Sem educação, é impossível inovar tecnologicamente, apontam especialistas Por falta de investimento em educação, o Brasil está perdendo a corrida mundial da inovação tecnológica. Essa sentença norteou o debate ocorrido nesta quarta-feira (31/08) no seminário “O papel do Congresso Nacional na Inovação Tecnológica”, organizado pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara. O evento contou com cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), Silvio Meira, um dos principais especialistas da área no Brasil. O cientista alerta que a maioria das empresas brasileiras crescem somente em decorrência do fluxo do mercado, mas não avançam pela burocracia, falta de inovação tecnológica e investimento em educação. “Então, o que nós temos que fazer é educar pessoas para que elas criem novos negócios inovadores de crescimento empreendedores”, alerta. Segundo Meira, além de simplesmente oferecer bons serviços, as empresas brasileiras precisam criar competências para atender e satisfazer o consumidor. Neste sentido, é preciso estruturar a educação no país para formar empreendedores criativos que possuem essas habilidades. “Inovar, para mim, é uma questão de sobrevivência. E inovar não é apenas criar. É preciso criar competências para pensar no mundo que teremos no futuro e o que as pessoas vão precisar”, aponta. Na mesma linha de raciocínio do especialista, o deputado Ariosto Holanda (PSB-CE), lembra que hoje há uma alta mortalidade das micro e pequenas empresas brasileiras justamente por falta de inovação tecnológica. “E não há inovação porque a educação está distante disso. O professor fica distante da sociedade”, aponta. O argumento de Ariosto fica evidente quando se avalia o número de brasileiros analfabetos funcionais, que hoje chega a 50 milhões. O gerente-executivo de Estudos e Políticas Industriais e Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Mol Júnior, dá um exemplo claro de como o índice atrapalha no desenvolvimento de projetos importantes para o país. “Em Pernambuco, por exemplo, falta mão de obra na área do Petróleo e Gás porque não estão conseguindo qualificar os trabalhadores da cana-de-açúcar”, exemplifica. Mol Júnior faz coro na afirmação de que o Brasil não está aproveitando o potencial para crescer com inovação. Ele lembra que o Brasil tem 20% da biodiversidade do mundo, mas não capitaliza isso de forma inteligente. “Como o Brasil não investe em educação, isso representa um desperdício enorme”, explica. Maria Carolina Lopes/ Repórter