UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO: ESTÁGIO PÓS-DOUTORAL FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS ESTADO DE SÃO PAULO PROJETO: CONSTITUINDO-SE PROFESSOR(A): Os significados das representações sobre professor(a) e dar aula na história de discentes de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas. Executora : Profa. Dra. Graça Aparecida Cicillini Supervisora: Profa. Dra. Clarilza Prado de Sousa SÃO PAULO 2012 Sumário Resumo do projeto 3 Objetivos 4 Etapas da pesquisa executadas no período visando ao alcance dos objetivos 4 Adaptações ao projeto original 4 Estudos teóricos 7 Metodologia da pesquisa 11 Análises realizadas 12 Outras atividades acadêmico-científicas relacionadas à investigação ou à área de pesquisa 29 Dificuldades e Facilidades encontradas para o desenvolvimento da pesquisa 31 Trabalhos publicados e/ou aceitos para publicação no período da pesquisa 31 Contatos estabelecidos durante a implementação do projeto 36 Outros resultados acadêmico-científicos previstos ou em andamento 36 Considerações Gerais 37 Anexos-Relatório 40 1. RESUMO DO PROJETO 1 Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa sobre as representações de alunos (as) de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas de uma universidade pública, cujo objetivo foi o de desvelar as representações sociais sobre professor e dar aula, no início e no término desses cursos, buscando compreender seus significados na formação inicial para torna-se professor(a). Teve como aporte teórico-metodológico as elaborações sobre Teoria das Representações Sociais de Moscovici (2001), Jodelet (2001), Spink (1993) e as formulações de autores/as que discutem a formação inicial e o trabalho docente, tais como: Tardif(2002;); Pimenta(2002); Gatti (2000); Gauthier et al (1998) e Tedesco (1999). Inicialmente, o procedimento metodológico aconteceu pela aplicação da técnica de associação livre e de um questionário/carta para 96 sujeitos, com vistas a traçar o perfil desses alunos, bem como identificar as referidas representações. Na última série da graduação, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 15 desses(as) licenciandos/as. A análise das informações obtidas revelou que a maioria dos/as licenciandos/as não pretende lecionar depois de formados, opção justificada pela obtenção do grau de Bacharel; pela remuneração deficiente, desvalorização e baixo status profissional da carreira docente. Entretanto, revelou, também, a permanência de uma representação positiva da profissão docente associada à orientação para o crescimento pessoal e ao desenvolvimento da consciência da realidade escolar, que pode ser mais bem compreendida associada ao discurso recorrente sobre a importância dos(as) professores(as). Há elementos nas representações que indicam a disposição para um trabalho docente desempenhado a partir da paciência, da escuta, da preparação, do enfrentamento aos desafios inerentes a prática pedagógica. O trabalho mostrou alguns caminhos para se pensar a relação entre representações sociais, formação inicial e o constituir-se professor(a), trazendo contribuições para refletir sobre a estrutura curricular dos cursos e as representações sobre professor e dar aula e no contexto da formação inicial. 1 O projeto inicialmente voltava-se para o estudo dos “Significados das representações sobre professor(a) e dar aula na história de docentes de Biologia”; porém, por motivos alheios a nossa vontade, que serão explicitados no corpo deste relatório (Item 3.1, localização dos Sujeitos), a pesquisa voltou-se para as representações, sobre “professor” e “dar aula”, de discentes de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas. 2. OBJETIVOS 2.1. Geral: Identificar e analisar representações de alunos de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas de uma universidade pública sobre professor e dar aula, durante a formação inicial da profissão docente. 2.2. Específicos Identificar os elementos constituintes da representação social de professor e dar aula que definem suas especificidades. Compreender os processos de negociação de significados, identificando as forças que contribuem para a manutenção das representações sobre professor e dar aula e as que sugerem possibilidades de mudança. Resgatar e analisar, a partir da escuta, os significados dessas representações na história do constituir-se professor(a) de Ciências. 3. Elaborar e publicar dois artigos, apresentando os resultados da pesquisa. ETAPAS DA PESQUISA EXECUTADAS NO PERÍODO VISANDO AO ALCANCE DOS OBJETIVOS 3.1. ADAPTAÇÕES AO PROJETO ORIGINAL Ao iniciar os estudos empíricos, principalmente no que se refere à localização dos sujeitos da pesquisa - ex-alunos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas referente ao período de 2006 a 2009 - deparamo-nos com um problema: a grande maioria deles, após três anos de conclusão do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, não exercia, ainda, a profissão de docente, conforme descrevemos a seguir. Procuramos inicialmente localizá-los junto à Coordenação de Curso, bem como a ex-alunos conhecidos dessa época e às associações de docentes. Por meio de telefones e e-mails conseguimos realizar um levantamento da situação profissional desses ex-alunos. Dos sujeitos que haviam participado da pesquisa anterior 2 conseguimos localizar 87. O que constatamos está representado nos Quadros I, II, III e IV. 2 “Representações de licenciandos sobre trabalho docente: produção e mudanças de representações de discentes em Biologia, Física, Pedagogia e Química”, desenvolvida, como pesquisadora associada do Projeto “Representações QUADRO I: Atividades desenvolvidas, no 2º semestre/2011, pelos licenciados Atividades Professor (a) Mestrando (a) Doutorando (a) Técnico (a) de Laboratório Técnico (a) administrativo Biólogo(a) Analista Ambiental Outros Desempregado(a) Sem Informações Cursando Veterinária Cursando Ciências Contábeis Cursando Ciências Biológicas Cursando Direito Total Quantidade 8 43 1 2 1 5 1 6 4 11 1 1 2 1 87 QUADRO II: Outras atividades Áreas Assistente Geral Pesquisador CEMAVE Trabalha fora da área de Biologia Tentado reingresso via vestibular Funcionário dos Correios Funcionária em escritório em S. Paulo Total Quantidade 1 1 1 1 1 1 6 Apenas oito licenciados exerciam a docência em escolas de Ensino Fundamental e Médio com contratos temporários. A grande maioria seguiu os estudos na Pós-Graduação. QUADRO III: Áreas de mestrado frequentadas Áreas Ecologia Entomologia Biologia Celular Imunologia e Parasit. Aplicada Zoologia Engenharia Biomédica Biologia Vegetal Ciências Veterinárias Agronomia Educação Genética e Bioquímica Ciências Médicas Ciências Biológicas Geotecnologia Total Quantidade 15 2 5 3 1 1 5 3 2 2 1 1 1 1 43 Sociais do Trabalho Docente”, Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais e Subjetividades – CIERS – ED –, criado pelo Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas, com o apoio do Laboratório Europeu de Psicologia Social – LEPS – da Maison dês Sciences de I`Homme de Paris - MSH – e por iniciativa de Serge Moscovici. 5 Ressalte-se que de 43 licenciados que faziam mestrado na época, apenas dois escolheram a área de Educação e um deles já cursava o Doutorado na área de Bioquímica. QUADRO IV: Área doutorado frequentada Área Bioquímica Total Quantidade 1 1 Essa configuração apresentada sobre os licenciados em Ciências Biológicas não possibilitava o desenvolvimento do estudo sobre os “Significados das representações sobre professor(a) e dar aula na história de docentes de Biologia”, já que a grande maioria não estava exercendo a profissão docente e os poucos que a exerciam não tinham garantia de continuidade, dado que eram dispensados ao final do ano letivo e deveriam concorrer a possíveis vagas no início do ano letivo seguinte. Nessa perspectiva, em comum acordo com a Orientadora desta pesquisa, revimos nossos estudos e optamos por trabalhar o tema “Constituindo-se professor(a): os significados das representações sobre professor(a) e dar aula na história de discentes de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas”. Tal adaptação justifica-se pelo fato de que dos dados sobre o projeto anterior havíamos desenvolvido estudos apenas sobre o Curso de Pedagogia 3. Assim, passamos a relatar as atividades desenvolvidas sobre este projeto no Pós-doutorado que ocorreu no período de primeiro de agosto de 2011 a 31 de julho de 2012. Para tanto estabelecemos o seguinte cronograma: CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA PERÍODO ATIVIDADE Agosto – Outubro/ 11 Novembro – Dezembro/ 11 - Estudos teóricos sobre a Teoria das Representações; - Localização dos sujeitos da pesquisa; - Reestruturação do projeto original; 4 - Estudos sobre o software EVOC ; - Análise das informações do Questionário utilizando o EVOC e o SPSS; - Formação em uso de software: ALCESTE; - Formação em uso de software e análise estatística: Análise de Similitude; - Análise de Conteúdo das Entrevistas. - Elaboração e finalização de dois artigos. Janeiro/012 – Fevereiro/ 12 Março – Abril/12 Maio – Junho/12 Julho/12 3 Tais estudos resultaram na publicação de um capítulo de livro: CICILLINI, G. A.; MALUSÁ, S.; NOVAIS, G. S. Representações de discentes de Pedagogia sobre professor(a), dar aula e aluno(a): entrecruzando representações e disposição para inclusão escolar. In: Representações sociais: políticas educacionais, justiça social e trabalho docente. Curitiba: Champagnat; São Paulo: fundação Carlos Chagas, 2012. 4 As análises que envolviam a utilização de softwares – EVOC, ALCESTE e SPSS – bem como a análise de similitude foram realizadas com o apoio técnico da Fundação Carlos Chagas. 6 3.2.ESTUDOS TEÓRICOS Durante o período do pós-doutorado, aprofundamos os estudos sobre a teoria das representações sociais, trabalho e formação docente, bem como acerca da análise de conteúdo. Também foram realizadas leituras primárias sobre a metodologia de pesquisa em representações, principalmente as que se referiam à utilização de softwares para análise de informações. A leitura dessas obras permitiu fazer escolhas teórico-metodológicas, com vistas ao desenvolvimento da pesquisa e a elaboração de artigos para divulgação dos resultados, que explicitam tais escolhas. A seguir, descrevemos as principais obras consultadas sobre essas temáticas. 3.2.1. TEORIA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL ARRUDA, A. Teoria das Representações Sociais e Teorias de Gênero. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15555.pdf> Acesso em: 21 Ago. 2012 FARR, R. M. Representações Sociais: A Teoria e sua História. In.: GUARESCHI, P.; JOVCHELOVITCH, S. (orgs.). Textos em Representações Sociais. 8.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. p. 31-59. JODELET, D. Apresentação. In.: __________. (org.). As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 11-13. ________. O movimento de Retorno ao Sujeito e a Abordagem das Representações Sociais. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/se/v24n3/04.pdf>. Acesso em: 21 Ago. 2012. ________. Representações Sociais: um domínio em expansão. In.: __________. (org.). As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 17-44. JOVCHELOVITCH, S. Vivendo a vida com os outros: Intersubjetividade, espaço público e Representações Sociais. In.: GUARESCHI, P.; JOVCHELOVITCH, S. (orgs.). Textos em Representações Sociais. 8.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. p. 63-85. MOSCOVICI, S. Das Representações Coletivas às Representações Sociais: elementos para uma história. In.: JODELET, D. (org.). As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 45-66. MOSCOVICI, S. O fenômeno das Representações Sociais. In.: Representações Sociais: investigações em Psicologia Social. Traduzido por Pedrinho Guareschi. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. p. 29-109. MOSCOVICI, Serge. A representação social da Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978. PAULA, Gisângela F. A indisciplina e suas representações no cotidiano escolar. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2005. (Dissertação de Mestrado). SÁ, C. P. Núcleo Central das Representações Sociais. 2.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. SÁ, C. P. Representações Sociais: o conceito e o estado atual da teoria. In.: SPINK, M. J. (org.). O conhecimento no cotidiano: As Representações Sociais na perspectiva da Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 19-45. SPINK, M. J. P. O Conceito de Representação Social na Abordagem Psicossocial. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 9 (3): 300-308, jul/set, 1993. Disponível em:<http://www.scielosp.org/pdf/csp/v9n3/17.pdf>. Acesso em: 21 Ago. 2012. 7 ________. O estudo empírico das representações sociais. In: _________. (Org.). O conhecimento no cotidiano. As representações sociais na perspectiva da Psicologia social. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993. p. 85-108. ________. Desvendando as teorias implícitas: uma metodologia de análise das representações sociais. In: GUARESCHI, P. A.; JOVCHELOVITCH, S. (orgs.). Textos em Representações Sociais. 8.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. p. 117145. 3.2.2. FORMAÇÃO E TRABALHO DOCENTE ALMEIDA, José Luis Vieira de. Trabalho Docente: uma categoria Ontológica. Disponível em: <http://seer.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/464/344>. Acesso em: 21 Ago. 2012. ARROYO, M. G. Ofício de Mestre: imagens e autoimagens. Petrópolis: RJ: Vozes, 2000. BRAÚNA, R. C. A.; FERENC, A.V. F. (Orgs.) Trilhas da docência: saberes, identidades e desenvolvimento profissional. São Paulo: Iglu, 2008. BRAZ, M. C. D. L; CARVALHO, M. R. F. Trabalho Docente: Do Objeto Dado ao Encontrado Representações Sociais (RS) de Docência Por Licenciandos Em Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Disponível em: <http://educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/4219_3470.pdf>. Acesso em: 21 Ago. 2012 CICILLINI, G. A. Professores universitários e sua formação: concepções de docência e prática pedagógica. In: CICILLINI, G. A.; NOVAIS G. S. (Orgs.). Formação docente e práticas pedagógicas: olhares que se entrelaçam. Araraquara, SP: Junqueira&Marin; Belo Horizonte, MG: FAPEMIG, 2010, p.19 – 43. CICILLINI, G. A.; NOVAIS G. S. (Orgs.). Formação docente e práticas pedagógicas: olhares que se entrelaçam. Araraquara, SP: Junqueira&Marin; Belo Horizonte, MG: FAPEMIG, 2010. FREIRE, L. I. F.; JACUMASSO, S. C.; CAMPOS, S. X. Os problemas da escola na percepção dos licenciandos em Química da UEPG. XV Encontro Nacional de Ensino de Química (XV ENEQ) – Brasília, DF, Brasil – 21 a 24 Julho, 2010. Disponível em: <http://www.xveneq2010.unb.br/resumos/R1030-1.pdf>. Acesso em: 21 Ago. 2012. GAUTHIER, Clermont. Ensinar: ofício estável, identidade profissional vacilante. In: GAUTHIER, Clermont et al. Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Ijuí-RS: UNIJUÍ, 1998. p.17-37. IMBERNON, F. Formação continuada de professores. Porto Alegre: Artmed,2010. MAGALHÃES, E. M. M.; MAIA H.; MAZZOTTI. A. J. A. Representações Sociais de Trabalho Docente por Professores de Curso de Pedagogia. Disponível em: <http://www.portal.fae.ufmg.br/simposionete_old2/sites/default/files/SILVA,Edith.pdf>.Acesso em: 21 Ago. 2012. OLIVEIRA. D. A. A Reestruturação do Trabalho Docente: Precarização e Flexibilização. Educ. Soc. Campinas, vol.25, n.89, p.1127-1144, Set./Dez. 2004. Disponível em: < http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 21 Ago. 2012. RAMALHO, B. L.; NUÑEZ, I. B.; GAUTHIER, C.. Formar professores, profissionalizar o ensino: perspectivas e desafios. Porto Alegre: Sulina, 2003. SCHENKEL, C. A.; VIEIRA, M. G.; TEODORO, W. L. G. Do pré ao pós-profissionalismo: a formação docente sob reflexão. In: CICILLINI, G. A.; NOVAIS, G. S. Formação docente e práticas pedagógicas: olhares que se entrelaçam. Araraquara, SP: Junqueira & Marin; Belo Horizonte, MG: FAPEMIG, 2010. p. 129-154. 8 SOARES. K.C.D. Trabalho Docente e Conhecimento. In 30ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPED; outubro, 2007 Caxambu/Mg. Disponível em: <http://www.anped.org.br/reunioes/30ra/trabalhos/GT093089--Int.pdf>. Acesso em: 21 Ago. 2012. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. ________. O ofício de professor: história, perspectivas e desafios internacionais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. TARDIF, Maurice; LEVASSEUR, Louis. A divisão do trabalho educativo. . Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. TEDESCO, Huan Carlos. Fortalecimiento del rol de los docentes: vision internacional. In: AVALOS, B e NORDENFLYCHT, M.E. (Orgs.) La formacion de profesores: perspectivas e experiências. Santiago, Chile: Santillana, 1999. p. 14-40. ________. Educar na sociedade do conhecimento. Araraquara, SP: Junqueira&Marin Editores, 2006. 3.2.3. ESTUDOS METODOLÓGICOS: ABRIC, Jean-Claude. A Abordagem Estrutural das Representações Sociais. In.: MOREIRA, A. S. P.; OLIVEIRA, D. C. (orgs.). Estudos Interdisciplinares de Representação Social. 2.ed. Goiânia: AB, 2000. p. 27-38. _________. O estudo experimental das representações sociais. In.: JODELET, D. (org.). As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 155-171. DENZIN, N. K; LINCOLN, Y. S. e Col. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 169-192 FLAMENT, CLAUDE. Estrutura e dinâmica das representações sociais. In.: JODELET, D. (org.). As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 174-186. JODELET, D. (org.). As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 343-362. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: metodología da pesquisa social (qualitativa) em saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, Escola Nacional de Saúde Pública, 1989. 366p. Tese (doutorado) PAREDES. E. C. [et al.]. Alguns Aspectos das Representações Sociais de Professores da UFMT. Disponível em: <http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev18/paredes_oliveira.htm>. Acesso em: 21 Ago. 2012. ROAZZI, Antonio, FEDERICCI, Fabiana C. B e Carvalho, Maria do Rosário. A questão do consenso nas representações sociais: um estudo do medo entre adultos. Psicologia: teoria e pesquisa. Brasília, mai. ago, v.18, n. 2. p.179-192, 2002. VERGÈS, PIERRE. Representações sociais da economia: uma forma de conhecimento. In.: JODELET, D. (org.). As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 343-360. 3.2.3.1. ANÁLISE COM O SOFTWARE EVOC; ALMEIDA, J. V. Uma odisseia em busca de héstia: do turismo à hospitalidade pelos caminhos das representações sociais. (Tese Doutorado em Educação). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2009, 156 p. 9 FREIRE, L. I. F.; JACUMASSO, S. C.; CAMPOS, S. X. Os problemas da escola na percepção dos licenciandos em Química da UEPG. XV Encontro Nacional de Ensino de Química (XV ENEQ) – Brasília, DF, Brasil – 21 a 24 Julho, 2010. Disponível em: <http://www.xveneq2010.unb.br/resumos/R1030-1.pdf>. Acesso em: 21 Ago. 2012. MACHADO, L. B.; ANICETO, R. A. Núcleo central e periferia das representações sociais de ciclos de aprendizagem entre professores. Ensaio (Fundação Cesgranrio. Impresso), v. 18, p. 345-363, 2010. SIMONEAU, A.; OLIVEIRA, D.C. de. Programa universitário para pessoas idosas: a estrutura da representação social. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 63, 11-21, 2011. VÈRGES, P. Conjunto de programas que permitem a análise de evocações: EVOC: manual. Versão 5. Aix en Provence: [S. n.] 2002. 3.2.3. 2. ANÁLISE COM SOFTWARE ALCESTE; ALBA, Martha de. El Método ALCESTE y su Aplicación al Estudio de las Representaciones Sociales del Espacio Urbano: El caso de La Ciudad de México. Papers on Social Representations Textes sur les représentations socials Peer Reviewed Online Journal. Volume 13, pages 1.1-1.20 (2004). ALMEIDA, A. M. O.; CUNHA, G. G. Representações Sociais do Desenvolvimento Humano. Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, 2003, 16(1), pp. 147-155. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16806.pdf>. Acesso em: 21 Ago. 2012. CAMARGO, Brigido Vizeu. 2005. ALCESTE: Um programa informático de análise quantitativa de dados textuais. In Perspectivas teórico-metodológicas em representações sociais, edited by Moreira, Antônia Silva Paredes, and Jorge Correia Jesuino e Brigido Vizeu Camargo. Vol. 1, 511-539. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB. FONSECA, L. M. Termos e expressões utilizados por familiares ao relatarem suas experiências nos diferentes momentos do adoecimento mental. 2010. Dissertação (Mestrado em Enfermagem psiquiátrica). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP. Ribeirão Preto. Guia de utilização do software Alceste: uma ferramenta de análise lexical aplicada à interpretação de discursos de atores na agricultura. Evie dos Santos de Sousa... [et al.]. – Platina, DF: Embrapa Cerrados, 2009. 37p. – (Documentos / Embrapa Cerrados, ISSN 1517-5111, ISSN online 2176-5081; 275). OLIVEIRA, D. C.; FISCHER, F. M.; MARTINS, I. S.; SÁ, C. P. Adolescência e trabalho: enfrentando o presente e esperando o futuro. Temas em Psicologia da SBP – 2003; Volume 11 número1, 2-15. Disponível em: <http://www.sbponline.org.br/revista2/vol11n1/art01_t.pdf>. Acesso em: 21 Ago. 2012. PAREDES, E. C.; PECORA, A. R. Questionando o futuro: as representações sociais de jovens estudantes. Revista Psicologia: Teoria e Prática – 2004, Ed. Especial: 49-65. PAREDES. E. C. [et al.]. Alguns Aspectos das Representações Sociais de Professores da UFMT. Disponível em: <http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev18/paredes_oliveira.htm>. Acesso em: 21 Ago. 2012. 3.2.3. 3. ANÁLISE COM SOFTWARE SPSS PAREDES, E. C. e PECORA, A., R. Questionando o futuro: as representações sociais de jovens estudantes. Psicologia: Teoria e Prática, 2004. 10 3.2.3. 4. ANÁLISE DE SIMILITUDE BRAZ, M. C. D. L. et al. O procedimento de classificações múltiplas (PCM) e sua pertinência ao estudo das representações sociais. In: SOUSA, C. P. et al. Representações sociais: estudos metodológicos em educação. Curitiba: Champagnat; São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 2011. p. 53-83. COSTA, A. L. O. Representação social sobre educação inclusiva por professores de Cruz do Sul-Acre. Natal: Universidade do Rio Grande do Norte, 2009. (Dissertação de Mestrado). LIMA, C. M. et al. Representação social sobre o trabalho docente: um estudo através do Procedimento de Classificação Múltipla e da Análise de Similitude. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 18, n. 32, p. 105-118, jul./dez. 2009. OLIVEIRA, D. C.; MARTINS, I. S.; FISCHER, F. M.; SÁ, C. Adolescência e trabalho: enfrentando o presente e esperando o futuro. Disponível em: http://www.sbponline.org.br/revista2/vol11n1/art01_t.pdf. 3.2.3. 5. ANÁLISE DE CONTEÚDO; BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. ________. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2010. FRANCO, Maria Laura P.B. Análise do conteúdo. Brasília, Liber Livro, 2007. NASCIMENTO, A. R. A.; MEANDRO, P. R. M. Análise lexical e análise de conteúdo: uma proposta de utilização conjugada. Rev. Est. e Pesq. em Psicologia, UERJ, RJ, ano 6, nº2, 2º sem, 2006. 3.3. METODOLOGIA DA PESQUISA Este projeto de investigação, com uso de pesquisa bibliográfica e de campo, foi desenvolvido com 96 (as) alunos(as) dos cursos de licenciatura em Biologia, Física e Química de uma Universidade pública, no período de 2006 a 2009. Para termos acesso às representações é necessário lidar com dados de natureza qualitativa, o que garante o processo de busca de significados e a integridade dos mesmos. Assim, como afirmam Roazzi et al. (2002, p. 182): Sabemos que os procedimentos de investigação que privilegiem aspectos qualitativos permitem uma maior aproximação da visão de mundo dos sujeitos. O foco de interesse do pesquisador está, de maneira geral, nas formas como os indivíduos pensam, sentem e se comportam com relação a importantes fatos e experiências da vida. Essa pesquisa articula-se com outro projeto sobre “Representações de licenciandos sobre o trabalho docente: produção e mudanças de representações de discentes em Pedagogia, Biologia, Física e Química/UFU”; projeto este que gerou um banco de dados, montado pelo grupo do CIERS-Ed, a partir dos dados coletados e tabulados pelos(as) pesquisadores(as) associados de diferentes instituições, e a autorização para uso livre desses dados gerados pelos(as) referidos pesquisadores(as). 11 Assim, este projeto, contemplando interesse específico da pesquisadora, contribui para ampliar o escopo da pesquisa sobre representações e trabalho docente, pressupondo duas fases articuladas para o estudo proposto. Na primeira fase foi desenvolvida uma investigação das representações sociais de estudantes universitários dos cursos de Biologia, Física e Química 5 sobre professor e dar aula, tendo como fonte de informações os registros do banco de dados acima mencionado. Para coletar dados junto a esses estudantes foi aplicado, no primeiro ano do curso, um questionário com uma questão introdutória de associação livre, sendo que as demais contemplavam questões fechadas para levantamento de informações pessoais e profissionais, e outras questões, abertas e fechadas, relativas à escolha da profissão e visão dos respondentes sobre trabalho do professor. Em relação à técnica de associação livre, selecionamos as palavras indutoras – “professor” e “dar aula” - solicitando aos estudantes que escrevessem as primeiras quatro palavras frente a essas expressões. Foi solicitado, em seguida, que o estudante colocasse o número 1 para a mais importante e 2 para a de segunda importância. Além desse questionário, foi realizada uma entrevista com os estudantes que responderam o referido questionário, utilizando um procedimento de Classificação Múltipla, o que permite analisar a estabilidade das representações sociais. No último ano de curso, segunda fase da pesquisa, foram realizadas entrevistas com um grupo desses estudantes com vistas à análise de permanência e/ou mudança dessas representações. Nessa perspectiva, buscamos observar e analisar as negociações e os consensos, por parte dos sujeitos, sobre as representações de “professor” e “dar aula”, processos esses próprios da elaboração de representações sociais. 