O ACESSO Á UNIVERSIDADE E A ÉTICA DO CUIDADO DE LEONARDO BOFF JÚNIOR, Celso Leal da Veiga, Coordenador do Curso de Direito da UNIVALI em Tijucas, Doutorando em Ciência Jurídica no PPCJ da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, e-mail [email protected] Eixo: Acesso à Universidade Agência Financiadora: ni hil Resumo: O presente trabalho objetiva promover o diálogo entre o pensamento de Leonardo Boff acerca da Ética do Cuidado com o ambiente universitário já que “conhecer não é apenas uma forma de dominar a realidade; é entrar em comunhão com as coisas”. Pretende abordar a importância do acesso à Universidade como possibilidade ao fortalecimento da Solidariedade e da Cooperação de modo que através da Universidade possa existir maior preocupação com o desafio de ‘conferir centralidade ao que é mais ancestral em nós, o afeto e a sensibilidade’. Foi utilizado o Método Indutivo e a Técnica da Pesquisa Bibliográfica. Gradativamente parece estar sendo descaracterizada a ideia de ser o ambiente universitário um espaço composto por elitizados. Todavia, ainda persiste a intenção de manter a Universidade como formadora de parcela privilegiada da população. O atual acesso à Universidade está mais aberto, sendo facilitado pelas variáveis das necessidades do mercado e pelas condições econômicas e políticas da Sociedade em desenvolvimento. Acessar a Universidade, nela ingressando e concluindo etapa formativa, não significa imediato aproveitamento pelo mercado de trabalho. Nem a garantia de plena valorização. Entre o ingresso na Universidade e a absorção pelo mercado, o estudante precisa exercitar não apenas o conteúdo das Matrizes Curriculares, mas compreender, conforme Boff, que “sem a sensibilidade, a operação da tecnociência será insuficiente”. Palavras-chave: Acesso à Universidade; ética do cuidado; ambiente universitário. INTRODUÇÃO Alguns aspectos gerais do cotidiano: partindo de uma reportagem. Uma recente reportagem1 discorreu sobre assunto “que atende pelo nome de Massive Open Online Courses”2 e que são cursos gratuitos, on line, de universidades do 1 WEINBERG Monica: BUTTI, Nathália. Um clique do saber. Revista Veja, edição 2341, ano 46, número 40, 02 out. 2013, p.102/115. 2 “Acho que os Mooc são apenas mais um ponto de linha na evolução tecnológica. Uma tecnologia brilhante, mas ainda em desenvolvimento” (GREEN, Kenneth C.) Para KHAN, Abdul Waheed, é normal que não haja consenso quanto à utilização dos Moocs hoje em dia, pois não existe inovação que não enfrente desafios. In Revista Ensino Superior, ano 15, número 180, setembro de 2013, p. 6. 2 primeiríssimo time que vêm disseminando e atraindo à rede milhões de pessoas do mundo inteiro em busca do saber mais elevado”. De outro lado, o contexto da informação mencionou que mais de “15% dos universitários brasileiros estão hoje matriculados na modalidade de ensino superior à distância, em que quase tudo é on line e foi a partir da década de 90 que a internet finalmente entrou em cena, descortinando pouco a pouco à humanidade uma nova dimensão de acesso às informações e à produção de conhecimento”3. As referidas alusões favorecem a reflexão no cotidiano popular, quando muitos buscam ingressar na Universidade. Concluir um Curso Superior é sonho almejado e as dificuldades antes existentes estão sendo diminuídas, seja em razão das facilitações advindas da tecnologia ou por conta das Políticas Públicas favorecedoras, inclusive pelo aumento do número de vagas, abertura de instituições de ensino, mudanças de técnicas e práticas pedagógicas.4 O acesso ao Ensino Superior nos dias atuais é mais que obter vaga em algum curso. É discurso que ultrapassa limites físicos para abranger locais nos quais, no passado, jamais se pensou chegaria uma Universidade. É que o Ensino Superior, pela modalidade à distância5, torna possível o que antes parecia ser impossível, tanto que em relação ao Massive Open Online Courses e outros as “melhores universidades do mundo abrem as portas das excelências ao oferecer na rede cursos inteiros de graça. Nasce uma novidade que já começa a revolucionar o ensino: a sala de aula global”6. Portanto, o conceito original do relacionamento físico-presente entre Docente e Discente em prédio reconhecido como “faculdade” ou “universidade” deve ser ajustado à nova realidade, a educação à distância, que apesar de eventuais críticas7, está 3 WEINBERG Monica: BUTTI, Nathália. Um clique do saber. Revista Veja, edição 2341, ano 46, número 40, 02 out. 2013, p.102. 