92
ISSN: 23170336
Análise do impacto da gestão de materiais em fornecedores
nacionais e internacionais: estudo de caso na cadeia automotiva
FERREIRA, F.1, ROLIM, A.1, PACHECO, D. A. J. 1
Resumo: O presente artigo analista a gestão de compras de matéria prima através da classificação ABC e
de cenários de decisão para itens comprados de fornecedores exclusivos nacionais e internacionais em uma
cadeia do setor automotivo. Através de um estudo de caso, foram avaliadas as atuais estratégias de compras
para os itens de uma empresa multinacional, dorovante denominada BB, para visualizar o cenário atual e
ajudar na criação de novas estratégias de redução de custos, levando em consideração a compra que a
empresa compra de fornecedores do mercado nacional e internacional. Através de relatórios internos e da
revisão de boas práticas presentes na literatura de Supply Chain, foi possível delimitar alguns cenários
para a tomada de decisão gerencial. Os dados foram confrontados com a análise teórica, e os resultados são
apontados como sugestões de novas estratégias que a empresa poderá adotar.
Palavras-chave: Gestão de Fornecedores, Classificação de Materiais, Gestão da Cadeia de Suprimentos.
Abstract: This
Article analyst managing purchases of raw material through the ABC classification
and decision scenarios for items bought from exclusive national and international suppliers in a chain of the
automotive sector. Through a case study, we evaluated the current strategies for shopping for items of a
multinational company, called BB, to view the current scenario and help in creating new strategies to reduce
costs, taking into account that the purchase company buys from suppliers in domestic and international
market. Through internal reporting and review of good practice in the literature of Supply Chain was possible
to identify some scenarios for managerial decision making. Data were compared with the theoretical analysis,
and the results are seen as suggestions for new strategies that the company can adopt.
Keywords: Supplier Management, Classification of Materials, Supply Chain Management.
1. Introdução
Segundo Vanalle e Salles (2011) a indústria automobilística brasileira vem
convivendo com os desafios da competição numa dimensão global e passando por
1
1
Complexo de ensino Superior de Cachoeirinha, Cesuca* Diego Augusto de Jesus Pacheco, e-mail:
[email protected]
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Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015
93
transformações importantes desde o início da década de 1990. Neste contexto, as
empresas do ramo metalúrgico que atendem às montadoras precisam criar estratégias
competitivas para manterem-se no mercado. Pode-se dizer que o grande foco das
montadoras está na redução de custos e inovação de produtos. Para tal condição, há
uma busca por fornecedores de menor custo global, independentemente de sua
localização e uma maior participação dos fornecedores n o desenvolvimento d os itens
especificados pela montadora. (VANALLE; SALLES, 2011).
C om base neste cenário, os fornecedores deveriam avaliar suas estratégias de
fornecimento e adequarem-se ainda mais às exigências do mercado. Nesse sentido, uma
das formas de avaliação de estratégias pode ser a classificação ABC de materiais. Para
isto, o presente estudo consiste em avaliar e desenvolver n ovas estratégias de
fornecimento da empresa BB, de modo a melhorar o seu processo de compra buscando
alternativas para os itens críticos e principalmente a redução de custos. Assim, espera-se
que a empresa permaneça de maneira competitiva nesse mercado, e atendendo às
montadoras automotivas, que neste caso sã o os seus clientes finais.
Inicialmente a presente pesquisa conduziu um estudo teórico s obre a gestão
estratégica de fornecimento, gestão de materiais e a classificação ABC. Após isso fez-se
um levantamento de dados da empresa e f oram extraídos relatórios gerenciais da área de
suprimentos. Posteriormente f oram analisadas as atuais estratégias utilizadas pela
empresa e que outras estratégias poderiam ser utilizadas.
2. Referencial teóric o
2.1 Gestão estratégica de fornecedores
Para uma efetiva integração à cadeia de suprimentos é necessária melhoria e
integração nos processos internos, sendo eles: gestão de relacionamentos e atendimento
ao cliente, gerenciamento de pedidos, gestão da demanda, gerenciamento da produção e
suprimentos, desenvolvimento de produtos e logística reversa (MESQUITA; CASTRO,
2008). Neste estudo trataremos principalmente do gerenciamento de suprimentos dando
enfoque à gestão de fornecedores.
