Universidade Federal do Triângulo Mineiro ESTUDO HISTOMORFOMÉTRICO EM OSSOS DE RATAS JOVENS SUBMETIDAS À ATIVIDADE FÍSICA DE ALTO IMPACTO E ADMINISTRAÇÃO DE PROPRANOLOL Daniel Silva Gontijo Penha Uberaba, MG 2006 Daniel Silva Gontijo Penha Estudo histomorfométrico em ossos de ratas jovens submetidas à atividade física de alto impacto e administração de propranolol Tese apresentada ao Curso de Pós-graduação em Patologia – Área de Concentração Patologia Geral, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos dos Reis Co-orientador: Prof. Dr. Vicente de Paula Antunes Teixeira Uberaba – MG Dezembro, 2006 Este trabalho foi desenvolvido nos laboratórios das disciplinas de Fisiologia, Patologia Geral e Histologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e realizado graças ao apoio financeiro da Fundação de Ensino e Pesquisa de Uberaba (FUNEPU), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Sumário 1. Introdução..............................................................................02 2. Hipótese.................................................................................15 3. Objetivo..................................................................................17 4. Material e Métodos.................................................................19 5. Resultados.............................................................................25 6. Discussão...............................................................................31 7. Resumo..................................................................................36 8. Abstract..................................................................................39 9. Referências Bibliográficas......................................................42 10. Anexo.....................................................................................53 P457e Penha, Daniel Silva Gontijo. Estudo histomorfométrico em ossos de ratas jovens submetidas à atividade física de alto impacto e administração de propranolol / Daniel Silva Gontijo Penha. - - 2006. 65 f.: tab.; fig. + anexos. Tese - Doutorado em Patologia - Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba.. MG, 2006. Orientador: Luiz Carlos dos Reis 1. atividade física. 2. histomorfometria óssea. 3. ossos. 4. propranolol I. Título. II. Reis, Luiz Carlos dos. NLM - WE200 Introdução Ossos Apesar de sua aparência simples e estática, os ossos são estruturas complexas que estão em constante remodelação, desempenhando uma variedade de funções importantes: 1) proteção mecânica de tecidos e órgãos nobres; 2) suporte estrutural para o corpo; 3) atuação como sistema de alavancas, transformando as contrações musculares em movimentos úteis; 4) armazenamento de minerais, como cálcio e fósforo, liberando-os para a corrente sangüínea quando necessário; 5) alojamento da medula óssea, que possui função hematopoiética (DOBLARÉ; GARCIA; GÓMEZ, 2004). Classificação Um indivíduo adulto possui em seu esqueleto cerca de 206 ossos que podem ser classificados quanto à forma em seis categorias: 1) ossos longos, que apresentam comprimento consideravelmente maior que a largura e espessura; 2) ossos curtos, que possuem comprimento, largura e espessura relativamente equivalentes; 3) ossos laminares ou planos, que têm comprimento e largura equivalentes, predominando sobre a espessura; 4) ossos irregulares, cuja morfologia é complexa e não guarda relações com formas conhecidas; 5) ossos pneumáticos, que possuem cavidades revestidas de mucosa e que contém ar (sinus); 6) ossos sesamóides, geralmente pequenos e chatos, encontrados dentro de tendões (DÂNGELO; FATTINI, 2000). Estrutura Óssea Externamente, os ossos são recobertos por uma membrana de tecido conjuntivo denominada periósteo, que possui importante função na proteção, nutrição, crescimento diametral do osso, na recuperação após fratura e que funciona ainda como ponto de inserção de tendões e ligamentos. Internamente, os ossos também são recobertos por uma membrana, chamada de endósteo, que possui função importante na nutrição e remodelação óssea (DOBLARÉ; GARCIA; GÓMEZ, 2004). Um osso longo típico possui uma diáfise, duas metáfises e duas epífises. A diáfise corresponde ao corpo do osso e possui forma cilíndrica com uma cavidade que abriga a medula óssea em seu interior, chamada de canal medular. As epífises correspondem às extremidades ósseas e são recobertas de uma fina camada de cartilagem hialina, onde se articulam com outros ossos. As metáfises representam a zona de transição entre a diáfise e as epífises. Nos animais em crescimento, as metáfises possuem uma zona de aumento longitudinal do osso, chamada de epífise de crescimento ou disco epifisário (WEINER; WAGNER, 1998). Cartilagem Hialina A cartilagem hialina é o tipo mais abundante de cartilagem do corpo humano. No adulto, além de recobrir as superfícies articulares dos ossos longos, também pode ser encontrada em locais como traquéia, brônquios e parede das fossas nasais. Nos indivíduos em fase de crescimento, a cartilagem hialina forma os discos epifisários, responsáveis pelo crescimento longitudinal do osso longo. Além disso, também forma o esqueleto do embrião, que posteriormente é substituído por um esqueleto ósseo. A fresco, esse tipo de cartilagem possui um aspecto branco-azulado e translúcido. