MJÚAÚÉ RURAL N0 - .1JP .Z% BIBLIOTECA Órgão Oficial da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado de São Paulo - Julho de 1984 "Acordos mineiros" nada resolvem: Brasil precisa de diretas e reformas! Apendicite estourada sd cura com bisturi de médico, Não adianta chazinho. A política brasileira anda feito apendicite crônica, feia. Mas os políticos medíocres, inclusive os da oposição, andam querendo curar a crise brasileira na base de conchavos, dos famosos "«cordos miaeíros'* que admitem o tal do "colégio eleitoral", na ingenuidade de derrubar assim o Governo numa arte em que o Governo é mestre, ou seja, na trapaça. A tão mal afamada "política mineira" é aquela que fica dando volta, dando voita; o ' ^liúco não quer correr risco, c por isso, nada de mi''' | ti ;• ada de reformas. E reforma é o que, __ . nt' recisa, porque se urbanizou muito depressa, favelas b mais favelas se multiplicam dia a dia nas cidades, o campo foi esvaziado, houve forte êxodo regional e os 20 anos de ditadura aniquilaram institucioualmente nosso País. Só as Eleições Diretas represente ;> nm começo de solução. De qualquer fo - m São Paulo começa a se articular um movimento ^ara começar debater logo o que seria uma nova Constituição para o Brasil, muito diferente das que vieram até agora (pig. 2). . um ' ' •ni-i UM ' ■ -im ,' i v i' 'l lilllHllft Apanhadores de laranja em greve, em agosto, se não houverem acordos A decisão foi tomada em reunião dos Sindicatos da área da laranja, em Araraquara, dia 2 de Julho (foto), onde os dirigentes sindicais apontaram falhas nos acordos jé firmados, em razão da pressão oficial; e denunciaram o descumprimento e boicote pelos empregadores. A DRT constituiu comissão FAESP/FETAESP para debater relações de trabalho no campo. Dias 16 e 17 de julho, em Agudos, Sindicatos elaborarão pauta da Campanha Salarial, com data base em 15 de setembro. E a CEI do Volante acabou, havendo entre as recomendações, a de uma CPI do Volante. (PÂGs. 5 s 8). Nova diretoria da FETAESPaponta tarefas urgentes em razão de greves; e pede que se evite paralelismo Numa cerimônia simples, íntima, com presença apenas dos nosso dirigentes sindicais, dos funcionários de alguns Sindicatos e da Fetaesp, e do Diretor Tesoureiro da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Francisco Urbano de Araújo Filho, tomou posse em Agudos, no dia 19 de junho, a nova Diretoria da Fetaesp. Após a cerimônia houve festa de confraternização, com churrasquinho, mandioca, rojões de festa de São João, sanfona, violão, e bumbo. No clima de alegria, as poucas mulheres presentes foram muito requisitadas para o baile improvissado, enquanto os homens tinham de amargar a todo instante a temível "vassoura" ou o "chapéu" porque todo o mundo queria dançar. Outros preferiam a algazarra do jogo de truco, etc. No dia seguinte (pág. 4) a nova Diretoria e os dirigentes sindicais debateram os rumos da próxima campanha salarial, cuja data-base é 15 de setembro e as propostas para uma programação conjunta com os Sindica- tos e a Fetaesp, através dos Grupos Regionais. TODO PESO NOS GRUPOS REGIONAIS Um minuto de silêncio foi observado no início da cerimônia de posse, em homenagem aos companheiros José Varela, Lourenço Alexandre e Francisco Luiz dos Santos, presidentes respectivamente dos nossos Sindicatos em Assis, Brotas e Bernardino de Campos, recentemente falecidos. O companheiro Urbano da CONTAG presidiu a cerimônia. -Os pronunciamentos dos novos Diretores da Fetaesp mostraram que o atual momento de nosso sindicalismo, em razão das greves confirmam a orientação correta das atividades da FETAESP, mas exige cada vez mais trabalho conjunto entre os Sindicatos a assistência aos líderes naturais que vão surgindo nas greves e outras mobilizações, o fortalecimento dos Grupos Regionais e o apoio, sem paternalismo, aos Sindicatos em dificuldades. PARALELISMO DESGASTA Os novos Diretores observaram que os trabalhadores estão mostrando que são capazes de resolver seus próprios problemas, com a coordenação do Movimento Sindical, valorizando o esforço no apoio à organização dos trabalhadores rurais por entidades particulares, como a Igreja, apelando contudo para que as entidades particulares não atuem por fora dos Sindicatos "fazendo como que tudo o que for bom para o trabalhador rural passe por dentro do Sindicato, evitando-se um paralelismo inútil e desgastante", como ponderou o presidente da Fetaesp, Roberto Toshio Horiguti. (Continua na página 3). O presidente da FETAESP, Roberto Toshio Horiguti, apresentou as linhas básicas de trabalho da nova Diretoria: greves mostram que atuação da FETAESP está correta. 0 assunto mais discutido entre os dirigentes sindicais: a greve. O movimento greviste, as negociações com os Sindicetos patronais, a atuação dos Sub-delegados Regionais e do Secretário do Trabalho. Esses eram os assuntos predominantes nas conversas dos dirigentes sindicais nos dias 19 e 20 de junho, em Agudos, por ocasião da posse da nova Diretoria da Fetaesp e do debate em torno da nova programação de atividades. Os dirigentes sindicais apreciaram muito a sugestão do companheiro Élio, Neves, do Sindicato de Araraquara a novo diretor da Fetaesp, de mudança na forme de elaboração da pauta da Campanha Salarial deste ano, cuja data base é 15 de setembro. E aprovaram o esquema sugerido. Ou seja, nos dias 17 e 18 em Agudos, haverá encontro de unificeção das reivindicações. apontadas pelos trabalhadores em assembléias, reuniões, etc,, feitas até aquela data pelos Sindicatos. Nos anos anteriores e pauta era sugerida pela Fetaesp, e os dirigentes sindicais debatiam a partir dele. Com isso, aumenta a participação dos trabalhadores ne definição das reivindicações e se espera que acabem as longas demoras da Justiça do Trabalho no julgamento dos dissídios coletivos. Com trabalhador eventualmente parado tudo ande mais depressa... ENCONTRO DE ASSALARIADOS EM SERTÃOZINHO Os Sindicatos da Mogiana pretendem realizar um Encontro Regional de Assalariados, especialmente os da área da cana, em Sertãozlnho em agosto. (Pág. 4). A OPINIÃO DO LEITOR Mande sua carta para: Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (FETAESP), Rua Brigadeiro Tobias, 118, 36' andar, conjunto 7, CEP: 01032. jornal REALIDADE RURAL. Vigário de Areias enaltece valor da luta pela terra "Enviou-me a Evangelizar" (Lc. 4,18)! Realidade Rural A paz é um dom de Cristo Ressuscitado! Apraz-me comunicar-lhes que seu prestimoso informativo tem chegado regularmente em minhas mãos, pelo que sou-lhe muito agradecido. Valho-me do ensejo para encorajálos a prosseguir na luta em favor dos "Sem Terras" pois a terra é um dom de Deus e deve servir à causa da paz e fraternidade entre os homens. Com os votos de saúde e paz, Sou, "No Amor de Cristo", Pe. Itamar da Silva, Pároco de Areias (SP). Caro pe. Itamar: Muito gratos pelo apoio e incentivo. O apoio, incentivo e engajamento de cidadãos (e religiosos) como V.Sa. é por demais importante pelo significado que encerra. Construir um mundo novo não é fácil. Exige firmeza quanto à preservação do alvo, mas também tolerância, e sobretudo, muita sabedoria. Infelizmente, com freqüência ocorre que os que são chamados a construir esse mundo novo, deixam-se seduzir por falsos brilhantes, perdem a yisão maior, e atritam-se sem necessidade com os que andam na mesma direção. Está ocorrendo isso no campo hoje e é bom que as pessoas de bom senso percebam. Há muito o que fazer. Sindicalismo e Igreja juntos. / Sindica/isitio brasileiro aponto exigência para futura governo No dia 16 de junho realizou-se em São Paulo um Encontro Nacional Unitário do Movimento Sindical Brasileiro (plenária) para debater o que o sindicalismo deve fazer em face do atual momento político. Do Encontro participaram a CONTAG, a FETAESP, nossas Federações no Paraná, Mato Grosso e Rio de Janeiro, entre outras entidades. O aspecto importante do Encontro é que ele reuniu os dirigentes das duas correntes sindicais brasileiras, nas quais se dividiu o movimento pela construção da Central Única: ou seja, a CONCLAT e a CUT. Três decisões foram tomadas: 1) continuar participando dos movimentos e manifestações pelas Diretas-Já; 2) discussão de várias formas de luta, inclusive a Greve Geral, no período de 27 de junho a 14de julho, ficando marcada nova Plenária Nacional Unificada para o dia 21 de julho, para uma avaliação da situação política nacional e possivelmente deflagrar uma Greve Geral, para o Brasil entrar nos eixos. A terceira decisão transcrevemos abaixo, e deve merecer o exame de todos. Trata-se do Programa Mínimo dos Trabalhadores para o próximo Governo Federal. PROGRAMA MlNIMO DOS TRABALHADORES Política Salarial e de Emprego: 1.1) - Salário mínimo real de acordo com os índices do DIEESE; 1.2) - Salário-desemprego: 1.3) - Jornada semanal de 40 horas; 1.4) Estabilidade no emprego; 1.5) - Reajuste trimestral de salários de acordo com a variação do custo de vida: 110% dessa variação até 3SM; 100% acima de 3SM; 1.6)-Concessão de abono de emergência igual a um salário mínimo. 2. Previdtncía Social: 2.1)- Reajuste dos benefícios previdenciários idêntico ao dos trabalhadores em atividade e supressão dos descontos dos aposentados; 2.2) - Extensão dos benefícios da Previdência urbana aos trabalhadores rurais, de acordo com o projeto da CONTAG. 3. Custo de vida: 3.1) - Congelamento dos preços dos gêneros de 1? necessidade. 4. Política Sindical: 4.1) - Plena liberdade e garantia sindical; 4,2) - Pleno exercício do direito de greve. 4.3) Fim da intervenção nos Sindicatos. 5 Organlzaçío Política: 5.1) - Eleições diretas em todos os níveis; 2) Eleições diretas-já para Presidente da República; 3) - Plena liberdade de organização partidária; Liberdade de Imprensa; revogação da Lei de Segurança e de toda a legislação de exceção; 5.4) -Assembléia Nacional Constituinte livre e soberana. 