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CAPÍTULO 3 – INSTALAÇÃO DAS
GEOMEMBRANAS POLIMANTA®
1. Introdução
Este capítulo tem por objetivo informar e recomendar os procedimentos corretos a serem
adotados na instalação da POLIMANTA®, não se tratando, portanto de critérios de projeto ou
de especificação de instalação. No entanto, é importante salientar que, quando a instalação
não for executada adequadamente, a impermeabilização com a POLIMANTA® não será
estanque e, portanto, não cumprirá a finalidade a que se destina, funcionar como uma
barreira protetora. Neste sentido, a IGSBR GM 01/03 – Instalação de Geomembranas
Termoplásticas em Obras Geotécnicas e de Saneamento Ambiental – Recomendações para
Projeto da IGS Brasil Associação Brasileira de Geossintéticos deverá ser tomada como
referência, quanto aos procedimentos corretos, que devem ser adotados na instalação.
2. Preparação das Superfícies que receberão a POLIMANTA®
2.1. Superfície de Apoio
• A superfície deverá ser preparada imediatamente antes da colocação da geomembrana,
de acordo com o projeto executivo, para evitar a sua deterioração causada por chuva,
vento, perda de umidade e tráfego local.
• A superfície a ser revestida deverá estar lisa e livre de objetos pontiagudos, de pedras,
de material orgânico, madeira e quaisquer outros que possam danificar a
geomembrana.
• Quando o sistema de revestimento inclui argila compactada, a superfície desta camada
não deverá ter mudanças abruptas no seu nivelamento e nem conter materiais
pontiagudos.
• Pedras com diâmetro maior que 9,52 mm não deverão ser permitidas nos últimos 15
cm do solo de apoio da geomembrana.
• Todas as superfícies deverão ser cuidadosamente inspecionadas imediatamente antes
de serem revestidas, para verificar se as recomendações acima foram seguidas.
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Compactação da superfície de apoio da geomembrana
2.2. Canaleta de Ancoragem
A canaleta de ancoragem deverá ser escavada imediatamente antes da colocação da
geomembrana, para evitar danos ocasionados pela chuva, ressecamento com trincas e
abatimento das suas laterais.
A canaleta de ancoragem deverá ser escavada de acordo com as dimensões previstas no
projeto, as quais são calculadas em função da inclinação e altura do talude.
No caso de solos rijos e duros, a canaleta deverá ter as bordas levemente arredondadas,
para evitar danos a geomembrana. Um geotêxtil nãotecido agulhado de gramatura
elevada, também poderá ser utilizado sob a geomembrana, como proteção, conforme
recomendação da UNE 104424.
O reaterro da canaleta de ancoragem deverá ser executado cuidadosamente, para evitar
danos a geomembrana.
≥60cm
≥ 30 cm
POLIMANTA®
≥ 30 cm
reaterro
Dimensões mínimas da canaleta de ancoragem
(IGSBR GM 01/03)
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10 cm
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Canaleta de ancoragem já escavada
3. Conexão da POLIMANTA® a Estruturas de Concreto
A conexão com estruturas de concreto é realizada através do perfil de PEAD, “Engelock”
fabricado pela Engepol, o qual é colocado na forma antes da concretagem, para que fique
solidarizado à estrutura. A POLIMANTA® é soldada ao perfil através de solda por extrusão,
figura abaixo. Pode-se também, conectar a POLIMANTA® à estrutura por meio de perfis
metálicos fixados externamente através de parafusos, como mostram as figuras a seguir.
Fixação da POLIMANTA® em estruturas de concreto através do “Engelock”
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Fixação da POLIMANTA® em paredes de concreto através de perfis metálicos (IGSBR GM 01/03)
Fixação da POLIMANTA® em base de concreto
(IGSBR GM 01/03)
4. Interferências
As interferências com tubos, caixas de entrada e saída e outras superfícies deverão ser
executadas de acordo com os detalhes do projeto. Nas figuras abaixo são mostrados
exemplos de conexões de tubo com a POLIMANTA®.
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Exemplo de conexão de tubo com a POLIMANTA®
(IGSBR GM 01/03)
Exemplo de conexão de tubo em parede com a POLIMANTA®
(IGSBR GM 01/03)
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Conexão de tubo com a POLIMANTA® na obra (IMPORTANTE COLOCAR ABRAÇADEIRA PARA
GARANTIR A ESTANQUEIDADE)
5. Colocação da POLIMANTA®
Imediatamente antes da colocação da geomembrana a superfície de apoio deverá estar
preparada de acordo com as recomendações do item 2.1.
5.1. Identificação dos painéis
Durante a colocação da geomembrana deverão ser registrados o número, a localização e
a data de colocação de cada painel (um painel é uma bobina aberta), dados estes
deverão constar do “as built” elaborado diariamente pelo instalador.
