3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Segunda lei: essencial para prever se uma dada reação ocorrerá. Porém, somente o sinal da entalpia, não é suficiente, como pode-se ver no exemplo do estanho, ao lado. A forma estável a 298 K é o estanho branco e não cinza cinza. O critério encontrado é a quantidade entropia. Considere um sistema e sua vizinhança; para um processo qualquer ocorrendo no sistema pode haver troca de calor com a vizinhança sistema, vizinhança. Ocorrendo uma quantidade infinitesimal do processo, a variação de entropia dS, associada a este processo consiste de 02 termos: dSsist e dSviz, ou seja: dS = dSsist + dSviz. De acordo com a 2ª Lei da termodinâmica: para um processo reversível dS = 0 para um processo irreversível dS > 0 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia O enunciado da 2ª lei, dependeu das seguintes observações (Carnot) : i. a necessidade que uma máquina possa trocar calor ao menos com duas fontes, para produzir trabalho; ii ii. o estabelecimento da noção de funcionamento reversível e as condições que disto resultam; iii. a necessidade de considerar uma máquina que descreva “ciclos”, isto é, que volte periodicamente ao seu estado inicial. 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia De acordo com o teorema de Carnot-Clausius, a variação de entropia para um sistema submetido a um processo reversível é dado por: Q dS T δQ é a quantidade tid d d de calor l absorvida b id reversivelmente i l t pelo l sistema i t na temperatura T. Se a temperatura varia reversivelmente de T1 para T2 T2 Q T1 T S δQ não é uma função de estado estado, mas a razão δQ/T é! Consideremos um processo reversível envolvendo um gás ideal: pV = RT Usando a 1ª 1 lei na forma diferencial: dU = δQ – pdV U U dV dT Expressando U = f(T,V) dU V T T V U Para um gás perfeito: 0 V T Portanto dU CV dT ; substituindo na equação da 1ª lei: Q CV dT RT dV V 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Da equação Q CV dT RT dV V O lado direito não é uma diferencial exata mas dividindo esta equação por T, resulta em uma diferencial exata: Q T CV dT R dV T V Portanto δQ/T ou dS também deve ser uma diferencial exata, que depende somente do estado do sistema e é independente do caminho. Rearranjando as equações anteriores, temos o enunciado combinado da 1ª e da 2ª leis da termodinâmica: dU = TdS – pdV 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Ciclo de Carnot Carnot idealizou um ciclo, onde a substância atuante é um mol de um gás ideal, colocado em um cilindro fechado por um êmbolo, esse último deslocando-se sem atrito. Dois grandes reservatórios, um deles à temperatura T2 e o outro temperatura T1, são ã colocados l d b brevemente t em contato t t e uma pequena quantidade tid d d de calor δQ flui de T2 para T1. O interesse é calcular a variação de entropia dos reservatórios porém isso não pode ser feito diretamente pois o processo é irreversível e as equações foram desenvolvidas para processos reversíveis reversíveis. Portanto é necessário construir um processo reversível para obter a variação de entropia nos reservatórios. Como a entropia é uma propriedade de estado estado, o caminho escolhido não é importante. 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Podemos imaginar as seguintes etapas: 1. uma quantidade de gás ideal em contato com o reservatório 2 à T2. Permitir que expanda d iisotermicamente, t i t portanto, t t removendo uma quantidade de calor δQ do reservatório. 2. O gás expandido é então isolado e expandido adiabaticamente até que a temperatura caia para T1. 3. O gás é colocado em contato com reservatório 1 e comprimido 3 isotermicamente para liberar a quantidade de calor δQ para o reservatório. 4. O gás deixe de estar em contato com o reservatório e é comprimido 4 adiabaticamente até que T2 seja novamente atingida. 