6. Política Econômica: 6.1) - Suspensão do pagamento da dívida externa e rompimento dos acordos com os Bancos internacionais; 6.2) - Criação de uma política de pleno emprego; 6,3) - Mudança imediata da política habitacional com a participação dos trabalhadores, 7. Política Agrária: 7.1) - Reforma Agrária ampla, massiva e imediata, sob controle dos trabalhadores; 7,2) Política Agrícola voltada para o consumo interno da população e de apoio ao pequeno agricultor; 7.3) - Desapropriação imediata das áreas de conflitos de terra, eliminando a violência no campo; 7.4) - Legalização dos chamados loteamentos clandestinos na área urbana. Campanha continua A Campanha Nacional pela Reforma Agrária está em andamento em todo o País. Depois de ter sido lançada na maioria dos Estados, foi lançada no mês de junho também no Paraná. O IBASE, no Rio, edita o boletim nacional da Campanha e para solicitá-lo o endereço é: Rua Vicente de Carvalho, PÁG. 2 29, Botafogo, Rio de Janeiro. Persistem, contudo, algumas dificuldades de natureza política para que a Campanha atinja plenamente seus propósitos e os defensores da Reforma Agrária precisam cooperar nesse sentido, jogando as questões menores na lata de lixo da história. Para prosseguir campanha pelas diretas é lançado o Movimento Pré-Constituinte Mais uma vez, começa em São Paulo um movimento que deverá ter alcance nacional, continuando a Campanha pelas Diretas. Na falta de outro nome, podemos chamá-lo de Movimento Pré-Constituinte, que surge, estimulado pela mesa Executiva da Assembléia Legislativa. O objetivo do Movimento, em cima da crença de que vivemos num momento "pré-constituinte", é levar o povo, através de suas diferentes entidades e organizações, a definir o que quer para uma nova Constituição, evitando o surgimento de uma nova Constituição fora da realidade, que não reflita os direitos e anseios de todo o povo. Dado o recesso parlamentar, o Movimento deverá ganhar pique mesmo no segundo semestre, quando pretende levar aos Sindicatos, comunidades da Igreja, Associações, entidades patronais, etc, o estímulo para que participem desse debate por uma nova Constituição, a partir de uma seqüência de reuniões sobre o tema. Evidentemente, a posição é de que sem Governo Federal Legítimo não se pode ter uma Constituinte. Mas a convicção é de que não se pode deixar o debate sobre a Constituinte apenas para aquele momento. O debate tem de começar já, até mesmo para manter a mobilização suscitada na Campanha pelas Diretas. LEVAR ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA AO INTERIOR Até agora houve duas reuniões na Assembléia Legislativa, tratando de "uma nova ordem constitucional". A primeira foi em novembro, antes da grande Campanha pelas Diretas. A segunda, foi dia 14 de junho. Nesta última reunião participaram vários professores de direito, cientistas sociais e entidades, como a Fetaesp, a FAESP, etc. Coordenaram a reunião os três deputados da chamada "Mesa Executiva", Nefi Tales (presidente), Vanderlei Macris (1? Secretário) ambos do PMDB, e Sérgio dos Santos (2? Secretário), do PT Ao mesmo tempo em que se propôs a articulação do Movimento Pré-Constituinte na região metropolitana, também se defendeu a articulação do interior do Estado, dado o notório divórcio, nos meios de comunicação, entre a região metropolitana e o interior, este mal divulgado, à margem de tudo. E a forma sugerida de atrair o interior ao Movimento é a Assembléia, de alguma forma, realizar sessões regionais no interior, REALIDADE RURAL mobilizando-se antes, para tanto, as Câmaras Municipais, Sindicatos, Associações, etc. PODER LEGISLATIVO ESTA EM CRISE Na reunião do dia 14 de junho, o professor, Bolívar Lamounier disse que há a convicção em âmbito mundial, de que o Poder Legislativo estaria em declínio. No caso do Brasil a crise é sem precedentes. E para sair dela, o Legislativo deve encontrar fórmulas de auscultar a opinião pública, etc. Salientou que com ou sem Constituinte, o Brasil, em sua opinião, vive um momento "pré-constituinte" com o debate dos problemas políticos agravados pela crise econõmicasocial que o País não pode suportar por muito tempo. Para o conhecido professor de Direito, Gofredo da Silva Telles. "é hora de se meditar sobre a vçforma social que o País Tíxige", pois não dá mais para continuar "com essa organização Jurídica e política que infelicita a nação e que tem chegado a extremos que nos parecem intoleráveis". Em sua opinião, a Constituição futura tem que ser realista, a partir da idéia de que o povo brasileiro é essencialmente heterogênio e que, portanto, devem ser deixadas de lado idéias e preocupações que tomaram conta dos que redigiram as Constituições inautênticas do passado. O grande problema hoje é a questão da representação do povo. "O desafio disse - é descobrir as formas autênticas da representação, novos caminhos pelos quais se possa fazer com verdade a introdução da vontade dos governantes sobre os órgãos deliberativos do Governo". FALAR DE CONSTITUINTE EM LINGUAGEM POPULAR Falar a linguagem do povo, para que a próxima Constituição ernresse a vontade dos 120 Z.ilhões de brasileiros, e não apenas de alguns. Esta tônica da mensagem dos professores Ferraz Pereira, Paulo Bicudo Silvia Pimentel, de um membro do Ministério Público. Enquanto este defende a urgente integração de Sindicatos. Associações, comunidades da Igreja etc, ao debate , a professora propõe a edição de cartilhas, etc, com linguagem fácil do tipo "as leis e a nossa vida" etc. Trabalhos simples e claros. O professor Ferraz Pereira joga uma ducha de água fria. "Não se pode esperar demais de uma Constituição". Um sindicalista presente também ponderou: "Não nos interessa uma Constituição como a de 1946, que não mudou nada nas relações trabalhistas". Justificando o estímulo da Assembléia Legislativa ao debate, o presidente, deputado Nefi Tales, ponderou: "No final de cada período conturbado há sempre uma Constituinte. E assim está acontecendo agora. Nossa Constituição atual está em frangalhos. A nação clama por mudanças e por reformas". PRÓXIMA REUNIÃO: DEBATE SOBRE REPRESENTAÇÃO A mensagem da Fetaesp na reunião também foi no sentido de estimular o debate sobre uma nova Constituição, especialmente integrando o interior. Foi ponderado que se deve trabalhar sobre a cidadania em cima da qual devem repousar as instituições, e não o inverso, como hoje. Mas não uma cidadania, pela metade, como hoje, demasiado calcada num defasado conceito de propriedade e pouco sobre as necessidades dos cidadãos sem propriedades, seja de comida, alimentação, educação, previdência respeito à dignidade. humana etc. Domar o Estado para colocá-lo a serviço não mais das minorias ricas e privilegiadas, como hoje, mas de todo o povo brasileiro. Informações com os três deputados, ou com Jeanmarie (2' Secretária). Rubens Garcia (Presidente). «MM. DIRETORIA DA FETAESP Roberto Toshio Horiguti Presidente Orlando Izaque Birrer Secretário Geral Wa Ido miro Cordeiro 1? Secretário Wilson Donizeti Bertolai li Secretário Vidor Jorge Faita Tesoureiro Geral José Bento De Santi 1' Tesoureiro. Élio Neves 2? Tesoureiro Editor Responsável pelo jornal REALIDADE RURAL José Carlos Salvagni (SJP 5177) Rua Brigadeiro Tobias, 118, 36* andar, conj. 3607, CEP 01032 End. Telegráfico FETAESPE Telefones: 228.9833 e 228.9353-São Paulo (SP) arte* (féfka» tuaru »/a. Composio e Impresso nas Olicinas d« AfIM Grircas Goarú SM - Rodovia PrmkMn» DuM. km 214 . Fona: 913-1422 - Booaucoiao ■ Guaiulhos JULHO DE 1984 Nova diretoria diz que nossa ciasse é poderosa e, se unida, pode mudar os rumos do país dical beneficie o máximo ao trabalhador: "Que(Continuação da primeira página) 0 presidente da Fetaesp, Roberto Toshlo remos errar o menos possível, para que o trabaHoriguti, assinalou, na cerimônia de posse que lhador rural de São Paulo seja bem representanosso sindicalismo atravessa uma fase sem do" - disse Orlando. E o companheiro Wilson Donizeti Bertolai, precedentes em nossa história, em razão das greves: "Vivemos hoje um clima de perspecti- novo diretor, referindo-se às greves, que "os vas novas para nossas campanhas salariais; a trabalhadores foram capazes de quebrar num movimentação de nossos companheiros das momento toda uma estrutura que vinha aí. áreas canavíeiras e citricultoras abriram espa- Assim também nós somos capazes de mudar os rumos do Brasil". Nesse sentido, é preciso ços". E louvando a colaboração prestada pelos levar os trabalhadores aos Sindicatos. E os SinDiretores da Fetaesp que na data encerravam o dicatos ao Itetresp. Apelou para que cada dirimandato, Roberto defendeu a harmonização gente sindical se empenhe no sentido de trazer das várias correntes políticas surgidas no inte- às assembléias e reuniões no Itetresp os diririor do nosso sindicalismo, em face a essa gentes sindicais que costumam ficar ausentes, situação nova: "Temos de direcionar a soma de a fim de fortalecer cada vez mais nosso sindicanossos esforços para pesadas tarefas: dinami- lismo. "Representamos uma classe poderosa, zação dos trabalhos de base, das delegaciais que é o esteio da Nação" - finalizou. AS CHAPAS QUE CONCORRERAM sindicais, das campanhas salariais, da autosustentação de nossos Sindicatos". ■ A nova Diretoria da FETAESP (efetivos) é a Mostrou também que há muito por fazer com pequenos produtores e posseiros, assina- seguinte: Roberto Toshio Horiguti, presidente. lando haver um clima de diálogo e abertura em Orlando Izaque Birrer, Waldomiro Cordeiro e determinados órgãos do Governo (estadual) Wilson Donizeti Bertolai (Secretário Geral e 1' e onde se faz obrigatória nossa presença e critica 2' Secretários); Vidor Jorge Falta, JoséçBento9 construtiva, acompanhando projetos de assen- De Santi e Élio Neves (Tesoureiro, e 1 e 2 tamentos, alternativas energéticas, proteção tesoureiros). Conselho Fiscal: João Flávio ao meio ambiente, investidas (por vezes equivo- Taveira, Abel Rodrigues de Camargo e Leonalcadas) nas campanhas salariais, e tentativas de do de Almeida. Delegados Representantes junto à CONTAG: Antônio Crispim da Cruz e Beneinstitucionalizar a mão de obra volante, etc. dito Vieira de Magalhães. O presidente da Fetaesp é 1' vice-presidente da CONTAG. NOVOS DIRETORES PEDEM CRÍTICA E PARTICIPAÇÃO Os candidatos da chapa n' 2 eram (diretoria Enquanto o companheiro José Bento de Santi defendia a manutenção da atual linha efetiva): Francisco Benedito Rocha, Emílio Berpolítica da Fetaesp, o novo Secretário Geral, tuzzo, José Carlos Zamian, Mário Vatanabe, Orlando Izaque Birrer louvava a luta do sindica- Paulo Silva, Vergflio José da Silva e Antônio lismo em face à fome, desemprego e analfabe- David de Souza. Conselho Fiscal: Salvador tismo. E pedia aos dirigentes sindicais não Mendes, José Gomes e José Rodrigues Xavier. silenciarem na critica necessária, "que se fale o Delegados Representantes: Osvaldo de Oliveira que se deve falar", a fim de que nossa ação sin- e