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). Tecido Ósseo Na verdade, o tecido ósseo, assim como também o tecido cartilaginoso, é uma subcategoria de tecido conjuntivo, com consistência rígida. Trata-se de um tipo especializado de tecido conjuntivo formado por células e material extracelular calcificado, a matriz óssea. Esta matriz, possui uma parte orgânica formada por fibras colágenas (95%) constituídas de colágeno tipo I e por pequena quantidade de proteoglicanas e glicoproteínas adesivas. Na parte inorgânica são encontrados principalmente os íons cálcio e fosfato, mas também há bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e citrato em pequenas quantidades. O cálcio e o fósforo formam cristais que possuem a estrutura da hidroxiapatita, com a seguinte composição: Ca10(PO4)6(OH)2 (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). A associação de colágeno com minerais é responsável pelas características mecânicas do osso, que permitem sua função. Tipos de Tecido Ósseo Os ossos possuem pequenos espaços entre seus componentes, não sendo, portanto, completamente maciços. Alguns desses espaços servem como canais para vasos sangüíneos enquanto outros são preenchidos por medula óssea. Dependendo do tamanho e da distribuição dos espaços, as regiões de um osso podem ser classificadas como osso compacto, também conhecido como cortical, ou osso esponjoso, também conhecido como trabecular (WEINER; WAGNER, 1998). Ao se observar a olho nu um osso seco serrado (Fig. 1), verifica-se a presença de regiões praticamente sem cavidades visíveis, compostas de osso compacto, e regiões com muitas cavidades intercomunicantes, compostas de osso esponjoso (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). As epífises dos ossos longos são formadas por osso esponjoso recoberto por uma fina camada de osso compacto. A diáfise é quase totalmente compacta, possuindo uma pequena quantidade de osso esponjoso em sua região mais profunda (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). Osso compacto Osso esponjoso Fig. 1. Corte de osso seco, evidenciando o osso compacto e esponjoso. Adaptado de Junqueira e Carneiro, 2004. Constituintes Celulares No tecido ósseo, podem ser encontrados quatro tipos celulares principais: 1) Células osteoprogenitoras ou pré-osteoblastos, que são derivadas do mesênquima e são as únicas células ósseas capazes de divisão, podendo posteriormente se diferenciar em osteoblastos. São encontradas na porção interna do periósteo, no endósteo e nos canais ósseos que contém vasos sanguíneos (SOMMERFELDT; RUBIN, 2001). 2) Osteoblastos, células responsáveis pela produção da parte orgânica da matriz, geralmente encontrados nas superfícies ósseas, formando um revestimento celular cuboidal em um arranjo que lembra um epitélio simples. Possuem aparelho de Golgi proeminente e citoplasma basófilo, rico em retículo endoplasmático, indicando alta capacidade de síntese protéica (HARADA; RODAN, 2003). 3) Osteócitos, que são células ósseas maduras originadas dos osteoblastos que ficaram aprisionados na matriz. Possuem forma achatada e ficam situados no interior de lacunas das quais partem canalículos. Dentro dos canalículos os prolongamentos dos osteócitos estabelecem contatos através de junções comunicantes, por onde podem passar pequenas moléculas de um osteócito para outro. Possuem pequena quantidade de retículo endoplasmático e aparelho de Golgi pequeno. Embora possuam pequena capacidade sintética, são essenciais para a manutenção da matriz. Através de seus canalículos os osteócitos permanecem conectados à superfície via prolongamentos celulares, permitindo transferência de cálcio (TATE et al., 2004). 