Poluentes Orgânicos Persistentes – POPs Acumulam-se no meio ambiente e nos organismos das pessoas, animais e plantas; São os Poluentes Orgânicos Persistentes; Substâncias altamente tóxicas, formadas por compostos químicos orgânicos semelhantes aos dos seres vivos. Como surgem estas substâncias tóxicas? Produção do PVC: plástico utilizado em embalagens de alimentos, brinquedos, utensílios domésticos, tubos e conexões etc; Produção de papel: através do processo de branqueamento com cloro; Geração e composição de produtos agrícolas: um grande número de herbicidas, inseticidas e fungicidas; Incineração de lixo: doméstico, industrial e hospitalar; Processos industriais: todos os que empregam cloro e derivados do petróleo. Características dos POPs São biocumulativos: não são eliminados com o tempo; Resistentes à degradação química, biológica e fotolítica (da luz); Afetam a saúde humana e os ecossistemas mesmo em pequenas concentrações. Uma vez liberados na natureza, podem viajar por correntes aéreas e pela água para regiões distantes de suas fontes de origem. E o pior: mantendo sua capacidade contaminante; Os solos também podem ser intoxicados, atingindo a produção de alimentos; A maior parte dos resíduos produzidos pelas indústrias são despejados em rios; Quase todos acabam, cedo ou tarde, desaguando nos mares; Devido às correntes marítimas, as águas de todos os oceanos acabam passando pelos Pólos; É através deste movimento cíclico e contínuo das águas que os poluentes atingem os pontos mais distantes e ermos do planeta; Dessa forma, contaminam, ao longo do percurso, a flora e a fauna marinhas, como os leões-marinhos e as focas, por exemplo. A dieta alimentar dos esquimós, habitantes tradicionais do Pólo Norte, é constituída, basicamente, de focas e leões-marinhos. Estas duas espécies são carnívoras e se alimentam de peixes, que, por sua vez, comem outros peixes e/ou plâncton, formando uma cadeia alimentar complexa. Além disso, possuem espessa camada de gordura, utilizada como combustível e protetor de pele contra o frio. Um prato cheio para as substâncias bioacumulativas. Os esquimós estão no topo desta cadeia alimentar, os POPs produzidos a milhares de quilômetros de distância acabam chegando aos seus organismos. Isto acaba afetando as futuras gerações através do leite materno contaminado por dioxina. Caso Rhodia: Uma história ainda sem final Não é preciso ir tão longe para se encontrar os POPs e seus efeitos maléficos sobre a saúde e o meio ambiente. Infelizmente, o Brasil tem um histórico de contaminação e pouco tem sido feito para mudar este quadro. O caso mais grave é o de Cubatão. Um dossiê preparado pelo Sindicato dos Trabalhadores Químicos informa que a Rhodia (concessionária da multinacional francesa Rhône-Poulenc), desde 1976, despejou na Baixada Santista 12 mil toneladas (segundo estimativas mínimas) de resíduos químicos persistentes, comprometendo de forma irreversível o ecossistema local. Além da poluição durante os processos produtivos, o lixo gerado e espalhado irresponsavelmente pela Rhodia em 11 lixões intoxicou o solo, o ar e a água da região de Cubatão. Pela característica persistente destes poluentes, é fácil concluir que a comunidade da Baixada Santista está ameaçada pela água e alimentos contaminados. A areia, fortemente contaminada em função do despejo impróprio do lixo tóxico, seria utilizada, mais tarde, na construção civil. A vila dos pescadores, em Cubatão, foi aterrada com toneladas de areia tóxica. Somente em 1993, com a intervenção do Ministério Público, a extração e comercialização de areia das margens do Rio Cubatão foi proibida. Recentemente, porém, uma nova dragagem foi realizada no mesmo rio a fim de retirar areia para ser usada na construção civil. Johannesburg - 2000 No mês de novembro de 2000, representantes de mais de 100 países se reuniram em Johannesburg, África do Sul, para discutir a eliminação de 12 tipos diferentes de POPs (o chamado Protocolo POPs). Os 12 Poluentes