XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS
ORGANIZAÇÕES: A IMPORTÂNCIA DO
CICLO DO CONHECIMENTO
Aryene Lopes Gomes (ISECENSA)
[email protected]
marily lopes gomes (UCAM-Campos)
[email protected]
Emanuele da Silva Goulart Fernandes (ISECENSA)
[email protected]
Romeu e Silva Neto (ISECENSA)
[email protected]
ALAIR DE SOUZA APRIGIO (ISECENSA)
[email protected]
O conhecimento nas organizações é considerado um bem patrimonial
que fazem diferença na competitividade e foram adquiridos com anos
de experiência. Questiona-se neste artigo se as técnicas que a
organização utiliza para transferir os conheccimentos dos funcionários
mais antigos para os mais novos são suficientes e eficazes, e teve como
objetivo identificar e descrever os tipos de conhecimento no setor de
Pescaria e Testemunhagem, a movimentação dos conhecimentos e os
níveis de intelecto. Sugere como transferir o conhecimento para moldes
descritivos, explicativos e expositivos, aonde iram fixá-los de forma
que se possa consultá-los, demonstrá-los e utilizá-los, através de
comunidades práticas, manuais eletrônicos, seminários, universidade
coorporativa, executando as tarefas no trabalho. O artigo propõe uma
metodologia para identificação das formas de gestão de conhecimento
nas organizações e esta metodologia é validada através do estudo de
caso no setor do E&P-CPM/CMP-SPO/SE por meio de pesquisa de
campo, levantamento de dados com especialistas e questionário
realizados com funcionários da PETROBRAS. Foi possível avaliar e
observar que, para a organização a disseminação do conhecimento
ocorre de maneiras distintas entre o Segmento e o Setor.
Palavras-chaves: Gestão, Conhecimento, Pescaria, Testemunhagem
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
1. Introdução
Grandes empresas passaram a utilizar tecnologia a partir da década de 90 com muito mais
intensidade e em virtude da globalização, houve a abertura do mercado mundial, provocando
um acelerado crescimento no volume de negócios nacionais e internacionais, produzindo um
aumento no volume de informações circulando pelo mundo. A partir destes acontecimentos, o
ambiente empresarial e externo encontra-se diante de um novo cenário, que se tornou mais
competitivo, complexo e dinâmico, fazendo com que houvesse necessidade de realizar
alterações para promover a evolução e mais rapidez na maturidade das organizações. Para
possibilitar estes processos, é indispensável entender e gerenciar o conhecimento das
organizações do século XXI, isto irá permitir não só a sobrevivência das empresas, mas
também a obtenção do sucesso. (SETZER, 2004)
Nesse novo ambiente de competição acirrada, muitas companhias entendem que determinadas
informações são consideradas como Bem Patrimonial e estas informações são classificadas na
maioria das vezes como confidencias, não podendo em alguns casos serem divulgadas. São
informações estratégicas que fazem diferença na busca pela competitividade e foram
adquiridas com anos de experiência. Ter acesso a estas informações significa estar preparado
para consultá-las, interpretá-las e saber como deverão ser utilizadas. Os novos empregados
precisam ter a consciência desta situação e buscar entendê-la com muito afinco, enquanto que
para os mais velhos fica a responsabilidade de estar orientando os mais novos e avaliando
quais responsabilidades poderão ser impostas aos mesmos, pois é de acordo com este grau,
que os mais novos irão ter a autonomia para utilizar e manipular as informações, por
conseguinte gerando novos conhecimentos.
A principal característica do conhecimento é a ação que ele possibilita a quem aprendeu com
uma informação, quando alguém lê uma informação, precisa interpretar para saber aplicar.
Portanto, conhecimento não é nem dado nem informação, e sim algo extremamente pessoal
composto de experiências, valores e criatividade que levam a uma ação. Não se armazena
conhecimento, apenas dados e informações, para se chegar ao conhecimento (SCUCUGLIA,
2008).
