CLASSIFICAÇÃO DE RISCO À EROSÃO COSTEIRA EM ESTRUTURAS URBANAS, COM BASE NA POTÊNCIA TOTAL DE ONDAS NATURAIS E INDUZIDAS POR EMBARCAÇÕES Autores CELIA REGINA DE GOUVEIA SOUZA, AGENOR PEREIRA SOUZA Resumo Introdução Estudos sobre risco à erosão costeira envolvem, em geral, a classificação de praias, e raramente avaliam estruturas urbanas e obras costeiras. O objetivo deste trabalho é apresentar uma metodologia de avaliação de risco à erosão costeira baseada na potência de ondas naturais e induzidas por embarcações. Foi aplicada no Canal do Porto de Santos, num extenso muro de contenção onde existem: feições deposicionais (Setores Ia e Ic), plataforma de concreto (Setor Ib), plataforma de concreto com anteparo baixo de blocos rochosos (Setor Id), e anteparo alto de blocos (Setores IIa, IIb). O Setor I é dominado por ondas induzidas por embarcações (OI), o Setor IIb por ondas naturais (ON) e o Setor IIa por ambas. A área sofre erosão desde a década de 1940, com a construção da avenida à beira-mar. O problema se intensificou na última década, devido à implantação de estruturas náuticas e de lazer e ao aumento de ressacas e de ataque de ondas induzidas por embarcações. A nova morfologia do canal e o aumento do trânsito de embarcações, incluindo a futura mão dupla, poderão incrementar o fenômeno. O estudo foi efetuado no âmbito do "Programa de Monitoramento do Perfil Praial para Avaliação de Possíveis Impactos das Obras de Dragagem de Aprofundamento do Porto de Santos". Materiais e Métodos O monitoramento do clima de ondas foi efetuado durante os meses de abril a agosto (temporada de ressacas) e novembro de 2011. Os dados de ON (altura média máxima, direção da ortogonal, período, ângulo de incidência na linha de costa, sentido da corrente de deriva litorânea e profundidade da água junto ao muro de contenção) foram obtidos em intervalos de 30 minutos em cada área amostral (4 áreas), com 2 repetições. Para as OI foram feitas coletas semelhantes em 18 pontos, e incluindo ainda: tipo/uso e direção da embarcação, distância da fonte, tempo da propagação, número e frequência de ondas, duração do embate. A Classificação de Risco à Erosão Costeira é baseada na Potência total das ondas para águas rasas, obtida pela equação: Pt=E.c.cosa, onde: E(energia)=1/8q.g.H2 (q=densidade média da água do mar; g=aceleração da gravidade; H=altura de onda); c=celeridade; a=ângulo de incidência. O Risco total à Erosão Costeira é função (cruzamento matricial) de: Rt=f (RON,ROI), onde: RON=(PtONméd) e ROI=(PtOImáx). O mínimo grau de risco relativo deve ser o Risco Médio, uma vez que toda a orla já apresenta erosão. Resultados As maiores potências de ondas ocorrem nos trechos com anteparos de blocos; as menores onde afloram os depósitos sedimentares; os valores intermediários estão nas plataformas de concreto. Esse padrão é em parte reflexo das intervenções antrópicas na área, como os próprios anteparos de blocos. As ondas de ressaca, como esperado, apresentam potências elevadíssimas, até 10 vezes superiores às obtidas para as ondas naturais. Os setores Ia e Ic apresentam Risco Médio; os Setores Ib e Id Risco Alto, e o Setor IIa e IIb Risco Muito Alto à erosão.