FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA COMO SUBSÍDIO PARA O ESTUDO DA
DINÂMICA E DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO RIO VACACAÍ MIRIM, NO
SETOR DO BAIRRO PRESIDENTE JOÃO GOULART - SANTA MARIA/RS
(2012) 1
CARDIAS, Marcia Elena de Mello²; VARGAS, Luciani Vieira de²; SOUZA,
Bernardo Sayão Penna e³
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Trabalho de Pesquisa _UFSM
² Curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria – Santa Maria – RS – Brasil
³ Professor Associado 2 do Departamento de Geociência da Universidade Federal de Santa Maria –
Santa Maria – RS – Brasil
E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected].
RESUMO
Com o aumento significativo da população nos últimos anos as cidades passaram a concentrar um
maior número de pessoas e também de indústrias, elevando o consumo de água e fazendo surgir
novas fontes de poluição dentre elas, os esgotos domésticos. Neste contexto tal pesquisa está focada
no estudo das condições ambientais do rio Vacacaí Mirim (qualidade da água e alterações no perfil
transversal) no que se refere ao uso e ocupação do solo por sua população ribeirinha, na área em
que o rio abrange o bairro Presidente João Goulart, bem como compreender a percepção da
população local com relação ao rio e sua função sócio-ambiental. Como metodologia, foi empregada
a revisão bibliográfica.
Palavras-chave: Condições ambientais, dinâmica fluvial, uso e ocupação do solo.
1. INTRODUÇÃO
Segundo Guerra (2011, p.87): “A qualidade da água dos rios que compõem uma
bacia hidrográfica está relacionada com o uso do solo e com o grau de controle sobre as
fontes de poluição existentes na bacia.”
Neste sentido será realizada uma pesquisa onde constarão parâmetros de qualidade
da água como o TDS (total de sólidos dissolvidos), a CE (condutividade elétrica), o PH
(potencial de hidrogênio), a T (temperatura da água). Também serão analisadas as
condições bacteriológicas (coliformes totais e fecais) da água do rio Vacacaí Mirim. Será
realizada também uma análise visual através de fotos aéreas e de imagens de satélite,
datadas de dois momentos diferentes, no sentido de observar e registrar as mudanças
ocorridas na geometria do rio, bem como na paisagem. Assim, esta pesquisa está focada no
estudo das condições ambientais do rio Vacacaí Mirim no que se refere ao uso e ocupação
do solo por sua população ribeirinha.
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Conforme Guerra e Cunha (1996, p.337): “O estudo da degradação ambiental não
deve ser realizado apenas sob o ponto de vista físico. Devem ser levadas em conta as
relações existentes entre a degradação ambiental e a sociedade causadora dessa
degradação.”
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 GEOMORFOLOGIA, MEIO AMBIENTE E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
A mundialização da questão meio ambiente ocorreu através da 1ª Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente, realizada em Estocolmo no ano de 1972 e teve como
pauta a degradação do meio ambiente em âmbito mundial, foram discutidas questões como
poluição industrial, exploração de recursos naturais, deterioração das condições ambientais
e problemas sanitários como déficit de nutrição e aumento da mortalidade. Os problemas
como efeito estufa, aquecimento global e buracos na camada de ozônio são conseqüências
do processo de industrialização e da vida urbano industrial. Esses e outros problemas como
desmatamentos e queimadas são gerados por atividades antrópicas e possuem uma
responsabilidade no processo de degradação do meio ambiente.
Neste contexto Cunha e Guerra (1996) afirmam que:
A Geomorfologia Ambiental tem como tema integrar as questões sociais às
análises da natureza. Deve incorporar em suas observações e análises
relações político econômicas, importantes na determinação dos resultados
dos processos e mudanças. Ainda, com as suas questões ambientais, a
Geomorfologia valorizou também o enfoque ecológico, criando novas linhas
de trabalho com caráter interdisciplinar.
A degradação ambiental gera muitas conseqüências negativas para o meio ambiente
bem como para os homens, onde se podem citar os exemplos das queimadas e os
desmatamentos para a ocupação de novas produções, sendo que as áreas abandonadas
em geral não conseguem recuperação total da sua biodiversidade. Outro ponto negativo que
pode ocorrer é a poluição do ar, das águas, dos lençóis freáticos e dos solos através do uso
de produtos químicos, dos alimentos produzidos, do lixo acumulado, da má utilização do
solo que neste caso pode ser associada com o objeto de estudo deste trabalho, que é a
ocupação das margens do rio Vacacaí Mirim na área que abrange o bairro Presidente João
Goulart, pelos moradores do bairro e da população ribeirinha.
Casos como estes podem ocasionar danos de ordem ecológica e social, também
atingindo populações que não estão próximas da área degradada, citando como exemplo o
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assoreamento e a poluição de rios, ocasionando falta de água potável para o consumo e
morte da fauna e da flora.