Antônio Carlos Trombetta. Dirigentes sindicais prestaram homenagem a 3 companheiros mortos, com minuto de silêncio. Pontal, Pirituba, Andradina, IAF9ICA, etc: Secretário José Serra breca as verbas Barracas de famílias ocupantes da fazenda Pirituba, do Estado, apropriada ilegalmente por grandes fazendeiros: foto de Francisco Benedito Rocha, ex-Secretário Geral da Fetaesp. de seleção adotado pelo Incra. O presiEmbora a Secretaria da Agricultura dente do nosso Sindicato em Andradina, esteja plenamente empenhada em desJoão dos Santos Alves Sobrinho, sustenta trinchar rapidamente os problemas de que desde janeiro vem fazendo cadastro terra e iniciar assentamentos em maior Funcionários do Sindicato de Araraquara entregam placa de homenagem a seu presidente, escala possível nas terras disponíveis do de trabalhadores sem terra, os AcampaÉlio Neves, novo diretor da Fetaesp: reconhecimento pelo bom clima de trabalho. Aproveita- Estado, o fato é que a Secretaria da Agridos inclusive. Haviam mais de 500 cadasmento melhor do potencial dos funcionários no assessoramento aos dirigentes sindicais, proje- cultura não está conseguindo fazer pratitrados. A seleção, pelo Incra, já ocorreu. to da FETAESP. DOIS PROJETOS camente nada. O grande problema, ao COM TRAMITAÇÃO URGENTE que parece, é mesmo a posição do SecreNo dia 26 de junho houve reunião na tário do Planejamento, José Serra, de dar Secretaria da Agricultura, coordenada à questão da terra pouca importância, pelo próprio Secretário, Nelson Nicolau não soltando dinheiro, brecando tudo. para debater aspectos da Política FundiáE como estamos já no segundo ano do ria do Estado, e providências a tomar. A Governo Montoro, que tem na questão Fetaesp destacou na reunião sua concorda terra um dos seus pontos mais definidância com os dois anteprojetos a serem dos e avançados, é bom que a opinião encaminhados pela Secretaria da Agripública paulista saiba disso e colabore cultura ao Governador Montoro, um conosco no sentido de cobrar do SecretáQuem quiser entender que, afinal, o preso pode deles criando o Instituto de Assuntos rio do Planejamento respeito à Proposta porque o Brasil não conse- ser perigoso, mas não é Fundiários e dispondo sobre planos Montoro. gue nunca tornar-se um bicho. públicos de valorização e aproveitamento TUDO TRAVADO País digno do seu tamanho dos recursos fundiários do Estado. O A disposição da Secretaria da AgriculMas está sofrendo uma e de sua gente, de raças outro, dispõfe sobre a alienação de terras tura é resolver logo, no início da safra, os diferentes, acompanhe a campanha violenta e de problemas de assentamentos na Gleba públicas estaduais a trabalhadores rurais. campanha enfrentada pelo baixo nível dos meios conPirituba (foto), em Itapeva/Itararé, recuOs anteprojetos acabam também com o atual Secretário da Justiça servadores que, através perada há pouco pelo Estado graças a estrangulamento burocrático existente na do Estado, José Carlos dele, querem atingir a Igreocupação de Trabalhadores Rurais Sem Procuradoria do Patrimônio Imobiliário Dias. Advogado militante, ja. E é sempre assim: basta Terra e dos Acampados no Pontal do do Estado frPI). A reunião acabou girancom muita atuação na área levar à prática as implicaParanapanema, assentados provisoriado mesmo bastante em torno disso. de Direitos Humanos, foi ções que o direito de cidamente em terras da CESP, mas temerosos Ponderou-se haver necessidade de que presidente da Comissão dania gera que os "donos de que seu processo demore um ano ou os anteprojetos tenhjam a tramitação Justiça e Paz da' Arquidio- do povo" mostram os denmais, em razão do que há muita tensão no mais urgente possível, a fim de que o cese de São Paulo, com um tes. (Na foto, o Secretário, acampamento. Governo Montoro tenha condições de à esquerda, com o Govertrabalho muito digno. levar à prática sua proposta em matéria Há ainda o caso não resolvido dos tranador Montoro, recebendo de terras. O Secretário Nelson Nicolau balhadores rurais sem terra que haviam Na Secretaria, procurou os posseiros de Teodoro ocupado a parte não assentada da Fazenobservou que o Paraná e Santa Catarina aplicar ao sistema carcerá- Sampaio. A Secretaria tem estão podendo realizar trabalhos em da Primavera, em Andradina, e, retirados rio e a outros setores da muito a ver conosco, atrapor mandado judicial, acamparam à beira matéria de terra com muito maior agiliSecretaria os conceitos de vés da Procuradoria do dade. Há menor emperramento do que respeito à pessoa humana Patrimônio Imobiliário do por sinal de um passado da estrada. Pleiteam terras do Estado, pois se consideram alijados pelo processo em São Paulo. que sempre pregou, por- Estado (PPI), organismo. super-emperrado). Campanha contra o Secretário d a Justiça JULHO DE 1984 REALIDADE RURAL PÁG. 3 Em razão das greves, ocupações, programas de governo, etc. A programação da FETAESP vai mudar muito e será conduzida através dos Grupos Regionais O forte da programação da FETAESP para com os Sindicatos, daqui por diante, será conduzido cada vez mais mesmo através dos Grupos Regionais, que sofrerão alguns ajustes a serem definidos em conjunto com os Sindicatos, levando em conta facilidades de acesso, distâncias e outros aspectos locais. Essa é a orientação, exposta pela nova Diretoria, durante o Encontro de Dirigentes Sindicais, realizado em Agudos, dia 20 de junho. A justificativa é evidente: os Grupos Regionais deram certo. É preciso agora melhorar a forma de atuação, buscar maior eficiência, tornar as reuniões ainda mais produtivas. E aumentar também as presenças, de forma que com o tempo não falte qualquer Sindicato às reuniões. GRUPOS REGIONAIS JÁ CONTRIBUÍRAM BASTANTE Além de eficientes, os Grupos Regionais têm possibilitado aos dirigentes sindicais uma atuação de conjunto que só tende a crescer e a se aperfeiçoar, reforçando até mesmo o papel de coordenação da FETAESP, com a descentralização de atividades. O peso político dos Sindicatos também cresceu muito junto às autoridades municipais e outros organismos, dada a atuação de conjunto. Os Grupos Regionais, no geral, têm contribuído muito para tirar, os dirigentes sindicais do isolamento de suas bases e de seus problemas locais, dando a esses problemas um caráter mais amplo, colocando-os num quadro maior. E isso tem aumentado a solidariedade, especialmente nos momentos de tensão, como tem ocorrido na Alta Sorocabana, com os conflitos de terra e Previdência; na Média Araraquarense, na preparação e desenrolar dos atuais movimentos trabalhistas e grevistas, elaborando pautas de- reivindicações e contribuindo decisivamente para a mudança da próxima Campanha Salarial. Na Média e Baixa Sorocabana, os Sindicatos têm atuado em conjunto no levantamento de custos de produção dos pequenos agricultores, como forma de discutir também seus problemas gerais (atraindo, em conseqüência, a atenção da Secretaria da Agricultura e outros Vários encontros regionais sugeridos: assalariados merecerão ênfase, por greves A organização dos assalariados deverá gerar, naturalmente, mais atividades na programação da Fetaesp e Sindicatos do que em outros setores, dado o movimento grevista, ainda em andamento. Não só Encontros de Assalariados da Cana e da Laranja deverão ser promovidos, mas também os de Café, outras lavouras, e quem sabe, até mais específicos, como de granjas, pecuária, etc. O objetivo é cada vez mais debater problemas e definir reivindicações. Problemas de Terra também figurarão permanentemente na pauta das atividades dos Grupos Regionais, seja com referência a posseiros, seja com referência a ocupações de terra e programas de regularização de títulos e assentamentos. (Está em curso em todo o País, a propósito, a Campanha Nacional pela Reforma Agrária, gerando muitas atividades). PEQUENOS PRODUTORES Foi sugerida pelos dirigentes sindicais a realização de Encontros Regionais de pequenos produtores, havendo até mesmo a proposta de um Encontro Estadual, de dois dias, sendo o segundo dia reservado para debate com o Secretário da Agricultura e outros organismos governamentais, a partir do que for constatado nas regiões. O Plano Agrícola Municipal (PAM), com seus altos e baixos, deverá merecer atenção por parte dos dirigentes sindicais, dadas as suas implicações. Questionam-se muito as posições políticas ou patronais de muitos técnicos, a defesa de posições que se chocam conosco (como a extensão do FGTS ao canipo). O PAM tem merecido alguns elogios e também reparos por parte dos dirigentes sindicais. Foi sugerido à FETAESP até mesmo a conPÁG. 4 tratação de técnicos para atuar na área de pequenos produtores. E em matéria de cooperativismo, a defesa do cooperativismo verdadeiro e combate ao falso cooperativismo. CONFLITOS DE TERRA Foi recomendado que nos Encontros Regionais de Pequenos Produtores também se debatam os Conflitos de Terra, por estarem estreitamente vinculados. E que se debata não apenas a solução a este ou aquele conflito, mas a própria linha de ação, a diretriz do nosso sindicalismo quanto à luta pela posse da terra, pela Reforma Agrária, como encaminhar a luta dos trabalhadores pela terra. Em plano nacional, foi sugerido até que a CONTAG tente uma batalha jurídica para cumprimento pleno do Estatuto da Terra. A propósito: o Instituto de Assuntos Fundiários (IAF), da Secretaria da Agricultura, foi uma grande inovação e tem muito o que fazer. Mas faltam dinheiro, funcionários, etc. Raquítico, como está,n não vai conseguir fazer muita coisa. CURSOS DE TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO Em julho será realizado, normalmente, como de costume, o curso de treinamento de funcionários de Sindicatos, com ênfase a questões burocráticas. Foram sugeridos também cursos para capacitação para novos dirigentes sindicais e outros na linha. Também foi sugerida mobilização em nível de Estado pela aprovação do Anteprojeto de Previdência do nosso sindicalismo, que está no Ministério da Previdência em Brasília desde abril do ano passado. O novo Secretário Geral da Fetaesp, Orlando Izaque Birrer, presidente do Sindicato de Votuporanga. órgãos de Governo). E também têm atuado em conjunto no trato de conflitos de terra, problemas de assistência médica e Previdência, trabalhistas, etc. Nos outros Grupos Regionais, como a Noroeste, a Alta Araraquarense, a Mogiana, a IV Congresso: Encontro Estadual de Preparação em Novembro Em novembro será realizado o I Encontro Estadual de Preparação para o IV Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais, a ser realizado em Brasília em maio do próximo ano. E de 10 a 15 de dezembro será realizado o Encontro Nacional para fusão das teses levantadas nas regiões. Todas as quatro regiões do Brasil já realizaram reuniões interestaduais, para encaminhar a preparação do IV Congresso. Eis os principais critérios de organização do IV Congresso: 1) Só participarão do IV Congresso representantes dos 2.600 Sindicatos nosso no País, Federações, não se aceitando outras organizações; 2) Cada Sindicato tem direito a um representante. Além disso, cada Estado terá direito a um número de representantes correspondendo à metade do número de Sindicatos; Estados em melhores condições podem enviar 2 representantes por Sindicato. O 2', sempre, de base. 3) Cada Sindicato realizará reuniões e assembléias com os trabalhadores definindo o que levar de posições para o Congresso. Depois serão realizados encontros regionais (2' semestre) e por fim o Encontro de Novembro. 