Vale e sindicatos divergem por demissões
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17/04/2015 - 05:00
Vale e sindicatos divergem por demissões
Por Francisco Góes
S11D, em Canaã dos Carajás: companhia abriu processo interno
para selecionar 100 pessoas para projeto no Pará
O difícil momento pelo qual passa o mercado de minério de ferro acendeu a preocupação entre
sindicatos de trabalhadores sobre demissões na Vale. No Brasil, a mineradora vem enfrentando
mobilizações sindicais contra demissões de empregados. O movimento se estende às operações da
companhia em Minas Gerais, Espírito Santo, Pará e Maranhão. A Vale disse que não há demissão em
massa e que a redução de pessoal faz parte de movimento natural de troca de funcionários, o chamado
"turn over", que está dentro dos padrões históricos da empresa.
A Vale fechou 2014 com 76.531 empregados diretos no Brasil e no exterior, 1.276 pessoas a menos em
relação aos 77.807 contratados de 2013. Em 2012, eram 79.411 funcionários diretos. Essa base de
comparação exclui, dos anos de 2012 e de 2013, empregados que pertenciam a empresas vendidas pela
Vale, como a Valor da Logística Integrada (VLI), entre outras. Só com criação da VLI, deixaram a base
funcional da Vale 5.442 empregados em 2013.
Segundo a empresa, historicamente a Vale registra troca de 5% por ano em seu quadro de funcionários.
Na indústria de mineração no Brasil, o "turn over" é maior, da ordem de 15%. Estão incluídas nesse
conceito pessoas que deixam a empresa porque foram demitidas, se aposentaram ou pediram para sair e
podem ser substituídas, em parte, por novos funcionários recrutados no mercado.
No atual cenário da mineração, o que está acontecendo é que cerca de um terço das vagas dos
empregados da Vale incluídos no "turn over" de 5% não está sendo reposta. Em 2014, considerando-se o
contingente total de mão de obra direto na Vale, de 76.531 trabalhadores, 3,8 mil funcionários foram
trocados. E destes cerca de um terço, ou mais de 1,2 mil funcionários, tiveram as vagas encerradas. A
empresa tem aproveitado o "turn over" para melhorar a produtividade no ambiente adverso.
A queda nos preços do minério de ferro levou a Vale a ter fortes perdas de receita no seu principal
negócio, o de minerais ferrosos. Essa situação levou a companhia a aprofundar a redução de custos.
Quando a atual administração da Vale assumiu a empresa, em 2011, o preço da commodity era de US$
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191 por tonelada. Hoje o preço ronda os US$ 50 por tonelada, queda de quase 75%. Analistas e
especialistas em recrutamento de pessoal dizem que uma queda dessa magnitude termina, em algum
momento, atingindo o corpo funcional, com demissões.
"A gente não sabe onde as demissões vão parar, tememos que a crise se aprofunde", diz Marcos dos
Santos Oliveira, diretor de comunicação do Metabase de Itabira, berço da Vale, no Quadrilátero
Ferrífero de Minas Gerais. Segundo o sindicato, houve 100 demissões de empregados diretos da Vale
neste ano na região. Oliveira disse que foi criado o movimento "Reage Itabira", reunindo sindicatos e
organizações da sociedade civil, que tem feito mobilizações periódicas.
Em 2014, a Vale tinha 76.531 empregados diretos, 1.276 menos do que os 77.807 de 2013,
no Brasil e exterior
Os sindicatos, nas bases operacionais da Vale no Sudeste e no Norte do país, temem que as demissões
aumentem caso os preços do minério de ferro não se recuperem. "A Vale deveria compensar os
empregados pela sua contribuição para a lucratividade da empresa nos anos passados com a garantia da
empregabilidade neste momento difícil", disse Lúcio Azevedo, presidente do Sindicato dos
Trabalhadores em Empresas Ferroviárias nos Estados do Maranhão, Pará e Tocantins (Stefem).
Segundo ele, desde janeiro até começo do mês houve 203 demissões de empregados da Vale na área de
influência do Stefem. "Ontem [quarta-feira] a Vale oficializou 135 novas demissões", afirmou. O
sindicato bloqueou a entrada de funcionários da Vale na portaria da ferrovia, em São Luís, às 6h30 de
notem. Hoje está prevista nova manifestação na entrada do portão do porto da Vale, na capital
maranhense. Em Parauapebas (PA), onde estão concentradas as minas de ferro, o Metabase de Carajás
contabiliza 110 demissões este ano. "A Vale demite mais do que contrata", disse Raimundo Amorim, do
Metabase de Carajás. Esta semana houve protesto de empregados nas minas de Carajás em uma pauta
que inclui pedidos para o fim das demissões e manutenção dos diretos do acordo coletivo. Os sindicatos
dizem que poderão fazer manifestação conjunta em frente à sede da Vale, no centro do Rio, em 29 de
abril, data que coincide com a reunião do novo conselho de administração da empresa.
No ambiente difícil de mercado, a Vale também vem ampliando políticas na área de recursos humanos
que reconhecem os melhores funcionários. A empresa implementou o programa "Carreira e Sucessão"
em que os funcionários são avaliados de acordo com a competência e o desempenho. A nova diretoraexecutiva de metais básicos, Jennifer Maki, e o novo diretor-executivo de ferrosos, Peter Poppinga,
galgaram postos, no ano passado, graças aos seus desempenhos dentro dessa matriz de avaliação. Mas
há um universo de cerca de 5% dos funcionários cuja performance deixou a desejar em 2014. Eles
tornaram-se suscetíveis, como resultado do desempenho, a serem desligados da empresa em algum
momento. Até 2013 o programa de avaliação envolvia 18 mil pessoas, incluindo gestores e especialistas.
A partir de 2014, 100% dos empregados no Brasil passaram a ser avaliados no programa.
Agora a Vale está tentando recrutar, internamente, 100 funcionários dispostos a trabalhar no S11D, o
maior projeto de minério de ferro de sua história, em Canaã dos Carajás (PA). Se não for possível
preencher todas as vagas, a empresa pode buscar profissionais no mercado. Esse é um exemplo de como
a Vale está estimulando a migração de empregados de grandes centros, como Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, para as áreas operacionais em Minas Gerais e no Pará, por exemplo.
O problema é quem nem sempre o funcionário está disposto a deixar uma capital, onde tem vida
estabelecida, para viver em um município do interior. A negativa de se mudar pode levar a pessoa a ter
de deixar a empresa, uma vez que também há gente disposta a "migrar" dos grandes centros. Ainda na
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política de redução de custos que tem marcado a atual administração, a mineradora cortou o número de
escritórios que mantinha no Rio. A empresa tinha escritórios em seis prédios comerciais na cidade e hoje
tem apenas em dois.
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