Fazer gestão de conhecimento significa ter que avaliar se está acontecendo ou não esse
processo de transferência e aprendizagem. Estes conceitos são descritos por Loyola e Chagas
(2009) e mencionado por Escrivão, (2010), onde menciona que a criação do conhecimento é
um processo de gestão que possibilita à gestão do conhecimento atingir um de seus objetivos,
o de criar novos conhecimentos.
Conforme descrito por Drucker (2006), em 20 anos, a típica empresa será baseada no
conhecimento, uma organização composta, principalmente de especialistas, que conduzem e
disciplinam seu próprio desempenho, por meio de feed-back sistemático dos colegas, dos
clientes e da alta administração melhorando a performance de todo o grupo.
O artigo analisa se as técnicas que a organização utiliza para transferir os conhecimentos dos
funcionários mais antigos para os mais novos são suficientes e eficazes, para manter o ciclo
cumulativo? Fazendo uma comparação com as teorias de alguns autores da literatura sobre
gestão do conhecimento na indústria, é possível recomendar ações para que o conhecimento
seja transferido de forma eficiente.
2
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
Este trabalho tem como objetivo geral propor uma metodologia para identificação da gestão
do conhecimento, assim como fazer uma analogia sobre a correlação da movimentação dos
conhecimentos com os níveis de intelecto em uma organização. E tem como objetivo
específico:

Identificar e descrever os tipos de conhecimento no setor de Pescaria e Testemunhagem;

Identificar e descrever a movimentação dos conhecimentos;

Identificar e descrever os níveis de intelecto;

Fazer levantamento junto aos profissionais, para perceber qual a participação de cada
um, na busca e a importância da gestão de conhecimento;

Elaborar um quadro com os demonstrativos de custos das operações de pescaria e
testemunhagem;

Elaborar o quadro com os quatro níveis de intelecto fazendo uma analogia com os tipos
de conhecimento: tácito e explícito.
Como vem acontecendo com a maior parte das Companhias que compõem a indústria de
energia, a Petrobras se depara, atualmente, com o desafio de acelerar a formação dos seus
novos empregados, agravado pelo fato de não ter realizado, por mais de dez anos, concursos
públicos para captação do capital humano que era requerido. (BALCEIRO & GUIMARÃES,
2007).
2. Classificação
De acordo com Miguel et al (2010), os dados qualitativos e categóricos podem ser
classificados em dois tipos: Qualitativos ordinais e Qualitativos nominais conforme descritos
abaixo:
Qualitativos ordinais: Onde podem receber as respostas, ordenados tais como: muito
satisfeito; satisfeito; nem satisfeito, nem insatisfeito ou muito insatisfeito.
Qualitativos nominais: São aqueles cujas respostas não podem ser ordenadas. Por exemplo, a
marca do último carro adquirido, as respostas possíveis poderiam ser: Fiat,Volkswagen, Ford,
Toyota e Honda.
A pesquisa realizada neste trabalho poder ser classificada como, qualitativa e exploratória da
seguinte forma:
Pesquisa qualitativa ordinal: utilizou-se questionários contendo perguntas fechadas de única
escolha onde as opções são expostas de forma ordenada;
Pesquisa exploratória: através de revisão bibliográfica (consulta a livros, sites da internet,
diálogo com profissionais da Petrobras e da empresa contratada). Pesquisa de campo através
da elaboração de questionário e análise de documentos, padrões e procedimentos.
A pesquisa foi feita através de um estudo de caso realizado no segmento de E&P-CPMCMP/SPO e no setor SE do referido seguimento. A opção por se fazer a pesquisa neste setor
se deu pelo motivo de um dos pesquisadores fazer parte desta organização. Vale ressaltar que,
conforme descrito por Miguel et al (2010), foi preciso ter o cuidado de não acontecer o
“efeito crachá” durante as conversas, pois os outros membros da organização sabem que o
3
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
pesquisador em questão sempre será um deles, e nem acontecer o efeito inverso nas
observações, onde a experiência e a vivência do pesquisador na organização podem direcionar
a observação do pesquisador para aqueles fatos que ele acredita serem os verdadeiros.
