REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE MEIO AMBIENTE
POR PARTE DE PROFESSORES
Paulo Edison Queiroz1 - UNIFIEO
Maria Laura Puglisi Barbosa Franco2 - UNIFIEO
Grupo de Trabalho – Educação e Meio Ambiente
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O presente trabalho é empírico e tem por objetivo investigar quais são as Representações
Sociais que os professores do ensino fundamental elaboram sobre as relações que se
estabelecem entre meio ambiente e educação. Com aporte teórico nas Representações Sociais
apresenta a importância do tema na prática cotidiana e o aprofundamento destas questões,
pois, tanto as Representações Sociais quanto o meio ambiente estão presentes na sociedade
hoje como temas relevantes e de grande abrangência social. Foram participantes 17
professores de escolas da rede estadual da grande São Paulo – Brasil, os quais responderam a
um questionário composto por questões fechadas e abertas, cujos dados obtidos foram
submetidos à análise de conteúdo. Os resultados apresentados demonstram que na opinião dos
professores a educação dos alunos deve promover uma relação de respeito e responsabilidade
com o meio ambiente, por meio de ações de preservação e que o meio ambiente está
diretamente relacionado à educação. Outro fator importante é que por meio de uma formação
o aluno tem a capacidade de chegar a um nível mais alto de educação, de processar
informações e de criar conhecimentos. Numa economia em que o processo de informação, a
inovação e a criação de conhecimento são as principais fontes de produtividade, esses alunos
com formação são muito valorizados. As empresas preferem manter um relacionamento
prolongado e seguro com seus principais empregados de modo a assegurar a lealdade deles e
garantir que o seu conhecimento seja transmitido para a organização.De acordo com os
participantes somente pela educação se conhece e se cuida do meio ambiente e não
necessariamente só na escola pode-se adquirir este conhecimento e respeito.
Palavras-chave: Representações Sociais. Meio Ambiente. Educação
1
Mestre em Psicologia Educacional pelo Centro Universitário FIEO, Mestre em Psicopedagogia pela UNISA,
Pós graduado em: Planejamento Ambiental e Gerenciamento de Recursos Naturais pela Universidade de Santo
Amaro. Participa Grupo Estudos Pesquisa em Psicologia Educacional do Centro Universitário FIEO-UNIFIEO .
E-mail: [email protected]
2 Professora Livre Docente pela UNICAMP (1991-1995), Professora Titular da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, de 1982 a 2006. Pesquisadora Sênior, da Fundação Carlos Chagas de 1982 a 2008.
Pesquisadora Associada do CIERS: Centro Internacional de Estudos sobre Representações Sociais da Fundação
Carlos Chagas. Membro do Comitê Editorial do INEP: Instituto Nacional de Educação e Pesquisa. Docente do
Programa de Psicologia Educacional do Centro Universitário FIEO-UNIFIEO. E-mail: [email protected]
ISSN 2176-1396
32677
Introdução
Há muitos anos a evolução histórica do ser humano tem sido uma questão amplamente
discutida, por historiadores, antropólogos, sociólogos, entre outros. No entanto se comparados
com a linha do tempo e a evolução do ser humano na terra, a preocupação com o meio
ambiente é recente.
Deve-se considerar o grande avanço tecnológico oriundo da segunda guerra mundial,
tempo em que surgiram as grandes máquinas e com elas o início da extração de minérios e
recursos naturais, predestinando o meio ambiente a uma degradação irreparável. Na opinião
de Diegues “a discussão sobre a preservação dos recursos naturais no país data do período
colonial, quando naquela época já havia a preocupação com a falta de matéria prima para as
construções portuguesas” (DIEGUES, 1994, p. 32). É importante destacar que naquela época
as máquinas para extração de minérios e a indústria química estavam no início do seu
processo de evolução, portanto abstraindo bem menos recursos da terra que nos tempos
atuais.
Hoje, ainda que indiretamente todos contribuem com algum tipo de desajuste
ambiental, devido ao consumo exagerado, tanto de bens materiais como equipamentos
eletrônicos e carros, quanto de alimentos, produtos de limpeza e higiene, que são próprios da
realidade nos centros urbanos e rurais.