4) Os representantes que irão a Brasília devem ser participantes dessas assembléias e encontros preparatórios, a fim de evitar propostas personalistas, que desviem os debates no Congresso. Segundo o companheiro Francisco Urbano de Araújo Filho, diretor Tesoureiro da CONTAG, que alinhou estes critérios em Agudos, a previsão é de 4.000 participantes para o IV Congresso. REALIDADE RURAL Baixa Mogiana, Paulista e Vales do Ribeira e Paraíba, a atuação tem sido em torno do dissídio coletivo e problemas trabalhistas, fiscalização no transporte de volantes, assistência médica e Previdência, conflitos de terra, etc. ENCONTROS REGIONAIS DE TRABALHADORES, FUNCIONÁRIOS, ETC. A atuação dos Grupos Regionais tende a ser ampliada, com a realizaçãç de Encontros Regionais de Trabalhadores, no geral, ou por áreas específicas, produtos específicos, entrosando a atuação dos Sindicatos ainda mais sobre determinados problemas. Há também a posição de que.é preciso incorporar os funcionários dos Sindicatos à vida e às lutas sindicais, não apenas confiná-los a tarefas técnicas. Cada vez mais os dirigentes sindicais precisam de assessoria e por que não aproveitar a colaboração, dos funcionários, que participam do dia a dia do Sindicato? Não seria uma forma de evitar também a saída destes funcionários para bancos, etc? A experiência de alguns Sindicatos tem sido muito positiva ganhando os dirigentes sindicais colaboradores entusiastas. Também nisso a maneira mais adequada de debater a atuação dos funcionários pode ser através dos Grupos Regionais, intensificando o relacionamento. Advogados de sindicatos: surge enfim a discussão O papel do advogado dos nossos Sindicatos em SSo Paulo foi muito questionado em Agudos, durante o Encontro dos dirigentes sindicais, no dia 20 de junho, no momento em que se debatia a evolução da próxima Campanha Salarial. Muitos dirigentes sindicais colocaram obstáculos à presença dos advogados dos Sindicatos na redação das cláusulas da Campanha Salarial, após a consulta aos trabalhadores que se decidiu fazer até o dia 10 de Julho. Foi observado que a maioria dos nossos advogados são trabalhistas mas não com espírito sindicalista, vivem é margem das lutas sindicais, demasiado afeitos a aspectos legalistas - e mesmo assim, fora do prisma sindical. Até conflitos entre Sindicatos podem surgir por causa disso. Outros dirigentes sindicais ponderaram que a presença dos advogados em Agudos, por ocasião da assembléia de aprovação da pauta da próxima Campanha Salarial seria uma forma de levá-los a comprometér-se mais na luta e com os pontos de vista sustentados pelo nosso sindicalismo. Mesmo os que concordaram com a presença dos advogados dividiram-se, alguns opondo-se a que os advogados se manifestassem, fazendo preponderar seu Jurisdicismo em detrimento da direção da luta trabalhista que os dirigentes sindicais querem dar daqui por diante! QUE NÃO SEJA MAIS UM MERO ADVOGADO Evidentemente, o sindicalismo tem de definir uma política mais clara com referência à contratação do advogado - mesmo porque o advogado é o principal assessor do Sindicato, e, portanto, cargo de confiança, não só do dirigente sindical mas da própria categoria. Ê um profissional que não pode ficar com os pés em dois barcos: ou está conosco, ou não tem nada a ver conosco. Para o companheiro Francisco Urbano Araújo Filho, Diretor da CONTAG, presente ao Encontro, "o importante é que o advogado não seja só advogado mas também engajado num contexto maior; que entenda de política sindicai". Para o companheiro Wilson Donizeti Bertolai novo Diretor da Fetaesp, o que conta mesmo é o papel do advogado como assessor do Movimento Sindical, "como o advogado pode contribuir, desde a contratação, para o Movimento Sindical ser mais forte. A discussão, por isso, é sobre a participação do advogado como assessor, não apenas como prestador de serviços Jurídicos. Já o companheiro Altamir Pettersen, {Foto) assessor Jurídico da CONTAG, ache que é importante o advogado participar de encontros, como o que vai definir e pauta de reivindicações, "para entender o porquê de certas reivindicações. As vezes no município onde ele atua não se constatam certas realidades de outros municípios. Participando, ele tem como defender certas cláusulas, cuja importância passa a reconhecer". É HORA DE DEBATES De qualquer maneira, o tema é polêmico e o Ideal é que a partir de agora se gere uma discussão muito grande a respeito, envolvendo tanto os dirigentes como os próprios advogados e trabalhadores. Há algumas questões Importantes como os de critérios de escolha dos advogados, formas de contratos que permitam uma remuneração condizente em troca de um serviço exclusivo e engajado, etc. (Aí está a coluna A OPINIÃO DO LEITOR; do Realidade Rural, para Isso). JULHO DE 1984 Reunidos em Araraquara, sindicatos da área da Laranja DECIDEM: o A partir de I de agosto, área da laranja entrará em estado de greve, se novos acordos não se firmarem Dia 20 de julho os Sindicatos em cujas bases houveram lavouras de laranja se reunirão novamente para uma avaliação da situação dos apanhadores de laranja e encaminhamento aos empregadores (inclusive a FAESP) das pautas de reivindicações por parte dos Sindicatos que ainda não firmaram os acordos. E a partir do dia 1' de agosto toda a região da laranja entrará em estado de greve caso até lá os empregadores não derem uma resposta satisfatória às reivindicações dos trabalhadores, superando inclusive as falhas do acordo assinado em São Paulo pelos Sindicatos de Bebedouro e Barretos em clima bastante constrangedor. Essa decisão foi tomada pelos Sindicatos da área da laranja, reunidos dia 2 de julho em Araraquara. Estavam presentes os dirigentes dos Sindicatos de Barretos, Bebedouro, Jaboticabal, Matâo, Novo Horizonte, Urupês, São Carlos, Araras, Olímpia, Pirassununga, Nova Europa, Araraquara e assessores da Fetaesp. ACORDOS: DESCUMPRIDOS OU BOICOTADOS Durante a reunião foi feita uma avaliação do andamento dos acordos por parte dos Sindicatos que já assinaram. Os dirigentes denunciaram que os acordos estão sendo Em Pontal, uma bela greve de 8.500 trabalhadores descumpridos descaradamente, ou boicotados. Exemplo disso é a falta de caixas para os apanhadores de laranja, fazendo com que ganhem pouco na diária e façam média baixa para o descanso remunerado. Outro exemplo é a tendência dos empregadores de atraírem trabalhadores da cidade e de outras regiões em lugar dos apanhadores tradicionais. Os dirigentes sindicais de Bebedouro e Barretos mostraram que os acordos foram feitos sob compulsão, longe dos locais de conflitos, sem comissão de trabalhadores presentes (como ocorreu e foi decisivo no caso de Guariba). E tam- bém sob muita pressão, num clima por demais constrangedor. Os dirigentes querem que as rescisões dos contratos de trabalho seiam feitas, obrigatoriamente, através dos Sindicatos, a fim de evitar problemas maiores para as partes. Os demais dirigentes sindicais presentes louvaram, contudo, a atuação dos Sindicatos de Bebedouro e Barretos, pois "eles abriram a porteira". Frisaram contudo, que esses Sindicatos foram levados a firmar os acordos num período em que a colheita da laranja ainda não havia sido iniciada e portanto não verificados os problemas da atual safra. Muitas greves no Paraná, Minas e Goiás, acompanhando Guariba O movimento grevista da área canavieira, estourado em Guariba, se espalhou rapidamente pelos Estados de Minas, Goiás e Paraná. De uma hora para outra, a região Centro-Sul do Brasil viu-se diante de uma situação nova, de grandes dimensões, na área de trabalhadores rurais. PARANÁ: ACORDOS COM 22 SINDICATOS. O movimento grevista no Paraná ganhou maior dimensão a partir do dia 4 de junho, quando 6.000 cortadores de cana de Andira, pararam. Depois de avisar o Sindicato, os trabalhadores pediram a presença da Federação. Houve um descuido: os trabalhadores aceitaram voltar ao serviço, com promessa de parar dia 6 se não houvesse o acordo. E negociação com trabalhador trabalhando é ruim. Mas o acordo foi muito importante, sendo logo extendido aos Sindicatos de Jacarezinho, Cambará, Santo Antônio da Platina e Ribeirão Claro. Na mesma ocasião, segundo o Diretor da Federação, do Paraná, Agostinho Bukovski, informou em São Paulo, houve mais 4 paralisações. Percebendo a dimensão e o ambiente propício para, a luta trabalhista, a Federação tratou logo de mobilizar as microrregiões, para que os Sindicatos a partir de 15 de junho passassem a se reunir com os trabalhadores nos pontos, nas vilas, etc, convocando assembléias para o dia 24 de junho e no dia 26 a Federação promoveu encontro em Maringá para unificação da pauta de reivindicações, dando prazo até o dia 2 dé julho para os patrões de todo o Estado se JULHO DE 1984 manifestarem, com relação à cana. Dia 4 houve acordo para 22 Sindicatos, sendo as conquistas, em linhas gerais, as seguintes: fim do gato, contrato direto com as empresas; estabilidade para um delegado sindical por caminhão, durante a safra, eleito pelos trabalhadores e sob a coordenação do Sindicato; compasso fixo de dois metros (o "metro" dos gatos tinha l,40m) mais o "pulo" do gato na hora de medir, de 0,60 cm). As negociações, segundo o presidente, Antenor Beni, se encerraram com uma bela greve em Colorado, cujo dono da usina mora em Presidente Prudente. Desagradou