4) Osteoclastos, células móveis, gigantes, multinucleadas, originadas da fusão de monócitos do sangue, que, possuem grande número de mitocôndrias e lisossomos. São capazes de produzir ácidos que solubilizam o cálcio e enzimas proteolíticas que digerem a matriz óssea, sendo portanto importantes no processo de reabsorção durante a remodelação óssea (ROODMAN, 1999). Osteogênese Existem dois tipos de processo de ossificação responsáveis pela formação de todos os ossos do corpo: 1) ossificação intramembranosa e, 2) ossificação endocondral. A ossificação intramembranosa é aquela que ocorre no interior de uma membrana conjuntiva formada por células mesenquimais condensadas e se caracteriza pela ausência de um molde cartilaginoso. É responsável pela formação de ossos como escápula, esterno e ossos planos do crânio. É importante também para o crescimento em espessura dos ossos longos. A ossificação endocondral se caracteriza pela presença de um molde cartilaginoso para o osso em desenvolvimento. É o tipo principal de ossificação responsável pela formação dos ossos curtos e longos (SOMMERFELDT; RUBIN, 2001). Remodelação Óssea O processo de remodelação do tecido ósseo envolve uma constante transformação influenciada por fatores diferentes como hormônios ou solicitação mecânica. O processo de adaptação microestrutural é conhecido como remodelação óssea e pode ser dividido em remodelação interna, quando ocorre uma mudança na distribuição dos componentes da matriz, ou remodelação externa, quando ocorrem mudanças na geometria externa (DOBLARÉ; GARCIA, 2002). Wolff, em 1892, foi quem primeiro propôs o conceito “a forma segue a função”, no que se refere ao tecido ósseo (apud TURNER, 1998). Segundo a lei descrita por Wolff, as características geométricas dos ossos e a distribuição de seus componentes são influenciadas pela magnitude e direção dos estresses funcionais. Mais de um século depois, os parâmetros e influências endógenas e exógenas aos quais o processo de remodelamento responde, ainda não estão detalhadamente descritos. De qualquer forma, a lei de Wolff se exterioriza pelas ações dos osteoclastos e osteoblastos, que estão continuamente remodelando a matriz óssea (TURNER, 1998). O fenômeno de remodelação é um processo contínuo que compreende dois mecanismos sucessivos: primeiramente ocorre a reabsorção, feita pelos osteoclastos, e em seguida a formação óssea, realizada pelos osteoblastos. Durante o período de crescimento, enquanto o esqueleto aumenta de tamanho, predomina a formação óssea. No indivíduo adulto jovem, o organismo atinge um equilíbrio entre a quantidade de osso reabsorvido pelos osteoclastos e a quantidade de osso formado pelos osteoblastos. Em torno da terceira década de vida, é comum ter início o predomínio da reabsorção, que reduz progressivamente a massa óssea (SEEMAN, 2003). O ciclo reabsorçãoformação ocorre de forma difusa e simultânea em diferentes focos do esqueleto, através de pequenos conjuntos de células denominados basic multicellular units ou unidades multicelulares básicas (FROST, 1991). A cada momento cerca de 20% da superfície óssea total está sofrendo remodelação (HILL; ORTH, 1998). O processo de reabsorção depende da diferenciação e ativação dos osteoclastos. Neste processo estão envolvidos mediadores como a citocina RANKL (receptor activator of nuclear factor Kappa B ligand) e o polipeptídio CFS-1 (colony stimulating factor-1) (YASUDA et al., 1998; LACEY et al., 1998). Juntos, o CFS-1 e a RANKL são suficientes para induzir a expressão de genes característicos da linhagem osteoclástica, como os que codificam a TRAP (tartrate-resistant acid phosphatase) e a CATK (catepsin K). Os préosteoclastos que são recrutados pela ação do CFS-1 e da RANKL se aderem ao osso e passam por citodiferenciação para se tornarem osteoclastos maduros. A RANKL estimula a ativação dos osteoclastos, induzindo a secreção de prótons e enzimas líticas na zona de reabsorção, entre a superfície basal do osteoclasto e o osso. Esta região é chamada de lacuna de Howship e consiste de um vacúolo de reabsorção hermeticamente selado onde os osteoclastos ativados depositam sua secreção ácida. A acidificação deste compartimento leva à ativação da TRAP e CATK, que são as principais enzimas responsáveis pela degradação da matriz mineral e orgânica (LI et al.,1999). O processo de reabsorção óssea é bem mais rápido que o de formação. A quantidade de osso reabsorvida em um período de três semanas leva aproximadamente três meses para ser novamente formada. Após o período de reabsorção, os osteoblastos depositam o material orgânico chamado de osteóide, que será posteriormente mineralizado (HILL; ORTH, 1998). Muitos fatores contribuem para o acoplamento entre a reabsorção e a formação (FROST, 2001). Entre estes podem ser incluídos os fatores estimuladores de formação óssea liberados durante a reabsorção, como os fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF-I e II) e o fator de crescimento transformante beta (TGF- beta). Outros fatores como o paratormônio (PTH), prostaglandina classe E (PGE), fator de crescimento fibroblástico (FGF) e também TGF-beta e RANKL, têm sido associados com a estimulação tanto da reabsorção como da formação óssea (HARADA; RODAN, 2003). Mecanotransdução Fatores mecânicos também estão envolvidos com a modulação da atividade dos osteoclastos e osteoblastos, estimulando ou inibindo sua atividade de acordo com a demanda (PAVALKO et al., 2003). O mecanismo de remodelação depende da percepção da demanda funcional. A principal célula responsável pela detecção