O meio ambiente, comumente chamado apenas de ambiente, envolve todas as coisas
vivas e não vivas que ocorrem na Terra ou alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a
vida dos humanos. É o conjunto de condições, leis, influências e infraestrutura de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
No decorrer da última década do século XX, cresceu entre os empresários, políticos,
cientistas sociais, líderes comunitários, ativistas de movimentos populacionais, artistas,
geógrafos, historiadores da cultura, mulheres e homens comuns de todas as classes sociais a
percepção de que um novo mundo estava surgindo: um mundo moldado pelas novas
tecnologias, pelas novas estruturas sociais e suas representações.
Neste contexto e a partir das considerações anteriores, a presente pesquisa foi
realizada buscando atingir o seguinte objetivo: identificar e analisar as Representações Sociais
elaboradas por professores sobre o meio ambiente, pois são estes que, mediante seu
pensamento e sua postura frente ao tema, que irão suscitar a problemática ambiental aos seus
alunos e quiçá futuros cidadãos comprometidos com a questão.
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Justificativa
Consideramos importante pesquisar as Representações Sociais de professores sobre a
relação que se estabelece entre a educação e o meio ambiente, pois além de sua importância se
mostra um tema da atualidade. Suscitar uma reflexão crítica sobre neste aspecto beneficia as
experiências vividas tanto dentro do âmbito educacional quanto na questão da cidadania.
Nisto a educação desempenha um importante papel e é preciso que o professor esteja
realmente preparado para saber não apenas questões ambientais, mas também refletir sobre o
papel que a educação desempenha neste contexto.
Quando isso não acontece afirma Scoz:
na escola quando o professor não é reconhecido como sujeito pensante, ele tende a
repetir modelos padronizados e preestabelecidos, tornando os projetos pedagógicos
conservadores, limitando, ao mesmo tempo, sua capacidade para construir
conhecimento. (SCOZ, 2004, p. 16)
Em uma visão mais ampla é preciso avaliar geograficamente o lugar onde se
encontram estes participantes, ou seja, o Brasil que se localiza numa região tropical e conta
com vasta biodiversidade em todos seus 8,5 milhões de quilômetros quadrados.
O que promove constantes ações ecológicas no sentido de preservar e conscientizar
todas as pessoas sobre esta riqueza natural, principalmente o amadurecimento nas relações de
educação e mudança de comportamento das pessoas. A preocupação mundial com o meio
ambiente consagra-se há 20 anos numa reunião de vários países para tratar do assunto e
elaborar um documento de responsabilidade para promover o desenvolvimento sustentável.
Sua renovação aconteceu em 2012 na cidade do Rio de Janeiro, conhecida como Rio+20.
Assim chamada a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável onde
foi definida a agenda para as próximas décadas.
Rio + 20 – PUC – Rio de Janeiro
Realizada na Pontifícia Universidade Católica (PUC) Rio de Janeiro em junho de
2012, a Rio+20 teve o intuito de minimizar os efeitos catastróficos que afetam o meio
ambiente e na pauta foram tratados onze itens: "Bem-estar humano e tendências
populacionais", "Consumo sustentável e produção", "Mudanças climáticas e ambientais",
"Segurança alimentar", "Segurança hídrica", "Bem-estar urbano", "Serviço ecológico e
biodiversidade", "Saber indígena", "Desastres", "Energia", "Economia verde", Todos devem
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estar acompanhando as mudanças que estão acontecendo no Planeta, principalmente na
agricultura e na sociedade.
O objetivo da Conferência foi à renovação do compromisso político com o
desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na
implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento
de temas novos e emergentes.
De acordo com Franco:
as Representações Sociais sobre ambiente podem gerar sentimentos de bem-estar
sabendo que está havendo uma interação e integração com os bens naturais. Desde
que as Representações Sociais sejam condizentes com a importância da Conservação
ambiental. (FRANCO, 2011, p. 32).