4 “A inovação na tecnologia do próprio ensino é um dos principais motivos de aperfeiçoamento curricular, acompanhando o novo perfil dos alunos. Grades mais flexíveis, atividades on line e enfoque para conhecimentos práticos são características absorvidas por um número cada vez maior de cursos” CHAVES, Svendla. O desafio de manter-se atual. Revista Ensino Superior, ano 15, número 180, setembro de 2013, p. 21. 5 “A educação à distância no ensino superior segue uma tendência irreversível de crescimento, puxada pelas instituições particulares, que investem cada vez mais pesadamente na modalidade” PEREIRA, Patricia. A certeza de um grande negócio. Revista Ensino Superior, ano 14, numero 162, Março de 2012, p.16 6 WEINBERG Monica: BUTTI, Nathália. Um clique do saber. Revista Veja, edição 2341, ano 46, número 40, 02 out. 2013, p.102. 7 “Agora o objetivo das universidades é serem globais para que possam vender seus cursos em todo o mundo. Essa comercialização está fazendo com que a universidade traia totalmente sua vocação original 3 avançando, melhorando, tornando efetiva a acessibilidade ao Ensino Superior e a “melhor cepa já proporciona interatividade – seja ela com um software, programado para corrigir os exercícios e provas (que sim, existem e são pré-requisito para quem quer o certificado no final), seja de natureza humana”8. O ingresso na Universidade indica a opção ao crescimento pessoal e profissional. Acessar a Universidade é uma condição aos que desejam melhorar as condições de vida e de salário. E consequentemente dignificar a sua comunidade local e regional. O crescimento intelectual da pessoa reflete, positivamente, na comunidade em qual ela está inserida9, havendo desenvolvimento recíproco. Através do ensino à distância, já ultrapassando fronteiras, reconhecem que o “contato humano mesmo se dá entre os estudantes, que formam comunidades on line cuja atividade ignora as diferenças de fuso”10 gerando novo conceito operacional e pedagógico: o aprendizado em rede. Nos estudos à distância, consta que “os professores esbarram na impossibilidade de reproduzir um dos ingredientes que elevam a aula nas grandes universidades do mundo ao mais alto patamar: o confronto de ideias em debate nos quais o professor lança mão do método socrático para incitar a plateia a debruçar-se sobre os conceitos na busca do raciocínio mais rigoroso”11. Estando o ensino a distância gerando discussões e indicando outros rumos aos modos gerenciais e pedagógicos das instituições educacionais; considerando a influência exemplificadora de Massive Open Online Courses, pondera-se12: Soa paradoxal que grandes universidades invistam somas vultosas para dar de graça algo que podem cobrar caro; é, como se estivessem pavimentando o caminho da concorrência. Na verdade, elas estão e, ao invés de ser uma solução para os países, será um problema adicional” SANTOS, Boaventura de Souza. O caminho do meio. Revista de Ensino Superior, ano 14, número 161, Fevereiro de 2012, p. 16. 8 WEINBERG Monica: BUTTI, Nathália. Um clique do saber. Revista Veja, edição 2341, ano 46, número 40, 02 out. 2013, p.104. 9 “Embalado por programas de crédito, o aumento no número de jovens no ensino superior pode se transformar num bem ainda maior para a sociedade” LESZCZYNSKI, Luciene. Todos ganham. Revista Ensino Superior, ano 14, número 162, Março de 2012, p.50. 10 WEINBERG Monica: BUTTI, Nathália. Um clique do saber. Revista Veja, edição 2341, ano 46, número 40, 02 out. 2013, p.104. 11 WEINBERG Monica: BUTTI, Nathália. Um clique do saber. Revista Veja, edição 2341, ano 46, número 40, 02 out. 2013, p.104/06. 12 WEINBERG Monica: BUTTI, Nathália. Um clique do saber. Revista Veja, edição 2341, ano 46, número 40, 02 out. 2013, p.110. 