i GRUPO SANTA CASA DE BELO HORIZONTE INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA – IEP Curso de Pós-graduação Stricto Sensu Mestrado Fabrício Alves de Oliveira Campos ESTUDO COMPARATIVO DA EVOLUÇÃO DA PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL EM PREMATUROS QUANTO ÀS ABORDAGENS CLÍNICA E CIRÚRGICA Belo Horizonte 2013 ii FABRÍCIO ALVES DE OLIVEIRA CAMPOS ESTUDO COMPARATIVO DA EVOLUÇÃO DA PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL EM PREMATUROS QUANTO ÀS ABORDAGENS CLÍNICA E CIRÚRGICA Dissertação apresentada ao Programa de Pós–Graduação Stricto-Sensu do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP - Santa Casa de Belo Horizonte, para obtenção do grau de Mestre em Medicina e Biomedicina. ORIENTADOR: Ronaldo Alberti Belo Horizonte 2013 Prof. Dr. Luiz iii FICHA CATALOGRÁFICA Campos, Fabrício Alves de Oliveira Estudo Comparativo da Evolução da Persistência do Canal Arterial Quanto às Abordagens Clínica e Cirúrgica Belo Horizonte: Hospital da Santa Casa de Belo Horizonte, 2013. 73f. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação Stricto-Sensu do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP – Santa Casa de Belo Horizonte para obtenção de grau de Mestre em Medicina e Biomedicina. Orientação: Prof. Dr. Luiz Ronaldo Alberti Comparative Study of Evaluation of the Persistent Ductus Arteriosus Evolution About Clinical and Surgical Approachs. 1. Persistent Ductus Arteriosus 2. Abordagem 3.PCA 4. Prematuros 5. Ecocardiografia iv ESTUDO COMPARATIVO DA EVOLUÇÃO DA PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL EM PREMATUROS QUANTO ÀS ABORDAGENS CLÍNICA E CIRÚRGICA FABRÍCIO ALVES DE OLIVEIRA CAMPOS Nível: Mestrado Data da defesa: 13/08/2013 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP – Santa Casa de Belo Horizonte. Comissão Examinadora formada pelos Professores: _______________________________________________________________ Prof. Dr. Francisco das Chagas Lima e Silva _______________________________________________________________ Prof. Dra. Maria da Glória Cruvinel Horta _______________________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Ronaldo Alberti – Orientador Belo Horizonte – MG 2013 v A meus pais, que me incentivaram, me apoiaram e por serem responsáveis por meu gosto pelo saber e às minhas irmãs, que sempre estiveram comigo. vi AGRADECIMENTOS Agradeço a minha família, sem cujo apoio eu não estaria aqui. Obrigado pela orientação e pelos conselhos, por sempre estarem quando eu mais precisei e por me ensinarem que foco, dedicação e força de vontade são as ferramentas para a melhor, embora muitas vezes não a mais fácil, maneira de se conquistar objetivos. Agradeço a Dra. Fátima Derlene, por tanto me auxiliar na formação deste trabalho e por contribuir com seu conhecimento teórico e prático na área da neonatologia. Ao Dr. Pedro Lazaroni, colega de turma e ao futuro Dr. Ivan Rocha Mirabeau, pela contribuição essencial para confecção e conclusão deste trabalho. Ao Dr. Flávio Diniz Capanema, professor dos tempos de faculdade que me apresentou oportunidades de caminhos a seguir e um dos responsáveis pelo meu gosto pela área da neonatologia. Agradeço à Dra. Lúcia Amorim, a qual tive o doce prazer de ter como professora, por me abrir os olhos para as possibilidades na área da pesquisa e por me ajudar mostrando-me sempre soluções simples para os problemas. Ao Prof. Dr. Luiz Ronaldo Alberti, meu orientador, pela disponibilidade, paciência, pelas sugestões, por ser prestativo e me responder os emails e mensagens, por vezes de madrugada, e por me aceitar como seu aluno de mestrado, me auxiliando no desenvolvimento do meu lado de pesquisador. Aos funcionários do Hospital Municipal Odilon Behrens, que ajudaram na coleta de dados e esclarecimento de dúvidas, facilitando nosso serviço. Aos professores e funcionários do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) da Santa Casa de Belo Horizonte, pelas aulas e informações transmitidas. Por fim, a todos os que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão deste trabalho. vii ÍNDICE GERAL 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1 2 OBJETIVOS .................................................................................................... 8 3 MÉTODO......................................................................................................... 9 3.1 ASPECTOS ÉTICOS.................................................................................... 9 3.2 DESENHO DO ESTUDO ............................................................................. 9 3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO......................................................................... 9 3.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ..................................................................... 10 3.5 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .......................................................... 10 3.6 GRUPOS DE VARIÁVEIS .......................................................................... 10 3.6.1 Epidemiológicas ...................................................................................... 10 3.6.2 Clínicas e ecocardiográficas.................................................................... 11 3.7 COLETA DE DADOS ................................................................................. 11 3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................ 12 3.8.1 Análise Descritiva .................................................................................... 12 3.8.2 Análise Exploratória ................................................................................ 13 3.8.3 Análise Univariada .................................................................................. 14 3.8.4. Análise Multivariada ............................................................................... 14 4 RESULTADOS .............................................................................................. 16 4.1 ANÁLISE DESCRITIVA .............................................................................. 16 4.2 ANÁLISE EXPLORATÓRIA ....................................................................... 18 4.3 ANÁLISES UNIVARIADA E MULTIVARIADA ......................................... 22 4..3.1 Fechamento Espontâneo como Referência ........................................... 22 4.3.2 Fechamento Farmacológico como Referência ........................................ 25 4.4 CURVAS ROC ........................................................................................... 28 4.4.1 Diâmetro do Canal Arterial ...................................................................... 28 4.4.2 Índice Diâmetro²/Peso ............................................................................. 30 5 DISCUSSÃO ................................................................................................. 33 6 CONCLUSÕES ............................................................................................. 37 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 38 ANEXOS ......................................................................................................... 42 APENDICES..................................................................................................... 52 viii ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1 Descrição das variáveis categóricas de acordo com o fechamento do canal arterial ................................................................................................16 TABELA 2 Comparação do fechamento do canal arterial com as características de interesse.......................................................................................................19 TABELA 3 Comparação dos métodos de fechamento do CA com PN (gramas), IG (semanas), diâmetro do canal (mm) e índice Diâmetro²/Peso (mm²/Kg)............................................................................................................21 TABELA 4 Comparação do fechamento do canal arterial (espontâneo como referência) com as características com p ≤ 0,25 na análise exploratória........................................................................................................23 TABELA 5 Ajuste do modelo final de regressão logística multinomial..............25 TABELA 6 Comparação do fechamento do canal arterial (farmacológico como referência) com as características com p ≤ 0,25 na análise exploratória........................................................................................................26 TABELA 7 Ajuste do modelo final de regressão logística multinomial..............27 TABELA 8 Área sob a curva ROC para a variável diâmetro do canal arterial................................................................................................................29 TABELA 9 Pontos de Corte de acordo com os valores da sensibilidade e especificidade de fechamento não espontâneo do Canal Arterial, considerando seu diâmetro, em mm........................................................................................30 TABELA 10 Área sob a curva ROC para a variável índice diâmetro²/peso.......31 ix TABELA 11 Pontos de Cortes diferentes de acordo com os valores da sensibilidade e especificidade para a variável índice diâmetro²/peso, em mm²/Kg..............................................................................................................32 x ÍNDICE DAS FIGURAS FIGURA 1 Características avaliadas em relação ao fechamento do canal arterial................................................................................................................13 FIGURA 2 Curva ROC com fechamento não espontâneo como evento de interesse para diâmetro do canal.......................................................................28 FIGURA 3 Curva ROC com fechamento não espontâneo como evento de interesse para índice diâmetro²/peso. ...............................................................31 xi LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS AE - Átrio Esquerdo AO - Aorta CA - Canal Arterial COEP - Comitê de Ética e Pesquisa CTI - Centro de Tratamento Intensivo DUM - Data da Última Menstruação ECO - Ecodopplercardiografia HMOB - Hospital Municipal Odilon Behrens HIV - Hemorragia Intra Ventricular ICC - Insuficiência Cardíaca Congestiva IG - Idade Gestacional D²/P - Razão entre diâmetro ao quadrado do CA (mm²)/ peso ao nascer (Kg) OR - Odds ratio PCA - Persistência de Canal Arterial PGE2 - Prostaglandina E2 PN - Peso ao Nascimento PO - Pós Operatório Rel. AE/AO - Relação Átrio esquerdo/ Aorta RN - Recém Nascido RNT - Recém Nascido a Termo RNPT - Recém Nascido Pré Termo ROC – Receiver Operator Characteristic RX - Radiografia US - Ultrassonografia UTI – Unidade de Tratamento Intensivo USTF - Ultrassonografia Transfontanelar UTI - Unidade de Tratamento Intensivo VPP – Ventilação com Pressão Positiva xii RESUMO Introdução: A Persistência do Canal Arterial – PCA é particularmente comum em prematuros (RNPT) e pode ter consequências graves. Seu diagnóstico é realizado através da ecodopplercardiografia (ECO), pois os sinais clínicos são inespecíficos e, geralmente, tardios. O objetivo do presente trabalho foi analisar parâmetros clínicos e ecocardiográficos do paciente com PCA e verificar a existência de fatores de mau prognóstico para fechamento espontâneo. Métodos: Coorte retrospectiva em 70 RNPT da UTI neonatal do Hospital Municipal Odilon Behrens no período de Janeiro de 2005 a dezembro de 2009,Foram considerados os seguintes parâmetros: gênero, peso ao nascer (PN), idade gestacional (IG), uso de surfactante, presença de sopro, pulsos amplos, precórdio hiperdinâmico ou sinais de ICC, presença de choque ou infecção, diâmetro do canal arterial, razão entre os diâmetros do átrio esquerdo e da aorta (AE/AO), grau do shunt, razão entre o quadrado do diâmetro do canal e o peso do recém-nascido (D²/PN), sepse neonatal confirmada, clínica de PCA. Resultados: Observou-se predomínio da relação AE/AO aumentada em pacientes com fechamento cirúrgico em relação ao farmacológico (p=0,038). Tendo fechamento espontâneo como referência, o índice diâmetro²/peso foi maior tanto nos pacientes que apresentaram fechamento farmacológico quanto nos cirúrgicos (p = 0,003 e 0,001, respectivamente). Para o modelo de referência fechamento farmacológico, houve relação AE/AO aumentada nos pacientes cujo tratamento foi cirúrgico (p = 0,016). Considerando fechamento não espontâneo, encontrou-se, para diâmetro do canal, o valor de 2,15 mm como ponto de corte, com sensibilidade de 55% e especificidade de 46%, e para o índice diâmetro²/peso, 4,4 mm²/Kg, com 71% de sensibilidade e 64% de especificidade. Conclusões: O acréscimo do diâmetro do canal, a idade gestacional inferior a 28 semanas e a presença de choque aumentam as chances de fechamento farmacológico comparado a espontâneo da PCA e em pacientes com choque ou relação AE/AO aumentada há aumento das chances de fechamento cirúrgico comparado ao farmacológico. O Índice diâmetro²/peso, ainda não utilizado na prática clínica, revelou-se útil na abordagem da PCA. Palavras-chave: PCA, prematuros extremos, ecocardiografia, abordagem. xiii ABSTRACT Introduction: The Persistent Ductus Arteriosus – PDA, is common in preterm infants and can have severe consequences. The diagnosis is made by Doppler echocardiography because the clinical signs are unspecific and, generally, late. The aim of this study was analyze clinical and echocardiographic patterns in patients with PDA and correlates with possible spontaneous closure poor prognostic factors. Method: This study is a retrospective cohort. The database was made by the data of 70 preterm infants that were treated in the intensive care unit in the Odilon Behrens Municipal Hospital in 2005, January to 2009, December. The parameters evaluated were: gender, birth weight, gestational age, use of surfactant, murmur, bounding pulses, hyperdynamic precordium or cardiac congestive insuficience signs, shock or infection, ductus arteriosus diameter, left atrial diameter - aorta diameter ratio (LA/AO), degree of shunt, square of the channel diameter and weight of the newborn ratio, confirmed neonatal sepsis, suggestive clinical findings. Results: There was a predominance of increased LA / AO ratio in patients with surgical closure in relation to pharmacological (p = 0.038). When spontaneous closure was the reference outcome, the index diameter ² / weight was higher in patients who had surgical closure than the pharmacological closure ones (pvalue = 0.003 and 0.001, respectively). When pharmacological closure was the reference model, the LA / AO ratio was higher in patients whose treatment was surgical (p-value = 0.016). Considering not spontaneous closure, the value of 2.15 mm was the cutoff to the ductus diameter, with a sensitivity of 55% and specificity of 46%, and to the index diameter ² / weight, the cutoff point was 4.4 mm²/kg, with 71% sensitivity and 64% specificity. Conclusions: The increase of ductus diameter, gestational age less than 28 weeks and the presence of shock increase the chances of drug-related spontaneous closure. In patients with shock and LA / AO ratio increased were increased chances of surgical closure compared to pharmacotherapy. The Index diameter ² / weight, yet not employed in clinical practice, has proved to be useful in the management of PDA. Key-words: PDA, extreme preterm infants, echocardiography, approach. 1 1. INTRODUÇÃO O canal arterial (CA) é uma conexão vascular de forma cilíndrica de aspecto afunilado que une a artéria pulmonar à aorta. No período intra-útero sua presença é pré-requisito para viabilidade, pois através dele a maior parte do débito cardíaco combinado é desviado para a aorta descendente, uma vez que o fluxo pulmonar é mínimo e destinado apenas ao metabolismo próprio (MIYAGUE, 2005; PHILLIPS III, 2013). Possui uma túnica média predominantemente muscular, que mantém um tônus durante a vida fetal, mas que permanece pérvia pela ação vasodilatadora da prostaglandina E2 (PGE2), produzida pelo próprio canal arterial, pela placenta e pelo cordão umbilical, a qual é altamente sensível. Após o nascimento, a exposição a altas concentrações de oxigênio, assim como a queda nos níveis plasmáticos de PGE2 pela ausência de placenta e cordão umbilical, associada à redução de sensibilidade às prostaglandinas inerente à maturação do canal, estimulam a constrição e eventual obliteração do mesmo (HARO et al, 1997; PHILLIPS III, 2013). O fechamento funcional do CA no recém-nascido a termo (RNT) ocorre em 12 a 15 horas de vida, e o anatômico, com 5 a 7 dias, alcançando, em alguns casos, o 21o dia. No prematuro, o canal tende a permanecer aberto por um período prolongado, e a frequência desta persistência é proporcionalmente maior quanto mais imaturo o recém-nascido (MIYAGUE, 2005). Quando o fechamento não ocorre, surge no recém-nascido um shunt patológico da esquerda para direita que pode gerar consequências graves, quando significativo (AFIUNE; SINGER; LEONE, 2005; HARO et AL., 1997), como aumento do débito ventricular esquerdo, volume e pressão diastólica final, elevação da pressão atrial e a consequentes congestão pulmonar e evolução para insuficiência cardíaca congestiva - ICC (HARO et al, 1997). Tal quadro denomina-se persistência do canal arterial (PCA) e, desde muito tempo, vem sendo discutida (SERRA JUNIOR et al, 1996). Neste contexto, “a preocupação dos cardiopediatras com o canal arterial já vem de longa data, desde o primeiro fechamento cirúrgico relatado por Gross em 1939.” (SERRA JUNIOR et al, 1996, p.23). O atendimento ao recém-nascido pré-termo (RNPT), ou seja, aquele nascido antes de 37 semanas, e ao RNPT extremo, nascido de gestações de 2 tempo igual ou inferior a 28 semanas, está cada vez mais especializado nos serviços de saúde e tornou-se alvo de novos estudos. Hoje existem relatos de sobrevivência de RN frutos de gestações de 23 (MANES, 2008) e 22 semanas (EHRENKRANZ; MERCURIO, 2013). A importância da abordagem precoce do PCA deve-se aos grandes prejuízos que este pode causar no período neonatal e em diversos órgãos e sistemas, devido ao chamado “roubo de fluxo” para a circulação pulmonar em detrimento da circulação sistêmica (mecanismo inverso ao que ocorre fisiologicamente no período fetal) (TAVARES, 2000), Em geral, ocorre um aumento dos diâmetros sistólico e diastólico do ventrículo esquerdo, do diâmetro do átrio esquerdo, do septo e parede interventricular, além do débito cardíaco aórtico. Acredita-se que tais alterações sejam resultantes do maior retorno venoso pulmonar. Como consequência, o débito cardíaco aumenta em média cerca de 30% do volume basal (AFIUNE; SINGER; LEONE, 2005). A PCA também está relacionada com desenvolvimento de ICC, necessidade de ventilação mecânica por tempo mais prolongado e suas consequências (barotrauma, doença pulmonar crônica, infecções, alteração de anatomia de vias aéreas superiores, etc.), maior risco de enterocolite necrosante, hemorragia intracraniana, alterações da função renal, dificuldade para ganho de peso, além de possibilidades de complicações locais, como endarterite infecciosa e aneurisma do canal (embora mais raras) (TAVARES, 2000). O mecanismo da persistência do CA ainda é desconhecido, porém a alta concentração de PGE2 encontrada em prematuros e a não efetividade do fechamento inicial estão entre os fatores responsáveis (HEYMAN et al, 2003). Outros fatores associados com a patência ductal nesses RN são muito baixo peso ao nascer, distúrbios respiratórios associados, a terapêutica com surfactante exógeno, aporte hídrico excessivo, hipocalemia, uso de furosemida, uso materno de corticosteróides e hipóxia perinatal, acidose, ação local de prostaglandinas, presença de membrana hialina e imaturidade e/ou deficiência da túnica muscular média do canal (HARO et al, 1997). A prevalência, bem como a morbidade neste grupo, está diretamente relacionada ao peso de nascimento (PN). Estudos mostram que em RNPT com PN menor que 1000g a prevalência chega a 40%, sendo que cerca de 85% destes exigirão alguma forma de abordagem (HARO et al, 1997). 