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia 1. Expansão isotérmica em contato com reserv2 2. Expansão adiabática 3 C 3. Compressão ã iisotérmica té i (remove δQ do reserv2) em contato t t com reserv1 1 (libera δQ para reserv1) 4. Compressão adiabática sem contato c/ reservatórios (gás volta a T2) A variação de entropia dos reservatórios é: dS Q Q T1 T2 Q (T2 T1 ) T1T2 Como T2>T1, dS>0 (satisfazendo a 2ª lei para um processo irreversível) Por outro lado, para o experimento imaginário que envolve gás e reservatórios dS = 0 (também requerido pela 2ª lei) 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Para um sistema fechado, funcionando de maneira reversível, quando as duas temperaturas T1 e T2 forem muito próximas, é possível considerar duas quantidades de calor Q1 e Q2, infinitesimais; a equação anterior passa para uma forma limite do tipo: Q1 T1 resulta dessa suposição que Q2 T2 Q rev T 0 0 No limite, o somatório pode ser substituído pela integral: Qrev T 0 chamada igualdade de Clausius, válida para o sistema executando um ciclo, processo realizado de maneira reversível. sendo todo o p 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Consideremos agora que o sistema possa passar do estado inicial A ao estado final B, de maneira reversível, segundo processos diferentes, (I), (II), (III), ... Podemos escrever: B A Q rev T B Q rev A (I) T (II) B A Q rev T const (III) B Em uma transformação reversível, reversível a quantidade Q rev A T só depende do estado inicial e do estado final; assim: B A Q rev T S B S A S A integral g sendo igual g à diferença ç entre os valores de uma função ç S nos dois estados A e B. 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Portanto, S é uma função de estado, entropia, e sua diferencial diferencial, dS Qrev T é uma diferencial exata. exata O subscrito rev é para enfatizar que se trata de um processo reversível. Desta última relação, tem-se: Qrev = T. dS Para uma transformação ç finita,, isotérmica e reversível: Qrev = T(SB – SA) = T.∆S 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Em uma transformação adiabática e reversível, Qrev é constantemente nulo, o mesmo acontecendo com dS; disto resulta que, para a transformação finita, S = 0. Por esta razão, uma transformação adiabática e reversível é chamada isentrópica, ou seja, sem variação de entropia. A entropia S é uma propriedade extensiva extensiva, pois depende da massa do sistema considerado. Ela é uma função El f ã de d estado, t d pois i d depende d apenas d dos parâmetros â t que d definem fi o estado do sistema, e não de sua história, independentemente do trajeto percorrido ter sido feito de maneira reversível ou não. “a entropia é uma grandeza escalar atribuída a todo sistema físico e depende somente do estado deste sistema;; ela não p permanece constante na evolução ç de um sistema isolado, mas varia em geral, e seu aumento mede o grau de irreversibilidade da evolução deste sistema”. 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Contudo, para calcular o valor de S de um processo real (irreversível), devemos usar os valores das variações de entropia correspondentes às quantidades de calor envolvidas (calor absorvido ou liberado) em etapas reversíveis cuja sucessão corresponda ao trajeto total percorrido pelo reversíveis, mesmo sistema; normalmente, estas quantidades de calor podem ser calculadas. Portanto, para o cálculo da variação de entropia correspondente a um processo é sempre possível, processo, possível e necessário necessário, substituir o processo real (irreversível) por uma série de processos (etapas) reversíveis, tais que possam levar o sistema do mesmo estado inicial ao mesmo estado final. Ao final de qualquer processo, quando somadas as variações de entropia do sistema e do meio vizinho vizinho, a soma é sempre positiva positiva. j , a entropia p do Universo varia sempre p na mesma direção, ç , Ou seja, crescendo sempre. 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia As dimensões de S são as de uma energia dividida pela temperatura; no S.I., J.K-1. A entropia de um sistema isolado termicamente nunca pode decrescer; ela cresce em um processo irreversível, e permanece constante em um processo reversível. Para uma mudança infinitesimal do estado de um sistema isolado termicamente tem termicamente, tem-se se que dSsis 0 (desigualdade de Clausius). Clausius) dSsis = Sirr , onde Sirr é a entropia criada, positiva, para uma transformação real, e irreversível; neste caso, o valor de Sirr para a mudança de estado considerada é determinado pelo grau de irreversibilidade do