3.3.1. ANÁLISE DOS DADOS A análise dos dados foi feita de forma articulada e com o propósito de identificar as representações de professor e dar aula, bem como de compreender os processos de negociação de significados, identificando as forças que contribuem para a manutenção dessas representações e aquelas que sugerem possibilidades de mudança. Na análise das palavras e expressões evocadas na questão de associação livre foi utilizado o software EVOC, procurando identificar quais delas são as mais relevantes na constituição da 5 Esses estudantes quando licenciados em seus respectivos cursos adquirem também a habilitação para lecionarem a disciplina Ciências no Ensino Fundamental. 12 Representação social. Para as demais questões fechadas foi utilizado o programa SPSS. As questões abertas foram analisadas por meio do software ALCESTE, bem como por meio da análise de conteúdo tradicional. Durante todo o processo de análise procurou-se privilegiar os dados de natureza qualitativa, o que garante o processo de busca de significados e a integridade dos mesmos. 4. ANÁLISES REALIZADAS A princípio foram feitos estudos das informações, obtidas por meio do questionário e entrevistas, utilizando os softwares SPSS, EVOC e ALCESTE. Na sequência, apresentamos esses estudos. 4.1.O perfil dos sujeitos As informações sobre o perfil dos estudantes participantes da pesquisa foram parcialmente analisadas com o auxílio do software SPSS - Statistical Package for Social Science, principalmente no que se refere às questões fechadas. Ele permite realizar análises univariadas de caráter exploratório e descritivo dos agrupamentos das variáveis e testes bivariados de correlação. Para análise dos resultados podem ser utilizadas as frequências simples e análises cruzadas (PAREDES; PECORA, 2004). Para as questões abertas foi utilizada a análise de conteúdo tradicional. 13 QUADRO V: Perfil dos participantes da pesquisa Distribuição das respostas à CARTA, segundo o sexo do aluno Sexo: Masculino Feminino C1_Terminarei o curso dentro de: 2 anos 1 0 2,4% 0,0% 3 anos 5 8 11,9% 15,4% 4 anos 36 44 85,7% 84,6% Total 42 52 100,0% 100,0% C2_Licenciatura ou Pedagogia? Licenciatura Pedagogia Informação Incompleta Total Sexo: Masculino Feminino 38 52 Total 1 1,1% 13 13,8% 80 85,1% 94 100,0% Total 90 90,5% 100,0% 95,7% 1 0 1 2,4% 0,0% 1,1% 3 0 3 7,1% 0,0% 3,2% 42 52 94 100,0% 100,0% 100,0% Sexo: C2A_Licenciado na disciplina de: Biologia, Química Exatas Total Masculino 28 Feminino 47 Total 73,7% 90,4% 83,3% 10 5 15 26,3% 9,6% 16,7% 75 38 52 90 100,0% 100,0% 100,0% Sexo: C3_Na verdade penso em lecionar Sim imediatamente depois de formado. Não Total Masculino 18 Feminino 21 Total 43,9% 40,4% 41,9% 23 31 54 56,1% 59,6% 58,1% 41 52 93 100,0% 100,0% 100,0% 39 Sexo: C4_Acho que como professor vou Melhor que a nossa encontrar alunos que, comparados a turma da Escola que fizemos juntos, apresentarão nível de aprendizagem: Com o mesmo nível que a nossa Com nível mais baixo que a nossa Total Masculino 17 Feminino 21 Total 40,5% 40,4% 40,4% 9 24 33 21,4% 46,2% 35,1% 16 7 23 38,1% 13,5% 24,5% 38 42 52 94 100,0% 100,0% 100,0% 14 Distribuição das respostas à CARTA, segundo o sexo do aluno (continuação) Sexo Masculino 13 31,0% 17 40,5% 12 28,6% 42 100,0% Muitas dificuldades de aprendizagem C5_Isto é, apresentarão: Dificuldades comuns à idade e série Poucas dificuldades de aprendizagem Total Feminino 3 5,8% 37 71,2% 12 23,1% 52 100,0% Total 16 17,0% 54 57,4% 24 25,5% 94 100,0% Sexo Uma grande parte desses alunos terá conseguido aprender Uma pequena parte realmente terá C6_Acho que ao final de um ano aprendido Todos conseguirão conteúdos ensinados aprender os Total Encontram-se sem base para o curso C7_As dificuldades de aprendizagem dos alunos São indisciplinados referentes a fatores ligados a eles mesmos, tem como fator Estão desinteressados pelo curso primordial: Total C8_As dificuldades de Sem oportunidades de aperfeiçoamento aprendizagem dos alunos referentes a fatores ligados aos Com práticas docentes inadequadas professores, tem como fator primordial: Sem autonomia pedagógica Total C9_As dificuldades de aprendizagem Com turmas superlotadas dos alunos referentes a fatores ligados à escola, tem como fator Com classes heterogêneas primordial: Sem material didático Distante da realidade do aluno Total Masculino 32 Feminino 36 76,2% 6 69,2% 11 72,3% 17 14,3% 4 21,2% 5 18,1% 9 9,5% 42 100,0% 9,6% 52 100,0% 9,6% 94 100,0% Sexo Masculino Feminino 22 27 52,4% 51,9% 6 6 14,3% 11,5% 14 19 33,3% 36,5% 42 52 100,0% 100,0% Sexo: Masculino Feminino 8 13 19,0% 25,5% 17 22 40,5% 43,1% 17 16 40,5% 31,4% 42 51 100,0% 100,0% Sexo: Masculino Feminino 6 9 Total 68 Total 49 52,1% 12 12,8% 33 35,1% 94 100,0% Total 21 22,6% 39 41,9% 33 35,5% 93 100,0% Total 15 14,6% 17,3% 16,1% 9 8 17 22,0% 15,4% 18,3% 5 4 9 12,2% 7,7% 9,7% 21 31 52 51,2% 59,6% 55,9% 41 52 93 100,0% 100,0% 100,0% 15 Distribuição das respostas à CARTA, segundo o sexo do aluno (continuação) Sexo Masculino Feminino Faltam condições para os pais 9 6 orientarem seus filhos 22,5% 11,8% C10_As dificuldades de 11 19 aprendizagem dos alunos referentes a Há interesse dos pais pela educação, porém sem conhecimento fatores ligados à família, tem como 27,5% 37,3% fator primordial: Falta participação e envolvimento nas atividades da escola Total Conscientizem-se da importância da escola C11_Para superar as dificuldades de Sejam orientados por regras claras de aprendizagem acredito ser necessário comportamento que os alunos: Sejam conquistados pelo professor Total Envolvam-se mais com os alunos C12_Para superar as dificuldades de Reorganizem sua prática docente aprendizagem acredito ser necessário que os professores: Retomem sua postura de educadores Total Total 15 16,5% 30 20 26 33,0% 46 50,0% 40 100,0% 51,0% 51 100,0% 50,5% 91 100,0% Sexo Masculino Feminino 19 30 45,2% 57,7% 3 0 7,1% 0,0% 20 22 47,6% 42,3% 42 52 100,0% 100,0% Sexo Masculino Feminino 21 26 51,2% 50,0% 8 15 19,5% 28,8% 12 11 29,3% 21,2% 41 52 100,0% 100,0% Total 49 52,1% 3 3,2% 42 44,7% 94 100,0% Total 47 50,5% 23 24,7% 23 24,7% 93 100,0% Sexo Modifique-se para atender aos interesses do aluno C13_Para superar as dificuldades de Construa uma parceria com a aprendizagem acredito ser necessário comunidade que a escola: Estimule mais a atuação dos professores Total Desafiado a buscar novos métodos de ensino C15_Com relação a minha motivação Descrente do processo de ensino para ser um professor, sinto-me: Desafio da busca e o desânimo por não atingir os objetivos Total Masculino 13 31,0% 13 31,0% 16 38,1% 42 100,0% Feminino 15 30,0% 8 16,0% 27 54,0% 50 100,0% Sexo Masculino Feminino 29 29 69,0% 56,9% 10 9 23,8% 17,6% 3 7,1% 42 100,0% 13 25,5% 51 100,0% Total 28 30,4% 21 22,8% 43 46,7% 92 100,0% Total 58 62,4% 19 20,4% 16 17,2% 93 100,0% 16 Distribuição das respostas à CARTA, segundo o sexo do aluno (continuação) Sexo Masculino Feminino C16_Se eu fosse dar um conselho Não espere muito dos alunos 3 3 para você que quer ingressar no 7,1% 5,9% magistério eu diria: Não deixe escapar o sonho de 12 13 ensinar seus alunos 28,6% 25,5% Seus alunos aprenderão se você estiver preparado Total Total 6 6,5% 25 26,9% 27 35 62 64,3% 68,6% 66,7% 42 51 93 100,0% 100,0% 100,0% Sexo: C17_Minha família acha que fiz uma Sim boa escolha profissional. Não Total Masculino 31 Feminino 34 Total 73,8% 69,4% 71,4% 11 15 26 26,2% 30,6% 28,6% 42 49 91 100,0% 100,0% 100,0% 65 Sexo C18_Meus amigos falam que ser professor: Vale a pena Não vale a pena Total Masculino 9 Feminino 10 Total 21,4% 19,2% 20,2% 33 42 75 78,6% 80,8% 79,8% 42 52 94 100,0% 100,0% 100,0% 19 Sexo C19_Para mim a profissão de professor é mais próxima a de: Médico Padre/Pastor Advogado Pedreiro Engenheiro Psicólogo Outra Profissão Total Masculino 4 Feminino 1 Total 9,8% 2,0% 5,4% 4 5 9 9,8% 9,8% 9,8% 0 3 3 0,0% 5,9% 3,3% 5 9 7 16 22,0% 13,7% 17,4% 4 5 9 9,8% 9,8% 9,8% 14 27 41 34,1% 52,9% 44,6% 6 3 9 14,6% 5,9% 9,8% 41 51 92 100,0% 100,0% 100,0% 17 4.2. Análise das evocações quanto ao Vocábulo “professor” e a expressão “dar aula” A análise das evocações, feitas por meio da associação livre, foi realizada por meio do software EVOC2000, desenvolvido por Pierre Vergés. Este Programa é software prestante à análise de vocábulos. Sua tela de abertura apresenta o conjunto de programas a que ele submete as palavras para realizar as análises fatorial e de tipificação ou de agrupamento. [...] Possibilita a partir de 16 programas a análise das evocações léxicas e a categorização que é baseada no conceito de análise de conteúdo, de Bardin (1979), e faz análise quantitativa dos dados obtidos, agregando-os pela frequência e centralidade das evocações.” (FREIRE et all, 2010, p. 3-4) Dos 16 programas constantes desse software foram utilizados nesta fase da pesquisa os seguintes programas: “lexique” 6, “trievoc”7, “nettoie”8, “rangmot”9, “listvoc”10, “aidecat”11, “rangfrg”12 e “rangmotp”13. Esses programas, de modo articulado, permitem a construção do “tabgraf”, ou “Rangfrequencia”, que pode ser representado por um quadro obtido através do cruzamento da frequência média de ocorrência das palavras, com a média das ordens médias de evocação. Nesse quadro estão distribuídas as evocações em 4 quadrantes, possibilitando, assim, a organização, a análise das categorias e também a análise de semelhança das mesmas. Segundo Vèrges (2002), o primeiro quadrante, localizado na parte superior e à esquerda, compreende as palavras que foram mais frequentes e também mais primeiramente citadas pelos sujeitos; podendo desse modo configurar o núcleo ou o sistema central da representação. Os quadrantes superiores à direita e inferior à esquerda incorporam as palavras nas quais se manifesta uma contradição entre a frequência e a média ponderada das evocações. Ou seja, no segundo quadrante – superior à direita – estão as palavras com frequência alta, mas que, numa classificação dirigida, obtiveram as últimas posições; no terceiro quadrante – inferior à esquerda – a frequência das evocações é baixa, mas foram primeiramente evocadas. Esses dois quadrantes podem ser associados ao que alguns autores denominam de primeira periferia da representação. Os indicadores destes dois quadrantes podem, dependendo do contexto no qual as representações acontecem, tornarem-se elementos do núcleo central das representações. O quarto quadrante, ocupando a posição inferior direita, compreende as evocações mais periféricas com frequências 6 Utilizado para isolar as unidades lexicais do arquivo de dados. Realiza uma triagem das evocações, organizando-as por ordem alfabética. 8 Faz uma limpeza do arquivo, eliminando possíveis erros de digitação. 9 Elabora uma lista das palavras evocadas em ordem alfabética, indicando o número de vezes e a ordem de sua evocação. O Rangmot fornece também a frequência total de cada palavra; a média ponderada da ordem de evocação de cada palavra; frequência total e média geral das ordens de evocação. 10 Elabora uma lista de todas as palavras em seu contexto. 11 Analisa as coocorrências das palavras mais frequentes. 12 Também chamado de Tabrgfrq, organiza num quadro de quatro casas os elementos que compõem o núcleo central e a periferia de uma representação. 13 Analisa as palavras que foram marcadas por um asterisco. 7 18 baixas e localizadas nas últimas posições de evocação. Nos quadros VI, VII e VIII estão apresentadas as evocações livres sobre professor , dar aula e aluno. QUADRO VI: PROFESSOR NÚCLEO CENTRAL Freq. ≥ 12 OME <2,5 FREQ. OME Ensinar Mestre Paciência Respeito 13 15 23 12 2,154 1,733 2,435 2,417 ELEMENTOS INTERMEDIÁRIOS Freq. < 12 OME <2,5 Amigo Competência Educador Inteligente Profissão Sabedoria 9 7 8 6 8 9 2,444 2,286 2,000 1,833 2,375 1,667 ELEMENTOS INTERMEDIÁRIOS Freq. ≥ 12 OME ≥ 2,5 Conhecimento Responsabilidade ELEMENTOS PERIFÉRICOS Freq. <= 12 OME >= 2,5 Didática Exemplo Nome de Professor FREQ OME 22 12 2,727 2,667 9 6 9 3,111 2,500 2,556 As 15 palavras registradas nos diferentes quadrantes do Quadro VI nos remetem a diferentes atributos quanto à palavra professor: atributos de relação com o outro (paciência, respeito, amigo, educador e nome de professor); atributos de papel (ensinar, mestre); atributos de qualidade (responsabilidade, competência, sabedoria, inteligente, exemplo); atributos de formação profissional (conhecimento, didática). Ao analisar as evocações dos discentes sobre a palavra “professor”, apresentadas no Quadro VI, verifica-se no primeiro quadrante superior à esquerda, também denominado núcleo central ou figurativo 14, uma predominância de termos voltados para o atributo relação com o outro: “paciência” que aparece com a maior frequência de evocações (23)15 e “respeito” (12). Outros termos desse atributo se fazem presentes em outros quadrantes, como, por exemplo, “amigo” (9) e “educador” (8) no quadrante inferior esquerdo e o vocábulo “nome de professor”16 (9), que aparece no 4º quadrante, como indicativo periférico da representação de docente. Ainda com relação ao núcleo central, constatou-se a presença do atributo papel, evidenciado pelas palavras “mestre” (15) e “ensinar (13). Embora tal atributo se faça presente no núcleo central, os vocábulos que o representam - “ensinar” (13), com OME de 2,154 e “mestre”, com 14 Esse núcleo, conforme Pecora et al (2010, p. 60), “comporta as funções de gerar o significado da representação,determinar sua organização e manter sua estabilidade”. 15 As frequências de cada palavra evocada estão colocadas sempre entre parênteses. 16 Os discentes citaram nomes de professores –“Ângela; Carlos”, por exemplo - que representavam para eles o que é ser professor. 19 OME de 1,733 - podem vincular-se, em outro contexto, a outros termos presentes nos demais quadrantes tais como conhecimento, sabedoria, competência, didática, entre outros, termos estes que têm forte relação com a palavra professor. QUADRO VII: DAR AULA NÚCLEO CENTRAL Freq. ≥ 12 OME < 2,5 FREQ. OME Aluno Ensinar Responsabilidade Conhecimento Aprender 30 24 16 15 12 2,000 2,042 2,250 2,467 2,417 ELEMENTOS INTERM Freq. < 12 OME <2,5 Dedicação Professor Material didático Chato Ensino Difícil Sala de aula Prazer ELEMENTOS INTERM Freq. ≥12 OME ≥2,5 Escola Paciência FREQ. OME 17 17 2,941 2,529 10 7 6 5 5 5 3,200 2,857 3,667 3,400 2,800 2,600 ELEMENTOS PERIFÉRICOS Freq.< 12 OME >=2,5 10 9 6 6 6 5 5 5 2,400 2,111 2,333 2,167 1,833 2,200 2,200 1,400 Aprendizagem Trabalho Educação Saber Respeito Bagunça A análise das associações livres trouxe um corpus de evocações sobre “dar aula” que totalizou 383 palavras, das quais 118 eram palavras diferentes e 265 eram repetidas. A frequência média sobre as palavras evocadas foi definida entre 06 (seis) e 12 (doze) e o rank (média das ordens médias de evocação) foi de 2,5. Na sequência, foi construído o quadro com quatro casas, verificando, inicialmente, os indicadores estruturais das representações dos discentes que traduzem o pensar deles sobre a prática pedagógica. As 21 palavras registradas nos diferentes quadrantes do Quadro VII nos remetem a diferentes dimensões do trabalho docente quanto à expressão “dar aula”: dimensão de relação com o outro (dedicação, professor, paciência, responsabilidade, respeito, aluno); dimensão de função (ensinar, ensino, Educação, trabalho, aprender, aprendizagem); dimensão de qualidade (difícil, chato, bagunça, prazer); dimensão de profissão (conhecimento, material didático, saber); dimensão de território (escola, sala de aula). Ao analisar as evocações dos discentes sobre a expressão “dar aula”, apresentadas no primeiro quadrante superior à esquerda do QuadroVII, também denominado núcleo central ou figurativo17, encontramos as palavras aluno, ensinar, responsabilidade, conhecimento e aprender. 17 Esse núcleo, conforme Pecora et a.l (2010, p. 60), “comporta as funções de gerar o significado da 20 A comparação das ordens médias de evocação (OME) dessas palavras indica que o vocábulo aluno foi evocado mais prontamente que os demais, sinalizando a sua importância para o desenvolvimento do trabalho docente. Concordamos com Tardif e Lessard que [...] ensinar é trabalhar com seres humanos, sobre seres humanos, para seres humanos [...] Quanto ao trabalho sobre e com os seres humanos, esse leva antes de tudo a relações entre pessoas [...] O fato de trabalhar com seres humanos, portanto, não é um fenômeno insignificante ou periférico na análise da atividade docente [...] a interatividade caracteriza o principal objeto do trabalho do professor (TARDIF, LESSARD, 2005, p. 31, 33 e 235). Nessa direção, é interessante destacar que os vocábulos presentes no primeiro quadrante contemplam as seguintes dimensões do trabalho docente: relação com o outro (aluno, responsabilidade); função (ensinar, aprender); profissão (conhecimento). Observe-se que há indicadores da representação de “dar aula” que sinalizam tanto para características que o professor atribui a si mesmo, como, por exemplo, “responsabilidade”, quanto às características de função e de profissão (ensinar, aprender e conhecimento). Essas dimensões, neste momento de formação desses discentes, simbolizam suas representações principais sobre um dos aspectos da prática pedagógica – “dar aula” — à medida que eles as elegem como o núcleo central. Assim, “um professor não pode apenas “fazer seu trabalho”, mas deve engajar-se e investir a si mesmo no que é como pessoa nesse trabalho” (TARDIF, LESSARD, 2005, p. 268). É interessante reafirmar que esta dimensão da docência – relação com o outro – faz-se presente tanto no núcleo central quanto nos demais quadrantes periféricos da representação de “dar aula”. Também foi evidenciada no questionário, quando os alunos relacionaram a profissão de professor a outras profissões, entre elas a de psicólogo com indicação de 46% de discentes; profissão essa caracterizada por um tipo interatividade marcada por paciência e respeito. Além disso, informações obtidas pela entrevista, em relação às respostas sobre “o que é ser professor hoje”, mostram indícios comuns nas representações sobre “professor” e “dar aula”: “ser professor hoje é um desafio e deve ser enfrentado com dedicação e paciência”; “é uma profissão de responsabilidade”; “é não impor as coisas como verdades absolutas, mas escutar os alunos e respeitá-los”; “é difícil definir professor: é uma responsabilidade grande, tanto quanto ser médico, pois você está lidando com a formação de uma pessoa”. Nesse contexto, há que se destacar que as características de interação com os alunos -“paciência” e “respeito”- não foram compreendidas, inicialmente, pelos discentes, como resultantes de processos formativos da Graduação para a docência. representação,determinar sua organização e manter sua estabilidade”. 21 QUADROVIII: ALUNO18 NÚCLEO CENTRAL Freq. ≥ 10 OME < 2,5 EVOCAÇÕES Aprender Estudo Aprendiz FREQ. 14 11 10 OME 1,714 2,273 2,200 ELEMENTOS INTERMMEDIÁRIOS Freq. ≥ 10 OME ≥ 2,5 EVOCAÇÕES Aprendizagem Respeito ELEMENTOS INTERMEDIÁRIOS Freq. < 10 OME < 2,5 Escola Bagunça 9 9 2,222 1,556 Dedicação Interesse Difícil Atenção Estudar Chato 8 7 7 6 6 5 2,250 2,143 2,000 2,333 2,143 1,400 FREQ. 15 14 OME 3,000 2,571 ELEMENTOS PERIFÉRICOS Frequ. < 10 OME ≥ 2,5 Futuro Responsabilidad e Desinteressado Esforço Amigo Amizade Professor 9 9 2,889 2,556 7 7 6 6 5 2,571 2,571 3,000 2,833 3,000 As análises em relação ao vocábulo “aluno” estão em processo de elaboração. Até o presente momento iniciamos sua análise por meio da construção do Quadro de quatro casas elaborado por Vèrges (2002), acima apresentado (Quadro VIII). 18 Para este Relatório e produção dos dois artigos previstos foram utilizados apenas os dados sobre evocações de “professor” e “dar aula”. Os dados ora produzidos referentes ao vocábulo “aluno” deverão compor um outro trabalho. 22 4.3. ANÁLISE DE PROCEDIMENTO DE CLASSIFICAÇÃO MÚLTIPLA No ano de 2007 foram realizadas entrevistas com 24 alunos com vistas à análise de procedimento de classificação múltipla (PCM) 19. Segundo LIMA, C. M. et al (2009, p. 110), esse procedimento “pode ser um instrumento útil de investigação, pois demonstra como indivíduos de um mesmo grupo podem estabelecem critérios comuns e partilhados para conceituar um mesmo objeto através da eleição dos mesmos critérios para categorizá-lo”. Para análise de informações por meio do PCM As entrevistas ocorreram em dois momentos: no primeiro solicitamos que os alunos agrupassem livremente palavras que retiramos dos primeiros quadrantes do EVOC, resultantes de análise da fase I da pesquisa 20. O segundo momento caracterizou-se pela classificação dirigida, na qual são oferecidos ao sujeito critérios de agrupamento das palavras. O estudo das palavras escolhidas pelos estudantes por meio do PCM foi realizado com a análise de similitude. De acordo com Flament (1986), citado por Oliveira; Martins; Fischer; Sá (2003, p.5) a análise de similitude é definida do seguinte modo: Admite-se que dois itens serão ainda mais próximos na representação quanto mais elevado for o número de indivíduos que os tratem da mesma maneira, que aceitem os dois ou que rejeitem os dois ao mesmo tempo; em seguida calcula-se um coeficiente de contingência que é um índice de semelhança clássica (p.141). Concordando com LIMA, C. M. et al (2009, p. 110), quando citam BOURICHE, 2003; TAVARES, 2008: a técnica de Análise de Similitude busca identificar a organização interna das representações sociais a partir do princípio de similitude, isto é, o quanto as pessoas coincidem na forma de representar um objeto. Por esse princípio, dois itens serão mais próximos em sua relação quanto maior for o número de sujeitos que os tratem da mesma maneira e que aceitem ou rejeitem os dois ao mesmo tempo. Os agrupamentos feitos pelos discentes com as 25 palavras seguiram a orientação segundo o critério de maior ou menor relação que cada delas mantém com o trabalho docente. Tais agrupamentos estão apresentados na tabela denominada AGRUPAMENTOS FEITOS PELOS ALUNOS. 19 Ver Roteiro de Entrevista no ANEXO II Foram selecionadas 25 palavras: ajudar; alegria; aluno; amor; angustia; aprendizado; atenção; capacitado; companheiro; compreensão; compromisso; dedicação; diálogo; disciplina; educação; educador; ensinar; estudo; paciência; profissão; respeito; responsabilidade; sabedoria; Sala de aula; vocação. 20 23 AMOR ANGUSTIA ATENÇÃO CAPACITADO COMPANHEIRO COMPREENSÃO COMPROMISSO DEDICAÇÃO DIALOGO DISCIPLINA EDUCAÇÃO EDUACADOR ENSINAR ESTUDO PACIENCIA PROFISSÃO RESPEITO RESPONSABILIDAD E SABEDORIA SALA DE AULA p2 p3 p4 p5 p6 p7 p8 p9 p10 p11 p12 p13 p14 p15 p16 p17 p18 p19 p20 p21 p22 p23 p24 p25 11 1 3 2 1 2 1 3 3 4 2 2 4 3 4 1 1 4 4 1 2 4 2 4 3 1 4 11 2 3 2 3 2 1 3 3 3 2 2 3 3 3 3 2 3 3 3 2 3 2 3 3 3 3 11 3 3 4 5 2 1 5 5 3 4 75 2 5 2 5 2 50 5 5 2 3 2 2 5 5 3 11 4 1 2 1 2 2 1 1 1 1 2 2 1 2 1 1 1 1 1 2 1 2 2 1 1 1 11 5 1 2 4 2 2 3 1 3 1 1 4 4 1 4 1 3 3 3 1 3 1 4 3 3 3 11 6 1 3 3 3 3 2 1 2 1 1 2 2 2 1 1 2 2 2 3 2 3 1 2 2 3 11 7 6 6 2 75 3 2 3 2 4 5 5 6 1 7 1 7 5 1 4 7 4 6 1 6 7 11 8 2 1 2 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 2 1 2 2 1 1 1 1 1 1 1 11 9 3 1 4 1 1 3 2 2 3 4 2 2 3 4 3 3 3 4 3 2 2 2 2 4 3 11 10 2 3 2 1 3 2 4 2 1 1 3 1 1 2 2 2 2 2 2 3 1 2 2 2 2 11 11 3 1 4 1 1 5 2 2 3 4 5 2 3 4 4 4 4 5 1 2 2 2 2 4 3 11 12 3 1 2 3 1 2 1 1 2 1 2 2 1 3 2 3 3 2 3 3 2 3 3 1 3 11 13 2 2 2 2 2 2 2 1 2 1 2 2 1 1 2 1 1 2 1 1 2 1 2 1 1 11 14 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11 15 5 1 4 1 3 1 5 2 1 5 2 2 1 4 4 4 5 4 1 2 1 2 2 4 2 11 16 3 3 2 1 4 3 2 1 2 1 1 1 2 2 3 3 1 1 1 4 2 1 1 3 1 11 17 4 2 1 4 6 1 1 3 3 2 2 2 2 1 2 3 4 1 2 3 2 1 2 5 3 11 18 2 1 2 1 3 2 1 2 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 2 11 19 2 1 2 1 1 2 1 2 1 1 2 1 2 2 2 2 2 2 1 2 1 2 1 2 1 11 20 1 5 1 5 5 1 4 4 5 3 2 3 3 2 1 2 2 2 1 2 5 3 4 1 4 11 21 3 3 2 3 1 2 2 2 3 3 1 1 1 2 2 2 2 2 3 1 3 1 2 2 1 11 22 5 5 3 5 5 5 3 2 2 3 2 1 4 3 1 2 1 5 2 1 4 2 5 5 1 11 23 6 2 3 2 6 1 2 4 3 5 1 3 1 2 5 4 1 5 2 1 4 3 4 6 6 11 24 2 2 3 2 5 3 2 1 2 2 1 2 2 2 3 3 4 4 1 1 1 1 2 3 1 VOCAÇÃO ALUNO p1 c APRENDIZADO ALEGRIA nº PALAVRAS AJUDAR Tabela: AGRUPAMENTOS FEITOS PELOS ALUNOS 24 ALGUMAS NOTAS EXPLICATIVAS REFERENTES À TABELA: AGRUPAMENTOS FEITOS PELOS ALUNOS Nota 1 1ª coluna da matriz de dados indica o pesquisador(a), no caso 11 (Profa. Graça). Nota 2 2ª coluna da matriz, indica o aluno participante ( 01 a 24 ). Nota 3 Na 3ª à 27ª coluna, para cada aluno foram colocados os números que indicam o agrupamento em que o participante colocou determinada palavra (de 01 a 25), observando que qualquer uma das delas deverá ser colocada pelo aluno em apenas um grupo. Nota 4 Cada aluno, classificou as 25 palavras sob critérios próprios e, portanto, o aluno de número 7, que, por coincidência, formou 7 grupos com as 25 palavras, classificou a palavra 1 (ajudar) e 2 (alegria) no grupo de número 6. Nesse grupo, ainda ele colocou as palavras de número 12 (dedicação), 22 (responsabilidade) e 24 (sala de aula) Nota 5 O aluno 14 lançou todas as 25 palavras em um só grupo o de número 1. Já o aluno de número 24 formou 5 grupos, colocando as palavras de número 1 (ajudar) e 2 (alegria) no grupo 2, juntamente com as palavras 4, 7, 9, 10, 12, 13, 14 e 23. Nota 6 A partir da matriz de dados foram determinados todos os Si,j (índice-s de similitude - método clássico dos cartões) tal que: Si,j = número de ocorrências do par palavras (i,j) / N (número de sujeitos participantes), i difere de j ambas pertencem ao conjunto de 1 a 25. A ocorrência considerada na fórmula é a que gera um ponto quando determinado sujeito coloca as palavras i e j em um certo grupo dentre os que formou. Nota 7 Exemplo de cálculo: S(i,j) no caso i = 1 e j = 2. Nota 8 Observando as colunas 3 e 4 da matriz de dados. Verifica-se que dos 24 alunos participantes, 7 classificam as as palavras 1 (ajudar) e 2 (alegria) no mesmo grupo. Dessa forma, o aluno 7 colocou as palavras 1 e 2 no grupo 6; o aluno13, no grupo 2; o aluno 14, no grupo 1; o aluno 16, no grupo 3; o aluno 21 no seu grupo 3; o aluno 22 no grupo 5 e o aluno 24 no seu grupo 2). A contagem resulta 7 pontos e portanto S(1,2) = 7 / 24 = 0,29. Nota 9 É importante notar que Si,j < 0,5 não deve ser considerado na montagem da árvore...