância local Importância para o Setor Elevada (QL 5) Reduzida (< 20% no emprego da classe no Estado) Vetor de Desenvolvimento Local (VDL) Embrião de Aglomerado Produtivo Local (E) Fonte: Adaptado de SEPL & IPARDES (2005) Reduzida (1< QL < 5) Elevada ( 20% no emprego de classe no Estado) Núcleo de Desenvolvimento Setorial - Regional (NDSR) Vetor Avançado (VA) Figura 1 – Tipologia das aglomerações produtivas Segundo SEPL & IPARDES (2005) dos quatro tipos básicos, o primeiro corresponde aos aglomerados produtivos que se destacam pela grande importância para a economia local e 3 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 para o setor de atividade econômica em torno do qual as suas atividades estão nucleadas. Esta dupla importância do aglomerado produtivo para a região e o setor a que pertence torna-se o “núcleo de desenvolvimento setorial - regional”. Os aglomerados produtivos do segundo tipo são aqueles que possuem importância para o setor (traduzida pela participação no total do emprego), os que estão diluídos num tecido econômico muito maior e mais diversificado, ou seja, são importantes para o setor, mas o desenvolvimento econômico local ou regional não depende deles de forma tão pronunciada. Os aglomerados produtivos deste tipo podem ser considerados muito desenvolvidos, inclusive por disporem de recursos locais completamente significativos, e podem ser designados pela expressão “vetores avançados”. O terceiro tipo de aglomerado produtivo é composto por aqueles que estão exatamente na condição oposta à dos vetores avançados: são importantes para a economia local mas não têm participação expressiva na atividade principal a que estão vinculados. Esta configuração representa sobretudo um “vetor de desenvolvimento local”. O quarto tipo de aglomerado produtivo é composto por aqueles que possuem pouca importância para o respectivo setor e convivem, na economia local, com outras atividades econômicas. Entretanto, pelas características estruturais observadas e pelo seu potencial, esses constituem como “embriões de aglomerado produtivo local”, sendo por sua vez o tipo de aglomerado produtivo mais carente de ações por parte das politicas públicas. 3.1. Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba - PR Entre os quatro tipos básicos de aglomerações produtivas apontadas pelo SEPL & IPARDES (2005), o Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba, localizado na região centro-oriental do Paraná, foi identificado e classificado como Vetor de Desenvolvimento Local (VDL). A capacidade de fomento florestal da KLABIN S.A, juntamente com a prefeitura do município e parcerias de outros agentes locais foi de extrema importância para a formação do aglomerado produtivo madeireiro de 1995 a 2001, gerando por sua vez emprego e renda na região e garantindo melhores perspectivas de sobrevivência das empresas madeireiras no mercado, especialmente das micro e pequenas empresas. 4. Metodologia e procedimentos A pesquisa de campo contemplou um universo de 43 empresas madeireiras, sendo 46% que atuam no segmento de desdobramento de madeira (produção de madeira serrada); 12% que atuam no segmento de fabricação de madeira laminada e de chapas de madeira compensada; 25% que atuam no segmento de fabricação de artefatos diversos de madeira; 12% que atuam no segmento de fabricação de móveis sob medida (residencial e escritório) e 5% que atuam somente com prestação de serviços de secagem e beneficiamento da madeira. A abordagem metodológica adotada para a pesquisa é qualitativa de natureza interpretativa, sendo classificada como descritiva, com caráter exploratório. Em função dos procedimentos técnicos adotados, classifica-se como levantamento (survey), envolvendo a interrogação direta do proprietário, gerente de produção ou gerente/coordenador administrativo da empresa. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados uma entrevista estruturada com suporte de um questionário. 5. Descrição e análise dos resultados Serão apresentados e analisados a partir desse ponto os resultados obtidos através dos 4 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 questionários e comentários sobre o elemento central do estudo que busca analisar as principais características do Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba/PR. 5.1. Mão-de-obra empregada Quanto ao número de funcionários empregados nos segmentos econômicos do setor, constatou-se que do total de 43 empresas entrevistadas, 65% das empresas possuem de 1 a 40 funcionários, 5% das empresas possuem entre 41 e 60 funcionários e 30% das empresas possuem mais de 60 funcionários. Verificou-se que 96% dos funcionários são do próprio