3 A presença de PCA deve ser suspeitada em todo RNPT que apresente (HARO et al, 1997; MIYAGE, 2005): sopro sistólico: geralmente, trata-se de sopro sistólico grau I a II, às vezes intermitente, com irradiação para axila ou para o dorso, que pode ser confundido com sopro inocente, sendo geralmente sistólico e crescente com estalido, estando a 2ª bulha frequentemente ausente. Ao contrário, na criança maior e no RNT, este é, em geral, contínuo ou tipo “maquinaria”. Estudos mostram que sopros de pouca intensidade podem corresponder a achados ecocardiográficos de PCA grande, pois apenas cerca de 25% destes são de grau III; pulsos amplos: quando bem definidos e claramente amplos estão relacionados com a repercussão e magnitude do canal. Algumas vezes, são mais facilmente palpáveis devido à escassez do tecido subcutâneo; precórdio hiperdinâmico; piora pulmonar: com maior demanda de parâmetros de ventilação mecânica e/ou piora pulmonar em fase de melhora da membrana hialina (em geral, do terceiro ao quinto dia de vida), ou dificuldade de desmame da ventilação mecânica; apnéia inexplicável em fase de melhora da membrana hialina. A clínica sugestiva nem sempre está presente, uma vez que a grande maioria destes RN estarão em ventilação mecânica, em tratamento de membrana hialina, e com pressão pulmonar elevada, dificultando, assim, a expressão clara dos dados semiológicos, na primeira semana de vida. Cerca de 20% dos canais pérvios em RN de muito baixo peso não apresentam nenhum sinal clínico. No terceiro dia de vida apenas 50% dos pacientes apresentam um desses sinais (AFIUNE; SINGER; LEONE, 2005). Do mesmo modo, o eletrocardiograma e o RX de tórax não apresentam boa correlação para diagnóstico precoce. Estes geralmente estão normais e quando se apresentam alterados referem-se a fase tardia de descompensação. Desta forma, a ecodopplercardiografia (ECO) tem uma grande importância no diagnóstico e na condução do CA em RNPT (MIYAGUE, 2005). A ECO é o exame de imagem mais utilizado para avaliação do coração de neonatos. Ela é capaz de exibir tanto a anatomia quanto a função cardíacas, 4 apresentando diversos parâmetros de sua fisiologia, além de diagnosticar várias afecções, inclusive a própria PCA, o que permite à equipe médica uma abordagem na fase compensada da mesma. A ECO gera boa qualidade de imagem anatômica em movimento, permitindo a avaliação cardíaca dos neonatos com uma frequência de 7,5 a 10 Hertz. O Doppler é uma representação em cores do fluxo sanguíneo dentro das câmeras cardíacas. Proporciona cores diferentes com o objetivo de visualizar o fluxo em direções opostas (MCNAMARA; EL-KHUFFASH, 2011). Uma característica importante da ECO é a não emissão de radiação nos recém nascidos, uma vez tratar-se de um aparelho de ultrassom. Também é visto como um exame que não apresenta custo elevado (MIYAGUE, 2005). Apesar de examinador dependente, é o meio propedêutico e de acompanhamento escolhido para avaliação cardíaca de recém nascidos prétermo em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal (PHILIPS III, 2013). Entretanto, destaca-se a sua difícil execução em neonatos prematuros, por exigir experiência do médico examinador. Se existe doença pulmonar coexistente ou hiperinsuflação torna-se ainda mais difícil. Além disso, é dependente da alta definição da imagem (MCNAMARA; EL-KHUFFASH, 2011). Mesmo com esses fatores desfavoráveis em uma UTI neonatal a acurácia da ECO para diagnóstico é satisfatória, sendo que Lee, Silverman, Hintz (2007) (citado por MCNAMARA; EL-KHUFFASH, 2011) chegaram a uma sensibilidade de 87% e especificidade de 71%. Existem vários parâmetros obtidos através da ECO. A relação AE/AO é um indicador indireto da possibilidade de haver repercussão hemodinâmica. O diâmetro da aorta é determinado e é avaliado o grau de enchimento do átrio esquerdo. Quando a relação é maior que 1,4 mm há um bom valor preditivo positivo para PCA. Outros parâmetros também podem ser avaliados, como o volume diastólico final do ventrículo esquerdo, diâmetro das câmaras e espessura das paredes dos ventrículos. Um alto volume diastólico final do ventrículo esquerdo mostra um aumento da perfusão pulmonar, o que está relacionado com um shunt da esquerda para direita (MCNAMARA; ELKHUFFASH, 2011). Estudos recentes têm evidenciado que razões entre diâmetro ao quadrado do CA (milímetros²)/ PN (quilos) maiores do que 9 mm²/kg 5 correspondem a falha de tratamento medicamentoso em até 41,5% dos pacientes e nas relações menores que 9 mm²/kg sucesso de tratamento medicamentoso em até 87,5% de pacientes com idade gestacional inferiror a 35 semanas e que se submeteram a tratamento farmacológio (TSCHUPPERT et al, 2008). Entretanto, esta razão entre diâmetro²/peso ainda não foi validada externamente, necessitando de estudos mais aprofundados. A ECO ainda pode ser utilizada em caso de instalação de uma ICC decorrente da PCA, ao analisar parâmetros de hipoperfusão, através da medida do fluxo da veia cava superior, que é uma medida adotada como marcador de fluxo sanguíneo sistêmico. (KLUCKOW; EVANS, 2000). É importante ressaltar que mesmo com diagnóstico de PCA concretizado por ecodopplercardiografia ao terceiro dia de vida o canal ainda pode fechar-se espontaneamente. Quando o canal é menor que 1,7 mm, a probabilidade de fechar espontaneamente é grande, enquanto canais maiores que 2,2 mm não fecharão espontaneamente. Os pacientes que apresentam o canal menor possuem menos sinais e sintomas decorrentes de PCA (AFIUNE; SINGER; LEONE, 2005). Os primeiros tratamentos surgiram na década de 70 com o uso da indometacina, juntamente a técnicas cirúrgicas de oclusão do CA, como o Plug de Ivalon em 1971. Em 1981, Rashkind desenvolveu o “Sistema Oclusor de Rashkind”, que mais tarde tomou forma da “Duplo Umbrella de Rashkind”, muito utilizada no tratamento cirúrgico da comunicação interatrial Ostium Secundum (FONTES; BRAGA; PEDRA, 2008), outra afecção relativamente comum em recém nascidos prematuros, utilizada também na década de 90 em casos específicos de forame oval patente (SERRA JUNIOR et al, 1996) (CHAMIÉ et al, 2005). A minitoracotomia é uma das principais vias de acesso para correção da PCA (SILVA; GOMES, 2002), sendo o tratamento padrão para os canais muito extensos (SCHNEIDER, MOORE, 2006). Atualmente vem ganhando espaço a oclusão do canal patente utilizando a embolização por molas de Gianturco, um tratamento que tem se mostrado seguro e muito promissor (SERRA JUNIOR et al, 1996; SCHNEIDER, MOORE, 2006). O tratamento farmacológico é feito com uso de drogas antiinflamatórias inibiboras de cicloxigenase II, atuando na inibição da ação da PGE2 e, por consequência, reduzindo seu efeito vasodilatador no canal arterial. É utilizado 6 rotineiramente em prematuros extremos e, classicamente, administra-se indometacina ou ibuprofeno (OVERMEIRE et al, 1997; PHILIPS III, 2013, DOYLE et al., 2013). A indometacina ainda é muito utilizada nos serviços de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal dos centros de pediatria para o tratamento da PCA. Contudo, o ibuprofeno vem sendo adotado em larga escala por serviços de neonatologia (OVERMEIRE et al, 2000). Estudos mostram que a efetividade das duas drogas é semelhante, principalmente em RNPT (HEYMAN et al, 2003; OVERMEIRE et al, 1997). Porém, o ibuprofeno parece ter menos efeitos colaterais renais e no sistema nervoso central. A administração de ibuprofeno por via oral é também muito segura, apesar do risco de enterocolite necrosante, e mostra-se como uma alternativa de via de administração pela simplicidade e baixo custo. Os achados sugerem que o pico de ibuprofeno em RN acontece cerca de 1 a 2 horas após sua administração, com uma pequena variação da concentração plasmática de indivíduo pra indivíduo (HEYMAN et al, 2003). Uma revisão sistematizada recente sobre a eficácia destes dois inibidores da COX para o fechamento do canal arterial patente, que incluiu 19 ensaios randomizados, comparou a eficácia das duas drogas entre si e com um grupo placebo. Observou-se igual eficácia das duas drogas no fechamento do CA, que se mostraram superiores ao placebo. Quanto aos efeitos colaterais, não se observou diferença na sua incidência entre o grupo tratado com ibuprofeno e placebo, mas no grupo da indometacina, percebeu-se uma maior chance de surgimento de doença pulmonar crônica (PHILIPS III, 2013). O ibuprofeno parece apresentar a melhor relação risco/benefício em prematuros com PCA de 27 semanas ou mais. Doses baixas resultaram em menos de 30% de sucesso em prematuros com PCA e IG menor que 27 semanas. Doses mais altas melhoram sua eficácia, o qual seria particularmente mais efetivo em prematuros extremos. Entretanto, a tolerabilidade e segurança devem ser melhor avaliadas em outros estudos para se considerar a recomendação do uso de doses maiores. (DESFRERE et al, 2005). O tratamento cirúrgico é indicado naqueles pacientes que não responderam ao tratamento clínico ou que tenham CA com repercussão clínica, mas com contra-indicação ao fechamento farmacológico (DOYLE et al., 2013). Concluiu-se que em RNPT que requereram tratamento cirúrgico para PCA a 7 assistência respiratória prolongada refletiu em atrasos na tentativa de tratamento medicamentoso. O tratamento medicamentoso, apesar de primeira escolha, provavelmente falha com CA com diâmetros maiores e baixo peso ao nascimento (TSCHUPPERT et al, 2008). Com o tratamento atual precoce, seja medicamentoso ou cirúrgico, o prognóstico destes pacientes tem melhorado significativamente (MIYAGUE, 2005). 8 2 OBJETIVOS Os objetivos do presente trabalho foram: verificar a existência de relação entre fatores clínicos e achados ecocardiográficos e a falha de fechamento espontâneo e necessidade de tratamento farmacológico ou abordagem cirúrgica de pacientes com persistência do canal arterial; validar o índice diâmetro²/peso, através da verificação de sua utilidade na predição de falha de fechamento do canal arterial; verificar a sensibilidade e especificidade do diâmetro do canal arterial e do índice diâmetro²/peso para predição de não fechamento espontâneo; estabelecer um ponto de corte para diâmetro do canal e para índice diâmetro²/peso que possam prever fechamento espontâneo e nãoespontâneo. 9 3 MÉTODO 3.1 Aspectos éticos Foram consideradas as recomendações da Organização Mundial de Saúde e a Declaração de Helsinque de 1975, assim como a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos do Ministério da Saúde. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dispensado após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (COEP). O trabalho foi aprovado pelo COEP do HMOB e do IEP da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, conforme os APÊNDICES E e F. 3.2 Desenho do estudo Coorte retrospectivo, realizado em crianças prematuras extremas internadas na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Municipal Odilon Behrens, no período de Janeiro de 2005 a Dezembro de 2009, e que receberam abordagem de PCA segundo protocolo já em uso no serviço (ANEXOS A, B C). A avaliação foi realizada de forma sistemática através de formulário de pesquisa (APÊNDICE A). 3.3 Critérios de Inclusão Para inclusão dos pacientes no estudo foram considerados os RN com IG menor ou igual a 30 semanas e/ou PN menor ou igual a 1500g. 10 3.4 Critérios de Exclusão Para exclusão foram observados os seguintes critérios: RN com diagnóstico de cardiopatia congênita estrutural associada; RN sindrômico; RN com diagnóstico de síndrome de rubéola congênita, devido associação desta com maior incidência de PCA. RN que evoluíram para óbito em tempo menor que sete dias de vida; 3.5 Caracterização da amostra O estudo proposto adotou o universo total de casos - neonatos prematuros com PCA - atendidos na UTI Neonatal do HMOB, no período de Janeiro de 2005 a Dezembro de 2009 com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas e/ou com peso ao nascer menor ou igual a 1.500g, totalizando 133 pacientes, dos quais 70 foram selecionados após os critérios de exclusão. 3.6 Grupos de variáveis 3.6.1 Epidemiológicas: gênero: masculino, feminino ou indeterminado peso de nascimento: em gramas idade gestacional: a partir da data da última menstruação quando houve concordância da mesma com a ultrassonografia precoce e a partir da ultrassonografia precoce nos casos em que não foi observada esta concordância. 11 3.6.2 Clínicas e ecocardiográficas: dados semiológicos: presença de clínica de PCA (definida como presença de ICC, sopro sistólico, pulsos amplos e/ou precórdio hiperdinâmico), presença de sopro, pulsos amplos, precórdio hiperdinâmico ou sinais de ICC, presença de choque ou infecção; dados de caracterização ecocardiográfica do CA (realizados por uma mesma ecocardiografista universalmente nos RN com IG<30 semanas ou peso ao nascer<1500g até 96h após o nascimento e em 72h após o tratamento farmacológico, quando fosse o caso): diâmetro do CA no maior eixo transversal ao exame bidimensional, próximo à artéria pulmonar; relação diâmetro do AE/AO, grau de shunt aórtico-pulmonar (a quantificação do shunt foi feita no corte paraesternal transversal, sendo shunt leve aquele na qual o fluxo colorido atingiu a porção inicial da entrada do canal arterial no ramo pulmonar esquerdo, moderado quando atingiu pelo menos metade do tronco pulmonar e grande ou importante no qual o fluxo colorido atingiu o início do tronco pulmonar, nas proximidades da valva pulmonar) e índice diâmetro do canal² (mm²)/peso ao nascer (kg); presença de sepse neonatal confirmada; uso de surfactante pelo neonato. 3.7 Coleta de dados Os dados foram coletados através da consulta de prontuários médicos e sua síntese dirigida, conforme Formulário de Pesquisa (APÊNDICE A). Para validação do Formulário de Pesquisa, 5% dos relatórios foram escolhidos aleatoriamente e analisados por um dos envolvidos na pesquisa a fim de verificar a taxa de dados incompletos. A partir daí, os dados colhidos de tais relatórios foram comparados com os dados obtidos de seus respectivos prontuários (extraídos por outro participante da pesquisa), para verificar a concordância de informações entre eles e para que possíveis informações 12 ausentes fossem recuperadas. Tal comparação foi realizada por um terceiro envolvido. A taxa de ausência de dados atingiu 3,92%. Com o objetivo de avaliar e diminuir o viés de informação, após a coleta completa dos dados, uma validação do banco de dados foi realizada. Uma quarta pessoa, que faz parte do serviço da UTI neonatal do HMOB, escolheu aleatoriamente prontuários correspondentes a 5% do total. Esta pessoa não teve acesso a quaisquer informações que pudessem identificar algum paciente. Após a escolha dos prontuários, uma conferência dos dados foi realizada de acordo com o banco de dados previamente montado. 3.8 Análise estatística 3.8.1 Análise descritiva As informações coletadas foram digitadas em um banco de dados desenvolvido no Epi Info®. Os resultados descritivos apresentados na seção de resultados foram obtidos utilizando frequências e porcentagens para as características das diversas variáveis categóricas e da obtenção de medidas de tendência central (média e mediana) e medidas de dispersão (desvio-padrão) para as quantitativas. 3.8.2 Análise exploratória Foram avaliadas possíveis associações entre os três tipos de fechamento do CA e as características: Shunt, PN, Rel. AE/AO, Surfactante, Índice Diametro²/Peso, Infecção, Sexo, Choque, Diâmetro do CA, IG e Clínica de PCA como apresentado na Figura 1. Considerou-se a variável “Clínica de PCA” presente naqueles pacientes que possuíam ICC, precórdio hiperdinâmico, sopro e/ou pulsos amplos. Por este motivo, elas apenas foram descritas. 13 Shunt PN Rel. AE/AO Clínica de PCA Surfactante Idade gestacional Fechamento do canal arterial Índice Diâmetro²/Peso Diâmetro do CA Choque Sexo Infeccção FIGURA 1: Características avaliadas em relação ao fechamento do canal arterial. As comparações entre os tipos de fechamento do canal arterial (espontâneo, farmacológico e cirúrgico) e as covariáveis categóricas foram feitas a partir de tabelas de contingência sendo aplicado a elas o teste qui-quadrado de Pearson. Para a comparação entre as variáveis quantitativas (peso, diâmetro do canal arterial, Índice Diâmetro²/ Peso e idade gestacional) e os tipos de fechamento, adotou-se o teste de Kruskal-Wallis, quando as suposições usuais do modelo não foram atendidas. Caso contrário foi utilizado o teste F (ANOVA). A normalidade foi verificada por meio do teste de Shapiro-Wilk (TRIOLA, 2005). A partir destas comparações foi possível avaliar se houve associação ou sua tendência entre as características e os tipos de fechamento, mas não foi possível apontar, dois-a-dois, quais os tipos de fechamento que se diferem em relação às variáveis estudadas. Após a análise exploratória, definiu-se que as características com p≤0,25 deveriam ser investigadas com objetivo de avaliar quais os tipos de fechamento diferem entre si em relação às características em estudo. 14 3.8.3 Análise univariada Para comparar os tipos de fechamento do canal arterial dois-a-dois foram ajustados dois modelos de regressão logística multinomial (mais de duas categorias para a variável resposta) contendo cada característica isoladamente. Os dois ajustes foram o fechamento espontâneo como referência e fechamento farmacológico como referência. Na primeira análise foi avaliado se as características dos pacientes com fechamento farmacológico diferiam-se em relação àqueles com fechamento espontâneo, e também se as características dos pacientes com fechamento cirúrgico se diferiam em relação àqueles com fechamento espontâneo. Na segunda análise foi analisado se as características dos pacientes com fechamento espontâneo se diferiam em relação àqueles com fechamento farmacológico, e também se as características dos pacientes com fechamento cirúrgico diferiam-se em relação àqueles com fechamento farmacológico. A quantificação da associação entre as covariáveis com o tipo de fechamento do canal arterial foi dada através da odds ratio (OR) que é o exponencial do coeficiente ajustado. Destaca-se que esta medida só deve ser interpretada após a análise multivariada. Quando ambas as formas (categóricas e quantitativas) foram significativas optou-se pela utilização da forma categórica pela facilidade de interpretação. 3.8.4 Análise multivariada Foram desenvolvidos modelos de regressão logística multinominal. No modelo inicial foram incluídas todas as variáveis com p<0,25 na análise univariada. Em seguida foram retiradas, uma a uma, as variáveis que apresentaram maior p até que restassem apenas variáveis com significância estatística, em pelo menos uma das comparações entre os tipos de fechamento. A adequação do modelo foi avaliada a partir do teste de Deviance. 15 As análises estatísticas foram realizadas no software R e Epi Info versão 6.0, ambos de domínio público, e as conclusões extraídas dos resultados foram obtidas considerando-se nível de significância igual a 5%. 16 4 RESULTADOS 4.1 Análise descritiva Entre o período de janeiro de 2005 e dezembro de 2009, 215 pacientes com idade gestacional inferior a 30 semanas foram atendidos na UTI neonatal do HMOB. Destes, 133 eram portadores de PCA, dos quais foram selecionados 70 pacientes. Dos 63 excluídos, 28 apresentavam algum tipo de contra indicação ao tratamento farmacológico, outros 28 faleceram e sete deles não possuíam informações quanto ao tipo de fechamento do canal arterial. As características destes recém nascidos quanto ao tipo de fechamento estão descritas na Tabela 1. Foram 15 pacientes que apresentaram fechamento espontâneo, não necessitando de intervenção direta; 24 fecharam com o uso de ibuprofeno em dose diária por três dias (10mg, 5mg e 5mg), e o restante (n = 31) foi submetido a fechamento cirúrgico por meio de minitoracotomia. A Tabela 1 apresenta a frequência das características que foram estudadas tendo em vista o tipo de fechamento do CA. Tabela 1 - Descrição das variáveis em estudo de acordo com o fechamento do canal arterial Características Fechamento do Canal Arterial Espontâneo n % Farmacológico N % Cirúrgico N % Total N % Sexo Masculino 5 16,7 9 30,0 16 53,3 30 100,0 Feminino 10 25 15 37,5 15 37,5 40 100,0 < 750 2 25,0 1 12,5 5 62,5 8 100,0 Entre 751 e 1250 11 20,0 17 33,3 22 46,7 50 100,0 ≥1251 2 16,7 6 50,0 4 33,3 12 100,0 Peso ao nascer (gramas) Continua na próxima página... 