( ver apostila ). O número 50 representa a palavra que não foi classificada pelo aluno e o número 75, a palavra que para o aluno está associada com todas as demais. A seguir apresentamos a lista dos índices de ocorrência dos pares de palavras selecionadas pelos discentes. 25 Listagem do número de ocorrências do par palavras (si,j) fornecida para composição da árvore 0204 0,75 ALEGRIA(2)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~AMOR(4) 0314 0,67 ALUNO(3)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~DISCIPLINA(14) 0419 0,67 0,67 AMOR(4)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~PACIÊNCIA(19) 0618 0820 0,67 CAPACITADO(8)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~PROFISSÃO(20) 2025 0,67 PROFISSÃO(20)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~VOCAÇÃO(25) 0306 0,63 ALUNO(3)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~APRENDIZADO(6) 0318 0,63 ALUNO(3)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ESTUDO(18) 0421 0,63 0,63 AMOR(4)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~RESPEITO(21) 0816 0823 0,63 CAPACITADO(8)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SABEDORIA(23) 0825 0,63 CAPACITADO(8)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~VOCAÇÃO(25) 1617 0,63 EDUCADOR(16)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ENSINAR(17) 1624 0,63 EDUCADOR(16)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SALA DEAULA(24) 1921 0,63 PACIÊNCIA(19)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~RESPEITO(21) 0315 0,58 ALUNO(3)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~EDUCAÇÃO(15) 0324 0,58 ALUNO(3)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SALA DE AULA(24) 0624 0,58 APRENDIZADO(6)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SALA DE AULA(24) 0822 0,58 CAPACITADO(8)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~RESPONSABILIDADE(22) 0921 0,58 COMPANHEIRO(9)~~~~~~~~~~~~~~~~~~RESPEITO(21) 1223 0,58 DEDICAÇÃO(12)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SABEDORIA(23) 1416 0,58 DISCIPLINA(14)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~EDUCADOR(16) 1424 0,58 DISCIPLINA(14)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SALA DE AULA(24) 1620 0,58 EDUCADOR(16)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~PROFISSÃO(20) 1718 0,58 ENSINAR(17)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ESTUDO(18) 1824 0,58 ESTUDO(18)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SALA DE AULA(24) 0106 0,54 AJUDAR(1) ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~APRENDIZADO(6) 0219 0,54 ALEGRIA(2)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~PACIÊNCIA(19) 0221 0,54 ALEGRIA(2)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~RESPEITO(21) 0615 0,54 APRENDIZADO(6)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~EDUCAÇÃO(15) 0617 0,54 APRENDIZADO(6)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ENSINAR(17) 1112 0,54 COMPROMISSO(11)~~~~~~~~~~~~~~~~~DEDICAÇÃO(12) 1122 0,54 COMPROMISSO(11)~~~~~~~~~~~~~~~~~RESPONSABILIDADE(22) 1418 0,54 DISCIPLINA(14)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ESTUDO(18) 1518 0,54 EDUCAÇÃO(15)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ESTUDO(18) 1625 0,54 EDUCADOR(16)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~VOCAÇÃO(25) 1720 0,54 ENSINAR(17)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~PROFISSÃO(20) 1823 0,54 ESTUDO(18)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SABEDORIA(23) 2022 0,54 PROFISSÃO(20)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~RESPONSABILIDADE(22) 0115 0,50 AJUDAR(1) ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~EDUCAÇÃO(15) 0205 0,50 ALEGRIA(2)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ANGUSTIA(5) AMOR(4)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~COMPANHEIRO(9) 0409 APRENDIZADO(6)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ESTUDO(18) CAPACITADO(8)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~EDUCADOR(16) 0,50 26 Listagem do número de ocorrências do par palavras (si,j) fornecida para composição da árvore (continuação) 0616 0623 0712 0723 0817 0824 1013 1019 1113 1120 1417 1524 1724 1725 2225 2325 0117 0124 0209 0405 0410 0714 0910 0919 1021 1222 1422 1516 1618 1623 1723 2023 2324 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 APRENDIZADO(6)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~EDUCADOR(16) APRENDIZADO(6)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SABEDORIA(23) ATENÇÃO(7)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~DEDICAÇÃO(12) ATENÇÃO(7)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SABEDORIA(23) CAPACITADO(8)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ENSINAR(17) CAPACITADO(8)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SALA DE AULA(24) COMPREENSÃO(10)~~~~~~~~~~~~~~~~~DIÁLOGO(13) COMPREENSÃO(10)~~~~~~~~~~~~~~~~~PACIÊNCIA(19) COMPROMISSO(11)~~~~~~~~~~~~~~~~~DIÁLOGO(13) COMPROMISSO(11)~~~~~~~~~~~~~~~~~PROFISSÃO(20) DISCIPLINA(14)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ENSINAR(17) EDUCAÇÃO(15)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SALA DE AULA(24) ENSINAR(17)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SALA DE AULA(24) ENSINAR(17)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~VOCAÇÃO(25) RESPONSABILIDADE(22)~~~~~~~~~~~~~~VOCAÇÃO(25) SABEDORIA(23)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~VOCAÇÃO(25) AJUDAR(1) ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ENSINAR(17) AJUDAR(1) ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SALA DE AULA(24) ALEGRIA(2)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~COMPANHEIRO(9) AMOR(4)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ANGUSTIA(5) AMOR(4)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~COMPREENSÃO(10) ATENÇÃO(7)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~DISCIPLINA(14) COMPANHEIRO(9)~~~~~~~~~~~~~~~~~~COMPREENSÃO(10) COMPANHEIRO(9)~~~~~~~~~~~~~~~~~~PACIÊNCIA(19) COMPREENSÃO(10)~~~~~~~~~~~~~~~~~RESPEITO(21) DEDICAÇÃO(12)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~RESPONSABILIDADE(22) DISCIPLINA(14)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~RESPONSABILIDADE(22) EDUCAÇÃO(15)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~EDUCADOR(16) EDUCADOR(16)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ESTUDO(18) EDUCADOR(16)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SABEDORIA(23) ENSINAR(17)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SABEDORIA(23) PROFISSÃO(20)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SABEDORIA(23) SABEDORIA(23)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~SALA DE AULA(24) Observação: os valores 0,46 aparecem pois seu arredondamento resulta 0,5 Dessa forma, é possível construir uma matriz de semelhança, representada graficamente como uma árvore, conforme figura a seguir, na qual estão presentes os conjuntos de palavras que contêm as escolhas mais frequentes do grupo de alunos por nós entrevistados 21. 21 Os dados representados nessa árvore estão sendo analisados na elaboração de um novo artigo sobre as representações de discentes e o trabalho de professores. 27 QUADRO IX: “ARVORE DE SIMILITUDE” 28 4.4 ANÁLISE DE DADOS COM O SOFTWARE ALCESTE Algumas informações foram obtidas ao longo da pesquisa por meio de questões abertas (fase I- questões 17, 18 e 20) ou em depoimentos durante as entrevistas que aconteceram nas fases II e, na fase III, ao final do curso. As análises dessas informações foram feitas, inicialmente, com o software ALCESTE. Este software foi desenvolvido por Max Reinert (1998). Segundo Nascimento e Menandro (2006, p.73) ele [...] conjuga uma série de procedimentos estatísticos aplicados a bancos de dados textuais, como entrevistas, obras literárias, artigos de jornais e revistas, entre outros. [...] É um programa computacional desenvolvido para a análise lexical, que se vale de cálculos efetuados sobre coocorrências de palavras em segmentos de texto. Para De Alba (2004, p.1.4), tecnicamente os mundos lexicais são um conjunto de palavras principais que tem uma organização habitual (repetitiva) no discurso e que se referem a algo semelhante. O objetivo do Alceste é precisamente por em evidência os mundos lexicais mais frequentes que compõem um discurso22. O processo de análise pelo Alceste ocorre em diferentes etapas. Oliveira et al. (2003), com base em Camargo (1998) e em Oliveira, Gomes e Marques (2004) apresenta esse processo em cinco etapas: a) criação de dicionários de formas reduzidas - as palavras componentes do texto são transformadas em radicais, e são identificadas as variáveis selecionadas e as UCIs (Unidades de Contexto Inicial). Para este estudo as UCIs foram compostas pelo conteúdo discursivo das questões abertas, bem como pelos depoimentos dos alunos durante as entrevistas. b) Segmentação do material discursivo em pequenas sequências de texto, denominadas de UCE (Unidades de Contexto Elementares) e cálculos de associação entre UCE, formas reduzidas e variáveis; c) descrição das classes de UCE escolhidas, através de cálculos complementares para cada uma das classes obtidas pelos cálculos da etapa precedente; d) cálculos complementares, realizados a partir das UCE escolhidas, o programa calcula a relação de χ2 e informa as UCE que caracterizam cada classe, permitindo a contextualização do vocabulário típico de cada classe; e) análise fatorial de correspondência das formas reduzidas, variáveis e classes obtidas. Neste trabalho foram realizados estudos de dados referentes às questões 17, 18 e 20, bem como de depoimentos oriundos de entrevistas realizadas ao final do curso, por meio do software Alceste. Porém, após a submissão das informações a esse software observamos a não suficiência de sujeitos, principalmente para as entrevistas, considerando o seu número bem como a forma de apresentação de seus discursos. 22 Tradução nossa. 29 Dessa forma, optamos por analisar, tanto as questões abertas quanto os depoimentos obtidos por entrevistas, por meio da análise de conteúdo tradicional fundamentada em Bardin (1977; 2010), Minayo (1989), Franco (2007). 4.5 ANÁLISE DE CONTEÚDO A análise de conteúdo, segundo Bardin (1977, p.42), pode ser definida como um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição dos conteúdos das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens. De acordo com Minayo (1989, p.279), “do ponto de vista operacional, a análise de conteúdo parte de uma leitura de primeiro plano para atingir um nível mais aprofundado: aquele que ultrapassa os significados manifestos”. Nessa perspectiva, deve ficar claro que o importante não são as “palavras” em si ou o rastreamento de significados através de outros indícios, mas sim a síntese que esses indícios permitem elaborar a respeito das representações sociais sobre o trabalho docente. Assim, o processo de análise de conteúdo, segundo Bardin (1977) ocorre em três momentos diferenciados: a pré-análise, a exploração do material a ser avaliado e o tratamento das informações com vistas a sua interpretação. Minayo (1989, p.274) afirma que “o fator comum dessas múltiplas técnicas, desde o cálculo de frequências que fornece dados cifrados, até a extração de estruturas traduzíveis em modelos, é uma hermenêutica baseada na dedução, a INFERÊNCIA”. Nesse processo, conforme Franco (2007), a contextualização das análises é de fundamental importância no sentido de garantir a relevância dos resultados a serem socializados. Os principais resultados obtidos por meio da análise de conteúdo estão expressos na redação de dois artigos, produtos deste período de estágio pós-doutoral, anexados ao final deste relatório. 5. OUTRAS ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICAS, RELACIONADAS À INVESTIGAÇÃO OU À ÁREA DE PESQUISA. Para além das atividades relativas ao estágio pós-doutoral foram desenvolvidos outros trabalhos dos quais destacamos: 5.1. Constituição do Grupo de pesquisa “Formação docente e Representações sociais” registrado no CNPq; 30 5.2. Elaboração do projeto de pesquisa “FORMAÇÃO DOCENTE PARA A DIVERSIDADE: representações de professores formadores sobre educação e justiça social”, aprovado e financiado pelo CNPq pelo processo nº 401419/2011-8; 5.3. Estudos teórico-metodológicos sobre o tema do projeto aprovado; 5.4. Participação dos seminários organizados pelo CIERS-Ed referente à Linha de Pesquisa Processos Psicossociais da Formação e do Trabalho Docente; 5.5. Desenvolvimento, no grupo de pesquisa/UDI, de seminário sobre procedimentos da Técnica Q; 5.6. Participação do Simpósio “Estudos de representações sociais de professores de Ciências, Matemática e Artes: a contribuição para o replanejamento de ensino”; em Évora, Portugal. 5.7. Preparação e aprovação do painel temático “Formação inicial e continuada de professores de Biologia: representações sociais de docência, concepções de práticas e políticas públicas”, no Evento: XVI ENDIPE, 2012; FE/UNICAMP – CAMPINAS-SP. 5.8. Participação em bancas de defesa CICILLINI, G. A., SELLES, S. L. E., VEIGA, I. P. A., CUNHA, M. D. da, FONSECA, S. G. Participação em banca de Iara Maria Mora Longhini. Histórias de Professoras e Ensino de Biologia no Brasil: Formação, Saberes e Práticas Docentes, 2011 (Doutorado em Educação) Universidade Federal de Uberlândia. Referências adicionais : Brasil/Português. CUNHA, A. M. de O., NASCIMENTO, A. L. B., NUNES, J., SANTOS, S. M., CICILLINI, G. A. Participação em banca de Talamira Taita Rodrigues Brito. O ciclo de vida profissional dos professores da Universidade Federal de Uberlândia: trajetórias, carreira e trabalho no Instituto de Biologia, 2011 (Educação) Universidade Federal de Uberlândia. Referências adicionais : Brasil/Português. FONSECA, S. G., ZAMBONI, E., SILVA, M. A., CICILLINI, G. A., JUNIOR, F. P. R. Participação em banca de Gizelda Costa e Silva. O Estudo da História e Cultura Afro-Brasileira no Ensino Fundamental: Currículos, Formação e Prática Docente, 2011 (Doutorado em Educação) Universidade Federal de Uberlândia Referências adicionais : Brasil/Português. CICILLINI, G. A., Mariluce, PAGOTTI, A. W., MARQUES, M. R., ALVES, V. L. Participação em banca de Simone Maria de Ávila Silva Reis. O professor do curso de odontologia e a formação odontológica atual: formação, saberes e práticas pedagógicas em tempo de novas diretrizes curriculares, 2011 (Educação) Universidade Federal de Uberlândia Referências adicionais: Brasil/Português CUNHA, A. M. de O., CICILLINI, G. A. FREITAS, D., SORRENTINO, M. Participação em banca de Melchior José Tavares Júnior. Educação Ambiental como Disciplina na Formação de Biólogos: um estudo de caso na Universidade Federal de Uberlândia, 2012 (Educação) GUIDO, L. E., ., CICILLINI, G. A., GUIMARÃES, L. B. Participação em banca de Inez Reptton Dias. Hibridação Cultural e Educação Ambiental: memórias de uma comunidade rural de Uberlândia, 2012 (Educação) Universidade Federal de Uberlândia. 1º semestre/2012 31 5.9. Orientações concluídas Eliana Santana Novais. O Ciclo Vigília/Sono dos Alunos(as) na Organização do Trabalho Docente: as particularidades do corpo nas cenas da aula. 2011. Dissertação (Educação) Universidade Federal de Uberlândia Iara Maria Mora Longhini. Histórias de Professoras e Ensino de Biologia no Brasil: Formação, Saberes e Práticas Docentes. 2011. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Uberlândia Simone Maria Ávila Silva Reis. O Professor do Curso de Odontologia e a Formação Odontológica atual: formação, saberes e práticas pedagógicas em tempo de novas diretrizes curriculares. 2011. Tese (Educação) - Universidade Federal de Uberlândia. 6. DIFICULDADES E FACILIDADES ENCONTRADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA Como em todo trabalho de pesquisa deparamo-nos com algumas dificuldades, das quais destacamos apenas duas, considerando suas significativas consequências para o desenvolvimento do projeto inicialmente proposto. A primeira refere-se à localização dos sujeitos potenciais deste trabalho, conforme já explicitado no item 3.1 do presente relatório. Ressaltamos, com base no relato apresentado anteriormente, a nossa preocupação com a resistência e a dificuldade dos licenciados em assumir a profissão docente no início da carreira. A segunda dificuldade por nós enfrentada deveu-se ao fato de problemas encontrados com o computador no qual estava instalado o software Alceste: ele apresentou problemas que só foram solucionados com a substituição dessa máquina por uma nova, o que demandou um retardo na análise dos dados devido à tramitação burocrática para sua substituição. Por outro lado, tivemos, ao enfrentar os problemas acima, o total apoio, no primeiro caso, de coordenadores de curso, de professores sindicalizados e ex-alunos dos cursos estudados, para localizar os ex-graduandos dos referidos cursos. Com relação à utilização do programa Alceste, tivemos toda a assistência da equipe técnica da Fundação Carlos Chagas. 7. TRABALHOS PUBLICADOS E/OU ACEITOS PARA PUBLICAÇÃO NO PERÍODO DA PESQUISA 7.1. Livro CICILLINI, G. A., NOVAIS, G. S. Formação Docente e Práticas Pedagógicas: olhares que se entrelaçam. Araraquara: Junqueira & Marin Editores, 2012, v.1. Referências adicionais: Brasil/Português. ISBN: 9788582030080 32 7.2. Capítulo de Livro CICILLINI, G. A.; NOVAIS, G. S. As relações escola-família das classes populares: revelações de representação e produção da exclusão/inclusão escolar. In: SANTOS, B.; NOVAIS, G. S.; SILVA, L. C. (Orgs.). Educação Popular em tempos de inclusão: pesquisa e intervenção. Uberlândia: EDUFU, 2011. FONSECA, V. M.; CICILLINI, G. A. “A Educação Ambiental na Educação: entre o discurso e a prática In: Desafios da Produção e da Divulgação do Conhecimento”. Uberlândia: EDUFU, 1º semestre/2012. CICILLINI, G. A. Professores Universitários e sua Formação: concepções de docência e prática pedagógica In: Formação docente e práticas pedagógicas: olhares que se entrelaçam Araraquara: Junqueira e Marin Editores, 1º semestre/ 2012. (E-book – ISBN: 978-85-8203-008-0- 2ª Edição) CICILLINI, G. A.; BARAÚNA, S. M.; CAMPOS, V. T. B. “Docência Universitária: formação e desenvolvimento profissional In: Pesquisas Educacionais: formação e prática”. Campinas: Alínea, 1º semestre/2012 SILVA, E. P. Q. CICILLINI, G. A. Formação de professores em acontecimentos: a produção de saberes escolares nas Ciências Naturais no Nível Médio. In: “Ensino Médio: estado atual, políticas e formação de professores”. Uberlândia: EDUFU, 1º semestre/2012. CICILLINI, G. A.; MALUSÁ, S.; NOVAIS, G. S. Representações de discentes de Pedagogia sobre professor(a), dar aula e aluno(a): entrecruzando representações e disposição para inclusão escolar. In: Representações sociais: políticas educacionais, justiça social e trabalho docente. Curitiba: Champagnat; São Paulo: fundação Carlos Chagas, 2012. 7.3. Artigos CICILLINI, G. A., SILVA, S. R. da, MELO, M. V. F. de A. Violência, Escola e Modernidade. Revista LEVS (Marília). , v.1, p.166 - 176, 2012. 7.4. Trabalhos Completos em Anais de Congressos. NOVAIS, E. S., CARVALHO, E. J.S.F., CICILLINI, G. A. Formação de Professores: as rodas de conversa como espaço de aprender e ensinar interdisciplinaridade e simetria In: I Encontro de Educação em Ciências e Matemática: Ciência, Cultura e Educação, 2012, Uberlândia. LONGHINI, I. M. M., CICILLINI, G. A. Histórias de vida de professoras e Ensino de Biologia no Brasil: formação, saberes e práticas docentes In: I Encontro de Educação em Ciências e Matemática: Ciência, Cultura e Educação, 2012, Uberlândia. CICILLINI,G.A.; SÁ, I.R.; SUGAHARA, L. Y. Estudos de representações sociais de professores de Ciências, Matemática e Artes: a contribuição para o replanejamento de ensino. In: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing; Inst.promotora/financiadora: Universidade de Évora. 33 7.5. Resumos em Anais de Congressos Nacionais e Internacionais CICILLINI, G. A.; SANTOS, S. P. Representações Sociais de Discentes de Ciências Biológicas: diálogos com a formação inicial, trabalho e saberes docentes In: X Congresso Nacional de Educação e I Seminário Internacional de Representações Sociais, Subjetividade e Educação, 2011, Curitiba. EDUCERE - X Congresso Nacional de Educação. Curitiba: Champagnat, 2011. v.1. p.1 – 15. CICILLINI, G. A. PRADO, S. Formação inicial e continuada de professores de biologia: representações sociais de docência, concepções de práticas e políticas públicas. Evento: XVI ENDIPE, 2012; FE/UNICAMP – CAMPINAS-SP. SANTOS, S. P., CICILLINI, G. A. Representações de sexualidade e a formação inicial de professores/as: um estudo com alunos/as do curso de Ciências Biológicas In: IV Encontro Nacional de Ensino de Biologia e II Encontro Regional de Ensino de Biologia, 2012, Goiânia. NOVAIS, E. S., CARVALHO, Emilene Julia da Silva Freitas, CICILLINI, G. A. Formação de Professores: as rodas de conversa como espaço de aprender e ensinar interdisciplinaridade e simetria, 2012. Local: Universidade Federal de Uberlândia; Cidade: Uberlândia; Evento: I Encontro de Educação em Ciências e Matemática: Ciência, Cultura e Educação CICILLINI, G. A., PRADO, Sandro, FERREIRA, D. R. M., SHUVARTZ, M., PEDROSO, C. V. Formação Inicial e Continuada de Professores de Biologia: Representações Sociais de Docência, Concepções de Práticas e Políticas Públicas, 2012 Local: UNICAMP; Cidade: Campinas/ SP; Evento: XI ENDIPE - Didática e Práticas de Ensino: Compromisso com a Escola Pública, Laica, Gratuita e de Qualidade. RODRIGUES, F. F. S., CICILLINI, G. A., PRADO, Sandro. Trabalho Docente: representações sociais de alunos de um curso de Ciências Biológicas, 2012. Local: Universidade Federal de Goiás; Cidade: Goiânia; Evento: IV Encontro Nacional de Ensino de Biologia II Encontro Regional de Ensino de Biologia. PRADO, Sandro, CICILLINI, G. A. Representações de Sexualidade e a Formação Inicial de Professores/as: um estudo com alunos/as do curso de Ciências Biológicas, 2012. Local: Universidade Federal de Goiás; Cidade: Goiânia; Evento: IV Encontro Nacional de Ensino de Biologia II Encontro Regional de Ensino de Biologia. CICILLINI, G. A.; CAMPOS, V.T.C. et all. Educação e justiça social: representações de professores formadores de cursos de licenciatura da UFU,2012. Local: UFU, Uberlândia; IV Encontro Inter-Regional Norte, Nordeste e Centro-Oeste de Formação docente para a Educação Superior. Local: UFU, Uberlândia; II Forum Internacional sobre Prática Docente Universitária: planejamento e avaliação no Contexto Glocal. LONGHINI, I. M. M., CICILLINI, G. A. Histórias de vida de professoras e Ensino de Biologia no Brasil: formação, saberes e práticas docentes, 2012. Local: Universidade Federal de Uberlândia; Cidade: Uberlândia; Evento: I Encontro de Educação em Ciências e Matemática: Ciência, Cultura e Educação. CICILLINI, G. A. O Curso de Pedagogia da Terra da Univ. Fed. de Goiás: os alunos e suas concepções de meio ambiente e educação ambiental. In: XI Encontro de Pesquisa em Educação da ANPED Centro-Oeste: desafios da produção e divulgação do conhecimento, 2012, Corumbá/MT. CICILLINI, G. A.; ALMEIDA, N. F. P. Histórias de vida de professoras travestis e transexuais brasileiras: uma proposta metodológica de pesquis, 2012. Local: Porto de Galinhas; 35ª Reunião anual da ANPEd. 34 CICILLINI, G. A.; CAMPOS, V.T.C. et all. Educação e justiça social: representações de professores formadores de cursos de licenciatura da UFU,2012. Local: UFU, Uberlândia; IV Encontro Inter-Regional Norte, Nordeste e Centro-Oeste de Formação docente para a Educação Superior. Local: UFU, Uberlândia; II Forum Internacional sobre Prática Docente Universitária: planejamento e avaliação no Contexto Glocal. CICILLINI, G. A., NOVAIS, Gercina Santana. Representações Sociais de discentes de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas na formação inicial e o processo de constituir-se professor, 2012. Local: Portugal; Cidade: Évora; Evento: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing. NOVAIS, Gercina Santana, CICILLINI, G. A. Representações sobre professor, dar aula e aluno e seus significados para a escolarização das classes populares, 2012. Local: Portugal; Cidade: Évora; Evento: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing. CICILLINI, G. A. Educação e Justiça Social: representações de professores formadores de cursos de licenciatura no Brasil, 2012. Evento: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing; Inst.promotora/financiadora: Universidade de Évora. CICILLINI, G. A. Representações sobre professor, dar aula e aluno e seus significados para a escolarização das classes populares, 2012. Evento: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing; Inst.promotora/financiadora: Universidade de Évora. CICILLINI, G. A. Representações Sociais de discentes de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas na formação inicial e o processo de constituir-se professor, 2012. Evento: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing; Inst.promotora/financiadora: Universidade de Évora. CICILLINI, G. A. Educação e Justiça Social: representações de professores formadores de cursos de licenciatura no Brasil, 2012. Evento: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing; Inst.promotora/financiadora: Universidade de Évora. 7.6. PARTICIPAÇÃO PRESENCIAL EM CONGRESSOS MORA, I. M., CICILLINI, G. A. Professoras de Biologia: história oral de vida e a relação entre os saberes profissionais, as práticas docentes e os contextos político-educacionais, 2011. (Outra,Apresentação de Trabalho). Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Vários; Local: Universidade Estadual de Campinas; Cidade: Campinas; Evento: VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências e I Congresso Iberoamericano de Investigación en Enseñanza de las Ciencias; Inst.promotora/financiadora: Associação Brasileira de Pesquisa e Educação em Ciências. CICILLINI, G. A., NOVAIS, G. S. Representações de discentes de pedagogia sobre professor, dar aula e aluno: entrecruzando representações e escolarização das classes populares, 2011. Referências adicionais: Brasil/Português. Meio de divulgação: Meio digital; Local: Universidade Federal de Uberlândia; Cidade: Uberlândia; Evento: Encontro Nacional de Pesquisadores(as) em Educação e Culturas Populares; Inst.promotora/financiadora: Universidade Federal de Uberlândia. 35 CICILLINI, G. A.; SANTOS, S. P. Representações Sociais de Discentes de Ciências Biológicas: diálogos com a formação inicial, trabalho e saberes docentes, 2011. Referências adicionais: Brasil/Português; Local: Curitiba; Cidade: Curitiba; Evento: I Seminário Internacional de Representações Sociais, Subjetividade e Educação; Inst.promotora/financiadora: Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais e Subjetividade - Educação (CIERS-ed) da Fundação Carlos Chagas. CICILLINI, G. A., NOVAES, E. S., CARVALHO, FREITAS, E. J. S. Rodas de Conversa: espaço de aprender e ensinar, 2011. Referências adicionais : Brasil/Português. Meio de divulgação: Meio digital; Local: Universidade Federal de Uberlândia; Cidade: Uberlândia; Evento: Encontro Nacional de Pesquisadores(as) em Educação e Culturas Populares; Inst.promotora/financiadora: Universidade Federal de Uberlândia. CICILLINI, G. A. PRADO, S. Formação inicial e continuada de professores de biologia: representações sociais de docência, concepções de práticas e políticas públicas. Evento: XVI ENDIPE, 2012; FE/UNICAMP – CAMPINAS-SP. SANTOS, S. P., CICILLINI, G. A. Representações de sexualidade e a formação inicial de professores/as: um estudo com alunos/as do curso de Ciências Biológicas In: IV Encontro Nacional de Ensino de Biologia e II Encontro Regional de Ensino de Biologia, 2012, Goiânia. NOVAIS, E. S., CARVALHO, Emilene Julia da Silva Freitas, CICILLINI, G. A. Formação de Professores: as rodas de conversa como espaço de aprender e ensinar interdisciplinaridade e simetria, 2012. Local: Universidade Federal de Uberlândia; Cidade: Uberlândia; Evento: I Encontro de Educação em Ciências e Matemática: Ciência, Cultura e Educação. CICILLINI, G. A., PRADO, Sandro, FERREIRA, D. R. M., SHUVARTZ, M., PEDROSO, C. V. Formação Inicial e Continuada de Professores de Biologia: Representações Sociais de Docência, Concepções de Práticas e Políticas Públicas, 2012 Local: UNICAMP; Cidade: Campinas/ SP; Evento: XI ENDIPE - Didática e Práticas de Ensino: Compromisso com a Escola Pública, Laica, Gratuita e de Qualidade. RODRIGUES, F. F. S., CICILLINI, G. A., PRADO, Sandro. Trabalho Docente: representações sociais de alunos de um curso de Ciências Biológicas, 2012. Local: Universidade Federal de Goiás; Cidade: Goiânia; Evento: IV Encontro Nacional de Ensino de Biologia II Encontro Regional de Ensino de Biologia. PRADO, Sandro, CICILLINI, G. A. Representações de Sexualidade e a Formação Inicial de Professores/as: um estudo com alunos/as do curso de Ciências Biológicas, 2012. Local: Universidade Federal de Goiás; Cidade: Goiânia; Evento: IV Encontro Nacional de Ensino de Biologia II Encontro Regional de Ensino de Biologia. CICILLINI, G. A.; CAMPOS, V.T.C. et all. Educação e justiça social: representações de professores formadores de cursos de licenciatura da UFU, 2012. Local: UFU, Uberlândia; IV Encontro Inter-Regional Norte, Nordeste e Centro-Oeste de Formação docente para a Educação Superior. Local: UFU, Uberlândia; II Forum Internacional sobre Prática Docente Universitária: planejamento e avaliação no Contexto Glocal. LONGHINI, I. M. M., CICILLINI, G. A. Histórias de vida de professoras e Ensino de Biologia no Brasil: formação, saberes e práticas docentes, 2012. Local: Universidade Federal de Uberlândia; Cidade: Uberlândia; Evento: I Encontro de Educação em Ciências e Matemática: Ciência, Cultura e Educação. CICILLINI, G. A.; ALMEIDA, N. F. P. Histórias de vida de professoras travestis e transexuais brasileiras: uma proposta metodológica de pesquisa, 2012. Local: Porto de Galinhas; 35ª Reunião anual da ANPEd. 36 CICILLINI, G. A.; CAMPOS, V.T.C. et all. Educação e justiça social: representações de professores formadores de cursos de licenciatura da UFU,2012. Local: UFU, Uberlândia; IV Encontro Inter-Regional Norte, Nordeste e Centro-Oeste de Formação docente para a Educação Superior. Local: UFU, Uberlândia; II Forum Internacional sobre Prática Docente Universitária: planejamento e avaliação no Contexto Glocal. CICILLINI, G. A., NOVAIS, Gercina Santana. Representações Sociais de discentes de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas na formação inicial e o processo de constituir-se professor, 2012. Local: Portugal; Cidade: Évora; Evento: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing. NOVAIS, Gercina Santana, CICILLINI, G. A. Representações sobre professor, dar aula e aluno e seus significados para a escolarização das classes populares, 2012. Local: Portugal; Cidade: Évora; Evento: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing. CICILLINI, G. A. Representações sobre professor, dar aula e aluno e seus significados para a escolarização das classes populares, 2012. Evento: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing; Inst.promotora/financiadora: Universidade de Évora. CICILLINI, G. A. Representações Sociais de discentes de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas na formação inicial e o processo de constituir-se professor, 2012. Evento: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing; Inst.promotora/financiadora: Universidade de Évora. CICILLINI, G. A. Educação e Justiça Social: representações de professores formadores de cursos de licenciatura no Brasil, 2012. Evento: III Colóquio Luso-Brasileiro sobre Saúde, Educação e Representações Sociais and V Forum on Ageing; Inst.promotora/financiadora: Universidade de Évora. 8. CONTATOS DURANTE A IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO As participações nos seminários do grupo CIERS – Ed, bem como os encontros com a Orientadora e o desenvolvimento de análises de dados ocorridos na Fundação Carlos Chagas foram de fundamental importância nesse período de estágio pós-doutoral23. A criação do grupo de pesquisa “Formação e Representações Sociais” também contribuiu substancialmente para o estabelecimento de novos contatos e o fortalecimento de outros, a formação de discentes como iniciantes de pesquisa bem como o aprofundamento teórico da temática em estudo24. 23 Com um agradecimento especial às Profas. Euricilda Prado, Marialva Tavares e Miriam Bizzocchi pela colaboração e atenção prestadas durante a análise dos dados por meio dos Softwares utilizados neste trabalho. 24 Agradeço especialmente à Profa. Gercina Santana Novais pela dedicação, colaboração e companheirismo, ao estar sempre disponível para discutir as dúvidas relativas ao trabalho bem como nas situações complexas do dia-a-dia. 37 9. OUTROS RESULTADOS ACADÊMICO-CIENTÍFICOS PREVISTOS OU EM ANDAMENTO Estamos providenciando a estruturação de trabalhos, ainda vinculados a esta pesquisa pós-doutoral e outros relacionados ao grupo de pesquisa, que serão publicados em revistas científicas ou apresentados na forma de comunicações em congressos, nacionais e internacionais, da área de pesquisa. Com a volta às atividades regulares da Universidade, dar seguimento aos projetos do grupo, bem como continuar participando do Grupo de Pesquisa da Cátedra UNESCO sobre Profissionalização Docente, por meio das pesquisas desenvolvidas no contexto do CIERS-ed, na Linha de Pesquisa Processos Psicossociais da Formação e do Trabalho Docente. Destaque-se que nosso grupo teve mais um projeto financiado – “Formação para a Diversidade Social: Representações de Docentes e Discentes nos Cursos de Licenciatura sobre Educação e Justiça Social”, financiado pela FAPEMIG sob o Nº = APQ-01118-12, Edital 01/2012 - Demanda Universal FAPEMIG e coordenado pela Profa. Dra. Vanessa Bueno Campos. 10. CONSIDERAÇÕES GERAIS O desenvolvimento profissional docente constitui-se em grande desafio para a educação brasileira nos dias atuais. A diversidade de concepções e enfoques presentes nas pesquisas e na literatura nacional e internacional tem se configurado campo fértil para o aprofundamento na área temática da formação docente. Esses estudos têm destacado a importância de ressignificar os processos formativos a partir da reconsideração dos saberes necessários à docência, colocando a prática pedagógica e o discente como objeto de análise. Nessa perspectiva, a pesquisa deste estágio pós-doutoral teve como objetivo geral identificar e analisar representações de alunos de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas de uma universidade pública durante a formação inicial da profissão docente. Ao aprofundar os estudos procurou identificar os elementos constituintes da representação social de “professor” e “dar aula” que definem suas especificidades; compreender os processos de negociação de significados, identificando as forças que contribuem para a manutenção das representações sobre professor e dar aula e as que sugerem possibilidades de mudança; resgatar e analisar, a partir da escuta, os significados dessas representações na história do constituir-se professor(a) de Ciências, bem como elaborar e publicar dois artigos25, apresentando os resultados da pesquisa. 25 Esses artigos estão apresentados nos ANEXOS - Relatório IV (em processo de revisão) e Anexo V – Relatório 38 Por meio de questionários e entrevistas semi-estruturadas, foram ouvidos 96 alunos dos Cursos de Biologia, Física e Química, em diferentes etapas de formação. Dessa população 83,3% – licenciandos em Biologia e em Química – estudavam no período diurno em tempo integral; 16,7% - licenciandos em Física – frequentavam o curso no período noturno. A grande maioria, 66%, se consideraram brancos; 29% se identificaram como pardos (29%), 3% como negros e 2%como amarelos. A faixa etária predominante era entre 17 e 19 anos (65%); 28%, entre 20 e 23 anos, caracterizando-se assim um grupo bastante jovem que se declarava como solteiro em sua grande maioria (99%) e dependente financeiramente da família (100%). Tanto as mães quanto os pais desses alunos apresentavam, em média, um nível de escolaridade semelhante, conforme se segue. As mães: até 8ª série 26 e/ou Ensino Médio incompleto (18%); Ensino Médio completo e/ou Ensino Superior incompleto (43%); Superior completo (31%); até a 4ª série do Ensino Fundamental (8%). A escolaridade dos pais assim se distribuía: até 8ª série e/ou Ensino Médio incompleto (17%); Ensino Médio completo e/ou Ensino Superior incompleto (44%); Superior completo (23%); até a 4ª série do Ensino Fundamental (11%). No grupo de sujeitos de Biologia e Química há uma predominância de discentes do sexo feminino em relação ao masculino. No grupo de sujeitos do Curso de Física houve maior incidência do sexo masculino em relação ao feminino. Esse perfil indica uma tendência da população universitária pública do Brasil nos cursos ora estudados: majoritariamente branca, dependente economicamente da família, cuja escolaridade dos pais é de nível médio ou superior. Os discentes (79%), no início da graduação, consideraram não valer a pena ser professor. Também nas 15 entrevistas realizadas no último ano do curso, mais de um terço dos depoentes reafirmaram a não disposição para lecionar, principalmente no Ensino Fundamental e Médio, embora alguns abrissem exceção para a docência no Ensino Superior. Mesmo aqueles que reafirmaram a preferência por ser professor, fizeram ressalva quanto à realização pessoal na profissão tanto em termos de disponibilidade de empregos quanto à desvalorização em termos salariais. Há ainda por parte de alguns a crença de que no Ensino Superior conseguirão o acesso à valorização profissional nos aspectos financeiros bem como de status social. Quanto à formação para o trabalho em sala de aula, houve por parte desses futuros professores, a manifestação de não saberem lidar com situações próprias desse ambiente, identificadas principalmente nas relações estabelecidas entre professores e alunos. Observamos, pelos depoimentos, que os discentes, no início do curso, valorizavam os conteúdos específicos e (aceito para publicação como capítulo de livro pela Sociedade Brasileira de Ensino de Biologia). 26 Utilizamos a terminologia série vigente na época da coleta de dados da pesquisa. 39 os consideravam como um dos itens mais importantes para a efetividade de sua formação. Houve por parte de alguns a manifestação de sentimento de medo, insegurança, ansiedade, entre outros, ao pensarem na clientela escolar do ensino fundamental, chegando, em alguns casos, a culpabilizar o aluno(a) pelo seu possível fracasso na profissão. As representações acima destacadas traduzem a conotação de que a profissão professor não está vinculada a processos formativos no campo da docência superior, significando que os discentes futuros professores - não consideram que a docência pressupõe processos complexos que envolvem diferentes formas de saber e o desenvolvimento permanente do constituir-se professor. Para além do saber disciplinar, reconhecido pelos alunos como conteúdos específicos, há outros saberes que se fazem necessários ao trabalho docente: saber curricular, saber das ciências da Educação, saber das tradições pedagógicas, saber experiencial e saber da ação pedagógica. Schenkel et al. (2010, p.151) consideram que esta última forma de saber é a menos desenvolvida nos processos de formação docente e, contraditoriamente, a mais necessária à profissionalização do ensino. Citando Abramowicz (2001), afirmam: “o saber docente não se constitui apenas pela acumulação de conhecimentos, mas também pela experiência, desde que calcada na teoria, por meio da atividade reflexiva e, especialmente, de uma reflexão compartilhada pelo grupo de docentes para a melhoria de sua prática”. Nesse sentido, a reivindicação dos discentes por maior tempo de vivência no ambiente escolar e de sala de aula se justifica e fornece elementos para a revisão curricular dos cursos que formam professores de Ciências para a Educação Básica. A riqueza dos dados sobre os saberes e os não-saberes dos discentes universitários a serem explorados está apenas esboçada nesta pesquisa, mas esperamos que seja uma amostragem bem sucedida das potencialidades e dos desafios que se apresentam ao desenvolvimento profissional do futuro docente da educação básica. A docência e a vida escolar, na peculiaridade de seus valores, metas e práticas cotidianas, devem ser os objetos privilegiados de qualquer projeto que vise à preparação para o exercício profissional na escola contemporânea. Assim, a formação de professores deve partir da noção de que a docência não se realiza num quadro abstrato de relações individualizadas de ensino e aprendizagem, mas dentro de um complexo contexto social e institucional. Ao refletirmos sobre os resultados ora apresentados, é possível levantar aspectos para reformular as políticas de formação docente, especialmente acerca da formação inicial para a licenciatura com vistas ao trabalho docente nas séries finais do ensino Fundamental: 40 Incluir, como eixos estruturantes dessa formação, os saberes pedagógicos e o diálogo permanente com as redes de ensino. Incluir a reflexão sobre as representações sobre professor no processo de formação docente. Incorporar nas políticas de formação a valorização do trabalho do professor, expressa por condições de remuneração e de atuação junto à diversidade de alunos matriculados nas escolas. Estimular a reflexão sobre aspectos afetivos envolvidos na formação docente. Acreditamos que mudanças dessa natureza podem auxiliar o processo formativo dos futuros professores no sentido da articulação de saberes complexos relacionados ao trabalho docente, do desenvolvimento profissional e do fortalecimento da opção por constituir-se professor. Uberlândia, 28 de fevereiro de 2013 Profa. Dra. Graça Aparecida Cicillini Responsável pela Execução do Projeto. Profa. Dra.Clarilza Prado de Sousa Supervisora do Estágio Pós-Doutoral 41 ANEXOS – RELATÓRIO27 27 A terminologia “ANEXO...- RELATÓRIO” foi utilizada para diferenciar dos demais anexos existentes no interior desse tipo de anexo. 42 ANEXO I - RELATÓRIO QUESTIONÁRIO – FASE I da pesquisa de campo Aguarde instruções orais para começar a responder EXEMPLO (ACOMPANHE AS INSTRUÇÕES) Escreva as primeiras quatro palavras que vêm a sua mente quando eu falo a palavra FECHADURA. ( ) -------------------- ( ) ---------------------- ( )-------------------- ( ) ----------------Agora, aponte as duas de maior importância para você, colocando o número 1 para a mais importante e 2 para a de segunda importância. Ouvindo as palavras que serão apresentadas a seguir, proceda da mesma forma que na questão anterior. Escreva as quatro palavras que vêm a sua mente cada vez que eu apresentar uma nova palavra. Coloque o número 1 para a mais importante e 2 para a de segunda importância. (a) ( ) ------------------- ( ) ------------------- ( )-------------------- ( ) ----------------(b) ( ) ------------------- ( ) ------------------- ( )------------------- ( ) ----------------(c) ( ) ------------------- ( ) ------------------- ( )-------------------- ( ) ----------------- NAS QUESTÕES A SEGUIR, RESPONDA COMO SE VOCÊ ESTIVESSE ESCREVENDO UMA CARTA A UM ANTIGO COLEGA DE ESCOLA QUE PEDIU INFORMAÇÕES SOBRE SUA FUTURA PROFISSÃO. Marque com um X APENAS na alternativa que VOCÊ considera mais importante melhor ATENÇÃO Responda também o questionário de perfil Prezado colega Tudo bem? Como você solicitou urgência, respondo rapidamente as questões que você fez sobre minha futura profissão. 1) Terminarei o curso dentro de: (a) 1 ano (b) 2 anos (c) 3 anos (d) 4 anos 2) Vou me formar como professor: (a) licenciado na disciplina de ___________________________ (b) do ensino fundamental - 1ª à 4ª série (c) de educação infantil 3) Na verdade penso em lecionar imediatamente depois de formado. (a) sim (b) não 43 4) Acho que como professor vou encontrar alunos que, comparados à turma da Escola que fizemos juntos, apresentarão nível de aprendizagem: (a) melhor que a nossa (b) com o mesmo nível que a nossa (c) com nível mais baixo que a nossa 5) Isto é, apresentarão: (a) muitas dificuldades de aprendizagem (b) dificuldades comuns à idade e série (c) poucas dificuldades de aprendizagem 6) Acho que ao final de um ano (a) uma grande parte desses alunos terá conseguido aprender o que ensinei (b) uma pequena parte realmente terá aprendido (c) todos conseguirão aprender os conteúdos ensinados As dificuldades de aprendizagem dos alunos referem-se a fatores ligados a eles mesmos, a nós professores, à escola e a seus pais. Em relação: 7) a eles mesmos, o fator primordial é que eles: (a) encontram-se sem base para o curso (b) são indisciplinados (c) estão desinteressados pelo curso 8) aos professores, o fator primordial é que estão: (a) sem oportunidades de aperfeiçoamento (b) com práticas docentes inadequadas (c) sem autonomia pedagógica 9) à escola, o fator primordial é que está: (a) com turmas superlotadas (b) com classes heterogêneas (c) sem material didático (d) distante da realidade do aluno 10) à família, o fator primordial é que: (a) faltam condições para os pais orientarem seus filhos (b) há interesse dos pais pela educação dos filhos, porém sem conhecimento do caminho a seguir (c) falta participação e envolvimento nas atividades da escola Para superar as dificuldades de aprendizagem acredito ser necessário que: 11) os alunos: (a) conscientizem-se da importância da escola (b) sejam orientados por regras claras de comportamento (c) sejam conquistados pelo professor 12) os professores: (a) envolvam-se mais com os alunos (b) reorganizem sua prática docente (c) retomem sua postura de educadores 13) a escola: (a) modifique-se para atender aos interesses do aluno (b) construa uma parceria com a comunidade (c) estimule mais a atuação dos professores 44 14) Pensando na formação dos professores, proponho os seguintes tópicos à serem contemplados no curso e apresento, também, a porcentagem que cada um deles deverá ter na composição de todo o curso. % (a) Conteúdo específico (b) Conhecimento didático e metodológico de ensino (c) Prática de Ensino ( estágio) (d) Outros. Indique quais? ______________________________________ ______________________________________ _____________________________________ TOTAL 100% 15) Com relação a minha motivação para ser um professor, sinto-me: (a) desafiado a buscar novos métodos de ensino (b) descrente do processo de ensino (c) num impasse entre o desafio da busca e o desânimo por não atingir meus objetivos 16) Se eu fosse dar um conselho para você que quer ingressar no magistério eu diria: (a) não espere muito dos alunos (b) não deixe escapar o sonho de ensinar seus alunos (c) seus alunos aprenderão se você estiver preparado 17) Minha família acha que fiz uma boa escolha profissional. (a) sim (b) não porque _________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 18) Meus amigos falam que ser professor: (a) vale a pena (b) não vale a pena, porque ________________________________________________________ _______________________________________________________________ 19) Para mim a profissão de professor é mais próxima a de: (a) médico (b) padre/pastor (c) advogado (d) pedreiro (e) engenheiro (f) psicólogo (g) outra profissão. Qual?_____________________ 20) Gostaria ainda de dizer que __________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Aceite um abraço de seu colega 45 Parte II – PERFIL 1. Instituição em que estuda:________________________________________________ 2. Curso que freqüenta: _____________________________________________________ 3. Você está regularmente matriculado no: (A) 1º ano (B) 2º ano (C) outro. Qual? 4. Você estuda: (A) período diurno (B) noturno (C) vespertino 5. Sexo (A) masculino (B) feminino 6. Qual sua faixa de idade: (A) Entre 17 a 19 anos (B) Entre 20 a 23 anos 7. Você se considera: (A) branco (B) pardo 8. Seu estado civil é: (A) solteiro (a) (B) viuvo(a) (C) casado(a) ou união estável (C) Entre 24 a 30 ano (D) Entre 31 41 anos ou mais (C) negro (D) amarelo (E) indígena (D) separado (desquitado, divorciado (E) outro. Qual? _________________________ 9. Escolaridade da Mãe.: (A) Nunca freqüentou a escola (B) E. Fundamental (1º grau) até a 4ª série (C) E. Fundamental (1º grau) até a 8ª série (D) Ensino Médio (2º grau) completo (E) Ensino Médio (2º grau) incompleto (F) Superior completo (G) Superior incompleto. (H) Outra. Qual? ( I ) Não sei. 10. Escolaridade do Pai. (A) Nunca freqüentou a escola (B) E. Fundamental (1º grau) até a 4ª série (C) E. Fundamental (1º grau) até a 8ª série (D) Ensino Médio (2º grau) completo (E) Ensino Médio (2º grau) incompleto (F) Superior completo (G) Superior incompleto. (H) Outra. Qual? ( I ) Não sei. 11. Sua família contribui financeiramente para sua manutenção? (A) Sim (B) Não 12. Qual a renda mensal de sua família? Para este cálculo considere a soma dos ganhos de todos os membros de sua família que trabalham e contribuem para a renda familiar, (inclusive o seu). (A) Até 3 salários mínimos (D) De 21 a 30 salários mínimos (B) De 3 a 10 salários mínimos (E) Mais de 30 salários mínimos (C) De 11 a 20 salários mínimos (F) Não sei 13. Em sua casa, você tem computador conectado à Internet? (A) Sim (B) Não 46 ANEXO II - RELATÓRIO ROTEIRO DE APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE CLASSIFICAÇÕES MÚLTIPLAS – FASE II DA PESQUISA DE CAMPO ROTEIRO DE ENTREVISTA - PARA O PESQUISADOR Vamos iniciar a 2º Fase de nossa pesquisa. Nesta Fase iremos aprofundar a análise de nossos dados. O Roteiro deverá orientá-lo na realização das entrevistas dos alunos selecionados dentre aqueles que responderam o Questionário da Fase 1. Vamos utilizar um procedimento de Classificação Múltipla que nos permitirá analisar a estabilidade das representações sociais Não pretendemos realizar análises do Núcleo Central, contudo, nada impede que em seus Projetos Específicos pesquisadores associados procedam as análises estruturais ampliando, para tanto, novos procedimentos de coleta de dados. Reafirmamos que esta fase é importante porque no foco de análise do Núcleo Comum faremos uma análise processual-dinâmica, que nos permitirá analisar processos de ancoragem e objetivação. Lembre-se o roteiro é apenas para orientar o procedimento de investigação e portanto não deve ser entregue ao aluno Junto com o roteiro estamos enviando, também, as instruções para registro dos dados Quanto a tabulação enviaremos em breve as instruções que deverão ser enviadas para o CIERS-ED/FCC, para processamento. SELEÇÃO DOS SUJEITOS PARA ENTREVISTA Você fará uma amostra aleatória de 10 sujeitos/alunos dentre aqueles que você aplicou o questionário da 1° Fase. Para tanto utilize a mesma classe ou turma de alunos. Faça uma lista da classe e proceda a um sorteio simples. Sorteie mais 5 alunos de reserva para substituir algum sujeito que pode não querer participar da entrevista nesta fase ou que afirme não ter respondido ao questionário da 1° Fase porque faltou na data da aplicação. Caso haja interesse você poderá ampliar esta amostragem. ANTES DA ENTREVISTA – PREPARAÇÃO Recorte as palavras, que retiramos dos primeiros quadrantes do EVOC. Elas estão listadas no Anexo I Cole a cartela apresentada no Anexo II em uma folha de cartolina e recorte de forma que cada palavra fique em um quadro. Utilize sempre as mesmas palavras, na mesma cor e no mesmo tamanho oferecido Prepare a folha de protocolo- anexo III. Faça tantas cópias quantos forem os alunos entrevistados Faça cópias do quadro 1- Anexo IV , tantos quantos forem os alunos entrevistados Faça cópias do Termo de Esclarecimento Consentido- Anexo V 47 REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA E DO PROCEDIMENTO DE CLASSIFICAÇÃO MÚLTIPLA A aplicação desta etapa vai durar uma hora e meia, mais ou menos e deverá ter 2 momentos: 1º Classificação a partir dos critérios definidos pelos próprios sujeitos 2º Classificação dirigida Durante a aplicação você deve utilizar uma linguagem mais coloquial, sem no entanto, modificar os objetivos da questão . Apresentamos cada questão com instruções gerais, formais e padronizadas, justamente para você ter condições de modular sua linguagem, procurando se comunicar melhor com os sujeitos de sua pesquisa. SOLICITE AUTORIZAÇÃO DO SUJEITO PARA GRAVAR AS RESPOSTAS. Verifique o funcionamento do seu gravador antes da entrevista. 