Segunda-feira, 13 de abril, 2015 Brasil Econômico 63 SERGIO WERNECK FILHO VERA KANAS CAROLINA MÜLLER CEO da Nova Opersan Sócia e advogada da área de comércio internacional de TozziniFreire Advogados Solução para a crise hídrica mais perto do que se imagina Novas regras no comércio automotivo de Brasil e México A crise hídrica que afeta quase 1.000 municípios brasileiros das regiões Nordeste e Sudeste é algo histórico e deixará grandes lições. O tema tem sido o principal foco de discussões, porém um ponto merece atenção. Até o momento, o grande enfoque está em como suprir a demanda diante dos baixíssimos índices dos reservatórios. A solução, no entanto, não está somente nas alternativas para se obter novas fontes de água. O que precisamos é nos atentar à forma com que a água retorna ao sistema. Brasil e México celebraram, em março de 2015, o quinto protocolo ao acordo automotivo que pretende estabelecer o livre comércio desses produtos entre os dois países. O acordo vigora desde 2003 e vem sendo alterado por protocolos adicionais. O acordo inicial previa a eliminação de tarifas para os produtos automotivos abrangidos pelo documento. Entretanto, em 2012, com a inversão da balança comercial em favor do México, o Brasil negociou um regime de quotas para automóveis e veículos de carga leve à qual a preferência tarifária estaria limitada. Precisamos enxergar as regiões metropolitanas como grandes sistemas de reúso. Para abastecer a área em São Paulo, por exemplo, são necessários 80 metros cúbicos de água por segundo. Sabe-se que grande parte deste volume ( 20%) se perde no caminho. Ou seja, um em cada cinco litros de água captada não chega ao destino. Considerando que esta questão já tem sido amplamente discutida, precisamos focar na água que chega ao consumidor. No quinto protocolo assinado entre os dois países, o livre comércio permanece restrito a quota. O montante previsto para 2015 é de cerca de US$ 1,5 milhão, equivalente à quota estabelecida para 2013. Esperava-se que as quotas seriam progressivamente aumentadas e, em 2015, o livre comércio seria restabelecido. No entanto, o Brasil defendeu a manutenção das quotas pelo menos até 2019. A posição brasileira deixa evidente que os desequilíbrios econômicos que justificaram a adoção das quotas ainda não foram resolvidos, e a produção nacional enfrenta dificuldades em concorrer com uma economia mexicana altamente integrada a cadeias de produção internacionais. A resposta para a crise hídrica e todos os desdobramentos futuros deve privilegiar o tratamento do esgoto. A água deve retornar com qualidade Quando entregue, a água é utilizada para diferentes fins, desde limpeza, higiene pessoal, consumo ou processos industriais. Mesmo utilizada em todos esses processos, não desaparece. Estima-se que, do total de água entregue, são consumidos ou evaporados apenas 11,2 metros cúbicos por segundo (20%). E o restante? Qual é a destinação? O que fazemos? O fato é que, se não se perde, não é consumida ou evaporada, essa água retorna ao sistema, seja como efluente ou esgoto. Esse volume representa quase 65% de toda água que chega ao sistema de abastecimento. O problema é que, apesar de ser um volume significativo, a capacidade de tratamento atual não é suficiente. A estrutura hoje consegue tratar apenas 18 metros cúbicos por segundo. O total de efluentes e esgoto que chega ao sistema é de 51 metros cúbicos por segundo — 33metros cúbicos por segundo de esgoto liberados na Região Metropolitana de São Paulo não são tratados. Em 30 dias, são 85,5 bilhões de litros que poderiam retornar ao sistema tratados. Se, em vez de buscarmos outras alternativas para abastecer o sistema, buscássemos formas eficazes de melhorar a qualidade da água que retorna aos rios e de reduzir as perdas iniciais das águas captadas, o cenário seria bem diferente. Ao reduzir as perdas de 20% para 10%, teríamos uma economia de 7 metros cúbicos por segundo. Se, além disso, fossem feitos os investimentos necessários para dobrar a capacidade de tratamento de esgoto da região e ampliação da rede coletora, teríamos mais 18 metros cúbicos por segundo de insumo para reúso. Com essas três iniciativas, mesmo ainda não conseguindo tratar 100% do esgoto que retorna aos rios, conseguiríamos um volume de 44 metros cúbicos por segundo ou 114 bilhões de litros por mês — equivalente aos sistemas Cantareira e Alto Tiete somados. A resposta para a crise hídrica atual e todos os possíveis desdobramentos futuros deve privilegiar o tratamento adequado do esgoto. A água precisa retornar com qualidade semelhante a que foi retirada. Assim, muito mais do que buscar novas fontes, o que a Região Metropolitana de São Paulo — e tantas outras — precisam é o controle da qualidade do descarte. Se cuidarmos de como devolvemos a água para os rios, vamos sofrer bem menos com a falta de chuvas e problemas nos mananciais. A solução existe e é mais viável do que muitos podem imaginar. Com relação à abrangência do acordo, apesar da intenção de liberalizar o comércio do setor, as partes não acordaram sobre a inclusão de ônibus e caminhões Com relação à abrangência do acordo bilateral, apesar da intenção inicial de liberalizar o comércio do setor como um todo, as partes ainda não acordaram sobre a inclusão de ônibus e caminhões, e as discussões foram postergadas para 2018. O quinto protocolo traz novidades sobre as regras de origem: as autopeças, agora, têm sua origem baseada apenas em um conteúdo mínimo regional, não sendo mais possível a aquisição de origem por salto tarifário.De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, a opção de salto tarifário permitia que peças com baixa agregação de valor se beneficiassem do acordo. A expectativa é que, a partir de agora, apenas peças com maior valor agregado na região sejam abarcadas. Por outro lado, o percentual do conteúdo regional mínimo se manteve em 35%. O aumento do índice para 40%, esperado para 2015, somente será aplicado a partir de 2019. Quanto menor o índice de conteúdo regional, menor é o esforço para adicionar valor na região. Outra inovação do quinto protocolo é a distribuição das quotas de exportação de veículos. Antes, cabia apenas ao país exportador distribuir as quotas entre as montadoras. A partir de agora, o país de destino das importações administrará 30% da quota. A distribuição de quotas beneficia o Brasil, que poderá influenciar os tipos de automóvel importados com preferência. Apesar das limitações ao processo de liberalização comercial, o novo protocolo ao acordo automotivo entre Brasil e México continua a trazer benefícios para as empresas brasileiras, que poderão aumentar seus fluxos de comércio com o México e promover sua inserção no comércio global. Para tanto, é necessária uma análise detalhada das operações da empresa face às regras trazidas pelo acordo automotivo, em especial as regras de origem, para que possa ser averiguado o efetivo impacto do acordo na redução dos custos de produção. Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Diretor Presidente José Mascarenhas BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. 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