Neste sentido a mídia está carregada de informações sobre o tema e o professor precisa
adequar estas informações junto aos conteúdos curriculares, basicamente no que se refere aos
temas transversais. No entanto a discussão com o meio ambiente não se restringe a uma
disciplina, ao contrário pode e deve ser incorporado nas áreas já existentes e no trabalho
educativo da escola, conforme apresentado nos Temas Transversais dos PCNs. Azevedo
afirma: “o homem não apenas precisa auto preservar-se como também adaptar às diversas
circunstâncias do meio social” (AZEVEDO, 2003, p. 105).
Tanto a educação quanto o meio ambiente fazem parte da realidade cotidiana de
professores. Para Andrade: "estamos considerando aprendizagem como produto e produtora
de vida, um processo que não se dá apenas a partir da relação professor/aluno na sala de aula"
(ANDRADE, 2009, p.110).
Dentro ou fora da escola estes participantes interagem com o meio e se apropriam de
saberes naturalmente adquiridos, os quais irão ser transmitidos explicitamente ou
implicitamente incorporados em sua prática educativa. Neste âmbito é necessário observar
qual a relação que estabelecem entre estes dois temas sob a luz das Representações Sociais.
As Representações Sociais se caracterizam como uma teoria inicialmente introduzida
por Serge Moscovici em seus estudos sobre psicanálise na França do século XX, o autor
define em seu trabalho que:
As Representações Sociais são entidades quase tangíveis. Elas circulam, se
entrecruzam e se cristalizam continuamente, através duma palavra, dum gesto, ou duma
reunião, em nosso mundo cotidiano. Elas impregnam a maioria das relações estabelecidas, os
objetos que nós produzimos ou consumimos e as comunicações que estabelecemos. Nós
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sabemos que elas correspondem dum lado, à substância simbólica que entra na sua elaboração
e, por outro lado, à prática específica que produz essa substância, do mesmo modo como a
ciência ou o mito correspondem a uma prática científica ou mítica. (MOSCOVICI, 2012, p.
10)
O que justifica o estudo das representações elaboradas por professores sobre a relação
entre educação e meio ambiente. Esta relevância também se deve ao fato das representações
se apresentarem como “comportamentos em miniatura” (LEONTIEV, 2004, p.54) que
ocorrem na vida diária, e em decorrência deste comportamento promover orientações para
ações diversas, considerando que a visão de meio ambiente do indivíduo determina sua forma
de interagir com esse meio e sabendo que o próprio ambiente social contribuí para formação
desses conceitos os projetos educativos, devem sempre considerar a realidade de cada grupo,
além de procurar conhecer as causas determinantes que podem estar influenciando na sua
percepção ambiental.
Os riscos da biotecnologia
Atualmente usada na agricultura é uma conseqüência direta do nosso desconhecimento
do funcionamento dos genes. Faz pouquíssimo tempo que ficamos sabendo que todos os
processos biológicos associados aos genes são regulados pelas redes celulares nas quais
inserem-se os genomas, que ocorrem no ambiente celular. Os biólogos estão apenas
começando a mudar seu foco de atenção e que os padrões de atividades genética mudam
continuamente de acordo com as mudanças das estruturas genéticas para as redes metabólicas,
e ainda é muito pouco o que sabem acerca da dinâmica complexa dessas redes.
Estamos cientes também de que todos os vegetais fazem parte de ecossistemas
complexos, tanto acima quanto abaixo do solo, nos quais a matéria orgânica e inorgânica se
movimenta continuamente em ciclos. Mais uma vez, é muito pouco o que sabemos acerca
desses ciclos e redes ecológicas em parte porque, por várias décadas, o determinismo genético
dominante provocou uma grave distorção das pesquisas em biologia: a maior parte do
dinheiro foi para a biologia molecular, e sobrou pouco para a ecologia.
