Estratégias operacionais ponto a ponto no Metrô de São Paulo. Leonardo Hideyoshi Ueda(1) (1) Companhia do Metropolitano e São Paulo – Gerência de Operações – Departamento de Controle Centralizado e Tráfego – Coordenadoria de Estratégias Operacionais – Rua Vergueiro, 1200 – (11) 3179-2286 – [email protected] RESENHA O trabalho apresenta algumas das estratégias operacionais do Metrô-SP, focando principalmente nos trens direto (trens vazios), nos picos da manhã, da tarde e dos estudantes. PALAVRAS-CHAVE Estratégias operacionais; oferta de trens; carregamento; nível de serviço. INTRODUÇÃO O Metrô-SP, dentro da Gerência de Operações, na Coordenadoria de Estratégias Operacionais (CEO), pesquisa, estuda, elabora, analisa e verifica as necessidades da oferta de trens, dentre outras atividades. O presente trabalho mostra quais e como são elaboradas determinadas estratégias e quais as suas importâncias. DIAGNÓSTICOS, PROPOSIÇÕES E RESULTADOS A oferta de trens é elaborada basicamente visando os seguintes parâmetros: - número de entradas de usuários em cada estação, em determinado intervalo de tempo; - matriz origem x destino; - tempo de parada em cada plataforma; -particularidades em razão de restrições na via – velocidade em trechos elevados, velocidade em caso de chuva, etc. Os dados de entrada de usuários são monitorados diariamente, em cada estação, por faixas horárias, através de dados enviados ao Centro de Controle Operacional (CCO). Anualmente, ou esporadicamente, como em caso de inauguração de novas estações/linhas, são realizadas pesquisas origem x destino, que mostrarão a necessidade de alteração de estratégias. São enviados ao CCO dados referentes ao comportamento dos trens, por exemplo, a modalidade de operação dos trens, tempo gasto entre estações, comandos especiais do CCO, tempo de parada em cada plataforma, entre outros. Os dados dos tempos de parada programados para cada plataforma por faixas horárias, carregados no Programa de Oferta de Trens (POT), são resultados de estudos e fórmulas retirados de METRÔ S.P (2005). Verificando diariamente os tempos de parada reais recebidos pelo CCO, comparando com a média dos meses anteriores e associando aos dados de entrada e matriz OD, podemos observar a necessidade de alterações/melhorias na operação comercial. Quanto maior o desvio no tempo de parada – diferença entre o tempo de parada real e o tempo de parada programado – maior é a interferência dos usuários impedindo o fechamento das portas dos trens. Assim que detectado o problema, utilizamos a avaliação visual em campo e realizadas as medições para o devido ajuste no Programa de Oferta de Trens. Caso o tempo necessário seja maior que o limite do POT, devido às possíveis interferências nos trens posteriores ao parado na plataforma, é necessário adoção das estratégias de trens direto (trens vazios). Os trens vazios são provenientes dos pátios ou são evacuados e manobrados nos terminais localizados nos extremos ou em pontos estratégicos da linha. Minimizar as interferências de usuários nas portas dos trens, reduzir o tempo de viagem, reduzir o tempo de espera nas plataformas e melhorar o nível de conforto dentro dos trens são os principais objetivos dessa estratégia. As atuais estratégias de trens vazios no Metrô-SP são: Pico da Manhã Linha 1 – Azul Trens vazios para as estações Santana e Portuguesa-Tietê passando direto pelas estações do trecho norte. Linha 2 – Verde Trens vazios para a estação Ana Rosa, manobrados no Terminal de Manobra – TM, vindo vazios da estação Vila Madalena. Linha 3 – Vermelha Trens vazios para as estações Guilhermina-Esperança, Penha, Tatuapé, Belém e Bresser-Mooca, passando pelas estações do trecho leste. Pico da Tarde Linha 1 – Azul Trens vazios para a estação Santa Cruz passando direto pelas estações do trecho sul, para suprir a demanda de Ana Rosa e Paraíso (transferência da Linha 2 – Verde). Linha 3 – Vermelha Trens vazios para as estações Anhangabaú, República e Santa Cecília. Pico dos Estudantes Linha 1 – Azul Trens vazios para a estação Ana Rosa passando direto pelas estações do trecho sul, para suprir a demanda dos estudantes das universidades/faculdades concentradas próximas às estações São Joaquim e Liberdade. Linha 3 – Vermelha Trens vazios para as estações Marechal Deodoro e Santa Cecília para suprir a demanda dos estudantes das universidades/faculdades próximas a essas estações e atender à transferência dos estudantes provenientes da Linha 1- Azul na estação Sé. Utilizaremos o Pico da Manhã da Linha 3 – Vermelha como exemplo. A estratégia de trens vazios ocorre das 06h30min às 08h30min – horário de maior carregamento (passageiros/hora/sentido). As estações para as quais são enviados os trens vazios foram determinadas utilizando os dados de entrada nas estações e os maiores desvios nos tempos de parada. São enviados no período quinze trens vazios, ou seja, a cada quatro trens que prestam serviço normalmente um é da estratégia. Os trens vazios que prestam serviço a partir da estação Guilhermina-Esperança, além de carregar os usuários que estão na plataforma, conseguem levar os usuários das estações Vila Matilde e Penha. Os trens da estratégia da estação Penha ofertam lugares para os usuários da estação Carrão, assim como os trens da estratégia da estação Bresser-Mooca, que conseguem carregar os usuários da estação Brás – utilizada por usuários provenientes das Linhas 10 - Turquesa, 11 - Coral e 12 – Safira da CPTM. CONCLUSÕES Os trens vazios são necessários para minimizar as interferências dos usuários no impedimento do fechamento das portas evitando assim atrasos e interferências em todo o sistema metroviário, consequentemente, reduzindo o tempo de viagem e o tempo de espera nas plataformas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SANTOS, Marcelo A.M. A Distribuição da Demanda de Viagens no Metrô e sua Aplicação no Dimensionamento da Oferta de Trens Congresso Nacional da ANTP, Belo Horizonte, 1998. METRÔ S.P Capacidade de Transporte Urbano de Passageiros sobre Trilhos, 2005. SANTOS, Marcelo A.M. e RODRIGUES, Vagner. Oferta de Lugares Sob Medida Revista de Engenharia, número 536, ano 57, 1999. SANTOS, Marcelo A.M. Método das Defasagens: Uma alternativa para o Cálculo dos Carregamentos, Metrô de São Paulo, maio de 1992. SANTOS, Marcelo A.M. e UEDA, Leonardo H. Cálculo do Carregamento no Interior dos Trens do Metrô de São Paulo, através da Medição de suas Cargas Efetivas – Resultados Obtidos, 18º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, 2012. ABNT – “NBR-9260 – Serviço Metropolitano – Nível de Conforto – Acomodação em pé, Classificação”, 1986. ABNT – “NBR-14183 – Carro Metropolitano – Acomodação e capacidade de passageiros”, 1998. ABNT – “NBR-15570 – Transporte – Especificações técnicas para fabricação de veículos de características urbanas para transporte coletivo de passageiros”, 2008. METRÔ S.P. Pesquisa de Caracterização Sócio Econômica do Usuário e seus Hábitos de Viagem, 2008. IBGE Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2008/2009.