da tensão mecânica é possivelmente o osteócito. O princípio da mecanotransdução, ou da tradução do estímulo mecânico pelas células ósseas, envolve principalmente o fluxo do fluido extracelular através do sistema lacuno-canalicular (TATE, 2004). Quando um osso é submetido à sobrecarga mecânica, a deformação do tecido provoca movimento do líquido intersticial pelo sistema lacunocanalicular, que é monitorado pelos osteócitos. Ao contrário dos osteoblastos que são móveis, os osteócitos estão aprisionados na matriz e mantém contato com células adjacentes através de seus prolongamentos. Por meio destes prolongamentos, os osteócitos se comunicam com osteoblastos e outros osteócitos, formando uma complexa rede de informação que se assemelha com uma rede neuronal (KAMIOKA et al., 2001). Dessa forma, a informação referente à deformação mecânica detectada pelo osteócito é repassada aos osteoblastos, que por sua vez aumentam sua proliferação e síntese dos constituintes orgânicos da matriz (RAUCH; SCHOENAU, 2001). Atividade física de alto impacto A eficácia de determinado exercício em estimular a formação óssea parece depender de 3 fatores: 1) dinamismo da atividade; 2) estímulos de curta duração e alta intensidade; 3) estímulos intervalados. (TURNER, 1998) Dentre as atividades que promovem a formação óssea, a atividade de alto impacto parece ser a mais eficaz, sendo a modalidade que mais se adapta aos 3 fatores supracitados (TURNER, 1998; NOTOMI et al., 2000). As atividades de alto impacto, como os saltos, possuem características importantes. Essas atividades possuem um componente inicial de aceleração provocado pela contração muscular vigorosa, que cria uma forte tensão sobre os ossos, e um outro componente final, onde participam a desaceleração e absorção de impacto, criando um segundo mecanismo gerador de forte tensão (NAGASAWA; UEMURA, 2002). Leptina Estudos recentes indicam uma influência catabólica sistema nervoso simpático sobre a massa óssea, através de receptores beta2-adrenérgicos presentes nos osteoblastos (TAKEDA et. al., 2002, FLIER, 2002; ELMQUIST; STREWLER, 2005). A via envolve a liberação de leptina, pelos adipócitos, que através do hipotálamo ativa o simpático e provoca a liberação de noradrenalina, que ao se ligar aos receptores beta2 provoca diminuição da massa óssea, ao diminuir a atividade dos osteoblastos (FLIER, 2002). Propranolol Os antagonistas dos receptores beta-adrenérgicos foram inicialmente descritos em 1958, uma década após Ahlquist ter postulado a existência dos receptores beta-adrenérgicos. O primeiro composto descoberto foi um agonista parcial chamado de dicloroisoprenalina, que um derivado da isoprenalina. Novos desenvolvimentos conduziram à descoberta do propranolol, um antagonista poderoso, com efeito bloqueador equivalente sobre receptores beta1 e beta2, primeiramente identificado por James Black, em 1962 (AHLQUIST, 1948; POWEL; SLATER, 1958; BLACK, 1962; STAPLETON, 1997). Ao bloquear os receptores beta2, o propranolol parece exercer atividade osteogênica (TAKEDA, 2002). Os dados relativos aos efeitos do propranolol sobre os ossos ainda são escassos, havendo a necessidade de novos estudos sobre seus efeitos em ossos. Apesar de existirem dados na literatura que comprovem a eficácia da atividade física para aumentar a massa óssea e também surgirem novas informações sobre a ação do propranolol sobre os ossos, não existem na literatura dados que comparem as duas formas de estímulo potencialmente osteogênico, ou que indiquem uma possibilidade de prevenção da osteoporose através destes recursos, ao proporcionar maior pico de massa óssea em fêmeas jovens. Hipótese Visto que a osteoporose é um processo patológico com grande prevalência em indivíduos do sexo feminino, que maiores picos de massa óssea durante a juventude podem ser importantes na prevenção da doença e que existem condições onde a prática de exercícios não é possível, formulamos o nosso trabalho partindo da suposição de que a administração de propranolol pode minimizar a falta de atividade física em ratas jovens. Objetivo Considerando o efeito da atividade física e da administração de propranolol na indução da formação óssea, e ainda que a obtenção de um maior pico de massa óssea durante a juventude pode impedir a perda funcional com o passar dos anos, realizamos o seguinte estudo com o objetivo de avaliar as características histomorfométricas de ossos de ratas jovens submetidas à atividade física de alto impacto e administração de propranolol. Material e métodos Animais Foram utilizadas vinte e uma ratas jovens da linhagem Wistar (Fig. 2), provenientes do biotério da disciplina de Fisiologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Os animais possuíam idade inicial de 40 dias e foram separados por sorteio em três grupos experimentais (E, P e C), com 7 animais cada. O grupo E