Uma vez que as células e as redes reguladoras dos vegetais são relativamente simples
em comparação com as dos animais, é mais fácil para os geneticistas inserir genes estranhos
em vegetais. O problema é que, quando o gene estranho passa a fazer parte do DNA do
vegetal e esse vegetal é plantado, o gene na verdade passa a fazer parte do ecossistema como
um todo. Os cientistas que trabalham para as empresas de biotecnologia não sabem quase
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nada sobre os processos biológicos que se seguem ao plantio, e ainda menos sobre as
conseqüências ecológicas e suas ações.
A biotecnologia vegetal tem sido usada, sobretudo, para o desenvolvimento de
espécies cultiváveis “tolerantes aos herbicidas”, com a finalidade única de aumentar a vendas
de determinados herbicidas. É muito provável que venha a ocorrer uma interpolinização entre
vegetais transgênicos e os vegetais selvagens dos arredores, criando-se assim “super ervas
daninhas” resistentes aos herbicidas. Há indícios de que esse fluxo de genes entre os
transgênicos e outras plantas já estejam ocorrendo. Outro problema sério é o risco de
interpolinização entre plantas transgênicas e plantas lavradas organicamente em campos
vizinhos, que compromete a importante necessidade dos agricultores orgânicos de ter certeza
de que seu produto é orgânico.
Para defender essas práticas, os paladinos da biotecnologia costumam afirmar que a
engenharia genética é semelhante aos processos convencionais de criação e seleção, mera
continuação da antiqüíssima tradição de trabalhar com a hereditariedade a fim de obter-se
melhores animais de criação e plantas alimentícias. Chegam a dizer, às vezes, que a
biotecnologia moderna representa o último estágio da aventura de evolução da natureza. Nada
poderia estar mais longe da verdade. Para começar, o ritmo de alteração genética através da
biotecnologia é mais rápido do que da natureza. Em várias ordens de magnitude. Nenhum
cultivador comum seria capaz de alterar o genoma de metade da soja plantada no mundo em
menos três anos. A modificação genética de plantas cultiváveis é feita com uma pressa
incrível, e as plantas transgênicas são cultivadas em larguíssima escala sem que se façam
pesquisas adequadas acerca dos seus efeitos a curto e a longo prazo sobre os ecossistemas e a
saúde humana. Essas plantas transgênicas, desconhecidas e potencialmente perigosas, estão
se espalhando agora pelo mundo inteiro e criando riscos irreversíveis.
Capra comunica a agressão ao Meio Ambiente:
Muitos ecossistemas foram fragilizados a um ponto em que já não têm resistência e
não são capazes de suportar perturbações naturais, o que facilita a ocorrência de
"desastres artificiais"- calamidades que se tornam mais frequentes ou mais severas
em virtude das ações humanas. Destruindo florestas, construindo barragens em rios,
aterrando mangues e desestabilizando o clima, estamos cortando os fios de uma
complexa rede de segurança ecológica.(CAPRA, 2002, p. 220).
Outra diferença entre a engenharia genética e a criação convencional é que criadores
convencionais transferem genes entre subespécies que naturalmente se cruzam, ao passo que a
engenharia genética permite que os biólogos introduzam no genoma de uma planta por
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exemplo, um gene completamente novo e exótico, tirando de uma outra planta ou mesmo de
um animal, com os quais a planta jamais seria capaz de cruzar naturalmente. Os cientistas
transpõem as barreiras naturais entre as espécies com ajuda de agressivos “vetores de
transferência de genes”, os quais são derivados de vírus patogênicos que podem recombinarse com os vírus já existentes para criar novos agentes causadores de doenças.
A batalha global pela conquista do mercado determina não só o ritmo de produção e
uso dos vegetais transgênicos, mas também o direcionamento das pesquisas básicas. Talvez
seja essa a diferença mais perturbadora entre a engenharia genética e todas as anteriores
permutas de genes feitas através da evolução e dos conhecimentos tradicionais de cruzamento
e seleção. Há 10.000 anos que os agricultores fazem sua seleção baseados no que melhor
alimenta as pessoas. Hoje em dia, o critério é: tudo aquilo que pode ser patenteado e vendido.