A degradação do meio ambiente pode ocorrer de várias formas, mas o que
normalmente ocorre é apontar como principal agente de degradação o aumento da
população. Porém essa não é a única e nem a principal causa o uso inadequado do solo
tanto em áreas urbanas como rurais é também um grande agente causador da degradação
ambiental que aliado as condições naturais, como chuvas, pouca vegetação em encostas e
encostas íngremes aceleram o ritmo da degradação.
Segundo Cunha e Guerra (1996, p. 347) “Existe um grande leque de causas que
pode ser dividido em duas grandes áreas: rurais e urbanas.”
Neste contexto o autor define como ocorre a degradação nessas áreas:

Nas áreas rurais ocorre com o manejo errado da terra que ligado a tecnologia pode
provocar erosões, ravinas e voçorocas. Também os elevados teores de silte e areia
fina e a concentração de chuvas contribuem para a degradação.

Nas áreas urbanas o corte de encostas para a construção de casas, prédios e ruas é
uma das principais causas da degradação.
Enfatizando um pouco mais a área urbana no sentido do estudo da Geomorfologia
Urbana é necessário que se avalie como a ação antrópica se insere neste espaço. O
crescimento desordenado e acelerado construído pelo homem é um dos principais motivos
das mudanças que ocorrem no meio ambiente que nos envolve, e ao que se pode perceber
isso ocorre mais comumente nas grandes e médias cidades e se dá pelo fato de que as
transformações não acompanham o ritmo e a originalidade da meio natural envolvido.
O crescimento urbano acelerado e a falta de planejamento pelos meios imobiliários
no que se refere às sociedades de baixa renda fazem com que estas acabem por procurar
seus locais de moradias por seus próprios meios o que os leva a escolher locais
ambientalmente frágeis, como encostas, aterros, margens de rios e outros locais que não
possuem tipo algum de saneamento básico o que leva a uma rápida degradação dessas
áreas que por fim acaba por atingir também as populações que estão longe desses locais,
pois os rios ficam poluídos comprometendo o abastecimento de água potável a uma grande
parte da sociedade, as margens dos rios sofrem alterações em suas geometrias e por
conseqüência a mudança do percurso do rio o que pode ocasionar inundações em vários
locais.
A fauna e a flora destes locais acabam por ser atingidas também, o que leva a
extinção de várias espécies tanto de animais como de vegetais e em muitos casos o solo
envolvido não consegue reproduzir sozinho o que antes era naturalmente germinado e
criado pela natureza. Outros motivos que levam a degradação do ambiente urbano são as
grandes construções e a falta de escoamento pluvial, pois as cidades estão se tornando
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verdadeiros monumentos de pedras não existindo mais solos livres e áreas verdes e como
conseqüência disso em dias de chuva ocorre grandes alagamentos devido à falta de
escoamento natural, o solo, e também pela grande quantidade de lixo jogada nas ruas.
Neste sentido conforme a urbanização aumenta estudos ocorrem para que haja um
melhor planejamento urbano e ai entra o papel da Geomorfologia.
Cunha e Guerra (1996) dizem que:
A Geomorfologia, por possuir papel integrador na busca da compreensão
dos processos de evolução do relevo e dos impactos causados pela ação
antrópica, tem dado uma contribuição relevante no diagnóstico da
degradação ambiental, bem como tem apontado soluções para resolver
esses problemas.
2.2 DINÂMICA DOS RIOS E GEOMORFOLOGIA
Segundo Cunha e Guerra (1996):
Ela compreende a movimentação vertical e subparalela à superfície do
terreno e à freqüência e duração de períodos em que o solo se apresenta
saturado ou não com água. Nas partes altas e planas os solos apresentam
uma boa drenagem interna, nas encostas com declives acentuados a
drenagem é boa ou excessiva, porém mais secos, já nas partes inferiores
das vertentes e nas áreas de várzea e depressões existe predominância de
água no solo durante todo o ano. Esta permanência de água resulta em
solos imperfeitamente drenados ou mal drenados, dependendo se o lençol
freático está perto da superfície ou não.
Os rios num contexto geral e histórico têm sido altamente atingidos pelas ações
humanas, pois desde o inicio da civilização suas águas vem sendo usadas para o consumo
desde a dessedentação humana e animal bem como em navegações, higiene, construções,
preparo de alimentos entre outros. Com o passar dos anos e com o crescimento
demográfico acelerado, outros usos desse recurso foram surgindo, como a geração de
usinas hidrelétricas e a ocupação de margens por uma população menos favorecida que
encontra abrigo condizente à sua situação econômica nessas áreas.
É através destes usos que os rios vêm sofrendo alterações em suas dinâmicas, pois
para tal se faz necessário represar águas para construções de barragens e usinas
hidrelétricas o que obriga os rios mudarem seus cursos naturais comprometendo assim suas
geometrias, a população instalada em suas margens possui uma forte contribuição nas
mudanças da dinâmica das águas, em geral instalam-se sem qualquer tipo de infra estrutura
comprometendo além da geometria do rio, problemas ambientais como contaminação das
águas, surgimento de doenças relacionadas à poluição fluvial, desmatamentos, acúmulo de
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lixo, além disso, as águas recebem de muitas empresas os dejetos que não são usados em
suas produções.