4 enveredando pelo que entendem ser um terreno obrigatório. Explorar a rede em escala global, alcançando multidões, é a forma mais didática de aprenderem sobre a própria rede e não só repercutirá na educação on line, como pode revirar também a classe tradicional. É também uma maneira pouco custosa de conjugar o verbo obrigatório na academia: globalizar. Assim, parece coerente admitir o acesso à Universidade como um direito impostergável e cada vez mais próximo dos interessados. Frequentar Universidade poderá corresponder ao estar em uma sala de aula em estilo tradicional ou atuar na própria residência do Discente que trabalhará interligado, lapidando habilidades e competências delineadas pelo Projeto Pedagógico do curso que realiza, sem perder a essência formativa ou o elo com a qualidade desejada porque, entre outros13: Muito se especula sobre o futuro das universidades quando os efeitos da internet se fizerem mais claros. O pesquisador Alex Katsomitros, do Observatory on Bordeless Higher Education, da Inglaterra, vislumbra um cenário bom para os muito bons e duro para os medianos. “Estes só sobreviverão à massificação da excelência se conseguirem evoluir na qualidade”. É um mundo novo e assustador também para os professores. 1. O Acesso à Universidade: momentos de transição e a Ética do Cuidado de Leonardo Boff Nos momentos em que discutem e (re)pensam o acesso à Universidade com suas modalidades de ensino; quando a tecnologia provoca reações almejando a efetivação de conteúdo didático que possa acompanhá-la, destaca-se:14 O acesso à universidade, devido a esse baixo nível do ensino médio, reduziu-se a um facilitarismo assustador. Hordas de jovens entram na universidade sem o menor preparo... Além do ensino e do aprendizado, facilitamos incrivelmente as coisas ao nível da educação, isto é, comportamento, compostura, postura, respeito, civilidade. Tomando, por exemplo, a cidade de Joinville, Estado de Santa Catarina, consta, conforme Caroline Stinghen15, que para inscrições no mês de outubro corrente e visando o ingresso em Curso Superior no próximo semestre em um dos 135 cursos presenciais e à distância naquela cidade, estão sendo disponibilizadas 8.500 (oito mil e quinhentas) 13 WEINBERG Monica: BUTTI, Nathália. Um clique do saber. Revista Veja, edição 2341, ano 46, número 40, 02 out. 2013, p.110. 14 LUFT, Lya. Sem esforço, sem exemplo. Revista Veja, edição 2342, ano 46, número 41, 09 out. 2013. p. 26 15 STINGHEN, Caroline. 8,5 mil vagas em Joinville. Jornal A Notícia, edição 26.428, ano 90, 11 out. 2013. p.14 5 vagas, distribuídas em 13 unidades de ensino, sendo 3 públicas e 10 privadas. São 794 vagas em universidades públicas e as demais estão em instituições privadas. Ainda, segundo Stinghen16: As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estão encerradas. Neste ano, pela primeira vez, as 59 universidades federais do País vão adotar a prova como processo seletivo – ou parte dele – de novos alunos. Mesmo com histórico de falhas, o Enem atingiu o recorde de 7,1 milhões de inscritos neste ano. As universidades estão oferecendo de 10% a 50% das vagas para o Enem/Sisu para 2014. De 2010 para o primeiro semestre de 2013, o número de vagas no ensino superior disponível para quem prestou o Enem cresceu quase três vezes, chegando a 129.319 cadeiras, todas em instituições públicas. Compreende-se que o acesso à Universidade, como possibilidade crescente, decorre das melhores condições de vida, do avanço da tecnologia, do esforço conjugado de diversos sujeitos e de algumas Políticas Públicas que merecem aperfeiçoamento constante17: Felizmente, existem alternativas e saídas para a humanidade, embora complexas. Contudo, o Estado precisa definir melhor seu papel e contribuir efetivamente na construção e implementação de políticas públicas preventivas contra a exclusão e que possibilitem aos indivíduos, realmente, o exercício de seu papel de cidadãos. Por fim, a caminhada nos leva a uma das soluções, ou quem sabe a mais efetiva, ou seja, a educação. A complexidade acerca do acesso à Universidade pode considerar, entre outros, as diversidades locais, o debate sobre a qualidade dos Discentes ingressantes e egressos, os instrumentos regulatórios do sistema educacional e a ausência da Ética do Cuidado18 no âmbito de instituições de ensino, naquelas que negligenciam as relações fraternas que deveriam existir nos ambientes objetivando consolidar ou despertar potenciais mais humanos, sensíveis e imprescindíveis. 16 STINGHEN, Caroline. 8,5 mil vagas em Joinville. Jornal A Notícia, edição 26.428, ano 90, 11 out. 2013. p.14 17 COSTA, Marli M. da. O discurso no espaço local para a concretização da cidadania de crianças e jovens frente a exclusão social. In REIS, Jorge Renato; LEAL, Rogério Gesta (orgs). Direitos Sociais e Políticas Públicas: desafios contemporâneos. Santa Cruz do Sul, RS: EDUNISC, 2007. p.1869. 