processo, processo sendo uma medida deste. deste 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia O valor de Sirr pode variar desde zero (caso do processo reversível), assumindo valores cada vez mais positivos à medida que os processos forem mais e mais irreversíveis. irreversíveis A Primeira Lei não dá nenhuma indicação da magnitude permitida de Q e W em um processo qualquer. No entanto, embora os valores de Q e W possam variar, dependendo do grau de irreversibilidade do processo percorrido entre os estados A e B, a Segunda Lei da Termodinâmica estabelece um limite definido da quantidade máxima de trabalho que pode ser obtida, como resultado de uma mudança de estado, estado e daí estabelece um limite para a quantidade de calor que o sistema pode absorver. 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Assim, para uma mudança de estado infinitesimal, chamado Sirr à variação de entropia do sistema, teremos: dS sis Qrev T dSirr Isto corresponde a considerar a variação de entropia do sistema como sendo constituída de duas parcelas: uma primeira: para um processo reversível, e uma segunda: que corresponde ao grau de irreversibilidade do processo real considerado. 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Com base na Primeira Lei, podemos escrever: Q = dUsis - W, que combinada com a eq. anterior, dará: dS sis dU sis W dSirr T ou seja: W = dUsis – TdSsis + TdSirr Desta última relação, sendo T.dSirr necessariamente positivo, podemos escrever: W -TdSsis + dUsis Se a temperatura permanece constante durante todo o processo processo, quando o sistema passa do estado A ao estado B, após integração: W -T(SB - SA) + (UB - UA) 3.1 A segunda lei da termodinâmica: definição de entropia Em outras palavras, se W U -TS, sendo S e U funções de estado, então o valor máximo á i d do ttrabalho b lh que pode d ser obtido btid d do sistema i t será ád dado d quando: d Wmax = U -TS Isto resulta da relação W -TdSsis + dUsis se fizermos dSirr = 0, ou seja, no caso em que o processo seja reversível, quando Q = Qrev. O trabalho máximo corresponde à absorção do calor máximo Qrev. Se tivermos dSirr > 0 (processo irreversível) irreversível), o trabalho obtido do sistema será necessariamente W < Wmax. A diferença (W - Wmax) representa uma perda de trabalho, que é precisamente igual à parcela TSirr. Assim, em um processo finito qualquer, a entropia criada, Sirr, corresponde ao trabalho perdido, ou seja, à parcela de calor absorvido pelo sistema que não foi convertida em trabalho; ou ou, “trabalho trabalho não compensado” compensado . 3.2 Cálculos de entropia para vários processos Entropia de transições de fases isotérmicas Ex : Sn(cinza) para Sn(branco) Ex.: Sn(branco). Ttranf = 286 K; portanto somente nesta T o processo ocorre reversivelmente. H=U+pV; para processo reversível podemos diferenciar: dH=dU+pdV+Vdp Para p=cte e usando dU = δQ – pdV, temos δQ = dH ou, integrando a T cte: dS=dH/T branco cinza i 1 dS T branco cinza i dH ou, Lt St T Lt - variação de entalpia associada à transformação, Lt (Sncinza →Snbranco) = 2.1 kJ/mol portanto existe um ganho de entropia pelo sistema de ∆St = 7.3 J/mol.K. Como é um processo isotérmico para um ganho do sistema de 2.1 kJ/mol, a vizinhança i i h tteve que perder d a mesma quantidade tid d e portanto: t t S viz Lt 7 . 3 J/mol.K T E a entropia total do universo será: S t S viz 7 . 3 7 . 3 0 3.2 Cálculos de entropia para vários processos As mudanças de estado físico (f ã vaporização (fusão, i ã e sublimação), assim como as transformações alotrópicas ou polimórficas são consideradas como transformações termodinamicamente reversíveis; Portanto, a variação de entropia associada a cada um destes fenômenos pode ser obtida dividindo-se a respectiva variação de entalpia, calor latente, pela temperatura (Tf) à qual ocorre a transformação. q ç 3.2 Cálculos de entropia para vários processos 3.2 Cálculos de entropia para vários processos 3.2 Cálculos de entropia para vários processos Cálculos de entropia quando existe variação de temperatura. Novamente colocamos a restrição de reversibilidade para o processo considerado dH dS T Como já visto, para este tipo de processo: dH = CpdT, substituindo; dS Cp T dT C p d ln T Que, sendo