Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178
Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420
23 e 24 de setembro de 2014
O Programa Ler e Escrever e sua inserção na rede
Municipal de ensino de Campinas: os NAEDs Sudoeste e Leste
Ana Carolina Galdino da Luz
Faculdade de Educação
Centro de Ciências Humanas e Sociais aplicadas
[email protected]
Resumo:
O resumo presente traz resultado de uma pesquisa
realizada a partir do estudo do Programa Ler e Escrever (PLE), de responsabilidade da Secretaria de
Educação do Estado de São Paulo, que tem como
objetivo a melhoria do ensino dos anos inicias do
Ensino Fundamental, de forma específica no que se
refere ao ensino da matemática e da língua. Tal programa é utilizado pelo município de Campinas, a partir de convênio com a secretaria de educação do estado. Por objetivo pretendíamos verificar se e como
essa política da educação se insere nas escolas dos
NAED Sudoeste e Leste e de que maneira os docentes a utilizam. As análises dos dados obtidos nos
permitem indicar que a adesão (ou não) da comunidade escolar ao uso de recurso pedagógico tem relação estreita com a apropriação do mesmo pelos
envolvidos e a necessidade da reflexão e planejamento conjunto, professores e gestores, discutindo
possibilidades, dificuldades e avanços relacionados
ao trabalho pedagógico.
Palavras-chave: Políticas Públicas; Formação de
Professores; Coordenador Pedagógico; Ensino Fundamental.
Área do Conhecimento: Ciências Humanas – Educação — PIBIC/ CNPq.
1. Introdução
Esta pesquisa teve por objetivo a realização de um
levantamento das Escolas de Ensino Fundamental
Municipais de Campinas, em um recorte regional,
que adotaram o Programa Ler e Escrever como parte
de sua proposta pedagógica de ensino. Destacou-se
que a rede municipal de educação da cidade de
Campinas encontra-se dividida em cinco Núcleos de
Ação Educativa Descentralizada (NAED), a saber:
NAED Leste, Noroeste, Norte, Sudoeste e Sul. Esta
investigação analisou a implementação do Programa
Ler e Escrever (PLE) a partir das concepções dos
coordenadores pedagógicos de Escolas de Ensino
Dra Maria Auxiliadora Bueno Andrade Megid
Programa de Pós -graduação em Educação
Mestrado em Educação
Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
[email protected]
Fundamental Municipais de Campinas, pertencentes
aos Núcleos de Ação Educativa Descentralizada
(NAEDs) Sudoeste e Leste. Esta investigação foi articulada com outras duas que recolherão as mesmas
informações nos demais NAED. Assim, tornou-se
possível construir um mapa da implementação do
Programa Ler e Escrever na cidade. Considerou-se
importante um mapeamento mais amplo da inserção
do Programa Ler e Escrever na rede municipal de
Campinas, uma vez que, no estado de São Paulo,
grande parte da escolarização das crianças da primeira etapa do Ensino Fundamental está sob responsabilidade dos municípios. A coleta de dados
contou com buscas na internet a fim de obter informações específicas sobre os NAEDs Sudoeste e
Leste e suas escolas; questionário para ser respondido pelos coordenadores pedagógicos e entrevista
com parte deles com o objetivo de aprofundar algumas informações. A questão problema assim se estabeleceu: Como tem se configurado a inserção do
Programa Ler e Escrever, segundo as concepções
dos OPs nas escolas municipais de Campinas, e sua
repercussão no processo ensino e aprendizagem?
Por objetivo, estabelecemos: analisar a inserção do
PLE e estabelecer relação com as concepções dos
OPs de escolas municipais de Campinas. Ao final
desta pesquisa discutiram-se os procedimentos de
implementação do PLE, identificando seus limites e
potencialidades para a consolidação da escola como
um espaço fundamental de formação em serviço de
seus professores, destacando a figura do coordenador pedagógico como elemento mediador desse processo formativo e ainda, alguns elementos para a
discussão das ações políticas em torno da formação
dos professores e das políticas de avaliação de desempenho dos alunos.
1. A metodologia utilizada
A pesquisa contou com duas ações essenciais. A
primeira delas a busca de trabalhos acadêmicos que
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tivessem abordado o PLE em suas investigações,
bem como de informações que constavam de documentos da Secretaria de Educação do Estado de São
Paulo acerca do mesmo Programa, a fim de constituirmos um estofo teórico que ancorasse nossa Iniciação Científica.