foi submetido ao protocolo de exercícios de alto impacto, 5 dias por semana, durante 8 semanas. Cada sessão de exercícios consistia em 20 saltos de uma altura pré-determinada (40 cm) e já descrita na literatura (NAGASAWA; UMEMURA, 2002; HONDA et al., 2003). O grupo P foi submetido ao tratamento com propranolol diluído na água de beber em uma concentração de 0,5 g/l (LEVASSEUR et al., 2003), por um período de 8 semanas, sendo que todos os animais deste grupo tinham livre acesso à água. Os animais do grupo C, ou grupo controle, não foram tratados com propranolol nem submetidos aos exercícios. Todos os animais foram mantidos no biotério de origem, com temperatura mantida entre 20 e 23º C, umidade entre 40 e 70% e sob ciclo claro-escuro 12h/12h Fig. 2. Rata Wistar. Coleta do material A coleta dos ossos (fêmures e tíbias) foi realizada 8 semanas após o início do protocolo. Para a coleta do material ósseo os animais foram sacrificados pela exposição a ambiente contendo éter anestésico, permanecendo neste ambiente até que não fossem mais verificados movimentos respiratórios. Após a retirada do frasco com vapor anestésico, realizava-se a confirmação da ausência de batimentos cardíacos, sendo os animais então pesados. Com auxílio do bisturi e tesouras era realizada incisão na pata traseira dos animais, seguida de cuidadosa exposição da tíbia e do fêmur pela desinserção e afastamento da musculatura e demais tecidos, até o completo isolamento dos ossos (Fig. 3). Os ossos foram então desarticulados e retirados, sendo colocados em frasco com solução de formol a 10%, tamponado. Cada frasco recebeu um código numérico para identificação. Fig. 3. Coleta dos ossos. A: incisão na pata traseira dos animais; Fig. B: exposição da tíbia; Fig. C: exposição do fêmur; Fig. D: ossos desarticulados e limpos. Posteriormente, os fêmures foram seccionados transversalmente no terço proximal e os fragmentos proximais foram mergulhados em líquido Bouin por sete dias para fixação e descalcificação. Depois de fixados, os fragmentos proximais retirados foram desidratados em álcool com concentração crescente de 70% a 100%, permanecendo no mínimo 2 horas em cada concentração. Após a desidratação, os materiais foram diafanizados por pelo menos 2 horas em xilol, incluídos em parafina quente (60ºC por 60 minutos), e em seguida foram confeccionados os blocos. A microtomia foi realizada para a obtenção de cortes de 5 μm de espessura. Os fragmentos foram capturados em lâminas de vidro com polilisina e então processados para a análise. Foram utilizadas as seguintes colorações: Hematoxilina-Eosina, Tricrômico de Masson Azul e Picro-sírius. Equipamento para histomorfometria As medidas foram realizadas utilizando-se uma câmara de vídeo acoplada a microscópio de luz comum que envia as imagens do microscópio a um sistema analisador de imagens interativo (KS 300 Zeiss® , Kontron, Germany). Esse sistema é constituído basicamente por: um microscópio de luz acoplado a uma câmara de vídeo colorida, um monitor de vídeo de alta definição e uma unidade de processamento, com uma placa capturadora de vídeo (Figura 4). A câmara de vídeo acoplada a microscópio de luz comum envia as imagens do microscópio a um sistema analisador de imagens interativo. Fig. 4 Equipamento utilizado no estudo histomorfométrico. Estudo histomorfométrico De cada um dos 3 grupos (E,P e C) foram selecionadas 3 regiões para análise dos fêmures esquerdos dos animais. A primeira região analisada foi a cabeça do fêmur (CF), onde foi medida a espessura da cartilagem articular em 10 pontos eqüidistantes (Fig. 5A). A segunda região estudada foi a tábua óssea externa ou lateral (TE), onde foram coletadas as medidas de espessura em 10 pontos eqüidistantes (Fig.5B). A terceira região estudada foi a tábua óssea interna ou medial (TI), onde também foram coletadas medidas de espessura em 10 pontos eqüidistantes (Fig.5C). Para todas as medidas as imagens foram capturadas com o menor aumento (objetiva 4x). A B C Fig. 5. Exemplo de imagens utilizadas no estudo histomorfométrico (objetiva 4x). Em A – Cabeça do fêmur; B – tábua externa; C – tábua interna. Análise estatística: Para a análise estatística foi elaborada uma planilha eletrônica. As informações foram analisadas através do programa eletrônico Sigma Stat ®, versão 2.0. Em seguida, as variáveis normais, homocedásticas, foram analisadas utilizando-se testes paramétricos, na comparação entre dois grupos, o teste "t" de Student; e na comparação entre três ou mais grupos a análise de variância (ANOVA). Quando a distribuição não foi normal, utilizamos testes não paramétricos: na comparação entre dois grupos, o teste de Mann-Whitney, e na comparação entre três ou mais grupos o teste de Kruskal-Wallis, geralmente empregado para testar diferentes amostras provenientes da mesma população ou de populações idênticas. Para