17 Continuação da página anterior: Características Fechamento do Canal Arterial Espontâneo n % Idade Farmacológico N % Cirúrgico n % Total n % Gestacional (semanas) 1) 2) ≤28 11 24,4 12 26,7 22 48,9 45 100,0 >28 3 12,5 12 50,0 9 37,5 24 100,0 ≤30 13 19,1 24 35,2 31 45,6 68 100,0 >30 1 100 0 0,0 0 0,0 1 100,0 - 1 - S/ informação - Surfactante Sim 11 17,5 23 36,5 29 46,0 63 100,0 Não 3 50,0 1 16,7 2 33,3 6 100,0 Sem informação 1 - 0 - 0 - 1 - Sim 10 20,0 14 28,0 26 52,0 50 100,0 Não 4 21,1 10 52,6 5 26,3 19 100,0 Sem informação 1 - 0 - 0 - 1 - Sim 10 25,0 9 22,5 21 52,5 40 100,0 Não 4 14,3 14 50,0 10 35,7 28 100,0 Sem informação 1 - 1 - 0 - 2 - Normal 12 25,0 19 39,6 17 35,4 48 100,0 Aumentado 2 10,0 4 20,0 14 70,0 20 100,0 Sem informação 1 - 1 - 0 - 2 - Choque Infecção Rel. AE/AO Continua na próxima página... 18 Continuação da página anterior: Características Fechamento do Canal Arterial Espontâneo n % Farmacológico N % Cirúrgico n % Total n % Shunt Leve 5 41,7 3 25,0 4 33,3 12 100,0 Moderado 5 33,3 6 40,0 4 26,7 15 100,0 Grande 2 5,1 15 38,5 22 56,4 39 100,0 Sem informação 1 - 0 - 1 - 2 - Sim 4 10,8 15 40,5 18 47,4 37 100,0 Não 9 30,0 8 26,7 13 43,3 30 100,0 Sem informação 2 - 1 - 0 - 3 - Sim 0 0,0 0 0,0 2 100,0 2 100,0 Não 15 22,1 24 35,3 29 42,6 68 100,0 Sim 3 20,0 6 40,0 6 40,0 15 100,0 Não 12 21,8 18 32,7 25 45,4 55 100,0 Sim 3 9,3 13 40,6 16 50,0 32 100,0 Não 12 31,6 11 28,9 15 39,5 38 100,0 Sim 3 20,0 8 53,3 4 26,7 15 100,0 Não 12 21,8 16 29,1 27 49,1 55 100,0 Clínica PCA ICC Precórdio hiperdinâmico Sopro Pulsos amplos n: número de pacientes. 4. 2 Análise exploratória A Tabela 2 apresenta a comparação dos três tipos de fechamento do CA (espontâneo, farmacológico e cirúrgico) em relação às características de 19 interesse na forma categórica. Observou-se p < 0,25 para as comparações com IG (≤ 28/ >28 semanas e ≤ 30/ >30 semanas), surfactante, choque, infecção, Rel. AE/AO, Shunt e clínica de PCA, selecionando-as para a análise univariada. Observou-se que, do total de crianças com infecção, 25% tiveram fechamento espontâneo do canal arterial, 22,5% fechamento farmacológico e 52,5%, fechamento cirúrgico. Já entre aquelas que não tiveram infecção, 14,3% tiveram fechamento espontâneo, 50% farmacológico e 35,7% cirúrgico. Tabela 2 - Comparação do fechamento do canal arterial com as características de interesse Fechamento do canal arterial Características Espontâneo n Farmacológico Cirúrgico % n % n % p Sexo Masculino 5 16,7 9 30,0 16 53,3 Feminino 10 25,0 15 37,5 15 37,5 ≤ 750 2 25,0 1 12,5 5 62,5 Entre 751 e 1250 11 20,0 17 33,3 22 46,7 ≥1251 2 16,7 6 50,0 4 33,3 ≤28 11 24,4 12 26,7 22 48,9 >28 3 12,5 12 50,0 9 37,5 ≤30 13 19,1 24 35,3 31 45,6 >30 1 100,0 0 0,0 0 0,0 0,4051 Peso ao nascer (gramas) Idade 0,7832 Gestacional (semanas) 1) 2) Continuação na próxima página... 0,1351 0,2031 20 Continuação da página anterior: Fechamento do canal arterial Características Espontâneo n Farmacológico Cirúrgico % n % n % p Surfactante Sim 11 17,5 23 36,5 29 46,0 Não 3 50,0 1 16,7 2 33,3 Sim 10 20,0 14 28,0 26 52,0 Não 4 21,1 10 52,6 5 26,3 Sim 10 25,0 9 22,5 21 52,5 Não 4 14,3 14 50,0 10 35,7 Normal 12 25,0 19 39,6 17 35,4 Aumentado 2 10,0 4 20,0 14 70,0 Leve 5 41,7 3 25,0 4 33,3 Moderado 5 33,3 6 40,0 4 26,7 Grande 2 5,1 15 38,5 22 56,4 Ausente 2 100,0 0 0,0 0 0,0 Presente 12 18,2 24 36,4 30 45,5 Ausente 2 100,0 0 0,0 0 0,0 Sim 4 10,8 15 40,5 18 48,6 Não 9 30,0 8 26,7 13 43,3 0,1682 Choque 0,1091 Infecção 0,0601 Rel. AE/AO 0,0331 1) Shunt 0,0032 2) Shunt 0,0402 Clínica PCA 1: Teste Qui-Quadrado de Pearson, 2: teste exato de Fisher. 0,1241 21 As comparações dos métodos de fechamento do canal arterial com o peso ao nascer (gramas), idade gestacional, diâmetro do canal arterial e índice Diâmetro²/Peso foram apresentadas na Tabela 3. Notou-se p < 0,25 para peso ao nascer, diâmetro do canal arterial e índice Diâmetro²/Peso. Tabela 3 - Comparação dos métodos de fechamento do CA com PN (gramas), IG (semanas), diâmetro do canal (mm) e índice Diâmetro²/Peso (mm²/Kg) 1ºQ Características N n* Média D.P. Mínimo 3ºQ Mediana p Máximo Peso ao nascer 960,0 1.155,0 1.365,0 0,2031 Espontâneo 15 0 967,6 225,0 520,0 855,0 Farmacológico 24 0 987,7 193,0 735,0 820,0 1.007,5 1.281,3 1.540,0 Cirúrgico 31 0 1.077,5 630,0 630,0 867,5 Espontâneo 14 1 27,9 1,8 26,0 26,0 28,0 28,3 33,0 Farmacológico 24 0 28,0 1,7 25,0 26,3 28,5 29,0 30,0 Cirúrgico 31 0 27,6 1,4 24,0 27,0 28,0 29,0 30,0 Espontâneo 14 1 1,6 0,6 0,9 1,0 2,0 2,0 2,6 Farmacológico 24 0 2,4 0,6 1,5 1,8 2,6 3,0 3,2 Cirúrgico 31 0 2,3 0,6 1,2 2,0 2,1 2,5 3,8 Espontâneo 14 1 3,1 1,9 0,8 1,0 3,5 5,0 5,4 Farmacológico 24 0 5,5 2,1 2,6 3,4 5,6 6,9 9,6 Cirúrgico 31 0 5,9 3,0 1,6 4,0 5,3 6,7 16,0 940,0 1.120,0 1.550,0 Idade gestacional Diâmetro 0,5651 do canal 0,0072 Índice Diâmetro²/Peso Legenda: n: número de observações, *n: sem informação, D.P.: desvio-padrão, 1ºQ: 1º Quartil, 3º Q: 3º Quartil, 1:Teste F(ANOVA); 2: Kruskall-Wallis. 0,0022 22 Desta forma, observou-se que pode haver associação ou sua tendência em relação ao tipo de fechamento do canal ao compará-lo à idade gestacional, surfactante, choque, infecção, relação AE/AO, Shunt, clínica de PCA, peso ao nascimento, diâmetro do canal, índice Diâmetro²/Peso. 4.3 Análises univariada e multivariada 4.3.1 Fechamento espontâneo como referência A Tabela 4 apresenta as comparações entre o fechamento do canal arterial e as características observadas anteriormente, na análise exploratória, com p ≤ 0,25. Os fechamentos farmacológico e cirúrgico foram comparados com fechamento espontâneo. As características que entraram para o modelo multivariado foram: IG ≤ 28 semanas, surfactante, infecção, Rel. AE/AO, Shunt, Clínica de PCA, peso ao nascimento, diâmetro do canal arterial e Índice Diâmetro²/Peso. Em todos estes casos pelo menos uma das comparações (farmacológica em relação à espontânea ou cirúrgica em relação à espontânea) exibiram p ≤ 0,25. Foi verificada tendência a diferença entre as crianças com ou sem infecção para fechamento farmacológico em relação ao espontâneo (p=0,063). Já na comparação considerando apenas as crianças que tiveram fechamento do tipo cirúrgico em relação ao espontâneo, não se observou significância estatística (p=0,805). 23 Tabela 4 - Comparação do fechamento do canal arterial (espontâneo como referência) com as características com p ≤ 0,25 na análise exploratória Fechamento do canal arterial Farmacológico Características em Cirúrgico em relação relação ao espontâneo ao espontâneo p OR IC P OR IC 95% 1,5 0,3 95% Idade Gestacional (semanas) 1) >28 0,091 3,7 0,8 a 0,595 16,5 ≤28 2) >30 6,7 1,0 0,733 0,6 1,0 0,0 a 0,599 0,5 10,5 ≤30 a 0,0 a 8,0 1,0 1,0 Surfactante Sim 0,130 6,3 0,6 a 0,160 4,0 67,4 Não 0,6 a 27,0 1,0 1,0 Choque Sim 0,422 0,6 0,1 a 0,739 2,1 2,3 Não 0,5 a 9,4 1,0 1,0 Infecção Sim 0,063 0,3 0,1 a 0,805 0,8 1,1 Não 0,2 a 3,4 1,0 1,0 Rel. AE/AO Normal 0,804 0,8 0,1 a 0,059 0,2 5,1 Aumentado 1,0 0,0 1,1 1,0 a 24 Continua na próxima página... Continuação da página anterior: Fechamento do canal arterial Características Farmacológico em Cirúrgico em relação relação ao espontâneo ao espontâneo p OR IC P OR IC 95% 4,8 0,4 95% Shunt Presente 0,292 3,8 0,3 a 0,215 46,7 Ausente a 58,5 1,0 1,0 Clínica PCA Sim 0,053 4,2 1,0 a 0,106 3,1 18,1 Não 0,247 1,0 1,0 1,0 a 0,771 1,0 1,0 Diâmetro canal 0,002 10,3 2,4 0,003 1,8 1,2 2,6 1,0 a 1,0 a 0,004 7,4 43,9 Índice Diâmetro²/Peso a 12,4 1,0 Peso no nascimento 0,8 1,9 a 29,1 a 0,001 1,9 1,3 a 2,8 O modelo final apresentado na Tabela 5 é composto pela IG, clínica de PCA e índice Diâmetro²/Peso. O modelo final está bem ajustado, uma vez que o p da Deviance foi 0,538 (p>0,05). Da primeira parte da Tabela 5 verificou-se que em crianças com IG>28 semanas houve mais chances de fechamento farmacológico do canal arterial em relação ao espontâneo (OR=17,4) e que os casos de pacientes com clínica de PCA tenderam a ter fechamento farmacológico comparado a espontâneo (OR=6,7, p=0,053). Observou-se ainda que o acréscimo de uma unidade no 25 índice Diâmetro²/Peso aumentou em 120% a chance de o fechamento ter sido farmacológico em relação ao espontâneo. Na sua segunda parte, observou-se que o índice Diâmetro²/Peso esteve associado ao fechamento cirúrgico em relação ao espontâneo. O acréscimo do índice Diâmetro²/Peso levou ao aumento na chance do fechamento ter sido cirúrgico. Não se observou associação entre o fechamento cirúrgico em relação ao espontâneo para IG e clínica de PCA. Tabela 5 - Ajuste do modelo final de regressão logística multinomial. Fechamento do canal arterial Farmacológico em relação Cirúrgico em relação Modelo final ao espontâneo Coef p Constante Idade OR ao espontâneo IC 95% -4,9 0,004 2,9 0,023 17,4 1,5 Coef. P -3,5 0,014 OR IC 95% Gestacional (semanas) >28 a 1,9 0,128 6,6 0,6 203,8 ≤28 a 74,7 1,0 1,0 Clínica PCA Sim 1,9 0,053 6,7 1,01 a 1,6 0,092 4,8 0,8 46,4 Não 30,0 1,0 Índice Diâmetro²//Peso 0,8 0,007 2,2 a 1,0 1,3 a 3,9 0,8 0,005 2,2 1,3 a 3,9 Legenda: Coef.: Coeficiente; OR: Odds Ratio; IC: Intervalo de confiança. 4.3.2 Fechamento farmacológico como referência A Tabela 6 apresenta as comparações entre o fechamento do canal arterial e as características com p ≤ 0,25 na análise exploratória. O fechamento cirúrgico foi comparado com a categoria padrão (desta vez, fechamento farmacológico). Pelo fato de já ter sido realizada a comparação entre fechamento espontâneo e farmacológico, ela não foi descrita novamente. As 26 características que entraram para o modelo multivariado foram: IG ≤ 28 semanas, choque, infecção, Rel. AE/AO e peso ao nascer. Tabela 6 - Comparação do fechamento do canal arterial (farmacológico como referência) com as características com p ≤ 0,25 na análise exploratória. Fechamento do Canal Arterial Cirúrgico Variáveis em relação ao Farmacológico P OR IC 95% 0,116 0,4 0,1 a 1,3 Idade Gestacional (semanas) 1) >28 ≤28 2) 1,0 >30 0,854 ≤30 0,8 0,1 a 12,9 1,0 Choque Sim 0,040 Não 3,7 1,1 a 13,0 1,0 Infecção Sim 0,039 Não 3,3 1,1 a 10,1 1,0 Rel. AE/AO Normal 0,038 Aumentado 0,3 0,1 a 0,9 1,0 Shunt Presente 0,872 Ausente 1,3 0,1 a 21,3 1,0 Peso no nascimento 0,087 1,0 1,0 a 1,0 Legenda: Coef.: Coeficiente; OR: Odds Ratio; IC: Intervalo de confiança. O modelo final é apresentado na Tabela 7. Ele é composto pela variável choque e Rel. AE/AO. Comparando o fechamento cirúrgico do canal arterial com o farmacológico, observou-se que os pacientes com choque e Rel. AE/AO aumentada tiveram mais chances de terem fechamento do tipo cirúrgico 27 (OR=9,8 e 8,7). Notou-se ainda que o acréscimo do diâmetro do canal arterial tendeu a diminuir a chance de o fechamento ter sido cirúrgico em relação ao farmacológico (p = 0,059 e OR = 0,3). Tabela 7 - Ajuste do modelo final de regressão logística multinomial. Fechamento do Canal Arterial Cirúrgico em relação ao Farmacológico Constante Coef. P 1,8 0,183 2,3 0,008 OR IC 95% 9,8 1,8 a 52,8 Choque Sim Não 1,0 Rel. AE/AO Aumentado 2,2 0,016 Normal 8,7 1,5 a 50,7 1,0 Clínica PCA Sim -0,8 0,264 Não 0,4 0,1 a 1,8 1,0 Diâmetro do -1,1 0,059 0,3 0,1 a 1,1 canal Legenda: Coef.: Coeficiente; OR: Odds Ratio; IC: Intervalo de confiança. A IG ≤ 28 semanas, surfactante, choque, infecção, Rel. AE/AO, Clínica de PCA, peso ao nascimento, diâmetro do canal arterial ou Índice Diâmetro²/Peso que apresentaram p < 0,25 na análise univariada foram inicialmente incluídas no modelo multivariado. Este modelo está bem ajustado (Deviance p=0,862). 