Para a produção dos dados referentes à utilização do
PLE nas escolas da rede pública municipal de Campinas, lançamos mão de questionários iniciais com
representantes gestores das escolas que responderam ao nosso contato (vale destacar que foram necessárias muitas tentativas, e ainda assim nem todos
nos atenderam). Àqueles orientadores ou gestores
que nos receberam, solicitamos a realização também
de uma entrevista.
Esse procedimento metodológico foi por nós adotado
em função de que a essência da entrevista consiste
na intervenção sistemática do pesquisador durante a
mesma, fixando-se nas respostas do entrevistado a
fim de desvendar o seu sentido. O pesquisador tem
um rol de questões previamente elaboradas, mas
sabendo o objetivo de cada uma delas e tendo conhecimento teórico do objeto de estudo, ele deverá
buscar as representações da realidade reveladas ao
longo da entrevista (DELVAL, 2002). Assim, pode
sugerir que o entrevistado explique melhor determinado conceito ou ideia. O pesquisador deve estar
atento às respostas, postura e forma como os participantes respondem as questões propostas (LÜDKE
E ANDRÉ, 1986).
Foi possível conseguir entrevistar orientadores de
oito dentre as doze escolas, SEIS DA Sudoeste e
duas da Leste, como apresentamos no quadro que
se segue.
Quadro 1: Escolas cujas orientadoras foram entrevistadas e respectivas NAED
Nome da Instituição
NAED
EMEF Prof. André Tosello
SUDOESTE
EMEF Ângela Cury Zákia
LESTE
EMEF Carmelina de Castro Rinco
SUDOESTE
EMEF Corrêa de Mello
EMEF Prof.ª Elza Maria Pellegrini de
Aguiar
SUDOESTE
SUDOESTE
EMEF Dr. Lourenço Bellochio
LESTE
EMEF Maria Pavanatti Fávaro
SUDOESTE
EMEF Virgínia Mendes
SUDOESTE
2. O Programa Ler e Escrever
O estado de São Paulo, através da sua Secretaria de
Educação, em 2007 iniciou a elaboração do Programa Ler e Escrever, promovendo a formação de professores e gestores. Elaborou “Guias de Planejamento e Orientações Didáticas” para os professores do 1º
ao 5º ano do Ensino Fundamental, indicando atividades de leitura e produção de textos; orientações de
trabalhos com a matemática: aspectos relacionados
aos números, cálculos, resolução de problemas, tratamento da informação, espaço e forma, grandezas e
medidas (SÃO PAULO, 2010).
O PLE elabora e distribui materiais pedagógicos para
o Ciclo I (no PLE este ciclo se refere às turmas de 1º
ao 5º ano), buscando promover a melhoria do ensino
de matemática e da língua. Conforme consta do site
http://lereescrever.fde.sp.gov.br (último acesso em
07/02/2014), o PLE traz como principais objetivos:
dar suporte ao Professor Coordenador em seu papel
de formador de professores dentro da escola; apoiar
os professores a fim de garantir a aprendizagem de
leitura e escrita a todos os alunos, até o final da 2ª
série do Ciclo I / Ensino Fundamental; comprometer
as Universidades com o ensino público; possibilitar a
futuros profissionais da Educação, experiências e
conhecimentos necessários sobre a função de um
professor no processo de alfabetização de alunos do
Ciclo I/Ensino Fundamental.
Para garantir a eficácia dos resultados e que sejam
cumpridas tais metas e objetivos, a proposta sugere
como fundamental a organização de reuniões quinzenais na Diretoria de Ensino para a capacitação dos
coordenadores pedagógicos de cada escola. No que
se refere aos procedimentos com os alunos, indica a
necessidade de desenvolver a recuperação do ciclo
para os alunos do 4º e 5º anos, além de distribuir
materiais complementares como: livros paradidáticos, calculadoras, enciclopédia, globos, letras moveis
e etc.
O PLE é hoje assim constituído: pela Coletânea de
Atividades; pelo Guia de Planejamento e Orientações
Didáticas; pelo Livro Texto do aluno e pelo Projeto
Intensivo do Ciclo (PIC), destinado apenas para 4º e
5º ano. Distribuem também um manual aos pais ou
responsáveis dos alunos de 1º ano. Para estimular
atividades diferenciadas, também ficam disponíveis
alguns materiais que não são de elaboração do programa, como: Almanaques da Turma da Mônica, Revista Galileu, revista Picolé, Revista Recreio, Ciência
Hoje das Crianças, em meio a outros.