município, enquanto 4% são dos municípios vizinhos. Em termos de rotatividade dessa mãode-obra, 47% consideram a mesma alta, 25% como média e 28% como baixa. Quanto à realização de atividades de qualificação e/ou capacitação da mão-de-obra voltada a área de produção, 30% das empresas as realizam na empresa e 40% das empresas realizam treinamento fora da empresa. Constatou-se que 60% das empresas mencionaram que os funcionários são orientados e treinados na própria empresa em serviço pelo próprio proprietário, gerente ou supervisor de produção e 14% das empresas mencionaram que seus funcionários não realizam nenhum treinamento, sendo considerada somente a experiência do funcionário para a função. Em relação ao grau de escolaridade requerida no nível operacional (chão de fábrica), 60% salientaram não exigir nenhuma escolaridade, 21% exigem ensino fundamental completo e 19% exigem ensino médio completo. Embora se verifique uma concentração alta em nenhuma escolaridade exigida pelas empresas, os entrevistados em sua maioria citaram o conhecimento prático na produção, disciplina, capacidade para aprender novas qualificações e iniciativa na resolução de problemas como fatores importantes na contratação de mão-de-obra. Quanto ao grau de escolaridade do proprietário/diretor/gerente/sócio majoritário observou-se que 83% das empresas possuem nível de escolaridade igual ou superior ao ensino médio completo. Em relação ao grau de escolaridade requerida no nível gerencial (encarregados e chefes de setor/departamento), 93% das empresas requer nível de escolaridade igual ou superior ao ensino médio, sendo que 5% dessas empresas salientaram não exigirem nenhuma escolaridade, mas sim a experiência e somente 2% preferem que os candidatos tenham o ensino fundamental como pré-requisito. 5.2. Ambiente empresarial Em relação as estratégias utilizadas pelas empresas, verificou-se que as empresas entrevistadas utilizam mais de uma estratégia para tornarem-se competitivas. Dentre essas, 32% das empresas consideram a estratégia de qualidade melhor em seus produtos oferecidos, 25% a entrega rápida dos produtos, 13% o atendimento personalizado, 10% consideram as condições de pagamento e 7% a estratégia de preço menor. Quando questionados sobre o mercado em que atuam, 58% das empresas consideram o mercado em que atuam muito competitivo, devido a forte concorrência com empresas localizadas regionalmente que nos últimos anos estão inovando em processos e equipamentos. Verificou-se que 33% presumem atuar em um mercado de média competitividade e 9% mencionaram estarem em um mercado de pouca competitividade. Em relação ao posicionamento das empresas no mercado, 28% das empresas consideram que sua empresa está entre as pequenas do setor madeireiro, 23% entre as líderes, 23% entre as médias e 26% não sabem em que posição a sua empresa está no mercado. 5 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 5.3. Logística Neste ponto, observou-se que a estratégia de produção da maioria das empresas (47%) é traçada a partir da carteira de pedidos dos clientes e programada conforme a disponibilização de oferta de madeira pela KLABIN S.A e condições de operação de seus equipamentos. Em termos de estocagem de produtos, observou que 53% trabalham com estoque de produto semi-acabado, enquanto 35% com estoque de produto acabado. Quanto aos clientes potenciais das empresas, 19% das empresas possuem clientes no próprio estado, 9% dentro do país e 37% com clientes localizados na própria região. Ainda, 35% das empresas mencionaram que seus clientes localizam-se no exterior em países como Indonésia, Canadá, China, Estados Unidos, Vietnã e países da Europa. Em relação a intenção de ampliar mercado e quantidade de clientes, 14% tem a intenção de ampliar mercado somente no estado, 16% somente no país e 47% no exterior. As empresas que já exportam, salientaram o desejo de maior fidelização com seus clientes externos. Entre as empresas que tem a intenção de ampliar mercado somente na região, 23% declararam estarem satisfeitas com seus clientes locais. 