1. Inicialmente certifique-se se o aluno respondeu ao questionário da 1° Fase Indague: Há algum tempo aplicamos em sua classe um questionário sobre o trabalho do professor. Você respondeu a esse questionário? Sim ( ) Não ( ) Em caso positivo informe e solicite que assine o TERMO DE ESCLARECIMENTO CONSENTIDO . Nós analisamos todos os dados e agora gostaríamos de aprofundar alguns aspectos que não ficaram claros para nós. Você concorda em responder? Continuaremos mantendo seu anonimato. Por favor, assine, então, o TERMO DE ESCLARECIMENTO CONSENTIDO (Anexo V). 2. Instruções para aplicação individual 2.1 CLASSIFICAÇÃO A PARTIR DOS CRITÉRIOS DEFINIDOS PELO PRÓPRIO SUJEITO. a) Apresente todas as 25 palavras, RECORTADAS do anexo II, ao sujeito e solicite que faça agrupamento com as palavras. b) Solicite ao aluno que categorize as palavras em quantos grupos desejar. Agrupe as palavras que tenham algum tipo de relação entre elas. Não coloque a mesma palavra em dois agrupamentos. Certifique-se que todas as palavras foram classificadas em algum agrupamento. Caso o aluno não queira classificar uma ou outra palavra você poderá sugerir que ele use um agrupamento do tipo: não classificadas c) Anote em uma folha Protocolo, como a apresentada em anexo (Anexo III), os números dos agrupamento ( 1º, 2º, 3º , tantos quantos o sujeito fizer). A numeração das cartelas fica mais rápido para anotar e não cansa o sujeito. d) Solicite ao aluno que dê um nome, um título a cada agrupamento Qual o título deste agrupamento? Você daria um título a este agrupamento? Qual seria? Por que? Não se esqueça de anotar na folha de protocolo, na coluna indicada o título sugerido. O título tem a função de levar o sujeito a fazer uma síntese e portanto exige um nível maior de abstração e permite que ele elabore sua “ teoria” do agrupamento, ao mesmo tempo que indica a imagem que pretendeu atribuir a este agrupamento. Esta parte é fundamental para o estudo da RS. e) Solicite ao aluno que justifique o agrupamento feito Qual(is) foi(ram) o(s) critério(s) que você escolheu para agrupar essas palavras? Ou Por que você colocou estas palavras juntas? 48 Anote no Protocolo , na coluna –JUSTIFICATIVA, às razões apresentadas. Não RESUMA a fala do sujeito. Lembre-se que iremos analisar os critérios utilizados pelos alunos além do próprio discurso do aluno 2.2 CLASSIFICAÇÃO DIRIGIDA Agora você irá solicitar ao aluno que faça 5 agrupamentos com as 25 palavras segundo a relação que cada delas mantém. com o trabalho do professor. Observe as instruções a seguir. Você irá apresentar ao aluno o anexo I, contendo a lista das 25 palavras e solicitar que preencha o quadro 1-(anexo IV). Caso prefira ,você pode fazer este procedimento utilizando as palavras recortadas (anexo II) . Seja qual for sua escolha, siga os passos descritos abaixo. 1º passo Entre as 25 palavras escolha 5 palavras que MAIS tem a ver com o trabalho docente Aguarde, só passe para o 2º passo após o aluno ter preenchido a coluna correspondente 2º passo Das palavras que restaram escolha 5 que MENOS tem a ver com o trabalho docente Novamente aguarde só passe para o 3º passo quando o aluno concluir a tarefa correspondente 3º passo Das palavras que restaram escolha as 5 que ainda se relacionam com o trabalho docente Proceda da mesma forma das vezes anteriores 4º passo Das que restaram escolha as 5 que ainda se relacionam mais ou que menos se relacionam com o trabalho docente Proceda da mesma forma das vezes anteriores 5º passo Solicite que o aluno preencha a última coluna com as palavras “restantes” OBS: 1) A numeração da palavras no verso ajudarão você a registrá-las no Protocolo. tiramos os números da frente das cartelas por sugestão da Prof Alda Mazzotti que chamou a atenção para o fato de que elas poderiam servir de “distrator” no processo de classificação. UTILIZEM NO ENTANTO , A MESMA NUMERAÇÃO FORNECIDA POR NÓS . NO ANEXO I NÃO MODIFIQUEM A NUMERAÇÃO DAS PALAVRAS REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA DE DESENVOLVIMENTO – PÉTALAS Ficou decidido em nossa III Reunião técnica que iríamos trabalhar em 2007 somente com a 1ª fase – Classificação das palavras e justificativas dos agrupamentos. Contudo, nada impede que os grupos façam entrevistas visando o desenvolvimento de suas Pétalas. 49 ANEXO I RELAÇÃO DAS PALAVRAS PARA ELABORAÇÃO DAS CARTELAS 1 ajudar 2 alegria 3 aluno 4 amor 5 angustia 6 aprendizado 7 atenção 8 capacitado 9 companheiro 10 compreensão 11 compromisso 12 dedicação 13 diálogo 14 disciplina 15 educação 16 educador 17 ensinar 18 estudo 19 paciência 20 profissão 21 respeito 22 responsabilidade 23 sabedoria 24 Sala de aula 25 vocação 50 ANEXO II – CARTELA- FRENTE AJUDAR ALEGRIA ALUNO AMOR ANGUSTIA APRENDIZADO ATENÇÃO CAPACITADO COMPANHEIRO COMPREENSÃO COMPROMISSO DEDICAÇÃO DIÁLOGO DISCIPLINA EDUCAÇÃO EDUCADOR ENSINAR ESTUDO PACIÊNCIA PROFISSÃO RESPEITO RESPONSABILIDADE SABEDORIA SALA DE AULA VOCAÇÃO 51 ANEXO II – CARTELA- VERSO 8 5 4 3 2 1 10 9 8 7 6 15 14 13 12 11 20 19 18 17 16 25 24 23 22 21 52 9 Nº do AGRUPAMENTO ANEXO III –FOLHA DE PROTOCOLO Nº das PALAVRAS de cada agrupamento TÍTULO 1 2 JUSTIFICATIVAS Agrupamento 1 ___________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Agrupamento 2 ___________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Agrupamento ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Agrupamento ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Agrupamento _____ ___________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ _________________ 53 Anexo IV - TRABALHO DOCENTE MAIS MENOS Ainda AINDA tem a ver tem a ver tem mais a ver tem menos a ver restantes 01 +2 -2 +1 -1 0 02 03 04 05 54 ANEXO V TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nome do (a) Pesquisador (a): ............................................................................... Você está sendo convidada (o) a participar desta pesquisa. Ao integrar este estudo estará permitindo a utilização dos dados aqui fornecidos. Você tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo pessoal. Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais, você não precisará se identificar. Somente o (a) pesquisador (a) terá acesso às suas informações e após o registro destas o documento será destruído. Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista o esclarecimento acima apresentados, eu, manifesto livremente meu consentimento em participar da pesquisa. Nome do participante Assinatura do participante Nº 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 55 CIERS-Ed MANUAL de Orientação para Digitação - 2ªfase O presente Manual contém as seguintes instruções para registro dos dados da 2ª fase: A.) Orientação para digitação do ANEXO III – Folha de Protocolo (conforme Roteiro de entrevista) Identificação do sujeito - Tabela 1 Agrupamento das palavras - Tabela 2 Título e justificativa dada a cada agrupamento - Tabela 3 13 B.) Orientação para digitação do ANEXO IV - Trabalho Docente (conforme Roteiro de entrevista) Classificação das palavras - Tabela 4 A.) Orientação para a digitação do ANEXO III – FOLHA DE PROTOCOLO O arquivo deve ser criado no programa Excel, em letra courier new, tamanho 10, porque é a fonte utilizada no DOS. Para o registro destes dados, deverão ser preenchidas 3 tabelas, conforme orientação abaixo: 1- Identificação dos sujeitos - Tabela nº 1. Para auxiliar na análise será necessário atribuir ao sujeito participante da 2ª fase o MESMO NÚMERO que lhe foi atribuído na 1ª fase, que consta do arquivo em Excel enviado por você. Além do número, você deve complementar esta tabela com dados do perfil dos sujeitos que foram detalhados no mesmo arquivo, conforme exemplo a seguir: S- Sujeito entrevistado Nº (que foi atribuído por você no arquivo da 1ª fase ao sujeito entrevistado). Sx S1 S2 S3 34 2 23 F F M Pedagogia Pedagogia Matemática Pardo branca branca Universidade Iguaçú Universidade Iguaçú Universidade Iguaçú S10 11 F História Negro Universidade Iguaçú Curso Cor (Autoatribuída) Universidade/ Faculdade Esta tabela, para ser preenchida por você, está no anexo, em Excel, enviado junto com este manual. 2- Agrupamento das palavras - Tabela 2. A tabela do agrupamento das palavras deve ser construída da seguinte forma: a) Layout da Tabela: ➢ Na 1ª coluna: Consta a lista das 25 palavras trabalhadas na entrevista da 2ª fase. RESPEITANDO A SEQUÊNCIA NÚMERICA USADA NO ROTEIRO DE ENTREVISTA – para o pesquisador. ➢ Na 2ºcoluna: Corresponde ao nº de cada palavra. O mesmo Nº usado nas cartelas, lembra-se? ➢ Nas 10 colunas seguintes, identifique cada sujeito: S1, S2, S3 até S10. Portanto, cada sujeito terá suas respostas em 1 única coluna. Lembre-se que essa numeração corresponde à ordem que ocorreram as entrevistas. Isto é, o Sujeito desta tabela (tabela 2) corresponde ao mesmo S1 que você registrou na tabela. b) Digitação das respostas A digitação das respostas de cada sujeito deve ser feita da seguinte forma: ➢ Numere cada grupo de palavras formada pelo sujeito (1, 2, 3,...); 56 ➢ Palavras que o sujeito não encaixou em nenhum grupo, será representada na tabela pela letra N; ➢ Palavras que o sujeito achou que deveria fazer parte de mais de 1 grupo e, portanto, ele também deixou fora, será representada pela letra C. Observe agora o Sujeito S1 no exemplo abaixo: um dos grupos de palavras (grupo 2) foi composto pelas palavras: alegria, aluno, amor, aprendizado, atenção, vocação, portanto todas estas palavras foram representadas na coluna S1 pelo nº2 (que corresponde ao número que você deu a esse grupo de palavras); ele não colocou as palavras ajudar e angústia em nenhum grupo portanto à representamos pela letra N; a palavra disciplina foi representada pela letra C porque o sujeito a classificou como parte de mais de 1 grupo. EX DA TABELA Nº 2 1 2 3 4 5 N 2 2 2 N 1 1 3 3 |N 4 1 3 1 N SUJEITO S5 S6 S7 2 4 2 1 2 1 1 1 N 4 2 1 1 4 N APRENDIZADO ATENÇÃO CAPACITADO COMPANHEIRO COMPREENSÃO COMPROMISSO DEDICAÇÃO 6 7 8 9 10 11 12 2 2 1 3 3 1 3 1 1 2 1 1 2 1 3 4 2 4 2 1 2 3 1 3 3 4 3 4 1 2 2 2 2 1 2 3 1 2 C 3 2 2 3 1 2 2 3 2 2 1 N 4 3 3 3 1 1 N 1 2 2 3 2 2 3 3 3 1 1 1 DIÁLOGO DISCIPLINA EDUCAÇÃO EDUCADOR ENSINAR ESTUDO 13 14 15 16 17 18 3 C 1 1 1 1 1 1 3 2 2 1 2 3 C C 1 3 2 1 2 3 2 2 1 3 3 1 3 2 2 N C 3 3 2 1 3 1 1 3 3 3 1 C 3 N 3 2 3 3 1 2 2 1 3 C 3 2 2 PACIÊNCIA PROFISSÃO RESPEITO RESPONSABILIDADE SABEDORIA SALA DE AULA VOCAÇÃO 19 20 21 22 23 24 25 3 1 3 1 3 1 2 2 2 1 1 2 1 2 2 2 4 1 4 3 1 4 4 4 3 4 1 4 2 3 4 1 2 3 3 1 N 1 2 2 N 3 1 2 1 2 2 1 2 3 4 2 1 C 1 3 2 1 2 3 2 1 N 1 1 1 1 3 2 3 PALAVRA AJUDAR ALEGRIA ALUNO AMOR ANGÚSTIA Nº S1 S2 S3 S4 S8 S9 S10 3 2 1 2 N 3 3 2 3 3 1 3 1 3 1 3 2 2 1 4 A tabela, para ser preenchida por você está no anexo, em Excel, enviado junto com este manual. 3- Título e justificativa dada a cada agrupamento - Tabela 3 Na TABELA Nº3 vamos digitar o nome dado a cada agrupamento e as justificativas do mesmo. Coluna 1 – Identificação do Sujeito Inserir quantas linhas forem os agrupamentos feitos pelos entrevistados. Por exemplo: O S1 fez 6 agrupamentos, então deverão ser criadas 6 linhas, todas indicadas por S1. Já o S2, fez 2 agrupamentos, deverão neste caso ser criadas 2 linhas. 57 Coluna 2 Corresponde ao conjunto de palavras que foram agrupadas pelos sujeitos e registrado na tabela 2. Coluna 3 Corresponde ao título que o sujeito atribuíu ao agrupamento das palavras. Coluna 4 Corresponde à justificativa dada pelo sujeito de pesquisa para agrupar estas palavras. Digitar a fala do aluno. Veja o exemplo abaixo: SUJEITO S1 GRUPO Nº S1 S1 S1 S1 1 2 3 4 5 S2 S2 1 2 TÍTULO JUSTIFICATIVA ... S10 S10 ... ... 1 2 Esta tabela, para ser preenchida por você está no anexo, em Excel, enviado junto com este manual. B.) Orientação para a digitação do ANEXO IV – TRABALHO DOCENTE 4- Classificação das palavras - Tabela 4 No anexo IV da 2ª fase o aluno classificou as palavras de acordo com a seguinte escala: MAIS MENOS Ainda AINDA tem a ver tem a ver tem mais a ver tem menos a ver restantes Para trabalhar estes dados você deve transformar esta classificação atribuindo a cada palavra números de -2 a +2, da seguinte forma: 58 classificação solicitada AINDA MAIS MENOS tem mais tem a ver tem a ver a ver número atribuido 2 -2 AINDA tem menos a ver restantes -1 0 1 Na tabela 4 (observe quadro abaixo) a linha corresponde aos sujeitos S1, S2, S3,...S10 e a coluna corresponde as 25 palavras e a classificação feita pelos alunos. Portanto, na linha, você deverá marcar o valor que cada sujeito atribuiu a cada uma destas palavras, conforme a correspondência no quadro anterior. Observe abaixo algumas das respostas dadas pelo sujeito S1 e como elas foram representadas na tabela a seguir: ajudar = restante, portanto colocamos na tabela o nº 0 alegria = menos tem a ver, portanto colocamos na tabela o nº-2 aluno = ainda tem menos a ver, portanto colocamos na tabela o nº-1 amor = mais tem a ver, portanto colocamos na tabela o nº2 angustia = ainda tem mais a ver, portanto colocamos na tabela o nº1 EXEMPLO DA TABELA Nº4 COMPROMISSO DEDICAÇÃO DIALOGO DISCIPLINA EDUCAÇÃO EDUACADOR ENSINAR ESTUDO PACIENCIA PROFISSÃO RESPEITO RESPONSABILIDADE SABEDORIA SALA DE AULA VOCAÇÃO S1 0 -2 -1 2 1 2 1 2 1 1 -2 0 2 0 -1 0 -1 2 -2 1 -2 0 2 0 -1 S2 2 0 1 1 2 -2 -1 2 -1 0 1 0 -1 -2 -2 0 -2 2 1 -1 1 0 -1 -2 -2 S3 2 2 1 2 -1 1 1 1 -2 -1 2 -1 -1 -2 -2 0 -2 0 0 0 2 -1 -1 -2 -2 S4 2 1 2 2 1 0 0 1 0 0 -1 -2 -1 -2 -2 -2 2 2 1 -1 -1 -2 -1 -2 -2 S5 0 -2 0 1 2 -2 1 0 1 2 -2 -1 2 -1 -2 -1 0 2 -1 1 -2 -1 2 -1 -2 S6 1 0 -1 2 2 1 1 -1 -2 2 1 -1 0 -2 -2 -1 -2 2 0 0 1 -1 0 -2 -2 SUJEITO COMPREENSÃO 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 COMPANHEIRO 9 CAPACITADO 8 ATENÇÃO 7 APRENDIZADO 6 ANGUSTIA 5 AMOR 4 ALUNO 3 ALEGRIA 2 AJUDAR 1 S7 S8 S9 S10 Esta tabela, para ser preenchida por você está no anexo, em Excel, enviado junto com este manual. 59 ANEXO III - RELATÓRIO ENTREVISTA – FASE III da pesquisa de campo PARTE A - IDENTIFICAÇÃO NOME (Completo) do Entrevistado:________________________________________ N º ____ 1. Sexo: F ( ) M ( ) 2. Idade: _________ 3. Curso: _________________________ 4. Ano/ semestre: ______________________ 5. Instituição: ___________________________________________ 6. Você fez curso de magistério? Sim ( ) Não ( ) 7. Além deste, você fez (ou está fazendo) outro curso universitário? Qual? Quais? ________________________________________________________________________ 8. Você trabalha: Sim ( ) Não ( ) 9. Trabalha atualmente como professor? Sim ( ) Não ( ) 9.1 Se respondeu SIM: 9.1.1 Há quanto tempo? ___________________________________ 9.1.2. Pretende continuar no magistério? Sim ( ) Não ( ) Se sim, por que? ________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________ Se não, por que? ________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________ 9.1.3. Você acumula outra profissão com a docente? Sim ( ) Qual?______________________ Não ( ) 9.2 Se respondeu NÃO: 9.2.1. Com o que você trabalha? __________________________________________________________________ 9.2.2. Por que? _______________________________________________________________________________________________ _____________________________________ 9.2.3. Aonde pretende trabalhar depois de formado? ______________________________________________________________________________________ 60 9.3 Se respondeu SIM: 9.1.1 Há quanto tempo? ___________________________________ 9.1.2. Pretende continuar no magistério? Sim ( ) Não ( ) Se sim, por que? _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____ Se não, por que? _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____ 9.1.3. Você acumula outra profissão com a docente? Sim ( ) Qual?______________________ Não ( ) 9.4 Se respondeu NÃO: 9.2.1. Com o que você trabalha? ___________________________________________ _______________________ 9.2.2. Por que? ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___ 9.2.3. Aonde pretende trabalhar depois de formado? ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___ 61 PARTE B – ROTEIRO DA ENTREVISTA Escolha profissional e expectativa sobre o curso 1) Por que você escolheu fazer este curso? (Se o entrevistado atribuir a escolha à vocação, explore em que sentido ele a utiliza e a que ele atribui sua vocação) 2) Alguém ajudou você a escolher o curso? Quem? (Explore quais os argumentos que mais o convenceram?) 3) Você repetiria essa escolha? Por que? Saberes docentes 4) Quais as suas melhores experiências de aprendizagem no curso? Com quem as viveu? Que coisas aprendeu? 5) Que experiências de aprendizagem foram mais insatisfatórias para você durante o curso? Com quem as viveu? Que coisas aprendeu? 6) Quais as matérias que mais contribuíram para a sua formação? Por que? (Explorar os motivos) 7) Como você avalia a formação recebida no curso em relação ao preparo para o trabalho docente? 8) O que você mudaria no curso pensando no trabalho docente? O que acrescentaria? (Explore: O que faz falta na formação do professor) 9) O que você acha que só se aprende na prática? Trajetória 10) Como foi sua trajetória universitária desde a sua entrada no curso até agora? 11) Como você vê sua vida profissional a partir deste curso? (O que você espera?) Identidade / Alteridade / Subjetividade 12) Como tem sido o seu relacionamento com os professores do curso? Isto interferiu no seu aproveitamento do curso? De que maneira? 13) O que é, para você, ser professor hoje? 14) Como você acha que é o dia a dia de um professor da educação básica? 15) Que sentimentos lhe vêm a mente quando você pensa em seu futuro como professor? (ansiedade, alegria, temor, indiferença etc. Explore esses sentimentos) 16) Como você acha que será tratado como professor na escola pelos: alunos; colegas/professores; coordenadores/direção; pais/comunidade; sistema escolar (Se você já leciona, como é tratado na escola). Observações: A) Terminamos a entrevista, fruto de uma pesquisa que estamos realizando há três anos e para a qual você vem contribuindo. Esta pesquisa está procurando conhecer melhor a formação docente. Para nós, você é a pessoa mais importante deste estudo. Você teria algo mais a dizer? B) Gostaria de continuar colaborando com a pesquisa quando terminar o seu curso? (Em caso afirmativo, anotar telefone, e-mail, endereço etc. para contato posterior) ANEXO IV – RELATÓRIO: ARTIGO I TÍTULO: CONSTITUINDO-SE PROFESSOR(A): Os significados das representações sobre professor(a) de discentes de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas Graça Aparecida Cicillini Clarilza Prado de Sousa RESUMO Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa sobre as representações de alunos (as) de Ciências Físicas, Químicas e Biológicas de uma universidade pública, cujo objetivo foi desvelar as representações sociais sobre professor, no início e no término desses cursos, buscando compreender seus significados na formação inicial para torna-se professor(a). Teve como aporte teóricometodológico as elaborações sobre Teoria das Representações Sociais de Moscovici (2001), Jodelet (2001), Spink (1993) e as formulações teóricas sobre formação inicial e docência, tais como: Tardif(2002); Pimenta(2002); Gatti (2000); Zabalza (2004) e Tedesco (1999). O procedimento metodológico, inicialmente, aconteceu pela aplicação de um questionário/carta junto a 96 sujeitos, com vistas a traçar o perfil desses alunos, bem como identificar a referidas representações por meio da associação livre. No final da graduação, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 15 licenciandos/as. A análise das informações obtidas revelou que a maioria dos/as licenciandos/as não pretende lecionar depois de formados, opção justificada pela obtenção do grau de Bacharel; pela remuneração deficiente, desvalorização e baixo status profissional da carreira docente. Entretanto, revelou, também, a permanência de uma representação positiva da profissão docente associada à orientação para o crescimento pessoal e ao desenvolvimento da consciência da realidade escolar, que pode ser mais bem compreendida associada ao discurso recorrente sobre a importância dos(as) professores(as). Há elementos nas representações que indicam a disposição para um trabalho docente desempenhado a partir da paciência, da escuta, da preparação, do enfrentamento aos desafios inerentes a prática pedagógica. O trabalho mostrou alguns caminhos para se pensar à relação entre representações sociais, formação inicial e o constituir-se professor(a), trazendo contribuições para refletir sobre a estrutura curricular dos cursos e as representações sobre professor no contexto de formação inicial. Palavras-chave: Representações Sociais. Licenciatura em Ciências Físicas e Biológicas. Formação Inicial. Saberes. Práticas Pedagógicas. 63 I. INTRODUÇÃO A diversidade de concepções e enfoques presentes nas pesquisas e na literatura nacional e internacional28 tem se configurado campo fértil para o aprofundamento na área temática da formação docente. Esses estudos têm destacado a importância de ressignificar os processos formativos, a partir da reconsideração dos saberes necessários à docência, colocando a prática pedagógica e a formação docente como objeto de análise. Desde que nos propusemos a enfrentar essa questão, o principal foco tem sido o de considerar a especificidade da formação e da atuação do docente de nível superior e os elementos dos contextos institucionais que a impactam. Nesse processo, destacamos as representações sociais e, por conseguinte, a pertinência de seu uso, para acompanhar e compreender informações e conhecimentos que transitam na sociedade sobre elementos vinculados ao nosso interesse de estudo - formação e prática docente - especialmente o que diz respeito à representação de professor. Concordamos com Jodelet (2001, p. 22), ao afirmar que “Representação Social é uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com o objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social”. Nesta perspectiva, entendemos que as representações “intervêm em processos variados, tais como a difusão e a assimilação dos conhecimentos, o desenvolvimento individual e coletivo, a definição das identidades pessoais e sociais, a expressão dos grupos e as transformações sociais”. Desse modo, a identificação e análise dessas representações podem contribuir para a melhor compreensão do constituir-se professor. Neste texto, apresentamos resultados de uma investigação, voltada para os cursos de Biologia, Física e Química, responsáveis pela formação de professores de Ciências da educação básica. Essa pesquisa objetivou contribuir para a compreensão dos processos de negociação de significados, identificando e desvelando movimentos e processos de manutenção e modificação das representações sociais, privilegiando, também, a incorporação de elementos decorrentes do contato do(a) estudante com o cotidiano das escolas, onde foi realizado o estágio supervisionado, na busca da compreensão de uma das dimensões do fazer-se professora, a prática pedagógica. É importante mencionar que não reconhecemos uma relação linear e mecânica entre representações e práticas sociais. Acreditamos que a docência tem dimensões mais amplas, ela é um 28 Abreu (2000), André (2001, Chauí (2003), Cunha (2010), Malusá &Feltran (2005), Isaías (2001), Lüdke (1999), Masetto (2000), Morosini (2002), Perez Gomes (1998), Pimenta (2002), Tardif (2001, 2002), Velloso (1998), Ramalho (2003) entre outros. 64 ato humanizante e humanizado, que requer um trabalho político, um trabalho consciente de que a ação do educar, do exercer docência, é uma questão de atitude que perpassa a produção, a transmissão e a reflexão sobre o conhecimento e sobre o mundo (Kuenzer, 1997). Os professores não são pessoas isoladas, imunes às contingências sócio históricas. O desenvolvimento do profissional docente se dá sob um processo dialético e dialógico que impõe uma relação reflexiva contínua desse profissional com suas ações pedagógicas cotidianas, suas ações políticas diante de sua categoria, sua troca de informações e experiências com colegas de trabalho e sua produção de conhecimento. Como forma de contribuir para as discussões que orientam a definição do papel docente, Zabalza (2004) destaca três dimensões nesse processo. A dimensão profissional, na qual identifica os componentes essenciais que definem a profissão: suas experiências, sua identidade profissional (de que forma é construída e sob quais parâmetros), seus principais dilemas em seu exercício profissional e suas necessidades em seu processo de formação inicial e permanente. A dimensão pessoal, que orienta os aspectos importantes no mundo da docência – o grau de envolvimento do profissional para com sua profissão, seu ciclo de vida, sua situação pessoal (idade, sexo, condição social), problemas de ordem pessoal que costumam acompanhar seu exercício profissional, suas satisfações e insatisfações e sua carreira profissional. A dimensão administrativa, representada como a relação estabelecida entre as condições de trabalho – forma de contratação, obrigações vinculadas ao exercício do magistério, incentivos à produção de carreira, etc. Essas dimensões estão correlacionadas em uma dinâmica na qual uma não se sobrepõe à outra, e sim tecem diálogos. Nessa perspectiva, a problematização do fazer-se professor, como fator desencadeador de processos de reflexão e teorização sobre a prática, não pode ser entendida enquanto programas previamente definidos, e sim como processos orientados pelas necessidades, expectativas e condições de cada grupo de professores. Acreditamos que a profissionalização do professor começa a desenvolver-se mais concretamente no processo de formação inicial para a licenciatura, prolongando-se por todo o período de exercício da profissão. Assim, para este trabalho, tivemos como propósito investigar as representações de alunos(as) dos cursos de Biologia, Física e Química sobre “professor”, buscando compreender os movimentos de permanência e mudança dessas representações, durante o período de graduação; procuramos também identificar seus significados no processo de constituir-se professor(a) de Ciências para as séries finais do Ensino fundamental da Educação Básica. 