Uma vez que, até agora, um dos principais objetivos da biotecnologia vegetal tem sido
o de aumentar as vendas de certos produtos químicos, muitos dos danos ecológicos por ela
provocados são semelhantes aos danos criados pela agricultura química. A tendência de
criação de grandes mercados internacionais para um único produto gera grandes áreas de
monocultura que reduzem a biodiversidade e assim põem em rico a própria produção de
alimentos, uma vez que as plantas ficam mais vulneráveis a doenças, pragas e ervas daninhas.
Esses problemas tornam-se ainda piores nos países em desenvolvimento, cujos
sistemas tradicionais de diversidade de lavras e alimentos estão sendo substituídos por
monoculturas que determinam a extinção de inúmeras espécies de seres vivos e criam novos
problemas de saúde para a população rural.
A história do “arroz de ouro”, produzido por engenharia genética, é um exemplo que
vem bem ao caso. Há alguns anos, uma equipe de geneticistas idealistas, sem apoio nenhum
da indústria, criou um arroz amarelo com alta quantidade de beta-caroteno, que se transforma
em vitamina A dentro do corpo humano. Esse arroz foi saudado como uma cura para a
cegueira e para todos os problemas oculares provocados pela deficiência de vitamina A.
Segundo as Nações Unidas, a deficiência de vitamina A afeta, atualmente mais de dois
milhões de crianças.
Para suscitar tais representações elaboradas por professores foi feita uma pesquisa
empírica cujos dados são apresentados a seguir.
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A Pesquisa
A pesquisar tem como objetivo analisar as Representações Sociais de professores do
ensino fundamental sobre o meio ambiente e educação.
Participou desta pesquisa 17 professores do ensino fundamental I de escolas
pertencentes a Rede Estadual de São Paulo- Brasil
Cabe considerar que os professores trabalham com base nos conteúdos estipulados
pelo Ministério da Educação e Cultura.
Para coleta de dados foi utilizado um questionário com perguntas fechadas para
delinear o perfil dos participantes e abertas para explorar suas representações sobre o tema.
As respostas das questões fechadas foram submetidas a uma análise percentual e as
respostas das questões abertas foram submetidas a uma análise de conteúdo.
A análise de conteúdo conforme Franco:
compreende uma leitura prévia nos dados coletados, para definição de indicadores e
posterior formação de categorias. Para melhor compreensão a criação de categorias
“é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por
diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de
critérios definidos” (FRANCO, 2012, p-59).
Apresentação e discussão dos resultados
Foram respondentes 17 professores, os quais se caracterizam da seguinte forma: 4 são
homens e 13 são mulheres. A diferença em relação ao sexo dos respondentes reflete as
condições reais da prática profissional de docentes do ensino fundamental. Ou seja, no Brasil,
embora esteja havendo mudanças, sempre foram às mulheres que estiveram à frente da
educação básica.
A análise das Representações Sociais elaboradas pelos professores participantes
procede da seguinte questão: Que relação pode ser estabelecida entre meio ambiente e
educação?
As respostas dadas apresentaram 41 indicadores que permitiram a criação de 6
categorias: Conhecimento; ações de respeito; ações de preservação; educação; qualidade de
vida; contexto. Na tabela 1 são expostas as categorias e alguns indicadores que retratam a
opinião dos participantes.
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Tabela 1. Repostas dos participantes sobre a relação que se estabelece entre educação e meio ambiente.
Opiniões
Relacionadas ao conhecimento
Conscientização, falta de informação, formação contínua, compreender a cidadania.
Relacionadas a ações de respeito
Dar importância aos recursos materiais, responsabilidade, sinal de educação.
Relacionadas a ações de preservação
Compromisso sustentável, cultivar a natureza, novas atitudes, mudança de
comportamento, exploração de ambientes favoráveis à educação, relação de
cumplicidade.
Relacionadas à educação
A educação transforma o meio ambiente, transforma os educandos, está diretamente
relacionada ao meio ambiente, somente pela educação se conhece e se cuida do meio
ambiente.
Relacionadas à qualidade de vida
Relação de vida, mundo melhor pra se viver, qualidade de vida.
Relacionadas ao contexto
O meio em que o aluno está influencia a sua aprendizagem
Fonte: Dados organizados pelos autores.