5.2. Colocação dos painéis:
• Os painéis deverão ser colocados de acordo o seu número e posicionamento indicados
na modulação do projeto executivo, e a seqüência destes números deverá ser anotada
na planilha de colocação da POLIMANTA®.
• A geomembrana deverá ser colocada verticalmente, no sentido da inclinação do
talude.
• A geomembrana deverá ser colocada de forma que fique com o mínimo possível de
rugas e ondulações, mas com folga mínima, para que não fique tensionada ao dilatar
e contrair.
• A geomembrana deverá ser ancorada temporariamente com sacos de areia ou terra,
pneus ou outro elemento que não cause danos a mesma, a fim de se obter sua boa
conformação à superfície, ao longo das bordas e cantos dos painéis antes da
ancoragem, e para evitar o seu levantamento pelo vento.
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• Se for inevitável o tráfego de veículos sobre a geomembrana após a sua colocação,
deverá haver uma boa proteção mecânica com geotêxtil, com uma geomembrana de
“sacrifício” ou com uma camada de solo, de forma que o veículo circule sobre a
camada de proteção e não cause danos a geomembrana.
Ancoragem “temporária” com sacos de terra
5.3. Exemplos de modulação dos painéis da geomembrana em intercecção de
taludes, citados na IGSBR GM 01/03.
• Talude com comprimento > 15 m, no sentido do seu caimento, é considerado
talude comprido.
• Talude pequeno: comprimento ≤ 15 m, no sentido do seu caimento.
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6. Emendas
6.1. As soldas deverão ser feitas verticalmente na direção da inclinação do talude.
6.2. Nos cantos e locais de geometria irregular o número de soldas deverá ser minimizado.
6.3. Recomenda-se que não sejam realizadas soldas horizontais a uma distância inferior a
1,50 m do pé do talude, no fundo, ou em áreas de grande concentração de tensões.
6.4. Os trespasses entre os painéis deverão ser de 10 cm nas soldas por termo-fusão e
7,5 cm nas soldas por extrusão.
6.5. Os trespasses deverão estar secos e limpos imediatamente antes da realização das
soldas.
6.6. Testes para verificação das soldas:
• Deverão ser realizados testes para verificação do equipamento de solda e do
desempenho do soldador. Esta verificação deverá ser feita no início de cada turno de
trabalho (início do dia, meio do dia ou qualquer hora em que o equipamento tenha
permanecido desligado por um tempo tal, que tenha esfriado) para cada equipamento
de solda utilizado.
As soldas testes deverão ser realizadas sob as mesmas condições das soldas que serão
executadas nos painéis da geomembrana colocada.
• As amostras para os testes de verificação de soldas deverão ser de 1m de comprimento
por 0,30 m de largura, com a solda centrada ao longo do comprimento.
• Das amostras extraídas deverão ser retirados cinco corpos de prova com 2,5 cm de
largura por 30 cm de comprimento, para serem testados ao cisalhamento e ao
descolamento no tensiômetro de obra ou enviadas para um laboratório independente.
Estes corpos de prova não deverão romper na solda. Se um corpo de prova romper, os
ensaios deverão ser repetidos para mais cinco corpos de prova e, o soldador e
equipamento somente deverão ser aprovados quando todos os corpos de prova
romperem fora da solda e de acordo com as recomendações e valores de resistências
estipulados nas normas ASTM D 6392 e GM 19 (GRI) e o método de ensaio da
ASTM D 6693.
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• Em caso de “bocas de peixe” ou rugas nos trespasses das soldas, eles deverão ser
cortados, de forma a permitir um trespasse plano. Se houver irregularidades na
continuidade da geomembrana e/ou trespasse inadequado, deverá ser colocado um
“manchão” oval ou redondo da mesma geomembrana, ficando este pelo menos 15 cm
além dos limites da solda, em todas as direções.
Solda por termo-fusão em talude
7. Verificação das Soldas
7.1. Ensaios Não Destrutivos
Todas as soldas realizadas por termo-fusão deverão ser testadas ao longo do seu
comprimento. Os ensaios não destrutivos verificam a integridade das soldas utilizando os
ensaios de pressão de ar para as soldas por termo-fusão, o ensaio de vácuo para as
soldas por extrusão e o spark test para as soldas por extrusão, que devido à localização
não possam ser testadas pelo ensaio de vácuo. Estes ensaios deverão ser realizados
concomitantemente aos serviços de solda.
O spark test pode ser usado também para a verificação da estanqueidade global da
geomembrana instalada.
A descrição de todos os ensaios não destrutivos pode ser encontrada na
IGSBR GM 01/03.