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Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015
94
Conforme Neto e Pires (2007), nos últimos anos, o processo de
internacionalização da indústria automotiva tem se intensificado, sendo esse pro cesso
uma das estratégias centrais das montadoras de veículos. Esta estratégia colabora para o
aumento da competição no mercado interno e externo proporcionando melhora na
qualidade de produtos e principalmente redução de preços. O setor de autopeças
enfrentou grande crise estrutural, inclusive o fechamento de fábricas e aumento de
importação de produtos acabados (MESQUITA; CASTRO, 2008). Outro enfoque que
tem sido dado por parte das montadoras é o deslocamento das atividades de produção
para fornecedores de primeiro nível provocando uma racionalização em número de
fornecedores, obtendo a redução de custos e maior valorização do fornecedor.
(PEREIRA; GEIGER, 2005).
Estudos recentes de Cerra, Maia e Filho (2007) apontam que montadoras
brasileiras adotaram estratégias competitivas diferentes nos últimos quinze anos, tendo
estabelecido novas formas de relacionamento com os fornecedores de autopeças,
inseridas em novas cadeias industriais e tendo, por conseguinte, que adotar estratégias
de Desenvolvimento de Produtos e práticas administrativas de Gestão da Cadeia de
Suprimentos que fossem adequadas a esses novos conceitos. Guarnieri e Hatakaeyama
(2010) destacam que quanto mais estreito o relacionamento entre fornecedor e
comprador, maiores serão as chances de as habilidades de cada parte serem aplicadas
para benefício mútuo.
2.2 Gestão estr atégic a de m ateri ais
Na visão de Ballou (2007) boa administração de materiais significa coordenar a
movimentação de suprimentos com as exigências de operação. Isto significa aplicar o
conceito de custo total às atividades de suprimento de modo a tirar vantagem da oposiçã
o das curvas de custo. Ou seja, o objetivo da administração de materiais deve ser prover
o material certo, no local de operação certo, n o instante correto e em condição utilizável
a o custo mínimo. Para Bertaglia (2006) o planejamento de suprimentos tem o objetivo
de definir as ações para a obtenção de materiais necessários à satisfação da demanda
requerida pela cadeia de abastecimento. Alguns pontos são verificados neste sentido, o
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95
tempo d o ciclo de materiais, a flexibilidade, o serviço dos fornecedores, custo total de
est oque, o número de fornecedores e seu desempenho em relação à tempo de entrega,
quantidade e qualidade. (BERTAGLIA, 2006).
Conforme Dias (1993) o objetivo da administração de est oques, é otimizar o
investimento em est oques, aumentando o uso eficiente dos meios internos da empresa,
minimizando as necessidades de capital investido em est oques. Logo nas empresas é
criado um conflito interdepartamental conforme o Quadro 1 abaixo .
Matéria-prima
(Alt o-Est oque)
DEPTO DE COMPRAS Desc
ont o s obre as quantidades a
serem c ompradas
DEPTO FINANCEIRO
Capital investido.
Juros perdidos
Material em
processo
(Alt o-Est oque)
DEPTO DE PRODUÇÃO
Nenhum risco de falta de material.
Grandes lotes de fabricação
DEPTO FINANCEIRO
Maior risco de perdas e
obsolescência. Aumento d o
custo de armazenagem.
Produto Acabado
(Alt o-Est oque)
DEPTO DE VENDAS
Entregas rápidas. Boa imagem,
melhores vendas
DEPTO FINANCEIRO
Capital investido.
Maior custo de armazenagem
Quadro 1. C onflit os interdepartamentais s obre est oques. Fonte: Dias (1993).
2.3 Classificação ABC de materiais
Segundo Dias (1993) a curva ABC tem sido usada para a administração de
estoques, para a definição de políticas de vendas, estabelecimento de prioridades para a
programação da produção e uma série de outros problemas usuais na empresa.
Conhecida por princípio da administração por exceção, a Curva ABC, utiliza-se da
separação de itens em três categorias A, B,C, de acordo com o valor total (BERTAGLIA,
2006). Ainda conforme Bertaglia (2006), seguindo a regra de Pareto, concluímos que os
itens classificados como A, normalmente, correspondem a 20% em quantidade, mas
chegam a 80% em termos de valor. Já os itens considerados como B representam 30% da
quantidade e 15% do valor, enquanto os itens C equivalem a 50% da quantidade e 5% do
valor.
Essa pesquisa fez uso da curva ABC para analisar e desenvolver estratégias de
compra de itens por fornecedor da empresa em estudo. A curva ABC será utilizada para
identificar a demanda anual de compra de itens que atendem à montadora Honda, um dos
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96
principais clientes da empresa. Desta forma poderemos priorizar o relacionamento
com fornecedores e melhorar as atuais estratégias utilizadas, focando principalmente na
redução de custos.