Seguindo a linha de raciocínio Miguel et al (2010), neste estudo de caso, para que o
pesquisador tivesse pouco envolvimento com os indivíduos e a organização onde existiram as
conversas, as observações e as consultas aos documentos, foram feitos separadamente um no
seguimento e outro no setor da organização.
3.1. Pesquisa metodológica
A metodologia é validada através de um estudo de caso realizado no segmento E&P-CPMCMP/SPO e no setor SE do referido seguimento, que está sediada na Base de Imbetiba,
localizado na cidade de Macaé no norte do estado do Rio de Janeiro. O armazenamento,
agrupamento e manipulação de dados, que transformados em informações, foram
compartilhados e transformados em conhecimentos, devido à necessidade da empresa manterse competitiva, no âmbito da indústria petrolífera mundial.
3.1.1-Gestão do conhecimento
Diferentemente do que muitas pessoas podem imaginar, existem grandes diferenças entre um
dado, uma informação e o conhecimento. Em grau de valor, pode-se dizer que o
conhecimento é mais importante que a informação e que a informação é mais importante que
o dado, sendo que é preciso primeiro passar pela sequência de coleta de dados para se gerar
informações e transformá-las em conhecimento. (ABREU, 2008).
A Gestão do Conhecimento oferece uma estrutura geral para a organização dos conteúdos
estratégicos da aprendizagem, ampliando o portfólio de competências organizacionais, tendo
em vista adaptar-se aos novos requisitos dos negócios e do ambiente tecnológico relacionado.
(SANTOS & AMATO NETO, 2010).
O objetivo básico da gestão do conhecimento dentro das organizações é fornecer ou
aperfeiçoar a capacidade intelectual da empresa para as pessoas que tomam diariamente as
decisões que, em conjunto, determinam o sucesso ou o fracasso do negócio. (LARA, 2004).
Organizações saudáveis geram e usam conhecimento. À medida que interagem com seus
ambientes, elas absorvem informações, transforman-nas em conhecimentos e agem com base
numa combinação desse conhecimento com suas experiências, valores e regras internas.
(DAVEMPORT & PRUSAK, 1998).
Nos dias atuais funcionários, empregados e contratados, são considerados pelas organizações
como colaboradores, são estes colaboradores que manipulam, armazenam, e trabalham com
os dados, gerando informações e as transformam em conhecimento.
De acordo com Mendes (2005), o conhecimento se diferencia em dois níveis diferentes que
são:
● Conhecimento tácito: é aquele que o indivíduo adquiriu ao longo da vida.
Geralmente é difícil de ser formalizado ou explicado. A palavra tácito vem do latim
tacitus que significa "não expresso por palavras”.
4
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
● Conhecimento explícito: é aquele formal, claro, regrado, fácil de ser comunicado.
Pode ser formalizado em textos, desenhos, diagramas, etc.. A palavra explícito vem do
latim explicitus que significa "formal, explicado, declarado".
Os Encontros técnicos, as Visitas Técnicas aos Fornecedores e os Serviços na oficina, têm a
intenção de reforçar a motivação dos participantes, é onde se demonstra o ambiente de
socialização (de tácito para tácito).
Através de treinamentos teóricos e dos cursos de formação, é local onde ocorre o aprendizado
acadêmico, em um ambiente de externalização (de tácito para explícito).
Experiência com empresa estrangeira, leituras de documentos, manuais e livros técnicos,
palestras, conversas e elaboração de padrões, seria um ambiente de Combinação (de explícito
para explícito).
Adquirir conhecimento Aprendendo Com a prática e o Treinamento prático, é o Ambiente de
internalização (de explícito para tácito).
Na empresa criadora de conhecimento, todos esses quatro padrões estão presentes, em
constante interação dinâmica, constituindo uma espécie de espiral de conhecimento, conforme
Figura 1.
Fonte: (adaptado de NONAKA & KONO, 1998).
Figura 1- Espiral dos modos de conversão do conhecimento (tácito-explícito).