verificar se um grupo apresentava diferenças de outros grupos utilizamos o pós-teste de Tukey para comparação múltipla. Foram consideradas estatisticamente significantes as diferenças em que p foi menor que 5% (p<0,05). Resultados Os valores correspondentes aos resultados das análises histomorfométricas dos fêmures estão apresentados nas tabelas adiante e correspondem à mediana e valores máximo e mínimo de cada grupo. Já os valores dos pesos corporais dos animais estão representados como média e desvio padrão, pois apresentaram distribuição normal. As unidades utilizadas para expressar os valores foram unidades do sistema internacional de medidas. Peso Corporal Os animais foram pesados antes do início do protocolo e logo após serem sacrificados para coleta dos ossos. Antes do início do protocolo, os pesos não apresentaram diferenças significativas entre os grupos. Após o término do protocolo, o grupo propranolol apresentou peso corporal significativamente menor em relação aos outros grupos. As médias ± desvios padrões das médias dos pesos dos animais dos grupos controle e experimentais estão apresentadas nas tabelas abaixo. Grupo Média DP EX 122 7,69 PROP 126 8,14 CTR 126 8,48 Tabela 1. Peso corporal (em gramas) dos animais antes do início do protocolo experimental. Valores correspondentes à média e desvio padrão. Grupo Média DP EX 246 12,1 PROP 226,3 * 13,4 CTR 245 8,9 Tabela 2. Peso dos animais ao término do protocolo. *: diferente em relação ao controle (p<0,05). Valores correspondentes à média e desvio padrão. corporal (em gramas) Morfometria Cartilagem da cabeça femoral Os valores obtidos na morfometria se encontram representados por mediana, valor máximo e mínimo. Em cada amostra, foram coletados valores em 10 pontos eqüidistantes. Os valores máximo e mínimo nas amostras são geralmente bem diferentes em função da espessura variável da cartilagem, que anatomicamente é mais espessa no ponto superior da cabeça femoral e mais delgada nas regiões inferiores. Foram observadas diferenças significativas entre a espessura da cartilagem do grupo exercício em relação ao controle, mas não houve diferença estatística entre o grupo propranolol e controle ou entre o grupo exercício e propranolol, pois o grupo propranolol obteve valores intermediários, em média maiores que o controle e menores que o exercício, mas não suficientemente altos para permitir diferença em relação ao controle, ou suficientemente baixos para apresentar diferença em relação ao exercício. Grupo Mediana Vmin Vmax EX* 0,633 0,232 1,12 PROP 0,645 0,203 0,830 CTR 0,481 0,194 0,938 Tabela 3. Espessura (em milímetros) da cartilagem articular da cabeça do fêmur. *: diferente em relação ao controle (p<0,05). Tábua óssea externa Os valores obtidos na morfometria se encontram representados por mediana, valor máximo e mínimo. Em cada amostra, foram coletados valores em 10 pontos eqüidistantes. Os valores encontrados no grupo exercício são significativamente maiores em relação ao grupo propranolol e controle. Ao se comparar o grupo propranolol e controle, também foi observada espessura significativamente maior no grupo propranolol. GRUPO Mediana Vmin Vmax EX # * 0,652 0,492 0,804 PROP* 0,544 0,416 0,724 CTR 0,455 0,278 0,686 Tabela 4. Espessura (em milímetros) da tábua óssea externa do fêmur. *: diferente em relação ao controle (p<0,05). #: diferente em relação ao propranolol (p<0,05). Tábua óssea interna Os valores obtidos na morfometria se encontram representados por mediana, valor máximo e mínimo. Em cada amostra, foram coletados valores em 10 pontos eqüidistantes. Os valores encontrados no grupo exercício são significativamente maiores em relação ao grupo controle. Os valores do grupo propranolol também são significativamente maiores em relação ao controle. Não houve diferença entre os valores encontrados no grupo exercício em relação ao grupo propranolol. GRUPO Mediana Vmin Vmax EX* 0,810 0,578 1,014 PROP* 0,737 0,512 0,955 CTR 0,515 0,371 0,726 Tabela 5. Espessura (em milímetros) da tábua óssea interna do fêmur. *: diferente em relação ao controle (p<0,05). Discussão Para que os ossos cumpram sua função estrutural de forma eficaz, a arquitetura óssea é continuamente remodelada. O processo de remodelação óssea envolve a participação das células ósseas que provocam alterações na distribuição dos constituintes da matriz e causam modificações na sua geometria. Esse processo que provoca alterações da microestrutura e da macroestrutura é contínuo e sofre influência de fatores como a sobrecarga mecânica, ação de substâncias endógenas ou de fármacos, como o propranolol. O incrível efeito da sobrecarga mecânica sobre a arquitetura óssea se tornou muito conhecido, sendo inicialmente postulado por Wolf em 1892 (apud TURNER, 1998), com o conceito “forma segue função” que afirmava que as características geométricas