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3. O percurso da pesquisa
A partir da designação de pesquisaríamos as escolas
pertinentes aos NAED Sudoeste e Leste, onde estão
situadas 12 escolas, nove e três, respectivamente,
partimos para a busca de contato com diretores e/ou
orientadores pedagógicos de cada uma delas.
O agendamento das entrevistas indicou um trabalho
exaustivo, sendo necessários vários contatos com a
escola. Dentre as oito entrevistas, seis ocorreram
presencialmente e para duas orientadoras solicitamos as respostas a partir de um roteiro encaminhado
por mensagem eletrônica. Uma última, a quem também encaminhamos o roteiro, não nos respondeu,
embora tivesse confirmado que enviaria a resposta.
Entre os respondentes, alguns dados entendemos
como necessário enfatizar. Entre os oito orientadores
pedagógico, seis tinham formação em Pedagogia,
um em História e o outro em Filosofia. Quatro deles
fizeram cursos de especialização e outros quatro
possuem Mestrado. Importante indicar que nem
sempre tais estudos foram realizados na área da Educação.
Quanto ao tempo de atuação, o que tem menor tempo dedicado à educação já está na atividade há cinco
anos; dois trabalham com ensino há dez anos e os
demais cinco atuam na docência ou orientação pedagógica há mais de vinte anos.
A seguir trazemos as considerações relacionadas a
sete importantes tópicos, sobre os quais nos detivemos a analisar e que foram estreitamente abordados
nas entrevistas: uso do PLE, potencialidades e limites na visão dos orientadores; o desenvolvimento das
reuniões de Trabalho Docente Coletivo (TDC); aspectos relacionados à Língua Portuguesa que são
trabalhados na escola; aspectos relacionados à Matemática que são trabalhados na escola; hábitos de
estudo; e, finalmente, a avaliação.
4. Os orientadores pedagógicos e suas concepções
Neste item traremos os dados produzidos a partir das
entrevistas realizadas com os orientadores.
4.1 Uso do PLE e formação dos professores na
escola
Na maioria das escolas da rede municipal de Campinas o Programa Ler e Escrever é utilizado como material de apoio. Pelo fato da utilização do material não
ser estipulada como de uso obrigatório os materiais
acabam sendo pouco utilizados, pois seu uso fica a
critério do professor.
Tal evidência pode ser constatada a partir das considerações colhidas nas entrevistas com as orientadoras pedagógicas.
4.1.1 Potencialidades do PLE
Os materiais são muito utilizados com as crianças
que possuem dificuldade de aprendizagem, articulando-o em alguns casos com os conteúdos que são
ministrados em sala de aula. Nas aulas de apoio o
material tem gerado resultados significantes.
A maioria das instituições descreve que os materiais
são bem elaborados e com conteúdos relevantes,
mas como foi dito anteriormente esses conteúdos na
maioria das vezes é utilizado apenas como complementação teórica.
4.1.2 Limites do PLE
Uma das dificuldades apontadas foi à chegada do
PLE na escola. Um orientador pedagógico relata que
os materiais chegaram de forma muito rápida e sem
consulta prévia aos educadores que na escola atuavam, exigindo uma melhor formação e preparação
dos professores. O material, por ser bem elaborado,
possui uma proposta em que a sequência didática
exige uma melhor preparação do docente diante da
exploração e exposição do conteúdo. Por esse motivo os professores optam por continuarem a fazer uso
do livro didático.
Outra instituição declarou ainda que os materiais
possuem uma sequência didática determinada, podendo mesmo ser utilizado com os mesmos princípios de uma cartilha. Atualmente os professores trabalham com maior frequência com os projetos, já
que alguns conteúdos presentes nos materiais do
Programa Ler e Escrever já faz parte do cotidiano da
escola, como por exemplo, permitir o contato das
crianças com recursos multimídia, com diferentes
gêneros de leitura.
4.2 As ações realizadas nos momentos de trabalho docente coletivo (TDC)
Em todas as escolas a participação dos professores
nos TDC é obrigatória. Esta reunião normalmente
acontece no meio do dia, ou seja, ao final do período
escolar matutino e antes do vespertino. Dessa forma,
mais facilmente congrega a possibilidade de partici-
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pação de todos os professores da escola. Os temas
que são discutidos nas instituições durante os TDC
não diferenciam muito de uma escola para outra. Os
assuntos que são abordados com maior frequência
são os que se referem ao cotidiano da escola como:
as avaliações internas e externas, trabalho pedagógico e interdisciplinar, incluindo também projetos e
eventos que a escola realiza. Também são discutidas
nessas reuniões as Diretrizes Curriculares. Há ainda
tempo reservado para as discussões sobre Planejamento, sobre as reuniões de pais e assuntos relacionados aos alunos como: indisciplina, violência, trabalho coletivo e moralidade.