3.1.2. GERENCIANDO A INTELECUALIDADE DAS ORGANIZAÇÕES
De acordo com Nonaka, (2006), uma economia onde a única certeza é a incerteza, apenas o
conhecimento é fonte segura de vantagem competitiva. As mudanças no mercado proliferam
as tecnologias, aumentam o número de concorrentes e os produtos se tornam obsoletos muito
rapidamente. Inovar continuamente não é uma tarefa fácil, mas as empresas que investem em
Gestão de Conhecimento, já entram na disputa com uma boa margem de diferença.
5
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
Segundo Quinn et al, (2006). Para se gerenciar o intelecto profissional é preciso saber como
os indivíduos se interagem nas organizações, como adquirem, armazenam, utilizam e
transferem os conhecimentos adquiridos. O intelecto profissional de uma organização opera
em quatros níveis aqui apresentados em ordem de importância crescente:
 Conhecimento cognitivo (know-what), que é o domínio básico de uma
disciplina, conquistado pelos profissionais por meio de treinamentos
extensivos e certificação. Esse conhecimento é essencial, mas longe de ser
suficiente, para o sucesso comercial. Sozinho não é suficiente, pois depende de
ser aplicado pelo individuo que passou pelos processos de treinamento;
 Habilidades avançadas (Know-How), que traduzem o “aprendizado acadêmico”
em exceção eficaz. A capacidade de aplicar as regras da disciplina a problemas
complexos do mundo real é o nível mais difundido da habilidade profissional
criadora de valor.
 Compreensão sistêmica (Know-Why), que é o conhecimento profundo da rede
de relacionamentos de causa e efeito subjacentes a uma disciplina. Permite que
os profissionais ultrapassem a execução de tarefas e atinjam o estágio de
solução de problemas maiores e mais complexos, capacitando-os a criar valor
extraordinários. Os profissionais com Know-Why são capazes de antecipar
interações sutis e consequências não intencionais;
Criatividade auto-motivada (Care-Why), que envolve vontade, motivação e adaptabilidade
para o sucesso. Os grupos altamente motivados e criativos geralmente superam em
desempenho outros grupos com maiores recursos físicos ou financeiros. Sem criatividade
auto-motivada, os líderes intelectuais correm o risco de perder sua vantagem cognitiva, em
decorrência da complacência.
Através desta análise pode se verificar os tipos de conhecimento e como se apresenta o
movimento da Espiral do Conhecimento no segmento e no setor, por intermédio das Técnicas
e Ferramentas de Gestão do Conhecimento empregadas pela organização.
6
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
Fonte: Elaboração Própria (2011)
Figura 2 - Níveis de Intelecto na Organização.
Figura 3: Níveis do intelecto na Pescaria e Testemunhagem. Fonte: Elaboração Própria (2011)
4. Pescaria e Testemunhagem
4.1. A Organização e o Setor, Focos do Estudo de Caso
O estudo de caso foi escrito de uma forma geral para o Segmento de E&P-CPM/CMPSPO/SE - Exploração & Produção- Construção de Poços Marítimos / Construção e
Manutenção
de
Poços
Serviços
de
Poço
/
Serviços
Especiais.
7
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
De uma forma específica para a atividades do Setor de Pescaria e Testemunhagem deste
referido Segmento. Estas intervenções necessitam ter o acompanhamento do setor em questão,
pois depende da experiência dos profissionais que são especialistas. O setor possui um corpo
técnico com uma população de 61 profissionais, composta de: Engenheiros, Técnicos e
soldadores.
A organização trabalha em um segmento de Exploração & Produção onde ocorrem as
seguintes atividades:

Exploração: Conforme descrito por Thomas & et al (2001) “A história do petróleo
no Brasil começa em 1858, quando o Marquês de Olinda assina o decreto nº 2.226
concedendo a José Barros Pimentel o direito de extrair mineral betuminoso, para
fabricação de querosene.

Perfuração: A perfuração de um poço de petróleo é realizada através de uma
sonda. Na perfuração rotativa as rochas são perfuradas pela ação da rotação e peso
aplicados a uma broca existente na extremidade de uma coluna de perfuração (Thomas
et al ,2001). A figura 4 demonstra uma operação de perfuração.
