Interpretação microscópica da entropia (entropia, probabilidade e desordem) Ω → probabilidade termodinâmica (ou estatística) de um certo estado -A probabilidade estatística de um estado é uma medida da ‘desordem’ associada a esse estado. Quanto mais restrições impomos ao estado (diminuimos a ‘desordem’), mais pequena se torna a probabilidade de ele ocorrer. Ex: N moléculas de gás num recipiente A B Configuração mais ‘desordenada’ Configuração menos ‘desordenada’ -Probabilidade de que a molécula A esteja do lado esquerdo: ½ -Probabilidade de que ambas as moléculas A e B estejam do lado esquerdo: ½ * ½ -Probabilidade de que as N moléculas estejam do lado esquerdo: (½)N -Probabilidade de que as N moléculas estejam no recipiente, ocupando uma qualquer posição: 1 >> (½)N Um sistema isolado evolui de um estado de pequena probabilidade termodinâmica para o estado final de equilíbrio, de máxima probabilidade termodinâmica, i.e.,: Ω → máximo Também se mostra (veremos adiante) que, para um sistema isolado S → máximo (U constante) De facto, as duas grandezas estão relacionadas: S = kB lnΩ kB = R NA → relação de Boltzmann → constante de Boltzmann Diagramas ST (entropia-temperatura) (S, T) → variáveis de estado independentes exs: - expansão livre de um gás ideal (∆ ∆T=0; ∆S>0, qualquer) - trabalho adiabático realizado sobre um gás ideal (num proc. reversível) (∆ ∆S=0; ∆T>0, qualquer) S e T → variáveis conjugadas: T dS = δQrev energia Representação do ciclo de Carnot num diagrama S-T isotérmica s adiabátic Q1 as T T1 Q1 1 4 A Q2 T2 2 dS = Q2 3 S δQrev T Para qualquer proc. reversível: Qrev = ∫ TdS → ∫ TdS é a área A Relação Fundamental da Termodinâmica 1º Princípio na forma diferencial: dU = δQ + δW Processo infinitesimal reversível (logo, quase-estático) e sistema PVT: δWrev = - PdV 2º Princípio na forma diferencial: δQrev = TdS (1) (2) (3) Combinando (1), (2) e (3) (aplicação conjunta do 1º e 2º Princípios): dUrev = δQrev + δWrev = TdS - PdV Mas U é uma função de estado e dU é uma diferencial exacta!... dUrev = dU, independentemente do processo infinitesimal Então dU = TdS - PdV ⇔ TdS = dU + PdV Relação Fundamental (ou Eq. Central) da Termodinâmica Passou-se de dU = δQ + δW a dU = TdS - PdV Ou seja, passou-se de uma descrição dos fenómenos térmicos com base em funções de processo (W e Q) para uma descrição com base em funções de estado (P, V, T e S). Para um processo irreversível: Como TdS > δQirrev (Desigualdade de Clausius) TdS = dU + PdV = δQirrev + δWirrev + PdV ⇔ TdS - δQirrev = δWirrev + PdV > 0 Aplicação da Relação Fundamental: → A eq. da entropia de um gás ideal Para um gás ideal, U = U (T ) C = ∂U = dU V ∂T V dT Da Relação Fundamental: TdS = CV dT + PdV ou, para n = 1 mol de substância, Pv = RT Tds = cV dT + Pdv RT ⇔ Tds = cV dT + dv v dT dv ⇔ ds = cV +R T v Integrando desde o estado (s0 , v0 , T0) T v s − s0 = cV ln + R ln T0 v0 χ s = cV ln T + R ln v + c te Aplicação conjunta do 1º e do 2º Princípios da Termodinâmica dU = TdS − PdV → Relação Fundamental (válida para todos os processos infinitesimais, reversíveis ou irreversíveis) Proc. reversíveis TdS (e sistemas PVT) − PdV Proc. irreversíveis TdS (e sistemas PVT) − PdV δQrev = δWrev = δ Qirrev < δ Wirrev > Ex: agitação de um fluido por pás TdS > 0 ; δ Q = 0 PdV = 0 ; δ W > 0 Outros sistemas termodinâmicos: i) Fio ou barra de metal sob tensão dU = TdS + ΓdL ii) Membrana superficial de um líquido dU = TdS + σ dΣ iii) Célula electrolítica dU = TdS + ε dZ iv) Em geral, sistema composto por dU = TdS + n subsistemas dU = TdS − PdV − P ' dV ' Parede diatérmica n ∑ (± X i =1 i dYi ) Relações de Maxwell U(S,V) → energia interna: função de estado mais conveniente para estudar processos em que trocas de calor se dão a volume controlado variáveis naturais de U dU ∂U = dS ∂S V = TdS ∂U + dV ∂V S − PdV dU é diferencial exacta ⇔ ∂T ∂P = − ∂V S ∂ S V T → P ∂ ∂V ∂U = ∂ S V ∂U = − ∂ V S ∂ ∂U = ∂ S V S ∂ S ∂U ∂V S V → 1ª relação de Maxwell Ferramentas matemáticas Transformações de Legendre Por vezes há vantagem em reformular as mesmas leis em termos de variáveis independentes diferentes, de forma a tornar mais simples a análise de um sistema. Suponhamos que o estado de um sistema é descrito pela função de estado f, definida em termos das variáveis independentes x e y. Suponhamos que a função f(x,y) satisfaz a seguinte equação: df = u dx + v dy Se tivermos vantagem em tomar como variáveis independentes (u,y) em vez de (x,y), então é necessário definir a função g(u,y), transformada de Legendre de f(x,y): g ≡ f −u x A nova função de estado satisfaz a equação dg = − x du + v dy H ≡ U + PV dH (transformação de Legendre aplicada à energia interna) H(S,P) → = dU + PdV + VdP = TdS + VdP entalpia: função de estado mais conveniente para estudar processos em que trocas de calor se dão a pressão controlada variáveis naturais de H dH ∂H = dS ∂ S P = TdS ∂H + dP ∂ P S + VdP dH é diferencial exacta ⇔ T → V ∂H = ∂S ∂H = ∂P P S ∂ ∂ ∂H = ∂ P ∂ S P S ∂S ∂H ∂P S P ∂T ∂ V → 2ª relação de Maxwell = ∂P S ∂S P dF F ≡ U − TS (transformação de Legendre aplicada à energia interna) F(V,T) → variáveis naturais de F dF = = ∂F dV ∂ V T − PdV = dU − TdS − SdT = − PdV − SdT função de Helmholtz: para estudar processos em que o volume e a temperatura são as variáveis independentes mais convenientes ∂F + dT ∂ T V − SdT P → S ∂ ∂F = − ∂V T ∂F = − ∂ T V ∂ dF é diferencial exacta ⇔ = ∂ T ∂ V T V ∂ V ∂ T V T ∂P ∂S = ∂ T V ∂ V T ∂F ∂F → 3ª relação de Maxwell G ≡ U + PV − TS dG (transformação de Legendre aplicada à energia interna) G(P,T) → variáveis naturais de G dG = = ∂G dP ∂ P T VdP = dU + PdV + VdP − TdS − SdT = VdP − SdT função de Gibbs: para estudar processos em que a pressão e a temperatura são as variáveis independentes mais convenientes (ex: maioria das reacções químicas e transições de fase) ∂G + dT ∂ T P − SdT V → S ∂G = ∂P T ∂G = − ∂T P ∂ ∂G ∂ ∂G dG é diferencial exacta ⇔ = ∂T ∂P T P ∂P ∂ T P T ∂V ∂S → 4ª relação de Maxwell = − ∂T P ∂P T