65 II. Apontamentos sobre a Base Teórica acerca de Representações Sociais Este trabalho fundamenta-se, especialmente, nas elaborações de Moscovici (1978), Spink (1993), Jodelet (2001) e Abric (2000), retomando o conceito de representação social e seus elementos constituintes, identificando as forças que contribuem para a permanência e/ou mudanças sobre as representações de docentes de Ciências sobre professor. Inicialmente, convém lembrar que o conceito de representação social, retirado das Ciências Sociais e introduzido na Psicologia Social por Moscovici, como o referido autor reconhece, tem como ponto de partida a “representação coletiva” de Durkheim. Isso, entretanto, não significa ausência de diferenças epistemológicas entre as duas perspectivas teóricas. Na justificativa para a substituição do adjetivo coletivo pelo social, Moscovici, conforme Spink (1989), esclarece a diferença e destaca três aspectos. Primeiro, descarta a oposição estabelecida por Durkheim entre individual e coletivo. Embora reconheça o poder da memória coletiva, reconhece, também, a autonomia do presente e a contribuição que cada membro de uma dada sociedade tem na criação e manutenção das crenças e comportamentos partilhados por todos. Segundo, ele se opõe à homogeneidade implícita nas representações coletivas, à diversidade e à pluralidade das representações de uma sociedade complexa e em permanente mudança, uma visão dinâmica de representações. Terceiro, confronta a visão estática com a visão dinâmica das representações. Porém, isto não significa que Moscovici não tenha considerado em suas análises: as diferenças existentes entre os fenômenos de que Durkheim se ocupara e o objeto de estudo da Psicologia social, atualmente; qual seja, as representações contemporâneas; a relação entre a concepção de Durkheim, estática, e a estabilidade dos fenômenos que buscava explicar (SPINK, 1989; SÁ, 1993). Em suma, pode-se afirmar, ainda, que Moscovici recusou a posição dominante em relação às representações, a de traço distintivo social e o seu papel de categoria geral. Para Moscovici, (1978, p. 26), “a representação social é uma modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre os indivíduos". Desse modo, para esse autor, qualificar uma representação social não é apenas lembrar que ela é produzida coletivamente, pois outros sistemas também o são. Assim, afirma ele: [...] para se poder apreender o sentido do qualificativo social é preferível enfatizar a função a que ele corresponde do que as circunstâncias e as entidades que reflete. Esta lhe é própria, na medida em que a representação contribui exclusivamente para os processos de formação de condutas e de formação das comunicações sociais (MOSCOVICI, 1978, p.76-77). 66 É importante recordar que Moscovici introduz o conceito de representação social na Psicologia Social e o faz por meio de uma investigação, publicada em 1961, cujo propósito era a de descrever e a compreender de como a Psicanálise se inseriu na sociedade francesa. Todavia, o autor reconhece que, embora estando o fenômeno das representações sociais no centro de sua investigação, sua ambição era mais vasta: “queria redefinir os problemas e os conceitos da Psicologia Social a partir desse fenômeno, insistindo sobre sua função simbólica e seu poder de construção do real” (MOSCOVICI, 1978, p.14). Quando retoma a questão fundamental dessa discussão - a conceituação de representação Moscovici reconhece que é fácil apreender a realidade das representações, mas o mesmo não ocorre com o conceito. A razão não histórica desse fato é apontada por ele como sendo a posição “mista”, “na encruzilhada de uma série de conceitos sociológicos e de uma série de conceitos psicológicos” (MOSCOVICI, 1978, p. 41). Contudo, algumas proposições desse autor possibilitam uma melhor compreensão do conceito de representação presente em seus trabalhos. Moscovici recorda que a Psicologia clássica concebeu os fenômenos de representação como processos de mediação entre conceito e percepção. Contudo, ele afirma: “A representação não é, em minha opinião, uma instância intermediária, mas, sim, um processo que torna o conceito e a percepção de certo modo intercambiáveis, uma vez que se engendram reciprocamente [...]” (Ibid, 1978, p. 57). Para esse autor, a propagação dos conhecimentos de uma ciência tem sempre um caráter criador. Dos conhecimentos produzidos nesse processo, não se pode afirmar que se trata de uma simplificação ou distorção, mas de outro tipo de conhecimento adaptado a outras necessidades, norteado por outros critérios e nascido em um contexto social determinado. Por isso, a questão acerca da verdade ou falsidade das representações deixa de ser pertinente. Além disso, convém apontar que a passagem de uma teoria científica para a sua representação social, decorre da necessidade de reorganizar comportamentos e visões, em função dos conhecimentos nela contidos. Segundo Moscovici, os sistemas de representações possuem uma lógica e uma linguagem particular, não são “opiniões sobre” ou “imagens de”. São “teorias”, ciências coletivas que cumprem o propósito de interpretação e elaboração do real (Ibid, 1978, p. 24 - 50). Também Denise Jodelet (1989), Spink (1991; 1993) e Abric (2000), entre outros autores, tomam como referência as elaborações de Moscovici e desenvolvem estudos sobre as representações sociais. Particularmente, consideramos oportuno mencionar, ainda que de forma sucinta, aqueles que 67 abordam o conceito de representação social e o seu uso nas Ciências Sociais, na Psicologia Cognitiva e na Psicologia Social. Spink, no texto “O estudo empírico das Representações Sociais”, analisa, entre outras questões, as diferenças do uso dessa noção, recorrendo ao trabalho desenvolvido por Jodelet, nos seguintes termos: As ciências sociais [...] explicitam a estreita relação entre as produções mentais e as dimensões materiais e funcionais da vida dos grupos[...]. As representações são vistas como conteúdos cuja operacionalidade é remetida a processos que lhes são exteriores [...]. Em nítido contraste, a Psicologia Cognitiva enfatiza as propriedades estruturais das representações [...], de maneira geral, os estudos sobre a cognição social tendem a abordar a representação como processo não social [...]. Já a Psicologia Social, ao enfocar as representações, busca entender as marcas sociais do cognitivo e as condições cognitivas do funcionamento ideológico (SPINK, 1993, p. 86). Em relação às elaborações feitas pela Psicologia Social, pode-se afirmar que ela já conseguiu um consenso mínimo em torno de algumas questões sobre representação, que são: definição (natureza social do conceito), funções sociais de orientação da ação e da comunicação, dentre outras. Mas outras polêmicas ainda permanecem. Ao concordar com Spink (1991), uma delas pode ser assim enunciada: como manter uma perspectiva psicossocial, na qual as representações sejam simultaneamente expressão do corpo socialmente estruturado e núcleos estruturantes do pensamento? Essa indagação reflete a tensão ainda existente entre o social e o psicológico ou individual. Todavia, o conjunto de pesquisas sobre representações sociais tem enfrentado do ponto de vista teórico e metodológico a necessidade de expor com maior nitidez o conceito de representação e possibilidades metodológicas de investigação dessa temática. Também os estudos desenvolvidos por Abric, voltados para o núcleo central das representações sociais, seguem a tendência de pesquisa que enfoca as representações como processo. Para Abric (2000, p.30) “uma representação é constituída de um conjunto de informações, de crenças, de opiniões e de atitudes a propósito de um dado objeto social. Este conjunto de elementos se organizado, estrutura-se e se constitui num sistema sociocognitivo de tipo específico”. Essa organização define-se como um duplo sistema: o sistema central e o sistema periférico: Sistema central (o núcleo central), cuja determinação é essencialmente social, ligada às condições históricas, sociológicas e ideológicas, diretamente associado aos valores e normas, definindo os princípios fundamentais em torno dos quais se constituem as representações. É a base comum propriamente social e coletiva que define a homogeneidade de um grupo, através dos comportamentos individualizados que podem parecer contraditórios. Ele tem papel imprescindível na estabilidade e coerência da representação; assegura a perenidade, a manutenção no tempo; ele é duradouro e evolui – salvo em circunstâncias excepcionais - de modo muito lento. Além do mais, ele é relativamente independente do contexto imediato dentro do qual o sujeito utiliza ou 68 verbaliza suas representações; sua origem está em outro lugar, no contexto global – histórico, social, ideológico – que define as normas e os valores dos indivíduos e grupos. Sistema periférico, cuja determinação é mais individualizada e contextualizada. Mais associado às características individuais e ao contexto imediato e contingente, nos quais os indivíduos estão inseridos. Este sistema periférico permite uma adaptação, uma diferenciação em função do vivido, uma integração das experiências cotidianas. Eles permitem modulações pessoais em referência ao núcleo central comum, gerando representações sociais individualizadas. Bem mais flexível que o sistema central, ele protege este último de algum modo, permitindo a integração de informações, e até de práticas diferenciadas. Permite também uma certa heterogeneidade de comportamento e de conteúdo. Não se trata de um componente menor da representação, ao contrário, ele é fundamental, posto que, associado ao sistema central, permite a ancoragem na realidade. Entende-se que a heterogeneidade do sistema periférico não é sinal da existência de representações diferentes. Pelo contrário, [...] a análise do sistema periférico (por exemplo, a identificação dos “esquemas estranhos” e dos “esquemas condicionais”) constitui um elemento essencial no estudo dos processos de transformação das representações, sendo um indicador bastante pertinente de futuras modificações ou um sintoma indiscutível de uma evolução nas situações onde a transformação de uma representação está em andamento (ABRIC, 2000, p.33-34). Menin (2007) considera que toda representação social é formada de duas dimensões: os conteúdos, informações, atitudes, opiniões relativas ao objeto representado e uma estrutura, a organização interna desses conteúdos. Para essa pesquisadora, citando Abric, 1976, p.108, a representação é não o reflexo do objeto, mas uma remodelagem da realidade em função das posições de quem a produziu. Face ao exposto, descrevemos, a seguir, a metodologia de investigação utilizada. III. METODOLOGIA Para identificar e compreender as representações sobre “professor”, seus significados e processos de mudança e/ou permanência das mesmas, foram utilizados dois procedimentos conjugados: análise de conteúdo clássica (BARDIN, 2010) e análise computacional, utilizando o software EVOC para tratar as informações coletadas por meio da associação livre, bem como o programa SPSS para a análise das questões fechadas. Investigar as representações sociais requer, também, lidar com dados de natureza qualitativa, o que garante o processo de busca de significados e a integridade dos mesmos. Assim, como afirmam Roazzi et al. (2002, p. 182): Sabemos que os procedimentos de investigação que privilegiem aspectos qualitativos permitem uma maior aproximação da visão de mundo dos sujeitos. O foco de interesse do pesquisador está, de maneira geral, nas formas como os indivíduos pensam, sentem e se comportam com relação a importantes fatos e experiências da vida. 69 Nessa perspectiva, a investigação foi desenvolvida junto aos (as) alunos(as) dos cursos de licenciatura em Biologia, Física e Química de uma universidade pública, no período de 2006 a 2009, pressupondo duas fases articuladas. 1ª FASE No primeiro ano dos cursos de licenciatura foi desenvolvida uma primeira etapa da investigação junto o a sujeitos 96 alunos desses cursos. Foi aplicado um questionário, com uma questão introdutória de associação livre, com o objetivo de verificar quais eram as representações que os estudantes possuíam sobre a palavra indutora “professor”. Solicitamos que escrevessem as primeiras quatro palavras que lhe viessem à mente frente a essa palavra 29. Outras questões, abertas e fechadas, relativas à escolha da profissão e concepção dos respondentes sobre trabalho do professor fizeram parte desse questionário. Tais questões foram importantes tanto para definir o perfil desses estudantes quanto para compor a análise das representações sobre professor nessa fase inicial do processo de formação desses estudantes. Para a análise das evocações, feitas por meio da associação livre, foi utilizado o software EVOC200030, desenvolvido por Pierre Vergés. Dos 16 programas constantes desse software foram utilizados nesta fase da pesquisa os seguintes programas: “lexique” 31, “trievoc”32, “nettoie”33, “rangmot”34, “listvoc”35, “aidecat”36, “rangfrg”37 e “rangmotp”38. Esses programas, de modo articulado, permitem a construção do “tabrgrf”, ou “Rangfrequência”, que pode ser representado por um quadro obtido através do cruzamento da frequência média de ocorrência das palavras, com a média das ordens médias de evocação. Nesse quadro estão distribuídas as evocações em 4 29 Foi orientado, também, que eles colocassem o número um para a palavra mais importante e dois para a de segunda importância. 30 “O EVOC é software prestante à análise de vocábulos. Sua tela de abertura apresenta o conjunto de programas a que ele submete as palavras para realizar as análises fatorial e de tipificação ou de agrupamento. [...] Possibilita a partir de 16 programas a análise das evocações lexicas e a categorização que é baseada no conceito de análise de conteúdo de Bardin (1979), e faz análise quantitativa dos dados obtidos, agregando-os pela frequência e centralidade das evocações.” (FREIRE et all, 2010, p. 3-4). 31 Utilizado para isolar as unidades lexicais do arquivo de dados. 32 Realiza uma triagem das evocações, organizando-as por ordem alfabética. 33 Faz uma limpeza do arquivo, eliminando possíveis erros de digitação. 34 Elabora uma lista das palavras evocadas em ordem alfabética, indicando o número de vezes e a ordem de sua evocação. O Rangmot fornece também a frequência total de cada palavra; a média ponderada da ordem de evocação de cada palavra; frequência total e média geral das ordens de evocação. 35 Elabora uma lista de todas as palavras em seu contexto. 36 Analisa as coocorrências das palavras mais frequentes. 37 Também chamado de Tabrgfrq, organiza num quadro de quatro casas os elementos que compõem o núcleo central e a periferia de uma representação. 38 Analisa as palavras que foram marcadas por um asterisco. 70 quadrantes, possibilitando, assim, a organização, a análise das categorias e também a análise de semelhança das mesmas (Almeida, 2009). Segundo Vèrges (2002), o primeiro quadrante, localizado na parte superior e à esquerda, compreende as palavras que foram mais frequentes e também mais primeiramente citadas pelos sujeitos; podendo desse modo configurar o núcleo ou o sistema central da representação. Os quadrantes superior à direita e inferior à esquerda incorporam as palavras nas quais se manifesta uma contradição entre a frequência e a média ponderada das evocações. Ou seja, no segundo quadrante – superior à direita – estão as palavras com frequência alta, mas que, numa classificação dirigida, obtiveram as últimas posições de evocação; no terceiro quadrante – inferior à esquerda – a frequência das evocações é baixa, mas foram primeiramente evocadas. Esses dois quadrantes podem ser associados ao que alguns autores denominam de primeira periferia da representação. Os indicadores destes dois quadrantes podem, dependendo do contexto no qual as representações acontecem, possibilitar a transformação progressiva das mesmas integrando-se aos esquemas do núcleo central, fundindo-se com eles e constituindo-se em um novo núcleo, consequentemente uma nova representação (ABRIC, 2000). O quarto quadrante, ocupando a posição inferior direita, compreende as evocações mais periféricas com frequências baixas e localizadas nas últimas posições de evocação. Para a análise das questões fechadas foi utilizado o software Statistical Package for Social Science (SPSS). Ele permite realizar análises univariadas de caráter exploratório e descritivo dos agrupamentos das variáveis e testes bivariados de correlação. Para análise dos resultados podem ser utilizadas as frequências simples e análises cruzadas (PAREDES; PECORA, 2004). Para as questões abertas foi utilizada a análise de conteúdo clássica, conforme Bardin (2010). 2ª FASE Entendemos, no caso desta investigação, que a utilização da fonte oral na pesquisa em educação representa uma oportunidade de abordar qualitativamente os problemas educacionais a partir das vozes dos próprios sujeitos. Assim, ao final dos cursos de licenciatura, foram coletadas informações junto a um grupo de alunos(as), por meio de entrevistas orais temáticas. Estas entrevistas semi-diretivas, foram gravadas, e posteriormente transcritas. A evidência oral pode ajudar a expor os silêncios e as deficiências da documentação escrita. As fontes orais representam uma possibilidade real de troca de experiências, de diálogo, de registro, preservação e crítica da 71 prática docente. Constitui, assim, mais que um procedimento técnico de pesquisa, um espaço e um tempo educativos, fundamentalmente formativos. Assim, entrevistamos 15 alunos(as), que estavam concluindo o curso e participaram da 1ª etapa da pesquisa, contemplando os seguintes aspectos: escolha profissional e expectativa sobre o curso; saberes docentes; trajetória universitária e identidade/ alteridade/ subjetividade sobre o constituir-se professor; entrevista esta examinada utilizando procedimentos da análise clássica de conteúdo. As análises das informações obtidas nas duas fases de pesquisa foram articuladas buscando compreender os movimentos de permanência e mudança dessas representações, durante o período de graduação. 72 IV. REPRESENTAÇÕES DE DISCENTES SOBRE PROFESSOR E SEUS SIGNIFICADOS NO CONSTITUIR-SE PROFESSOR. O presente estudo contou, inicialmente, com a participação de 96 alunos: 83,3% desses alunos – licenciandos em Biologia e em Química – estudavam no período diurno em tempo integral; 16,7% - licenciandos em Física – frequentavam o curso no período noturno. Dessa população 66% se consideraram Brancos; Pardos (29%); Negros (3%) e Amarelo (2%). A faixa etária predominante era entre 17 e 19 anos (65%); 28%, entre 20 e 23 anos, caracterizando-se assim um grupo bastante jovem que se declarava como solteiro em sua grande maioria (99%) e dependente financeiramente da família (100%). Tanto as mães quanto os pais desses alunos apresentavam, em média, um nível de escolaridade semelhante, conforme se segue. As mães: até 8ª série e/ou Ensino Médio incompleto (18%); Ensino Médio completo e/ou Ensino Superior incompleto (43%); Superior completo (31%); até a 4ª série do Ensino Fundamental (8%). A escolaridade dos pais assim se distribuía: até 8ª série e/ou Ensino Médio incompleto (17%); Ensino Médio completo e/ou Ensino Superior incompleto (44%); Superior completo (23%); até a 4ª série do Ensino Fundamental (11%). No grupo de sujeitos de Biologia e Química há uma predominância de discentes do sexo feminino em relação ao masculino. No grupo de sujeitos do Curso de Física houve maior incidência do sexo masculino em relação ao feminino. Esse perfil indica uma tendência da população universitária pública do Brasil, nos cursos ora estudados: majoritariamente branca, dependente economicamente da família, cuja escolaridade dos pais é de nível médio ou superior. IV.1. A docência e sua representação É complexa, e às vezes contraditória, a discussão sobre a profissão docente nos últimos tempos. Verificamos, a partir das informações dos discentes, dois aspectos a esse respeito: a opção pela docência e a representação de “professor”. Embora estivessem cursando licenciatura, na etapa 1 da pesquisa, a maioria dos discentes (58,1%) afirmou que não pretendia lecionar assim que terminassem a graduação. Para melhor compreender a opção ou não pela docência, a análise das respostas provocadas pelas perguntas sobre o apoio da família e dos amigos sobre tal escolha, bem como a manifestação livre sobre suas escolhas profissionais, nos indicaram que o apoio e o desejo de exercer a docência podem ser 73 vinculados à ausência de retorno financeiro, às dificuldades no exercício da profissão relativa à relação com os alunos e à valorização da carreira. É interessante observar que o apoio dos pais à opção pela docência baseia-se no fato de respeitarem a escolha profissional do filho e consideram que pelo fato de cursarem universidade pública e se esforçarem poderão atingir a realização profissional. Nessa perspectiva, o apoio não se refere basicamente à função docente, mas ao possível sucesso profissional vinculado à condição da qualidade da formação e ao esforço pessoal. Os discentes (79%) informaram que seus amigos consideram não valer a pena ser professor. Também nas 15 entrevistas realizadas no último ano do curso, mais de um terço dos depoentes reafirmaram a não disposição para lecionar, principalmente no Ensino Fundamental e Médio, embora alguns abrissem exceção para a docência no Ensino Superior. Mesmo aqueles que reafirmaram a preferência por ser professor, fizeram ressalva quanto à realização pessoal na profissão tanto em termos de disponibilidade de empregos quanto à desvalorização em termos salariais. Há ainda por parte de alguns a crença de que no Ensino Superior conseguirão o acesso à valorização profissional nos aspectos financeiros bem como de status social. Vejamos o depoimento de um deles registrado durante a entrevista: Espero ser um grande pesquisador. Quanto a ser professor, nunca parei para pensar nessa hipótese. [...] Depende de que tipo de professor: se for universitário me vejo feliz. No entanto, se for do ensino fundamental e médio acho que não, serei frustrado. Quanto ao conflito entre ser pesquisador ou professor, talvez essa dicotomia se deva ao fato de como o currículo dos cursos pesquisados se apresentava aos alunos naquele momento: em sua maioria, as disciplinas voltavam-se para a modalidade bacharelado e distribuíam-se ao longo dos cursos; as demais disciplinas destinadas à licenciatura, em número significativamente menor, estavam localizadas nos últimos anos da graduação. Esses resultados podem ser mais bem esclarecidos, confrontando-os com os obtidos por meio da associação livre. Nessa perspectiva, para aprofundar o estudo, os resultados acima relatados foram comparados com os obtidos por essa técnica e analisados por meio do software EVOC. Buscamos, nesse entrecruzamento de informações, possíveis indicadores das representações desses discentes sobre “professor”, indicadores estes que podem nos ajudar a compreender processos de escolha ou não da profissão docente. Com esse procedimento encontramos um corpus de evocações sobre “professor” que totalizou 373 palavras citadas, das quais 139 eram palavras diferentes e 234 eram repetidas. A 74 frequência média ficou estabelecida entre 6 (seis) e 12 (doze) e o rang (média das ordens médias de evocação) foi definido em 2,5. Na sequência, foi construído o quadro com quatro casas, ou tabrgraf, verificando inicialmente os elementos estruturais das representações de discentes sobre “professor”. NÚCLEO CENTRAL Freq. >= 12 ; OME <2,5 ELEMENTOS INTERMEDIÁRIOS Freq. >= 12 ; OME >=2,5 EVOCAÇÕES FREQ. Paciência 23 Mestre 15 Ensinar 13 Respeito 12 EVOCAÇÕES Conhecimento Responsabilidade OME 2,435 1,733 2,154 2,417 ELEMENTOS INTERMEDIÁRIOS Freq. < 12 ; OME <2,5 9 2,444 FREQ. 22 12 OME 2,727 2,667 ELEMENTOS PERIFÉRICOS Freq. <= 12 ; OME >=2,5 Didática Amigo Sabedoria 9 1,667 Nome de Professor Profissão 8 2,375 Exemplo Educador 8 2,000 Competência 7 2,286 Inteligente 6 1,833 Figura 1: Elementos estruturais das representações sobre “Professor” 9 3,111 9 6 2,556 2,500 As 15 palavras registradas nos diferentes quadrantes da figura 1 nos remetem a diferentes atributos quanto à palavra professor: atributos de relação com o outro (paciência, respeito, amigo, educador e nome de professor); atributos de papel (ensinar, mestre); atributos de qualidade (responsabilidade, competência, sabedoria, inteligente, exemplo); atributos de formação profissional (conhecimento, didática). Ao analisar as evocações dos discentes sobre a palavra “professor”, apresentadas na figura 1, verifica-se no primeiro quadrante superior à esquerda, também denominado núcleo central ou figurativo39, uma predominância de termos voltados para o atributo relação com o outro: “paciência” que aparece com a maior frequência de evocações (23) 40 e “respeito” (12). Outros termos desse atributo se fazem presentes em outros quadrantes, como, por exemplo, “amigo” (9) e 39 Esse núcleo, conforme Pecora et al (2010, p. 60), “comporta as funções de gerar o significado da representação,determinar sua organização e manter sua estabilidade”. 