Nº
%
9
20 %
4
10%
12
29 %
10
24%
4
10%
2
5%
Como mostra o quadro a maior porcentagem no grupo de indicadores compõe a
categoria “ações de preservação” com 29%, seguido da categoria que expõe dados referentes
à “educação” com 24%. Observa-se que nas representações elaboradas pelos professores é
preciso educar e adotar ações de preservação. Neste sentido um dos participantes expõe que
“somente pela educação se conhece e se cuida do meio ambiente” e para que isto ocorra não
basta apenas um momento em debate, uma atividade educativa relacionada ao tema, mas que
seja, conforme outro participante, “uma formação contínua” para que todos obtenham
conscientização.
A ideia de conscientização se apresenta na categoria “conhecimento” com 20% das
representações elaboradas pelos professores. Segundo eles a falta de conhecimento sobre as
questões ambientais gera a problemática que envolve o tema. É preciso que por meio da
educação haja o conhecimento e a partir daí um empenho nas ações de preservação, através
do compromisso sustentável, da mudança de comportamento em relação ao meio ambiente, a
tomada de atitudes que possibilitem novos paradigmas. E como afirmam outros dois
participantes “numa relação de cumplicidade” haja a “exploração de ambientes favoráveis à
educação” por parte não só dos professores, mas de toda a sociedade.
As representações dos professores deixam clara a ideia de que a relação que se
estabelece entre educação e meio ambiente, antes de qualquer coisa perpassa a educação e o
conhecimento que geram a conscientização da problemática ambiental, incluindo a cidadania.
Para tanto é preciso entender o contexto em que estão, pois “o meio em que o aluno está
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influencia a sua aprendizagem” e para que propicie mudanças de comportamento
significativo, deve ser contínua.
Na opinião dos professores a educação dos alunos deve promover uma relação de
respeito e responsabilidade com o meio ambiente, por meio de ações de preservação. Além
disso, torna-se importante para o professor estabelecer uma relação que preserve a interação
social com qualidade. Para eles o “meio ambiente está diretamente relacionado à educação”,
pois “somente pela educação se conhece e se cuida do meio ambiente”.
Os Parâmetros Nacionais Curriculares para o Ensino Fundamental traz em seus temas
transversais, dentre outros objetivos uma educação que leve o aluno a perceber-se integrante,
dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações
entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente.
Os professores participantes também dão pistas de como poderiam ocorrer estas ações
de preservação quando apontam a “mudança” de pensamento e “novas atitudes de
comportamento em relação ao meio ambiente”; a participação efetiva de todos
“economizando papel, água, eletricidade, cultivando hortas, etc.”, “em uma relação de
cumplicidade” com o meio em que se vive. Promover a educação nesta perspectiva “interfere
diretamente na qualidade de vida” futura de todos os seres humanos.
Considerações finais
A análise das Representações Sociais elaboradas por professores do ensino
fundamental sobre a relação que se estabelece entre meio ambiente e educação demonstrou
que ambos interagem entre si, numa relação de troca, onde a educação e o conhecimento
sobre as questões ambientais geram um comportamento de sustentabilidade, responsabilidade
e consequentemente a qualidade de vida.
Suscitaram considerações relevantes na questão da tomada de aspectos relacionados a
ações de preservação como o cultivar a natureza, observar novas atitudes em relação ao
compromisso com a manutenção do meio ambiente e também a exploração de ambientes
favoráveis à educação, numa relação de cumplicidade com o mesmo.
Observou-se que assim como as Representações Sociais que os indivíduos elaboram
sobre determinadas questões favorecem e interferem em seu modo de agir e se relacionar
perante o meio, também a educação e o meio ambiente interagem um com o outro numa
perspectiva de troca e cumplicidade.
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Concluindo, é importante fazer uma observação: Os astronautas que tiveram a chance
de olhar a Terra do espaço elaboraram uma representação uma vez que destacaram a beleza
do planeta Terra e se referem a ela como nosso lar.
REFERÊNCIAS
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