dos ossos e a distribuição de seus componentes são influenciadas pela intensidade e direção dos estresses funcionais. Entretanto, os mecanismos envolvidos na mecanotransdução, ou seja, na tradução do sinal mecânico para que seja efetivada a adaptação, ainda estão sob investigação, assim como a influência de outras vias para a adaptação funcional ou patológica dos ossos. Como o processo de remodelação óssea depende da ação das células ósseas, é possível afirmar que a detecção do estímulo dependa de uma das células ósseas, ou de células adjacentes que forneçam sinais químicos para a reabsorção e formação ósseas. No caso da mecanotransdução, existem vários pesquisadores que afirmam que o osteócito é a principal célula responsável pela detecção dos estímulos mecânicos e que podem ser consideradas células “mecanossensitivas” (MIKUNI-TAKAGAKI, 1999; SIKAVITSAS et al., 2001; KLEIN-NULEND et al., 2005). Mas este fato não explica a resposta da cartilagem articular. Dados mais recentes indicam que os condrócitos também são capazes de perceber os estímulos mecânicos e responder com proliferação e aumento da matriz extracelular (DESCHNER et al., 2003). Em nosso estudo, pudemos verificar tanto a resposta do osso quanto da cartilagem ao estímulo mecânico. Na cartilagem, os condrócitos provavelmente percebem os sinais gerados durante a sobrecarga mecânica e provocam a adaptação necessária, desde que a intensidade não seja exagerada e cause lesão, ou desde que não haja uma lesão prévia (DESCHNER et al., 2003). O aumento da espessura da tábua óssea no grupo submetido à atividade física de alto impacto está de acordo com dados da literatura (BASSEI; RAMSDALE, 1994; HEINONEN et al., 1999; FUCHS; SNOW, 2002). A formação óssea possivelmente está relacionada com a maior tensão criada durante o exercício (JUDEX; ZERNICKE, 2000). Durante o impacto, o fêmur fica submetido a uma força de flexão, que cria na tábua interna uma tensão de compressão com tendência à aproximação das duas extremidades, enquanto na tábua externa, uma tensão de tração é criada, com tendência ao distanciamento das duas extremidades ósseas (SRINIVASAN ; GROSS, 1999). Ambas as tensões geram uma deformação temporária na matriz óssea, que desencadeia a mecanotransdução, principalmente pela sensibilidade dos osteócitos à movimentação do fluido intersticial através da rede lacunocanalicular e pela abertura de canais iônicos mecano-dependentes, permitindo um influxo de cálcio (IQBAL; ZAIDI, 2005; KLEIN-NULEND et al., 2005). Os osteócitos estão posicionados na matriz de forma a manter gap junctions com os osteoblastos vizinhos e outros osteócitos, através de seus prolongamentos. Através dessa rede de comunicação, os osteoblastos são estimulados a aumentar a proliferação e síntese de osteóide (EHRLICH; LANYON, 2002). Assim como o estímulo mecânico é capaz de aumentar a massa óssea, a ausência de tais estímulos pode reduzir a massa. Um importante exemplo é o dos indivíduos submetidos à imobilização prolongada de um membro ou segmento corporal. A massa óssea diminui drasticamente com o passar do tempo, fato que pode ser agravado pela idade avançada. No caso de viagens espaciais, microgravidade também se torna um problema para o esqueleto. A falta da sobrecarga mecânica no esqueleto dos astronautas leva a um predomínio da reabsorção óssea, causando osteopenia e osteoporose (VICO et al., 2000) Nos últimos anos, o propranolol tem sido muito estudado por seus efeitos sobre os ossos, principalmente pela possibilidade de ser usado para minimizar os efeitos da imobilidade ou da microgravidade. Existem estudos que afirmam não terem sido encontradas evidências de que o propranolol estimule a formação óssea (REID et al. 2005), mas tais estudos geralmente foram realizados em indivíduos em condições patológicas como deficiência hormonal pós-menopausa. Outros pesquisadores indicam que os agonistas-beta aumentam a reabsorção e os beta-bloqueadores promovem formação óssea (TAKEDA, 2005). Os osteoblastos possuem receptores beta2, que quando ativados reduzem a massa óssea através da diminuição do número e da atividade destas células (TAKEDA, 2002). Em nosso estudo, procuramos efeitos benéficos do propranolol sobre a cartilagem e sobre a massa óssea e comparamos com a ação já bem conhecida da atividade de alto impacto. Segundo nossos resultados, ação do propranolol na dose administrada tem efeito osteogênico menor que a ação mecânica, mas demonstra ótimas perspectivas como um mecanismo para aumentar preventivamente a massa óssea ou minimizar a perda, evitando doenças como a osteoporose ou reduzindo o risco de fraturas. Além disso, o propranolol foi capaz de aumentar a massa óssea sem aumentar o peso corporal. Na verdade, o peso corporal médio dos animais submetidos à administração de propranolol foi significativamente menor que o peso médio dos