3. Metodologia de pesquisa
Este trabalho consiste em uma pesquisa aplicada quantitativa, de caráter
exploratória, utiliza-se do estudo de caso realizado na empresa BB Metalurgia,
multinacional com filial no Rio Grande
do Sul.
A empresa atua no segmento
metalúrgico voltado para o ramo automotivo. A pesquisa foi realizada a partir de um
estudo documental em base de dados históricos da empresa bem como pesquisa
bibliográfica, e utiliza-se da aplicação da ferramenta Curva ABC em itens comprados,
que além de ser uma ferramenta utilizada para gestão de estoques, pode ser utilizada na
elaboração de estratégias de compras na busca de redução de custos.
4. Desenvolvimento
O processo atual de compras da empresa BB ocorre com fornecedores nacionais
e alguns fornecedores internacionais. Atualmente a empresa prefere trabalhar com o
produto nacionalizado, evitando transtornos logísticos. Abaixo buscamos o relatório de
compra de matéria-prima, tendo como ano base 2012, conforme tabela 1:
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97
Tabela1. Relatóriomensal de compra de matéria prima
Peso liq. (Kg)
Matéria-prima
Fornecedor
jan/12
fev/12
mar/12
abr/12
mai/12
jun/12
jul/12
ago/12
set/12
out/12
nov/12
Total em Kg
Aerosil
Maxepoxi
19
15
18
21
19
18
28
28
22
31
11
230
Chumbo
ATM Estanho
14
9
26
26
8
21
18
33
8
14
9
186
Cobalto
JB Quimica
1828
2156
2201
1579
2198
2101
2387
3139
2124
2895
826
23.434
Cobre
Brutt
1756
1197
1531
1163
1570
1070
1915
1982
1769
972
936
15.861
Dissulfeto
C&P Quimica
503
471
677
553
538
553
667
826
645
604
131
6.168
EDS
Faci
-
-
-
-
-
-
-
-
-
5
5
10
Estanho
ATM Estanho
246
179
199
188
291
182
287
287
306
369
149
2.683
AHC 100.29
Hoganas
50406
42865
46260
39182
47351
36153
47365
53751
48195
56713
20152
488.396
M2
Hoganas
11411
8276
13346
11299
11880
9442
9622
12042
15631
9480
1386
113.815
HB400
Hoganas
-
-
-
130
76
40
-
-
56
598
336
1.236
Astaloy
Hoganas
3734
2246
4105
1126
2182
1098
3447
3700
4726
9696
2516
38.576
FL5300
Hoganas
3763
5342
8203
1881
6013
12529
10696
-
6422
395
55.244
Grafite KS44
Hoganas
783
679
738
614
820
686
938
992
932
1157
416
8.755
Grafite PG25
Timcal
-
17
23
34
8
27
57
44
-
31
1
242
Grafite UF4
Graphite
-
-
-
-
-
-
-
-
-
8
6
14
Kenolube
Hoganas
259
203
142
108
127
88
52
53
67
40
5
1.144
Microcera
Hoganas
92
70
180
167
234
171
310
351
331
443
159
2.508
Molibdênio
JB Quimica
556
569
595
387
607
515
633
787
629
774
217
6.269
Niquel
JB Quimica
358
410
420
314
414
411
417
553
629
774
217
4.386
410 LHC
Hoganas
403
1643
1409
1545
1128
2042
1556
2816
393
523
173
15.199
M3
Hoganas
-
-
-
166
101
-
-
-
372
1723
562
1.997
NC 100.24
Hoganas
-
-
-
-
4408
7272
10324
10334
10140
13909
7354
63.741
EB-4SE
Hoeganaes
5293
4976
-
3528
3855
321
3692
4381
3308
3851
420
3.363
Manganês
Hoganas
681
555
615
518
676
562
781
821
790
1006
372
668
Neste relatório são apresentadas as quantidades compradas em kg da matériaprima, totalizando854.125 kg no ano de 2012. Um aspecto importante a destacar é que
os clientes finais da empresa são as montadoras, e de maneira geral, a matéria-prima é de
uso comum para os itens fabricados para vários clientes. O processo produtivo tem
como base o processo de sinterização, que se entende como a mistura de pó metálico e
elementos químicos, que são misturados de acordo com a formulação especificada. Por
se tratar de matéria- prima que não é extraída de solo nacional, todos os itens tornam-se
importados. Em sua maioria a importação é feita por fornecedor brasileiro que revende
para a empresa.