28 4.4 Curvas ROC Para o diâmetro do canal arterial e para o índice Diâmetro²/Peso foram construídas a curva ROC para avaliar os pontos de corte para os grupos fechamento espontâneo e fechamento não espontâneo (farmacológico ou cirúrgico). A curva ROC (Receiver Operator Characteristic) é construída por meio da representação gráfica da taxa de verdadeiro-positivos (sensibilidade) representada no eixo Y (vertical) contra a taxa de falso-positivos (1 especificidade) representada no eixo X (horizontal). A sensibilidade e a especificidade de cada valor definido como ponto de corte foram calculadas e representadas no gráfico. A união dos pontos gerou a curva ROC. Os valores nos eixos vão de uma probabilidade de 0 a 1 (0 a 100%). 4.4.1 Diâmetro do Canal Arterial A Tabela 8 apresenta a área da curva ROC (coluna 1), seu intervalo de confiança (coluna 2) para o diâmetro do CA considerando como evento de interesse o fechamento não espontâneo e a pontuação definida como ponto de corte correspondente a melhor sensibilidade e especificidade (colunas 4 e 5). Observa-se que o valor da área sob a curva ROC é 0,764 variando entre 0,631 e 0,898 e que o ponto de corte do diâmetro do canal para sensibilidade de 55% e especificidade de 46% é de 2,15 mm, ponto entre que há um melhor valor para sensibilidade e especificidade. Observa-se que o valor da área da curva está mais próximo de 1 que de 0,5, indicando que o diâmetro do canal arterial apresenta significância estatística em relação ao fechamento do canal arterial. 29 Tabela 8 - Área sob a curva ROC para a variável diâmetro do canal arterial. Diâmetro do canal Área 0,764 IC 95% da área P 0,631 a 0,898 0,002 Sensibilidade Especificidade 55% 46% 2,15 mm Na Figura 2 é apresentado o gráfico para a curva ROC para diâmetro do canal arterial. A linha diagonal do gráfico é uma linha de referência que divide a área do gráfico em duas partes iguais, ou seja, 0,5 para cada lado da diagonal. O teste para área da curva resultou em p=0,002, indicando que a área a curva é maior que 0,5. 1,0 Sensibilidade 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1 - Especificidade FIGURA 2: Curva ROC com fechamento não espontâneo como evento de interesse para diâmetro do canal. A Tabela 9 apresenta diversos pontos de cortes para o diâmetro do CA considerando como evento de interesse o fechamento não espontâneo. 30 Tabela 9 - Pontos de Corte de acordo com os valores da sensibilidade e especificidade de fechamento não espontâneo do Canal Arterial, considerando seu diâmetro, em mm. Diâmetro do canal Não Espontâneo = 1 arterial (mm) Sensibilidade Especificidade 0,95 1,10 1,25 1,35 1,45 1,60 1,75 1,90 2,05 2,15 2,25 2,35 2,45 2,55 2,70 2,85 2,95 3,05 3,15 3,35 3,55 3,70 4,80 1,00 1,00 0,98 0,98 0,96 0,91 0,82 0,73 0,60 0,55 0,45 0,44 0,40 0,36 0,29 0,24 0,20 0,09 0,07 0,05 0,04 0,02 0,00 0,00 0,00 0,02 0,02 0,04 0,09 0,18 0,27 0,40 0,46 0,55 0,56 0,60 0,64 0,71 0,76 0,80 0,91 0,93 0,95 0,96 0,98 1,00 4.4.2 Índice Diâmetro²/Peso A Tabela 10 apresenta a área da curva ROC (coluna 1), seu intervalo de confiança (coluna 2) para o índice diâmetro²/peso considerando como evento de interesse o fechamento não espontâneo e a pontuação definida como ponto de corte correspondente a sensibilidade de 71% e especificidade de 64% (colunas 4 e 5). Observa-se que o valor da área sob a curva ROC é 0,801 variando entre 0,682 e 0,920 e que o ponto de corte do índice diâmetro²/peso para os melhores valores combinados de sensibilidade e especificidade de 4,4 mm²/Kg. 31 Observa-se que o valor da área da curva está mais próximo de 1 que de 0,5, indicando que o índice diâmetro²/peso apresenta significância estatística em relação ao fechamento do canal arterial. Tabela 10 - Área sob a curva ROC para a variável índice diâmetro²/peso. Índice diâmetro²/peso Área 0,801 IC 95% da área 0,682 a 0,920 P 0,001 Sensibilidade Especificidade 71% 64% 4,4 mm²/Kg O gráfico para a curva ROC para índice diâmetro²/peso é apresentado na Figura 3. O teste para área da curva resultou no p igual a 0,001, indicando que a área sob a curva é maior que 0,5. 1,0 Sensibilidade 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1 - Especificidade FIGURA 3: Curva ROC com fechamento não espontâneo como evento de interesse para índice diâmetro²/peso. A Tabela 11 apresenta diversos pontos de cortes para o índice diâmetro²/peso considerando como evento de interesse o fechamento não espontâneo. 32 Tabela 11 - Pontos de Corte de acordo com os valores da sensibilidade e especificidade de fechamento do Canal Arterial, considerando o índice Diâmetro²/Peso, em mm²/Kg. Índ. Diâmetro²/ Não Espontâneo = 1 Peso (mm²/Kg) Sensibilidade Especificidade 0,90 1,00 0,14 1,25 1,55 1,65 1,85 2,30 2,70 2,85 2,95 3,05 3,25 3,45 3,60 3,85 4,15 4,40 4,55 4,65 4,75 4,90 5,05 5,15 5,25 5,35 5,45 5,55 5,65 5,80 5,95 6,05 6,15 6,25 6,45 6,65 6,75 6,85 7,20 7,60 7,75 8,00 8,35 8,95 9,50 11,60 14,80 17,00 1,00 1,00 0,98 0,96 0,95 0,91 0,89 0,85 0,84 0,82 0,80 0,80 0,78 0,73 0,71 0,69 0,67 0,65 0,64 0,62 0,60 0,56 0,51 0,49 0,47 0,45 0,44 0,42 0,40 0,38 0,36 0,35 0,33 0,27 0,22 0,18 0,16 0,15 0,13 0,11 0,07 0,05 0,04 0,02 0,00 0,36 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,57 0,57 0,57 0,64 0,64 0,64 0,64 0,71 0,86 0,86 0,86 0,86 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 33 5 DISCUSSÃO O uso do exame ecodopplercardiográfico é a principal ferramenta na abordagem desses pacientes, principalmente no que se diz ao diagnóstico sendo considerado padrão ouro. A partir desse também foi visto que é possível aproveitar outros dados, diretos ou indiretos, oferecidos pelo exame para acompanhamento da evolução da PCA, auxiliando na definição do tipo de abordagem e consequentemente, na prevenção de complicações decorrentes da afecção (PHILLIPS III, 2013). No presente estudo, encontrou-se uma frequência de PCA no terceiro dia de vida dentre os RN com idade gestacional inferior a 30 semanas, de 61,86% (n= 133). Afiune, Singer e Leone (2005) descrevem valores semelhantes nos achados de sua pesquisa, com incidência de 52,2% de PCA em menores de 30 semanas e 58,8% em menores de 1000 gramas. Costeloe et al. (2000) (citado por Urquhart; Nicholl, 2003) apresentaram uma incidência de 65% de PCA em RNPT com idade gestacional inferior a 26 semanas. No entanto, não foram descritos os critérios para o diagnóstico de PCA em tal estudo. HAJJAR et al. (2005) relatam uma incidência em RNPT variando de 20% a 60%, de acordo com o tipo de população e critério diagnóstico utilizado. O diagnóstico clínico da PCA pode, muitas vezes, ser difícil, tanto pela inespecificidade quanto pela ausência de um ou mais destes sinais e sintomas no RNPT (MIYAGUE, 2005; HAJJAR et al., 2005; EVANS, 1993), o que explica a grande importância do diagnóstico ecocardiográfico da PCA (AFIUNE; SINGER; LEONE, 2005; MIYAGUE, 2005; EVANS, 1993; Urquhart; Nicholl, 2003). No presente estudo, a clínica (definida como a presença de ICC, sopro sistólico, pulsos amplos e/ou precórdio hiperdinâmico) foi encontrada em 64,10% dos pacientes (n=50) no terceiro dia de vida pós natal dentre os portadores de PCA, que pode ser comparado aos 52% encontrados por Afiune, Singer e Leone (2005). Tem-se em nossa população o sopro sistólico como a manifestação clínica mais comum dentre as acima definidas, com uma ocorrência de 42,86% dos RNPT estudados, em conformidade com os estudos de Afiune, Singer e Leone (2005) e Skelton et al. (1994) (citado por Urquhart; Nicholl, 2003), mas em oposição aos resultados de Davis et al. (1995) (citado por Urquhart; Nicholl, 34 2003), que encontraram uma alta porcentagem de RN com sopro ausente. Quanto à ocorrência dos demais sinais clínicos, houve frequência de 25,51% de pulsos amplos, 18,37% de precórdio hiperdinâmico e ocorrência de ICC em 2% dos casos. Enfatiza-se que a percepção destes sinais foi feita no terceiro dia após o nascimento dos pacientes, sendo que, à medida que a sobrecarga do lado direito do coração decresce, alguns sinais tornam-se mais frequentes e evidentes. Nesta investigação, observou-se que das 30 crianças que não apresentaram clínica de PCA, 43,3% tiveram diagnóstico ecocardiográfico e necessitaram intervenção cirúrgica como forma de tratamento. Neste estudo observou-se uma chance aumentada de fechamento espontâneo em relação ao farmacológico em pacientes com idade gestacional superior a 28 semanas (OR 17,4, p= 0,023), o que não foi observado por Afiune, Singer e Leone (2005) ao se relacionar a idade gestacional com fechamento espontâneo e não espontâneo, na população até 34 semanas, o que foi reforçado pelo trabalho de Tschuppert et al., em que não houve diferença entre as idades gestacionais e falha de fechamento farmacológico, em sua população de até 35 semanas. No presente trabalho encontrou-se que o choque é fator de mau prognóstico para fechamento farmacológico em relação ao cirúrgico (OR 9.8, p=0,008), o que não é mencionado nos demais estudos pesquisados. Gonzalez et al. (1996) associa em seus estudos a falha de fechamento espontâneo ao choque séptico, com a verificação do aumento dos níveis de um tipo de prostaglandina neste estado. Entretanto, é provável que tal achado seja devido à infecção em si e não a ocorrência do choque. O protocolo de atendimento ao RNPT com PCA do Royal Prince Alfred Hospital (2010) refere haver dilatação significativa das câmaras