os trabalhadores ao suspender a reunião para voltar com seu avião a Presidente Prudente, dizendo não acreditar que seus trabalhadores fizessem greve. No dia seguinte, 1.600 trabalhadores estavam parados e o dono da usina teve de voltar a Colorado. MINAS E GOIÁS A repercussão da greve de Guariba em Minas ocorreu já no dia 23 de maio, quado os cortadores de cana de Uberaba paralizaram o serviço nas usinas Delta, Mendonça, Colorado e Junqueira (Igarapava-SP). Conseguiram, basicamente, a extensão do acordo de Guariba, inclusive o fim das 7 ruas. Bastou um dia de greve. De um modo geral, a greve de Guariba repercutiu muito em Minas, principalmente nas áreas próximas a São Paulo, pois muitos canavieiros mineiros trabalham normalmente em canaviais paulistas vizinhos. Outra greve estourou no dia 7 de julho em Fronteiras, área próxima da Mogiana, e a Federação de Minas (FETAEMG) compareceu às negociações, pois no município não há Sindicato. Logo também começará a mobilização de 11 Sindicatos na região de Passos, sul de Minas, próxima a Franca (SP), já no 3' ano de campanha salarial. A data base é l9 de outubro. Em Goiás a repercussão da greve de Guariba foi imediata: um dia depois de Guariba, estourou greve em Santa Helena, conseguindo-se o fim das 7 ruas. As negociações foram em clima de grande tensão. Estouraram depois outras duas greves, segundo Amparo Sesil do Carmo, presidente da nossa Federação em Goiás: uma, na metade de junho, em Acreuna, Jandaia e Indiara, e a última, de 25 a 26 de junho, em Goianésia, também com o fim das 7 ruas, o que não prometia ser fácil. Segundo Amparo, a questão da cana "está um flagelo" em Goiás, com rápida expansão em razão do Proálcool. A atual safra representa um aumento de 30 a 40% em relação à última safra e há muitas destilarias com processo de implantação. Há muita hostilidade às mobilizações de trabalhadores em Goiás, segundo Amparo. Queixa-se que a Delegacia Regional do Trabalho em Goiás funciona na verdade mais parecida com delegacia de polícia. - Os patrões não estão querendo cumprir os acordos. Há muitos focos de reativação de novas greves. A dispensa dos trabalhadores, proibida pelos acordos, em duas usinas, está causando revolta entre os trabalhadores, diz Amparo. REALIDADE RURAL Uma bela e organizada greve ciações com os patrões duraram estourou em Pontal (cidade próxi- apenas uma hora e meia. O ganho ma a Ribeirão Preto) no dia 16 de igual entre o homem e a mulher, junho, parando o serviço, sem que é de lei mas era descumprido, maiores problemas aproximada- vai ser daqui por diante respeitado. mente 8.500 trabalhadores, segun— Para mim foi uma experiência, do o companheiro Jairo, presidente senti como uma conquista. Nunca tinha visto greve na parte rural na do Sindicato. Exigindo preços melhores para o minha vida — confessou Jairo. corte de cana, na base do acordo Tinha receio de conflitos, mas pedi de Guariba, os cortadores de cana a compreensão das pessoas e foi participaram de uma assembléia, tudo normal. BARRETOS: APROVEITAR feita no dia 14, no ginásio de COMISSÕES DE GREVE esportes de Pontal, de onde foi tirada uma comissão de 12 trabalhaUm companheiro que vibrou dores para acompanhar as negocia- muito com as greves foi João Flá ções com os empregadores. "Foi vio Taveira, jovem diretor do Sin uma parada total, o comércio dicato de Barretos. Destacando a fechou de medo. Foi tranqüila, não importância da iniciativa do Grupo teve nenhuma discussão, nada. Os Regional 5, que, depois de muitas trabalhadores decidiram parar reuniões, tinha pauta de reivindica tudo, nem carro de funerária ou ções pronta quando estouraram as bicicleta passava", contou Jairo. greves, João Flávio diz que os tra- Antes da assembléia — disse balhadores passaram a acreditar ainda Jairo — tentou negociar com nos Sindicatos. E por isso a mobilios patrões na prefeitura, 2 ou 3 zação deve continuar, agora pelo vezes e eles só queriam trocar uma cumprimento dos acordos e por coisa por outra, mas não queriam uma melhor estruturação dos Sincumprir o acordo". dicatos. "Já temos as comissões A assembléia que decidiu pel^ formadas nos bairros que nos ajugreve havia sido convocada uma dam a melhorar o trabalho" — con semana antes. Os trabalhadores clui ele — ao defender a necessidaaguardaram os resultados da nego- de das Diretorias dos Sindicatos ciação no próprio ginásio de espor- não desperdiçarem a colaboração tes. A comissão, segundo Jairo, preciosa das comissões de trabateve um desempenho espetacular, lhadores que negociaram os acoreficiente e muito sensato. As nego- dos. À margem nas greves, Ministério constitui comissão FAESPIFETAESP Preocupado com o dinheiro estrangeiro para as falsas cooperativas de volantes e com outras questões de menor importância, o Ministério do Trabalho acabou ficando praticamente à margem do processo grevista no interior, onde, aliás, tem estrutura fraca e rara fiscalização. Com o processo grevista esquentando e com a dimensão dos acontecimentos, a Delegacia Regional do Trabalho decidiu sugerir à Federação dos fazendeiros {FAESP} e à Fetaesp a formação de uma comissão entre patrões e empregados rurais, em âmbito estadual, para debater os muitos aspectos das rela- ções do trabalho no campo e assim possibilitar entendimentos. A comissão tem se reunido algumas vezes, sem andar muito contudo. Afinal, a FAESP antes jamais havia aceito qualquer entendimento com nosso sindicalismo nos 9 anos de dissídio coletivo. E postura alguma muda fácil de uma hora para outra. Os integrantes designados pela Fetaesp são os diretores Élio Neves, Vidor Jorge Faita (em viagem) e Antônio Crispim da Cruz (este, presidente do nosso Sindicato em Cravinhos e delegado junto à CONTAGj. Eis a relação de Sindicatos que assinaram os acordos De acordo com o Departamento Jurídico da Fetaesp, são os seguintes os Sindicatos que firmaram acordos com relação à cana e laranja no Estado. Lins (Promissão, Lins, Guaiçará e Avanhandava), Presidente Epitácio, Presidente Prudente, Presidente Bernardes, Mirante do Paranapanema, Urupês e Catanduva (cana e laranja), Penápolis, Bebedouro e Barretos (laranja), Piracicaba, Rio Claro, Charqueada, São Pedro, Descalvado (Porto Ferreira, Santa Rita do Passa Quatro e Santa Cruz das Palmeiras), Pirassununga, Ourinhos. Jaú (Pederneiras) ; Marília, Quatá, Teodoro Sampaio, Novo Horizonte, Dobrada, Porto Feliz, Jaboticabal (Taiúva, Taiaçu, Monte Alto e Guariba), Capivari, Sales de Oliveira (Orlandia, Nuporanga e Morro Agudo), São Carlos (Ibaté), Limeira (Iracemápolis e Cordeirópolis). Mais Araraquara e Araras (menos laranja). Pontal, Barra Bonita. Alçuns Sindicatos não enviaram ainda cópias dos acordos_à Fetaesp e por isso podem não estar citados nesta relação. PÁG. 5 CEIdo Volante encerrada: Sindicato do Paraná deputados querem CPI e mo b i I i za assoc i ad os ação conjunta de Secretarias e enfrenta hospital No dia 25 de maio de 1980, Dia do Trabalhador Rural nosso Sindicato em General Salgado resolveu convocar o deputado mais votado da região para um debate com os trabalhadores rurais sobre o que ele e a Assembléia Legislativa estavam fazendo em benefício do trabalhador rural. Era um dia quente. Havia bastante trabalhadores presentes. Era domingo. Estavam presentes o presidente da Fetaesp, Roberto Toshio Horiguti, que havia participado pouco antes de uma manifestação de protesto contra os descaminhos da Previdência Rural e da Política Agrícola, em Santa Fé do Sul. E também compareceu o deputado mais votado da região: Waldemar Chubaci. O questionamento dos trabalhadores e sindicalistas foi intenso. Algum tempo depois a Federação recebia a informação de que o deputado havia Solicitado a instauração de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para levantar a situação do Trabalhador Volante. A Comissão começou a funcionar em 1981, presidida pelo depu- tado sem formalismos. Quem comparecesse às reuniões podia falar, indagar. A Comissão foi ao interior do Estado, ouviu depoimentos dos trabalhadores volantes, ouviu sindicalistas nossos, cientistas sociais, políticos, ex-secretários. No ano passado, com a nova legislatura, a Comissão foi autorizada a continuar funcionando. No final de junho ela concluiu os trabalhos, divulgando o relatório final, redigido pelo deputado Mauro Bragatto. DEFENDIDA UMA CPI NACIONAL PARA VOLANTE No relatório, resumidamente, a CEI sobre as causas do surgimento do Volante, sobre as implicações do modelo político adotado no País, sobre a penetração capitalista no campo, problemas de previdência, questões de legislação trabalhista etc. E, no final a CEI propôs uma série de medidas importantes para continuar o debate em termos nacionais, sobre a questão do volante, migrações, legislação trabalhista, previdenciária. Morrem presidentes dos STRs de Bern. de Campos e Apiaf No dia 12 de junho, vítima de problemas circulatórios, faleceu o companheiro Francisco Luiz dos Santos, presidente do nosso Sindicato em Bernardlno de Campos. Natural de Sete Lagoas, Minas, tinha 84 anos. Francisco era trabalhador rural volante. Simples, mais acostumado a ouvir do que a falar, era muito estimado, especialmente pelos companheiros do Grupo Regional da Média Sorocabana (reglio de Avaré) pois nunca faltava a qualquer reunião. 0 companheiro Anésio Redondo, presidente do nosso Sindicato em Santa Cruz do Rio Pardo, conta que Francisco enfrentou os primeiros problemas oito dias antes da morte durante mesa redonda regio- nal para tratar do acordo da cana: Francisco nio queria abandonar a raunito, mas por causa da sua situação, a reuniio foi suspenso. Os próprios companheiros o levaram para casa. Na madrugado do dia B de julho,, faleceu o companheiro José Rodrigues Silve, presidente do nosso Sindicato em Apiaf, município entre o Vale do Ribeira e e baixa Sorocabana, e vizinho do Peraná. 