40 As frequências de cada palavra evocada estão colocadas sempre entre parênteses. 75 “educador” (8) no quadrante inferior esquerdo e o vocábulo “nome de professor”41 (9), que aparece no 4º quadrante, como indicativo periférico da representação de docente. Ainda com relação ao núcleo central, constatou-se a presença do atributo papel, evidenciado pelas palavras “mestre” (15) e “ensinar (13). Embora tal atributo se faça presente no núcleo central, os vocábulos que o representam - “ensinar” (13), com OME de 2,154 e “mestre”, com OME de 1,733 - podem vincular-se, em outro contexto, a outros termos presentes nos demais quadrantes tais como conhecimento, sabedoria, competência, didática, entre outros, termos estes que têm forte relação com a palavra professor. No segundo quadrante – superior à direita – observamos os vocábulos “conhecimento” e “responsabilidade” que representam, respectivamente, os atributos de formação profissional e de qualidade. Os atributos de formação profissional, manifestos na figura 1 pelos vocábulos “conhecimento” e “didática”, se posicionam em diferentes quadrantes. Observa-se que “conhecimento”, presente no 2º quadrante, também denominado como primeira periferia, aparece com uma frequência bastante alta (22), o que o aproximaria do núcleo central, mas que obteve OME de 2,727, significando que, no “listevoc”, suas evocações ocorreram em posições inferiores de representatividade em relação aos vocábulos localizados no núcleo central. Tal posição pode significar, considerando o contexto, que esse indicativo de representação – “conhecimento” - venha a tornar-se parte do núcleo central da representação de ser docente, o que caracteriza a flexibilidade da mesma. Por outro lado, o vocábulo “didática”, presente no quarto quadrante, também denominado “sistema periférico”, tem, para os discentes em início de Graduação, pouco valor no processo de constituir-se professor, apresentando as mais baixas frequências de evocação bem como as OME mais altas, significando que, além de pouco frequente, este vocábulo foi, de acordo com o “listevoc”, citado nas últimas posições de evocação bem como de grau de importância 42.Tal configuração muda significativamente ao término do curso. Por meio das entrevistas observamos que a preocupação dos(as) estudantes não estava mais focada nos “conhecimentos específicos”, mas, sim, no modo como iriam se posicionar diante dos alunos ao desenvolver didaticamente esses conhecimentos; o que lhes gerava angústia, ansiedade, medo, entre outros sentimentos. 41 Os discentes citaram nomes de professores –“Ângela; Carlos”, por exemplo - que representavam para eles o que é ser professor. 42 Ao solicitar as 4 palavras associadas para a palavra “professor”, foi orientado para que os discentes marcassem com um asterisco a primeira mais importante e com dois asteriscos para a segunda mais importante. 76 Quanto ao atributo qualidade, observamos, na figura 1, a presença dos seguintes vocábulos: “responsabilidade”, “competência”, “sabedoria”, “inteligente”, “exemplo”. “Responsabilidade” (12) está presente no 2º quadrante superior direito. Outros vocábulos deste atributo aparecem nos quadrantes inferiores: sabedoria (9), competência (7), inteligente (6) estão localizados no quadrante inferior esquerdo, também reconhecido como zona de contraste43, significando que tais vocábulos, em outros momentos e contextos diferenciados, podem deslocar-se e modificar as representações até então manifestadas. Embora os termos “responsabilidade” e “respeito” apresentem a mesma frequência, nota-se que os mesmos apresentam ordem média de evocação (OME) diferenciada. Ou seja, observando-se a lista de palavras em seus contextos de enunciação44, também elaborada pelo EVOC, a palavra respeito foi mais frequentemente citada nas primeiras posições obtendo como OME o valor de 2,417; já o termo responsabilidade, com OME de 2,667, esteve mais frequentemente citado nos últimos lugares de ordem de evocação. “Exemplo” (6) é outro vocábulo do atributo qualidade localizado no quadrante inferior direito, representando o sistema periférico da representação, no qual a frequência dos vocábulos é baixa e a OME é alta. Os indicadores de representações sobre “professor” manifestados na análise de conteúdo das afirmações realizadas pelos alunos no questionário, de certa forma se mantiveram quando da análise da associação livre por meio do software EVOC. Os vocábulos “paciência”, “responsabilidade”, “ensinar” e “conhecimento” são exemplos de permanência desses indicadores de representação. É interessante observar que, já na primeira fase da pesquisa, ao responderem ao questionário, tanto quando perguntamos se os(as) alunos(as) gostariam de acrescentar algo sobre “ser professor”, quanto ao complementarem com justificativas discursivas as respostas às questões fechadas, foram evidenciados aspectos ligados à escolha e às representações dessa profissão, vinculados ao que denominamos de atributos da docência: atributos de relação com o outro; atributos de papel de professor; atributos da formação profissional; atributos de qualidade. Tais atributos aproximam-se significativamente daqueles termos que representaram a palavra “professor” na análise desenvolvida por meio do software EVOC. 43 Os vocábulos presentes nesse quadrante segundo Abric (2005), citado por Pecora et al (2010, p.60), “podem revelar indícios da existência de um subgrupo minoritário portador de uma representação diferenciada”. 44 Também denominada “listevoc”. 77 Ao analisar essas informações discursivas, verificamos que a opção pela docência foi relacionada ao desejo, ao dom ou talento; à vocação; à responsabilidade; ao fato de que o “sucesso só depende de você” e do esforço pessoal; ao amor pela profissão; ao ato de ensinar e aprender; à oportunidade de formar homem de boa fé; à paciência; à amizade; à dedicação; à persistência em realizar sonhos e à exigência de “ter muito conhecimento”. Assim, verificamos conotações voltadas: atributos da relação com o outro (paciência, dedicação e amizade); atributos de papel de professor (ensinar e aprender); atributos de formação profissional (conhecimento); atributos de qualidade (responsabilidade, persistência, amor pela profissão, vocação, dom ou talento, desejo e esforço pessoal). A opção por não exercer a profissão de docente foi vinculada ao desinteresse dos(as) alunos(as), ao medo do futuro; ao preconceito com relação à profissão; à dificuldade de transmitir conhecimento; ao interesse pelo bacharelado; à consideração da licenciatura como hobby; à incompatibilidade com a personalidade e à falta de investimento financeiro na educação. Reconhecemos que tais indícios de negação da docência também simbolizam indícios de representações de professor. Ao analisar o discurso dos discentes, ao final do questionário, sobre o que gostariam de acrescentar a respeito do trabalho docente, observamos que a maioria das afirmações realizadas referia-se a atributos de qualidade do professor (ter talento, dom, vontade, etc.), e a atributos de relação com o outro (paciência, dedicação); bem como à sentimentos provocados pela possibilidade do exercício da docência (medo e ansiedade). Essas manifestações traduzem a conotação de que a profissão professor não está vinculada, como conteúdo curricular, a processos formativos no campo da docência superior, significando que os discentes não a consideram como processo complexo que envolve diferentes formas de saber e o desenvolvimento permanente do constituir-se professor. Ou seja, a consideração de saberes voltados para a disciplina específica; saberes pedagógicos; saberes próprios do contexto escolar, entre outras formas de saber. Também a negação declarada de não querer se profissionalizar como professor se fez presente em suas manifestações livres por meio de afirmações tais como: “não pretendo dar aula”; “apesar de a profissão professor ser importante, eu ainda preferia não segui-la”. Para melhor apreender as representações de “professor”, indicadores de mudanças ou permanência das mesmas, é importante retomar as análises até agora realizadas e associá-las às informações coletadas por meio da entrevista, na fase 2 da pesquisa. Foram abordadas questões 78 sobre “o que é ser professor hoje”, “o dia-a-dia do professor na educação básica”, “os sentimentos quanto ao futuro como professor” e as “expectativas em relação ao tratamento conferido ao professor na escola”. As informações obtidas sobre o que pensam os discentes sobre “ser professor hoje” permitem identificar aspectos ligados ao papel e ao modo de exercer a docência, às condições oferecidas pela escola, aos processos de desvalorização da profissão e à relação professor/aluno. Quanto ao papel e ao exercício da docência, ainda permanecem representações de professor associadas à transmissão de conhecimentos, ao fato de que o professor é portador de conhecimentos, ao saber fazer “milagre”, ao dom e à capacidade de ser amigo. Destaque-se que tais representações de docência, manifestadas pelos discentes, estavam assim adjetivadas: muito difícil, complicada, estressante, frustrante, trabalhosa e cansativa. É claramente perceptível a conotação negativa atribuída à docência pelos entrevistados(as) ao recusarem essa profissão: “não é estimulada”; “ganha-se pouco”; “faltam valorização e reconhecimento”; “não há remuneração adequada”; “o salário não ajuda”; “é preciso trabalhar em três empregos”; “não há reconhecimento pelo trabalho árduo”. Além disso, outros fatores - convivência com a violência no interior da escola; submissão às normas que não favorecem o desenvolvimento profissional - que também compõem as condições de trabalho oferecidas aos docentes, quando associadas às informações sobre a avaliação da formação recebida, auxiliam a desvelar a relação do grupo investigado com a opção de ser ou não professor(a). A maioria dos entrevistados avaliou que o curso não os preparou para o exercício da docência, justificando que o foco do curso não é a licenciatura, mas sim a pesquisa. Nessa perspectiva, ao serem indagados sobre o que esperam para o seu futuro profissional, um terço deles(as) informou que pretendem seguir a carreira de pesquisador(a). Outro aspecto ligado ao ser professor hoje manifestado pelos (as) discentes refere-se à relação professor(a) / aluno(a). Ocorreu reconhecimento da importância da formação para o relacionamento com os alunos; para discutir e esclarecer dúvidas de seus alunos; para as trocas de informações entre professor e aluno(a). Entretanto, foram também constatadas manifestações dos futuros professores de que os alunos representam impedimento para o exercício da docência, pois são “instáveis”, “carentes”, “difíceis de aguentar”. 79 Os sentimentos manifestados, ao ponderarem sobre o futuro como professor(a), são, majoritariamente, negativos: medo, temor, angústia, frustração e desespero. Em menor quantidade, observamos também: esperança, alegria, satisfação e desejo. Nesse contexto, é importante mencionar as expectativas desses discentes em relação ao tratamento que será conferido a ele como professor na escola. A maioria deles(as) espera ser tratado(a) com respeito, indicando como significativo o atributo de relação com o outro. Em menor ocorrência, mas também vinculado à relação com o outro, foi mencionada a palavra amigo. Esse resultado, ao ser confrontado com os obtidos na fase 1, principalmente os relativos à analise das informações da associação livre e à proximidade de outras profissões à de professor, mostra indícios de permanência de representação de professor vinculada majoritariamente ao atributo da relação com o outro. Esses alunos, em grande maioria, relacionaram a profissão de professor à de psicólogo (46%). Acrescente-se a tal resultado o fato de que a grande maioria das evocações, durante a aplicação da técnica da associação livre, vincularam-se, ou também se aproximaram, à profissão de psicólogo. Ela é marcada por um tipo de relação com o outro que demanda paciência e respeito, características da interação exigidas desse profissional. Deve-se considerar que tais características não foram compreendidas pelos discentes como resultantes de processos formativos, próprios da formação inicial e permanente, bem como do exercício profissional. Quanto aos componentes curriculares, observamos, na fase 1, que os discentes valorizam, de forma significativa os conteúdos específicos em detrimento aos conhecimentos didáticos e à prática de ensino vinculada ao estágio. Isto acontece, principalmente, ao atribuírem, em maior frequência, percentuais nas faixas de 26 a 50% e de 51 a 75% a esses conteúdos; também os conhecimentos didáticos e de práticas de ensino foram valorizados, mas numa faixa percentual menor (0 – 25%), conforme o demonstrado no quadro 1. 80 Quadro 1: PROPOSIÇÃO PELOS DISCENTES DE TÓPICOS DE CONTEÚDOS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES Conteúdo Conhecimento Prática de Outros específico didático Ensino(estágio) 28 26 38 49 0 – 25% 26 – 50% 55 48 40 7 51 – 75% 8 3 1 0 76 – 100% 2 2 1 0 N.R. 4 4 4 61 Nulas 1 1 1 1 Total 96 96 96 96 Em contraposição, no último ano, quando questionados sobre possíveis mudanças no curso quanto à formação para o trabalho docente, observamos intensa valorização de conhecimentos pedagógicos, com destaque para o aumento da carga horária de estágio supervisionado nas escolas, das disciplinas de fundamentos da educação, de metodologias de ensino e de conhecimento do sistema escolar. Em relação conteúdo específico, considerando que o mesmo não foi mencionado pelos discentes, pode-se inferir o reconhecimento de que sua carga horária já é suficiente. V. CONSIDERAÇÕES FINAIS O processo de formação docente abarca uma rede complexa de aspectos. O presente trabalho indicou alguns caminhos para se pensar a relação entre representações sociais, cursos de licenciatura em Ciências Físicas, Químicas e Biológicas e o constituir-se professor(a), trazendo contribuições para refletir, de forma propositiva, sobre a estrutura curricular dos cursos e as representações sobre professor nesse contexto de formação. Como condições para a docência, as representações dos discentes, futuros professores de Ciências das séries finais da Educação básica, indicaram, principalmente, para quatro aspectos: remuneração salarial; infraestrutura escolar; sucesso profissional e problemas de formação com vistas à sala de aula. Esses fatores traduzem a negação e a recusa pela profissão docente, por grande parte dos participantes da pesquisa. Assim, mesmo aqueles que reafirmaram no final do curso a preferência por ser professor, continuaram fazendo ressalvas quanto ao nível de ensino em que atuariam, à realização pessoal na profissão em termos de disponibilidade de empregos, à desvalorização em termos salariais, bem 81 como ao reconhecimento pela sociedade. Nesse sentido, há ainda, por parte de alguns, a crença de que ao trabalharem no Ensino Superior conseguirão o acesso à valorização profissional nos aspectos financeiros bem como de status social; recusando-se a atuarem no nível fundamental da Educação Básica. A valorização do Ensino Superior também se manifestou no depoimento dos pais dos estudantes, não no sentido da formação docente a ser adquirida, mas por considerarem que pelo fato de que ao cursarem universidade pública e se esforçarem poderão atingir a realização profissional. Nessa perspectiva, o apoio desses pais não se refere basicamente à função docente, mas ao possível sucesso profissional vinculado à condição da qualidade da formação recebida e ao esforço pessoal dos(as) estudantes. Problemas relacionados à infraestrutura escolar tais como condições materiais e espaciais adequadas, questões sociais e políticas como, por exemplo, a violência escolar, também foram mencionados no processo de recusa à docência. Quanto à formação para o trabalho em sala de aula, houve por parte desses futuros professores, a manifestação de não saberem lidar com situações próprias desse ambiente, identificadas principalmente nas relações estabelecidas entre professores e alunos. Houve por parte de alguns a manifestação de sentimento de medo, insegurança, ansiedade, entre outros, ao pensarem na clientela escolar do ensino fundamental, chegando, em alguns casos, a culpabilizar o aluno(a) pelo seu possível fracasso na profissão. As representações acima destacadas traduzem a conotação de que a profissão professor não está vinculada a processos formativos no campo da docência superior, significando que os discentes futuros professores - não consideram que a docência pressupõe processos complexos que envolvem diferentes formas de saber e o desenvolvimento permanente do constituir-se professor. Ao refletirmos sobre os resultados ora apresentados, é possível levantar aspectos para reformular as políticas de formação docente, especialmente acerca da formação inicial para a licenciatura com vistas ao trabalho docente nas séries finais do ensino Fundamental: Incluir, como eixos estruturantes dessa formação, os saberes pedagógicos e o diálogo permanente com as redes de ensino. Incluir a reflexão sobre as representações sobre professor no processo de formação docente. 82 Incorporar nas políticas de formação a valorização do trabalho do professor, expressa por condições de remuneração e de atuação junto à diversidade de alunos matriculados nas escolas. Estimular a reflexão sobre aspectos afetivos envolvidos na formação docente. Acreditamos que mudanças dessa natureza podem auxiliar o processo formativo dos futuros professores no sentido da articulação de saberes complexos relacionados ao trabalho docente, do desenvolvimento profissional e do fortalecimento da opção por constituir-se professor. REFERÊNCIAS ABRIC, J. C. A abordagem estrutural das representações sociais. In: MOREIRA, A. S. P.; OLIVEIRA, D. C. (Orgs.). Estudos interdisciplinares de representação social. Goiânia: AB, 2000, p. 27-38. ABREU, M. C. e MASETTO, M. T. O professor universitário em aula: prática e princípios teóricos. 8 ed. São Paulo: Ed. Associados, 1990. ALMEIDA, J. V. 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Dessa forma, não permite uma reflexão comprometida com a interseção entre o processo formativo do ser professor e a discussão sobre a concretização do direito de aprender, especialmente, de pessoas que historicamente vivenciam oportunidades desiguais de escolarização. Nesse contexto, a escolarização de todos se configura como um slogan. Para além dessas opções de compreensão, e reconhecendo a escolarização como direito humano fundamental, há necessidade de um conjunto de estudo com foco em temas que se entrelaçam e ajudam a compor explicações sobre aspectos do trabalho docente vinculado ao direito de aprender. Arroyo (2000), ao discutir sobre os saberes próprios da docência, destaca duas formas: os saberes “fechados” e os saberes “abertos”, entendendo que os saberes “fechados” referem-se aos conteúdos disciplinares, ou seja, aqueles próprios das matérias específicas presentes no currículo da escola; no caso deste estudo, os conteúdos de Física, de Química e de Biologia. Os saberes “abertos”, também denominados “capacidades abertas”, tratam dos conteúdos relacionados ao convívio social, à ética, à cultura, às identidades, aos valores, às relações sociais de produção, à consciência política, aos papéis sociais, às relações entre os seres humanos, entre outros saberes. Tais saberes não se presta a serem fechados em grades curriculares sob a forma de disciplinas. Nessa direção, é importante identificar e analisar indícios de superação dessa situação de retirada de direitos humanos educacionais, tomando como foco de análise a prática pedagógica e a formação docente, buscando identificar e analisar aspectos dessa formação com base nos discursos de alunos das áreas de ciências físicas, químicas e biológicas. Essa perspectiva de análise da formação de 45 Aceito para publicação como capítulo de livro pela Sociedade Brasileira de Ensino de Biologia. 86 professores nos leva a retomar um dos aspectos do trabalho docente, frequentemente nomeado como “dar aula”. Tal reflexão será ancorada na teoria das representações sociais, para melhor compreender processos de constituição do ser professor, desvelando representações de alunos dos cursos de Física, Química e Biologia sobre “dar aula” e seus significados. Fundamenta-se nas elaborações de Moscovici (1978), Jodelet (2001), Abric (2000) entre outros(as), retomando o conceito de representação social e seus elementos constituintes, identificando as forças que contribuem para a permanência e/ou mudanças sobre as representações do trabalho do(a) professor(a) de Ciências na Educação Básica. Para Moscovici, (1978, p. 26), “a representação social é uma modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre os indivíduos". Desse modo, para esse autor, qualificar uma representação social não é apenas lembrar que ela é produzida coletivamente, pois outros sistemas também o são. Assim, diz ele: [...] para se poder apreender o sentido do qualificativo social é preferível enfatizar a função a que ele corresponde do que as circunstâncias e as entidades que reflete. Esta lhe é própria, à medida que a representação contribui exclusivamente para os processos de formação de condutas e de formação das comunicações sociais (MOSCOVICI, 1978, p.76-77). Moscovici recorda que a Psicologia clássica concebeu os fenômenos de representação como processos de mediação entre conceito e percepção. Contudo, ele afirma: “A representação não é, em minha opinião, uma instância intermediária, mas, sim, um processo que torna o conceito e a percepção de certo modo intercambiáveis, uma vez que se engendram reciprocamente [...].” (MOSCOVICI, 1978, p. 57). Para esse autor, a propagação dos conhecimentos de uma ciência tem sempre um caráter criador. Dos conhecimentos produzidos nesse processo, não se pode afirmar que se trate de uma simplificação ou distorção, mas de outro tipo de conhecimento adaptado a outras necessidades, norteado por outros critérios e nascido em um contexto social determinado. Por isso, a questão acerca da verdade ou da falsidade das representações deixa de ser pertinente. Além disso, convém apontar que a passagem de uma teoria científica para a sua representação social decorre da necessidade de reorganizar comportamentos e visões, em função dos conhecimentos nela contidos. Segundo Moscovici, os sistemas de representações possuem uma lógica e uma linguagem particular, não são “opiniões sobre” ou “imagens de”. São “teorias”, ciências coletivas que cumprem o propósito de interpretação e elaboração do real ( MOSCOVICI, 1978, p. 24 - 50). Segundo Abric (2000, p.30), “uma representação é constituída de um conjunto de informações, de crenças, de opiniões e de atitudes a propósito de um dado objeto social. Este conjunto de elementos, se organizado, estrutura-se e se constitui num sistema sociocognitivo de tipo específico”. Essa organização define-se como um duplo sistema: o sistema central e o sistema periférico: Sistema central (o núcleo central), cuja determinação é essencialmente social, ligada às condições históricas, sociológicas e ideológicas, diretamente associado aos valores e normas, definindo os princípios fundamentais em torno dos quais se constituem as representações. É a base comum propriamente social e coletiva que 87 define a homogeneidade de um grupo, por meio dos comportamentos individualizados que podem parecer contraditórios. Ele tem papel imprescindível na estabilidade e coerência da representação; assegura a perenidade, a manutenção no tempo; ele é duradouro e evolui – salvo em circunstâncias excepcionais - de modo muito lento. Além do mais, ele é relativamente independente do contexto imediato dentro do qual o sujeito utiliza ou verbaliza suas representações; sua origem está em outro lugar, no contexto global – histórico, social, ideológico – que define as normas e os valores dos indivíduos e grupos. Sistema periférico, cuja determinação é mais individualizada e contextualizada. Mais associado às características individuais e ao contexto imediato e contingente, nos quais os indivíduos estão inseridos. Este sistema periférico permite uma adaptação, uma diferenciação em função do vivido, um integração das experiências cotidianas. Eles permitem modulações pessoais em referência ao núcleo central comum, gerando representações sociais individualizadas. Bem mais flexível que o sistema central, ele protege este último de algum modo, permitindo a integração de informações, e até de práticas diferenciadas. Permite também uma certa heterogeneidade de comportamento e de conteúdo. Não se trata de um componente menor da representação, ao contrário, ele é fundamental, posto que, associado ao sistema central, permite a ancoragem na realidade. Entende-se que a heterogeneidade do sistema periférico não é sinal da existência de representações diferentes. Pelo contrário, a análise do sistema periférico (por exemplo, a identificação dos “esquemas estranhos” e dos “esquemas condicionais”) constitui um elemento essencial no estudo dos processos de transformação das representações, sendo um indicador bastante pertinente de futuras modificações ou um sintoma indiscutível de uma evolução nas situações onde a transformação de uma representação está em andamento (ABRIC, 2000, p. 33-34). Menin (2007) considera que toda representação social é formada de duas dimensões: os conteúdos, informações, atitudes, opiniões relativas ao objeto representado e uma estrutura, a organização interna desses conteúdos. Para essa pesquisadora, citando Abric (1976, p.108), a representação é, não o reflexo do objeto, mas uma remodelagem da realidade em função das posições de quem a produziu. Os caminhos metodológicos As representações sociais devem ser analisadas de acordo com seu modo de produção. Concordamos com Spink, quando afirma que as pesquisas sobre representações sociais podem ser enfocadas como produto e como processo; o que determina o método e o modo de compreender um dado fenômeno. Nos estudos que se valem das representações enfocadas como processo, elas [...] emergem como pensamento constituinte ou núcleos estruturantes. [...] A pesquisa volta-se à compreensão da elaboração e transformação das representações sob a força das determinações sociais, ou à compreensão do funcionamento e eficácia das representações na interação social (SPINK, 1993, p. 91). Ao enfocarem as representações como processo, as pesquisas podem seguir duas possibilidades: primeiramente, analisando [...] os mecanismos sociais que intervêm na elaboração cognitiva mediante os dois processos constitutivos enunciados por Moscovici: a ancoragem e a objetivação. Ou seja, procurando explicitar as determinações sociais das representações decorrentes 88 da posição ocupada pelos diferentes atores sociais, ou explicitar os modelos coletivos disponíveis para que o indivíduo possa dar sentido a sua experiência social (SPINK, 1993, p. 91). Segundo, analisando [...] as propriedades estruturais das representações sociais, distinguindo, por exemplo, os aspectos centrais – como o núcleo figurativo – dos aspectos periféricos, de modo a estudar a relação entre representação e comportamento e a dinâmica de transformação das representações sociais (SPINK, 1993, p. 91-92). O presente trabalho propõe-se a analisar as representações dos discentes sobre dar aula, valendo-se da segunda forma de análise processual mencionada, ou seja, inicialmente, analisar as propriedades estruturais das representações, distinguindo os aspectos centrais dos elementos periféricos, buscando identificar como os principais indícios destas representações podem articularse com a prática docente. Em uma etapa posterior, analisando as entrevistas com alguns desses discentes, no final do curso, verificar as permanências ou mudanças dessas representações e seus significados para a docência. Nessa perspectiva, esta investigação foi desenvolvida com os (as) alunos(as) dos cursos de Licenciatura em Biologia, Física e Química da UFU, no período de 2006 a 2009, pressupondo duas fases articuladas para o estudo proposto. Na primeira fase desta investigação – primeiro ano dos cursos de Licenciatura — foi aplicado um questionário junto a 96 alunos desses cursos com uma questão introdutória de associação livre, procurando verificar quais eram as representações dos estudantes sobre a expressão indutora “dar aula”, solicitando que escrevessem as primeiras quatro palavras frente a essa expressão. Outras questões fechadas visavam ao levantamento de informações pessoais e profissionais. Essas informações foram importantes para a análise das representações sobre o trabalho docente nessa fase inicial do processo de formação desses estudantes. Para a análise das evocações, feitas por meio da associação livre, foi utilizado o software EVOC200046, desenvolvido por Pierre Vergès. Dos dezesseis programas constantes desse software, foram utilizados nesta fase da pesquisa os seguintes programas: “lexique”, “trievoc”, “nettoie”, “rangmot”, “listvoc”, “aidecat”, “rangfrg” e “rangmotp”47 ou “tabrgrf”. Esses programas, de modo articulado, permitem a construção do “tabrgrf”, ou “rangfrequência”, representado por um quadro obtido por meio do cruzamento da frequência média de ocorrência das palavras, com a média das ordens médias de evocação. Nesse 46 “O EVOC é software prestante à análise de vocábulos. Sua tela de abertura apresenta o conjunto de programas a que ele submete as palavras para realizar a análise fatorial e a de tipificação ou de agrupamento. [...] Possibilita, a partir de dezesseis programas, a análise das evocações léxicas e a categorização que é baseada no conceito de análise de conteúdo, de Bardin (1979), e faz análise quantitativa dos dados obtidos, agregando-os pela frequência e pela centralidade das evocações.” (FREIRE et al., 2010, p. 3-4). 