cardíacas esquerdas em consequência da PCA. Isto seria explicado talvez por um aumento do fluxo pulmonar e de sua repercussão no átrio esquerdo devido ao shunt consequente à perviedade do canal (HAJJAR et al., 2005). Este aumento dentre os casos de PCA levou à utilização frequente da medida da razão entre o diâmetro do átrio esquerdo e a aorta como um parâmetro para avaliação da repercussão da PCA no paciente, sendo um marcador de boa acurácia para tal. (HAJJAR et al., 2005). Em nosso estudo encontra-se que o aumento da relação AE/AO aumenta a chance de falha de tratamento farmacológico, com valor p = 35 0,016 e odds ratio de 8,7. Entretanto, o mesmo não foi observado por Afiune, Singer e Leone (2005), que não encontraram aumento nesta relação em sua população de estudo, talvez por diferenças estruturais nos RNPT por ele mesmo descritas em seu trabalho ou ainda um número insuficiente de pacientes. O diâmetro do CA associa-se com o tipo de fechamento. A partir daí, para definir pontos de corte, criou-se uma curva ROC. A curva ROC para o diâmetro do CA considera o fechamento não espontâneo como evento de interesse (ou falha de fechamento espontâneo). A área abaixo da curva ROC é 0,764, variando entre 0,631 e 0,898, com p=0,002, ou seja, indica que o diâmetro do CA apresenta uma boa classificação dos pacientes em relação ao seu fechamento. Entretanto, ao determinar um ponto de corte, encontrou-se para um maior valor combinado de sensibilidade e especificidade o valor de 2,15 mm, de sensibilidade de 55% e especificidade de 46%. Em outras palavras, 55% dos RN que apresentaram CA com diâmetro inferior a 2,15 mm terão fechamento espontâneo, enquanto que 46% daqueles com diâmetros maiores do que 2,15 mm não fecharão espontaneamente. Kluckow e Evans (1995) encontraram um ponto de corte de 1,5 mm, com especificidade de 85% e sensibilidade de 81%. Tais diferenças nos números observados também podem ser explicadas pelas diferenças nas populações dos dois estudos, sendo que Klucow e Evans utilizaram como critério de seleção o peso menor do que 1500g e o uso de ventilação mecânica. Somado a isto, também houve variação no período de realização da ecodopplercardiografia, com uma média de 19 horas. O índice Diâmetro2/Peso é uma variável que nos últimos anos vem mostrando seu potencial em se falando de utilidade na abordagem da PCA e que, através deste trabalho, comprovou sua aplicabilidade na prática, demonstrando, em conformidade com os trabalhos de Tschuppert et al., sua relação entre o seu aumento e o aumento das chances de fechamento farmacológico e cirúrgico em relação ao espontâneo (respectivamente, p=0,007 e p=0,005). A área abaixo da curva ROC é de 0,801, variando entre 0,682 e 0,920, com p=0,001, ou seja, indica que o índice diâmetro²/peso apresenta uma boa classificação dos pacientes em relação ao seu fechamento. Ao definir um ponto de corte, encontrou-se para um maior valor combinado de sensibilidade e especificidade o valor de 4,4 mm²/Kg, com sensibilidade de 71% e especificidade de 64%. Em outras palavras, 71% daqueles com CA com índice 36 diâmetro²/peso superior a 4,4 mm²/Kg não fecharão espontaneamente, enquanto 64% daqueles com índice diâmetro²/peso inferior a 4,4 mm²/Kg fecharão espontaneamente, o que revela o índice diâmetro²/peso do CA como um parâmetro satisfatório para predição de falha de fechamento espontâneo. Tschuppert et al. (2008) encontraram um valor de 9 mm²/Kg em sua população de RN, revelando índices de 87,5% de sucesso de tratamento farmacológico na população com um índice inferior a 9 mm²/Kg e um índice de 12,5% de falsopositivos, que obtiveram sucesso terapêutico apesar do índice superior a 9 mm²/kg. No mesmo trabalho, considerando o grupo de falha de fechamento farmacológico, Tschuppert et al. (2008) encontraram 41,5% dos pacientes com índice superior a 9 mm²/Kg e que poderiam ter se beneficiado com tratamento cirúrgico precoce. Tal variação no ponto de corte entre o trabalho citado e o presente estudo provavelmente se deve ao fato das diferenças entre as populações, uma vez que no trabalho de Tschuppert et al. foram avaliados neonatos com PCA com IG inferior a 35 semanas e que foram submetidos ao tratamento farmacológico. Apesar disso, tal índice apresentou significância estatística também para o nosso trabalho. Vale lembrar que o aumento nestes valores de corte alteraria as sensibilidades e especificidades envolvendo os dois desfechos, podendo ser alterados, por exemplo, para definição de valores de triagem. Entretanto, os valores supracitados são especificidades combinados. os que apresentam melhor sensibilidade e 37 6 CONCLUSÕES O acréscimo do diâmetro do canal mostrou-se como fator de mau prognóstico para fechamento espontâneo do canal arterial. Pacientes com idade gestacional inferior a 28 semanas e aqueles que apresentaram de choque foram mais submetidos ao fechamento farmacológico comparado ao fechamento espontâneo da persistência do canal arterial. Pacientes que desenvolveram choque ou que possuíam relação AE/AO aumentada foram mais submetidos ao fechamento cirúrgico comparado ao fechamento farmacológico da persistência do canal arterial. O Índice diâmetro²/peso, ainda não utilizado na prática clínica, revelou-se útil na abordagem da persistência do canal arterial. 38 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFIUNE, Jorge Y.; SINGER, Julio M; LEONE Cléa R. Evolução ecocardiográfica de recém nascidos com persistência do canal arterial. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 81, n. 6, p. 454-460, nov./dez. 2005. BILKIS, A. A. et al. Predictors of failed closure of patent ductus arteriosus with indomethacin. Singapore Medicine Journal, [S.l], v. 47, n. 9, p. 763-768, 2006. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. 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Psicologia Critérios para Níveis de Evidência: A- Dados derivados de múltiplos ensaios clínicos randomizados B- Dados derivados de um único ensaio clínico randomizado ou estudos não randomizados C- Dados derivados de um consenso de especialistas. Nível: C Graus de Recomendação: Classe I – Condições nas quais existam concordância geral de que o procedimento é útil e efetivo. Objetivo Geral: Detecção precoce do PCA para conduta clínica na primeira semana de vida, visando evitar consequências maléficas deste no RNPT. Achados mais Comuns: Sopro cardíaco de grau variável, em geral apenas com componente sistólico, em BEE alta, Pulsos periféricos amplos, Precórdio hiperdinâmico, Piora respiratória em fase de melhora da DMH, com piora radiológica e/ou necessidade de aumento de VM, Sinais radiológicos de congestão pulmonar e cardiomegalia (ICT ao Rx > 0,60) Sinais de ICC: perda ou dificuldade de ganho de peso, taquidispnéia em repouso e/ou à sucção, taquicardia, dependência de oxigênio suplementar, hepatomegalia. 43 Fatores de risco: Idade gestacional menor que 29 semanas Peso nascimento menor que 1.000g Hiperhidratação Anemia Sepse Distúrbios eletrolíticos Critérios de Inclusão: RNPT menor ou igual a 29 semanas e/ou menor ou igual a 1000 gramas de PN com tempo de vida menor que 7 dias , independente da presença de sopros ao exame clínico. RNPT com idade gestacional acima e/ou PN acima mas que esteja com mais de 7 dias de vida, desde que apresente clínica de PCA. RNPT com idade gestacional maior que 29 semanas ou PN maior que 1000g desde que apresente clínica de PCA. Critérios de Exclusão: RNPT com IG maior que 29 semanas ou PN maior que 1.000 g e sem evidências clínicas de PCA. Siglas e Abreviaturas Utilizadas: RNPT – recém nascido pre´- termo IG – idade gestacional PN – peso de nascimento PCA – persistência de canal arterial ACV - Aparelho Cárdio-vascular TGU – Trato Gênito-urinário TGI – Trato Gastro-intestinal Na – sódio K – potássio VM – ventilação mecânica O2 – oxigênio BEE – borda external esquerda ICT – índice cardio-torácico USTF – ultrassonografia transfontanelar SS – sopro sistólico FC – freqüência cardiaca 44 Histórico: História familiar e gestacional completa; Dados do parto e condições de nascimento da criança (Apgar, peso, classificação, etc); Uso de medicamentos pela mãe na gestação ; Presença de síndromes ou malformações; Presença de dependência de suporte ventilatório ou O2 suplementar. Complicações neonatais:membrana hialina, choque, sepse, anemia, convulsões, enterocolite necrosante, etc Uso de aminas vasoativas ou diuréticos Exame físico: Ectoscopia; Avaliação de presença de cianose ,coloração de pele e mucosas, presença de edema, Avaliação do Aparelho Cardiovascular: - Ictus e precórdio; - Pressão arterial, FC e pulsos ; - Ausculta cardíaca: avaliação das bulhas e sopros; Avaliação do padrão respiratório; Palpação do abdome (hepatomegalia); Ausculta de sopros “ectópicos”: cabeça, região hepática, dorso (colaterais). Exame diagnóstico: Indicação: (fluxograma 1) Freqüência: EcoDopplercardiograma com fluxo a cores Em todos os RNPT < ou = 1000 g e/ou < ou = 29 semanas independente de sinais clínicos, que deve ser realizado preferencialmente de 48 a 96 horas de vida. Em RNPT com IG ou PN maiores que apresentem clínica de PCA. De rotina. Encaminhar pedido de exame após nascimento do RN que preencha este critério. Será feito dentro da primeira semana de vida. 45 Hemograma e screening infeccioso (PCR, hemocultura, análise urinária com cultura, líquor) - Para controlar o hematócrito da criança com doença cardíaca (evitar a anemia); - Na suspeita clínica de que a infecção seja causa primária do comprometimento da performance cardíaca, ou esteja contribuindo para piora clínica dos pacientes cardiopatas. Dosagem sérica de plaquetas, bilirrubinas, eletrólitos, uréia e creatinina. - Na suspeita de distúrbios metabólicos que são deletérios ao coração. - Como exames obrigatórios antes do uso do ibuprofeno e/ou indometacina e após o uso destes, se suspeita de efeitos colaterais. USTF RX de Tórax À critério clínico, sendo recomendável A critério clínico, sendo recomendável e indispensável antes do uso do ibuprofeno. Sempre na suspeita clínica -Em geral já faz parte da rotina neonatal. Deve ser pedido sempre que haja indícios de congestão pulmonar. ECG A critério clínico -Em suspeita de outra cardiopatia associada ou presença de distúrbios eletrolíticos Diagnóstico Principal (CID): Presença de ductus arterioso CID Q 25 Diagnósticos Associados (CID): 46 Tratamento: Medidas Gerais - Acesso venoso confiável; - Aquecimento; - Corrigir acidose; - Corrigir distúrbios metabólicos; - Manter hematócrito em 36%. - aporte hídrico no limite inferior ao recomendado para idade. Se necessário restrição hídrica fazê-la por tempo limitado: 24 a 48 h e sem restrição calórica. Suporte respiratório -Suporte respiratório com FiO2 mínima necessária para manter uma SatO2 > 90%, sem acidose. Suporte circulatório - Podem ser necessárias medidas anticongestivas nos casos de congestão pulmonar; Usar Furosemida 0,3 a 0,5 mg/Kg/dose em 2 a 3 doses/dia – EV. Se necessário uso de diurético por tempo maior que 4 dias tentar transição para hidroclorotiazida 1 a 2 mg/Kg/dose, oral, de 12/12h associado com espironolactona 1 mg/Kg/dose – oral de 12/12h. - Pode ser necessário suporte inotrópico na suspeita clínica de disfunção miocárdica (usar aminas vasoativas). Não é recomendado uso de digitálicos devido alto risco de intoxicação no RNPT. O uso de vasodilatadores deve ser usado com muita cautela e se indicado pelo cardiologista. 