Segundo os entrevistados os professores são bem
atuantes em relação à participação nos TDC. Há situações em que a ausência é inevitável, mas a presença dos docentes costuma ser efetiva. Uma das
orientadoras pedagógicas declara que há momentos
em que alguns professores conduzem os TDC, pois
já estudaram algum tema específico e possuem domínio sobre o assunto. Todas as escolas relataram
que não há dispensa de professores, sendo que um
dos entrevistados declara que, em casos em que o
professor trabalha em duas escolas, sendo uma da
Prefeitura e outra do Estado os TDC não poderão ser
realizados no mesmo horário, fazendo com que o
docente solicite a exoneração e escolha dentre ambas uma das instituições. Podemos considerar que
estas reuniões são importantes para o andamento
das escolas, a partir do que foi verbalizado pelos orientadores pedagógicos.
4.3 O trabalho com a Língua Portuguesa
Língua Portuguesa é uma das disciplinas mais discutidas. Os gêneros textuais merece destaque, uma
vez que se faz necessário no trabalho de resolução
de qualquer atividade. Daí a importância da compreensão de texto, da escrita e da leitura. A maioria das
escolas discute com maior frequência assuntos relacionados à Língua Portuguesa, pois compreendem
que as discussões acabam abordando conteúdos
pertencentes a outras disciplinas.
Dessa forma, as ações dedicadas à língua materna
ocupam o maior tempo do cotidiano escolar, quer
nas reuniões de TDC, nas pedagógicas e também
nos momentos de aulas. Também esta área predominantemente é abordada nos projetos interdisciplinares. Costuma-se fazer a abordagem dos gêneros
textuais, da leitura, da interpretação de textos e a
escrita. Para um dos orientadores, como a leitura e a
escrita servem de base para as demais disciplinas, é
natural que à língua portuguesa seja destinado maior
tempo. Porém, cinco orientadores enfatizaram o trabalho interdisciplinar, afirmando não dedicar tempo
específico para nenhum dos componentes curriculares, incluindo aí a língua materna.
4.4 O trabalho com a Matemática
Matemática é uma disciplina pouco discutida. Muitas
vezes as discussões sobre o tema ocorrem nos Conselhos de Ciclo ou até mesmo dentro dos Projetos
Interdisciplinares. Uma das entrevistadas declara que
o tempo destinado à área depende da temática, e por
vezes exige um maior tempo, sobretudo para discutir
situações mais amplas e complexas. Há situações
em que as discussões não são distribuídas por área,
ou seja, não há um tempo específico para discutir
apenas uma disciplina de forma individual, mas sim
de maneira integrada.
4.5 Hábitos de Estudos
As Lições de Casa não se diferem muito de uma escola para outra, pois na maioria das vezes o envio da
mesma fica a critério do professor. Uma das instituições trabalha de forma diferenciada das demais, pois
as atividades são enviadas somente de segunda a
quinta- feira. Essa decisão ocorreu devido à frequência das lições que eram enviadas e não realizadas, já
que a instituição lida com situações em que os pais
não são participantes ativos da vida escolar de seus
filhos. Uma das escolas possui uma professora que
não envia Lição de Casa, optando por realizar atividades em sala de aula e diariamente. Nos anos iniciais a frequência ocorre de forma mais amenizada
possuindo um caráter lúdico e na maioria das vezes
em forma de pesquisas, sendo que sua introdução se
dá progressivamente, exceto em uma das instituições na qual o envio de Lição de Casa não diferencia
de uma sala para outra.
Um dos orientadores indica que os professores acompanham o desenvolvimento dos alunos e informam aos pais. Assim relata:
Muitas vezes é necessário enviar aos pais
bilhetes para que acompanhem melhor a
criança nas lições de casa. Somente acompanham se o aluno está realizando as ativi-
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dades porque ensinar é prática da escola e
não dos pais. Os pais não têm que olhar a
lição para ensinar o seu filho a aprender e
sim acompanhar se há recado no caderno,
se tem alguma pesquisa etc.
Um outro orientador afirma que conhece as crianças,
inclusive pelo nome, em função de que com frequência visita as salas de aula.
Pelo exposto pelos entrevistados, a lição de casa é
muito considerada no que diz respeito ao incentivo
aos hábitos de estudo.