Fonte: Foto cedida por Institute of Petroleum.
Figura 4- Sonda de perfuração e coluna com broca.
O setor possui como principais atividades a Pescaria e testemunhagem, conforme detalhado a
seguir:
 Pescaria: O termo “peixe” é utilizado na indústria do petróleo para designar
qualquer objeto estranho que tenha caído partido ou ficado preso no poço, impedindo
o prosseguimento das operações normais de perfuração. Então o termo “pescaria” é
aplicado a todas as operações relativas `a recuperação ou liberação do “peixe”.
(THOMAS et al, 2001).
 Testemunhagem: Conforme Thomas et al (2001), a testemunhagem é o processo
de obtenção de uma amostra real de rocha de sub-superfície, chamado testemunho.
Operação onde se efetua retirada de material, com auxilio de uma broca oca (coroa).
8
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
4.1.1. Técnicas de enchimento de ferramentas de destruição.
Souza Neto (1986), menciona o seguinte: É fato notório que boa parte do sucesso de tais
operações apóia-se na qualidade e na correta aplicação de material cortante nas ferramentas de
pescaria utilizadas [...]. O escopo deste trabalho é, portanto, normalizar, divulgar e explicar os
princípios que regem a correta aplicação do material [...] O trabalho não tem pretensão de ser
definitivo, visto que no processo de nacionalização, novos produtos são introduzidos ou
modificados [...].
A capacidade de ancoragem garante a fixação das partículas de Carboneto de Tungstênio,
mesmo em condições severas de trabalho. Esta capacidade de ancoragem da liga-matriz está
relacionada com um grau de ductibilidade adequado. Uma matriz excessivamente tenaz se
quebrará ao redor das partículas de CW quando estas forem submetidas a níveis elevados de
esforço. Alta ductibilidade aumenta a resistência ao torque e ao impacto mecânico (SOUZA
NETO. 1986).
Para que se tenha um serviço com uma boa confiabilidade é preciso que os fornecedores de
ferramentas atendam aos requisitos de qualidade. É preciso também que se tenha uma
quantidade razoável de fornecedores, sendo necessário haver um equilíbrio entre preço e
qualidade. Partindo da ideia de que se a empresa compra uma ferramenta no valor de US$ 10
mil e ao utilizá-la consegue operar por pelo menos umas 10 horas, se gasta meio dia de sonda
(US$ 250 mil) para descer e subir a ferramenta. Em contrapartida se a empresa comprar o
mesmo tipo de ferramenta no valor de US$ 5 mil (economiza-se na ferramenta US$ 5 mil
dólares) e só conseguirá operar por 5 horas gastando também meio dia de sonda para descer e
subir a ferramenta. Com isso a empresa terá um custo a mais de US$ 250 mil. Segue abaixo, o
Demonstrativo de custos em relação a ferramentas de alta e baixa confiabilidade.
Fonte: Elaboração Própria (2011)
Figura 5: Demonstrativo de custos.
Percebe-se que se a empresa ao utilizar 02 ferramentas com baixa confiabilidade, para fazer a
mesma operação, o gasto com ferramenta é de US$ 10 mil.
Existe um sistema denominado Gás-Flux que possibilita haver um processo de soldagem, em
que no momento da fusão, haja uma limpeza dos resíduos que aparecem devido ao alto grau
de derretimento do material que permite a ancoragem e agregamento do carboneto de
tungstênio a ser inserido nas ferramentas.
De acordo com Souza Neto (1986) “Processo combinado de metalização e aplicação de fluxo
em conjunto com a chama oxi-acetilênica através do acréscimo de borax ao acetileno
9
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
representa uma evolução do método de soldagem.” Segue abaixo na figura 6, um dos serviços
efetuados por uma das contratadas em Sapatas de destruição.
Fonte: Elaboração Própria (2011)
Figura 6: Sapatas de destruição com material cortante depositado.
5. Resultado
5.1. Análise estatística dos resultados dos questionários em relação ao setor de pescaria e
testemunhagem.