Diante disto se faz necessário a criação de métodos que façam a água escoar com
maior vazão impedindo que o rio transborde e ocorra a inundação nas áreas planas onde
em geral existe ocupação humana.
Um dos métodos utilizados foi à canalização dos cursos d’água que torna o traçado
do rio retilíneo diminuindo assim sua extensão e permitindo a ocupação de suas margens,
porém não soluciona o problema das enchentes, pois como podemos observar ela ainda
ocorre em muitos locais.
Para Guerra (2011, p. 76): “A canalização e a retificação, principalmente, aumentam
a velocidade das águas e diminuem o espaço físico ocupado pelos rios, permitindo a
ocupação de suas margens.”
Independente da ação antrópica os rios realizam três processos geomorfológicos:
erosão, transporte e deposição o que constrói o seu perfil de equilíbrio. E desses processos
resultam a extensão do rio, sua largura, profundidade, velocidade das águas e padrão de
canal.
Neste contexto é necessário que cada interferência que venha a ser feita seja muito
bem projetada, pois muitas vezes os objetivos traçados no processo de transformação nem
sempre são alcançados e podem causar problemas maiores dos já existentes e um exemplo
é o das enchentes urbanas que se tornaram um dos grandes problemas enfrentados pela
população principalmente nas grandes cidades que praticamente possuem suas ruas e
avenidas todas pavimentadas diminuindo assim os locais para a infiltração de água, e os
bueiros existentes não conseguem dar conta da vazão das águas em dias chuvosos e
contínuos o que leva então os rios transbordarem e causarem danos muito grandes como
perda de propriedades, plantações e criações de animais, bem como doenças graves devido
ao alto nível de poluição das águas, pois os dejetos tanto humano como o de fábrica são
despejados diretamente nos rios alterando assim a qualidade da água.
2.2.1 QUALIDADE DA ÁGUA
A água é um elemento essencial para a sobrevivência humana, pois ela serve para
saciar a sede e também para manter todo tipo de vida existente no planeta, pois em
qualquer lugar da terra não existe vida onde não há água, ela também serve como um
termômetro da terra, ajudando a regular as temperaturas desta. Além disso, a água é a
grande formadora do relevo. Mesmo sabendo que a água é um recurso natural renovável
existe um limite muito baixo de água doce na terra o que leva a manter e criar mais esforços
no sentido de preservar e controlar seu uso, mantendo-a com uma boa qualidade.
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Neste sentido Guerra (2011, p. 87) afirma que: “A qualidade da água dos rios que
compõem uma bacia hidrográfica está relacionada com o uso do solo e com o grau de
controle sobre as fontes de poluição existentes na bacia.”
Como podemos perceber nas áreas urbanas os rios sofrem ainda mais com a ação
do homem, pois estes ocupam desordenada e intensamente suas margens, aumentado
assim a demanda de uso do solo em torno das águas e também o aumento do consumo
d’água, que já poluída pela população ali estabelecida causa doenças que em muitos casos
se tornam irreversíveis, levando até mesmo a morte de indivíduos.
As fontes de poluição podem ocorrer de formas diferenciadas, sendo uma delas o
lançamento dos esgotos domésticos e dos resíduos industriais, diretamente na água e que
são de fácil identificação e assim fáceis de resolver. E outra forma de poluição é através do
escoamento superficial, em locais com baixo índice de infiltração, que geralmente ocorre em
dias de chuvas muito fortes que conduzem junto às enxurradas todo tipo de lixo, sedimentos
e esgoto não canalizados, diretamente nos cursos d’água poluindo-os, neste caso existe a
necessidade de um planejamento urbano aliado ao uso do solo.
É de suma importância então o controle de qualidade da água num todo, ou seja,
não somente nos reservatórios de tratamento e na rede de distribuição, mas também direto
no manancial.
3. METODOLOGIA
A metodologia do presente artigo restringiu-se à pesquisa bibliográfica, buscando-se
como fontes de consulta livros, artigos publicados em órgãos de divulgação científica e
trabalhos outros elaborados acerca do tema.
4. CONCLUSÃO
Justifica-se a importância da continuidade desta pesquisa no sentido de que se
possa atingir os seguintes objetivos: Caracterizar o rio Vacacaí Mirim no que se refere
às suas condições ambientais (qualidade da água e alterações no perfil transversal) ao
longo do seu curso, no Bairro João Goulart, identificar o uso da terra pela população
local no entorno do rio Vacacaí Mirim ao longo do recorte espacial estabelecido;
identificar o uso da terra pela população local no entorno do rio Vacacaí Mirim ao longo
do recorte espacial estabelecido; compreender a percepção da população local com
relação ao rio e sua função sócio-ambiental.
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5. REFERÊNCIAS
GUERRA, Antonio José Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista (org.) Geomorfologia e Meio
Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.
GUERRA, Antonio José Teixeira (org.). Geomorfologia Urbana. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2011.
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