animais dos outros grupos. A decisão de utilizarmos ratas jovens em nosso estudo, envolve, por um lado, o fato de que quanto maior o pico de massa óssea, menor o risco de osteoporose. Para isso é importante o estímulo durante a juventude. Por outro lado, envolve o fato da osteoporose ser mais prevalente em indivíduos do sexo feminino, tanto pela menor massa óssea quanto pelas alterações hormonais pós-menopausa. Ao demonstrar que o propranolol é capaz de aumentar a massa óssea em animais jovens do sexo feminino, contribuímos para a investigação de novas perspectivas para prevenção da osteoporose em uma população mundial com expectativa de vida cada vez maior. Resumo Introdução: o aumento da expectativa de vida resultou no aumento da incidência das doenças relacionadas ao envelhecimento. A osteoporose é uma dessas doenças, sendo necessária a busca de novas estratégias para sua prevenção e tratamento. Estudos recentes sugerem que o propranolol seria um fármaco capaz de induzir aumento da massa óssea. Objetivo: o presente estudo tem como o objetivo avaliar as características histomorfométricas de ossos de ratas jovens submetidas à atividade física de alto impacto, já reconhecida por sua propriedade osteogênica, com a administração de propranolol. Material e métodos: foram utilizadas vinte e uma ratas jovens da linhagem Wistar, com idade inicial de 40 dias, separadas por sorteio em três grupos experimentais (E, P e C) com sete animais cada. O grupo E foi submetido ao protocolo de exercícios de alto impacto, cinco dias por semana, durante oito semanas. O grupo P foi submetido ao tratamento com propranolol diluído na água de beber, por um período de oito semanas. Os animais do grupo C, ou controle, não foram submetidos aos exercícios nem tratados com propranolol. Após o protocolo, os fêmures foram coletados e preparados para análise histomorfométrica. Resultados e discussão: os animais do grupo E apresentaram maior espessura da tábua óssea, quando comparados aos outros dois grupos. No entanto, os animais submetidos à administração de propranolol também apresentaram maior espessura da tábua óssea, em relação ao controle, indicando efeito osteogênico do fármaco (p<0,05). Os dados encontrados sugerem que o propranolol é capaz de aumentar a massa óssea em animais jovens do sexo feminino, criando perspectivas favoráveis para a prevenção da osteoporose em uma população com expectativa de vida cada vez maior. Palavras-chave: atividade física, histomorfometria óssea, fisiologia óssea, propranolol. Abstract Introduction: the higher life expectancy in population naturally brings the augmentation of ageing-related diseases, such as osteoporosis, which justifies a more intense search for prevention and treatment strategies. Recent studies suggest that propranolol would be a beta-blocker capable of stimulating the increase of bone mass. Aim: this study aims to evaluate the histomorphometrical characteristics of bones in young female rats that have been submitted to high-impact physical activity, already known by its osteogenic property, under the administration of propranolol. Material and methods: twenty-one female rats from the Wistar lineage, initially ageing forty days, have been used. They have been randomly separated in three experimental groups (E, P and C) of seven animals each. Group E was submitted to the protocol of high-impact exercise, five days a week, during eight weeks. Group P was submitted to propranolol diluted in drink water, also during eight weeks. Group C, the control group, has not been treated with propranolol or exercises. The femurs were afterwards collected for histomorphometrical analysis. Results and discussion: the animals of group E presented higher bone plates thickness than the other two groups. However, propranolol-treated rats also presented thicker bone plates than the control group, which indicates osteogenic effect of the drug (p<0.05). Collected data suggest that propranolol is capable of expanding the osseous mass in young female animals, creating favorable perspectives on the prevention of osteoporosis for the ageing mankind. Key-words: physical activity, bone histomorphometry, bone physiology, propranolol. Referências Bibliográficas ABNT – (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR6023. Informação e documentação – referências – elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. 24p. AHLQUIST, R. P. A study of the adrenotropic receptors. Am. J. Physiol., v. 153, p. 586-600, 1948. BASSEY, E. J.; RAMSDALE, S. J. Increase in femoral bone density in young women following high impact exercise. Osteoporos. Int., v. 4, p. 72-75, 1994. BLACK, J. W., STEPHENSON, J. S. Pharmacology of a new adrenergic betareceptor-blocking compound (Nethalide). Lancet, v. 18, n. 2, p. 311–314, 1962. 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