0 companheiro, com 61 anos de idede, era natural de Livramento (BA); homem da posiçOes pessoais claras, era muito conhecido na cidade, tendo lido Inclusive provedor de Santa Casa. Numa regiio de posseiros, José Rodrigues era pequeno produtor e denunciava, com insistência, o esvaziamento do cempo. Com longa militéncia no sindicalismo, no último ano vinha enfrentando problemas de saúde. As famílias de José t Francisco, e companheiros dos respectivos Sindicatos, nossos condolências. PAG. 6 O mero assistencialismo, que transforma a sede do Sindicato num mini-hospital, é uma praga que faz muitos de nossos Sindicatos se tornarem escritórios sindicais, afastando-se de sua verdadeira função. Mas existe um jeito muito positivo de transformar a assistência médico-hospitalar num ótimo meio de mobilização dos trabalhadores rurais. E mais e mais Sindicatos estão sabendo utilizar esse esquema. Deste debate promovido pelo Sindicato de General Salgado em 1980 resultou a CEI do VOLANTE. Exemplo para outras iniciativas. reforma agrária, etc. E tam- do para o desenvolvimento bém propôs medidas para o da lavoura de baixa renda; Governo do Estado cum- 6) gestionar junto ao prir. Governo Federal no sentiA principal medida, em do de exigir a aplicação do âmbito Federal, é certa- texto do Estatuto da Terra mente a proposição da no que diz respeito à taxaconstituição de uma ção das propriedades ocioComissão Parlamentar de sas e à desapropriação com Inquérito (CPI), no Con- títulos da Dívida Pública. gresso Nacional, sobre o 7) implementar os equipaVolante. Três deputados mentos coletivos colocados, estaduais vão levar o rela- à disposição dos trabalhatório da Comissão e o pedi- dores volantes, principaldo da CPI ao Congresso mente nos setores de educação, saúde e lazer. Nacional. No que diz respeito ao Outra medida importantíssima sugerida ( e que se destino das terras devolutas afina com a chamada Pro- do Estado a CEI pede que a posta Montoro) é a elabo- Assembléia recomende às ração, EM CARÁTER Comissões de Agricultura a URGENTE, de um progra- elaboração de proposição ma mínimo conjunto, entre no sentido de empenhar as as várias Secretarias, "para terras devolutas do Estado dar uma solução global à num programa que conintolerável situação dos tra- temple o trabalhador rural balhadores volantes no temporário com a terra e a assistência necessária para Estado". Esse programa, segundo sua sobrevivência digna e os deputados da CEI, deve produtiva. No que diz respeito às acionar as diferentes áreas administrativas do Estado relações entre os trabalhapara: dores rurais e seus patrões,, 1) propiciar a organização a CEI recomenda que a dos trabalhadores rurais na Comissão de Relações do defesa dos seus direitos, Trabalho elabore "também conscientizando, ao mesmo uma proposição, com o tempo, os empregadores objetivo de maximizar a quanto às suas responsabili- mediarão do Poder Público Estadual no relacionamendades e obrigações; to entre o trabalhador rural 2) fiscalizar o exercício do volante e seus empregadotrabalho rural temporário, res diretos ou indiretos". zelando pela vigência dos CAUSAS EVIDENTES direitos do trabalhador rural e difundindo formas A íntegra das conclusões, de relações entre as partes por falta de espaço, divulque atendam as necessida- garemos em próxima edides mínimas dos trabalha- ção. No entanto, no geral, três aspectos políticos dores volantes; foram apontados como res3) mobilizar as Secretarias ponsáveis pela crise da inscompetentes para intensifi- titucionalização do trabacar a vigilância em relação lhador volante na realidade ao recrutamento dos traba-, da agricultura paulista: lhadores, transporte, alojamento e higiene dispensa- a) a ausência de uma sólida política em relação à terra, dos aos volantes. % ou mais precisamente de 4) Elaborar um plano uma reforma agrária; amplo de socialização das b) a grande supremacia do terras devolutas do Estado latifúndio e do usineiro em com o objetivo de fixar o relação ao trabalhador homem no campo e iniciar rural, mais precisamente um processo de Reforma sobre os direitos a ele Agrária. inerente; 5) empenhar as instituições c) as riquezas da produção financeiras do Estado no agrícola são canalizadas sentido de destinar recur- somente para o produtor, sos ao pequeno produtor, ficando o trabalhador releassociado a um programa gado a posição de plena de assistência técnica volta- miséria. REALIDADE RURAL graça se o trabalhador ser realmente internado. Se for internado, paga de outra maneira. Inamps-Urbano tem preferência. InampsRural, pasta. Muitos trabalhadores são internados, sem escolha, em quartos, ficando preso no hospital até pagar a conta, que vai aumentando dia a dia. Os remédios do hospital são mais caros que os das farmácias, os médicos não receitam remédios da CEME, que estão no Sindicato; a diária do acompaUM BELO nhante é muito cara e o MOVIMENTO, secretário da Policlinica, no acerto de contas, ameaça NO PARANÁ bater e chamar a polícia para Recebemos do Paraná um que o trabalhador não reclarelatório muito interessante. me da exploração. A alimenFoi feito pelo Sindicato dos tação é de má qualidade. Trabalhadores ; Rurais de Os doentes recebem alta, Nova Prata do Iguaçu. sem condições de boa recupeDescobrindo que a assis- ração, há muitos casos de tência médica era uma neces- negligência médica, causansidade concreta, os dirigen- do a morte, por exemplo, de tes daquele Sindicato resolve- um bebê, de uma mulher ram agir de maneira diferen- picada de cobra. O tratamente, em vez de eles mesmos to é mal acompanhado, enfrentarem de cara, sozi- demorando muito para curar nhos, o problema, como problemas fáceis. Registrouacontece normalmente. se mesmo o caso do desligaO Sindicato passou afazer mento das trompas sem perreuniões em todas as comuni- missão do casal. dades, buscando um levantamento de como os hospitais e MÉDICOS CONTRA médicos locais estavam atendendo, como também quais O SINDICATO eram as reivindicações dos Como o Sindicato pega no trabalhadores para levar às autoridades. Ao final, foi fei- pé, os médicos procuram conto um documento, aprovado vencer os lavradores a se em assembléia, reunindo afastarem do Sindicato e a ficarem só com a carteirinha todas as informações. Algumas das conclusões do do INAMPS-RURAL. O mélevantamento são muito inte- dico diz que enquanto o atual ressantes e, como se repetem presidente não sair do Sindiem muitos e muitos hospitais, cato os trabalhadores serão sempre mal atendidos. E vamos divulgá-las. mesmo se diz na cidade que o EM SUA CIDADE É convênio odontológico, já aprovado, não será implantaASSIM TAMBÉM? do enquanto a atual diretoria ) O convênio médico-hospi- não sair. talar em Nova Prata do IguaE, além da moralização do çu é com a Policlinica, que atendimento e das dependênforça ao máximo a situação cias do hospital, e do credenpara obrigar o doente aban- ciamento de outro hospital, donar a enfermaria e se para acabar com o monopómudar para um quarto, onde lio da Policlinica, os Trabavai ter que pagar muito mais, lhadores Rurais alinharam mesmo sem ter condições. as seguintes reivindicações, Higiene não existe, nem numa luta junto com os nos quartos, nem nas enfer- demais Sindicatos: marias, nos vasos sanitários, 1) pela liberdade de escolha no assoalho ou nos forros d cama. Os forros, aliás, não de hospital e médico em são trocados quando um qualquer lugar do País; 2) paciente recebe alta, nem pelo atendimento médicoquando a operação tem vaza- hospitalar a classe roceira mento. O material de limpe- em qualquer dia e hora; 3) za tem cheiro forte, a água pela liberação de mais temaos doentes fica vários dias po, para que um número nas jarras, falta campainha maior de trabalhadores pospara chamar a enfermeira. sa ser atendido por dia nos Houve casos do próprio doen- hospitais; 4) pela liberação te ter de tirar a agulha de de maiores verbas para que soro do seu braço, perdendo se tenham mais médicos e dentistas a serviço da classe; sangue. Respeito também não exis- 5) para que o governo fedete, é claro. O trabalhador, ral, através do Ministério da antes de ser encaminhado à Previdência, tenha uma políPoliclinica, é consultado pelo tica que regularize o preço médico do Hospital Materni- dos remédios; 6) para que dade Bom Jesus, pelo todos os trabalhadores rurais INAMPS-RURAL. A Policli- tenham a assistência médica nica exige nova consulta de e dentária de direito, não só um médico dela que só é de os sócios do Sindicato. JULHO DE 1984 Nova Previdência para o Trabalhador Rural: Ministério promove debates sobre o custeio A luta pela extensão dos Direitos e Benefícios da Previdência dos trabalhadores da cidade para os trabalhadores rurais continua. O grande problema, naturalmente, é o dinheiro: como providenciar dinheiro suficiente para se ter uma Previdência Rural melhor, sem contratempos futuros. Isso é complicado e está exigindo muita conversa entre o Governo e os representantes dos Trabalhadores Rurais e dos fazendeiros. O Trabalhador Rural, diante da miséria e da marginalização.a que foi sempre submetido, da falta de trabalho em muitos períodos do ano, nem sempre tem condições de contribuir mensalmente com uma porcentagem do salário, como o trabalhador urbano. Mas nem por isso tem menos direitos aos benefícios dos que podem contribuir. Isso nosso sindicalismo deixou claro no Anteprojeto de Previdência Rural, entregue em abril do ano passado ao então Ministro da Previdência, Hélio Beltrão. Os produtores rurais, por seu lado, queixando-se da política econômica do Governo, também criam dificuldades para aumentar a porcentagem de desconto para o ex-Funrural, hoje de 2,5%, na venda da produção. E a própria Previdência encontra-se numa séria crise, com déficit nos últimos cinco anos, sem reserva de contingência natural a' qualquer sistema de seguros, conforme o Ministro da Previdência, Jarbas Passarinho. O PREVRURAL E NOSSA MOBILIZAÇÃO A crise da Previdência, evidentemente, deu muito o que falar. Segundo o Ministro da Previdência, em 17 anos de sistema previdenciário (INPS), apenas nos últimos 5 anos a Previdência tem sido deficitária. As razões por ele apontadas são as alterações que tem sofrido a legislação salarial (antes e depois do DL 2.065) afetando a receita da Previdência; a renda mensal vitalícia introduzida no Governo Geisel para pessoas com mais de 70 anos, sem qualquer outro ganho; as fraudes com a Previdência, como falsos vínculos empregatícios e montagem de carteiras profissionais; pagamento de contribuições à Previdência superiores ao salário real, para efeito de aposentadoria; falsas certidões de nascimento e óbito; falsa alegação de extravio do carne de pagamento do benefício, passando muita JULHO DE 1984 gente a receber com 2 carnes; atentados forjados para aposentadoria por invalidez, emissão fria de acidentes de trabalho, preenchimento de comando de concessão eletrônica, com fins ilícitos, etc. E, naturalmente, o desemprego também, atingindo