O tempo médio que um pescador leva para ser treinado e tenha condições de executar
determinadas operações de pescaria é de aproximadamente 02 anos. Em relação a este tempo,
segue o gráfico abaixo, conforme a estratificação dos resultados do questionário, ficando o
resultado em uma proporção mais expressiva de média (15%) para regular (57%) ,onde
verifica-se a necessidade de se aumentar o tempo de treinamento.
Fonte: Elaboração Própria (2011)
Figura 7 – Tempo médio de treinamento
Foi Percebido que esses padrões que estão presentes na organização, apresentam uma Espiral
de Conhecimento do Segmento, interagindo com Espirais menores dos Setores, conforme
Figura 8.
10
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
Fonte: Elaboração Própria (2011)
Figura 8. Agrupamento de Espirais de conhecimento (tácito-explícito).
Legenda:
1- Segmento de E&P;
2- Setor de Pescaria e Testemunhagem;
3- Setor de SCA;
4- Setor de Fluídos.
Os dados, informações e conhecimentos que se movimentam pelos setores do segmento de
E&P são absorvidos e nesta movimentação as informações são trabalhadas, preconizando que
as mesmas sejam classificadas como: públicas, corporativas, reservas, confidenciais e
secretas.
Especificamente, para outros setores além do SE do E&P-CPM/CMP-SPO que executam
serviços na área de Exploração & Produção - Construção de Poços Marítimos / Construção e
Manutenção de Poços a prática da Gestão do Conhecimento nas suas atividades contribuirá
para alcançar resultados mais sólidos, assim como para armazenar agrupar e manipular dados
onde serão geradas todas as informações durante a execução das operações, fazendo com que
a empresa se favoreça por possuir um quadro com os níveis de intelecto no segmento de E&P
e outro no setor de pescaria e testemunhagem, e se beneficie também, por ter sido elaborado
um quadro de custos, que poderão ser utilizados atualmente e posteriormente com as futuras
gerações de profissionais.
7. Conclusão
Esta pesquisa se propôs a avaliar a Gestão do Conhecimento nas Organizações, onde
verificou-se a importância do ciclo do conhecimento. O objetivo geral do trabalho foi
alcançado, pois através da análise dos questionários e dos documentos, foram identificados os
seguintes elementos:
 Os tipos de conhecimento na organização;
 A movimentação dos conhecimentos;
11
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
 Demonstrativo de custos;
 Os níveis de intelecto;
 A espiral do conhecimento da organização.
Foi possível avaliar e observar que para a organização a disseminação do conhecimento se dá
das seguintes formas:

No Segmento de E&P, ocorre de uma maneira mais abrangente com a companhia, pois
o mesmo tem uma ligação mais efetiva com a companhia;
 No Setor de Pescaria e Testemunhagem, a disseminação está diretamente interligada
com o segmento de E&P, porque tem muitas informações que não tem necessidade de
serem repassadas para outros setores e segmentos.
Percebe-se que a metodologia aplicada na pesquisa tornou-se de grande importância para o
mapeamento dos dados. No futuro poderá ser utilizada a metodologia 5W2H, onde irá
aproveitar as informações adquiridas e recomendar ações que as empresas deverão tomar para
serem implementadas no planejamento estratégico das organizações.
A partir deste trabalho o Setor desta organização passa a ter dois quadros com os níveis de
intelecto e outro com os demonstrativos de custos, que poderão ser aproveitados, para serem
efetuadas ações no Planejamento Estratégico.
Referencias Bibliográficas
BALCEIRO, R. B. & GUIMARÃES, F. J. Z. Alinhando a gestão do conhecimento com os novos desafios da
Petrobras.
In:
Rio
de
Janeiro:
UFRJ,
2007.
Disponível
em:
<http://www.nuca.ie.ufrj.br/gesel/seminariointernacional2007/artigos/pdf/raquelborbabalceiro_alinhandoagestao.
pdf>. Acesso em: 20 Mar. 2011.
DAVEMPORT, T H. & PRUSAK L. Conhecimento empresarial. Como as organizações gerenciam o seu
capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus 1998. p. 63. 243 p.