integrada, permite o cálculo de S. Novamente, como a entalpia está sendo transferida da redondeza para o sistema, Qsist = - Qviz e portanto, dS(sis) + dS(viz) = 0 3.2 Cálculos de entropia para vários processos Variações de entropia para processos irreversíveis ex.: congelamento de um líquido superresfriado T1 < Tfusão A(l,T A(l T1) = A(s A(s,T T1) Impossível congelar o líquido de maneira reversível; para reverter o processo a T deveria ser aumentada até ponto de fusão! Para as redondezas a situação é diferente! Durante o processo irreversível existe evolução de uma quantidade de calor Lf. Para um reservatório g grande a mudança ç de temperatura p p pode ser infinitesimal e portanto pode-se considerar que o processo ocorra à temperatura constante T1. Ainda mais, o calor, mesmo evoluindo de maneira espontânea do sistema, pode ser transferido de maneira reversível para o reservatório. 3.2 Cálculos de entropia para vários processos Calcular a variação de entropia para o Cu durante solidificação isotérmica a 1120 K Como S é uma propriedade de estado estado, podemos pensar numa série de etapas reversíveis até chegar no processo final: Processo irreversível: Cu (l,1120) → Cu (s, 1120) - ∆ST Etapas reversíveis: Cu (l,1120K) → Cu (l,1356K) – ∆S1 Cu (l,1356K) → Cu (s,1356K) – ∆S2 Cu (s,1356K) → Cu (s,1120K) – ∆S3 S1 T fusão T1 S 2 (C P )l dT T Lf T fusão (C P ) s S3 dT T fusão T S sist T fusão T1 Lf (C P ) l (C P ) s dT T T fusão Para as redondezas, podemos imaginar que o processo irreversível é capaz de transferir calor reversivelmente para o reservatório isotérmico; T1 a variação i ã d de entropia t i será: á S viz Lf T1 3.2 Cálculos de entropia para vários processos Para as redondezas Se conhecermos Lf podemos calcular ∆Sviz. Porém como Lf normalmente só é conhecido à Tfusão, devemos calculá-lo usando valores de Cp. Cada uma das 3 etapas tem um valor associado de variação de entalpia entalpia, H1 T fusão T1 (C P ) l dT H 2 ( L f )T ffusão ∆H1, ∆H2, ∆H3. H 3 Lf = (∆H1+ ∆H2 +∆H3) T1 T fusão Lf T fusão T1 (C P ) s dT (CP )l (CP ) s dT L f ,T fusão 3.2 Cálculos de entropia para vários processos 3.2 Cálculos de entropia para vários processos Calculate the entropy changes of system and surroundings for the case of the freezing of supercooled liquid silver at 1073°K 1073°K. Melting point of silver is 1235 K Lf = 11 11.3 3 kJ/mol kJ/mol. 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei Relação entre Cv e Cp CP ( H )P T U C ( ) T V H = U + pV e diferenciando: H = dU+pdV+Vdp dividindo por dT dH dU dV dp P V dT dT dT dT H U V P T P T P T P Com a restrição de volume ol me constante Estamos interessados em ( U U )V , portanto é necessário eliminar ( ) p T T Para isso pode-se pode se expressar U = f(V,T) U U dU dV dT V T T V V 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei Efeito termoelástico: associa uma mudança de temperatura de um sistema com tensão mecânica. mecânica Para um sistema adiabático (isolado, sem fluxo de calor para o sistema) Aplica se uma pressão hidrostática p, Aplica-se p mantendo-se mantendo se a condição de deformação elástica (reversível) Mudança de dT resulta em uma mudança de pressão dp Para processo adiabático, δQ = 0 e Q = cte. Ou seja, precisamos de uma expressão para (∂T/∂p)Q Da 1ª lei: dU = δQ-pdV; para Q=cte, δQ=0 e dU = pdV E Expressando d U = f(T f(T,V) V) U U d pdV dU d dT dV d d T V V T Di idi d por p, para Q=cte, Dividindo Q t rearranjando j d os ttermos: U V T CV p p Q V T p Q 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei U p p T Lembrando que V T T V p e T V chega chega-se se a: T T V p C p Q Q V O termo (∂V/∂p)Q não pode ser obtido experimentalmente e portanto deve-se tentar eliminá-lo eliminá lo em favor de quantidades mais simples simples, tais como α e β. β V V Para isso, expressando-se V=f(T,p); temos: dV dp dT T p p T V T V V ou,, dV VdT V dpp dividindo por p dp p e mantendo Q=cte p Q p Q T VT e finalmente, p C VT 2 / Q V o que é equivalente a T VT Cp p Q Como todas as quantidades do lado direito são positivas, se aplicarmos uma pressão externa a um sistema teremos um aumento de temperatura. 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei 3.3 Algumas relações úteis obtidas da 2ª lei