CUSTO DE INSTALAÇÃO DE PCHs Nos anos 1970 e 1980 tinha-se como custo de referência para construção de PCHs o valor de US$ 1.300,00 por quilowatt instalado, que, com o câmbio atual, corresponderia a cerca de R$ 2.200,00 por quilowatt instalado. Os dados atuais, no entanto, mostram um distanciamento muito grande deste valor de referência, sendo frequentes PCHs com custo unitário de instalação da ordem de R$ 6.000,00 por quilowatt instalado, com algumas (e não poucas) chegando à faixa de R$ 10.000,00 por quilowatt instalado. Centrais que resultem em R$ 4.500,00 por quilowatt instalado (o dobro do antigo valor de referência) são, de forma geral, consideradas oportunidades de negócio bastante atrativas. Há que se ter, no entanto, um certo cuidado na análise deste custo de instalação, que não deve ser feita considerando isoladamente o custo unitário de implantação, mas também o comportamento energético da central. Para definição do custo de instalação divide-se o custo total da central, normalmente considerando-se, inclusive, o custo financeiro (juros) pela potência total instalada, definida como sendo o somatório das potências elétricas ativas de cada um dos geradores da PCH. A metodologia para obtenção da potência instalada varia em função da fase do estudo da PCH. Nas fases iniciais, ainda durante a fase de inventário, é comum adotar um fator de capacidade de referência, normalmente de 55%. Com a adoção deste fator de capacidade, e em função das características de vazão do rio, resultará uma determinada potência instalada. No prosseguimento dos estudos, na fase de projeto básico, o valor da potência instalada é refinado através dos estudos energéticos, normalmente via maximização do benefício líquido. Neste processo é feita uma simulação para diversos valores de potência instalada situados próximos ao da potência instalada para fator de capacidade 55%, analisando-se o custo de instalação resultante, obtido dos orçamentos preliminares e o benefício, resultante do montante obtido com a venda da energia. A potência instalada ótima é aquela para a qual o custo e o benefício incrementais se igualam, situação na qual estará sendo aproveitado o máximo do potencial e obtido o melhor retorno para o investimento. Cabe ressaltar que a curva de energia de uma PCH é do tipo saturada, ou seja, após um trecho em que a energia gerada varia linearmente com a potência instalada passa a haver um achatamento da curva, a partir do qual os aumentos da energia com a potência são cada vez menores. O custo de instalação será função das características do sítio hidrológico. Por exemplo, centrais de quedas maiores normalmente implicam em grupos geradores mais baratos e barragens de menor porte e também mais baratas, resultando, de forma geral, em um arranjo mais barato, a menos daqueles casos em que o sistema de adução seja muito longo. Este arranjo, de menor custo unitário, pode propiciar uma maior potência instalada. O benefício conseguido é função da energia gerada, que depende da potência instalada, mas também do preço de venda da energia. Caso seja conseguido um maior preço de venda para a energia o benefício será maior, e consequentemente a potência instalada também poderá ser maior. O fator de capacidade é definido como sendo a relação entre a energia anual efetivamente gerada, que depende da hidrologia, dos rendimentos e da disponibilidade da central, e a energia total, resultante do produto da potência instalada pelo número de horas em um ano. Quando muda a potência instalada muda a relação entre a energia efetivamente gerada e a energia total, e consequentemente muda o fator de capacidade. Quando for ser analisada a questão do custo de instalação deverá ser levado em conta não apenas o custo de instalação em si, mas também o fator de capacidade obtido. Para um mesmo sítio hidrológico poderá ser projetada uma central de potência menor, que pode ter custo unitário (R$/kW) maior mas que terá fator de capacidade mais elevado, ou uma central de potência instalada maior, que poderá ter custo unitário menor mas que tem fator de capacidade menor. É este fenômeno que explica o fato de uma central de custo unitário maior poder ser mais atrativa (e viável) que outra de custo unitário menor, e é também por este motivo que o custo de referência atual, situado entre R$ 5.000,00 e R$ 6.000,00 por quilowatt instalado toma por base um fator de capacidade de 55%. Para analisar a atratividade de uma PCH deve-se sempre, portanto, analisar de forma conjunta o CUSTO de instalação e o FATOR DE CAPACIDADE (ou energia firme) proporcionado pelo arranjo, e não apenas o custo unitário de instalação.