PERIODICIDADE NO MUNDO QUÂNTICO Alan Douglas Oliveira (ICV-UNICENTRO), e-mail: [email protected]; Pedro Pablo González Borrero (Orientador, Dep. de Física-UNICENTRO), e-mail: [email protected] . Palavras-chave: rede cristalina, estado sólido, semicondutores Resumo: A Física do Estado Sólido é uma importante área da Física, onde tratamos da compreensão das propriedades físicas da matéria sólida, a começar com a origem das forças que mantêm os átomos unidos, bem como os níveis de energia permitidos aos elétrons dos sólidos. Isto nos leva à teoria das Bandas de condução, que pode ser utilizada para explicar o fenômeno da semicondutividade. Introdução: Em um sólido, as propriedades de um átomo ou molécula são influenciadas pela presença de átomos vizinhos. Como trataremos apenas de sólidos cristalinos, verifica-se que estes possuem um arranjo regular de átomos em uma estrutura periódica a qual denominamos rede cristalina. A periodicidade da rede leva à Teoria de Bandas. Partindo de tal teoria, é possível caracterizar um material segundo sua condutividade elétrica. Nos isolantes, a largura da banda proibida, que separa a banda de valência da banda de condução é, em geral, superior a 2eV. Um material semicondutor pode ser tratado como um isolante na temperatura do zero absoluto, pois nesta condição não temos excitação térmica, de forma que os elétrons da banda de valência não passam à banda de condução. O que realmente difere um material semicondutor de um isolante é o fato de que, o semicondutor possui uma largura de banda proibida inferior a 2eV, o que facilita a transição dos elétrons da banda de valência para a banda de condução. Processos de absorção ótica podem ser utilizados na medição da largura de banda proibida de um semicondutor, uma vez que o intervalo de energia proibida nos semicondutores é equivalente à energia dos fótons na região do infravermelho do espectro eletromagnético, consequentemente, os semicondutores são fotocondutores. Como o fornecimento de um gap coloca elétrons na, quase vazia, banda de condução, deixando lacunas na, praticamente cheia, banda de valência, torna-se conveniente o estudo da contribuição destas lacunas para a semicondutividade, uma vez que estas se comportam como partículas positivamente carregadas. Materiais e Métodos: Como este trabalho possui caráter teórico, preocupou-se com a fixação dos conceitos quânticos envolvidos na elaboração da Teoria de Bandas de Energia. Tendo como base esta teoria, foi possível compreender os fenômenos presentes na condução de cargas nos sólidos cristalinos, uma vez que tais fenômenos caracterizam, entre outros, os materiais semicondutores (foco principal do presente trabalho). Os materiais utilizados para tal, foram conteúdos de livros que, após uma discussão prévia, eram devidamente estudados e em seguida apresentados em forma de seminários ao professor orientador. Após a apresentação dos seminários, iniciavam-se várias discussões, que levavam à reflexão e, posteriormente à compreensão dos conceitos. Resultado e Discussão: Os materiais semicondutores são constituídos por sólidos que além de apresentarem estruturas cristalinas, apresentam ligações covalentes entre seus átomos. Sólidos do tipo covalente, possuem seus átomos ligados por elétrons de valência compartilhados, como neste caso não existem elétrons livres, este tipo de sólido é um mau condutor de calor e eletricidade. Porém, a condutividade elétrica de um semicondutor cresce rapidamente com a temperatura, uma vez que isto provoca excitações térmicas nos elétrons, sendo que no silício, por exemplo, o número de elétrons de condução aumenta por um fator cerca de um bilhão quando a temperatura aumenta de 300K a 600K. Como a banda de valência está totalmente ocupada à baixa temperatura, com os quatro elétrons de valência de silício ou germânio formando ligações covalentes, cada excitação eletrônica para a banda de condução deixa um buraco na banda de valência e, tais buracos funcionando como portadores de cargas positivas, também contribuem para a condutividade. A condutividade dos semicondutores provenientes de excitações térmicas é denominada de condutividade intrínseca. Existem também outras maneiras de reforçar a condutividade, como por exemplo, por fotoexcitação, neste caso, a contribuição à condutividade aumenta com a intensidade da luz e cai a zero quando desliga-se a fonte de luz e a distribuição de equilíbrio se restabelece. Fenômenos de absorção ótica, então, podem ser utilizados para a medição da largura da banda proibida em um semicondutor. Por exemplo, ao fazermos incidir um fóton de energia menor do que o gap necessário à transição da banda de valência para banda de condução, o elétron pode passar à banda de condução, porém como resultado do processo, surge também um fônon, tal fenômeno denominamos processo indireto de absorção. Se, por outro lado, o fóton possuir maior energia do que o gap mínimo necessário, ocorre o que denominamos de processo direto de absorção e o elétron passa à banda de condução sem que haja a criação de um fônon, quando a energia do fóton incidente é igual ao gap mínmo necessário à transição, temos um limiar de absorção ótica direta, que determina a largura da banda proibida. Uma outra maneira de se aumentar a condutividade dos semicondutores é pela adição de impurezas no mesmo, isto é, substituem-se alguns átomos do semicondutor por átomos de outro elemento, tendo aproximadamente o mesmo tamanho, porém valência diferente. A condutividade resultante é então denominada condutividade extrínseca. Uma impureza que fornece elétrons é denominada impureza doadora e o semicondutor resultante é chamado do tipo-n (negativo) por ter um excesso de elétrons livres. Uma impureza deficiente de elétrons é denominada impureza aceitadora e o semicondutor resultante é chamado do tipo-p (positivo). Conclusões: Levando-se em conta que vivemos em um mundo tecnologicamente dependente e considerando ainda que dentre as áreas da atual tecnologia, a eletrônica é, de longe, a mais importante, fazem-se necessários estudos cada vez mais aprimorados em tal área. Podemos destacar, o diodo retificador, o laser semicondutor, o diodo emissor de luz, o diodo túnel, entre outros, os quais são atualmente, dispositivos indispensáveis em muitos equipamentos, tendo inúmeras aplicações práticas. Tais avanços no desenvolvimento das novas aplicações dos sólidos semicondutores só foram possíveis graças ao estudo da Teoria de Bandas, oriundas da periodicidade das redes cristalinas, bem como seus efeitos quânticos exercidos na condução de portadores de cargas. Referências: [1] R. Eisberg; R. Resnick; “Física Quântica: Átomos, Moléculas, Sólidos, Núcleos e Partículas”. Campus Editora; [2] C. Kittel; “Introdução à Física do Estado Sólido”, 8ª Edição. LTC Editora, 2006.