são: Aldrin; Chlordane; Dieldrin; DDT; Dioxinas; Furanos; Endrin; Heptachlor; Hexachlorobenzeno; Mirex; PCBs; Toxapheno Aldrin e Dieldrin Organoclorados; Agentes de contaminação e intoxicação; Inseticidas organoclorados sintéticos; Apresentam toxicidade aguda; Facilmente absorvidos, circulam pelo organismo, causando série de sintomas; Dose letal: 20 e 70 mg/kg. Intoxicações agudas sobre o SNC, caracterizadas por cefaléia, mal- estar geral, vertigens, visão borrada, diplopia, anorexia, náusea, vômito, dor epigástrica, sudorese, parestesia, tremores, movimentos involuntários lentos e convulsões. Chlordane Organoclorados; Inseticida introduzido em 1948; age como um tóxico com muitos dos sinais e sintomas parecidos com o envenenamento dos produzidos pelo DDT; Utilizado na madeira, contra cupins; DDT Diclorodifeniltricloroetano; Muito usado na II Guerra Mundial para proteger soldados contra insetos; Em 1962, o livro Silent Spring, de Rachel Carson, mostrou que o DDT estava contribuindo para a extinção de algumas espécies, entre as quais o falcão peregrino e a águia careca. Tem efeito prolongado, move-se facilmente pelo ar, rios e solo e acumula-se no organismo dos seres vivos, no caso do homem na glândula tireóide, fígado e rim. 1,1,1-tricloro-2,2-bis(4clorofenil)ethane Dioxinas Hidrobenzenos clorados; Agente Laranja: desfolhante – Guerra do Vietnã. Pertencem à classe química conhecida como dibenzo-p-dioxinas policlorados (PCDDs) e dibenzofuranos policlorados (PCDFs); A exposição humana às dioxinas provem quase que exclusivamente da ingestão alimentar, especialmente de carne, peixes e laticínios. Estrutura do 2,3,7,8 tetraclorodibenzodioxina e furano PCB’s – Bifenilas Policloradas Organoclorados resultantes da reação do grupo bifenila com cloro anidro na presença de catalisador; Sintetizados inicialmente por volta de 1800 na Alemanha, porém sua produção em escala industrial foi iniciada a partir de 1922; Sistema de identificação dos congêneres de PCBs. Nº Cloros/Usual/IUPAC 3 /PCB 28 /2,4,4’ – triclorobifenil 4 /PCB 77 /3,3’,4,4’- tetraclorobifenil 5 /PCB /126 3,3´,4,4’,5 – pentaclorobifenil 7 /PCB /180 2,2´,3,4,4´,5,5´ -heptaclorobifenil 10 /PCB/ 209 2,2´,3,3´,4,4´,5,5´,6,6´ decaclorobifenil Mirex Formicida; Retardante de chamas em plásticos, borrachas, tintas e papel; Poluente biocumulativo, persistente e tóxico; Persistente em solos, sedimentos e água; Meia vida de até 10 anos; Massa molar: C10Cl12 Formas de exposição e efeitos na saúde e no ambiente A maior parte da exposição ocorre através da ingestão de alimentos contaminados, predominantemente peixe e outros animais que habitam perto de zonas contaminadas. Pode ainda dar-se pelo contato com o solo ou inalação de ar; Essa exposição pode afetar o fígado e o sistema endócrino e reprodutivo, e aumentar o risco de aborto; Em elevadas concentrações é letal para peixes e aves; É considerado um carcinogêneo humano provável. Hexaclorobenzeno (HCB) composto cristalino sintético produzido pela primeira vez nos anos 40 e usado como fungicida; Caracteriza-se pela sua toxicidade, por ser altamente persistente no ambiente (e, assim, poder viajar enormes distâncias), e bioacumulação significativa. largamente usado como fungicida para proteger as sementes de cebolas, trigo e sorgo ; principal fonte de contaminação é provavelmente comida contaminada. O HCB acumula-se no peixe, mamíferos marinhos, aves, líquenes, vegetais e nos animais que se alimentam de todos estes seres vivos (incluindo os humanos). Os doze malditos Dos inúmeros POPs que existem no ambiente foram identificados doze dos mais persistentes e bioacumuláveis como prioridade de atuação. Estes doze POPs prioritários são o objeto da Convenção de Estocolmo (entre 21 e 23 de Maio de 2001). São eles: Oito pesticidas: Aldrina e dieldrina Endrina Clordano Heptacloro DDT Toxafeno Mirex Dois químicos industriais: Hexaclorobenzeno Bifenilos policlorados Dois resíduos (sub-produtos não intencionais): Dioxinas e furanos