ACP APRESENTARÁ ESTUDO PARA INVIABILIZAR PLANO DE
ENCERRAMENTO DO TERREIRO DO PAÇO AO TRÂNSITO
O ACP encomendou um estudo sobre a mobilidade na baixa de Lisboa tendo em conta as
alterações que a Câmara Municipal propõe para aquela zona e pretende apresenta-lo no fim da
próxima semana.
O plano da CML de circulação para a frente Tejo, entre Santa Apolónia e Cais do Sodré é uma
ideia política sem qualquer nexo nem sustentação, que em período eleitoral poderia levar os
lisboetas a acreditarem num paraíso totalmente irreal.
A proposta do novo plano de circulação da CML vai ser submetida a discussão pública para
recolha de sugestões e o ACP adianta aqui alguns pontos desta proposta que não têm
sustentação:
1. A proposta de cortar o trânsito na Baixa lisboeta baseou-se num pressuposto errado:
70 % do tráfego que circula entre estas duas praças da cidade seria de
atravessamento. Este valor foi calculado com base no conceito de que seria
classificado como tráfego de atravessamento da Baixa todo e qualquer veículo (à
excepção dos transportes colectivos) que não iniciasse ou terminasse a sua viagem
no interior do perímetro da Baixa/Chiado, grosso modo definido pelos limites das
praças do Rossio, do Comércio, Luís de Camões, Campo das Cebolas e pelas ruas
que as ligam. Poucas são as pessoas que utilizam o automóvel para se deslocarem
no interior deste perímetro, sendo que a maioria do tráfego que circula nestas ruas da
cidade se dirige para as áreas que lhe são confinantes ou para outras zonas da
cidade que são servidas pela Av. Infante D. Henrique e Av. 24 de Julho, ou pela Av.
da Liberdade e R. da Madalena.
2. O próprio estudo encomendado pelo gabinete do vereador Manuel Salgado reconhece
este facto ao referir que, ao considerarem-se as zonas adjacentes ao perímetro da
Baixa/Chiado, como sejam o Bairro Alto, a zona da Boavista e Santos, o Martim Moniz
e Santa Apolónia, o tráfego considerado como de atravessamento se reduz em
metade. Quer isto dizer que, ao invés de 70 % de tráfego de atravessamento,
passaríamos apenas a ter 35 % de tráfego que não “interessa” directamente a esta
zona da cidade, valor que é da mesma ordem de grandeza do obtido no estudo
realizado pela Parque Expo para a frente ribeirinha.
3. Mais importante ainda é o facto de, mesmo considerando o perímetro reduzido da
Baixa/Chiado, o valor de 70 % de tráfego de atravessamento só se verificar no
atravessamento longitudinal da Praça do Comércio. Esse valor é mais reduzido nas
Ruas do Ouro e da Prata (entre 50 e 60 %). Tal situação compreende-se facilmente
pois estas ruas são essenciais ao serviço das colinas que ladeiam a zona da Baixa,
não havendo alternativas a esses itinerários.
4. As implicações do corte do trânsito na zona da Baixa/Praça do Comércio são enormes
pelas repercussões que tem noutras vias da cidade. Ainda no mesmo estudo do
gabinete do vereador Manuel Salgado, é referido que “os acréscimos que se registam
na generalidade das principais vias são incomportáveis face aos actuais níveis de
congestionamento que elas já registam actualmente. Destaque para a 2ª Circular e a
Av. Fontes Pereira de Melo onde se verificam acréscimos que conduzem ao
estrangulamento da circulação no centro da cidade”.
5. Outra situação muito gravosa é aquela que se verificaria nas ruas da Conceição, S.
Julião e do Comércio. De acordo com a proposta da CML, passariam a funcionar
como uma rotunda alargada para proporcionar a inversão de sentido do tráfego
descendente na R. do Ouro e do que proviria da zona do Campo das Cebolas. Os
acréscimos de tráfego previstos para estas ruas seriam da ordem dos 400 a 600
veículos por hora, o que implicaria o seu permanente congestionamento, o qual se
propagaria rapidamente a toda a zona da Baixa.
6. Mesmo quando se considera a execução de melhorias significativas na rede viária da
cidade e na sua envolvente, como sejam a conclusão da CRIL; a reformulação dos
acessos à 2ª Circular; a melhoria do eixo Av. das Forças Armadas/Av. EUA e do seu
prolongamento para Chelas até à frente do rio; a construção da Diagonal
Nascente/Poente, a partir da Av. Infante Santo até Santa Apolónia; a conclusão do
eixo da Av. de Berna/Av. Afonso Costa até à R. Gualdim Pais, os impactes do corte
do trânsito na Baixa continuam a ser muito significativos, não só na própria zona como
em toda a zona servida pela rotunda do Marquês de Pombal. Esta situação ocorreria
sem se ter em conta o tráfego que chegaria à cidade pela proposta ponte
Chelas/Barreiro, o qual só iria agravar ainda mais os problemas de congestionamento
de tráfego na cidade.
7. Tendo em conta os itinerários que são actualmente servidos pelo sistema viário da
Baixa/Praça do Comércio, o seu corte ao trânsito iria provocar desvios de tráfego para
ruas que não têm capacidade para absorver o aumento de veículos em circulação que
tal facto acarretaria. As ruas de S. Bento, Alecrim, Escola Politécnica, Salitre, das
Pretas e do Telhal, da Alfândega e da Madalena, entre outras, veriam as suas
condições de circulação degradar-se significativamente, permanecendo
congestionadas durante a maior parte do dia.
8. Ao nível da circulação dos transportes colectivos a situação seria igualmente negativa,
não só porque sofreriam os efeitos do congestionamento de tráfego na zona – até
chegarem aos seus corredores reservados – como veriam os seus trajectos
alongados devido ao sistema de circulação que os obrigaria a contornar toda a Praça
do Comércio, além de se afastarem dos pontos de maior geração de passageiros,
pois seriam remetidos para a frente de rio entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia.
8 de Janeiro de 2009
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acp apresentará estudo para inviabilizar plano de encerramento do