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Ensaio não destrutivo de pressão de ar
7.2. Ensaios Destrutivos
A finalidade destes ensaios é avaliar a resistência das soldas ensaiando corpos de prova
obtidos a partir de amostras de 2,5 cm de largura e 30 cm de comprimento, com a
solda centrada ao longo do comprimento. Os ensaios deverão ser realizados em cinco
corpos de prova, no tensiômetro na obra ou em laboratório independente. Os ensaios
destrutivos devem ser em número mínimo possível, para preservar a integridade da
barreira que compõe o revestimento. A USEPA recomenda a retirada de amostras a
cada 150 m de comprimento de solda, o que pode ser seguido na falta de
recomendação de projeto, no entanto é recomendável que se corte a amostra no final
da linha de solda. A GM 14 (GRI) fornece um método estatístico para estabelecer um
intervalo de retirada de amostras para ensaios destrutivos. Os ensaios destrutivos
deverão ser realizados de acordo com as recomendações das normas ASTM D 6392, GM
19 (GRI) e ASTM D 6693, e deverão atender duas propriedades básicas:
• Resistência ao Cisalhamento
• Descolamento
A descrição dos ensaios destrutivos pode ser encontrada na IGSBR GM 01/03.
8. Critério de Aceitação das Soldas
8.1. Os cinco corpos de prova dos ensaios destrutivos (ASTM D 6392) terão que ser
aprovados, quanto à localização da ruptura e à resistência da solda (GM 19).
8.2. Os corpos de prova não deverão romper na área soldada. A ruptura deverá ocorrer pelo
rasgamento da geomembrana: FTB, conforme esquemas mostrados na ASTM D 6392.
8.3. Todos os ensaios não destrutivos terão que ter 100% de eficiência.
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9. Controle de Qualidade da Instalação
O instalador deverá comprovar a qualidade da instalação através da apresentação de
planilhas e relatórios com o registro de todos os serviços executados, inclusive os ensaios
não destrutivos e destrutivos e o também o “as built” da área instalada.
Todos os projetos que possuem responsabilidade de risco ambiental devem exigir, com rigor,
o controle de qualidade da empresa instaladora, conforme a IGSBR GM 01/03. Recomenda-se
ainda a contratação de uma empresa ficalizadora especializada para acompanhar os serviços
e o controle de qualidade da instalação.
10. Verificação da Qualidade Assegurada da Instalação
Na inspeção da qualidade (que é chamada de qualidade assegurada), todas as etapas da
instalação deverão ser verificadas concomitantemente a realização dos serviços. Deverão
ser realizadas verificações na superfície de apoio, colocação dos painéis da geomembrana,
ancoragens, interferências e na execução e verificação das soldas, os quais deverão
obedecer às especificações do projeto, as normas pertinentes e as recomendações da
IGSBR 01/03.
Os itens que deverão ser verificados são os seguintes:
1. Condições da superfície de apoio imediatamente antes da colocação
geomembrana.
2. Colocação da geomembrana com a respectiva identificação dos painéis.
3. Ancoragens temporárias.
4. As condições das canaletas de ancoragem, incluindo a colocação da geomembrana
na canaleta.
5. Condições de operação e tipos dos equipamentos de solda que o instalador possui:
• Termo-fusão
• Extrusão
• Ar quente (somente como auxiliar na execução das soldas por extrusão)
6. Equipamentos de ensaios de Controle de Qualidade das soldas
• Pressão de ar
• Ensaio de vácuo
• Spark test
• Tensiômetro
7. Execução das soldas por termo-fusão.
8. Execução das soldas por extrusão.
9. Execução e verificação da estanqueidade dos reparos.
10. Execução das conexões com tubos e estruturas de concreto.
11. Metodologia usada no cruzamento de soldas.
12. “As built” com a modulação dos painéis instalados.
13. Planilhas
• Colocação da geomembrana e identificação dos painéis
• Controle de soldas
• Ensaios não destrutivos e destrutivos
• Diário de obra.
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da
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11. Referências Bibliográficas
11.1. ASTM D 6392 (1999). “Standard Test Method for Determining the Integrity of
Nonreinforced Geomembrane Seams Produced Using Thermo-Fusion Methods”.
11.2. ASTM D 6693 (2001). “Standard Test Method for Determining Tensile Properties of
Nonreinforced
Polyethylene
and
Nonreinforced
Flexible
Polypropylene
Geomembranes”.
11.3. Geosynthetic Research Institute – GRI (1998). “GRI Standard GM 14 – Selecting
Variable Intervals for taking Geomembrane Destructive Seam Samples” – Drexel
University – PA – USA, Revision 2.
11.4. Geosynthetic Research Institute – GRI (2005). “GRI Test Method GM 19 – Seam
Strength and Related Properties of Thermally Bonded Polyolefin Geomembranes” –
Drexel University – PA – USA, Revision 2.
11.5. IGSBR GM 01/03 (2003). “Instalação de Geomembranas Termoplásticas em Obras
Geotécnicas e de Saneamento Ambiental – Recomendações para Projeto” – IGS Brasil
Associação Brasileira de Geossintéticos.
11.6. UNE 104424:2000. “Materiales Sintéticos – Puesta em Obra – Sistema de
Impermeabilización de Túneles y Galerias com Láminas Termoplásticas Prefabricadas”
– Norma Española.
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Capítulo 3