DRUCKER, P. F. O Advento da Nova Organização - Aprendizagem organizacional em Os melhores Artigos da
Harvard Business Review - Tradução Editora Campos/Elsevier. Rio de Janeiro –R.J, 2006. pg. 09.
ESCRIVÃO, G. et al. A gestão do conhecimento na educação ambiental (ENEGEP), 12 a 15 outubro, 2010,
São Carlos, S.P., Brasil. Revista: Perspectivas em Ciência da Informação. Disponível em
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci. Acesso em 10 Mai. 2011.
LARA, C. R. D. A atual Gestão do conhecimento: a importância de avaliar e identificar o capital intelectual
nas organizações. São Paulo: .Nobel, 2004. p. 22- 129 p.
LOYOLA, F. & CHAGAS A. A tríplice hélice e o desenvolvimento regional no Brasil. In: Encontro Nacional
de Engenharia de Produção (ENEGEP), 29, 2009, Salvador, BA, Brasil. Anais. Associação Brasileira de
Engenharia
de
Produção
(ABEPRO),
2009.
Internet.
Disponível
em:
http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2009_TN_STO_091_621_12670.pdf. Acesso em 13 Jun. de 2011. pg
5.
MENDES A. Gestão do Conhecimento - A espiral do conhecimento. 2008. Disponível em:
http://imasters.com.br/artigo/3599/gerencia/conhecimento_tacito_e_explicito/ Acesso em: 05 Abr. 2011.
MIGUEL P. A. C. (Org.) et al Metodologia de pesquisa em Engenharia de produção e Gestão de operações.
Elsevier. ABEPRO, 2010.
NONAKA, I. A Empresa Criadora do Conhecimento - Aprendizagem organizacional em: Harvard Business
Review –Tradução Editora Campos/Elsevier. Rio de Janeiro –R.J, 2006. pg. 27-34.
12
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
QUINN, J. B.; ANDERSON P.; FINKELSTEIN S. Gerenciando o Intelecto Profissional- Aprendizagem
organizacional. Harvard Business Review - Tradução Editora Campos/Elsevier. Rio de Janeiro :R.J, 2006. p 7779.
SANTOS, I.; AMATO NETO, J. Gestão do Conhecimento em Indústria de Alta Tecnologia. Revista.
Disponível em: <http://www.scielo.org/php/index.php>. Acesso em: 03 Mai. 2010.
SETZER, V. W. Dado, Informação, Conhecimento e Competência. Internet. Depto. de Ciência da Computação,
Universidade de São Paulo. Publicado no jornal do Grupo Folha Educação No. 27, out./nov. 2004, pp. 6 e 7)
SOUZA NETO. I. S. Técnicas de Deposição de Material Destruidor em Ferramentas de Pescaria. Material de
Treinamento, PETROBRAS, Agosto, 1986.
SCUCUGLIA, R. O que significa i.i. (inteligência da informação) Internet. Disponível
http://www.baguete.com.br/artigos/336/rafael-scucuglia/25/06/2008/o-que-significa-ii-inteligencia-dainformacao. Acesso em 01 Mai. de 2012.
em:
THOMAS, J. E. (Org.) et al. Fundamentos de Engenharia de Petróleo, 1ª ed. Rio de Janeiro: Interciências,
PETROBRAS, 2001.
ANEXOS
QUESTIONÁRIO (PERGUNTAS FEITAS AOS FUNCIONÁRIOS DO S.E.).
Operação de Pescaria.
13
01-Quando as operações de pescaria começaram a ser desenvolvidas na empresa e de que maneira ela adquiriu
conhecimento nesta área para iniciar o processo?
Resposta:
02- De que maneira o conhecimento foi e é transmitido?
Resposta:
03-O tempo médio que um pescador leva para ser treinado para que o mesmo tenha condições de executar
determinadas operações de pescaria é de aproximadamente 02 anos. Avalie o tempo de treinamento.
( ) Regular
( ) Médio
( ) Bom
( ) Ótimo
Por quê?
Download

gestão do conhecimento nas organizações: a importância