A CO-INFECÇÃO VIH/HEPATITES INFLUENCIA A CMIN DO LOPINAVIR ESTUDO PRELIMINAR Cruz 1,2 J , Carvalho 1 C, Matias 1 D, Morais 2 J, Valadas 3 E, Antunes 3 F 1) Unidade de Investigação em Farmacologia e Farmacogenética Laboratorial, Laboratório de Diagnóstico Molecular de Doenças Infecciosas, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; 2) iMed.UL – Research Institute for Medicines and Pharmaceutical Sciences; Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa; 3) Clinica Universitária de Doenças Infecciosas, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Introdução e objectivo • O virus da imunodeficiência humana (VIH) e a coinfecção por hepatite B e/ou C aceleram a progressão da doença hepática e a deterioração do sistema imunitário pelo VIH. Resultados Tabela 1 – Características da população em estudo. • A eficácia farmacológica depende da quantidade de fármaco disponível no local de acção. • A maioria dos fármacos anti-retrovíricos são metabolizados principalmente através de enzimas hepáticas. Figura 1 – Distribuição dos fármacos em estudo. • Consequentemente, a presença de doença hepática pode influenciar a eficácia dos anti-retrovíricos. • A farmacocinética dos fármacos anti-retrovirais nos doentes co-infectados deverá ser então determinada. Tabela 2 – Resultados dos testes estatísticos efectuados para algumas variáveis em estudo. Foi demonstrado diferença estatística na concentração mínima de lopinavir entre doentes coinfectados com hepatites víricas e não co-infectados. • Este estudo foi desenhado para comparar os parâmetros farmacocinéticos populacionais bayesianos ajustados de doentes co-infectados versus não co-infectados. Métodos • 92 doentes infectados por VIH sob terapêutica antiretrovírica tripla provenientes do serviço de Doenças Infecciosas do Hospital de Santa Maria (Lisboa) foram incluidos no estudo • As amostras de sangue total foram colhidas entre as 8 e as 24 horas após a última toma do fármaco em estudo (concentração mínima/Cmin) e analisadas por um método de HPLC-UV validado. • Os dados demográficos e clínicos foram recolhidos a partir dos processos clínicos. • O software “Aboottbase PKS” foi utilizado para estimar a Cmin e os parâmetros farmacocinéticos populacionais bayesianos ajustados (clearance, volume de distribuição, constante de eliminação, semi-vida). • Todos os resultados foram analisados utilizando os testes de Mann-Whitney (MW-teste) ou t-Student (tteste) conforme aplicável no software IBM SPSS 17.0. Discussão • A análise estatística demonstrou uma diferença significativa na Cmin do lopinavir (MW-teste, p < 0,05) com valores de média±DP superiores para os doentes co-infectados (3634±1546 ng/mL versus 2392±1343 ng/mL). • As Cmin dos fármacos atazanavir, darunavir, efavirenze e nevirapina não demonstraram diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos. • Os parâmetros farmacocinéticos populacionais bayesianos ajustados obtidos também não demonstraram diferenças estatísticas significativas. • Demonstrou-se uma associação clara entre as enzimas hepáticas (GPT, GOT, GGT, AP) e a presença de co-infecção (teste-t, p<0,05, n=92). Conclusões • Este estudo preliminar revela que a Cmin do lopinavir foi significativamente influenciada pela presença de hepatite virica, contudo a associação estatística dos parâmetros farmacocinéticos de lopinavir ajustados não foi tão clara. • Para determinar a existência de associação entre a presença de co-infecção VIH-VHC ou VIH-VHB e a farmacocinética dos anti-retrovirais, serão necessários dados mais robustos.