5.4. Interação com fornecedores 86% da empresas mencionaram comprarem madeira na região apenas, sendo citada a KLABIN S.A como principal fornecedora das seguintes espécies de madeira: Eucaliptus Grandis, Eucaliptus Saligna, Pinus Taeda, Pinus Elliotti e Araucária. Em termos de dificuldades no fornecimento de matéria-prima, 33% das empresas citaram a oferta insuficiente de madeira e 30% das empresas citaram a exigência de pagamento a vista e até mesmo antecipado de mais ou menos 10 dias. No que se refere aos fornecedores de outros bens e serviços, 53% das empresas mencionaram que seus fornecedores estão localizados na região, onde citaram a dificuldade do munícipio em ofertar os componentes essenciais para a produção e a ausência de serviços especializados em máquinas e equipamentos. Verificou-se que 47% das empresas possuem fornecedores no próprio estado. Quando questionados sobre as formas de interação e/ou cooperação que esses fornecedores de bens e serviços mantém com a empresa, 70% responderam que os fornecedores apoiam, colaboram e oferecem informações para melhoria e diferenciação dos produtos finais; 72% responderam que seus fornecedores oferecem apoio e colaboração para a solução de problemas decorrentes de produtos e insumos fornecidos; 51% responderam que os fornecedores solicitam sugestões de como melhorar os produtos e insumos fornecidos; 81% responderam que os fornecedores explicam as características dos produtos e insumos fornecidos e 81% responderam que são convidados pelos fornecedores para participarem de feiras e exposição de equipamentos. Entre outras formas de interação e cooperação foram citadas por um dos entrevistados: as sugestões do proprietário da empresa para com o fornecedor na questão de melhoria e disposição dos produtos, considerando aspectos ambientais e a participação em eventos internos da empresa, como a Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT). 5.5. Interação com outras empresas do setor Uma característica favorável das aglomerações produtivas é o acesso e compartilhamento de informações entre as empresas. Nesse sentido, procurou-se averiguar a questão da interação entre as 43 empresas pesquisadas, conforme pode ser observado através da Tabela 1 . 6 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 Freq. (%) SIM Tipo de interação Relacionamento extra-profissional Relacionamento empresarial Troca informal de informações Troca formal de informações Fonte: elaboração própria 95% 98% 98% 49% 2 4 5% 36% 17% 52% Nº de empresários 4 8 8 12 12 16 16 20 20 24 24 28 28 32 56% 15% 5% 0% 7% 2% 10% 36% 24% 2% 0% 2% 0% 0% 57% 19% 2% 0% 2% 2% 0% 33% 14% 0% 0% 0% 0% 0% Tabela 1 – Interação com outras empresas do setor Constatou-se que é acima de 90% os entrevistados que responderam que possuem relacionamento extra-profissional, (como amizade e interação social caracterizada por encontros informais com outros empresários), relacionamento empresarial e praticam troca informal de informações (envolvendo em alguns casos aspectos relacionados a novas tecnologias do mercado, disponibilidade de créditos, concorrência, qualidade e especificação do produto, máquinas e equipamentos). Porém, esse universo de relacionamento se restringe a não mais que 16 empresários. Comparativamente, verifica-se que a troca de informações formais acontecem com menor frequência, sendo que 49% dos entrevistados responderam trocar informações formais principalmente com empresários do mesmo segmento a respeito de questões que envolve: a aquisição e transporte da madeira, canais comuns de distribuição, exportação e outras que exigem um grau maior de discussão e formalidade. 5.6. Formas gerais de compartilhamento Considerando a cooperação como um dos princípios básicos de funcionamento de um aglomerado produtivo, verificou-se a opinião dos entrevistados quanto à possibilidade de execução de atividades administrativas, comerciais e organizacionais de forma cooperativa. As respostas são evidenciadas na Tabela 2. Ações coletivas Contratação e treinamento de pessoal Desenvolvimento conjunto de novas tecnologias Compartilhamento de instalações Compartilhamento de publicidade de produtos Compartilhamento de promoção de novos produtos Manutenção de um escritório de vendas para o mercado externo Compra compartilhada de suprimentos e matéria-prima Total Frequência Fonte: elaboração própria Concorda Plenamente 27 (63%) Concorda Parcialmente 10 (23%) Prefere Discorda Discorda não opinar Totalmente 0 (0%) 1 (2%) 5 (12%) 19 (44%) 4 (9%) 16 (37%) 10 (23%) 0 (0%) 1 (2%) 6 (14%) 5 (12%) 2 (5%) 23 (54%) 21 (49%) 8 (19%) 3 (7%) 0 (0%) 11 (25%) 15 (35%) 12 (28%) 4 (9%) 5 (12%) 7 (16%) 20 (47%) 7 (16%) 3 (7%) 3 (7%) 10 (23%) 18 (42%) 124 41% 4 (9%) 67 22% 2 (5%) 13 5% 5 (12%) 25 8% 14 (32%) 72 24% Tabela 2 – Ações coletivas versus opiniões dos empresários Os entrevistados em sua maioria abordaram a dificuldade na obtenção de mão-de-obra qualificada na região para determinadas funções do processo produtivo, citando o Serviço 7 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 Nacional de Emprego (SINE) como um dos órgãos que disponibiliza consulta para preenchimento de vagas. Dessa forma, 86% concordam que esta atividade possa ser realizada de forma cooperativa à medida que auxiliaria na