47 Cirurgia: Fechamento cirúrgico do canal arterial - Naqueles que não responderam ao tratamento farmacológico, - Naqueles que não puderam fazer o tratamento farmacológico específico por contra-indicações, - Naqueles de grande gravidade por canal arterial muito extenso ao exame de imagem e com grande repercussão clínica, cujo tratamento farmacológico representaria riscos e atraso terapêutico. Medicamento específico utilizado: 1-Indicação/dose/início de ação/EC -RNPT < 29 semanas e/ou PN <1000g até o IBUPROFENO sétimo dia de vida com PCA visto ao ecocardiograma CARACTERIZAÇÂO: antiinflamatório não esteróide -RNPT > 29 semanas e/ou PN > 1000g inibidor da ciclo-oxigenase que impede a conversão com repercussão clínica de PCA grande do ácido aracdônico em PGE2. *Efetividade começa a declinar com o uso após a primeira semana de vida* OBSERVAÇÕES: a droga de escolha para fechamento de canal arterial recomendada pela Academia Americana de Pediatria continua sendo a Indometacina endovenosa, com as mesmas contra-indicações citadas. Esta apresentação não está disponível em nosso meio. A apresentação oral que é a disponível tem absorção é errática , comprometendo os objetivos do tratamento. Quanto à eficácia, tanto o ibuprofeno EV quanto a indometacina EV parecem ser semelhantes, mas este último em alguns estudos mostrou apresentar menores efeitos renais e no SNC. O ibuprofeno endovenoso tem sido usado como alternativa segura , em substituição à indometacina endovenosa, com respaldo em literatura científica nacional e internacional. 1- DOSE: ataque de 10 mg/Kg, seguidos de duas doses de 5 mg/Kg, com intervalos de 24 horas. Total de 3 doses. 2- APRESENTAÇÃO: frasco com 5 mg (pó) – fracionado pela farmácia – HOB 3- DILUIÇÃO: diluir cada frasco em 5 ml de ABD = 5 mg/5ml, calcular a dose de cada aplicação e rediluir em mais 5 ml de ABD, para fazer EV lento em 30 minutos. Exemplo: Ibuprofeno (5 mg) – diluir 1 frasco em 5 ml de ABD e fazer ---- ml com 5 ml de ABD, EV lento em 30 minutos. 4- VIDA MÉDIA: 30,5 +/- 4,2 h 5- CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA MÉDIA: 28,05 micromol/ml 6- CONTRA-INDICAÇÕES: Creatinina sérica > 2 mg/dl Uréia sérica > 60 mg% Níveis de bilirrubinas de risco para ET Diurese < 0,6 ml/Kg/h nas 24 horas precedentes Sinais clínicos e/ou radiológicos de ECN Hemorragia gastrointestinal presente ou recente Distúrbios de coagulação sangüínea ou tendência a sangramentos ( tubo traqueal, fezes, locais de punção, aspirado gástrico, hematúria). Hemorragia intracraniana grau III ou IV (Papile et all) ou menor porém recente. Sepse não controlada. Instabilidade hemodinâmica. Hipertensão pulmonar clínica. Plaquetopenia (< 60.000) Tratamentos especiais: Não requer. com repercussão 48 Serviços e Instalações: Sala de emergência ou Unidade Semi-intensiva Indicação e tempo de permanência estimado: A cargo da rotina neonatal Sala de emergência ou UTI Sempre na unidade neonatal, para tratamento clínico e/ou cirúrgico. Transferência Para serviços de CCV pediátrica em casos de cardiopatias associadas que requerem tratamento cirúrgico especializado. Interconsulta: Envolve a equipe de cardiologia pediátrica do serviço para orientações mais específicas; Necessita, se disponível no serviço, do ecocardiograma para o diagnóstico anatômico. Critério de alta hospitalar: A cargo da equipe neonatal após completar planejamento clínico global. Orientações ao Paciente Pós-alta: - Acompanhamento clínico ambulatorial e uso regular da medicação para os casos de tratamento farmacológico. - acompanhamento pediátrico habitual para aqueles que fizeram fechamento cirúrgico e evoluíram assintomáticos. Monitoramento do Protocolo (Indicadores) Total de uso de tratamento farmacológico e cirúrgicos Eficácia de tratamento cirúrgico. Complicações do tratamento Monitoramento do Protocolo no HOB (Indicadores) % de Pacientes À chegada Durante o Pós admitidos/ Período Tratamento Tratamento de Acompanhamento TO (na implementação do protocolo) T1 (Pósimplementação do protocolo) % = Eficiência em relação à resolução do evento detectado à chegada do paciente admitido no HOB. 49 Referências Bibliográficas: 1- Chang, Hanley, Wernovsky and Wessel, Pediatric Cardiac Intensive Care, 1998; 2- Kirklin and Barratt-Boyes, Cardiac Surgery, Terceira Edição, volumes 1 e 2, 2003; 3- Maria Virgínia Tavares Santana, Cardiopatias Congênitas no Recém-Nascido, 2000; 4- Moss and Adams, Heart Disease in Infants, Children, and Adolescents, Quinta Edição, volumes 1 e 2, 2008; 5- Hariprasad P. et all. Ibuprofeno oral para fechamento do canal arterial hemodinamicamente significativo em neonatos prematuros. Indian Pediatrics 2002; 39: 99-100 6- Desfrere L. et all. Dose-finding study of Ibuprofen in Patent Ductus Arteriosus Using the Continual Reassessment Method. J. Clin Pharm Ther. 2005 Apr; 30 (2):121-132 7-Overmeire B. V. et all, Treatment of Patent Ductus Arteriosus with Ibuprofen Arch Dis Child Fetal Neonatal May 1997: 76: F179-184 8-Heyman E. et all. Closure of Patent Ductus Arteriosus With oral Ibuprofen Suspension in Premature Newborns – A Pilot Study. Pediatrics Vol 112 n º 5 November 2003, pp 354 9- Ohlsson A. , Walia R., Shal S. Ibuprofen for the Treatment of Patent Ductus Arteriosus in Preterm and/or Low Birth Weight Infants (Cocharane Review abstracts) , from Cochrane Library, Issue 1, 2005 50 ANEXO B – FLUXOGRAMA DE CONDUTA PARA RNPT COM PN<1000g E/OU IG<29 SEMANAS DA UNIDADE DE UTI NEONATAL - HOB FLUXOGRAMA I RNPT < 1000g e/ou < 29 semanas ECO de rotina com 3 a4 dias de vida PCA presente Exames para fechamento farmacológico COM contra-indicação REPERCUSSÃO? NÃO SIM Hemograma +plaquetas Íons, uréia/creatinina, bilirrubinas USTF SEM contra-indicação IBUPROFENO: 10 + 5 + 5 mg/Kg , EV , 24/24h TRATAMENTO CLÍNICO (48-72h) ECO APÓS 72h OBSERVAR FECHAMENTO? SIM NÃO OBSERVAR AVALIAR CIRURGIA Especialmente se: RN < 600g e/ou < 26 sem PCA > 2mm ao eco Grande repercussão clínica 51 ANEXO C – FLUXOGRAMA DE CONDUTA PARA RNPT COM PN>1000g E/OU IG<29 SEMANAS DA UNIDADE DE UTI NEONATAL - HOB FLUXOGRAMA II RNPT com PN >1000 G E/OU IG > 29 SEM Ecocardiograma se clínica de PCA PCA presente Sem repercussão repercussão PCA presente com OBSERVAR IBUPROFENO 10 + 5 + 5 mg/kg a cada 24 h Furosemida 0,3 a 0,5 mg/Kg/dose ,EV Se < 7 dias usar ibuprofeno e repetir eco após 72 h. (Uso possível até 14 dias de vida com eficácia menor.) Se fechar: observar. Se diminuir e sem epercussão:observar Se inalterado e com repercussão: cirurgia Se > 14 dias, tentar tratamento clínico por 48-72 h e repetir eco: Se fechar PCA: Observar Se diminuir e sem repercussão:observar Se inalterado e com repercussão: cirurgia OBS: 1- Associar sempre o tratamento geral: suporte respiratório, circulatório, tratamento da anemia, dos distúrbios metabólicos,eletrolíticos, sepse, e adequação de aporte hídrico. 2- Fazer exames pré ibuprofeno (plaquetometria, Na, K, uréia, creatinina, USTF) e consultar contraindicações. 4. Interromper uso do ibuprofeno a qualquer momento se efeitos colaterais. 5. Manter dieta suspensa após todo curso do ibuprofeno. 6. Não é necessário repetir eco após fechamento cirúrgico, apenas se persistir evidências clínicas de insucesso cirúrgico. 52 APENDICES APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE PESQUISA PARA COLETA DE DADOS Avaliação da Persistência do Canal Arterial em Prematuros: Aspectos Clínicos e Terapêuticos Data de Nascimento:__\__\__ Nascimento no HMOB? ( )Sim ( )Não Sexo: ( )Feminino ( )Masculino ( )Indeterminado PN: ______g -IG: ( ( ( ( ( ( )< 26 semanas )26 semanas )27 semanas )28 semanas )29 semanas )30 semanas História Pós-Natal (Dados da primeira semana de vida) -Respiratório: .Uso de surfactante? ( )Sim ( )Não -Hemodinâmico .Clínica de PCA? ( )Sim ( )Não Se sim: ( )Sopro ( )Pulsos Amplos ( )Precórdio Hiperdinâmico ( )ICC .Choque? ( )Sim ( )Não .Se sim, reanimação: ( )Dopamina ( )Dobutamina ( )Soro Fisiológico -Infeccioso .Sepse? ( )Sim ( )Não -Neurológico .USTF:( )Normal HIV: ( )I ( )II ( )III ( )IV -EcoDopplercardiografia Data Diâmetro PCA AE/AO 1° __\__\__ mm 2° __\__\__ mm 3° __\__\__ mm Grau Shunt Diagnósticos ao Ecocardiograma 53 -Fechamento Espontâneo: ( )Sim ( )Não -Fechamento Farmacológico .Contra indicação? ( )Sim ( )Não .Se sim, qual?___________ .Droga:____________ Doses:_________________ Via:_____________ .Efeitos Colaterais? ( )Sim ( )Não .Se sim, qual?( ) redução diurese ( )aumento escórias ( )aumento K ( ) sangramento TGI ( )HIV ( )enterocolite ( )choque ( )outros -Fechamento Cirúrgico .Indicação:( )Falha Tratamento Clínico ( )Contra Indicação Tratamento Clínico Óbito? ( )Sim ( )Não .Se sim: .Causa: ( )Cardíaca ( )Não cardíaca .Idade:_______dias -Alta: Data (__/__/__) Idade:_______dias Peso:_______gramas 54 APÊNDICE B – DECLARAÇÃO SOBRE A DESTINAÇÃO DOS DADOS COLETADOS 55 APÊNDICE C – TERMO DE COMPROMISSO PARA UTILIZAÇÃO DE DADOS 56 APÊNDICE D – TERMO DE COMPROMISSO PARA PESQUISA EM PRONTUÁRIOS 57 APÊNDICE E – APROVAÇÃO DO COEP DO HMOB 58 APÊNDICE F – APROVAÇÃO PELO COEP DO IEP – SANTA CASA 59 60