Sistema Respiratório
Mergulho em Apnéia e Equilíbrio Ácido-Base
Mergulho em Apnéia e Equilíbrio Ácido-Base
Controle da ventilação durante o mergulho em apnéia
É muito comum que os mergulhadores façam uma hiperventilação na superfície
antes de mergulharem, como estratégia para permanecerem durante mais tempo debaixo
d’água. Nesse caso, o aumento da ventilação, em proporção maior do que o acúmulo de
CO2, promove a diminuição da pressão parcial de CO2 no sangue. Caso essa ventilação
ocorra muito rapidamente, haverá aproximação da pCO2 alveolar com a PCO2
atmosférica. A pO2 arterial não aumenta, pois já existe o equilíbrio entre a pO2 arterial
com a pO2 atmosférica. A única maneira de se aumentar a pO2 arterial é inalando ar que
contenha oxigênio em maior concentração do que o ar atmosférico.
A vontade de respirar é decorrente do acúmulo de CO2; dessa forma, se um
mergulhador hiperventilar, a pCO2 dele estará bem baixa e a pO2 estará alta, e o tempo
de demora para que a pCO2 aumente, de maneira que provoque uma vontade irresistível
de respirar, será maior. O indivíduo consegue, então, ficar muito mais tempo debaixo
d’água. Porém, paralelamente, a pO2 arterial vai diminuindo, pois há consumo de
oxigênio. Dependendo do tempo que ele fique debaixo d’água, pode ser que desenvolva
hipoxemia, mesmo sem haja vontade de respirar. Se a hiperventilação for muito intensa,
haverá uma baixa de pO2 arterial, mesmo sem a elevação da pCO2, o que poderá causar
uma perda de consciência, levando o mergulhador a aspirar água e morrer afogado. É de
extrema importância, portanto, que o mergulho nunca seja realizado sozinho.
A manobra de Valsalva não interfere muito na pressão parcial dos gases, mas
que pode diminuir o retorno venoso. Trata-se da expiração forçada contra a glote
fechada, fazendo pressão positiva dentro do tórax. Ocorre baixa de enchimento
ventricular e baixa de débito cardíaco, podendo levar a uma hipotensão arterial, se
sustentada por muito tempo. Normalmente, é realizada durante esforço físico.
Equilíbrio Ácido-Base
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Introdução
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Gasometria
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Resumo
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Sistema Respiratório
Mergulho em Apnéia e Equilíbrio Ácido-Base
Introdução
Outro aspecto importante na fisiologia respiratória diz respeito ao equilíbrio
ácido-base. A gasometria arterial é um exame realizado com sangue arterial, quando se
quer saber como está o equilíbrio ácido-base de uma pessoa. A primeira coisa a se
avaliar é o pH; se o pH estiver normal, significa que não há nenhum tipo de distúrbio no
equilíbrio ácido-base, ou que houve um distúrbio inicial e foi compensado.
Por exemplo: se um pessoa tem um problema metabólico, como diabetes
mellitus descompensada, ela produz ácidos em excesso, causando acidose metabólica.
Há indução de mecanismos renais e respiratórios de compensação. Os mecanismos
renais são: secreção de ácidos fixos, amônia; reabsorção de íons bicarbonato. O
mecanismo respiratório é a hiperventilação, eliminando CO2, pois, assim, se estará
eliminando H+ em última instância.
Na alcalose, por exemplo, quando se vomita intensamente (muita quantidade ou
repetidas vezes), há eliminação de ácido do estômago. Nesse caso, há estímulo para
produção de mais ácido, o que provoca alcalose metabólica. A tendência é que o rim
compense excretando bicarbonato. Porém, a ventilação terá um certo trabalho para
compensar, pois não se pode hipoventilar por muito tempo, uma vez que se compromete
a oxigenação do sangue. A alcalose metabólica é muito mais complexa para se
compensar com a ventilação, pois não se pode somente hipoventilar para reter CO2 e
comprometer a oxigenação do sangue. Mas, como o organismo produz constantemente
ácidos, há uma certa capacidade de compensar.
Gasometria
Se, num exame da gasometria, o pH está normal, mas observa-se que o
bicarbonato está muito baixo e a pCO2 está alta, não há distúrbio ácido-base, mas
constata-se que o problema inicial era respiratório; algum déficit respiratório, alguma
doença restritiva ou obstrutiva estaria prejudicando a saída de CO2, e, com isso,
consumindo bicarbonato.
A análise inicial de uma gasometria deve ser baseada no pH. Se ele está
baixo, há acidose, sendo a causa ou respiratória, ou metabólica. Se o problema for
respiratório, o CO2 estará alto. O indivíduo, então, estará em acidose respiratória; se o
rim começar a compensar, vai haver um pH normal e a pCO2 ainda alta.
Mas, se o pH está normal e a pCO2 está alta, isso é um problema respiratório,
pois não existe no organismo nenhum mecanismo que acumule CO2. Se há acúmulo de
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Mergulho em Apnéia e Equilíbrio Ácido-Base
CO2 é porque a respiração não está conseguindo eliminá-lo eficientemente, logo, tratase de um problema respiratório.
Se o pH está alto, de 7,48 por exemplo, haverá alcalose. Se o problema for
metabólico, significa que estará havendo perda de H+ de alguma maneira, logo, haverá
muito bicarbonato. Se for respiratório, a pCO2 estará baixa, pois haverá eliminação
exagerada, como em uma hiperventilação, por ansiedade, por exemplo.
Em pH baixo, ou seja, acidose, a respiração pode estar causando ou pode estar
tentando compensar. Se ela estiver causando, a pCO2 vai estar alta. Se for acidose
metabólica, a respiração estará compensando, logo a pCO2 se encontrará baixa. Logo,
em pH baixo e pCO2 alta, trata-se de acidose respiratória. Se pCO2 estiver alta, trata-se
de acidose metabólica, com a respiração tentando compensar.
Resumo
pH = 7,40 (7,35-7,45)
pCO2 = 40 mmHg (35- 45 mmHg)
HCO3- = 24 mEq/L (22 -26 mEq/L)
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FISIOLOGIA – AULA DO DIA 17