A partir da Tabela 1, faremos a demanda valorizada atribuindo os valores de
custo da matéria-prima, obtidos dos relatórios de compras, versus a quantidade anual,
conforme Tabela 2, a seguir.
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98
Tabela2. RelatórioAnual de Compra de MP em R$
Material
Fornecedor
Quantidade Kg/Ano
Custo Unitário
DemandaValorizada
Aerosil
Maxepoxi
230
R$ 52,44
R$ 12.061,20
Chumbo
ATM Estanho
186
R$ 14,00
R$ 2.604,00
Cobalto
JB Quimica
23.434
R$ 106,43
R$ 2.494.080,62
Cobre
Brutt
15.861
R$ 34,06
R$ 540.225,66
Dissulfeto
C&P Quimica
6.168
R$ 121,40
R$ 748.795,20
EDS
Faci
10
R$ 6,15
R$ 61,50
Estanho
ATM Estanho
2.683
R$ 69,20
R$ 185.663,60
AHC 100.29
Hoganas
488.393
R$ 4,04
R$ 1.973.107,72
M2
Hoganas
113.815
R$ 46,83
R$ 5.329.956,45
HB400
Hoganas
1.236
R$ 117,52
R$ 145.254,72
Astaloy
Hoganas
38.576
R$ 12,17
R$ 469.469,92
FL5300
Hoganas
55.244
R$ 9,40
R$ 519.293,60
Grafite KS44
Hoganas
8.755
R$ 22,27
R$ 194.973,85
Grafite PG25
Timcal
242
R$ 7,47
R$ 1.807,74
Grafite UF4
Graphite
14
R$ 30,18
R$ 422,52
Kenolube
Hoganas
1.144
R$ 26,87
R$ 30.739,28
Microcera
Hoganas
2.508
R$ 23,31
R$ 58.461,48
Molibdênio
JB Quimica
6.269
R$ 114,41
R$ 717.236,29
Niquel
JB Quimica
4.386
R$ 72,69
R$ 318.818,34
410 LHC
Hoganas
15.199
R$ 12,81
R$ 194.699,19
M3
Hoganas
1.997
R$ 46,99
R$ 93.839,03
NC 100.24
Hoganas
63.741
R$ 4,24
R$ 270.261,84
EB-4SE
Hoeganaes
33.625
R$ 7,15
R$ 240.418,75
Manganês
Hoganas
7.347
R$ 44,69
R$ 328.337,43
R$ 14.870.589,93
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Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015
99
Ordenando os materiais por ordem decrescente de valor consumido durante o período,
teremos os dados da Tabela 3:
Tabela3. Demanda valorizada
Custo
R$
R$
R$
R$
R$
R$
C&P
R$
R$
JB
R$
R$
R$
R$
R$
R$
JB
AHC
Astaloy
Hoganas
38.576
R$ 12,17
R$ 469.469,92
Manganês
Hoganas
7.347
R$ 44,69
R$ 328.337,43
Niquel
JB Quimica
4.386
R$ 72,69
R$ 318.818,34
NC 100.24
Hoganas
63.741
R$ 4,24
R$ 270.261,84
EB-4SE
Hoeganaes
33.625
R$ 7,15
R$ 240.418,75
Grafite KS44
Hoganas
8.755
R$ 22,27
R$ 194.973,85
410 LHC
Hoganas
15.199
R$ 12,81
R$ 194.699,19
Estanho
ATM Estanho
2.683
R$ 69,20
R$ 185.663,60
HB400
Hoganas
1.236
R$ 117,52
R$ 145.254,72
M3
Hoganas
1.997
R$ 46,99
R$ 93.839,03
Microcera
Hoganas
2.508
R$ 23,31
R$ 58.461,48
Kenolube
Hoganas
1.144
R$ 26,87
R$ 30.739,28
Aerosil
Maxepoxi
230
R$ 52,44
R$ 12.061,20
Chumbo
ATM Estanho
186
R$ 14,00
R$ 2.604,00
Grafite PG25
Timcal
242
R$ 7,47
R$ 1.807,74
Grafite UF4
Graphite
14
R$ 30,18
R$ 422,52
EDS
Faci
10
R$ 6,15
R$ 61,50
Fonte: os autores
R$ 14.870.589,93
A seguir, fez-se a construção da curva ABC obtendo a classificação por valores de
matéria- prima, conforme a Tabela 4.