18 O cuidado é aquela condição prévia que permite o eclodir da inteligência e da amorosidade, o orientador antecipado de todo comportamento para que seja livre e responsável, enfim tipicamente humano. Cuidado é gesto amoroso para com a realidade. Gesto que protege e traz serenidade e paz. Sem cuidado, nada que é vivo sobrevive. O cuidado é forma maior que se opõe à lei da entropia, o desgaste natural de todas as coisas, pois tudo o que cuidamos dura mais. BOFF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. p. 22 6 Em vários Cursos Superiores, encontram-se a prevalência de conteúdos técnicos19, dogmáticos e a superficialidade dos raros debates ligados com a humanização, com os sentimentos, Espiritualidade20 e o cotidiano ético. Conforme Leonardo Boff21: Os laços de solidariedade e de cooperação não são axiais, mas o são o desempenho individual e a competitividade, criadores permanentes de apartação social com milhões de marginalizados, de excluídos e de vítimas. O acesso à Universidade e a sua efetividade, a convivência universitária e o diálogo emanado dos seus ambientes – sejam presenciais ou distanciais – podem colaborar com a revolução ética mundial, apontada por Boff22: Tal revolução ética deve ser centralizada dentro da nova situação em que se encontram a Terra e a humanidade: o processo de globalização que configura um novo patamar de realização da história e do próprio planeta. Nesse quadro deve emergir a nova sensibilidade e o novo ethos, uma revolução possível nos termos da globalização. As Matrizes Curriculares dos Cursos Superiores, dando sentido de prática ao ideal do acesso à Universidade e pensando na Humanização das relações para uma Sociedade melhor, mais justa e fraterna, deveriam considerar que o “ser humano não é penas um ser de materialidade, mas também de espiritualidade”23 - que não se identifica com religiões, mas pertence à dimensão profunda do ser humano – e que24: Uma sociedade racionalizada comunicativamente não tem condições, pela pura razão, por mais dialógica que seja, de assegurar um 19 “O comércio vai impedir que outros saberes que são importantes sejam reconhecidos como tal e fará com que acabem excluídos da universidade; o que ainda não se mudou, porém, foi a monocultura da universidade; a diversidade cultural não chegou ainda à universidade como deveria chegar” SANTOS , Boaventura de Souza. O caminho do meio. Revista de Ensino Superior, ano 14, número 161, Fevereiro de 2012. p. 17 20 Há um descaso pela dimensão espiritual do ser humano, pelo esprit de finesse (espírito de gentileza) que cultiva a lógica do coração e do enternecimento por tudo o que existe e vive. Não há cuidado pela inteligência emocional. BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano, compaixão pela terra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. p.19 21 BOFF, Leonardo. Ethos Mundial: um consenso mínimo entre os seres humanos. Rio de Janeiro: Record, 2009. p.16 22 BOFF, Leonardo. Ethos Mundial: um consenso mínimo entre os seres humanos. Rio de Janeiro: Record, 2009. p.18 23 BOFF, Leonardo. Ethos Mundial: um consenso mínimo entre os seres humanos. Rio de Janeiro: Record, 2009. p. 52. 24 BOFF, Leonardo. Ethos Mundial: um consenso mínimo entre os seres humanos. Rio de Janeiro: Record, 2009. p. 53. 7 horizonte de esperança e de confiança para a humanidade. Junto com ela, precisamos conquistar outros exercícios da razão que se abrem para uma ótica mais ampla, base para uma ética mais bem fundada. CONSIDERAÇÕES FINAIS Mesmo havendo facilidades ou motivações para as pessoas acessarem a Universidade, parece inexistir nela o enlace agregador da Espiritualidade, da Sensibilidade, da Ética do Cuidado25 no cotidiano dos acadêmicos, que em sua maioria, acompanham interesses econômicos, voltados ao diálogo da força laboral, do consumo, da competição e rejeitador das variáveis sentimentais derivadas da Convivialidade26. O acesso à Universidade e a transição da Universidade ao mercado de trabalho estão a exigir mais que conhecimento técnico, prática e a certificação. É necessário resgatar o universo “dos afetos”, envolvendo o coração sem eliminar a razão, incorporando discernimento e priorizando a amorosa Sensibilidade sob parâmetros do Cuidado.27 Preparando-se para todo o tipo de alteridade, desde o ingresso na Universidade, durante a permanência nela e ao deixá-la, o estudante haverá de ter incorporado o significado da Vida mais que a importância do