47 Analisa as palavras que foram marcadas por um asterisco. 89 quadro as evocações estão distribuídas em quatro quadrantes, possibilitando a organização, a análise das categorias e também a análise de sua semelhança. Segundo Vergés (2002), o primeiro quadrante, localizado na parte superior e à esquerda, compreende as palavras que foram mais frequentes e também citadas primeiramente pelos sujeitos; podendo, desse modo, configurar o núcleo ou o sistema central da representação. Os quadrantes superiores à direita e inferior à esquerda incorporam as palavras nas quais se manifesta uma contradição entre a frequência e a média ponderada das evocações. Esses dois quadrantes podem ser associados ao que alguns autores denominam de primeira periferia da representação. O quarto quadrante, ocupando a posição inferior direita, compreende as evocações mais periféricas, com frequências baixas e localizadas nas últimas posições de evocação, identifica o sistema periférico na estrutura da representação. Jodelet (2001) considera que “para explicar a emergência das estruturas, é preciso se reportar aos processos que presidem a gênese das representações”; ou seja, a objetivação e a ancoragem. Segundo ela o processo de objetivação [...] é decomposto em três fases: construção seletiva, esquematização estruturante e naturalização. As duas primeiras, sobretudo, manifestam [...] o efeito da comunicação e das pressões, ligadas à pertença social dos sujeitos, sobre a escolha e a organização dos elementos constitutivos da representação. [...] A ancoragem intervém ao longo do processo de formação das representações, assegurando sua incorporação ao social. Por um lado, a ancoragem enraíza a representação e seu objeto numa rede de significações que permite situá-los em relação aos valores sociais e dar-lhes coerência. Entretanto, nesse nível, a ancoragem desempenha um papel decisivo, essencialmente no que se refere à realização de sua inscrição num sistema de acolhimento nocional, um já pensado. Por um trabalho da memória, o pensamento constituinte apoia-se sobre o pensamento constituído para enquadrar a novidade a esquemas antigos, ao já conhecido. Por outro lado, a ancoragem serve para a instrumentalização do saber, conferindo-lhe um valor funcional para a interpretação e a gestão do ambiente. Assim, dá continuidade à objetivação. A naturalização das noções lhes dá valor de realidades concretas, diretamente legíveis e utilizáveis na ação sobre o mundo e os outros. De outra parte, a estrutura imagética da representação se torna guia de leitura e, por generalização funcional, teoria de referência para compreender a realidade (p. 38-39). Para a análise das questões fechadas, foi utilizado o software StatisticalPackage for Social Science (SPSS). Ele permite realizar análises univariadas de caráter exploratório e descritivo dos agrupamentos das variáveis e testes bivariados de correlação. Para análise dos resultados, podem ser utilizadas as frequências simples e análises cruzadas (PAREDES; PECORA, 2004). A segunda fase desta investigação ocorreu no quarto ano das licenciaturas, coletando informações junto a um grupo de alunos por meio de entrevistas orais temáticas. As fontes orais 90 oportunizam abordar qualitativamente os problemas educacionais, a partir das vozes dos próprios sujeitos, expondo, assim, os silêncios e as deficiências da documentação escrita. Mais que um procedimento técnico de pesquisa, essas fontes constituem um espaço e um tempo fundamentalmente formativos. Assim, entrevistamos quinze alunos que participaram da primeira fase da pesquisa, contemplando os seguintes aspectos: escolha profissional e expectativa sobre o curso, saberes docentes, trajetória universitária, o que é ser professor hoje, sentimento em relação ao futuro como professor e dia a dia do(a) professor da Educação Básica. Tais entrevistas foram examinadas utilizando procedimentos da análise de conteúdo fundamentada em Bardin (2010). A análise das informações foi feita de forma articulada e com o propósito de identificar as representações de “dar aula” e compreender os processos de negociação de significados, verificando as forças que contribuem para a manutenção dessas representações e aquelas que sugerem possibilidades de mudança e seus significados para os processos da docência. Os discentes de Licenciatura e suas representações Descrevemos, inicialmente, algumas características que identificam os 96 sujeitos desta investigação. No primeiro ano, 83,3% dos discentes cursavam Biologia e Química no período diurno e em tempo integral; 16,7% frequentavam o curso de Física no período noturno. Embora estivessem cursando Licenciatura, a maioria (58,1%) afirmou que não pretendia lecionar assim que terminasse a Graduação. Também nas entrevistas, mais da metade reafirmou a não disposição para lecionar, principalmente no Ensino Fundamental e no Médio, embora alguns abrissem exceção para a docência no Ensino Superior, pois consideravam que, nesse nível de ensino, seriam valorizados nos aspectos financeiros e de status social. Tal propósito pode justificar-se pela conotação negativa pela qual passa a profissão docente na sociedade atualmente, especialmente se exercida na Educação Básica. Mesmo aqueles que reafirmaram a preferência por ser professor, fizeram ressalva quanto à realização pessoal na profissão, em termos de disponibilidade de empregos e de desvalorização quanto aos salários e ao reconhecimento na sociedade. A preocupação com o fato de que a profissão docente tem evidentes sinais de precarização, percebidos pela perda de prestígio, de poder aquisitivo, de condições de vida e, principalmente, de respeito e satisfação no exercício da docência, já era evidenciada por Lüdke e Boing (2004). Na busca de compreender uma das dimensões do fazer-se professor, ou seja, a prática pedagógica, passamos a analisar, a partir de informações coletadas por meio da técnica de associação livre, os possíveis indicadores das representações desses discentes sobre “dar aula”. Para 91 tanto, iniciamos a análise pela construção da estrutura das representações por meio do EVOC, articulando-a as demais fontes de informações – os questionários e as entrevistas. Representações sobre “dar aula” A análise das associações livres trouxe um corpus de evocações sobre “dar aula” que totalizou 383 palavras, das quais 118 eram palavras diferentes e 265 eram repetidas. A frequência média sobre as palavras evocadas foi definida entre 06 (seis) e 12 (doze) e o rank (média das ordens médias de evocação) foi de 2,5. Na sequência, foi construído o quadro com quatro casas, verificando, inicialmente, os indicadores estruturais das representações dos discentes que traduzem o pensar deles sobre a prática pedagógica. As 21 palavras registradas nos diferentes quadrantes da Figura 1 nos remetem a diferentes dimensões do trabalho docente quanto à expressão “dar aula”: dimensão de relação com o outro (dedicação, professor, paciência, responsabilidade, respeito, aluno); dimensão de função (ensinar, ensino, Educação, trabalho, aprender, aprendizagem); dimensão de qualidade (difícil, chato, bagunça, prazer); dimensão de profissão (conhecimento, material didático, saber); dimensão de território (escola, sala de aula). DAR AULA NÚCLEO CENTRAL Freq. >= 12 ; OME <2,5 EVOCAÇÕES Aluno Ensinar Responsabilidade Conhecimento Aprender FREQ. 30 24 16 15 12 ELEMENTOS INTERMEDIÁRIOS Freq. >= 12 ;OME >=2,5 OME 2,000 2,042 2,250 2,467 2,417 EVOCAÇÕES Escola Paciência FREQ. 17 17 OME 2,941 2,529 ELEMENTOS INTERMEDIÁRIOS ELEMENTOS PERIFÉRICOS Freq. < 12 ;OME <2,5 Freq.< 12 ; OME >=2,5 Dedicação 10 2,400 Aprendizagem 10 3,200 Professor 9 2,111 Trabalho 7 2,857 Material didático 6 2,333 Educação 6 3,667 Chato 6 2,167 Saber 5 3,400 Ensino 6 1,833 Respeito 5 2,800 Difícil 5 2,200 Bagunça 5 2,600 Sala de aula 5 2,200 Prazer 5 1,400 Figura 1: Elementos estruturais das representações sobre “dar aula” Ao analisar as evocações dos discentes sobre a expressão “dar aula”, apresentadas no primeiro quadrante superior à esquerda da Figura 1, também denominado núcleo central ou 92 figurativo48, encontramos as palavras aluno, ensinar, responsabilidade, conhecimento e aprender. A comparação das ordens médias de evocação (OME) dessas palavras indica que o vocábulo aluno foi evocado mais prontamente que os demais, sinalizando a sua importância para o desenvolvimento do trabalho docente. Concordamos com Tardif e Lessard que [...] ensinar é trabalhar com seres humanos, sobre seres humanos, para seres humanos [...] Quanto ao trabalho sobre e com os seres humanos, esse leva antes de tudo a relações entre pessoas [...] O fato de trabalhar com seres humanos, portanto, não é um fenômeno insignificante ou periférico na análise da atividade docente [...] a interatividade caracteriza o principal objeto do trabalho do professor (TARDIF, LESSARD, 2005, p. 31, 33 e 235). Nessa direção, é interessante destacar que os vocábulos presentes no primeiro quadrante contemplam as seguintes dimensões do trabalho docente: relação com o outro (aluno, responsabilidade); função (ensinar, aprender); profissão (conhecimento). Observe-se que há indicadores da representação de “dar aula” que sinalizam tanto para características que o professor atribui a si mesmo, como, por exemplo, “responsabilidade”, quanto às características de função e de profissão (ensinar, aprender e conhecimento). Essas dimensões, neste momento de formação desses discentes, simbolizam suas representações principais sobre um dos aspectos da prática pedagógica – “dar aula” — à medida que eles as elegem como o núcleo central. Assim, “um professor não pode apenas “fazer seu trabalho”, mas deve engajar-se e investir a si mesmo no que é como pessoa nesse trabalho” (TARDIF, LESSARD, 2005, p. 268). “Escola” e “paciência” — informações contidas no segundo quadrante - identificam tal situação. Esses vocábulos apresentam a mesma frequência, mas o mais prontamente evocado foi paciência, manifestando que tal característica é essencial ao estabelecimento da relação com o aluno. É interessante reafirmar que esta dimensão da docência – relação com o outro – faz-se presente tanto no núcleo central quanto nos demais quadrantes periféricos da representação de “dar aula”. Também foi evidenciada no questionário, quando os alunos relacionaram a profissão de professor a outras profissões, entre elas a de psicólogo com indicação de 46% de discentes; profissão essa caracterizada por um tipo interatividade marcada por paciência e respeito. Além disso, informações obtidas pela entrevista, em relação às respostas sobre “o que é ser professor hoje”, mostram indícios comuns nas representações sobre “professor” e “dar aula”: “ser professor hoje é um desafio e deve ser enfrentado com dedicação e paciência”; “é uma profissão de responsabilidade”; “é não impor as coisas como verdades absolutas, mas escutar os alunos e 48 Esse núcleo, conforme Pecora et a.l (2010, p. 60), “comporta as funções de gerar o significado da representação,determinar sua organização e manter sua estabilidade”. 93 respeitá-los”; “é difícil definir professor: é uma responsabilidade grande, tanto quanto ser médico, pois você está lidando com a formação de uma pessoa”. Nesse contexto, há que se destacar que as características de interação com os alunos-“paciência” e “respeito”- não foram compreendidas, inicialmente, pelos discentes, como resultantes de processos formativos da Graduação para a docência. Também, ao final do curso, manifestando-se sobre “o que mudariam no curso quanto ao trabalho docente”, notamos uma valorização significativa para os conteúdos pedagógicos ao solicitarem “mais disciplinas voltadas para a área de Educação”: Colocaria no currículo algum conteúdo que tratasse diretamente da prática docente, pois é muita teoria que em muitos casos não contemplam a prática. (Discente nº 12) Acrescentaria mais aulas de estágio em sala de aula e não apenas de planejamento de conteúdos e atividades. (Discente nº13) Daria maiores conhecimentos do sistema escolar e metodologias para aplicar a matéria. (Discente nº 15, grifo nosso). Em contraponto, não houve menção aos conteúdos específicos da área de formação, o que nos permite considerar que eles tenham sido suficientes para o processo formativo. As solicitações de outras formas de saber nos reportam às reflexões de Gauthier (1998). Para além do saber disciplinar, reconhecido pelos alunos como conteúdos específicos, há outros saberes que se fazem necessários ao trabalho docente: saber curricular, saber das ciências da Educação, saber das tradições pedagógicas, saber experiencial e saber da ação pedagógica. Schenkel et al. (2010, p.151) consideram que esta última forma de saber é a menos desenvolvida nos processos de formação docente e, contraditoriamente, a mais necessária à profissionalização do ensino. Citando Abramowicz (2001), afirmam: “o saber docente não se constitui apenas pela acumulação de conhecimentos, mas também pela experiência, desde que calcada na teoria, por meio da atividade reflexiva e, especialmente, de uma reflexão compartilhada pelo grupo de docentes para a melhoria de sua prática”. Nesse sentido, a reivindicação dos discentes por maior tempo de vivência no ambiente escolar e de sala de aula se justifica e fornece elementos para a revisão curricular dos cursos que formam professores de Ciências para a Educação Básica. “Escola” e “sala de aula” (presentes no terceiro quadrante) representam a dimensão de território da docência. Essa representação sofre alterações ao longo do curso. No último ano, outros espaços são citados como melhores experiências de aprendizagem: laboratórios, aulas de campo, museus e estágios em escolas públicas. Examinando o conjunto de palavras evocadas, pelo cálculo da OME, a evocada mais prontamente localiza-se no terceiro quadrante: “prazer”. Abric (2005) nos ajuda a compreender tal 94 resultado, à medida que argumenta que o referido quadrante, denominado por ele de zona de contraste, abriga subgrupos que possibilitam representação diferente; representação esta que, neste estudo, associa o ato de “dar aula” como sentimento positivo. Os indícios majoritários de representação desse ato vinculavam-se a sentimentos negativos, tanto no início quanto ao final do curso. Inicialmente, os discentes vinculavam a opção por não exercer a profissão de docente ao desinteresse dos alunos, ao medo do futuro; ao preconceito com relação à profissão e à dificuldade de transmitir conhecimento. Tais indícios de negação da docência também simbolizam pistas de representações de professor e de suas ações. Os sentimentos em relação ao exercício da docência (medo, angústia, ansiedade, temor, desespero), manifestados ao final do curso, continuam a reforçar a não opção pelo ensino. Mas essa outra representação de “dar aula”, vinculada ao prazer, possibilita outro olhar para a docência. Nesse sentido, analisando as informações do questionário quanto às escolhas da profissão de professor, verificamos que essas escolhas vinculam o exercício da docência “às finalidades da Educação” e à “importância de não desistir e realizar sonhos”, manifestando-se por meio de expressões tais como: “Formar homem de boa fé”, “ensinar para vida”, “contribuir para mudar a história de ensino no país”, “a Educação é o futuro de qualquer nação”, “ajudar pessoas”. Também consideraram a ideia de que o professor é uma pessoa especial: “Não são todos que têm a capacidade de ensinar”, “Ser professor é um privilégio de poucos”. Esses indícios de representações positivas sobre a prática docente permaneceram, embora em menor proporção do que as relacionadas aos sentimentos de medo, angústia, recusa e desespero. As entrevistas, ao final da Graduação, reafirmam manifestações positivas sobre a docência: “ser lembrada por toda a vida pelos meus alunos”; “alegria, por imaginar que participo de um processo de resistência”;“tento melhorar a qualidade de ensino de nossas crianças e adolescentes”; “alegria porque tudo que é bem feito é recompensado”; “fazer o mundo melhorar”, “deve ser prazeroso, quando se reconhece que está contribuindo para formação de cidadãos melhores”. Esses discursos favorece a permanência da representação de “dar aula” vinculada ao prazer, durante todo o processo de formação. As informações obtidas sobre o que pensam os discentes sobre “ser professor hoje” permitem também identificar aspectos ligados à função e ao modo de exercer a docência, durante as ações docentes, especialmente quando se ocupam da aula. Quanto à função e ao exercício da docência, ainda permanecem representações de professor associadas à transmissão de conhecimentos, ao fato de que o professor é portador de conhecimentos, ao saber fazer “milagre”, ao dom e à capacidade de ser amigo. Destaque-se que tais representações de docência foram assim adjetivadas: muito difícil, complicada, estressante, frustrante, trabalhosa e cansativa. 95 A maioria dos entrevistados avaliou que o curso não os preparou para o exercício da docência, justificando que o foco do curso não é a Licenciatura: Regular; eu acho o curso ótimo em relação ao conteúdo, mas a minha grade curricular e ementas são voltadas para a formação científica; falta muita preparação específica para a docência. (Discente nº4) O curso de Ciências Biológicas prepara o seu aluno para ser pesquisador de áreas específicas como ecologia, para isso saímos preparado para fazer qualquer curso de Pós-Graduação. Já quanto à formação docente acho que precisa ser repensada, não que não seja boa, mas para tentar estimular os alunos a se interessarem por tal área (Discente nº13, grifo nosso). Nessa perspectiva, ao serem indagados sobre o que esperam para o seu futuro profissional, um terço deles informou que pretende seguir a carreira de pesquisador 49. Outro aspecto ligado ao “ser professor hoje” manifestado pelos (as) discentes refere-se à relação professor/aluno. Ocorreu o reconhecimento da importância da formação para o relacionamento com os alunos; a discussão e o esclarecimento de dúvidas de seus alunos; as trocas de informações entre professor e aluno. Entretanto, foram também constatadas, em menor quantidade, manifestações dos futuros professores de que os alunos representam impedimento para o exercício da docência, pois são “instáveis”, “carentes”, “difíceis de aguentar”. Essa situação nos leva a rememorar a Figura 1, exposta anteriormente, e evidenciar que no quarto quadrante, local da periferia de indicadores da representação, destacaram-se as palavras aprendizagem, trabalho, Educação, saber, respeito e bagunça. Esta última obteve a menor OME desse quadrante, sendo, portanto, a mais prontamente evocada desse lugar e auxiliando a composição de uma representação negativa de aluno. Além disso, as representações de aluno como “impedimento para o exercício da docência” e a vinculação recorrente da representação sobre “dar aula” também a sentimentos negativos, certamente, fomentam atitudes e orientam práticas pedagógicas diferenciadas, que devem ser consideradas no contexto de produção das condições de baixo desempenho escolar. Dessa forma, Arroyo (2000, p. 78), ao discorrer sobre a profissão docente afirma que: Os conteúdos da docência estão mudando, ao menos está sendo difícil não perceber que até os conteúdos mais fechados são inseparáveis dos conhecimentos e competências humanas mais abertas. Essas mudanças afetam o saber-fazer, o ofício docente [...] O que está nos levando a um magistério mais diversificado. Os aspectos ora analisados nos impelem à reflexão sobre que saberes tornam-se necessários à profissão docente para a escola e a sociedade de hoje. 49 Um levantamento sobre a situação profissional dos 87 discentes de Biologia, dois anos após a conclusão do curso, revelou que apenas oito estavam vinculados ao exercício da docência; os demais estavam em cursos de Pós-graduação relacionados à área — Mestrado ou doutorado – ou vinculados a instituições de pesquisa como técnicos. 96 Considerações finais No decorrer deste texto, apresentamos e discutimos resultados de uma pesquisa sobre as representações de alunos dos cursos de Física, Química e Biologia sobre “dar aula” e seus significados, buscando oferecer também contribuições para compor a reflexão sobre o processo formativo do ser professor, bem como as representações e a discussão sobre a concretização do direito de cada aluno aprender. Cumpre destacar que os indícios de representações sobre “dar aula” contemplando a dimensão da relação com outro e o entendimento do trabalho docente como processo interativo, colaboraram para que os alunos, ao final do curso, indicassem a necessidade de ampliar e ou incluir na formação de professores o desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos. Constatamos que os saberes disciplinares e pedagógicos, tradicionalmente trabalhados nesses cursos, não atenderam às necessidades da formação para a docência. Outras formas de saber, que envolveram sentimentos, afetividades, ações pedagógicas diferenciadas, bem como aspectos sociopolíticos e culturais foram, de algum modo, lembrados pelos discentes como importantes para serem incluídos ao seu curso de Graduação. Tais resultados nos instigam a reconhecer, também, o papel dos cursos de Licenciatura em Física, Química e Biologia, na promoção aos participantes da pesquisa, da permanência de elementos contraditórios no discurso sobre “dar aula”, no exercício da profissão docente e na sua importância. Isso ocorre, especialmente, quanto ao significado da opção pela docência no processo de escolarização de cada aluno, principalmente ao considerar que, nessa formação ora analisada, o foco é a pesquisa acadêmica e não um ideário de projeto de formação de docentes em Ciências para a Educação Básica que articule ensino e pesquisa. Referências ABRIC, J. C. A abordagem estrutural das representações sociais. In: MOREIRA, A. S. P.; OLIVEIRA, D. C. (Orgs.). Estudos interdisciplinares de representação social. Goiânia: AB, 2000, p. 27-38. ________. La recherche Du noyau central et de La zonemuettedêsreprésentations sociales. In: ABRIC, J-C. (Org.).Méthodes d’étude des représentations sociales. 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