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100
Tabela4.
ClassificaçãoABC
1
R$
2
Jb
3AHC
R$
R$
4
C&P
R$
5
Jb
R$
6
R$
7
R$
8
R$
9
R$
10
Jb
R$
NC
11
R$
12
R$
Grafite
13
R$
410
14
R$
15
ATM
R$
16
R$
17
R$
18
R$
19
20
R$
R$
21
ATM
R$
22
Grafite
R$
Grafite
23
R$
24
R$
Fonte: os autores
R$ 14.870.589,93
A construção da curva ABC se dá pela ordenação do percentual representativo
de cada matéria-prima sobre o total. Sendo considerados A os itens que representam até
80% do valor acumulado, B os itens que estão entre 81% à 90% e C o restante até 100%.
Evidenciamos que apenas 25% dos itens, do total de 24 estão dentre os 80% do
valor gasto em MP, identificados como itens A, 17% são os itens considerados B, pois
representam mais 10% do valor total, atingindo então os 90%. E 58% dos itens
pertencem à categoria C, representandoos10% restantes do valor gasto em matéria prima.
Tendo estas considerações, traçamos um gráfico conforme abaixo:
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Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015
101
Figura5. Curva ABC. Fonte: os autores
(2013).
Também foi criada uma curva ABC por fornecedor, considerando o fato que
algumas matérias-primas são fornecidas por um mesmo. Ordenando os fornecedores por
ordem decrescente de valor comprado durante o período, e obtendo os % acumulados,
teremos a classificação por fornecedores, conforme abaixo Tabela 6.
Tabela6. Curva ABC por
fornecedor
%
R$
JB
R$
C&P
R$
R$
R$
ATM
R$
R$
O fornecedor mais representativo Hoganas faz parte de uma multinacional que
tem diversas plantas pelo mundo, dos 12 itens fornecidos por este, conforme a Tabela 1,
somente um é fabricado em sua planta no Brasil e os demais são importados. Os outros
itens são apenas estocados no Brasil para atender a empresa do estudo de caso.
5. Análise e discussão dos resultados
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102
Ao analisar os resultados encontrados podemos observar através da Tabela 4, que
seis itens representam 80% do que é gasto em matéria-prima, e que apenas quatro
fornecedores são responsáveis por esta fatia, sendo eles, todos nacionais. O fornecedor
Hoganas é o mais significativo para empresa, representando mais de 60% dos gastos. O
fornecedor JB química é o segundo mais representativo, total de 23% e vende 3 itens dos
24 comprados pela Bleistahl. A empresa C&P Química tem sua importância, mesmo
fornecendo apenas um item (DISSULFETO), pois na curva ABC por itens é classificado
com item A, já na curva ABC por fornecedores consta com fornecedor C. A Brutt
também é um fornecedor nacional e atende em apenas um item, sua participação é de
5% do total.
Analisamos que a grande concentração de gastos, em torno de 98%, dá-se com
fornecedores nacionais, oque vai de encontro à pesquisa bibliográfica, como vista
anteriormente, a estratégia de internacionalização de fornecedores é utilizado para
aumentar a competitividade e obter redução de custos. No caso da compra nacional é
percebido um custos de estocagem (armazenagem), custo de importação e a margem de
lucro do fornecedor, que por sua vez repassa estes custos à empresa BB.
Na importação direta a empresa absorve apenas o custo de importação e custo
logístico, e é uma forma de escape dos altos preços cobrados pelo fornecedor nacional,
porém a compra internacional é balizada pelo dólar, assim há o risco da variação
cambial. Na importação direta é necessário maior investimentos em estoque porque a
compra é feita em maior volume para compensação do custo logístico, o que conforme
estudado implica em maiores investimentos de capital podendo acarretar em juros.
Por isso, sugere-se que a empresa faça importação direta avaliando a viabilidade de
investimento, pois todos os itens são de origem internacional. Inclusive todos os
fornecedores nacionais fazem a importação da matéria-prima, repassando suas margens
aumentando assim o custo de aquisição interno da empresa.
Realizamos um comparativo de valores para o item mais significativo, M2,
encontrado na Tabela 4. Abaixo consideramos primeiramente a compra nacional.