violentamente trabalhadores de baixos salários. Segundo o Ministro, os trabalhadores que ganham de 1 a 3 salários mínimos são responsáveis por 58% dos recursos da Previdência; no entanto, da mesma forma, 82% dos benefícios pagos também iriam para os que ganham de 1 a 3 salários mínimos. é pior - privilegiando uns, em detrimento dos outros". Como, por exemplo, entre empregados permanentes e não-permanentes", afetando a estabilidade no emprego, ficando por fora, por exemplo, as prestadoras de mão-de-obra rural, que nem mesmo foram equiparadas a empregador rural, como na legislação trabalhista. A circular alinha os pontos inaceitáveis do projeto: exclusão da aposentadoria por tempo de serviço; exigência de mais de 65 anos para aposentadoria por idade; falta de proteção ao trabalhador volante; exclusão do pequeno produtor no amparo ao acidentado no trabalho; só o empregador Para o sindicalismo bra- pode contar o tempo de sileiro, contudo, a crise da serviço anterior à lei nova; Previdência foi provocada manutenção do sistema de pelo próprio Governo prestação de acidentes de Federal em administrações trabalho da lei 6.195/74; anteriores, seja por má carência de 10 anos para administração dos recur- aposentadoria por tempo sos, seja por desvio de de serviço; e o tratamento recursos para outros seto- discriminatório entre trabares da economia, agravan- lhador rural empregado do-se com a atual crise eco- permanente e os temporánômica, onde também o rios, com exclusão do Governo falha. safrista. A POSIÇÃO DE De qualquer forma, o PASSARINHO trabalhador rural quer ter NO SENADO sua Previdência também, No dia 24 de maio o porque de meio salário mínimo ninguém vive. Res- Ministro da Previdência, pondendo ao Anteprojeto Jarbas Passarinho, prestou do nosso sindicalismo, o depoimento no Senado Ministro da Previdência sobre os problemas da Preencaminhou em janeiro um vidência. E falou breveprojeto de lei, denominado mente também sobre o PREVRURAL, ao Presi- PREVRURAL. Eis seu dente Figueiredo, visando a depoimento: estender os benefícios da - Quando nós levamos ao Previdência Urbana ao senhor presidente da campo. República a exposição de PREVRURAL OFERECE motivos, ela tinha sido prePOUCO E DESAGRADA parada praticamente 100% ao tempo do Ministro O PREVRURAL chegou Hélio Beltrão. E, como eu a tramitar no Congresso disse anteriormente, cerca Nacional mas logo foi reti- de 30 milhões de pessoas rado, desagradando seu apenas estão fora da Previtexto tanto nosso sindicalis- dência Social brasileira mo, como aos empregado- hoje. Seria uma maneira, res rurais. Nosso sindicalis- então, de universalizar a mo considerou o projeto oferta da Previdência como "uma desconsidera- Social. ção para com o trabalhador Estudado o problema, rural", destinando-se apenas a resolver os problemas enviamos, com o custeio da Previdência, não os do correspondente, porque, senão, cairíamos no mesmo Trabalhador Rural. erro de criar benefícios sem Segundo a CONTAG,. custeio. Esse benefício, no "embora esse Anteprojeto custeio, aumentava de 2,5 contemple algumas reivin- para 3,5% a participação do dicações dos trabalhadores empregador rural, e colorurais, como por exemplo a cava, opcionalmente, o traconcessão do auxílio-doen- balhador na Previdência, ça, está longe de represen- desde que ele pagasse os tar o atendimento total de 8%, para deixar a condição todas as proposições elabo- de assistido e passar à conradas pelo movimento sin- dição de previdenciário. dical". E devemos lutar por Antes do Fundo Rural, ele um tratamento igualitário, era o indigente: com o Funna matéria, entre o homem do Rural, ele passou a assisda cidade e o do campo, tido e ele passaria de assisinclusive como medida de tido a previdenciário. indiscutível Justiça. - Em que esbarramos? A FETAESP, em circu- Primeiro, numa intransilar de 31 de janeiro, apon- gência da classe patronal. A tou as limitações do PRE- Confederação Nacional da VRURAL, "que inovou, ao Agricultura não se dispôs a criar um complexo quadro aprovar o projeto e aprede segurados dentro de sentou razões junto ao Preuma mesma categoria dos sidente da República. E os trabalhadores rurais; o que trabalhadores, que parece Baixa Sorocabana inicia movimento para aprovar anteprojeto da Contag A luta por uma Previdência Rural justa continua cada vez mais ativa no interior do nosso Estado, mas em cima do Anteprojeto da CONTAG (transformado em projeto de lei, já tramitando no Congresso, pelo Deputado Márcio Santilli] e não do PREVRURAL, que oferece muito pouco pelo que cobra. O Grupo Regional da Baixa Sorocabana, realizou, por exemplo, no dia 30 de junho um ótimo encontro em Tatui, .com presença de aproximadamente 100 trabalhadores rurais dos diversos municípios da região, mais representantes das Santas Casas, de prefeituras, dos nossos Sindicatos em Angatuba, Capão Bonito, Guapiara, Itapeva. Itararé, Itapuí, Sorocaba, Itaí, da Fetaesp, e do Deputado Márcio Santilli (PMDB). REGIONAL DECIDE FORMAR COMISSÃO MISTA De acordo com o compa- que estão perseguidos quando se convida para participar de um seguro social, eles devem antes, lembrar que assim começou a Previdência na cidade. A Previdência começou na cidade cada um descontando 8% do seu salário. De maneira que havendo, sobretudo, a resistência patronal e a Previdência Rural querendo transferir todo o elenco de benefícios urbanos para a área rural, o que também não é possível, então o Projeto PREVRURAL, chamado Previdência Rural, não veio até agora ao Congresso. Mas vtrá e facultativamente. Quem não quiser participar fica atendido pelo PRORURAL. Aí está o debate, aberto. REALIDADE RURAL CASAS nheiro Wilson Donizeti Ber- SANTAS tolai, presidente do nosso QUEREM ISENÇÃO DE ÃGUA E LUZ Sindicato em Angatuba e novo diretor da Fetaesp, os debates na reunião giraram Na questão de saúde e atenem torno dos problemas de dimento médico-hospitalar, saúde e assistência médica, e, segundo Wilson, "estamos principalmente, a extensão pedindo um atendimento da Previdência Urbana ao melhor que o do INPS, sem campo, através do Anteproje- filas". Recomendou-se aos trabalhadores rurais que pasto da CONTAG. sem a reclamar mais, se tiverem queixas, no livro de Foi formada uma Comis- reclamações da Santa Casa, são Regional mista, integra- no Sindicato, especialmente da por dirigentes sindicais. quanto ao limite no número Santas Casas e representan- de guias de consulta, que o tes das prefeituras, para arti- sindicalismo não aceita. cular a luta e levá-la às As Santas Casas, por sua outras regiões do Estado: e vez, reivindicam que o pagatambém para preparar novo mento pelos serviços de atenencontro regional no segundo dimento ao trabalhador rural semestre. A primeira reunião seja feito como o do INPS, será em julho. A comissão por atendimentos e procediestudará também formas de mentos (de acordo com o que pressão mais intensas sobre o seria o plano CO NA SP). Congresso Nacional e sobre Também pedem isenção de o Governo Federal pela apro- pagamento de água e luz, a vação do anteprojeto da fim de prestar melhores serviCONTAG. ços, argumentando aue são instituições comunitárias. A Foi feita uma exposição do Santa Casa de Tatuí, no últiprocesso de elaboração do mo mês, por exemplo, receanteprojeto, com movimento beu uma conta de CrS 4 nacional; o diretor da milhões, só de água. Fetaesp. José Bento De San- NOVA ATITUDE DOS ti, mostrou o que é o PRE- STRs COM SANTAS VRURAL; e o deputado CASAS Márcio Santilli mostrou as O aspecto importante do dificuldades para se aprovar um anteprojeto destes, neces- movimento do Grupo Regiositando de pressão; muitas nal da Baixa Sorocabana é a vezes (como ocorreu) quando decisão dos Sindicatos de o movimento ganha força, o convidar as Santas Casas Ministro entra com um proje- para participar do nosso to dele. Mostrou, contudo, movimento. Estavam ocorque nosso sindicalismo já rendo muitas reclamações teve uma vitória, pois o com cobranças, as Santas Ministro da Previdência reti- Casas justificavam-se mosrou o PREVRURAL do Con- trando suas dificuldades: gresso e está procedendo "Não adiantava nada ficar agora a uma demorada con- brigando com a Santa Casa sulta com nosso sindicalismo diz Wilson - pois o problema (e o sindicalismo patronal). é finanças, o negócio era traO Deputado prometeu enviar balhar junto, ainda mais que à Comissão uma grande o caráter do serviço da Santa quantidade de cópias do pro- Casa não é o de hospital particular". jeto. PÁG. 7 10 milhões de nordestinos teriam morrido na seca Celeiro de meus políticos (há os bons, também, é claro) o Nordeste sofre não apenas as conseqüências de seca, mas também do desgoverno e da falta de escrúpulos de se tratar o ser humano, na prática, como bicho. Ou pior. No dia 3 de junho o jornalista Ricardo Kotscho, da Folha de São Paulo, divulgou entrevista com o bispo D. Edmilson da Cruz, de Fortaleza, vice-presidente Regional da CNBB, fazendo um balanço do que restou do Nordeste depois dos cinco anos de seca por que passou, e que ainda não acabou em termos de conseqüências. Denuncia o Bispo: "Calcula-se que ao cabo dos cinco anos, será de 10 milhões o número das vitimas fatais da atual catástrofe, superior ao conjunto de todas as guerras travadas ■ ao longo de toda a história deste hemisfério". O bispo diz que o Governo não comete, propriamente, um genocídio em relação ao Nordeste. Mes o que fez não está longe disso: "Genocídio á quando se mata com intenção deliberada. Eu não posso dizer que o Governo mata por querer. Mas a verdade é que se o Governo Federal quisesse impedir este genocídio não pagaria Cr$ 16.300 aos nordestinos nas frentes de trabalho. Porque o Governo sabe que esse não é nenhum salário de fome, é um salário de morte. Então, a morte foi programada". Segundo D. Edmilson, toda a dita ajuda federal ao Nordeste, em 70 anos (com seus desvios, naturalmente) eqüivale apenas a um décimo do gasto em Itaipu; mas nas épocas de eleições, como por milagre, o dinheiro corre, mantendo o Nordeste como curral eleitoral do atraso e da permanência dos maus políticos no Poder, que não prejudicam só o Nordeste, mas a todo o Pais. (Onde, afinal, está o "eleitorado" biônico de Andreazza e Maluf?). As conclusões do bispo são estas: 1) a situação acusa por si mesma as autoridades, especialmente as federais, de insensibilidade, incúria e irresponsabilidade, para não dizer crueldade para com o povo do Nordeste. (Nota, no entanto, que o Governador atual do Ceará, Gonzaga Mota, tem tido comportamento digno). 