demanda de funções comuns aos segmentos. Quanto ao desenvolvimento conjunto de novas tecnologias, o índice de concordância foi de 81%. Nestes termos, presumem que essa forma de atividade seja possível, porém de forma que a tecnologia seja desenvolvida conforme as necessidades específicas de cada segmento. No que se refere ao compartilhamento de instalações, houve uma discordância de 66%, pois salientaram a importância de cada empresa possuir seu próprio espaço de trabalho. Houve por sua vez, 32% que concordam com o compartilhamento de instalações. Um dos entrevistados mencionou a importância do vínculo de amizade nessa forma de cooperação. Quanto ao compartilhamento de publicidade de produtos, o índice de concordância foi de 68%, onde mencionaram que seus produtos seriam mais conhecidos tanto no mercado interno como externo. Verificou-se que 25% discordam, pois julgam que essa forma de cooperação não daria certo devido aos diferentes produtos e particularidades de cada empresa. Cerca de 63% dos entrevistados concordam com a promoção de novos produtos. Mencionaram a importância do compartilhamento do conhecimento para a criação de novos produtos com maior valor agregado para o mercado interno e externo. Quando abordados sobre a possibilidade de manutenção de um escritório de vendas para o mercado externo, 63% concordam com essa forma de cooperação. Neste aspecto, consideram a importância de um agente externo para cada segmento, visto que a demanda externa está direcionada a produtos diferentes. Dos 30% dos entrevistados que discordam, estão presentes aqueles que estão focados mais para a o mercado interno. Em termos de compra compartilhada de suprimentos e matéria-prima, 55% concordaram com essa forma de cooperação, salientando que isso deva ser feito somente entre os empresários do mesmo segmento. Houve 44% que discordaram com essa prática, pois consideram que os insumos são diferentes em cada segmento. Em relação à matéria-prima, salientaram que a KLABIN S.A já oferece uma cota específica de madeira, atendendo a demanda de cada empresa. 6. Conclusão Entre as principais vantagens competitivas do Aglomerado Produtivo de Telêmaco Borba/PR, destaca-se a presença da KLABIN S.A como agente centralizador no fornecimento da matéria-prima, proporcionando alternativas de sobrevivência e competitividade às MPME’s. Quando se constatou que 96% da mão-de-obra é do próprio município, verifica-se a relevância do aglomerado como um vetor de desenvolvimento e sua participação na economia local, gerando emprego e renda na região. Uma das principais deficiências apontadas pela maioria dos entrevistados está na dificuldade em obter mão-de-obra qualificada na região para determinadas funções específicas do processo produtivo, o que acaba constituindo-se em um fator de entrave ao crescimento, desenvolvimento e competitividade das empresas locais. Nota-se ainda que a cooperação horizontal realizada entre as empresas é ainda incipiente, ocorrendo na maioria dos casos de forma isolada entre empresários do mesmo segmento. Dessa forma, considerando um índice de concordância nas formas de compartilhamento de 63%, sendo 41% de concordância total e 22% de concordância parcial, verifica-se a possibilidade de uma melhor articulação entre empresas para identificar problemas e gerar 8 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 soluções. Nesse intuito, torna-se fundamental que outros agentes locais como instituições de ensino e outras organizações tornem-se parceiros do aglomerado e trabalhem em busca de objetivos comuns as empresas locais. Verifica-se que o Aglomerado Produtivo estudado caracteriza-se pela formação de um cluster em potencial, onde um dos maiores desafios das empresas integrantes está centrado na capacidade de buscar novas tecnologias, novos mercados e métodos de integração com clientes e fornecedores, maior união e sinergia entre os empresários para ampliar a capacidade econômica e competititiva. Referências AMATO NETO, J. Redes de Cooperação Produtiva e Clusters Regionais: Oportunidades para as pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas, 2000. BRITO, J. Características Estruturais dos Clusters Industriais na Economia Brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ/IE, 2000. (Nota técnica, 29/00). Disponível em http://www.ie.ufrj.br/redesist/P2/textos/NT29.PDF. Acesso em: 08 fev.2005. DEBIASI, F. Modelo de Identificação e Mapeamento de Clusters para Elaboração de Propostas de Desenvolvimento Regional. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – UFSC/Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001. 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