4.6 As avaliações
Como boa parte das escolas públicas a avaliação da
aprendizagem se dá a partir de uma avaliação diagnóstica, a qual utiliza como princípio os níveis de saberes. Esse é o modelo utilizado em toda a rede pública municipal de Campinas. Em algumas escolas
essas avaliações ocorrem no início do ano.
Outro aspecto que pode variar diz respeito à estrutura das avaliações e à exigência relacionada à faixa
etária dos alunos. A avaliação é realizada por meio
de provas as quais acontecem após a finalização dos
blocos de conteúdos que foram ministrados e de algumas atividades diárias.
Para as crianças do Ciclo I, até o 3º ano do Ensino
Fundamental, a avaliação, a partir do verbalizado por
um orientador, é feita no cotidiano escolar, a partir de
todas as atividades realizadas pelas crianças. Do 4º
ano em diante, essas ações costumam ser mais sistematizadas.
As avaliações podem ocorrer ao final do semestre ou
em períodos mais curtos.
Um dos orientadores indica a necessidade de os alunos serem avaliados a partir de diferentes instrumentos, como por exemplo, em arguições orais, provas
dissertativas ou objetivas. Na mesma direção outro
profissional indica que esta variação deve ocorrer
inclusive em função dos recursos avaliativos oferecidos socialmente, como por exemplo os concursos e
vestibulares.
exigirem maior preparação do professor, sendo que
os docentes não se encontram dispostos ou até
mesmo preparados a se desprenderem do livro didático e iniciarem uma nova proposta de trabalho.
Outro aspecto que despertou atenção foi o modo e o
tempo como/que distribuem para as discussões referentes às disciplinas. Matemática é uma área à qual
é destinado tempo inferior ao da língua materna.
Considerando, no entanto, que as outras áreas do
conhecimento sequer foram mencionadas (a não ser
a partir de trabalhos interdisciplinares), há ainda muito que equilibrar no trabalho e na abordagem pedagógica das escolas.
Com isso o percebemos que há uma hierarquia no
interior dessas escolas, não diferente de outras tantas já evidenciadas em diferentes pesquisas relacionadas ao trabalho nos anos iniciais do Ensino fundamental.
Muitas políticas educacionais são desenvolvidas objetivando a melhoria do ensino, mas infelizmente na
maioria das vezes os professores encontram-se despreparados para se desprenderem do que tradicionalmente vem sendo realizado nas salas de aula.
Com isso fica difícil se dedicarem a repensar os métodos de ensino ou até mesmo de cogitar diferentes
maneiras que visem aprimorar suas práticas pedagógicas.
A partir das entrevistas realizadas é possível depreender que a proposta apresentada pelo Programa
Ler e Escrever (PLE) é reconhecida como sendo um
trabalho que possui um objetivo definido e um excelente meio de estudo para ser trabalhado com as crianças. Porém, apesar de todas as qualidades que
foram apontadas pelos orientadores pedagógicos, os
materiais do PLE ainda são pouco utilizados e servem apenas como complementação teórica, existindo ainda os profissionais que relatam que a escola
não faz uso do material, pois seu formato é semelhante ao da cartilha.
As políticas educacionais precisam existir desde que
articuladas a elas estejam, muito atrelados, os investimentos na formação dos professores.
Agradecimento
5. Conclusão
Ao CNPQ pelo apoio financeiro.
A partir das informações obtidas foi possível observar
que os profissionais da Educação admiram os materiais do Programa Ler e Escrever tanto pela sua elaboração, quanto pela sua proposta pedagógica. Há
certa dificuldade em utilizá-los, pelo fato dos mesmos
Referências
[1] DELVAL, J. Introdução à Prática do Método
Clinico – descobrindo o pensamento das crianças. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420
23 e 24 de setembro de 2014
[2] LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em Educação:
abordagens qualitativas. São Paulo: E.P.U.,
1986.
[3] SÃO PAULO (Estado), Secretaria da Educação.
Programa Ler e Escrever. São Paulo: Fundação
para o Desenvolvimento da Educação - FDE,
2010.
Disponível
em:
<http://lereescrever.fde.sp.gov.br>. Acessado em
07 de Fevereiro de 2014.
[4] SÃO PAULO, (Estado) Secretaria da Educação.
Ler e escrever: guia de planejamento e orientações didáticas; professor – 1ª série/Secretaria
da Educação, Fundação para o Desenvolvimento
da Educação. São Paulo: FDE, 2010.
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