2) A necessidade de se denuncier com renovado vigora "indústria da seca", publicamente negada por certos líderes políticos, mas que continuam dizimando nosso povo. 3) A necessidade e urgência de uma verdadeira reforma agrária que definitivamente ponha fim a tantas injustiças. O CHAMADO "PROJETO NORDESTE" No ano passado o senador Passos Porto (PDS-SE) deu entrada no Congresso Nacional ao chamado "Projeto Nordeste", que propõe a unificação de todos os programas voltados ao Nordeste, um novo tratamento para a região, reforma agrária e a participação do sindicalismo e Igreja no desenvolvimento do projeto e debates. Neste eno o Ministério do Planejamento e outros órgãos redigiram algo semelhante também. Nosso sindicalismo chiou. Em edição próxima trataremos disso. Desfigurado por escândalos, cooperativismo deve mudar Num momento de grave crise, desemprego etc, no século passado na Europa, um grupo de operários se juntou e deu início a um maravilhoso movimento de cooperação entre pessoas. Aos poucos a experiência pioneira foi ganhando terreno e conquistando simpatias na agricultura, no consumo e em outros setores, inspirando além disso um sem número de ações comunitárias que se multiplicam por nosso País. Trata-se do cooperativismo. Mas como até mesmo os melhores movimentos se corrompem com o tempo e enfrentam crises de identidade, também o cooperativismo hoje passa por isso no Brasil, onde a própria legislação o desfigurou tanto, servindo até para oprimir os fracos, como as falsas cooperativas de volantes que o Ministério do Trabalho tenta impor à nossa revelia, com farto dinheiro de fora, para servir aos patrões e isentá-los das obrigações trabalhistas. Tão desfigurado está, que o cooperativismo passa por grandes problemas. Já em 1980 um estudo, intitulado "O Cooperativismo Agrícola no Rio Grande do Sul", encomendado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e coordenado pelo economista João Pedro Stedile, mostrava que, após terem sido rebocadas à política agrícola e econômica do Governo, as cooperativas já não seduziam mais os pequenos produtores: "Sem as cooperativas talvez fosse pior, porque as empresas fariam o que quizessem, mas mesmo c«m a cooperativa eu não deixo de ir à breca", disse um lavrador. E a corrupção interna, o empreguismo, etc. também aparecia na pesquisa. E PRECISO SANEAR; E RECOMEÇAR A coisa estourou mesmo no ano passado, com dois escândalos fortes, para nin- guém botar defeito nessa sucessão de escândalos em que está mergulhado o País, a partir do "colégio eleitoral". O primeiro escândalo foi promovido diretamente pelo próprio Governo Federal, via Ministério da Agricultura, quando o Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC) tomou na cabeça com um aval de 100 milhões de dólares a uma empresa não-cooperativa (CAPEMI). O outro estourou na própria central maior do cooperativismo gaúcho, a CENTRALSUL. As denúncias e investigações seguem seu curso bem brasileiro - para escândalos. . O jeito é não abandonar a luta cooperativista. Mas sanear o cooperativismo e retomar a luta iniciada há alguns anos, inclusive por nosso sindicalismo, para restaurar o espírito de sua origem. O cooperativismo deve deixar de ser a união dos poderosos e latifundiários para ser a força dos fracos, dos trabalhadores rurais sem terra, pequenos produtores, etc. Como defende o jornal PONTEIRO, das Cooperativas do Nordeste, é preciso iniciar um processo de participação, de descentralização, afugentar o autoritarismo e os mercenários, com crescimento lento mas seguro, sem espertezas e com um elemento fundamental, que é a ética. Na edição de janeiro/fevereiro, o jornal ressalva que "quem deve pagar a conta são aqueles que são responsáveis pelas despesas". Convida, contudo, o sindicalismo a um exame de consciência, mostrando que o sindicalismo está distante das bases, que é preciso adotar um estilo gerencial democrático. Segundo o jornal não são apenas os gestores do BNCC os responsáveis pela difícil situação mas também o cooperativismo, pela sua omissão na denúncia dos desmandos e de desaprovar publicamente a atuação do BNCC. José Gomes da Silva volta ao batente: e Secretarias querem disciplinar Proálcool O eng9 Agr* José Gomes da Silva, um dos fundadores da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), membro da equipe que redigiu o Estatuto da Terra, Secretário da Agricultura, no início do Governo Montoro mas que precisou afastar-se por problemas de saúde, está voltando ao batente. Assumiu o cargo de vice-presidente da Comissão Estadual de Energia e passará a ocupar-se principalmente sobre o PROÁLCOOL, onde defenderá uma reorientação do programa, pelo menos em nível do Estado de São Paulo. Ao implantar o PROÁLVOOL às pressas, o Governo Federal justificava seu proceder, em nome de uma "economia de guerra", porque os árabes estavam (e continuam) em guerra e a nossa dívida externa custa-nos já os olhos da cara. Em nome dessa "economia de guerra", os usineiros ganharam rios de dinheiro barato. E como em guerra o ser humano não vale nada (já vale pouco em tempos de paz), viu-se logo que as vítimas reais dessa "economia de guerra" foram os trabalhadores volantes, alijados do PROÁLCOOL pelo Governo. E alijados de sua dignidade humana pelos usineiros: é que eles pensam em tecnologia, dinheiro, etc, menos sobre os trabalhadores, que são peças de fácil reposição. SECRETARIAS APONTAM CONSEQÜÊNCIAS Partindo da constatação de que a implantação de canaviais a torto e direito estava bagunçando o interior do Estado, as Secretarias da Agricultura, Interior e Indústria e Comércio formaram comissão, que sugeriu alguns pré-requisitosi para se aprovar a instalação de qualquer destilaria daqui por diante, seja autônoma, seja anexa. Argumentando que apesar de considerado "o mais bem sucedido programa de energia alternativa em operação no País", 9 anos depois de implantado, a Comissão aponta, contudo, "alguns problemas emergentes no Estado, que exigem uma ação imediata. 1) A expansão da cana continua a ocorrer com maior intensidade em região não-prioritárias para a cana, onde as condições naturais de solo e clima são altamente favoráveis a outras culturas, alimentares ou de exportação - tanto que a cana de açúcar ocupa hoje 7% do território paulista, e quase 10% das terras cultiváveis; 2) Em decorrência do pressuposto de "economia de escala" São Paulo já tem usinas com capacidade de produção acima de um milhão de litros por dia de álcool, causando com isso concentração de terras, de renda e poder político; 3) Há o problema ecológico, causado pelos resíduos das destilarias, como vinhaça, vinhoto ou restilo, que, apesar do controle, há o risco de grandes acidentes sempre; E, 4) há a figura do trabalhador volante, que, segundo a Comissão, não é decorrente do Estatuto do Trabalhador Rural, nem exclusivo da lavoura canavieira,mas conseqüência do modelo de modernização (conservadora) da agricultura. "De nada serve a geração de empregos - diz a comissão - que esta é baseada na eliminação do pequeno proprietário, arceiro ou arrendatário integrados ao trabalho da região". A comissão assinala que o fenômeno dos volantes causa sérios problemas aos próprios municípios, pelo inchamento das periferias e exigindo uma série de serviços, "num volume incompatível com o orçamento das prefeituras". REDIRECIONAMENTO DO PROGRAMA Em razão disso a Comissão destaca a necessidade de um redirecionamento do PROÁLCOOL em nosso Estado visando a "domesticar" a expansão da cana em setores de culturas tradicionais, e dentro de uma política dedesconcentração garantindo-se, entre outras coisas, "finalmente garantir o cumprimento da legislação trabalhista e dos dissídios coletivos, de modo a melhorar as condições de vida e de trabalho, assim como as relações de emprego". Agrônomos denunciam aliança de Ministério com 'máfia do veneno' É a denúncia da Federação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Brasil (FAEAB): a máfia dos venenos agrícolas (na maioria, multinacionais) está firmemente aliada ao Ministério da Agricultura no sentido de sabotar ou anular a legislação estadual sobre controle da distribuição e uso de agrotóxicos, especialmente no Centro-Sul. Em agosto deverá ser enviado o projeto de lei dos agrotóxicos do Governo Federal ao Congresso Nacional e tudo é feito com o absoluto sigilo. , Em São Paulo, a lei estadual dos agrotóxicos foi sancionada pelo Governador Franco Montoro no dia 5 de janeiro; é a Lei 4.002, de autoria do deputado Walter Lazzarini Filho (PMDB), ex-presidente da Associação paulista dos Agrônomos e da Federeação Nacional (FAEAB). Sempre ativo na vigilância sobre a máfia dos venenos agrícolas, Lazzarini conseguiu obter uma cópia da primeira versão do anteprojeto e imediatamente denunciou seu teor à opinião pública. O golpe é este: o Ministério da Agricultura (também conhecido como o Ministério dos escândalos Capemi, BNCC, etc.) pretende criar um órgão, denominado Conselho Nacional de Defensivos Agrícolas e Afins (CNDAA) e através dele centralizar todo o poder de decisões sobre o assunto. DENUNCIADA OUTRA VERSÃO, PIOR AINDA Na semana seguinte, já em julho, o presidente atual da FAEAB, Luiz Carlos Pinheiro Machado divulgou em Porto Alegre o que seria a sexta-versão para o projeto federal de lei dos agrotóxicos. Esta versão chega ao cúmulo de ter um parágrafo (artigo 69) onde o Governo garante às indústrias de venenos o segredo sobre novas fórmulas. "As empresas poderão lançar produtos proibidos em outros países como fórmula nova, desenvolvida no Brasil, ficando protegidas durante 15 anos pela garantia de confidencialidade - diz Pinheiro Machado. Ou seja, se alguém denunciar a fórmula criminosa, corre o risco de ser punido". A mobilização contra esse projeto absurdo vem ocorrendo em todo o País; o Secretários da Agricultura de São Paulo, Nelson Nicolau, e do Paraná, Klaus Germer condenaram o projeto e a ausência de consulta aos Estados; e o senador Gastão Muller (PMDB-MT) leu no Congresso Nacional manifesto de grande número de entidades gaúchas, inclusive o presidente da Assembléia Legislativa, denunciando a tramitação no Congresso Nacional de outro projeto de lei, 148-A, também invalidando a legislação dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pará e Rondônia sobre agrotóxicos.