A segunda Marcha Nacional Contra a Homofobia ocorre no marco de uma conquista histórica, o reconhecimento das uniões homoafetivas pelo judiciário. Agora, mais do que nunca, devemos avançar em nossas reivindicações e exigir do governo Dilma e dos parlamentares a aprovação do PLC-122, projeto de lei que criminaliza a homofobia. Da mesma forma que o reconhecimento das uniões de pessoas do mesmo sexo não foi um presente do poder judiciário, mas o resultado das muitas lutas travadas ao longo de anos, o PLC-122 só será aprovado com a nossa mobilização. Por que criminalizar a homofobia? Nós do movimento LGBT sabemos muito bem o que é a violência que sofremos no diaa-dia. Contudo, precisamos dizer para toda a sociedade brasileira que o preconceito está chegando a índices absurdos. O Brasil é recordista mundial em assassinatos de bissexuais, gays, lésbicas e principalmente travestis e transexuais. Um homossexual é morto a cada 36 horas neste país. Além disso, a violência não para de aumentar. Em 2010 o índice subiu em 31,3% com relação ao ano anterior. Porém, mais do que assassinatos, sofremos com as inúmeras gangues neofascistas e homofóbicas que saem na calada da noite para agredir e espancar homossexuais. Isso sem falar nos casos de assédio moral e sexual em locais de trabalho, no bullying homofóbico dentro de escolas, nas piadas preconceituosas difundidas na mídia e outras tantas formas de humilhação e discriminação. Essa situação de barbárie social é agravada na medida em que a justiça e a polícia tratam tais agressões como conflitos menores, tal como brigas de trânsito, atritos entre vizinhos ou sequer isso. Assim, os agressores se sentem encorajados a continuar seus ataques pois o Estado lhes passa a mão sobre a cabeça, a famosa impunidade. É por essa razão que defendemos uma lei que criminalize a homofobia. Sabemos que o preconceito não vai acabar por decreto, mas exigimos essa mínima garantia como um direito nosso! Governos versus fundamentalistas Muitos grupos do movimento dizem que a culpa das leis não avançarem no Congresso Nacional é dos fundamentalistas religiosos. Com certeza estes senhores tentam impedir qualquer avanço democrático para nós em nome de suas crenças, mas seria um erro achar que são a causa da falta de ação do governo. Em 8 anos de governo Lula, muito se falou e nada se fez de concreto. Nenhuma lei saiu do papel. Dilma, para se eleger, publicou a lamentável Carta ao Povo de Deus, se comprometendo em não desagradar os fundamentalistas. Recentemente, Marta Suplicy fez uma alteração no PLC-122 que permite a homofobia em templos religiosos. Ou seja, o governo tomou por aliados estes grupos ultraconservadores e burgueses, nos deixando somente os discursos e datas comemorativas, e nenhum direito real! Para nós, LGBTs da CSP-Conlutas, isso é uma capitulação do governo aos setores mais reacionários das elites nacionais. Para aprovar o aumento insuficiente do salário mínimo o governo conseguiu mover sua base aliada. Por que não usa este mesmo mecanismo para aprovar a criminalização da homofobia??? E qual o papel do movimento? Entendemos que o movimento precisa tomar as ruas, levantar suas bandeiras políticas e exigir de todos os governos, independente de sua suposta coloração ideológica, ações reais em prol da igualdade de direitos civis. Para isso, chamamos a todo o movimento LGBT a retomar o espírito de luta, a mobilização e acabar com o atrelamento aos governos e ao empresariado das boates e saunas (o Pink Money). As paradas do orgulho LGBT precisam voltar a ser dias de luta e não só um carnaval fora de época. O movimento precisa resgatar sua independência política e financeira e não mais depender de migalhas governamentais ou de empresários. E precisamos sair do isolamento e eleger nossos aliados políticos entre aqueles que lutam contra governos e patrões, o movimento sindical e estudantil. Quem somos nós? Nós somos os militantes do Setorial-GLBT da CSP-Conlutas Central Sindical e Popular. Uma central que agrega todos que estão dispostos a lutar pela transformação do país, movimento sindical, estudantil, popular, feminista, negro e LGBT. Acreditamos que a luta contra a homofobia é uma luta da classe trabalhadora, uma luta da esquerda combativa e de todos os que sofrem com a exploração capitalista. Achamos que a opressão e a discriminação são indissociáveis da exploração. Por isso, lutar contra a homofobia é lutar pela defesa dos direitos dos homossexuais e da classe trabalhadora. A CSP-Conluas, através do Setorial GLBT, é parte do movimento LGBT nacional, com um perfil de esquerda, classista e combativo. Levamos essa luta para dentro dos movimentos sociais onde atuamos e trabalhamos para resgatar o espírito de reivindicação e a combatividade que o movimento veio perdendo nos últimos anos. Entre em nosso site (www.cspconlutas.org.br). Após a marcha no dia 18, realizaremos uma plenária para debater a continuidade da luta e os desafios para este ano, será as 14h no auditório da Condsef.