Duas rodas, feitas pra cair?
Absolutamente, não!
Para os não adeptos do motociclismo, um dos argumentos
mais freqüentes para inibir o uso da motocicleta é o de que
se trata de um veículo instável sob duas rodas. Utilizam-se
dessa máxima para desencorajar quem quer que seja para
o risco de se pilotar “algo” que não disponha de pelos
menos três pontos de apoio e garantir uma estabilidade
por si só, pois o equilíbrio da máquina mesmo em repouso
estaria garantido.
Porém, a leis físicas da cinética demonstram que é
perfeitamente possível e seguro o deslocamento de um
corpo sob duas rodas num eixo longitudinal. Somando-se a
eficácia do impulso, a baixa inércia permite a saída do
estado de repouso da motocicleta, garantindo sua
estabilidade durante a trajetória, com uma combinação de
forças em equilíbrio numa trajetória linear.
O que pode provocar uma variação no eixo de estabilidade
e, promover uma queda pelo fato de se extrapolar o centro
de gravidade da motocicleta em movimento são dois
fatores determinantes: os endógenos e os exógenos.
Os endógenos, referem-se as condições psico-fisiólogicas
do piloto, ou seja, as suas condições de avaliação e
discernimento com relação ao ambiente em que trafega.
No campo psicológico, os acidentes geralmente estão
associados ao estado mental em que o motociclista se
encontra. Stress, estado de ânimo alterado após uma
situação indesejada, uso de álcool e outra drogas,
incluindo-se
certos
medicamentos,
dores,
o
comprometimento dos sentidos e, até mesmo um mal
súbito podem justificar uma queda ou colisão.
Já os fatores exógenos, independem das condições da
motocicleta e de seu condutor, desde que a máquina se
encontre em perfeitas condições de uso e que o
motociclista esteja em suas plenas condições mental e
física. Claro que a destreza e prudência são peculiares a
cada um, mas isso faz parte de fatores endógenos,
desenvolvidos a partir de suas experiências de pilotagem.
Como elementos exógenos e que poderiam
provocar a instabilidade da motocicleta,
ocasionando a queda de seu condutor, estão
as condições de rolamento de sua máquina, ou
seja, a perfeita aderência do pneu, adequado
ao piso em que se trafega e, evidentemente,
levando-se em consideração os demais
aspectos mecânicos e/ou elétricos. Pista
molhada diminui o atrito, deixando o piloto
vulnerável a quedas. Pedras, óleos, bueiros,
trilhos de trens, etc – são verdadeiras
armadilhas com as quais o motociclista pode
se deparar. Até o excesso de luminosidade
pelo automóvel em faixa contrária e pelo sol
nascente ou poente, podem trazer riscos a
uma bom e seguro deslocamento.
Portanto, o fato de uma motocicleta ser
composta apenas por duas rodas não justifica
o perigo em si, mas sim um conjunto de
fatores que interferem na boa condução da
mesma.
E, pra finalizar, considerando-se os fatores
anteriormente citados, nada melhor que
minimizar os riscos de um acidente
obedecendo as leis de trânsito e de fazer o uso
de equipamentos de proteção individual. O
capacete é obrigatório, mas também é
recomendável que se invista em roupas
adequadas, botas, luvas, óculos, etc, no intuito
de aumentar sua segurança física e
proporcionar um prazeiroso e confortável
tráfego nos mais diferentes tipos de vias.
Viva a liberdade sobre duas rodas!
Rogério Francisco Vieira.
Rotary Club de Curitiba Cristo Rei
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