Método. Considerando a pluralidade, o espaço universitário deve ser (re)composto para facilitar a Humanização Mínima em simetria com o aprofundamento das técnicas profissionais eis que, entre outros, a “tecnociência operou uma espécie de lobotomia nos seres humanos que já não se sentiam mais como partes de um todo e como membros de uma 25 Dar centralidade ao cuidado não significa deixar de trabalhar e de intervir no mundo. Significa renunciar à vontade de poder que reduz tudo a objetos, desconectados da subjetividade humana. Significa recusar-se a todo despotismo e a toda dominação. Significa impor limites à obsessão pela eficácia a qualquer custo. Significa derrubar a ditadura da racionalidade fria e abstrata para dar lugar ao cuidado. BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano, compaixão pela terra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. p.102 26 Entende-se a capacidade de fazer conviver as dimensões de produção e de cuidado, de efetividade e de compaixão; a modelagem cuidadosa de tudo o que produzimos, usando a criatividade, a liberdade e a fantasia; a aptidão para manter o equilíbrio multidimensional entre a sociedade e a natureza, reforçando o sentido de mútua pertença. A convivialidade visa combinar o valor técnico da produção material com o valor ético da produção social e espiritual. BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano, compaixão pela terra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. p.124 27 O cuidado assume uma dupla função: de prevenção a danos futuros e de regeneração de danos passados. O cuidado possui esse condão: reforçar a vida, zelar pelas condições físico-químicas, ecológicas, sociais e espirituais que permitem a reprodução da vida e se sua ulterior evolução. BOFF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. p.48 8 comunidade, mas como indivíduos separados e em sua autonomia”28; “sem a sensibilidade, a operação da tecnociência será insuficiente”29 e com isso não nos afastaremos da razão, “mas a incorporamos como imprescindível para o discernimento e a priorização dos afetos, sem substitui-los”30 porque apesar dos avanços admitidos e das facilidades de acesso à Universidade, necessitamos “com urgência de uma visão de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à emergente comunidade mundial”.31. O acesso à Universidade, mais que obter uma vaga, é transformar pessoas em Mensageiras da Paz. REFERÊNCIAS BOFF, Leonardo. A opção terra: a solução para a terra não cai do céu. Rio de Janeiro: Record, 2009. 222 p. BOFF, Leonardo. Ethos Mundial: um consenso mínimo entre os seres humanos. Rio de Janeiro: Record, 2009. 127 p. BOFF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. 125 p. BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano, compaixão pela terra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. 199 p. COSTA, Marli M. da. O discurso no espaço local para a concretização da cidadania de crianças e jovens frente a exclusão social. In REIS, Jorge Renato; LEAL, Rogério Gesta (orgs). Direitos Sociais e Políticas Públicas: desafios contemporâneos. Santa Cruz do Sul, RS: EDUNISC, 2007. 386 p. CHAVES, Svendla. O desafio de manter-se atual. Revista Ensino Superior, ano 15, número 180, setembro de 2013. GREEN, Kenneth G; KHAN, Abdul Waheed. Revista Ensino Superior, ano 15, número 180, setembro de 2013. LESZCZYNSKI, Luciene. Todos ganham. Revista Ensino Superior, ano 14, número 162, Março de 2012. 28 BOFF, Leonardo. A opção terra: a solução para a terra não cai do céu. Rio de Janeiro: Record, 2009. p.171 29 BOFF, Leonardo. A opção terra: a solução para a terra não cai do céu. Rio de Janeiro: Record, 2009. p.171 30 BOFF, Leonardo. A opção terra: a solução para a terra não cai do céu. Rio de Janeiro: Record, 2009. p.171 31 BOFF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. p.112. 9 LUFT, Lya. Sem esforço, sem exemplo. Revista Veja, edição 2342, ano 46, número 41, 09 out. 2013. PEREIRA, Patricia. A certeza de um grande negócio. Revista Ensino Superior, ano 14, número 162, Março de 2012. SANTOS, Boaventura de Souza. O caminho do meio. Revista de Ensino Superior, ano 14, número 161, Fevereiro de 2012. STINGHEN, Caroline. 8,5 mil vagas em Joinville. Jornal A Notícia, edição 26.428, ano 90, 11 out. 2013. WEINBERG Monica: BUTTI, Nathália. Um clique do saber. Revista Veja, edição 2341, ano 46, número 40, 02 out. 2013.