Tabela7. Preço Ferro M2 (valores parao mês de maio/2013)
Preço M2 Comprando HOGANAS no Brasil
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Preço USD/Kg
18,00
MédiaDólar (mês anterior)
Mês de maio
2,0341
PreçoFinal (R$):
Impostos
% Distribuidor
0,7875
1,0240
47,61
O preço oferecido pela Hoganas Brasil do item M2, é de USD 18,00/ kg, sendo
que há uma fixação do dólar utilizando-se de uma média mensal do mês anterior ao
faturamento, neste caso, considerado dólar de USD 2,0341. Nesta operação há
incidência de impostos nacionais (PIS, COFINS, ICMS) que totalizam 21,25%. E a
margem do fornecedor é de 2,4%. Totalizando um preço final de compra em R$ 47,61.
A seguir tabela com valores para compra direta através de Importação:
Tabela8. Preço Ferro M2( valores para o mês de maio/2013)
Preço M2 Comprando por Importação
Preço USD
15,00
Dólar do diada compra
Dólar dia 25/06/2013
2,2185
PreçoFinal (R$):
Impostos Importação
II:16% PIS:1,65% COFINS:7,6%
1,2525
Logísti ca
USD/Kg
0,5000
42,18
Considerando uma importação direta, o item M2 é ofertado pela Hoganas
Inglaterra pelo valor de USD 15,00. Consideramos a cotação do dólar de fechamento de
câmbio em 25/06/2013 USD 2,2185. Acrescido os devidos impostos de importação: 16%,
PIS:1,65%, COFINS 7,60%, teremos 25,25% de impostos. Adicionado o custo de frete
marítimo USD 0,50/KG, teremos um total de R$ 42,18.
Traçando este comparativo
teríamos uma redução de custos de R$ 618.015,45 anuais apenas para o primeiro item da
curva ABC, conforme Tabela abaixo.
Comprando no Brasil
Volume ano2012/Kg
Preço
Total R$
Tabela9. Comparativo entre compranacional e importada
Comprando Importado
113815
R$
Volume ano2012/Kg
47,61
Preço
Total R$
R$ 5.418.732,15
R$ 618.015,45
Redução: R$ 618.015,45
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113815
R$
42,18
R$ 4.800.716,70
104
Este processo de internacionalização de compra é um processo ongoe gradativo,
e deve ser levado em consideração pela empresa, pois como visto em apenas 1 item,
obtém-se uma redução de custos de 12% sobre o valor de compra anual para este item, o
que é muito relevante para as empresas que atuam neste segmento, pois cada vez mais as
montadoras exigem reduções de preços.
6. Conclusão
Diante de um mercado tão competitivo, onde as montadoras pressionam seus
fornecedores para obtenção de produtos de maior qualidade, melhor tempo de entrega,
flexibilidade e baixo custo é imprescindível a criação de estratégias para atender estas
demandas. Uma das principais estratégias que devem ser adotadas é a gestão de seus
processos e de sua cadeia de suprimentos. As empresas devem conhecer seus custos e
estreitar a relação com seus fornecedores procurando adequação à esta realidade.
A resposta para a pesquisa realizada sobre a utilização da classificação ABC,
trouxe resultados consideráveis para empresa. Numa breve análise do consumo de
matéria-prima anual foi possível evidenciar que a prática de buscar novas formas de
fornecimento, como o caso de importação, aumenta a lucratividade da empresa. Com
esta estratégia é possível controlar os custos de melhor forma, há uma flexibilização no
fornecimento, pois a empresa é quem irá gerenciar este processo de compra, definindo
quantidade a ser comprada, frequência de entrega, modal de transporte, podendo utilizarse da melhor logística conforme sua necessidade. Fatores que não colaboram com a
Importação são: a oscilação do dólar, a forma de pagamento do fornecedor, em sua
maioria requer pagamento antecipado, a burocratização do processo de importação, que
depende de liberação por parte da Receita Federal.
Como visto no decorrer deste estudo, avaliar uma cadeia de fornecimento e
modificar o processo de compra de nacional para internacional é uma estratégia rentável
e de longo prazo. Requer uma estruturação da empresa na criação e/ou ampliação de um
departamento de suprimentos, pessoas capacitadas para realizar esta operação, espaço
físico para armazenamento da matéria-prima
sempre considerando as variáveis que
ocorrem na Importação entre outros fatores. Este trabalho é de grande importância para
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empresas que buscam a redução de custos. Esta é uma pequena amostra do que pode ser
feito em um determinado segmento de mercado, utilizando-se do uso da ferramenta Curva
ABC. Este estudo pode ser aprofundado aplicando-se esta ferramenta para os demais itens
da cadeia de suprimentos, obtendo-se maiores resultados de lucratividade para
empresa.
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Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015
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